ULBRA – Motores de Combustão Interna – Prof.

Luiz Carlos Gertz

Classificação de Motores Alternativos

Gustavo Meurer da Silva e Fernando Loch
1. Introdução

O motor monocilíndrico é a forma de A irregularidade do torque pode ser

configuração mais simples (Fig.1), e também a compensada pela energia armazenada num
forma fundamental de motor com êmbolos. Todas volante; tal solução, porém, é insuficiente para
as demais configurações derivam desta. permitir que um motor de 4 tempos trabalhe
As razões de existirem configurações suavemente a baixa rotação. Não existe
diferentes de motores com relação a nenhum processo simples de contrabalançar o
disposição dos cilindros se devem a movimento alternativo de um motor de cilindro
uma série de fatores que vão desde único (monocilíndrico).
espaço ocupado, curva de torque,
potência, perdas mecânicas e
vibrações.
Fig. 1
2. Motor em linha Motor
monocilíndrico
O motor em linha é formado por mais de um
cilindro em um único conjunto.
Este motor é o mais comum e largamente
utilizado pelas montadoras. Seu nome vem dos
cilindros alinhados, posicionados um ao lado do
outro, como uma fila (Fig.2). Sua estrutura simples
o torna mais barato, permitindo uma vasta
utilização em todos os tipos de automóveis.
Podendo ser de dois ou mais cilindros (alguns
carros chegaram a utilizar até 12 cilindros). Porém, Fig. 3-Vista em corte do motor em linha
a busca por mais potência e melhores
desempenhos tornaram esse tipo de motor limitado Para funcionar com maior suavidade, o
evido ao comprimento. motor deve possuir, no mínimo, 2 cilindros,
ocorrendo assim uma combustão em cada
rotação do virabrequim. Quase todos os
automóveis têm, pelo menos, 4 cilindros para
que nos seus motores ocorra um tempo de
combustão em cada meia rotação do
virabrequim.

Torque (binário-motor) e equilíbrio – num

Fig. 2- Motor em linha 6 cilindros
Um motor com um só cilindro é a solução
mais simples de um motor 4 e 2 tempos. Essa
solução não é, contudo, adequada para um
automóvel, devido à irregularidade do torque
resultante de um só tempo de combustão em cada
duas rotações do virabrequim, o que provoca
vibrações.
motor de 4 cilindros em linha os tempos de
combustão são igualmente espaçados entre si,
o que origina um binário razoavelmente suave.
A vibração produzida é, em grande parte,
absorvida pelos calços do motor, que são
elásticos. O torque de um motor de 4 cilindros
em V pode ser tão regular como o de um motor
de 4 cilindros em linha. Aquela disposição,
porém, não permite um equilíbrio tão eficaz,
seja qual for o ângulo formado pelos grupos de
cilindros.

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3. Motor em V
O motor V6 tem um mancal de biela para
Os motores em V são compostos por duas cada biela. Com um tempo de combustão em
linhas de cilindros alinhados, dispostos em ângulo, cada terço de rotação e com os mancais de
geralmente de aproximadamente 60 ou 90 graus, biela dispostos a intervalos de 60 graus (Fig.6),
formando um "V". o motor é de funcionamento suave e de
Os motores em V apresentam como equilíbrio razoável.
principal vantagem o fato de o conjunto poder ser
mais curto que o dos motores em linha, podendo,
portanto, o seu virabrequim ser curto e,
conseqüentemente, mais rígido, o que permite ao
motor trabalhar mais suavemente a elevado regime
de rotação. O motor V8 necessita apenas de quatro
mancais de biela desde que estes se encontrem
dispostos de modo a formar entre si um ângulo de
90º e sejam suficientemente compridos para que
em cada um possam trabalhar, lado a lado, duas
bielas. A árvore de manivelas necessita de um
mancal de apoio entre cada par de mancais de
bielas. Os motores V6 (Fig.4) não são de
funcionamento tão suave como os V8 (Fig.5), que
são extremamente bem equilibrados e
proporcionam quatro combustões espaçadas
igualmente entre si em cada rotação do
virabrequimim. Fig. 6-Motor V em vista de corte

Em alguns motores V4 (Fig.7) é

necessário um eixo equilibrador adicional, que
roda a metade do número de rotações do
virabrequim.
Este arranjo foi desenvolvido para
diminuir o comprimento dos motores. Um
motor de seis ou mais cilindros em linha é
extremamente longo e exige que seu
alojamento ocupe considerável espaço no
veículo que irá equipar.
Fig. 4-Motor V6

Fig. 5-Motor V8 Fig.7-Motor V4

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4. Motor Horizontal (Boxer)
Motor horizontal é formado por um ou mais
conjunto(s) de cilindros alinhados, contendo em
cada um dois pistões, cada qual ligado a um
virabrequim diferente.
Neste tipo de motor, os cilindros estão
dispostos em duas filas, uma de cada lado do
virabrequim Esta disposição permite montar um
virabrequim mais curto que a de um motor de 4
cilindros em linha, bastando 3 pontos de apoio
para a mesma. (Fig. 8)
Fig. 8-Motor 4 cilindros opostos
Um motor de 4 cilindros horizontais opostos
é mais aconselhável, devido às suas formas e
dimensões, para a traseira do automóvel. Em
qualquer motor de 4 cilindros com esta disposição,
a uniformidade do torque é aceitável, quer nos
motores de 4 cilindros, quer nos de 6.
Fig. 9-Vista em corte do motor horizontal
Esta disposição permite um equilíbrio
mecânico excelente; o movimento de um
componente num sentido é equilibrado pelo
movimento do componente homólogo em
sentido contrário.
A diferença é que para estes motores as
bancadas estão dispostas à 180º (Fig.9), sendo
devido a este fato conhecidos também como
motores de cilindros opostos ou boxer.
Este tipo de arranjo possibilita um motor
que se aloja em pequenos espaços.
Esse é motor utilizado no Fusca e na
Kombi, porém, este grau de parentesco com
esses carros, não significa que é um motor
simples – ele também utilizado em Porsches e
Subarus, famosos por seus altos desempenhos.
Trata-se de um propulsor de cilindros
horizontais opostos, que permite outro tipo de
configuração e disposição. O Boxer é um
motor mais baixo e largo que o motor em
linha, podendo ser utilizados em cofres
(habitáculo do motor) mais baixos que o
comum. Alguns desses motores são arrefecidos
a ar e tem um som mais metálico que o de um
motor convencional.
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5. Motor VR
O motor VR uma configuração
intermediária entre o motor em "V" e o motor em
linha. Apresentam o ângulo de "V" muito
estreito, com os cilindros quase em linha, e um
único cabeçote para as duas linhas de cilindros.
O termo VR vem da combinação de motor
em V e Reihenmotor, que em (alemão significa,
motor em linha). A combinação dos dois pode
ser traduzida como "o motor V6 em line". O
VR6 foi projetado especificamente para ser
usado transversalmente em veículos de tração
dianteira. Usando o motor VR6, foi possível
instalar um motor de seis cilindros em modelos
existentes na linha Volkswagen. Um motor V6
de projeto convencional exigiria o alongando da
parte dianteira do veículo. Além disso, o VR6
pode usar o intervalo do acendimento igual ao de
um motor de 6 cilindros em linha. O ângulo
estreito entre bancos do cilindro permite também
a utilização de apenas um cabeçote e dois eixos
de comando de válvulas para comandar todas as
válvulas. Isto simplifica a construção do motor e
reduz custos. Há diversas versões diferentes do
motor VR6. O VR6 original tem 2,8 litros de
cilindrada e 12 válvulas. Estes motores
produziram 174 hp (128 kW) de potência e
torque de 240 Nm.
6. Motor em H:
O motor H é formado a partir de dois
motores boxer, um sobre o outro, com dois
virabrequins.
Motor em H é um motor em que os
cilindros estão dispostos de tal maneira que
quando visto de frente, tem a aparência de uma
letra H deitada.
Um motor em H pode ser entendido
como sendo uma unidade formada por dois
motores boxer, sobrepostos. Os "dois motores"
têm cada um o seu próprio virabrequim, que são
ligados por engrenagens, de modo a trabalhar
sincronizadamente.
O fato de ter dois virabrequins contribui
para que este tipo de motor tenha uma relação
peso/potência pior do que outras configurações
mais simples de motores. A única vantagem da
configuração em H é permitir a construção de
motores curtos com mais de doze cilindros.
Isso é especialmente importante na
construção de aviões, onde o seu tamanho
compacto permite uma melhor aerodinâmica.
Motores com esta configuração foram
usados na Fórmula 1 pela equipe BRM em
1966 e 1967. A motocicleta Brough Superior
1000cc Golden Dream de 1939, usava motor
H-4, mas poucas unidades foram de fato
produzidas.
Para uso aeronáutico foram produzidos
motores em H de 16 e de 24 cilindros.
Os motores denominados H-4 e H-6,
produzidos pela Subaru são na realidade
motores boxer.
7. Motor em W
O motor em W é formado por três ou
quatro linhas de cilindros.
O surgimento deste tipo de motor é
recente. Sua concepção só foi possível com o
desenvolvimento dos motores em V de pouca
inclinação e cabeçote único. O motor em W
nada mais é que a junção de dois motores em V
com essas características. Ele é voltado para
muita performance e seu custo é elevado, por
isso é encontrado em veículos de luxo ou
superesportivos, todos muito potentes. E apesar
de apresentar elevado volume (cilindrada), os
motores em W, são relativamente compactos.
(Fig.10).
Fig. 10-Pistões de um motor W8

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8. Motor Radial
Os motores radiais consistem de uma série, No lugar do eixo longo usado em um motor
ou séries de cilindros dispostos em torno de um de carro com vários cilindros há apenas um eixo
cárter central. Esse tipo de motor demonstrou ser central ao qual todas as bielas de cada êmbolo
muito rijido e de confiável. Geralmente este tipo são conectadas. A “biela principal” possui uma
de motor é composto por séries de três, cinco, forma diferente da demais que permite que as
sete e nove cilindros. “bielas de articulação” sejam fixadas em sua
Alguns motores radiais têm duas séries de base.
sete ou nove cilindros dispostos ao redor do
carter (Fig. 12). Alguns modelos chegam a
utilizar quatro séries com sete cilindros em cada.
A potência produzida pelos diferentes
tamanhos de motores radiais varia de 100 a
3800 hp.
Pode-se observar na Fig. 11 um motor de
cinco cilindros.
Os pistões, válvulas e velas de ignição são
iguais aos que se encontra em qualquer motor 4
tempos. Neste caso a principal diferença está no
virabrequim.

Fig. 12-Construção mecânica do motor alternativo

Fig. 13-Motor muito utilizado na aviação

Fig. 11-Motor radial em ciclo

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9. Vantagens e desvantagens

Veja a seguir a vantagens e desvantagens de cada configuração

Cilindros em linha
Vantagens Menor número de peças, o que diminui as possibilidades de quebra,
facilitando a manutenção e diminuindo o custo.
Facilidade de regulagem.
Baixos custos de produção.
Desvantagens Baixo rendimento mecânico
Inadequado para mais de 6 cilindros, devido ao comprimento do bloco.
Cilindros em "V"
Vantagens Torque elevado com curva mais homogênea, mais relacionado com o
número de cilindros, mas também ao ângulo do "V".
Menor nível de vibrações e de ruído, proporcionalmente ao motor em
linha com mesmo número de cilindros, devido a um maior equilíbrio
rotacional.
Elevado rendimento mecânico
Blocos mais compactos, propiciando cofres de motor menores e frentes
mais baixas, favorecendo a aerodinâmica.
Desvantagens Elevada dificuldade de regulagem.
Elevado número de componentes móveis.
Cilindros opostos
Vantagens Baixo nível de vibrações, devido ao melhor balanço rotacional entre
todas as configurações
Permite centro de gravidade mais baixa e cofres de motor também mais
baixos oferecendo vantagem com relação a espaço e aerodinâmicas
Elevado rendimento mecânico
Desvantagens Elevado número de componentes móveis
Pequena dificuldade de manutenção relacionada com regulagem.

10. Bibliografia consultada

Livros:
Auto Mechanics – Martin W. Stockel
Industrial Education consultant
Souht Holland , Illiniois - 1981
Automotive Handbook – Bosch – 1994

11. Referencias

Sites consultados:
http://www.aerotecnologia.com.br
http://www.webmecauto.com.br
http://www.oficinaecia.com.br
http://www.hsw.com.br