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I. A.B.P.

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I gando à conclmão ele que não se trata de "entidades" mas de síndromes.


O capítulo sôbre a memória também se apoia na teoria elas três memórias
1
~ (sensoriomotriz, social e autística) elaborada pelo autor (Les dissolutiom
1 de la mémoire, 1952) .
Essa orientação não representa, aliás uma limitação; muito pelo
contrário pois a visão de Delay é clara e original.
1I
,, Apesar de dirigir-se precipuamente ao futuro médico, o manu-
seIO desta obra é aconselhável ao estudante primeiranista de Psicologia.
Pela clareza das definições e ordem da exposição, proporciona auxílio pre-
cioso.
,
~fONIQUE AUGRAS
1

I
Ij
\1TTRIIAY. Frlw'l.rd J. Motivação e Emoção. Rio de
• Janeiro, Zahar Editôres, 177 p.

Saiu há alguns meses a tradução em português do livro de


Edward J. Murray Motivation and Emotion. Trata-se de uma obra sin-
tética que procura oferecer ao leitor um panorama das mais significativas
tendências científicas atuais sôbre o problema, com particular destaque
elos dados experimentais. Nêsse sentido, as exposições doutrinárias são
ncamente Ilustradas de relatos - sumários, mas claros - de experiências
realizadas em tôrno de cada aspecto apresentado.

Duas são as qualidades básicas da obra: por um lado, a sistema-


tIzação hIstórico-doutrinária e, por outro lado, a concomitante ilustração
experimental.

~uanto à posIção do autor, parece refletir certo ecletismo, em


!)<!ses emergentistas, bastante influenciado pelo holismo de A. Maslow,
o que não afeta, contudo, a imparcialidade ele seu senso crítico e a objeti-
VIdade expositiva.

Do pOIltO de vista formal, a apresentação é clara e simples, o


que torna agradáveis e de fácil assimilação alguns dados eruditos, que
atloram discretamente.

Em seus oÍLo capitulos o autor segue, em linhas geraIS, um ro-


teIro que nos parece envolver quatro partes básicas:
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Nos capitulos 1 e 2 são abordados os aspectos gerais do problema .


.t.m pnmeIro lugar, as pnncipais teorias em tôrno da motivação e a
extensão do processo motlvacional. No que toca às teorias, são elas agru-
padas pelo autor em cognitivas) as que destacam o papel da vontade (te-
leológlCas Ou propositivas); heldomstas) as que acentuam a importân-
cia do prazer e da dor; instintivas) as que agigantam a determinação pelo
cqUlpamento genétIco; e, finalmente as que se baseiam na teoria do zm-
pulso) segundo o constructo de R. S. Woosworth e desenvolvimento de-
corrente do conceito de homoestase de W. B. Cannon.

Em segundo lugar, nessa primeira parte do livro, são abordados


problemas gerais de motivação e comportamento, especialmente a relação
entre as motivações por um lado e, por outro, a aprendizagem, a eficiência,
a percepção e atenção, a memória, a repressão do pensamento e imagi-
nação. Ainda se analisa o problema da mensuração da motivação, bem
como a sua extensão social e os aspectos de sua dinâmica conflitiva.

Nos capítulos ~ e 4, aborda o autor os motivos mais ligados


ao arcabouço bIOlógico, ou seja, os motivos homeostáticos e, em primeiro
lugar (cap. 3), os que oferecem o modêlo da fome como exemplo básico.
t,m seguida, são apresentados aspectos relacionados quer com a fisiologia
• ela motIvação em nível hipotalâmico, (problema que é retomado, em sen-
tido maIS amplo, no cap. 5), quer com a dinâmica dessas motivações,
havendo uma interessante apreciação dos estágios psicossexuais de Freud;
e problemas referentes à necessidade, à atividade e à saciedade, bem como
a relação entre a necessidade de estimulação e a dinamização dos im-
pulsos.
No 5.° capítulo é abordado o problema dos motivos que se ori-
gmam a partir de emoções específicas, em particular, a ira e o mêdo,
havendo uma prévia discussão de classificação e uma apreciação fisio-
lógIca. É ainda neste capítulo que encontramos uma crítica de teorias
clássicas sôbre a emoção (a periférica, a talâmica e a hipotalâmica) .

Os últimos três capítulos são dedicados às motivações que não


se atíguram como Ego-centralizadas. O capítulo 6 de modo particular
aborda o problema específico do comportamento intrinsicamente mo-
tivado.
Entram em pauta os temas da autonomia funcional, da conduta
exploratória, da subhmação e dos interêsses cognitivos - com algum
relêvo no problema da dissonância cognitiva e nos estudos de L. Festinger.
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Os capítulos 7 e H ~ão dedicados à llloti\a~'ào social; o primeiro


está relaCIonado com a Oligem e a evolução dêsses motivos. Voltam aqui
a ser 10callLados, de modo e~pl'cífico, aspectos j;í abordados antes, tais
como heredItanedade e meio, in~tilllo e aprendiLagem.

o último capítulo da obra, finalmente, é dedicado ao problema


dos motivos sO(lai~ em a~·ão. :\ c~te últ imo capítulo são de particular
ll1teIóse as relerências ;'ts (()l1tribui~'ôcs do Teste de Apercepção Temá-
tica e as i nkl'l'ncias histúrico-antropolúgicas de ~le. Clellallll.

Conclui a obra com um epílogo, no qual expõe o autor, através


de poucas págll1as, sua perspectin eclética e sua filiação à doutrina de
.\. :\Iaslow.

FRANCO Lo PRESTI SEMINÉRIO

BASTlDE, Roger. Sociologie des Maladies Mentales.


Paris, F'Iammarion, 1965.

opropOSlto dt'ste lino é essencialmente metodológico. O autor


procura esclarecer, den tro do emaranhado de definições ambíguas, o que
vem a ser a pSIquiatria sOtial. Para alguns. a psiquiatria social tem por
objetivo estudar o papel dos fatôres socüüs na etiologia das doenças men-
t;IIS. Out ros julgam tra ta r-se do estudo uas coletividades mórbidas. Bas-
lIde procura distinguir entre psiquiatria social, "ciência do comporta-
mento social mórbido dos docntes mentais", ~oóologia das doenças men-
tais que se interessa pela correlação entre determinados fatos sociais e
certos tipos de doell~'as e a etnopsiquiatria, que visa ao levantamento
do conceito de doença mental, ela etiologia e ela cura, em diversos grupos
culturais e étnicos.

Assim, Hastide restri nge o seu e~tllt!iJ :1 soóologia. Pa~sando em


rensta os dllerelltes I CCUIV>S metodol('>gicos de <Jue dispõe, ressalta a i111-
portúncia dos le";tIltamentos estatísticos p<lla avaliar a extellsão dos dife-
rentes síllllromes mórbidos, c a ~ua local ilação. [\0 lado dos conhecidos
lIlquéritos amencanos (Faris, Durnham, Sallua, Hollingshead, Redlich),
apresenta os resultados de interessantes estudos realizados na França sôbre
ecologia das doen~'as mentais. Passando da influência da sociedade global e
ciOs grupos (religiosos, étniCOS) ;\ da família, o autor conclui que não se

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