Você está na página 1de 10

CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO DE JI-PARANÁ

MATHEUS EDUARDO GALVAN

A IRREPETIBILIDADE DOS ALIMENTOS NO DIREITO DE FAMÍLIA: UMA


ANALÍSE JÚRIDICA PROFUNDA

JI-PARANÁ/RO
2023
MATHEUS EDUARDO GALVAN

A IRREPETIBILIDADE DOS ALIMENTOS NO DIREITO DE FAMÍLIA: UMA


ANALÍSE JÚRIDICA PROFUNDA

Projeto para Trabalho de Conclusão de Curso no


Centro Universitário Estácio de Ji-Paraná, como
requisito para obtenção do título de Graduação
em Bacharelado em Direito, orientado pela
Professora Mestre Claudia Marina Barcasse
Moretto Alves.

JI-PARANÁ/RO
2023
INTRODUÇÃO
A complexidade das relações familiares contemporâneas exige uma constante
evolução do arcabouço jurídico que as regulamenta. Nesse contexto, o princípio da
irrepetibilidade dos alimentos emerge como um elemento crucial no Direito de Família,
representando uma resposta jurídica sensível e adequada às particularidades que
envolvem a prestação alimentícia. Este trabalho propõe uma investigação
aprofundada sobre a irrepetibilidade dos alimentos, explorando suas bases legais,
fundamentos éticos e implicações práticas.
A noção fundamental por trás da irrepetibilidade dos alimentos reside na
compreensão de que a obrigação alimentar transcende o simples cumprimento de
uma obrigação legal, estendendo-se a um compromisso de solidariedade intrínseco
às relações familiares. Partindo desse ponto, a pesquisa se propõe a analisar como a
jurisprudência e a legislação vigente têm interpretado e aplicado esse princípio,
considerando a dinâmica das famílias contemporâneas, marcadas por novos arranjos
e configurações.
Além disso, será abordada a influência de elementos como a capacidade
econômica das partes envolvidas, as mudanças nas condições de vida e as
circunstâncias específicas que podem justificar a revisão dos valores estabelecidos.
Destaca-se, ainda, a necessidade de um equilíbrio entre a garantia dos direitos dos
alimentados e o respeito às possibilidades financeiras dos alimentantes, conferindo
ao princípio da irrepetibilidade uma função não apenas normativa, mas também ética
e social.
Ao longo deste trabalho, será explorada a evolução histórica do conceito de
alimentos no Direito de Família, destacando os desafios contemporâneos que
demandam uma abordagem jurídica mais flexível e sensível. Por meio de uma revisão
crítica da literatura especializada e da análise de casos emblemáticos, busca-se
contribuir para uma compreensão mais aprofundada da irrepetibilidade dos alimentos
como elemento central na construção de uma justiça familiar mais equitativa e
alinhada aos valores da sociedade
2. JUSTIFICATIVA
A escolha do tema "a irrepetibilidade dos alimentos no direito de família: uma
análise jurídica profunda" para este trabalho de conclusão de curso é motivada pela
urgência em compreender e aprimorar as nuances jurídicas que envolvem as relações
familiares contemporâneas. O Direito de Família, enquanto campo dinâmico e
sensível, demanda uma constante reflexão sobre suas normativas, especialmente no
que tange à prestação alimentícia.
A relevância social do tema torna-se evidente ao considerar as transformações
nas estruturas familiares e as novas configurações que desafiam os paradigmas
tradicionais. A irrepetibilidade dos alimentos, enquanto princípio norteador, assume
um papel fundamental na busca por equidade e justiça, equilibrando a proteção dos
direitos dos alimentados com a necessária flexibilidade diante das particularidades de
cada caso.
A complexidade das relações familiares contemporâneas, marcadas por
divórcios, novos arranjos familiares e diferentes formas de convivência, impõe a
necessidade de um olhar crítico sobre a legislação vigente e as interpretações
jurisprudenciais do princípio em questão. A compreensão aprofundada da
irrepetibilidade dos alimentos é, portanto, essencial para a adequada aplicação do
Direito de Família nos dias atuais.
Além disso, a pesquisa se justifica pela lacuna identificada na literatura jurídica
em língua portuguesa, que carece de uma abordagem abrangente e crítica sobre a
irrepetibilidade dos alimentos. Este trabalho visa preencher essa lacuna, contribuindo
para o desenvolvimento do conhecimento jurídico e fornecendo subsídios teóricos e
práticos para profissionais do Direito, acadêmicos e demais interessados na área.
A importância do tema se dá a todo tempo, tendo a recorrência do assunto no
âmbito do Direito Civil. Fruto de construção doutrinária e jurisprudencial, merece
análise profunda, a fim de orientar possíveis balizas e preencher lacunas, contribuindo
para o avanço do entendimento jurídico e para a melhoria da aplicação do Direito de
Família. A relevância desse tema transcende os limites acadêmicos, proporcionando
insights valiosos para a prática jurídica e para a contínua adaptação do Direito de
Família às dinâmicas sociais em constante mudança.
A abordagem escolhida permitirá explorar não apenas as bases legais do
princípio, mas também suas implicações éticas e sociais, oferecendo uma perspectiva
interdisciplinar para a compreensão do fenômeno. Por meio dessa pesquisa, busca-
se, portanto, não apenas aprofundar o entendimento acadêmico, mas também
fornecer subsídios para a construção de uma justiça familiar mais sensível, equitativa
e alinhada aos desafios contemporâneos.

3. PROBLEMÁTICA
O estudo em questão, revela uma série de desafios e questões prementes. A
análise da interpretação jurisprudencial e da aplicação prática desse princípio destaca
a necessidade de compreender como os tribunais lidam com diversas situações
familiares contemporâneas e o aceno que a doutrina e a jurisprudência dão a
relativização da irrepetibilidade.
A flexibilidade da legislação diante das dinâmicas familiares atuais é outra
problemática relevante. A pesquisa visa aprofundar o entendimento sobre como a
legislação tem se adaptado ou resistido a essas transformações, identificando lacunas
ou pontos de conflito que demandam revisão, tendo em vista o princípio da
irrepetibilidade ter origem de construção doutrinária e jurisprudencial, não havendo
dispositivo legal expresso para amparar o mesmo.
O equilíbrio entre os direitos dos alimentados e as possibilidades financeiras
dos alimentantes representa um desafio sensível. A investigação buscará definir
critérios justos e eficazes, explorando hipóteses práticas e eventualmente polêmicas.

4.HIPÓTESES
A flexibilização do princípio tem causado o aumento de prisões civis por falta
de pagamento de alimentos familiares?
As transformações familiares e as diversas hipóteses de flexibilização a
irrepetibilidade; o que leva a flexibilização?
Como fica estabelecido o equilíbrio entre Direito e Responsabilidades diante da
flexibilização do princípio e mudanças dos conceitos referentes a família?
Como manter a Interdisciplinaridade e Ética nas hipóteses de flexibilização?

5. OBJETIVOS
5.1 OBJETIVO GERAL
Compreender o direito à alimentos, averiguando a relação entre o alimentante
e as questões polêmicas envolvendo a flexibilização doutrinária e jurisprudencial do
princípio da irrepetibilidade dos alimentos no Direito de Família, buscando mapear
questões habituais que deixem demonstrado essa necessidade.

5.2 Objetivos específicos


Analisar as questões polêmicas concernentes ao assunto da irrepetibilidade e
alimentos familiares.
Tratar das dúvidas e lacunas deixadas pela legislação, fator principal que gerou
o princípio da irrepetibilidade, trazendo as possibilidades da flexibilização do
fenômeno, sendo necessário esclarecer em quais momentos se torna imprescindível
reparar através de reembolso o alimentante.
Indenizações, exigência de contas, direitos do genitor guardião ser beneficiário
de uma espécie de “ajuda de custo” ou “pró-labore”, colação de alimentos pagos a
filhos ou irmão, todas essas questões são pontos que vão de encontro ao princípio e
que merecem o devido estudo, a fim de reforçar o conhecimento acerca do tema e
buscar o equilíbrio sem que haja enriquecimento indevido ou prejuízo diante de
possibilidades de ressarcimento.

6. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No âmbito do Direito, alimentos referem-se à obrigação legal de prover
sustento, moradia, educação, assistência médica e demais necessidades básicas a
determinada pessoa. Essa obrigação é geralmente imposta a familiares, cônjuges ou
ex-cônjuges, sendo regulamentada pelo Direito de Família, devemos se a ter que o
alimento não é um instituto exclusivo dessa modalidade, também há geração de
efeitos fora desse âmbito. O objetivo primordial é assegurar a subsistência digna do
beneficiário, considerando suas condições econômicas e necessidades específicas,
promovendo assim a justiça e a solidariedade familiar.
Vemos sua “principal” regulamentação nos artigos 1.694 até o 1.710 do Código
Civil, porém, existem diversos outros dispositivos que regem sobre a matéria, como o
dever de sustento dos filhos menores ou dos filhos maiores incapazes (artigos 1.566,
IV, 1.590 e 1.725 do Código Civil).
Se tratando de um tema amplo, valerá ao longo da pesquisa a distinção entre
os tipos de alimentos e as classificações de sua natureza, trazendo luz as espécies
de direito existentes relacionadas a alimentos.
Ainda, cabe dizer que o tema alimentos, é causador de diversos debates, e teve
origem na sociedade nos primórdios das civilizações, tido como um dever moral, sem
se fazer necessário legislação. Já no Brasil, tivemos as primeiras regulações no
Código Civil de 1916, que apontava a possibilidade de exigência de alimentos por
parte de familiares, sendo que muito depois, recebemos a Lei de Alimentos, criada em
1968 (Lei n° 5.478/68), que com o tempo recebeu da CF/88 a classificação como um
direito social e um dever de família, e na chegada do Código Civil de 2022 esse instituo
sofreu transformações, serve como exemplo, o artigo 1.694, que teve como objetivo
garantir para quem necessita dos alimentos a “mesma” condição social daqueles que
provem.
A palavra irrepetível, segundo o dicionário, é algo que não se consegue fazer
outra vez. O princípio se baseia quase que no sentido literal, sendo uma vez pago os
alimentos, aquele que proveu não poderá pedir de volta.
A irrepetibilidade dos alimentos resulta da premissa de que o alimentado utiliza
os recursos recebidos para atender suas necessidades vitais, não destinando-os a
atividades lucrativas ou acúmulo patrimonial. Assim, seria incongruente exigir a
restituição dos alimentos caso posteriormente se considere sua indevida concessão;
o alimentante não pode pleitear a repetição do indébito, ou seja, recuperar o que foi
pago.
Conforme relata CAHALI, Youssef Said,
“os alimentos provisionais ou definitivos, uma vez prestados, são
irrepetíveis.” (CAHALI,2009, p. 105).
Apesar de não estar descrita na forma de artigo em livro de lei, a irrepetibilidade
exerce uma importante função. Há apenas um breve aceno da doutrina e
jurisprudência com relação a relativização do referido princípio, cabendo a sua
flexibilização, na maioria dos casos, somente quando nota-se presente a má-fé das
partes.
Dessa forma, Rolf Madaleno, afirma que só depois de vencida a última instancia
recursal poderá ser dito que os alimentos são indevidos. Por conseguintes, os
alimentos devem ser pagos até o julgamento do recurso extraordinário, mesmo que
desfavorável à sentença ou acórdão. (Madaleno, 2018)
Essa análise levará ao entendimento que as os alimentos apresentam suas
próprias características, e que sua flexibilização, possivelmente, irá variar de caso pra
caso, não estipulando que seja um princípio absoluto, tampouco algo que possa
ignorado.

7. Metodologia
O projeto será realizado utilizando pesquisa documental, leitura de artigos
científicos que tratam sobre temas semelhantes, além da pesquisa em campo,
entrevistando envolvidos em situações semelhantes as discutidas no decorrer do
trabalho.
Os procedimentos utilizados para coleta de dados serão em sua maioria em
conversas com especialistas do Direito de Família, onde poderemos confrontar
informações, tratar de casos reais, e a possibilidade de indagar novos pontos que nem
mesmo a doutrina vislumbrou ainda.
A exploração do tema também será derivada de artigos científicos, doutrinas e
jurisprudências que apontam sentido contrário ou favorável ao tema, proporcionando
uma discussão interessante.
Também será utilizado o computador, por meio do programa Word, o qual
servirá para desenvolver a escrita do artigo e a comunicação verbal para
apresentação dos resultados obtidos a partir do início da pesquisa. Caberá também,
a produção de material visual, levando a uma experiência deveras imersiva e clara ao
leitor.

8. CRONOGRAMA
8.1. Projeto de pesquisa – 2023/2:
Atividade Agosto Setembro Outubro Novembro
Definição do
X
tema
Desenvolvimento
do projeto de X
pesquisa
Correção dos
X
tópicos
Definição da
X
Metodologia
Conclusão e
entrega do X
projeto

8.2. Artigo – 2024/1:


Atividade Fev Mar Abril Mai Jun
Pesquisa em
X
campo
Análise e
interpretação X
dos dados
Escrita e
estruturação do X
artigo
Revisão e
X
edições finais
Conclusão e
X
entrega do artigo

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil:
famílias. Salvador: Ed. JusPodivm, 2016.
BRASIL. Lei nº. 5.478, de 25 de julho de 1968. Dispõe sobre ação de alimentos e dá
outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 26 jul. 1968. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L5478.htm>. Acesso em: 07 ago. 2020.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial
da União, Brasília, DF, 11 jan. 2002. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10406.htm> Acesso em: 07 de
agosto de 2020.
CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. 6. ed. São Paulo: RT, 2009.
DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias/Maria Berenice Dias - 7. ed.
rev., atual. e ampl - São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010.

Você também pode gostar