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INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA

GRUPO DISCIPLINAR DE MÁQUINAS ELÉTRICAS

Máquinas Elétricas

1º Trabalho de Laboratório

(1º Semestre 2020/2021)

CIRCUITOS MAGNÉTICOS

Prof: Pedro Fonte Data: 19-10-2020


Turno: 2 Grupo: 4 Bancada: 8
Nº Aluno Nome
45951 Tomás Pereira
45961 João Barrocas
45993 António Ferreira
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1 – Introdução

Com o objetivo de estudar o funcionamento de um circuito magnético, foi usado um


circuito magnético previamente montado (primeiro sem entreferro e mais tarde com
entreferro), juntamente com a sua ficha de dados técnicos, de modo a possibilitar a obtenção
dos vários dados necessários para a realização do estudo.

Sendo o objetivo final determinar a força eletromotriz na bobina induzida, o grupo


aplicou os conhecimentos adquiridos na parte teórica, com vista a descobrir o ponto de
funcionamento do circuito.

Primeiramente, ao aplicar uma tensão alternada na bobina indutora, uma corrente


alternada irá percorrer a mesma, logo, de acordo com a Lei de Ampère, será criado um campo
magnético, campo este que cria, consequentemente, uma indução no núcleo que, por sua vez,
dá origem a um fluxo magnético que percorre a secção do núcleo.
O fluxo, ao passar pela secção da bobina a ser induzida, gera uma força eletromotriz. As
forças eletromotrizes, tanto na bobina indutora como na bobina induzida, são geradas
seguindo a Lei de Faraday.

O núcleo, o fluxo e a força magnetomotriz no circuito magnético podem ser comparados


com a resistência, corrente e tensão num circuito elétrico, respetivamente, sendo por isso
aplicáveis as leis de Kirchhoff.

A Lei de Ohm, para os circuitos elétricos ( V=RI ) pode ser equiparada á Lei de Hopkinson,
para os circuitos magnéticos ( Ӻ=R𝜙 ).

A força eletromotriz calculada para a segunda bobina será depois colocada em


comparação com o valor lido no voltímetro, de modo a confirmar o processo.

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2 – Procedimento experimental

Após analisar as características do circuito magnético EIT150, primeiro sem entreferro,


alimentou-se a bobina do lado esquerdo, com 203 espiras, a 60V (tensão alternada), 50Hz
através dos bordes de tensão monofásica da bancada, ligados a um autotransformador.

Para isto, ligou-se um wattímetro à bobina indutora para visualizar o valor da tensão á
medida que era aumentada através do autotransformador até atingir os 60V, bem como a
corrente e a potência na bobina.

Em seguida, colocou-se um entreferro no interior do núcleo e repetiu-se os


procedimentos.

Depois de ter adquirido os valores, desligou-se da tensão alternada e ligou-se a uma


bateria DC de forma a medir a tensão e corrente na bobina, para possibilitar o cálculo da
resistência do cobre que constitui a bobina, valor que é depois utilizado no cálculo das perdas
na bobina por efeito de Joule.

Na segunda aula deste trabalho, voltou-se a repetir os ensaios(à exceção de ligar a bobina
a uma fonte DC, visto que a resistência do cobre já era conhecida e esta é invariável) mas
nesta aula ligou-se também um voltímetro à bobina induzida para obter o valor da tensão da
mesma e comparar com os valores calculados teoricamente.

3 – Valores obtidos / Análise de resultados


Valores lidos na bobina primária, quando alimentada por:
-Tensão alternada monofásica:

Wattímetro
59,9 [V]
0,235 [A]
4,1 [W]

-Tensão contínua:

Wattímetro
4,2 [V]
5,3 [A]

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Massa do núcleo = 3×1,13 = 3,39 kg

Perdas no cobre dos enrolamentos da bobina primaria:

𝑈 4,5
Rbobina =
𝐼
=
5,91
=0,76 Ω

Perdas na bobina = 𝑅𝐼 2 = 0,76 ∗ 0,2352 = 0,042 [W]

Perdas magnéticas no núcleo:

Perdas no núcleo = 4,1 - 0,042 = 4,058 [W]

4,058
Pespecífica = = 1,197 [W/kg]
3,39

A partir do valor das perdas específicas e dos gráficos fornecidos nos dados
técnicos, podemos retirar os valores para a indução, campo magnético e permeabilidade:

B = 0,82 [T] (curva do meio)

H = 100 [A/m] (curva do meio)

Permeabilidade relativa = 6400 (curva do meio)

Com os valores calculados anteriormente podemos calcular a relutância através da


seguinte expressão:

𝑙
𝑅=
µ𝑟 × µ0 × 𝑆

Onde l é o comprimento médio da secção do núcleo, μ0 é a permeabilidade magnética no


vazio e μr é a permeabilidade magnética do material ferromagnético que constitui o núcleo.

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Figura 1

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A figura 1 representa o circuito magnético e indica os comprimentos médios de cada secção


consideradas no cálculo das relutâncias.

l1 = l2
S1 = S3

𝑙1 0,225
R1 = = =31084,95
µ𝑟 ×µ0×𝑆1 6400×4𝜋×10−7 ×(3×10−2 ×3×10−2 )

𝑙2 0,225
R2 = = =31084,95
µ𝑟 ×µ0×𝑆2 6400×4𝜋×10−7 ×(3×10−2 ×3×10−2 )
𝑙3 0,110
R3 = = =15197,09
µ𝑟×µ0×𝑆3 6400×4𝜋×10−7 ×(3×10−2 ×3×10−2 )

31084,95 × 15197,09
R total = R1 + R 2 //R 3 = 31084,95 + = 41291,95
31084,95 + 15197,09

Sabendo as relutâncias, podemos calcular o fluxo total do circuito e em seguida o


fluxo em cada um dos ramos, aplicando “divisores de fluxo” nas “resistências” do circuito
elétrico análogo:

𝜙total 𝜙2

𝜙3

N × I = R total × ϕtotal ⇔

⇔ 203 × 0,235 = 41291,95 × ϕtotal ⇔

203 × 0,235
⇔ ϕtotal = ⇔
41291,95

⇔ ϕtotal = 0,0012 [𝑊𝑏]

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𝑅3
𝜙2 = 𝑅3+𝑅2 × ϕtotal ⇔

15197,09
𝜙2 = × 0,0012 ⇔
31084,95+15197,09

𝜙2 =0,00039 [Wb]

Sabido o fluxo que passa na bobina induzida (𝜙2), é possível calcular a força
eletromotriz na mesma:

𝑑𝜙 𝑑
𝑒=𝑁 = [𝑁 × 𝜙𝑚𝑎𝑥 × 𝑠𝑒𝑛(𝜔𝑡)] = 𝑁 × 𝜙𝑚𝑎𝑥 × 𝜔 × cos (𝜔𝑡)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
𝐸𝑚𝑎𝑥 2𝜋×𝑓×𝑁×𝜙𝑚𝑎𝑥
Eeficaz= = =√2 × 𝜋 × 𝑓 × 𝑁 × 𝜙𝑚𝑎𝑥
√2 √2

𝜙2𝑚𝑎𝑥 = √2 × 𝜙2 = √2 × 0,00039 = 0,000552

E2= 4,44 × 𝑓 × 𝑁2 × 𝜙2𝑚𝑎𝑥 ⇔

⇔ E2 = 4,44 × 50 × 406 × 0,000552 ⇔

⇔ E2 = 𝟒𝟗, 𝟕𝟏 [𝑽]
Voltamos a repetir os cálculos, mas com os valores das outras curvas:
Curva de cima:
B=0,9 → H=65 → 𝜇𝑟 = 11400 obtivemos E2=72,65V
Curva de baixo:
B=0,75 → H=150 → 𝜇𝑟 = 4500 obtivemos E2=34,42V

Leitura de tensão na bobina secundária: 46 [V]

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No segundo ensaio, foi adicionado um entreferro no núcleo.

Características do entreferro:

Comprimento da secção (espessura, medida com uma craveira) = 2,5mm


Permeabilidade relativa = 2,5 (ou 3)
Secção do entreferro = Secção do núcleo (Sg=Sn=9 × 10−4 )

Valores lidos na bobina primária, quando alimentada por Tensão alternada monofásica:

Wattímetro
59,9 [V]
3,67 [A]
13,4 [W]

Perdas no cobre dos enrolamentos da bobina primaria:

Perdas na bobina = 𝑅𝐼 2 = 0,76 ∗ 3,672 = 10,24 [W]

Perdas magnéticas no núcleo:

Perdas no núcleo = 13,4 – 10,24 = 3,16 [W]

3,16
Pespecífica = = 0,93 [W/kg]
3,39

A partir do valor das perdas específicas e dos gráficos fornecidos nos dados
técnicos, podemos retirar os valores para a indução, campo magnético e permeabilidade:

B = 0,75 [T] (curva do meio)

H = 90 [A/m] (curva do meio)

Permeabilidade relativa = 6200 (curva do meio)

Cálculo das relutâncias:

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𝑙1 0,225
R1 = = =32087,69
µ𝑟×µ0×𝑆1 6200×4𝜋×10−7 ×9×10−4

𝑙2 0,225
R2 = = =32087,69
µ𝑟 ×µ0×𝑆2 6200×4𝜋×10−7 ×(3×10−2 ×3×10−2 )

𝑙3 0,110
R3 = = =15687,3
µ𝑟×µ0×𝑆3 6200×4𝜋×10−7 ×9×10−4

−3
2,5×10
Rg = −7 −4 = 884194
2,5×4𝜋×10 ×9×10

R total = (R1 + R g ) + (R 2 + R g )//(R 3 + R g ) ⇔

(32087,69 + 884194) × (15687,3 + 884194)


⇔ R total = (32087,69 + 884194) + ⇔
(32087,69 + 884194) + (15687,3 + 884194)

⇔ R total = 1,37 × 106

Sabido as relutâncias, passamos ao cálculo do fluxo total e do fluxo que passa no ramo da
bobina induzida:
N × I = R total × ϕtotal ⇔

⇔ 203 × 3,67 = 1,37 × 106 × ϕtotal ⇔

203 × 0,235
⇔ ϕtotal = ⇔
1,37 × 106

⇔ ϕtotal = 5,44 × 10−4 [𝑊𝑏]

𝑅3+𝑅𝑔
𝜙2g = 𝑅3+𝑅𝑔+𝑅2+𝑅𝑔 × ϕtotal ⇔

15687,3+884194
𝜙2g = × (5,44 × 10−4 ) ⇔
32087,69+884194+15687,3+884194

𝜙2g =2,7× 10−4 [Wb]

𝜙2𝑔𝑚𝑎𝑥 = √2 × 𝜙2 = √2 × 2,7 × 10−4 = 3,82 × 10−4

E2= 4,44 × 𝑓 × 𝑁2 × 𝜙2𝑚𝑎𝑥 ⇔

⇔ E2 = 4,44 × 50 × 406 × 3,82 × 10−4 ⇔

⇔ E2 = 𝟑𝟒, 𝟒𝟑 [𝑽]
ME - TP01 (1ºSem. 2020/2021) Relatório 5/7
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Voltamos a repetir os cálculos, mas com os valores das outras curvas:


Curva de cima:
B=0,65 → H=53 → 𝜇𝑟 = 10000 obtivemos E2=34,98V
Curva de baixo:
B=0,8 → H=150 → 𝜇𝑟 = 4500 obtivemos E2=33,8V

Leitura de tensão na bobina secundária: 40 [V]

4 – Conclusão
Conclui-se que a partir de uma tensão aplicada numa bobina com 𝑁1 espiras será induzida
uma tensão secundária, numa outra bobina com 𝑁2 espiras, e que este processo é sempre
iniciado com uma bobina a ser percorrida por uma corrente, que por sua vez, cria um campo
magnético e uma indução magnética, que criará um fluxo magnético onde será induzida uma
força eletromotriz.
Quanto maior for a relutância de um circuito magnético maior será a potência necessária
para se verificar a mesma queda de tensão aos terminais de uma bobina num circuito primário.
Verificou-se que ao colocar uma placa de entreferro houve um aumento no consumo de
potência.
A força eletromotriz induzida na bobina secundária é aproximada ao valor da tensão medida
aos terminais da bobina secundária, mas não igual como desejada, isto deve-se a erros dos
aparelhos de medida, resistência dos condutores, perdas por Histerese e correntes de Foucault.
No segundo ensaio o valor calculado foi inferior ao registado na aula prática, sendo que este
deveria ser maior, devido a estarmos a desprezar o espraiamento do entreferro e os erros
adicionais, o grupo acredita que esta discrepância se deve ao valor que foi considerado para a
permeabilidade relativa do entreferro.

ME - TP01 (1ºSem. 2020/2021) Relatório 6/7

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