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POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA (PNAB) – 2017/2019

RESUMO

A Política Nacional de Atenção Básica considera os termos Atenção Básica - AB


e Atenção Primária à Saúde - APS, nas atuais concepções, como termos equivalentes,
de forma a associar a ambas os princípios e as diretrizes definidas neste documento.
A Atenção Básica é o conjunto de ações de saúde individuais, familiares e
coletivas que envolvem promoção, prevenção, proteção, diagnóstico, tratamento,
reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em saúde, desenvolvida
por meio de práticas de cuidado integrado e gestão qualificada, realizada com equipe
multiprofissional e dirigida à população em território definido, sobre as quais as
equipes assumem responsabilidade sanitária.
A Atenção Básica será a principal porta de entrada e centro de comunicação da
RAS, coordenadora do cuidado e ordenadora das ações e serviços disponibilizados na
rede.
A Atenção Básica será ofertada integralmente e gratuitamente a todas as
pessoas, de acordo com suas necessidades e demandas do território, considerando os
determinantes, condicionantes de saúde e os princípios do sus.

Vamos relembrar os princípios doutrinários do SUS?


- Universalidade: possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde
de qualidade e resolutivos. O estabelecimento de mecanismos que assegurem
acessibilidade e acolhimento pressupõe uma lógica de organização e funcionamento
do serviço de saúde que parte do princípio de que as equipes que atuam na Atenção
Básica nas UBS devem receber e ouvir todas as pessoas que procuram seus serviços, de
modo universal, de fácil acesso e sem diferenciações excludentes, e a partir daí
construir respostas para suas demandas e necessidades.
- Integralidade: É o conjunto de serviços executados pela equipe de saúde que
atendam às necessidades da população adscrita nos campos do cuidado, da promoção
e manutenção da saúde, da prevenção de doenças e agravos, da cura, da reabilitação,
redução de danos e dos cuidados paliativos. Inclui a responsabilização pela oferta de
serviços em outros pontos de atenção à saúde e o reconhecimento adequado das
necessidades biológicas, psicológicas, ambientais e sociais causadoras das doenças, e
manejo das diversas tecnologias de cuidado e de gestão necessárias a estes fins, além
da ampliação da autonomia das pessoas e coletividade.
- Equidade: ofertar o cuidado, reconhecendo as diferenças nas condições de
vida e saúde e de acordo com as necessidades das pessoas, considerando que o direito
à saúde passa pelas diferenciações sociais e deve atender à diversidade. Ficando
proibida qualquer exclusão baseada em idade, gênero, cor, crença, nacionalidade,
etnia, orientação sexual, identidade de gênero, estado de saúde, condição
socioeconômica, escolaridade ou limitação física, intelectual, funcional, entre outras,
com estratégias que permitam minimizar desigualdades, evitar exclusão social de
grupos que possam vir a sofrer estigmatização ou discriminação; de maneira que
impacte na autonomia e na situação de saúde.

Esta Política Nacional de Atenção Básica tem na Saúde da Família sua


estratégia prioritária para expansão e consolidação da Atenção Básica. Contudo
reconhece outras estratégias de organização da Atenção Básica nos territórios, que
devem seguir os princípios e diretrizes da Atenção Básica e do SUS, configurando um
processo progressivo e singular que considera e inclui as especificidades
locorregionais, ressaltando a dinamicidade do território e a existência de populações
específicas, itinerantes e dispersas, que também são de responsabilidade da equipe
enquanto estiverem no território, em consonância com a política de promoção da
equidade em saúde.
A Atenção Básica considera a pessoa em sua singularidade e inserção
sociocultural, buscando produzir a atenção integral, incorporar as ações de vigilância
em saúde - a qual constitui um processo contínuo e sistemático de coleta,
consolidação, análise e disseminação de dados sobre eventos relacionados à saúde -
além disso, visa o planejamento e a implementação de ações públicas para a proteção
da saúde da população, a prevenção e o controle de riscos, agravos e doenças, bem
como para a promoção da saúde.
Destaca-se ainda o desafio de superar compreensões simplistas, nas quais,
entre outras, há dicotomia e oposição entre a assistência e a promoção da saúde. Para
tal, deve-se partir da compreensão de que a saúde possui múltiplos determinantes e
condicionantes e que a melhora das condições de saúde das pessoas e coletividades
passa por diversos fatores, os quais podem ser abordados na Atenção Básica.

PORTARIA 2.488/ 2011 VERSUS PORTARIA 2.436/2017; PORTARIA 2.539 DE 2019

- Principais diferenças quanto à organização das equipes:


O quê? PNAB 2011 ATUALIZAÇÕES
São itens necessários eSF: São itens necessários eSF:
I - existência de equipe I – existência de, no mínimo, 1
multiprofissional composta por, no médico, preferencialmente da
mínimo, 1 médico generalista ou especialidade medicina de família
especialista em saúde da família ou e comunidade, 1 enfermeiro,
médico de família e comunidade, 1 preferencialmente especialista
enfermeiro generalista ou em saúde da família; 1 auxiliar
especialista em saúde da família, 1 e/ou técnico de enfermagem e
auxiliar ou técnico de enfermagem Agentes Comunitários de Saúde
e Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Podendo fazer parte da
(ACS). equipe o agente de combate às
II - o número de ACS deve ser endemias (ACE)
suficiente para cobrir 100% da II - O número de ACS por equipe
população cadastrada, com um deverá ser definido de acordo
Equipe de máximo de 750 pessoas por ACS e com base populacional, critérios
Saúde da de 12 ACS por equipe de Saúde da demográficos, epidemiológicos e
Família Família, não ultrapassando o limite socioeconômicos, de acordo com
(eSF) máximo recomendado de pessoas definição local. Em áreas de
por equipe. grande dispersão territorial, áreas
III - carga horária de 40 (quarenta) de risco e vulnerabilidade social,
horas semanais para todos os recomenda-se a cobertura de
profissionais de saúde membros da 100% da população com número
Equipe de Saúde da Família, à máximo de 750 pessoas por ACS.
exceção dos profissionais médicos. III - Para equipe de Saúde da
IV - cadastramento de cada Família, há a obrigatoriedade de
profissional de saúde em apenas carga horária de 40 horas
01 eSF, exceção feita somente ao semanais* para todos os
profissional médico que poderá profissionais de saúde membros
atuar em no máximo 02 eSF com da eSF, vinculados a apenas 1
40 hrs/semanais. equipe.

As equipes deverão ser


compostas minimamente por
médicos preferencialmente da
especialidade medicina de família
e comunidade, enfermeiro
preferencialmente especialista
Equipe de em saúde da família, auxiliares de
Atenção enfermagem e ou técnicos de
Não previa
Primária enfermagem.
(eAP) - Modalidade 1 (50% de
cobertura da eSF), carga horária
mínima individual dos
profissionais de saúde
20h/semanais.
- Modalidade 2 (75% de
cobertura da ESF), carga horária
mínima dos profissionais de
saúde 30h/semanais.
Não é obrigatório o Agente
Comunitário de Saúde (ACS)

Modalidade I - cirurgião + auxiliar Os profissionais de saúde bucal


ou técnico; que compõem as equipes de
Modalidade II - cirurgião + técnico Saúde Bucal (eSB) devem estar
Equipe de + auxiliar ou técnico; vinculados à uma USF ou a
Saúde Modalidade III - profissionais que Unidade Odontológica Móvel, nas
Bucal operam em Unidade Odontológica seguintes modalidades:
(eSB) Móvel. Modalidade I - cirurgião +
auxiliar ou técnico (20 ou 30 h
semanais, com 50 ou 75% de
cobertura da eSF,
respectivamente).
Modalidade II - cirurgião +
técnico + auxiliar ou técnico
(40 h semanais, 100% de
cobertura da eSF).
Denominados Núcleos de Apoio à Desde janeiro de 2020 o NASF
Saúde da Família (NASF): a portaria deixa de “existir”, pois o governo
previa as modalidades e cargas federal suspende os incentivos
horárias dos profissionais. financeiros para a criação de
novas equipes. No entanto, as
NASF
equipes já existentes podem ser
mantidas enquanto equipes
multiprofissionais com recursos
municipais. **

- Principais diferenças quanto à atribuição de alguns profissionais das equipes:


Profissional PNAB 2011 ATUALIZAÇÕES
I - Trabalhar com adscrição de A nova PNAB prevê atribuições
famílias em base geográfica ao ACS a serem realizadas em
definida, a microárea; caráter excepcional, assistidas
II - cadastrar todas as pessoas de por profissional de saúde de
sua microárea e manter os nível superior, membro da
cadastros atualizados; equipe, após treinamento
III - orientar as famílias quanto à específico e fornecimento de
utilização dos serviços de saúde equipamentos adequados, em
disponíveis; sua base geográfica de atuação,
IV - realizar atividades encaminhando o paciente para a
programadas e de atenção à unidade de saúde de referência:
demanda espontânea; I - aferir a pressão arterial,
V - acompanhar, por meio de inclusive no domicílio, com o
visita domiciliar, todas as famílias objetivo de promover saúde e
e indivíduos sob sua prevenir doenças e agravos;
responsabilidade; II - realizar a medição da glicemia
VI - desenvolver ações que capilar, inclusive no domicílio,
Agente busquem a integração entre a para o acompanhamento dos
Comunitário equipe de saúde e a população casos diagnosticados de diabetes
de Saúde adscrita à UBS; mellitus e segundo projeto
(ACS) VII - desenvolver atividades de terapêutico prescrito pelas
promoção da saúde, de equipes que atuam na Atenção
prevenção das doenças e agravos Básica;
e de vigilância à saúde, por meio III - aferição da temperatura
de visitas domiciliares e de ações axilar, durante a visita
educativas individuais e coletivas domiciliar;
nos domicílios e na comunidade; IV - realizar técnicas limpas de
VIII - acompanhamento das curativo, que são realizadas com
condicionalidades do Programa material limpo, água corrente ou
Bolsa Família ou de qualquer soro fisiológico e cobertura
outro programa similar de estéril, com uso de coberturas
transferência de renda e passivas, que somente cobre a
enfrentamento de ferida; e
vulnerabilidades implantado pelo V - Indicar a necessidade de
Governo Federal, estadual e internação hospitalar ou
municipal de acordo com o domiciliar, mantendo a
planejamento da equipe. responsabilização pelo
IX - ocorrendo situação de surtos acompanhamento da pessoa;
e epidemias, executar em
conjunto com o agente de
endemias ações de controle de
doenças, utilizando as medidas
de controle adequadas.

Recomenda-se a inclusão do
Gerente de Atenção Básica com o
objetivo de contribuir para o
aprimoramento e qualificação do
processo de trabalho nas
Unidades Básicas de Saúde, em
especial ao fortalecer a atenção à
saúde prestada pelos
profissionais das equipes à
população adscrita, por meio de
função técnico-gerencial.
A inclusão deste profissional deve
ser avaliada pelo gestor, segundo
Gerente de Não previa a necessidade do território e
Atenção cobertura de AB. Entende-se por
Básica Gerente de AB um profissional
qualificado, preferencialmente
com nível superior, com o papel
de garantir o planejamento em
saúde, de acordo com as
necessidades do território e
comunidade, a organização do
processo de trabalho,
coordenação e integração das
ações.
Importante ressaltar que o
gerente não seja profissional
integrante das equipes vinculadas
à UBS e que possua experiência
na Atenção Básica,
preferencialmente de nível
superior

*Desde 2020 o Ministério da Saúde possibilita ao município adesão ao Programa Saúde na


Hora, ampliando o horário de atendimento nas USF, atendimento noturno e/ou aos finais de
semana.
**O NASF deixou de existir com essa nomenclatura e divisões a partir de janeiro de 2020, pois
o governo federal não transfere mais os incentivos financeiros para a criação dos mesmos e
nem cadastra mais novas equipes do NASF. Lembrando que, apesar de não haver incentivo
financeiro federal, o Previne Brasil criou indicadores que de certa forma incentivam a
manutenção das antigas equipes do NASF e assim aumentam os recursos financeiros dos
municípios que os mantém, como equipe ou distribuindo os profissionais junto às equipes.

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