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Deformação elástica de uma haste

Marques, Lucas Samuel; Kenji, Pedro


PT-7A – Física Experimental Básica – Mecânica
Departamento de Física, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, Brasil
19 de setembro de 2020
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Resumo: Este relatório foi desenvolvido a fim de sintetizar os conhecimentos e


procedimentos evolvidos na prática “Deformação elástica de uma haste”. O exercício partirá
do conceito de deformação elástica (“não-permanente”). Dentro do regime elástico, pode-se
usar como objeto de estudo a relação entre Tensão e deformação: σ =E∗ε , na qual “σ
representa a Tensão, “ E o módulo de Young, “ε a deformação. Da equação de Hooke, para
determinar a constante de flexão a partir da força e da flexão, tem-se: F=kf ∗y - “ F ” é a
força aplicada, kf a constante de flexão e“ y ” a flexão sofrida. O procedimento experimental
consiste em aplicar diferentes forças na extremidade da haste e medir a flexão observada para
cada situação. Tendo as medidas associadas de força-deformação, gerando a regressão linear
de F versus y e estabelecendo a relação de seus coeficientes com a segunda relação linear
(supracitada), é possível encontrar um valor referente à kf . Por fim, tendo esta constante e
uma relação de grandezas – equação III -, abordada a seguir, se permite calcular o Módulo de
Young.
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1. Introdução
Objetos que se deformam elasticamente detêm
a capacidade de retornar ao seu estado inicial,
recuperando sua forma primitiva. Todavia, na
deformação dita “plástica” isso não ocorre,
uma vez que o resultado produzido é
irrecuperável. Sob um viés da área de Ciência
dos Materiais e a curva “Tensão versus
deformação” – anexada a seguir -, pode-se
verificar tais fenômenos.
Figura 1: Limite de escoamento - Gráfico Tensão
versus deformação.
A partir do conceito de “Limite de escoamento
- P” podemos sintetizar essas deformações, Fonte:https://pt.slideshare.net/felipecrosa9/aula-6-
uma vez que, após esse marco, se inicia o propriedades-mecnicas
fenômeno do escoamento, o qual pode ser Desse modo, no que tange ao limite elástico
considerado a deformação irrecuperável do (antes do limite de escoamento), se tem a
corpo. (CALLISTER, 2008). seguinte relação linear - já citada
anteriormente:
σ =E∗ε (I)
Tensão “σ ” (Mpa); Módulo de Young “E” (N/m2) Semana%205/
e deformação “ε (m). Deformacao_Elastica_de_uma_Haste-2.pdf

Considerando as condições do procedimento 2. Objetivos


experimental – as variáveis força/deformação - Determinar a constante de flexão de uma haste
e o objetivo de encontrar a constante de flexão metálica, para o regime elástico e,
da respectiva haste, tem-se a lei de Hooke. adicionalmente, calcular o módulo de Young
(TODA MATÉRIA, 2017). (E).

F=kf ∗y (II) 3. Metodologia


3.1 Materiais
Força “ F (N), Constante de flexão “
Para a realização do experimento –
kf (N/m) e Flexão y (m)
presencialmente – seria necessário:
 Haste metálica;
A constante (kf) supracitada é uma
 Prendedor;
propriedade referente à haste. No caso, essa
 Objetos de massa (mi +/- Δmi);
depende de seu comprimento, largura,
espessura e material. Em contrapartida, o  Suporte;
módulo de Young (E) depende apenas do  Régua milimetrada;
material empregado na haste. Sabendo isso,  Paquímetro.
pode-se estabelecer uma relação entre
grandezas, a qual será a base para o cálculo do Todavia, pautando na adequação do Curso ao
módulo de Young, após encontrada a Ensino Remoto Emergencial (ERE),
constante de flexão. contemplamos o experimento por meio de
vídeo.
3
El e
kf = 3
( III ) 3.2 Procedimento Experimental
4x
3.2.1 Para conduzirmos com o experimento,
Constante de flexão “kf (N/m), módulo de Young utilizamos os seguintes dados pré-
“E” (N/m2), largura “l” (m), espessura “e” (m) e estabelecidos pela professora: Massa (m),
comprimento “x” (m).
gravidade (g), espessura da haste (e), largura
da haste (l), comprimento da haste (x),
Desta maneira, o experimento prático
Número de objetos pendurados e flexão (y).
(sintetizado na figura a seguir) seguirá,
fundamentando nos conceitos tratados e nas
equações.

Figura 3: Tabela para consulta de dados conforme


Figura 2: Síntese do experimento.
o subgrupo.
Fonte:https://ufmgbr.sharepoint.com/sites/
2020_1_FEBM_PT7A2/Shared%20Documents/
Fonte:https://ufmgbr.sharepoint.com/sites/ produção do gráfico com as devidas
2020_1_FEBM_PT7A2/Shared%20Documents/ incertezas.
Semana%205/Tabelas_dados_S6.pdf

3.2.2 Partindo dos dados supracitados,


calculamos a Força (F), da equação IV,
referente à 2ª Lei de Newton, para cada
número de objetos pendurados.
F=m∗a (IV)
Foi necessária a conversão da massa – de
“grama” (g) para “quilograma” (kg) -, a partir T
da divisão pelo escalar “1000”, pois com a abela 1: Valores utilizados para a geração do
massa em “kg” e a aceleração gravitacional em gráfico.
“m/s2” tem-se a força em Newton (N). 4.1.1 Incerteza da força

3.2.3 Sob posse dos resultados encontrados


para a Força, calculados conforme consta na
seção 3.2.2, tabelamos os valores de “F” e da
.∆ F=F
√( m )
∆m 2 ∆ g
+(
g

flexão no Software “MyCurveFit”.

Deste modo, tendo a Força como variável


.∆ F=0,1095
√( 0.0112 )
0.0001 2 0 , 05
+(
9 , 78

.∆ F=0.0011
dependente (y) e a flexão como variável
independente (x), gerou-se as regressões 4.2 Gráfico F versus x
lineares e os respectivos coeficientes. A partir da Tabela 1 supracitada, geramos o
seguinte gráfico, cuja variável dependente
3.2.4 Tendo em vista os valores obtidos para corresponde à força (F) e a independente à
os coeficientes e a relação da equação II com a flexão (y).
V, sendo essa última referente a uma função
afim, depreende-se que a constante de flexão
“kf” será o coeficiente angular (m) encontrado,
o qual acompanha a variável independente
(flexão).

F=kf ∗y (II)
Y =mx+c (V)

3.2.5 Partindo da constante (kf) encontrada e


os dados tabelados - comprimento, largura,
Figura 3: Gráfico de F versus y.
espessura e material -, permite-se calcular o
módulo de Young (E) utilizando a equação III.
4. Resultados
4.1 Tabela Gráfico de F versus Y
Seguindo os dados das flexões e das massas
fornecidos pela professora e, tendo a força
(procedimento explicitado na seção 3.2.2), Figura 5: Coeficientes relativos ao gráfico da
Figura 4
produzimos a tabela a ser utilizada na
√(
4.4 Encontrando e constante de flexão
(kf) e o módulo de Young (E)
∆ E=E
15.72)(
0 , 13 2
+ 3
0.27 )(
0,0005 2 −0.0001 2
+
0.0218
+ −3 )(
0.0000
0.0006
4.4.1 Constante de flexão .

Comparando a equação do tipo: Y =mx+c , ∆ E=¿ 0,66x1011


referente a uma função afim, com a fórmula:
Portanto:
F=kf ∗y , a Equação II, concluímos que:

m ( coeficiente angular )=kf 11 11 N


E=(2 , 63 x 10 ± 0 , 66 x 10 ) 2
m
c ( coeficiente linear )=0

Desse modo, temos que o coeficiente de flexão


5. Discussão de Resultado
da respectiva haste, com incerteza, é:
Tendo em vista o procedimento envolvido e
N os erros propagados, pode-se considerar que os
kf =(15.72 ± 0.13)
m resultados obtidos foram condizentes com o
esperado e, além disso, com a realidade.
Em uma busca na web acerca dos valores
4.4.2 Módulo de Young
associados ao módulo de Young de ligas
Considerando os dados referente à haste e à
metálicas, encontramos a seguinte relação:
constante de flexão acima, pode-se determinar
o módulo de Young a partir da expressão III,
já introduzida.

3
4 kf x
E= 3
(VI )
le
Considerando os seguintes valores:
N
 kf =(15.72 ± 0.13) ; Figura 4: Valores do módulo de Young para ligas
m
metálicas.
 l=(0.0218 ± 0.0001) m;
 e=(0.0006 ± 0.00005)m ; Fonte:http://ftp.demec.ufpr.br/disciplinas/
EME774/Aula%2008_CM.pdf
 x=( 0.27 ± 0.0005 ) m .
Substituindo esses valores na equação VI, Sendo assim, comparando o valor de “E”
encontra-se o módulo de Young, sem N
encontrado (2,63x1011 2 ) e sua equivalência
incerteza: m
N N
E=¿2,63x1011 2 a 263 GPa, considerando que 1 2 equivale a
m m
4.4.2.2 Incerteza do módulo de Young 1Pa (Pascal), percebe-se que este se aproxima
do módulo referente ao Aço (“Steel”), o
.
provável material da haste.

√( )( ) (
∆ Kf 2 ∆x 2 ∆l 2
)( )
2
∆e
∆ E=E + 3 + −1 + −3
kf x l e No que diz respeito à constante de flexão, vê-
Substituindo os respectivos valores na se a influência da geometria da haste e do
expressão: módulo de Young na rigidez. No caso, pela
equação III, vê-se uma relação de
proporcionalidade: quanto maior for a
espessura, a largura e o módulo de Young do
material empregado, maior será a constante de
flexão e, por conseguinte, mais rígido o
material será.

6. Conclusão
A conclusão que podemos tirar do
experimento tange tanto aos aspectos do
significado das grandezas encontradas, quanto
aos valores e sua proximidade com os da
realidade.
Como já abordado ao longo desse trabalho, a
grandeza “constante de flexão – kf”
supracitada é uma propriedade referente à
haste que, no caso, essa depende de seu
comprimento, largura, espessura e material. Já
para o módulo de Young, vê-se que esse
depende apenas das propriedades do material
empregado na haste, sendo caracterizado como
uma propriedade mecânica que mede a rigidez
de materiais sólido.
Ademais, comparando o valor encontrado para
“E” com valores pesquisados na internet,
podemos concluir que ambos estão próximos,
o que reforça eficácia do procedimento e dos
cálculos envolvidos.

7. Referências
1-. CALLISTER, William D Jr. Ciência e
Engenharia de Materiais: Uma
Introdução. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC; 2008.
705 p.

2- MYCURVEFIT. Online Curve Fitting.


Disponível em: <https://mycurvefit.com/>.
Acesso em: 31 de agosto de 2020.

3- TODA MATÉRIA. Lei de Hooke.


Disponível em:
<https://www.todamateria.com.br/lei-de-
hooke/>. Acesso em: 31 de agosto de 2020.

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