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O ENFOQUE HISTÓRICO E

DIALÉTICO DOS FENÔMENOS


PSICOLÓGICOS

Veriana de Fátima Rodrigues Colaço


 VISÃO HISTÓRICA
Os fenômenos psicológicos são compreendidos a
partir das condições histórico-culturais em que
ocorrem. Consideram-se as circunstâncias da
ocorrência e sua origem e seu desenvolvimento
histórico.
 VISÃO DIALÉTICA

Os fenômenos psicológicos se transformam na


interação com o meio, que é também
transformado nessa relação.
O homem transforma e é transformado na sua
relação com a natureza (Marx e Engels)
 CONCEITO DE HISTÓRIA
“A palavra história (psicologia histórica) para mim significa duas coisas: 1)
abordagem dialética geral das coisas – neste sentido qualquer coisa tem
sua história, neste sentido Marx: uma ciência – a história (Arquivo, p.
X), ciências naturais = história da natureza, história natural; 2) história
no próprio sentido, isto é a história do homem. Primeira história =
materialismo dialético, a segunda = materialismo histórico. As funções
superiores diferentemente das inferiores, no seu desenvolvimento, são
subordinadas às regularidades históricas (veja o caráter dos gregos e o
nosso). Toda a peculiaridade do psiquismo do homem está em que nele
são unidas (síntese) uma e outra história (evolução + história). O
mesmo no desenvolvimento infantil (compare as duas linhas).
Vygotsky, Manuscrito de 1929 – Revista Educação & Sociedade -
CEDES -jul/out de 2000, n. 71, p. 23.
.
 Vygotsky desenvolve nesse texto o “estado da arte” na Psicologia de
sua época e faz uma análise histórica acerca da crise na Psicologia.
 Análise a partir de 4 correntes: personalismo de Stern; psicanálise
de Freud; teoria do condicionamento de Pavlov; e psicologia da
Gestalt
Síntese: dois tipos de psicologia
1. Psicologia causal explicativa (ciência natural – materialista) adota
uma abordagem experimental e explicação e previsão do
comportamento humano. Estudava os processos inferiores.
2. Psicologia intencional descritiva (ciência da alma – idealista) tenta
compreender ou descrever os processos psicológicos humanos.
Estudava os processos superiores
.
Argumento central: a Psicologia carecia de conceitos e princípios
gerais.
Não concebia uma Psicologia Geral como ciência puramente lógica
nem puramente empírica. Entendia que todos os conceitos,
mesmo os mais abstratos, estão relacionados à realidade e, por sua
vez, todos os fatos concretos implicam um início de abstração
(dialética). Não há ideia sem base material nem dados empíricos
sem abstração no pensamento científico. (dialética do concreto ao
abstrato e do abstrato ao concreto).
Conclusão: a proposta de uma Psicologia Geral decorria da criação de
uma nova metodologia. Uma psicologia cujo método tenha como
princípio filosófico e epistemológico a proposta materialista
histórico dialética, segundo as ideias de Marx e Engels.
Princípios do Método
1. Análise do processo e não do produto – compreensão das
transformações. Visão histórica dos fenômenos psicológicos.
2. Explicação da essência e não descrição da aparência dos fenômenos.
Método genético em contraposição ao fenomênico.
3. Análise dinâmico-causal do “comportamento fossilizado” – retorno à
origem e reconstrução do fenômeno.
Características do Método
1. Ruptura com o esquema básico de todas as abordagens psicológicas:
E – R. Propõe o novo esquema: E – E – R.
2. Método funcional da dupla estimulação: intervenção – mediação.
3. Unidade de análise: contém as propriedades da totalidade.
4. Método é instrumento (meio) e produto (reconstrução).
1. Desenvolvimento Psicológico é uma construção decorrente da
interação S – S – O. Relação entre Interpsicológico – Intrapsiclógico.
2. Duas linhas qualitativamente distintas do desenvolvimento: natural
(biológico – planos filo e ontogenéticos); cultural (planos sócio e
microgenético)
3. Base desse processo: Mediação por instrumentos e por signos
(semelhantes em sua função, distintos em seu direcionamento e
relacionados em seu papel transformador).
4. Relação dialética entre funções psicológicas elementares e funções
psicológicas superiores (mediação – chave para diferenciação).
5. Relação dialética entre individual e social; interno e externo, inferior e
superior.
6. Conceito de ZDP – relação entre o que já é conhecido (que se faz só) e o
que se pode conhecer na interação com o outo (que se faz com ajuda)
 Textos de Vigotsky
Obras Escogidas: Tomos I, II e III.
Formação Social da Mente: capítulos 4 e 5.
Manuscrito de 1929. Revista Psicologia & Sociedade – CEDES, Ano
2000, n. 71.
Vigotski. El Desarrollo Cultural del Niño y otos Textos Ineditos
Vygotski & Luria. El Instrumento y el Signo en el Desarrollo del Niño.
Fundación Infancia y Aprendizage, 2007.

 Outros autores:
Van der Veer & Valsiner. Vygotsky uma Síntese. Loyola, 1996.
Wertsch. Vygotsky y la Formación Social de la Mente. Paidós, 1988.

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