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FIGURAS DE LINGUAGEM

Dentre as formas de enriquecimento vocabular, destaca-se a Exemplo:


conotação, que é a criação de significados novos para palavras ou “...As forças, restaurai, perdidas” (G. Dias)
expressões que já existem e circulam com acepções já convencionadas.
Segundo outra perspectiva, as figuras podem ser classificadas
A criação de novas significações encontra sua plenitude nos quanto:
recursos estilísticos, e estes são pródigos quando se trata de figuras.
a) ao som (melopeia)
Passemos então pelas figuras de linguagem que se dividem em:
Exemplo:
I. Figuras de palavra (ou TROPOS): utilização de uma palavra
com o sentido de outra (por semelhança, metáfora; ou por Café com pão! Café com pão! Café com pão! (Trem de
contiguidade, metonímia). Ferro – Manuel Bandeira)

Exemplo:
Em meio à discussão, bebendo cicuta, a raiva desapareceu. b) à estrutura, função e ordem (fanopeia)
Exemplo:
II. Figuras de pensamento: expressão de uma ideia, de um
pensamento, de forma diferente, inovadora. ...da laranja, quero um gomo; do limão, quero um
pedaço... (Terezinha de Jesus – anônimo)
Exemplo:
“Você deságua em mim, e eu oceano.” (Djavan)
c) ao sentido (logopeia)
III. Figuras de construção (ou de sintaxe): subversão da estrutura Exemplo:
canônica de orações e períodos.
embebendo-a de sentimento

ESTUDANDO AS FIGURAS DE PALAVRAS


Baseado em Warren & Wellek, Tavares (1981) propõe a seguinte divisão e classificação:
TROPOS DE SIMILARIDADE
TROPOS DE SIMILARIDADE NASCEM DO USO DE PALAVRAS EM LUGAR DE OUTRAS,
PARTINDO DE ALGUM SEMA (TRAÇO SEMÂNTICO) QUE AS ASSEMELHE, APROXIME.

Imagem concreta O mar beija a praia.


IMAGEM Reprodução verbal da realidade;
Imagem abstrata O dólar caiu.

"E o Universo, – Bíblia imensa


Reprodução verbal e estética Que Deus no espaço escreveu?" (Castro Alves)
de uma realidade por analogia
METÁFORA
explícita (comparação) ou "O mar – lago sereno, / O céu – um manto azulado, /
subentendida (metáfora) O mundo – um sonho dourado, / A vida – um hino d'amor"
(Casimiro de Abreu)

Metafórico: O cordeiro é símbolo do Cristianismo.


SÍMBOLO Imagem que vale por um sinal
Metonímico: A cruz é símbolo do Cristianismo.

Emprego impróprio de Embarcar num avião. // Enterrar uma agulha no dedo. // Aterrisar no mar. //
CATACRESE
uma expressão Folhas de livro. // Barriga da perna. // Cabeça de prego.

ALEGORIA
OBS.: A ALEGORIA A nau do Estado segue por mares bravios e
PRECISA DE UM Sequência de metáforas
pode naufragar antes de avistar um porto seguro.
CONTEXTO FRASAL
PARA SE CONSTRUIR

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FIGURAS DE LINGUAGEM

TROPOS DE CONTIGUIDADE

"Vem, vem, vem, vem / Vem sentir o calor / Dos lábios meus /
Metáfora pautada em relação de À procura dos teus" (Pixinguinha e João de Barro)
METONÍMIA
contiguidade "Pise machucando com jeitinho / Esse coração que ainda é seu"
(Adelino Moreira e Enzo de Almeida Passos)

Metonímia que promove


SINÉDOQUE a ampliação do âmbito de
Almocei Spoletto e pretendo lanchar Bob's. (Produtor pelo produto)
OBS.: MUITOS significação de uma palavra
ou expressão, partindo de Os insetos danificaram-me os livros. (Gênero pela espécie)
AUTORES NÃO
ESTABELECEM uma relação objetiva entre o O bronze já não soa. (Matéria pelo artefato)
DISTINÇÃO ENTRE significado próprio e o figurado.
Comi uma caixa de bombom. (Continente pelo conteúdo)
METONÍMIA E Pode-se entender que a
Li Machado de Assis e gostei. (Autor pela obra)
SINÉDOQUE sinédoque se realiza pelos
hiperônimos ou hipônimos.

Águia de Haia (em substituição a Rui Barbosa)


Metonímia que promove a
ANTONOMÁSIA substituição de um nome Toquinho e o Poetinha, apesar dos diminutivos,
próprio por um epítero. formaram uma das grandes parcerias da música brasileira.
(Antônio Pecci Filho e Vinícius de Moraes)

FIGURA DE BASE SENSORIAL

SINESTESIA
Reunião ou agrupamento de sensações originárias de diferentes “Eu fujo ou não sei não, mas é tão duro este infinito espaço
órgãos do sentido, por suposta semelhança que haja entre elas. ultrafechado.” (Carlos Drummond de Andrade)
Consiste na fusão de impressões sensoriais diferentes. “Fecha a luz, apaga a porta, vem me carinhar.” (Kleiton e Kledir)
Exemplos:
“Os carinhos (tato) de Godofredo não tinham mais o gosto IRONIA (OU ANTÍFRASE)
(paladar) dos primeiros tempos.” Expressão de uma ideia que assume significado oposto ao seu
“O doce afago materno.” (paladar + tato). significado habitual. É utilizada como recurso para satirizar ou
ridicularizar uma pessoa, uma instituição ou um comportamento.
“Esse corpo moreno cheiroso e gostoso que você tem.” (olfato
+ paladar) Exemplos:
“Por esse pão pra comer, por esse chão pra dormir /
A certidão pra nascer, e a concessão pra sorrir / Por me deixar respirar,
ESTUDANDO FIGURAS DE por me deixar existir / Deus lhe pague “ (Chico Buarque)
PENSAMENTO “Fazer samba não é contar piada / E quem faz samba assim não é
de nada /O bom samba é uma forma de oração” (Vinicius de Moraes
FIGURAS DE PENSAMENTO POR OPOSIÇÃO / Baden Powell)
“Agonizou no meio do passeio público / Morreu na contramão
ANTÍTESE atrapalhando o tráfego” (Chico Buarque)
Consiste no confronto de ideias opostas entre si, o qual não
produz um ABSURDO LÓGICO. FIGURA DE PENSAMENTO POR
Exemplos: ABRANDAMENTO OU DIMINUIÇÃO
“Uns tomam éter, outros cocaína. / Eu já tomei tristeza, hoje tomo
alegria”. (Manuel Bandeira) EUFEMISMO
Os cavalinhos correndo, / E nós, cavalões, comendo... / Consiste em abrandar, amenizar, aliviar uma ideia chocante,
O sol tão claro lá fora, assustadora.
E em minh’alma - anoitecendo! (Manuel Bandeira) Exemplos (para não dizer MORTE):
“É melhor ser alegre que ser triste / Alegria é a melhor coisa que Esticou as canelas / Bateu as botas / Passou desta para a melhor
/ Descansou / Vestiu paletó de madeira etc.
existe” (Vinícius de Moraes e Baden-Powell)
“Quando oiei a terra ardendo / qual fogueira de São João / Eu
perguntei, ai a Deus do céu, ai / Por que tamanha judiação.” (Luiz
PARADOXO Gonzaga e Humberto Teixeira)
Confronto de ideias opostas entre si, que produz um absurdo lógico. “Maringá, Maringá, / Depois que tu partiste, / Tudo aqui ficou tão
Exemplo: triste, / Que eu garrei a maginá.” (Joubert de Carvalho)
“Amor é fogo que arde sem doer.” (Camões)

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FIGURA DE PENSAMENTO POR EXAGERO “Ei! Al Capone / Vê se te emenda / Já sabem do teu furo, nego /
OU AUMENTO No imposto de renda” (Raul Seixas e Paulo Coelho)
“lua, / manda a tua luz prateada / despertar a minha amada”
(Cândido das Neves)
HIPÉRBOLE
Consiste em exagerar, aumentar uma ideia, destacando-a.
MELOPEIA
Exemplos:
A camada sonora dos textos também constrói figuras. Estas são as
“Vem matar esta paixão / Que me devora o coração” (Pixinguinha melopeias, pois constroem o ritmo, a melodia do texto. Seja
e João de Barro)
I. a repetição de sons iguais (aliteração);
“Amou daquela vez como se fosse a última /Beijou sua mulher como
se fosse a última / E cada filho seu como se fosse o único” (Chico Buarque) II. ou semelhantes (coliteração), os efeitos sonoros se prestam a
construir harmonias sugestivas (indiciais) ou imitativas (icônicas).
“Ai, amor eu vou morrer / Buscando o teu amor / (Eu vou morrer
buscando o teu / amor) / (Eu vou morrer de muito amor)” (Sérgio Exemplo de harmonia sugestiva (o barulho do trem):
Bittencourt) “Vem sujo da Leopoldina /Correndo, correndo, parece dizer /Tem
gente com fome, tem gente com fome / Tem gente com fome, tem
gente com fome / Tem gente com fome, tem gente com fome / Tem
OUTRAS FIGURAS gente com fome” (João Ricardo/ Solano Trindade)
Exemplo de harmonia imitativa (a risada):
GRADAÇÃO
“Quaquaraquaquá, quem riu /
Expressão de um raciocínio por meio da disposição de ideias em
ordem descendente ou ascendente (do maior para o menor ou vice- Quaquaraquaquá, fui eu /
versa). Quaquaraquaquá, quem riu
Exemplos: Quaquaraquaquá, fui eu“ (Baden Powell e Paulo César Pinheiro)
GRADAÇÃO ASCENDENTE
“É pau, é pedra, é o fim do caminho” (Tom Jobim) FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR INVERSÃO
“A gente faz o amor / Por telepatia / No chão, no mar, na lua / Na DA ORDEM DOS TERMOS
melodia” (Roberto de Carvalho e Rita Lee)
HIPÉRBATO
GRADAÇÃO DESCENDENTE Inversão da ordem natural dos termos na oração.
“É o vento ventando, é o fim da ladeira, É a viga, é o vão, fresta Exemplo:
da cumeeira” (Tom Jobim)
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
“Aquele que conhece o jogo / Do fogo das coisas que são / É o
De um povo heroico o brado retumbante.”
sol, é o tempo, é a estrada / É o pé e é o chão...” (Caetano Veloso)
Ordem direta: As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado
“Cada cara representa uma mentira /Nascimento, vida e morte,
retumbante de um povo heroico.
quem diria” (Luiz Melodia)

ANÁSTROFE
PROSOPOPEIA
Hipérbato atenuado em que a inversão se dá entre as palavras
(personificação, animismo): atribuição de características de seres
relacionadas entre si.
animados a seres inanimados, ou características humanas a animais
ou objetos. Exemplo:
Exemplos: “Tão leve estou, que nem sombra tenho” (Mário Quintana)
“Brasil, mostra a tua cara / Quero ver quem paga / pra a gente (Estou tão leve...)
ficar assim “ (Cazuza)
“Agora eu era o herói / E o meu cavalo só falava inglês.” (Chico FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR REPETIÇÃO
Buarque)
“Boemia, sabendo que andei distante / Sei que essa gente falante PLEONASMO
vai agora ironizar” (Adelino Moreira) Repetição de um termo sintático por meio de um pronome
oblíquo.
APÓSTROFE Exemplo:
Consiste em interpelar, chamar alguém ou algo (geralmente de Dinheiro, não o dou a você. (O termo “o” é objeto direto
forma emotiva). Na sintaxe, esta figura é reconhecida pela função de pleonástico, pois repete a função do termo “dinheiro”, colocado em
vocativo. posição de destaque e separado por vírgula do restante da oração.)
Exemplos:
“Venha me beijar / Meu doce vampiroooo / Ou ouuuuu / Na luz ANÁFORA
do luar /Ãh ahãããããh“ (Rita Lee) Palavra ou expressão que se repete no início das orações, dos
“Oh, tristeza, me desculpe / Tô de malas prontas / Hoje, a poesia, versos etc.
veio ao meu encontro / Já raiou o dia, vamos viajar “ (João de Aquino Exemplo:
e Paulo César Pinheiro)
“Qualquer coisa além de beleza / Qualquer coisa de triste /
“Amiga, perdoa se eu me meto em sua vida /Mas sinto que você Qualquer coisa que chora / Qualquer coisa que sente saudade”
vive esquecida /De se lembrar que tudo terminou” “ (Roberto Carlos (Vinicius de Moraes / Baden Powell)
e Erasmo Carlos)

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EPÍSTROFE EXERCÍCIOS DE

Repetição das mesmas palavras no início e no fim de cada um dos


membros da frase. FIXAÇÃO
Exemplo:
Não, já disse não.
01. Em que opção NÃO há ideias que se opõem?
a) “E o pequeno cavaleiro, destemido e intimidado, tomou de uma
ANTANÁCLASE
espada ou pedaço de pau qualquer [...].”
Repetição de homônimos.
b) “[...] é uma forma de domar as vagas do presente convertendo-o
Exemplo: num cristal passado.”
Em pós de um sonho vão, em vão se cansa. c) “E o mar eu conheci, quando pela primeira vez aprendi que a vida
(Observe que os vocábulos repetidos são de classe e função não é a arte de responder, mas a possibilidade de perguntar.”
distintas.) d) “É quando atrás do verde-azul do instante o desejo se alucina
num cardume de flores no jardim.”
POLISSÍNDETO e) “O mar é isso: é quando os vagalhões da noite se arrebentam na
Repetição do mesmo conectivo entre elementos coordenados. aurora do sim.”
Exemplo:
02. Assinale a alternativa em que o vocábulo grifado está no sentido
“E a névoa e flores
denotativo.
e o doce ar cheiroso
a) Estava imerso em profunda tristeza.
do amanhecer na serra.
b) Não sejas escravo da moda.
E o céu azul e
c) Quebrei o galho da árvore.
o manto nebuloso
d) Sofria de amargas desilusões.
do céu de minha terra.” (Álvares de Azevedo)
e) Tive uma ideia luminosa.

FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR OMISSÃO DE 03. Assinale a única alternativa que contém a figura de linguagem
UM DOS TERMOS presente no trecho sublinhado:
As armas e os barões assinalados,
ELIPSE Que da ocidental praia lusitana,
Omissão ou apagamento de um termo sintático, passível de Por mares nunca dantes navegados,
recuperação semântica. Passaram ainda além da Taprobana,
Exemplo: a) metonímia
Cheguei a casa e uma bagunça: louça suja na pia, lixo no chão, b) eufemismo
roupas espalhadas, mesa bagunçada. Tudo fora do lugar! c) ironia
(Omissão do verbo haver: havia louça suja na pia, havia lixo no d) anacoluto
chão, havia roupas espalhadas, mesa bagunçada.)
e) polissíndeto

ZEUGMA 04. Comigo exerceu com calma ferocidade o seu sadismo. Nessa
Uma palavra, expressa em determinada parte do período, é passagem a figura de estilo que aparece sublinhada é
subentendida em outra(s) parte(s), posterior(es) ou anterior(es) àquela.
a) catacrese.
Exemplo:
b) oximoro. (paradoxo)
João foi ao mercado e José, à feira.
c) metonímia.
(Omissão do verbo ir: João foi ao mercado e José foi à feira.)
d) hipérbole.
e) metáfora.
FIGURAS DE CONSTRUÇÃO POR RUPTURA
SINTÁTICA 05. No trecho “É do leitor o prazer.”, a autora usa uma figura de
linguagem. Assinale a opção que a identifica corretamente essa figura.
ANACOLUTO a) Metáfora.
Emprego de um relativo sem antecedente, ou na mudança b) Elipse.
abrupta de construção; frase quebrada; anacolutia.
c) Metonímia.
Exemplo:
d) Hipérbato.
Aquela árvore, ela nem devia estar ali.
e) Anacoluto.

SILEPSE 06. No trecho “Há quase 50 anos, experimentei um misto de


A concordância das palavras se faz de acordo com o sentido e não angústia, tristeza e ansiedade que meu jovem coração de adolescente
segundo as regras da sintaxe. soube suportar com bravura”, o autor usou uma figura de linguagem
Exemplo: denominada
A turma estava muito barulhenta; o professor colocou-os de castigo.

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a) catacrese. EXERCÍCIOS DE
b) eufemismo.
c) hipérbole. TREINAMENTO
d) prosopopeia.
e) paradoxo. 01. No trecho “ao doar Volkswagens para os campeões do mundo
de 1970” é possível perceber um exemplo de metonímia. Dentre as
07. Assinale a alternativa que apresenta a figura de linguagem alternativas a seguir, assinale a única em que esse procedimento não
anacoluto. está presente.
a) Eu não me importa a desonra do mundo. a) “O bonde passa cheio de pernas: / pernas brancas pretas amarelas.
b) Passarinho, desisti de ter. / Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. / Porém
meus olhos / não perguntam nada.” (Poema de Sete Faces, Carlos
c) O que não tenho e desejo é que melhor me enriquece.
Drummond de Andrade).
d) De todas, porém, a que me cativou logo foi uma... uma... não
b) “É pau, é pedra, é o fim do caminho” (Águas de Março, Tom
sei se digo.
Jobim).
e) E espero tenha sido a última.
c) “Camisas verdes e calções negros corriam, pulavam, chocavam-
se, embaralhavam-se, caíam, contorcionavam-se, esfalfavam-
08. O autor faz uso de uma figura de linguagem, a metonímia, na se, brigavam. Por causa da bola de couro amarelo que não
passagem: parava, que não parava um minuto, um segundo. Não parava.”
a) “(...) ao pensar nelas, as pipocas, meu pensamento se pôs a (Corínthians (2) vs. Palestra (1), Antônio de Alcântara Machado).
dar estouros e pulos como aqueles das pipocas dentro de uma d) “Todo o lenho mortal, baixel humano / Se busca a salvação, tome
panela.“ hoje terra, / Que a terra de hoje é porto soberano.” (Gregório de
b) “Um bom pensamento nasce como uma pipoca que estoura, de Matos).
forma inesperada e imprevisível.” e) “Beba Coca-Cola”.
c) “Terminado o estouro alegre da pipoca, no fundo da panela ficam
os piruás que não servem para nada.” 02. Leia a tirinha:
d) “Alguns, inclusive, acharam que era gozação minha, que piruá é
palavra inexistente. Cheguei a ser forçado a me valer do Aurélio
para confirmar o meu conhecimento da língua.”
e) “Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá
dentro ficando cada vez mais quente, pense que sua hora chegou:
vai morrer.”

09. Leia o poema abaixo:

PARA AS ESTRELAS DE CRISTAIS GELADOS

As ânsias e os desejos vão subindo, No diálogo transcrito anteriormente, constata-se:


Galgando azuis e siderais noivados
a) Pleonasmo vicioso, pois associa-se aprendizagem com óbvia
De nuvens brancas a amplidão vestindo...
facilidade.
(Cruz e Sousa)
b) Redundância, pois explicita-se a sinceridade com um comentário
Assinale a opção em que expresse incorretamente a análise do repetitivo e desnecessário.
poema: c) Paradoxo, pois contrapõem-se duas ideias antagônicas:
a) As “nuvens brancas” mencionadas sugerem as vestes tradicionais fingimento e sinceridade.
de noiva. d) Ironia, pois desdenha-se a falta de conhecimento do padre sobre
b) A aliteração do /s/ em “As ânsias e os desejos vão subindo” sucesso e liderança.
produz cacofonia. e) Eufemismo, pois suaviza-se a resposta ante uma pergunta tão
c) Os “cristais gelados” estão de acordo com a frialdade do espaço ingênua.
sideral.
d) As “Estrelas”, com maiúscula alegorizante, podem significar uma 03. Leia o texto abaixo:
dimensão humana superior. “Minha terra tem palmeiras
e) Galgar “azuis e siderais noivados” é imagem que remete ao Onde canta o sabiá;
anseio de atingir um mundo espiritual. As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
10. A frase que expressa um conceito paradoxal é: (Gonçalves Dias)

a) “para cobrir a minha costela conservadora de um horror herético.”


“Não gorjeiam como lá (gorjeiam)”. Observe que na segunda oração o
b) “Cocei o crânio com pasmo neandertal...” verbo vem subentendido, precisamente porque já aparece na primeira
c) “Hoje, levo uma vida dupla.” - fenômeno a que chamamos:
d) “as livrarias continuarão a ser os únicos templos laicos que a) pleonasmo
frequento com religioso fervor.” b) zeugma
e) “Espero apenas que poupem o meu gato.” c) anacoluto
d) hipérbole
e) prosopopeia

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04. Leia o seguinte trecho do poema: a) metáfora, símile e prosopopeia


b) pleonasmo, silepse e antítese
BARCOS DE PAPEL
c) catacrese, símile e antítese
(...) d) pleonasmo, símile e antítese
Fazia de papel toda uma armada
e) pleonasmo, metáfora e metonímia
e, estendendo meu braço pequenino,
eu soltava os barquinhos, sem destino,
ao longo das sarjetas, na enxurrada... 09. Em “Naquele dia foi fácil: comeu duas tigelas e encontrou o teto
aconchegante que não esperava”, temos:
Fiquei moço. E hoje sei, pensando neles, a) duas metonímias
que não são barcos de ouro os meus ideais: b) duas metáforas
são feitos de papel, tal como aqueles,
c) uma onomatopeia
(Guilherme de Almeida)
d) dois paradoxos
Barcos de ouro / Barcos de papel. Expressões contrárias a que a Língua e) um eufemismo
dá o nome de:
a) antítese 10. Assinale a única sentença que apresenta sinestesia.
b) zeugma a) “A noite estava muito negra. E havia sobre
c) pleonasmo a cidade um silêncio côncavo, de abóbada.”
(Eça de Queirós)
d) anacoluto
b) “E a tua boca anda mentindo
e) polissíndeto
Enganada pelos teus sentidos.”
(Cecília Meireles)
05. “Quincas Borba ganiu INFINITAMENTE...”. A palavra em
c) “Precisamos descobrir o Brasil!
maiúsculo é exemplo de:
Escondido atrás das florestas,
a) hipérbole com a água dos rios no meio.”
b) hipérbato (Carlos Drummond de Andrade)
c) antítese d) “Sobre a nudez forte da verdade o manto diáfano da fantasia /
d) sinédoque ou sobre a nudez forte da fantasia o manto diáfano da verdade.”
(José Saramago)
e) pleonasmo

06. “O professor usava paletó curto demais”. A Língua conhece o


objeto direto pleonástico: EXERCÍCIOS DE
a) Ao paletó curto demais usava o professor
b) Paletó curto demais usava o professor
COMBATE
c) Paletó curto demais usava-o o professor
d) Paletó curto demais era usado pelo professor
e) O professor - ele mesmo - usava paletó curto demais 01. (EPCAR 2015) Assinale a alternativa correta quanto à classificação
das figuras de linguagem presentes nos versos abaixo.
07. Observe o texto abaixo: a) “O ontem – o hoje – o agora.” – Gradação
A neve anda a branquear lividamente a estrada, b) “as vozes mudas caladas” – Sinestesia
e a minha alcova tem a tepidez de um ninho. c) ”rimas de sangue e fome” – Paradoxo
Entra, ao menos até que as curvas do caminho
d) “A voz de minha filha” – Catacrese
se banhem no esplendor nascente da alvorada.
(Alceu Wamosy)
02. (EPCAR 2016) Sobre figuras de linguagem é correto afirmar que,
“A neve anda a branquear lividamente a estrada, e a minha alcova no período
tem a tepidez de um ninho.” Ambos os versos, de certa forma, se a) “Melhor é acender o fósforo que lamentar a escuridão.”, a
opõem: a neve e o frio da estrada e o calor da alcova, figura a que metáfora corrobora a ideia de que pensamento negativo não
chamamos: soluciona problemas.
a) pleonasmo b) “A pessoa alegre tem o dom de alegrar o ambiente em que vive.”,
b) antítese a metonímia traduz a ideia de que quem está feliz é capaz de levar
esse sentimento a outras pessoas do seu convívio social.
c) prosopopeia
c) “O diálogo, a fala, a palavra é um poderoso remédio e excelente
d) onomatopeia terapia.”, a gradação e o eufemismo reforçam a ideia de que
e) anacoluto emoções e sentimentos reprimidos causam doenças possíveis de
serem tratadas.
08. As figuras de linguagem presentes nos trechos são, respectivamente: d) “O bom humor nos salva das mãos do doutor”, a catacrese
“E quem se priva a si mesmo do mais belo sentimento [...]” explicita a ideia de que quem não se previne com atitudes positivas
diante da vida acaba por precisar de atendimento médico.
“Ela imperava em mim como soberana absoluta.”
“[...] e fazia em minha alma a luz e a treva.”
(José de Alencar)

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03. (EEAR 2009) Em qual das alternativas há eufemismo? d) comparação, antítese, ironia e metáfora.
a) [...] Árvores encalhadas pedem socorro e) metáfora, comparação, antítese e ironia.
[...]
O céu tapa o rosto.
08. “As burocracias são atraídas pelo fetichismo do papel. Existe uma
b) O amor é o poço onde se despejam lixo e brilhantes. ânsia de buscar o carimbo atrasado, o papel esquecido em casa, a
c) Devolva o Neruda que você me tomou nova versão do comprovante, a firma reconhecida. Tudo gira em torno
E nunca leu. do papel. As blitze são cartórios ao ar livre. Em paralelo a tal purismo
d) [...] legalista, quase nada se faz para evitar acidentes. Os pneus relincham de
Levamos-te cansado ao teu último endereço madrugada. O radar multa os distraídos, não os irresponsáveis da noite.”
Vi com prazer (Cláudio de Moura Castro. Veja, 13 dez. 2006)
Que um dia afinal seremos vizinhos.
No período: “Os pneus relincham de madrugada”, qual a figura de
pensamento predominante?
04. (EEAR 2010) Assinale a alternativa em que a linguagem, mesmo
poética, pode não caracterizar conotação. a) Ironia.
a) “Não tinha havido pássaros, nem flores o ano inteiro. b) Eufemismo.
Nem guerras, nem aulas, nem missas, nem viagens c) Antítese.
E nem barca e nem marinheiro.” d) Hipérbole.
b) “... dezenas de pálpebras sobre pálpebras e) Prosopopeia.
tentando fazer das minhas trevas
alguma coisa a mais
09. Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos
que lágrimas.”
seria revelado por mim se não julgasse, e razões não tivesse para
c) “Quem faz um poema abre uma janela julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado
(...) por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais;
para que possas, enfim, profundamente respirar. nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a
Quem faz um poema salva um afogado.” dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos une, nivela e
d) “A muié do Lampião agremia o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável e
quase morre de uma dor indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às
porque não fez um vestido épocas. Tudo se transforma, tudo varia – o amor, o ódio, o egoísmo.
da fumaça do vapor.” Hoje é mais amargo o riso, mais dolorosa a ironia. Os séculos passam,
deslizam, levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis. Só
05. (EPCAR 2014) Ao referir-se à correspondência entre Machado de persiste e fica, legado das gerações cada vez maior, o amor da rua.
Assis e Joaquim Nabuco, o locutor afirma que o diálogo nas cartas (João do Rio. A alma encantadora das ruas.)
entre ambos “Tem sabor de um velho vinho do Porto.” (l.57 e 58).
Em “nas cidades, nas aldeias, nos povoados”, “hoje é mais amargo
Essa frase assume, nesse parágrafo, a função de uma figura de o riso, mais dolorosa a ironia” e “levando as coisas fúteis e os
linguagem denominada: acontecimentos notáveis” ocorrem, respectivamente, os seguintes
a) metonímia. recursos expressivos:
b) hipérbole. a) eufemismo, antítese, metonímia.
c) metáfora. b) hipérbole, gradação, eufemismo.
d) sinestesia. c) metáfora, hipérbole, inversão.
d) gradação, inversão, antítese.
06. “Estamos nós, seres vivos, mais perto do fim do começo”; a figura
e) metonímia, hipérbole, metáfora.
que se pode identificar nesse segmento do texto é a:
a) antítese. 10. Leia o texto.
b) paradoxo. — Não refez então o capítulo? – indagou ela logo que entrei.
c) personificação. — Oh, não, Miss Jane. Suas palavras abriram-me os olhos.
d) metáfora. Convenci-me de que não possuo qualidades literárias e não quero
e) metonímia. insistir – retruquei com ar ressentido.
— Pois tem de insistir – foi sua resposta (...) Lembre-se do esforço
07. Leia os seguintes trechos: incessante de Flaubert* para atingir a luminosa clareza que só a sábia
“Os homens com suas más e perversas cobiças, vêm a ser como simplicidade dá. A ênfase, o empolado, o enfeite, o contorcido, o
os peixes.” rebuscamento de expressões, tudo isso nada tem com a arte de escrever,
porque é artifício e o artifício é a cuscuta** da arte. Puros maneirismos
“uma é louvar o bem, outra é repreender o mal.” que em nada contribuem para o fim supremo: a clara e fácil expressão
“mas ah sim, que me não lembrava! Eu não prego a vós, prego da ideia.
aos peixes.” — Sim, Miss Jane, mas sem isso fico sem estilo...
“onde permite Deus que estejam vivendo em cegueira tantos Que finura de sorriso temperado de meiguice aflorou nos lábios
milhares de gente.” da minha amiga!
Nos fragmentos extraídos do Sermão de Santo Antônio têm-se, — Estilo o senhor Ayrton só o terá quando perder em absoluto a
respectivamente, preocupação de ter estilo. Que é estilo, afinal?
a) paralelismo, anáfora, comparação e metáfora. — Estilo é ... – ia eu responder de pronto, mas logo engasguei,
b) comparação, metáfora, ironia e paralelismo. e assim ficaria se ela muito naturalmente não me definisse de gentil
c) comparação, paralelismo, metáfora e antítese. maneira.

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FIGURAS DE LINGUAGEM

— ... É o modo de ser de cada um. Estilo é como o rosto: cada


qual possui o que Deus lhe deu. Procurar ter um certo estilo vale tanto GABARITO
como procurar ter uma certa cara. Sai máscara fatalmente.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
— Essa horrível coisa que é a máscara ...
01. D 04. B 07. A 10. D
— Mas o meu modo natural de ser não tem encantos, Miss Jane,
02. C 05. D 08. D
é bruto, grosseiro, inábil, ingênuo. Quer então que escreva desta
maneira? 03. A 06. D 09. B
— Pois perfeitamente! Seja como é, e tudo quanto lhe parece EXERCÍCIOS DE TREINAMENTO
defeito surgirá como qualidades, visto que será reflexo da coisa única 01. B 04. A 07. B 10. A
que tem valor num artista – a personalidade. 02. C 05. A 08. D
(Monteiro Lobato, O presidente negro.) 03. B 06. C 09. A
*Gustave Flaubert (1821–1880), escritor realista francês considerado um dos EXERCÍCIOS DE COMBATE
maiores do Ocidente.
** planta parasita. 01. A 04. A 07. D 10. A
02. A 05. C 08. E
No último parágrafo do texto, Miss Jane tenta convencer Ayrton
fazendo uso de uma figura chamada 03. D 06. A 09. D
a) paradoxo.
b) elipse.
c) ironia.
d) eufemismo.
e) pleonasmo.

ANOTAÇÕES

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