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Metodologia da Pesquisa CientífiCa - AndreA BulgAkov klock

6 ª Aula

Estrutura do trabalho
ciEntífico
Prezados(as) alunos(as),

Agora, vamos falar sobre os elementos textuais: introdução, desenvolvi-


mento e conclusão, que fazem parte da estrutura da maioria dos trabalhos
científicos, especialmente, do artigo e da monografia.

objEtivos dE aprEndizagEm

Ao término desta aula, vocês serão capazes de:

• conhecer os elementos textuais de um trabalho científico;


• entender a estrutura do trabalho científico.

sEçõEs dE Estudo

Seção 1 - Elementos textuais

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Seção 01 Elementos textuais

Os elementos textuais representam o corpo do trabalho. Trata-se da parte prin-


cipal do trabalho, na qual o pesquisador apresentará o tema e suas especificidades.
Via de regra, “o texto é composto de uma parte introdutória, que apresenta os objeti-
vos do trabalho e as razões de sua elaboração; o desenvolvimento, que detalha a pesquisa ou
estudo realizado; e uma parte conclusiva”, conforme a ABNT - NBR 14724 (2011).

Assim, integram os elementos textuais: a introdução, o desenvolvimento (a pesquisa


em si) e a conclusão.

1.1 Introdução

A introdução é a parte inicial do trabalho e tem a finalidade de dar ao leitor uma


visão clara e simples do assunto tratado.
Nesta seção, o assunto é apresentado como um todo, sem detalhes. Trata-se do ele-
mento explicativo do trabalho do autor para o leitor.
A introdução não deve, entretanto, repetir ou parafrasear o resumo, nem dar os dados
sobre a teoria experimental, o método ou os resultados, nem antecipar as conclusões e as
recomendações contidas ou decorrentes no estudo (ABNT - NBR 10719, 1989).

O objetivo da introdução é:

[...] apresentar a problemática abordada, familiarizar o leitor com os objetivos e limi-


tes do trabalho, informá-lo dos caminhos percorridos, fontes e métodos, assim como
apresentar alguns fatos históricos, literários ou científicos que facilitam a melhor
compreensão do conjunto da obra (DUARTE; FURTADO, 2002 apud VELOSO,
2011, p. 157-158).

Assim, na introdução, deverão ser abordados: o tema e a sua justificativa, o proble-


ma, os objetivos, a metodologia adotada e a estrutura interna do trabalho, com a indicação de
como estão distribuídos e organizados os seus argumentos.
Veloso (2011, p. 157) explica que “a apresentação da questão deve convencer o lei-
tor de que há motivos para que seja – ou fosse – feita a pesquisa e, também, de que há motivos
especiais para fazer a leitura do que está escrito no corpo da redação final”.
Ao fazer a introdução de um TCC, é de grande valia recorrer ao projeto de mono-
grafia apresentado e avaliado anteriormente, pois vários dos elementos necessários na intro-
dução já foram explanados no projeto.
A introdução deve ser produzida em um único capítulo, ou seja, não deve ser dividi-
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da em subcapítulos. Além disso, não se deve fazer citações na introdução. Lembre-se,


a introdução é uma apresentação do trabalho e deve ser feita somente com as palavras do
próprio pesquisador.

[...] Fica muito melhor que o pesquisador seja capaz de discorrer sobre o tema de
forma criativa, numa articulação que convença sobre a relevância pessoal, social,
científica e acadêmica do assunto que se propõe a explorar. Se fosse um vendedor,
seria o momento de dizer ao cliente o porquê deve comprar sua mercadoria, que
benefícios terá, que ganhos poderá usufruir (METRING, 2011, p. 121-122).

No primeiro parágrafo da introdução esclareça o tema abordado no trabalho e a


sua relevância* (justificativa). Em relação ao problema, o pesquisador precisa situar o leitor
quanto à problemática ou polêmica que envolve o tema. Em seguida, revele os objetivos da
pesquisa, ou seja, os pontos que precisam ser esclarecidos para que se responda aos questio-
namentos levantados no problema. A metodologia adotada revela o tipo de pesquisa (ex.:
exploratória) e o método escolhido pelo pesquisador (ex.: dedutivo). Nos parágrafos
subsequentes, o pesquisador discorrerá sobre a estrutura interna do trabalho, explicando,
de forma sucinta, o conteúdo que compõe cada um dos capítulos.

*Importante: a relevância aqui mencionada deve ser científica. Assim,


é incorreto escrever, na justificativa, frases do tipo: “a escolha do tema se deu
porque me identifiquei com o mesmo” ou “o tema é muito importante porque
está sendo abordado na novela da Globo”.

Na unidade anterior registrou-se que os elementos pré-textuais e pós textuais não


recebem indicativo numérico, ou seja, não são capitulados. De outro lado, todos os elementos
textuais devem receber o indicativo numérico, inclusive a introdução e a conclusão.
Deste modo, a introdução é o capítulo 1 do trabalho. Trata-se, pois, de uma seção
primária (seção principal e que só tem um número). A formatação das seções primárias é a
seguinte: Fonte Arial 12, espaçamento 1,5 cm entre as linhas, caixa alta (maiúsculas), em
negrito e justificado (e não centralizado).
Já o texto da introdução segue a formatação padrão (Arial 12, espaçamento 1,5 cm
entre as linhas, justificado e recuo de 1,5 cm na primeira linha de cada parágrafo).

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Não obstante a introdução estar listada como o primeiro elemento textual, na prática
ela será a última coisa que o pesquisador irá escrever, pois ela tem o condão de apresentar o
trabalho. Como é que se apresenta algo que está inacabado ou que sequer foi iniciado? Não
tem como. Assim, só escreva a introdução quando estiver com o desenvolvimento e a con-
clusão prontos.

1.2 Desenvolvimento

É a parte do trabalho em que se desenvolve o tema da pesquisa, ou seja, é onde o


autor irá expor as ideias de forma ordenada (organizada) e pormenorizada (detalhada).

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1.2.1 Requisitos da abordagem

A abordagem deve ser organizada, o que requer o cumprimento de três pre-


missas básicas:

a) as ideias deverão ser estruturadas em capítulos e subcapítulos: não dá para


expor as ideias em um texto único e corrido, sem qualquer divisão. Para o TCC, o
ideal é que o tema seja estruturado em 3, 4 ou, no máximo, 5 capítulos, os quais se
subdividirão em subcapítulos. Além disso, os capítulos devem ter mais ou menos
a mesma quantidade de páginas.
b) deve haver coerência sequencial lógica: os assuntos mais genéricos devem
ser tratados antes dos assuntos mais específicos, visto que aqueles servem de base
para estes;
c) os capítulos devem possuir liame: os capítulos e os subcapítulos devem estar
interligados. Quando um capítulo ou subcapítulo é demasiadamente autônomo, ele
acaba por se distanciar do tema inicial proposto, o que fere a harmonia da aborda-
gem.

Para facilitar a compreensão das premissas acima elencadas, vamos usar como exem-
plo um trabalho cujo tema é “guarda compartilhada”.
A “guarda compartilhada” é uma espécie do gênero “guarda”. Por sua vez, a “guar-
da” é um dos elementos do “poder familiar”.
Com base nestas informações e aplicando a primeira premissa, poderíamos estrutu-
rar o trabalho da seguinte forma: 1 PODER FAMILIAR; 2 GUARDA; e 3 GUARDA
COMPARTILHADA. Observem que os capítulos subsequentes se derivam dos que o antece-
dem. Neste caso, o aluno poderia fazer mais um capítulo sobre a FILIAÇÃO, que, neste caso,
deveria vir antes de todos os outros, já que o poder familiar deriva da filiação.
Não se deve esquecer, ainda, de manter o equilíbrio quanto à extensão dos capítulos.
Nesse ínterim, seria incorreto que o primeiro capítulo tivesse 20 páginas, enquanto
os demais tivessem apenas 5 cada.
Em relação à segunda premissa (coerência sequencial lógica), seria incorreto, no
caso de uma monografia, falar da filiação no último capítulo, já que se trata de assunto mais
genérico em relação a todos os outros. Esta premissa deve ser respeitada, também, quando
se aborda a evolução histórica de determinado instituto. Deve-se começar pelos fatos mais
antigos e evoluir até os mais recentes e, não, o contrário.
Apoiando-se na terceira e última premissa, pode-se afirmar que seria totalmente
inapropriado inserir no trabalho que versa sobre a guarda compartilhada um capítulo sobre a
adoção. É importante manter-se fiel ao problema de pesquisa originalmente proposto. O tema
“adoção” também está afeto ao direito de família, é uma espécie de filiação e, igualmente,
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confere aos pais adotivos os direitos e os deveres inerentes ao poder familiar. Contudo, falar
sobre a adoção seria conduzir a pesquisa para um caminho paralelo, diferente, portanto,
daquele planejado inicialmente.

1.2.2 Fundamentação teórica

O conhecimento científico não é fruto das próprias convicções, mas, sim, é constru-
ído através da pesquisa, ainda que original, como as de laboratório, por exemplo.
Mesmo que o trabalho esteja fundamentado em pesquisa de campo, de labo-
ratório ou de estudo de caso, ele também deverá englobar uma pesquisa bibliográfica.
Sempre que o pesquisador se socorrer às ideias de outros pesquisadores que o ante-
cederam no estudo do tema, deverá fazê-lo por meio de citações. As citações corroboram e
enriquecem a pesquisa. Porém, o pesquisador deve, SEMPRE, indicar a fonte da pesquisa,
sob pena de configurar plágio.

1.2.3 Formatação dos capítulos

A exposição ordenada do assunto requer, como dito alhures, que este seja
dividido em seções (capítulos e subcapítulos).
De acordo com a ABNT – NBR 14724 (2011, p. 11), a sistematização do
conteúdo do trabalho deve seguir a numeração progressiva, conforme segue:

Conforme a ABNT – NBR 6024 (2003), a seção primária é a principal divisão do


texto de um documento. Ela deve ser escrita em caixa alta, em negrito e justificada. Todas as
seções primárias devem começar em página nova. Logo, se o texto de uma seção primária ter-
minar na metade da página, a próxima seção primária deverá iniciar na página subsequente.

Atenção: não use o ENTER para jogar o cursor para a próxima página. Para isso,
existe uma ferramenta chamada “quebra de página” (Inserir > Quebra de página).

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Já as seções: secundária, terciária, quaternária, quinária, representam a


divisão do texto de uma seção primária, secundária, terciária, quaternária, respectivamente.
A seção secundária é escrita em caixa alta e sem negrito. As demais seções (terciária,
quaternária e quinária) são escritas em caixa baixa e sem negrito.
Vejamos como fica a disposição das seções quando arroladas no sumário. Observem
que as seções primárias, por estarem em negrito, se sobressaem das demais seções.

1.3 Considerações finais ou Conclusão

Trata-se da parte do texto em se apresentam as considerações finais apoiadas no


desenvolvimento do assunto. É a recapitulação sintética dos resultados obtidos e pode apre-
sentar propostas e sugestões com base nos dados coletados e analisados. Aqui, são destacados
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os resultados auferidos com a pesquisa.


A conclusão não deve conter citações. Assim como na introdução, na conclusão o
aluno deve utilizar, exclusivamente, suas próprias palavras para destacar as principais desco-
bertas obtidas sobre o tema estudado.
Ressalte-se que a conclusão é o último elemento textual. Assim como a introdução,
a conclusão também recebe indicativo numérico (capitulação), devendo o termo “CONCLU-
SÃO” ser escrito em caixa alta, negrito e justificado.
Para o texto da conclusão, deve adotar-se a formatação padrão.

1.4 Cuidados especiais com a redação

Tendo em vista que os elementos textuais trazem o conteúdo da pesquisa e, portanto,


a exposição das ideias através da escrita, é necessário chamar a atenção novamente para este
ponto. O uso apropriado da linguagem é imperioso. O texto abaixo traz algumas dicas diver-
tidas (e irônicas) para não deslizar nas regras gramaticais:

Trinta dicas “infalíveis” para escrever bem


As barbaridades que circulam na internet sobre o mau uso do idioma

1. Deve-se evitar ao máx. a utiliz. de abrev. etc.


2. É desnecessário empregar estilo de escrita demasiadamente rebuscado. Tal prática
advém de esmero excessivo que raia o exibicionismo narcisístico.
3. Anule aliterações altamente abusivas.
4. Não esqueça as maiúsculas no início das frases.
5. Evite lugares-comuns como o diabo foge da cruz.
6. O uso de parênteses (mesmo quando for relevante) é desnecessário.
7. Estrangeirismos estão out; palavras de origem portuguesa estão in.
8. Evite o emprego de gíria, mesmo que pareça nice, sacou?? ... então, valeu!
9. “Porra”, palavras de baixo calão podem transformar seu texto numa “merda”.
10. Nunca generalize: generalizar é um erro em todas as situações.
11. Evite repetir a mesma palavra, pois essa palavra vai ficar uma palavra repetitiva. A
repetição da palavra vai fazer com que a palavra repetida desqualifique o texto em que a
palavra se encontra repetida.
12. Não abuse das citações. Como costuma dizer um amigo meu: “quem cita os outros
não tem ideias próprias”.
13. Frases incompletas podem causar...
14. Não seja redundante, não é preciso dizer a mesma coisa de formas diferentes; isto
é, basta mencionar cada argumento uma só vez, ou, por outras palavras, não repita a
mesma ideia várias vezes.
15. Seja mais ou menos específico.
16. Frases com apenas uma palavra? Jamais!
17. A voz passiva deve ser evitada.

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18. Utilize a pontuação corretamente especialmente o ponto e a vírgula pois a frase


poderá ficar sem sentido será que ninguém mais sabe utilizar o ponto de interrogação
19. Quem precisa de perguntas retóricas?
20. Conforme recomenda a A.G.O.P, nunca use siglas desconhecidas.
21. Exagerar é cem milhões de vezes pior do que a moderação.
22. Evite mesóclises. Repita comigo: “mesóclises: evitá-las-ei!”
23. Analogias na escrita são tão úteis quanto chifres numa galinha.
24. Não abuse das exclamações! Nunca!!! O texto fica horrível!!!!!
25. Evite frases exageradamente longas pois estas dificultam a compreensão das ideias
nelas contidas e, por conterem mais que uma ideia central, o que nem sempre torna o
seu conteúdo acessível, forçam, dessa forma, o pobre leitor a separá-la nos seus diver-
sos componentes de forma a torná-las compreensíveis, o que não deveria ser, afinal de
contas, parte do processo da leitura, hábito que devemos estimular através do uso de
frases mais curtas.
26. Cuidado com a ortografia, para não estripar a língua portuguesa.
27. Seja incisivo e coerente; ou não...
28. Não fique escrevendo (nem falando) no gerúndio. Você vai estar deixando seu texto
pobre e estar causando ambiguidade, com certeza você vai estar deixando o conteúdo
esquisito, vai estar ficando com a sensação de que as coisas ainda estão acontecendo. E
como você vai estar lendo este texto, tenho certeza que você vai estar prestando atenção
e vai estar repassando aos seus amigos, que vão estar entendendo e vão estar pensando
em não estar falando dessa maneira irritante.
29. Outra barbaridade que tu deves evitar chê, é usar muitas expressões que acabem por
denunciar a região onde tu moras... nada de mandar esse trem... vixi... entendeu, bich-
inho?
30. Não permita que seu texto acabe por rimar, porque senão ninguém irá aguentar, já
que é insuportável o mesmo final escutar, o tempo todo sem parar.

Fonte: Guia do estudante (2013). Disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/trinta-dicas-infaliveis-para-


escrever- bem/. Acesso em: 17 maio 2020.

ReToMANDo A AULA

Chegamos, assim, ao final de nossa aula. Vamos, então, recor-


dar a respeito dos elementos estruturais do trabalho acadêmi-
co, a importância da introdução, do desenvolvimento e da
conclusão.

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Seção 1 - eLeMeNToS TexTUAIS

Nesta seção, estudamos a respeito dos elementos textuais, que são: a intro-
dução (última parte a ser escrita) e a apresentação dos objetivos do que se pretende analisar
no trabalho; o desenvolvimento, que deve conter a explicação de como se pretende analisar
o trabalho e à luz de qual referencial teórico; a conclusão, que deve trazer os resultados e as
conclusões tiradas desta análise – lembrando que não se deve repetir o que foi dito, e, sim,
apenas resumir o que se concluiu com a análise.

sugEstõEs dE lEituras, sitEs E filmEs:

LeITURAS

Leitura e Produção de Textos Acadêmicos. Disponível em: https://avaacademico.


ufrb.edu.br/login/index.php. Acesso em: 17 maio 2020.

minhas anotaçõEs:

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