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Universidade Federal do Rio Grande - FURG 28/08/2022 Escola de Engenharia

Capı́tulo 13 - Método da Carga Unitária

O capı́tulo anterior abordou o trabalho/energia no âmbito dos processos de deformação


elástica. Várias questões básicas e importantes foram abordadas. Dentre estas a mais impor-
tante foi a consideração de que o processo de deformação elástica é conservativo.
Também foram deduzidos e apresentados alguns teoremas clássicos que envolvem trabalho
de deformação ou energia elástica. Dentre estes, o teorema de Castigliano, que permite
determinar deslocamentos de translação e de rotação em estruturas.
Neste capı́tulo, se continuará envolvido com trabalho de deformação. Serão abordados os
mais importantes conceitos da análise estrutural. São eles, o trabalho de deformação virtual,
forças virtuais e deslocamentos virtuais. Está se falando do denominado princı́pio dos trabalhos
virtuais.
Este princı́pio na realidade está constituı́do por dois: princı́pio das forças virtuais e princı́pio
dos deslocamentos virtuais. O interesse aqui é essencialmente o princı́pio das forças virtuais,
do qual vem o denominado método da carga unitária. Este método é uma poderosa ferramenta
para o cálculo de deslocamentos em estruturas. Tanto rı́gidas como deformáveis. Este método
é utilizado para o cálculo de deslocamentos no caso do clássico método das forças para solução
de estruturas hiperestáticas.

13.1 Princı́pio d’Alembert

Este princı́pio se deve ao filósofo, matemático e fı́sico francês Jean le Rond d’Alembert
(1717-1783).
Seja uma partı́cula sujeita a um sistema de forças P equilibrado como mostrado na figura
1. Agora, se for imposto um deslocamento infinitesimal a esta partı́cula, o trabalho realizado
pela forças será nulo.

Figura 1: Princı́pio d’Alembert

O deslocamento dado a partı́cula é arbitrário, é imaginário, sem origem, fictı́cio. Por isto
foi denominado de deslocamento virtual.
Evidentemente, tal conceito de impor um deslocamento arbitrário virtual também pode ser
estendido a um corpo elástico sujeito a um sistema de forças em equilı́brio.

Resistência dos Materiais - Turma A 349 Capı́tulo 13 - Método da Caega Unitária


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Um detalhe extremamente importante, quase desapercebido neste princı́pio d’Alembert é


que não há nenhuma relação de causa-efeito entre as forças atuantes e os deslocamentos
virtuais impostos. Quando se imagina a imposição de um campo de deslocamentos virtuais
arbitrários a um corpo elástico, a única exigência é que estes deslocamentos virtuais sejam
compatı́veis. Isto significa que devem obrigatoriamente compatı́veis com os vı́nculos exis-
tentes. Assim, se pode falar em trabalho de deformação virtual e energia elástica virtual, e
evidentemente permanece válido o princı́pio da conservação da energia.
Para a situação de um corpo elástico sujeito a um campo de deslocamentos reais associado
a um campo de deformações compatı́veis se for aplicado um campo de forças virtuais arbitrário
equilibrado com um campo de tensões se pode afirmar que o trabalho virtual realizado sobre
o corpo é igual a energia virtual armazenada pelo corpo.
Este em última análise é o denominado princı́pio das forças virtuais o qual estabelece o
denominado método da carga unitária.

13.2 Método da Carga Unitária

Este método permite a determinação de deslocamentos em estruturas isostáticas, sejam


translações ou rotações. Trata-se de método de aplicação simples e geral, aplicando-se a
qualquer tipo de estrutura.
Seja um arco isostático, mostrado na figura 2, sujeito a ação de um sistema de n forças
P em equilı́brio. Sendo esta estrutura elástica, ela irá se deformar passando a configuração
identificada pela linha pontilhada.

Figura 2: Estrutura e sistema de forças reais

Este sistema de forças reais provoca na estrutura um campo de deslocamentos reais acom-
panhado por suas correspondentes deformações. Estas deformações reais expressas na forma
infinitesimal são função dos correspondentes esforços internos atuantes, N , M e V . Estas
expressões são mostradas abaixo.
N
d∆L = dx força normal (1)
EA
M
dϕ = dx flexão
EI
(2)
V
dh = χ dx força cortante
GA
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Na realidade, se está interessado na determinação do valor do deslocamento da seção S


medido na direção α como mostrado na figura 2.
A seguir, será admitido um segundo carregamento, virtual, constituı́do por uma única força
F que atua na seção S e na direção α. Isto é mostrado na figura 3.

Figura 3: Estrutura e força virtual

Esta força virtual irá provocar um campo de tensões virtuais em equilı́brio com ela.
Se agora for aplicado o teorema dos trabalhos virtuais, ou seja, admitir que ao carrega-
mento virtual atuando na estrutura for imposto o campo de deformações reais, o princı́pio da
conservação da energia estabelece a igualdade entre trabalho de deformação virtual e energia
elástica virtual que pode ser expresso da forma
∫ ∫ ∫
NNL MML VVL
F × δS = dx + dx + χ dx (3)
L EA L EI L GA

Nesta expressão, As quantidades F, N , M , V são valores virtuais, e as quantidades δs , N, M ,


V são valores reais.
Agora, se for admitido que a força virtual F seja igual a 1 (unitária), a expressão anterior
toma a forma
∫ ∫ ∫
NNL MML VVL
1 × δS = dx + dx + χ dx (4)
L EA L EI L GA

Ou seja, aı́ está uma expressão que permite calcular o valor do deslocamento da seção S,
denominado por δS na direção α.
∫ ∫ ∫
NNL MML VVL
δS = dx + dx + χ dx (5)
L EA L EI L GA

Caso a estrutura sob análise esteja também sob a ação de momentos de torção, é suficiente
acrescentar um quarto termo na expressão (5) na forma dos demais. Isto é mostrado abaixo.
∫ ∫ ∫ ∫
NNL MML VVL TTL
δS = dx + dx + χ dx + dx (6)
L EA L EI L GA L GJ

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Por outro lado, para determinar deslocamentos de rotação, é suficiente trocar a força
virtual unitária F = 1 por um momento virtual unitário M = 1. Deste modo, a expressão (6)
toma a forma
∫ ∫ ∫ ∫
NNL MML VVL TTL
ϕS = dx + dx + χ dx + dx (7)
L EA L EI L GA L GJ

As expressões (6) e (7) são as expressões do método da carga unitária que permitem
determinar deslocamentos de translação e de rotação.
A aplicação destas expressões é bem simples. Se considera como carregamento real, o
próprio carregamento que atua na estrutura. Desta situação, são determinados as expressões
dos esforços internos N, M, T e V .
A seguir, se considera um carregamento virtual que estará constituı́do por uma única ação
unitária que deve ser admitida atuando na seção onde ser quer determinar o deslocamento
de translação ou de rotação. Desta segunda situação, são determinados as expressões dos
esforços internos N , M , T e V .
Estes conjuntos de esforços internos deverão ser inseridos na expressão (6) ou (7), operadas
as integrações, e se obtendo o deslocamento procurado.
Na aplicação das duas expressões do método da carga unitária, também prevalecem as
mesmas simplificações já descritas para a aplicação do teorema de Castigliano no que diz res-
peito a quais esforços deverão ser considerados e desconsiderados conforme o tipo de estrutura
de barras que se está sendo tratada.

13.3 Cargas Térmicas

Além de carregamento geral que envolve forças, as denominadas cargas térmicas também
provocam deformações e consequentemente deslocamentos. O método da carga unitária
também pode incluir a ação de cargas térmicas no cálculo dos deslocamentos.
Cabe salientar que para estruturas isostáticas, cargas térmicas provocam apenas desloca-
mentos (deformações) mas não causam tensões.
Quando presentes, cargas térmicas fazem parte do carregamento real.
Basicamente há dois tipos de cargas térmicas.
O primeiro é a variação uniforme de temperatura, aquecimento uniforme ou resfriamento
uniforme de barras. Este tipo de carga térmica provoca alongamento e encurtamento. Tal
tipo de situação corresponde aos deslocamentos (deformações) provocadas pela força normal.
Assim, tal tipo de carga térmica tem relevância para treliças e para pórticos.
O alongamento/encurtamento provocado por uma variação uniforme de temperatura de
uma barra é dado pela expressão

∆ L = ± α L ∆T (8)

Nesta expressão, α é o valor do coeficiente de dilatação térmica do material que constitui


a barra, ∆T é a variação de temperatura em graus o C e L é o valor do comprimento da barra.

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Assim, para os casos onde se tem força normal, a parcela a acrescentar nas expressões (6)
e (7) é

α ∆T N dx (9)
L

Nesta expressão, a integral representa a área do diagrama de força normal para o carre-
gamento virtual na(s) barra(s) sob variação uniforme de temperatura. O valor desta integral
poderá ser positivo ou negativo. Será positivo para aquecimento com tração e resfriamento
com compressão. Caso contrário, o valor será negativo.
O segundo tipo de carga térmica é denominado de gradiente térmico. Há um gradiente
térmico quando há uma diferença de temperatura entre as faces inferior e superior da barra.
Além disso, se admite que ao longo da altura da barra, a temperatura varia linearmente.
Este tipo de carga térmica provoca um encurvamento da barra, ou seja, deslocamentos (de-
formações) correspondentes aos provocados pela flexão. Deste modo, são relevantes para
vigas, pórticos, e grelhas.
Denominando por Ti a temperatura da face inferior da barra e por Ts a temperatura da
face superior, se terá um gradiente térmico quando Ti ̸= Ts .
A figura 4 mostra as duas situações possı́veis, Ti > Ts , e Ti < Ts , indicando o encurva-
mento correspondente.

Figura 4: Deformadas por gradiente térmico.

A figura 5 mostra um trecho isolado de comprimento infinitesimal dx de uma barra de


comprimento L sobre o qual será feita a análise dos efeitos de um gradiente térmico.

Figura 5: Gradiente térmico num trecho de comprimento infinitesimal (vista lateral).

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Aqui se admite que Ti é maior do que Ts . Assim, o comprimento da parte inferior crescerá
em αTi dx, enquanto o comprimento da parte superior aumentará em αTs dx. A constante α
representa o coeficiente de dilatação térmica do material que constitui a barra. Nesta figura
também se pode observar que a seção transversal sofre um giro em torno da linha neutra. De
modo que, o ângulo de giro, dθ, vale

(αTi dx − αTs dx) Ti − Ts


dθ = =α dx, (10)
h h
onde h é o valor da altura da seção transversal.
Nesta expressão o termo
Ti − Ts
gT = (11)
h
é conhecido como gradiente térmico.
O ângulo dθ é a rotação entre duas seções transversais separadas por um distância dx.
Assim, o correspondente termo a ser acrescentado às expressões (6) e (7)) toma a forma

α gT M dx (12)
L

Nesta expressão, a integral representa a área do diagrama de momento de flexão sujeita a


gradiente térmico para o carregamento virtual.
Incorporando as expressões (9) e (12) às expressões (6) e (7), se obtém as expressões finais
do método da carga unitária.
∫ ∫ ∫ ∫
NNL MML VVL TTL
δS = dx + dx + χ dx + dx + (13)
L EA L EI L GA L GJ
∫ ∫
+ α ∆T N dx + α gT M dx (14)
L L
e
∫ ∫ ∫ ∫
NNL MML VVL TTL
ϕS = dx + dx + χ dx + dx + (15)
L EA L EI L GA L GJ
∫ ∫
+ α ∆T N dx + α gT M dx (16)
L L

13.4 Exemplos Resolvidos

13.4.1 Exemplo 1

Para a viga mostrada na figura 6, determine os valores da flecha e da rotação na extre-


midade livre B. Considere esta viga com rigidez EI constante. Utilize o método da carga
unitária.

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Figura 6: Exemplo 1

Solução
Para a determinação do valor da flecha que é o valor do deslocamento vertical em B, o
carregamento virtual deverá ter uma força fictı́cia unitária atuando B. A figura 7 mostra este
carregamento virtual.

Figura 7: Carregamento virtual

Os momentos para cada um destes carregamentos valem

MAB = −P x

M BA = −x

Deste modo, se obtém


∫ L ∫ L
dx dx P L3
vB = MAB M BA = (−P x)(−x) =
0 EI 0 EI 3EI
Para a determinação do valor da rotação em B se deve considerar no carregamento fictı́cio
um momento unitário atuando em B. A figura 8 mostra o carregamento virtual para esta
situação. O carregamento real é o mesmo.

Figura 8: Carregamento virtual

Os momentos para esta situação valem

MAB = −P x

M BA = −1

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Deste modo, se obtém


∫ L ∫ L
′ dx dx P L2
vB = MAB M BA = (−P x)(−1) =
0 EI 0 EI 2EI
13.4.2 Exemplo 2

Para a viga mostrada na figura 9, determine o valor da flecha na seção média C. Considere
esta viga com rigidez EI constante. Utilize o método da carga unitária.

Figura 9: Exemplo 2

Solução
Para o carregamento virtual se deve considerar uma força unitária vertical atuando em C.
A figura 10 mostra este carregamento virtual.

Figura 10: Carregamento virtual

Se pode observar que para esta situação se tem simetria. Deste modo, se poderá integrar
de uma extremidade até C e multiplicar o resultado por 2.
Os momentos para esta situação valem
qLx qx2
MAC = −
2 2
x
M AC =
2
Assim, a flecha em C é dada por
∫ L/2 ∫ L/2 [( ) ]
dx qLx qx2 ( x ) dx
vC = 2 × MAC M AC =2× −
0 EI 0 2 2 2 EI
∫ L/2 [ ]
qLx2 qx3 dx qL4 qL4
= − = −
0 2 2 EI 48EI 128
5qL4
vC =
384

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13.4.3 Exemplo 3

Para a viga mostrada na figura 11, determine o valor da flecha na extremidade livre C.
Considere esta viga com rigidez EI constante. Utilize o método da carga unitária.

Figura 11: Exemplo 3

Solução
Mais uma vez , como se deseja o valor da flecha em C, o carregamento virtual correspon-
dente estará constituı́do por uma força virtual unitária aplicada em C. A figura 12 mostra
este carregamento virtual.

Figura 12: Carregamento virtual

As expressões de momento para os carregamentos real e virtual são


MCB = −P x

M AC = −x

MBA = −P x − P (x − L/2)

M BA = −x
Deste modo, a expressão para o cálculo do valor da flecha em C é
∫ L/2 ∫ L
dx dx
vC = MCB M CB + MBA M BA
0 EI L/2 EI
∫ L/2 ∫
dx L dx
vC = (−P x)(−x) [−P x − P (x − L/2)](−x)
0 EI L/2 EI
∫ L/2 ∫ L
2 dx dx
vC = Px [P x2 + P (x2 − xL/2)]
0 EI L/2 EI

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P L3 2P L3 2P L3 P L3 P L3
vC = + − − +
24EI 3EI 24EI 4EI 16EI
3
7P L
vC =
16EI

12.9.4 Exemplo 4

Para a viga Gerber mostrada na figura 13, determine o valor, em graus, da rotação da
elástica em D. Considere esta viga com rigidez constante EI = 12000 kN m2 . Utilize o
método da carga unitária.

Figura 13: Exemplo 4

Solução
Tendo em vista que se trata de uma viga Gerber, a primeira atitude é identificar o esquema
de apoio que é mostrado na figura 14.

Figura 14: Esquema de apoio da Gerber

É solicitado o valor da rotação em D. De modo que, o carregamento virtual estará


constituı́do por um momento unitário em D. A figura 15 mostra este carregamento virtual.

Figura 15: Carregamento virtual

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O carregamento virtual mostra que os efeitos do momento virtual ocorrem apenas no


trecho DC. Deste modo, a integração deverá ocorrer exclusivamente neste trecho. Assim, as
expressões de momentos são

MDC = −9x

x
M DC = − + 1
4
De modo que
∫ 4
′ dx
vD = MDC M DC
0 EI
∫ 4 ( x ) dx ∫ 4( 2 )
′ 9x dx 9 × 43 9 × 16 −24
vD = (−9x) − + 1 = − 9x = − =
0 4 EI 0 4 EI 12EI 2EI EI
′ 24
vD =− = −2 × 10−3 rad = −0, 11o
12000
O valor negativo encontrado para a rotação indica que ela tem sentido contrário ao sentido
arbitrado para o momento virtual unitário. Portanto, é uma rotação horária.

13.4.5 Exemplo 5

Determine o valor do deslocamento horizontal do apoio D, em mm, no pórtico mostrado


na figura 16. Utilize o método da carga unitária. Calcule o valor solicitado considerando
apenas a influência da flexão. Considere as barras deste pórtico com rigidez à flexão igual a
12000 kN m2 .

Figura 16: Exemplo 5

Solução

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Para determinação do deslocamento solicitado é necessário acrescentar uma força virtual


unitária horizontal em D. A figura 17 mostra o correspondente carregamento virtual. Aqui
será utilizado H = 4 m, L = 5 m e q = 12 kN/m.

Figura 17: Carregamento virtual

Das figuras anteriores se pode escrever


MAB = 0

M AB = y

MDC = 0

M DC = y

qLx qx2
MBC = −
2 2

M BC = H

De modo que
∫ L ∫ L[ ]
dx qHLx qHx2 dx qHL3 qHL3 qHL3
h
δB = MBC M BC = − = − =
0 EI 0 2 2 EI 4EI 6EI 12EI

qHL3 12 × 4 × 53
δBh = = = 0, 042 m = 42 mm
12EI 12 × 12000

13.4.6 Exemplo 6

A treliça mostrada na figura 18 tem suas barras construı́das com uma liga de alumı́nio.
As barras tem idêntica área transversal constituı́das por tubos de 50 mm de diâmetro externo
e parede de espessura igual a 4 mm. Para o carregamento indicado, determine o valor do
deslocamento vertical do nó C em mm. Considere EAl = 72 GP a. Usar o método da carga
unitária.

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Figura 18: Exemplo 6

Solução
Antes de tudo, se irá calcular o valor da rigidez axial EA das barras.
π(502 − 422 )
A= = 578 mm2 = 587 × 10−6 m2
4
EA = 72 × 10−6 × 578 × 10−6 = 41616 kN
Para a aplicação do método, o carregamento virtual deverá estar constituı́do por uma força
virtual vertical em C. A figura 19 mostra a este carregamento virtual.

Figura 19: Carregamento virtual

Do exposto, se deverá resolver a treliça duas vezes. A primeira para o carregamento real e
a segunda para a força virtual. Seguem os valores dos esforços normais para o carregamento
real. Foi utilizado o método dos nós (aqui não mostrado).
N1 = 30 N2 = 0 N3 = −7, 5 N4 = −37, 5 N5 = 0 N6 = 0 N7 = 30
Os valores abaixo mostrados correspondem a segunda solução para o carregamento virtual.
Foi utilizado o método dos nós (aqui não mostrado).
N 1 = 0 N 2 = −1, 333 N 3 = 1 N 4 = −1, 667 N 5 = −1 N 6 = 1, 667 N 7 = 1, 333

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O valor do deslocamento vertical em C será dado pela aplicação da expressão do método


da carga unitária válida para treliças e adequada a este caso.

7
Ni Ni L i
δCv =
1
EA
A partir do conjunto de valores obtidos anteriormente, se observa que se tem componentes
a somar apenas para as barras 3, 4 e 7. Para os demais, ou Ni é nulo ou N i é nulo.
Deste modo, se tem
N3 N3 L 3 N4 N4 L 4 N7 N7 L 7
δCv = + + =
EA EA EA
−7, 5 × 1 × 1, 5 −37, 5 × −1, 667 × 2, 5 30 × 1, 333 × 2
= + + =
EA EA EA
11, 25 156, 28 80 225
= − + + = = 0, 0054 m = 5, 4 mm
EA EA EA EA

13.4.7 Exemplo 7

Seja a treliça do exemplo resolvido anterior. Será admitido que não há forças atuando na
treliça, mas a barra 7 sofre um aquecimento uniforme de 40o C. Qual é o valor do deslocamento
vertical do nó C ? Admitir que o coeficiente de dilatação térmica do material seja α =
1, 6 × 10−6 /o C.
Solução
Para esta nova situação, o carregamento real estará constituı́do apenas pelo aquecimento
uniforme da barra 7. O carregamento virtual é idêntico ao do exemplo anterior pois o que se
deseja saber é o deslocamento vertical do nó C.
Assim,

δCv = α∆T N 7 dx

O valor de N 7 já foi obtido para o exemplo anterior. Está publicado na página anterior e
é de tração.
N 7 = 1, 333
Logo,
δCv = 1, 6 × 10−6 × 40 × (1, 333 × 2) = 0, 00171 m = 1, 71 mm

Rio Grande, 16 de dezembro de 2021.

Prof. Ernesto Luiz Gomes Alquati


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