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Partı́cula Livre
Ĥψ(x) = Eψ(x) .
O Hamiltoniano (3.47),
Ĥ = T̂ + V̂ ,
contém a energia cinética, cujo operador foi definido pela eq. (3.31),
h̄2 ∂ 2
T̂ = − ,
2m ∂x2
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78 CAPÍTULO 4. PARTÍCULA LIVRE
V̂ = V (x) = K . (4.1)
h̄2 d2
Ĥ = − + K, (4.2)
2m dx2
e, substituindo na eq. (3.60), produz a equação de Schrödinger correspon-
dente,
h̄2 d2
" #
− + K ψ(x) = Eψ(x) . (4.3)
2m dx2
h̄2 d2
− ψ(x) + Kψ(x) = Eψ(x) .
2m dx2
Subtraindo em ambos os lados Kψ(x), obtém-se no lado direito dois termos
envolvendo uma constante multiplicando ψ(x). Junta-se esses dois termos,
h̄2 d2
− ψ(x) = (E − K) ψ(x) ,
2m dx2
e define-se uma nova constante E 0 representando a diferença E − K,
E0 = E − K . (4.4)
h̄2 d2
− ψ(x) = E 0 ψ(x) .
2m dx2
Observa-se que a energia da partı́cula é escondida dentro da constante E 0 .
Divide-se pelas constantes do lado esquerdo,
d2 2mE 0
ψ(x) = − ψ(x) ,
dx2 h̄2
4.1. A SOLUÇÃO MATEMÁTICA 79
junta-se constantes,
2mE 0
α = , (4.5)
h̄2
para transformar a equação de Schrödinger da partı́cula livre em uma forma
matemática simples,
d2
ψ(x) = −αψ(x) . (4.6)
dx2
A eq. (4.6) requer uma função que é proporcional a sua segunda derivada.
Conhece-se o seno e o coseno como funções com essa caracterı́stica. Escolhe-
se o seno,
ψ(x) = A sin [ax] , (4.7)
com amplitude A e parâmetro a no argumento. A segunda derivada do seno
produz o negativo do seno (primeira derivada produz o coseno e derivando
o coseno fornece o seno com sinal negativo) multiplicado pelo quadrado da
derivada do seu argumento, ou seja,
d2
ψ(x) = −a2 A sin [ax] .
dx 2
E; ψ(x)
K1 K2 K3
x
Figura 4.1: Partı́cula livre com E constante na escada de potencial mostrando
o efeito do potencial na função de onda ψ(x). Os potenciais diminuem na
série K1 < K2 < K3 .
coordenadas em que o eixo x é representado pela energia (na fig. 4.1: a linha
paralela ao eixo x com valor E). A energia não envolve coordenadas, ou seja,
fica constante no espaço. Assume-se que esse eixo represente o ponto zero
para a função ψ(x). Assim, ψ(x) aparace na região em cima do eixo quando
o seu sinal for positivo, e em baixo do eixo quando o seu sinal for negativo.
Esse tipo de representação é comum em livros-texto da área. Adota-se essa
convenção também nesse manuscrito.
h
λ = h q , (4.13)
i 2m (K − E)
A 2π 2π
ψ(x) = exp i x − exp −i x . (4.14)
2i λ λ
A função de onda (4.14) permite a discussão de um comprimento de onda
complexo. Introduzindo a eq. (4.13) na eq. (4.14), pode-se cortar i nos ex-
poentes e obtém-se duas exponenciais reais. Calculando o quadrada de ψ(x)
para representar a probabilidade (3.57) de achar a partı́cula, a eq. (4.14)
mostra que a partı́cula livre pode ser encontrada em regiões, nas quais o
potencial K supera a energia total da partı́cula.
Essa situação é abstraı́da na fig. 4.2. Um partı́cula livre com energia E
maior do que o potencial K1 aproxima-se da esquerda a uma região com
4.3. EFEITO TÚNEL 83
E; ψ(x)
K1 K2 K1
x
Figura 4.2: Partı́cula livre com energia total E enfrentando uma barreira de
potencial.
EA
A
?
z B
Coordenada de Reação
Figura 4.3: Barreira de ativação para a reação A→B. EA representa a energia
de ativação. A flecha do lado do reagente A para o lado do produto B indica
o caminho de reação por tunelamento.
cima do murro.
Surgiram várias aplicações do efeito de tunelamento. Cita-se aqui ape-
nas a sua utilização na microscopia da altı́ssima resolução. Na quı́mica, o
efeito de tunelamento é discutido em reações envolvendo uma transferência
intramolecular de um próton. Reações quı́micas ocorrem ao longo de uma
coordenada de reação com reagentes e produtos separados por uma bar-
reira de ativação, como ilustrada na fig. 4.3. Em geral, precisa-se fornecer
a energia de ativação EA da reação para a passagem do sistema do lado de
reagentes para o lado de produtos por cima da barreira de ativação. Porém,
o efeito de tunelamento sugere uma alternativa possibilitando a passagem
direta de reagentes para o lado de produtos passando no meio da barreira
de ativação como indicado pela flecha na fig. 4.3. Esse tunelamento da bar-
reira de ativação deve ser restrito a partı́culas leves. Da eq. (4.12), obtém-se
comprimentos de onda curtos para partı́culas pesadas tornando-as ”clássicas
demais”. Porém, para reagentes leves, a possibilidade de tunelamento é am-
plamente discutida na literatura quı́mica. Por exemplo, existem evidências
experimentais e teóricas indicando que o tunelamento representa uma alter-
nativa ao caminho tradicional na transferência intramolecular de um próton.