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Programa de Pós-Graduação em Estudos Marítimos

Metodologia Científica

Aluna: Jéssica Pires Barbosa Barreto

RESUMO: ECO, Umberto. Como se faz uma Tese. São Paulo: Perspectiva, 2012.
24 ed. (Coleção Estudos; 85). Capítulos 1 – 4.

A obra de Umberto Eco ‘Como se faz uma tese’, de 1977, tem como objetivo
guiar jovens iniciantes na tarefa da pesquisa pelas diversas etapas que a formulação
e confecção de uma tese exigem. Ao longo dos capítulos, o autor vai exemplificando
cada etapa da jornada para tornar mais fácil a compreensão do leitor. O próprio
autor deixa claro que seu livro é para àqueles que pretendem se dedicar ao estudo
para desenvolver um trabalho que gere satisfação e que tenha alguma função após
a formatura.

No primeiro capítulo, o autor busca explicar, de forma detalhado, no que se


configura uma tese e qual a sua serventia. Assim, ele inicia explicando que uma tese
nada mais é do que um trabalho desenvolvido pelo estudante para pesquisar um
problema definido pelo mesmo e que se relacione com a área estudada. O trabalho
será conduzido junto com um professor, que terá a função de orientar o aluno ao
longo da pesquisa. Além disso, a tese deve ter um tamanho considerável, ao qual
Eco define como de cem a quatrocentas páginas e deve ser apresentada para uma
banca que examinará o trabalho final.

O autor também traz uma diferenciação entre ‘tese de compilação’ e ‘tese de


pesquisa’, mostrando que a primeira geralmente exige maior tempo de dedicação do
que a segunda, que é mais longa e cansativa. Assim, ele determina que “a escolha
entre tese de compilação e tese de pesquisa prende-se a maturidade e à
capacidade de trabalho do candidato” (p.3).

Defendendo que o principal de se desenvolver uma tese é aprender a ordenar


não só os fatos e os dados, mas também suas ideias, Eco resume o processo de
elaboração de uma tese em seis passos: primeiro, há a necessidade de identificar

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precisamente o tema, depois recolher a documentação necessário acerca desse
tema definido e organizá-la; seguindo, deve-se reexaminar o tema junto com a
documentação já adquirida e observar e organizar todas as reflexões que já existem
sobre. Por último, deve-se ter o empenho de fazer com que o leitor do trabalho
entenda o que ele quis dizer e possa usá-lo caso deseje abordar o mesmo tema.

Para finalizar o primeiro capítulo, o autor define quatro regras para ajudar o
estudante a escolher o seu tema: primeiramente, o tema deve estar de acordo com
os interesses do mesmo. Além disso, deve ter fontes facilmente acessíveis, que
sejam de fácil compreensão e que o quadro metodológico seja coerente com o que a
pessoa já viu e compreendeu ao longo dos seus estudos.

No segundo capítulo, o autor passa a abordar especificadamente as etapas


de construção de uma tese, começando com a definição do tema. Assim, ele inicia
descrevendo os perigos de se escrever uma tese panorâmica, ou seja, que fale
sobre diversas coisas, comparando-a com uma ‘tese monográfica’. A segunda é a
indicada pelo autor, afirmando que é mais seguro lidar com um campo mais restrito
de trabalho. Entretanto, deve-se perceber que o panorama não é descartado na
confecção de uma tese monográfica, pois os autores utilizados no trabalho devem
ser inseridos num determinado contexto para serem entendidos.

Depois, ele abordará as diferenças entre fazer uma tese teórica e uma tese
histórica, afirmando que a primeira é relativa ao tratamento de problemas abstratos,
que podem ou não ter sido objetos de reflexões precedentes. Já a histórica
geralmente é característica de algumas áreas, como a própria história. Já em
relação a escolha por temas antigos ou contemporâneos, o autor determina que, em
sua opinião, estudar um tema contemporâneo, que vai envolver dados e autores
contemporâneos, é mais difícil, pois há uma bibliografia reduzida e de mais difícil
acesso. Temas antigos, apesar de envolverem autores com uma leitura mais
cansativa, possuem bibliografia mais completa e pouco dispersa.

Em relação ao tempo necessário para desenvolver e concluir uma tese, Eco


determina como entre seis meses e três anos. Além disso, ele determina que, na
hora de escolher um tema, é necessário observar se há a necessidade do
conhecimento de uma outra língua para abordar a bibliografia disponível. Nesses
casos, há a possibilidade de utilizar essa oportunidade para aprender uma língua

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estrangeira. Isso porquê o autor usado na tese deve ser lido no original. Além disso,
não se deve fazer uma tese usando apenas a bibliografia da sua língua de origem, a
não ser que o tema abordado seja ‘pátrio’. Por isso, é necessário avaliar a
dificuldade linguística da bibliografia existente.

O próximo tópico do capítulo aborda o dilema entre tese “científica” e tese


política. Assim, o primeiro passo do autor foi conceituar os requisitos para definir um
estudo como científico. Assim, ele começa falando que o trabalho deve abordar um
objeto, não necessariamente físico, definido e reconhecível por outros. Além disso,
ele deve apresentar algo novo ou conter uma nova ótica sobre o tema e ser útil à
área e aos demais pesquisadores. E, na opinião do autor, o ponto principal é que o
trabalho deve ter elementos que permitam a verificação e posterior contestação das
hipóteses desenvolvidas.

Assim, ele determina que os regras de cientificidade, que, como explicitado,


não se resumem ao simples uso de métodos estatísticos-quantitativos, podem ser
aplicadas a qualquer pesquisa. Após diversos exemplos, o autor mostrou que o
dilema entre essas duas teses é falso, pois, já que política e ciência não se
opõem, uma tese de cunho político é tão científica quanto qualquer outro tema,
desde que os requisitos abordados por ele sejam respeitados.

Para finalizar o segundo capítulo, Eco trabalha a questão da dinâmica entre o


orientador e o estudante. Ele mostra que o orientador pode auxiliar na escolha do
tema do aluno, tanto indicando um tema que seja do seu domínio ou um tema que
conheça pouco, mas que tenha o desejo de saber mais a respeito. Entretanto,
diversos orientadores acabam explorando seus alunos sem dar-lhes o devido
crédito; por isso, é necessário a verificação da atuação desse professor sobre outros
estudantes e sua reputação sobre dar crédito em suas obras a seus alunos.

O terceiro capítulo abordará a questão bibliográfica da tese. Assim, tem-se


que, ao se iniciar uma pesquisa, o melhor é que sejam usadas fontes primárias, ou
seja, àquelas escritas pelo próprio autor, como documentos oficiais, livros entre
outros. Fontes secundárias abordam a visão de autores sobre a fonte primária.
Antes da escolha do tema, é necessário observar a localização o acesso e a
possibilidade de acesso e pesquisa das fontes. As fontes são importantes para a
real definição do objeto da tese. Além disso, deve-se ter em mente que traduções

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não se configuram como “fontes de primeira mão”, assim como antologias e
resenhas de outros autores.

Prosseguindo, o autor aborda a ideia de que, com o conhecimento das fontes


estabelecido, parte-se para a pesquisa bibliográfica, ou seja, compor sua própria
bibliografia. Assim, a ideia dessa parte do processo é saber mais do que era
conhecido antes de entrar numa biblioteca, o que seria considerado virtude de um
bom ‘investigador’. Ainda, é possível em diversas bibliotecas fazer o uso do espaço
e da interconectividade entre elas para aprofundar as buscas de bibliografia. Além
disso, faz-se necessário a correta citação das fontes usadas ao final do trabalho
desenvolvido, envolvendo alguns critérios. O primeiro deles é a distinção entre livro,
capítulo de livro ou artigo. Também deve-se observar o autor, o título, o local de
publicação, a edição, o editor e o tamanho da obra.

Ainda em relação a parte bibliográfica, Eco traz o questionamento sobre qual


a ordem a se seguir quando trata-se de literatura crítica, ou seja, “os livros com a
ajuda dos quais se fala” (p.78); e do livro em si. Ele define que a ordem a ser
seguida depende da situação do aluno e da disciplina cursada; entretanto, ele
recomenda que haja primeiro a leitura de autores críticos e, depois, a leitura do
original.

No quarto capítulo, o último que será abordado nesse resumo, o autor trata do
‘plano de trabalho’. O primeiro ponto apresentado pelo capítulo é a importância de
escrever o título, o índice e a introdução para começar a desenvolver o trabalho.
Apesar de que, ao longo do trabalho, o índice será reestruturado, esse índice
provisório que será confeccionado servirá como um ‘plano de trabalho’, colaborando
para que o projeto seja compreensível e para avaliação da clareza das ideias do
aluno.

Além disso, a boa introdução seria aquela que faça com que o leitor não sinta
a necessidade de ler o restante da obra para saber do que ela se trata. Ela também
serve para determinar o ‘núcleo’ e a ‘periferia’ da tese, sendo o primeiro mais
importante em termos de conhecimento e valor para o pesquisador. Assim,
“enquanto não for capaz de redigir um índice e uma introdução não poderá afirmar
que aquela é a sua tese.” (p.83). Finalizando o capítulo, Eco mostra a necessidade
de ler e fichar todos as opiniões que já foram expressas sobre o tema que está

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sendo pesquisado, pois nem sempre as melhores contribuições ao seu trabalho
serão feitas pelos autores mais renomados.

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