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O aluno Rodrigo não apresenta deficiência, mas demonstra claros problemas de aprendizagem.

O
cenário familiar é um primeiro importante indício de sua dificuldade. Basta pensarmos nas teorias
humanistas de George Kelly, Carl Rogers e Abraham Maslow os quais apontam a necessidade de
olhar o ser humano como um todo.
Os estágios de vida de uma pessoa, do nascimento à morte, são formados por influências sociais
que interagem com um organismo que está em processo de amadurecimento físico, social e
psicológico. Alteridade é o nome dado à concepção de que somos constituídos a partir dos outros,
de que o “eu” e o “outro” interagem e são interdependentes. Ter um sentimento de alteridade é
perceber, da mesma forma, que pessoas tiveram comportamentos, pensamentos e sentimentos
modelados por outrem (CORRÊA, 2015, p. 45).
A mãe já teve problemas de alcoolismo e depressão. O pai, sem ser violento fisicamente, anda
constantemente embriagado. Essa embriaguez e o quadro da mãe devem causar situações em
que os adultos parecem (ou de fato estejam) bravos, o que deve levar Rodrigo a identificar o
comportamento da professora da mesma maneira. Seu comportamento retraído e de poucos
amigos, além de infantilizado e bastante ligado ao irmão mais velho, denotam sua carência de
figuras paterna e materna mais próximas dele. Assim, provavelmente um ambiente familiar
desestruturado, repleto de traumas, parece dar pouca segurança a um aluno, independentemente
de sua idade, tanto que não se sente acolhido, mantendo poucas amizades e pouca socialização.
Assim, uma conversa com a família e ações que envolvam maior acolhimento e criação de um
ambiente mais seguro e protetor em casa são o primeiro passo.
Quanto ao processo de alfabetização ainda não terminado de Rodrigo, estratégias que envolvam
palavras de seu uso cotidiano nas sílabas mais concretas é um caminho. Pensar na Tendência
Liberal Renovadora Progressista, criar espaços mais próximos à experiência da Escola da Ponte,
parece ser um caminho. Rubem Alves, a respeito da escola, indicou que lá presenciou um espaço
em que “as crianças que sabem ensinam as crianças que não sabem. Isso não é exceção. É a
rotina do dia a dia. A aprendizagem e o ensino são um empreendimento comunitário, uma
expressão de solidariedade. Mais que aprender saberes, as crianças estão a aprender valores. A
ética perpassa silenciosamente, sem explicações, as relações naquela sala imensa.” Ou seja,
intensificar o contato de Rodrigo com os 4 amigos e fazer deles, além de outros alunos da escola,
que tenham os mesmos interesses ou questões que Rodrigo, um instrumento de inquietação e
pesquisa conjunta seria uma forma interessante, já que mexeria também com a ideia de afeto. Se
a professora é tomada como alguém brava, talvez, se ela fosse mais mediadora e buscasse saber
sobre o que Rodrigo se interessa, ele estivesse mais instigado a aprender, sem esquecer, uma
vez que a aprendizagem insere-se no seu campo de interesse, tal qual aponta Nilson Machado:
"É quase impossível ensinar sem fazer algum tipo de pesquisa. As duas atividades pressupõem a
criação de centros de interesses em uma temática relevante, enraizada em contextos
problematizadores. Nos dois casos, é fundamental explicitar perguntas nítidas a serem
respondidas e objetivos claros a serem atingidos."

ALVES, Rubem,
https://educacaointegral.org.br/experiencias/escola-da-ponte-radicaliza-ideia-de-autonomia-dos-es
tudantes/ Acesso em: 09/11/2023
CORRÊA, M. S. Criança, desenvolvimento e aprendizagem . São Paulo: Cengage Learning
Brasil, 2015.
MACHADO, N. J. https://nilsonjosemachado.net/2019/10/03/sobre-o-ensino-e-a-pesquisa/ Acesso
em: 09/11/2023

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