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SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR

SEMINÁRIO INTERDISCIPLINAR S2 2023.2 – NP3

Data Seminário: 02/12/2023


Disciplinas Participantes: Saúde Coletiva I, Anatomia de Cabeça e Pescoço, Histologia e
Embriologia Bucal, Microbiologia e Parasitologia, Imunologia e Metodologia Científica.

O Senhor Antônio Lima, 58 anos, fumante há 30 anos, morador de um distrito da cidade de


Sobral, compareceu à Unidade de Atenção Primária à Saúde (UAPS) próxima a sua fazenda
queixando-se de uma prótese total superior mal ajustada. Antônio procurou o Agente Comunitário
de Saúde (ACS) que faz visitas em sua residência e perguntou como conseguiria uma consulta com
o dentista. O ACS orientou-o sobre o agendamento odontológico e o paciente foi atendido pelo
cirurgião dentista (CD) da Estratégia de Saúde da Família responsável pela sua equipe de saúde
na UAPS.
O CD retirou a prótese do paciente e percebeu a presença de uma lesão irregular de aspecto
granulomatoso, com áreas ulceradas recobrindo o terço anterior do palato e rebordo alveolar do
paciente. O CD da unidade básica fez uma rápida avaliação, recolocou a prótese no lugar e
encaminhou o paciente para o Centro de Especialidades Odontológicas (CEO) de Sobral para a
remoção da lesão e confecção de uma nova prótese superior.
No exame da arcada inferior, o paciente apresentava apenas os dentes 31, 32, 33, 41, 42,
43, 44, 46, 47. Todos hígidos ou apresentando restaurações satisfatórias. Contudo, todos
apresentavam cálculo supra e subgengival. O dentista da unidade diagnosticou presença de
abscesso na região do dente 46, lesão com aspecto avermelhado, ponto de flutuação e dente com
mobilidade dentária. Para auxiliar no seu diagnóstico, o dentista realizou teste de vitalidade pulpar,
no qual obteve uma resposta positiva. Por fim, ao fazer a sondagem, o dentista verificou
profundidade da bolsa de 8 mm. Ao realizar um exame radiográfico, visualizou-se uma perda óssea
horizontal. Desta forma, no encaminhamento para o centro de especialidades odontológicas, o
dentista incluiu o tratamento desta doença.
O senhor Antônio não tinha condições financeiras de ir à Sobral para realizar os
procedimentos sugeridos, portanto a equipe de Saúde da Família articulou um transporte para levá-
lo até a cidade, onde o mesmo seria atendido no CEO. Após 2 meses de espera, ele foi finalmente
agendado e atendido no CEO.
No setor de estomatologia, o profissional avaliou a lesão rapidamente e concluiu se tratar de
câncer de boca, ressaltando a condição de fumante há muito tempo. Realizou a biópsia incisional
e mandou para análise histopatológica. O laudo histopatológico foi emitido como inflamação crônica
inespecífica sugerindo-se avaliação histoquímica e imuno-histoquímica para desfecho do
diagnóstico.
Para tratamento da lesão do dente 46, foi realizado drenagem do abscesso com irrigação de
clorexidina 0,12% e raspagem subgengival. Não foi realizada antibioticoterapia sistêmica.
Quinze dias depois, Antônio foi buscar o laudo como recomendado pelo estomatologista do
CEO. Este solicitou uma bateria de histoquímicos para diagnóstico de lesões infecciosas. Foi
observado, através da coloração por Grocott-Gomori, esporádicos fungos com formato de lemes de
navio e orelhas de Mickey Mouse, concluindo-se o diagnóstico como paracoccidiodomicose. O
profissional do CEO resolve então fazer uma pesquisa sobre o assunto.
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Antônio foi contra referenciado para a Atenção Primária à Saúde (APS), com a orientação
que fosse encaminhado ao setor de infectologia do Hospital Regional de Sobral. No hospital, ele foi
tratado com itraconazol 200 mg/dia por 18 meses, por via oral, até remissão total do quadro.
Finalizado o tratamento da lesão, o paciente foi contra referenciado para a APS. Lá, foi novamente
encaminhado para o CEO, para a confecção de uma nova prótese total. Após a finalização da
reabilitação protética, foi novamente contra referenciado à APS.

Figura 1 – Aspecto inicial da lesão diagnosticada na Unidade Básica de Saúde.

Figura 2 – Aspecto da lesão diagnosticada no Centro de Especialidades Odontológicas de Sobral,


CE.
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Figura 3 – Aspectos clínicos da lesão do dente 46.

*As imagens são mera simulação das situações apresentadas, não constituindo realidade local ou
crítica pessoal dos autores.

Referências

ABBAS, A. K.; LICHTMAN A. H. PILLAF, S. Imunologia celular e molecular. 6ed. 2005. Capítulo:
Combate às infecções.

ARANA, V.; KATCHBURIAN, E. Histologia e Embriologia Oral: Correlações Clínicas. 3° ed. 2012.
Capítulo: Mucosa Oral.

NEVILLE, BD. Patologia oral & maxilofacial 3ª ed, 2009. Capítulo: lesões infecciosas.

PEREIRA, A. C. Tratado de saúde coletiva em Odontologia. 1a ed. Nova Odessa: Napoleão, 2009.
(Cap. Estratégia de Saúde da Família).

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