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MAICHIN, V. (2006).

Visita Escolar: um recurso do Psicodiagnóstico


Interventivo na abordagem fenomenológico-existencial. Dissertação de
Mestrado. PUC-SP (cap. Escola e a Visita Escolar, Escola. Que lugar é
este?
Daniel Pires Rodrigues Nunes - T353ID9

O autor menciona que a complexidade da escola permite várias interpretações,


abordadas sob práticas políticas, culturais, sociais, filosóficas, pedagógicas e
psicológicas. Diante dessa diversidade, o texto reforça a não-adesão a uma
perspectiva específica, evitando posições pré-concebidas.
Para o autor, o objetivo é evidenciar visitas escolares no contexto do
psicodiagnóstico, compreendendo seu potencial de revelar informações ao
psicólogo. Os questionamentos iniciais incluem a origem e a função social da
escola, o papel do professor, a importância dos colegas e do aprendizado, o
papel dos pais no contexto escolar, e a relevância dos experimentos
pedagógicos. A busca é pela compreensão do lugar da escola e sua essência.

Escola. Que lugar é esse?


Segundo o autor, atualmente é impensável conceber um mundo sem escola,
embora o autor aponte que a história registra um período em que a instituição
não existia. O autor destaca que, na antiguidade, quando o conhecimento
necessário era limitado e comum a todos, a socialização ocorria pelo contato
direto com adultos. Contudo, com a crescente especialização e acumulação de
conhecimento a partir da Idade Média, a necessidade de transmitir
conhecimentos mais específicos levou ao surgimento da escola como
instituição de educação. No início, a escola tinha como propósito preparar a
aristocracia para seus papéis e também ensinar os menos privilegiados a se
tornarem trabalhadores disciplinados. A ênfase estava na moral e religião, em
detrimento do conhecimento científico, como forma de preservar a ordem
estabelecida.
O autor observa que a escola surgiu com objetivos mais vinculados a
interesses sociais do que à transmissão de conhecimento. O foco se direciona
à análise da função social da escola ao longo do tempo, considerando o papel
desempenhado até os dias presentes. De acordo com o autor, é crucial
compreender a noção de função social. A família é a primeira influência social
na vida da criança, ensinando não apenas habilidades explícitas, mas também
normas e valores implícitos. À medida que a criança interage com novos
ambientes, essas influências são ampliadas e reinterpretadas. Nos dias atuais,
devido ao trabalho dos adultos fora de casa, as crianças frequentam
instituições cada vez mais cedo. Assim, a escola se torna uma nova referência
na vida da criança, complementando a influência familiar e desempenhando um
papel significativo em sua formação.
O autor cita Laing e outros existencialistas, ressaltando que compreender uma
pessoa requer conhecimento de seu ambiente. A escola, como parte do mundo
da criança, é crucial nesse aspecto.
Os autores Setubal e Faria descrevem a escola como um espaço que se
transforma em lugar, onde as relações sociais moldam a identidade e a
construção de significados históricos e culturais.
O autor enfatiza a importância das relações humanas na escola na formação
da rede de significados da criança. A análise das relações humanas é crucial
durante as visitas escolares para compreender como as interações ocorrem na
instituição.
A abordagem do autor sugere que o psicólogo deve focar nas relações
humanas durante as visitas escolares. Ele questiona como as relações se
estabelecem entre colegas, professores e funcionários, reconhecendo que
cada indivíduo está constantemente influenciando e sendo influenciado pelos
outros.
Segundo o autor, um elemento crucial no contexto escolar é o professor,
responsável pela formação das novas gerações e pelo futuro da sociedade. O
autor destaca que o professor não apenas ensina habilidades, mas também
molda atitudes, tornando-se uma referência na vida da criança, com impacto
positivo ou negativo.
O autor ilustra com um exemplo de uma garotinha de oito anos que se
recusava a frequentar a escola após a separação dos pais. Durante as três
semanas seguintes à separação, a garota frequentou a escola apenas uma vez
devido a sua recusa. A mãe conversou com a coordenadora, que não relatou
incidentes excepcionais na escola. A criança, nos contatos com o autor,
demonstrou alegria e compreensão da separação dos pais, acreditando que
eles não se gostavam mais e que a situação melhorara após a separação. O
exemplo ilustra a complexidade das reações das crianças ao divórcio e como a
escola pode ser um ambiente onde essas questões pessoais se refletem.
De acordo com o autor, a paciente se recusava a falar sobre a escola,
preferindo discutir outros assuntos durante as primeiras sessões. Ela se
revelava vaidosa, afetuosa, simpática e sensível, demonstrando facilidade em
se magoar, uma característica corroborada pela mãe ao relatar situações em
que a menina se sentiu magoada.
O autor introduziu a proposta de fazer uma visita escolar como parte do
processo de psicodiagnóstico, o que provocou uma mudança na paciente. Ela
ficou agitada e relutante em discutir sobre a escola, embora tenha autorizado a
visita. Na visita escolar, o autor interagiu com a professora da paciente, que se
mostrou pouco disponível e hostil. A professora descreveu a paciente de
maneira negativa, comparando-a a uma "bonequinha de porcelana" e
demonstrando atitudes agressivas.
A professora justificou a ausência da garota na escola por três semanas como
resultado de "liberdade excessiva dos pais" e afirmou que crianças sem limites
fazem o que querem. A visita, embora breve, permitiu ao autor entender que a
garota estava sofrendo ao conviver com uma professora hostil e agressiva, o
que foi confirmado nas sessões posteriores com a criança.
Para o autor, a interação entre aluno e professor, de acordo com Setubal e
Faria, é fundamental na formação do repertório de significados do aluno. Delval
destaca que esse repertório pode ser ensinado de forma explícita ou implícita,
considerando várias práticas, como a forma de relacionamento com adultos, a
iniciativa, a construção do conhecimento, as normas, entre outros fatores, que
influenciam a conduta futura da criança.
Essas práticas moldam a criança, influenciando seu desenvolvimento como
adulto na sociedade. Assim, o papel do professor na vida da criança é tão
importante quanto o dos pais. O professor não apenas transmite conhecimento,
mas também influencia com suas atitudes em sala de aula.
Apesar da importância unânime atribuída ao papel do professor, o autor
ressalta que essa função pode variar dependendo da proposta pedagógica e
do contexto. Em escolas tradicionais, o professor transmite conhecimento como
verdade absoluta, enquanto em escolas progressistas, o conhecimento é
construído e questionado em conjunto com os alunos. Os primeiros promovem
uma atitude passiva nos alunos, enquanto os segundos estimulam uma postura
crítica e reflexiva, como demonstrado nos exemplos apresentados.
De acordo com o autor, os exemplos de pedagogias tradicional e progressista
são citados para ilustrar diferentes abordagens educacionais. No entanto, ele
destaca que existem outras abordagens e que a postura do professor nem
sempre coincide com a abordagem da escola.
A escolha de trabalhar em uma escola alinhada com os ideais do professor
pode variar, mas nem sempre é viável. Cada tipo de pedagogia direciona a
função do professor de acordo com os princípios da abordagem, ou de acordo
com suas próprias crenças.
A visita escolar, na visão do autor, desempenha um papel crucial em
compreender a dinâmica entre professor e aluno, assim como seu impacto na
criança, no professor e nos pais. Muitas vezes, o psicólogo no processo de
psicodiagnóstico ajuda os pais a compreender a função social exercida pelo
professor e como isso afeta a criança. Isso é especialmente relevante em
escolas onde a abordagem adotada não é explicitamente comunicada, o que
pode gerar falta de conhecimento sobre as diferentes abordagens
educacionais.
Segundo o autor, um caso que ele lembra envolveu pais preocupados com a
passividade do filho, cujo comportamento contrastava com suas próprias
crenças engajadas em movimentos sociais. Na visita escolar, encontrou um
ambiente tradicional com um professor rígido que valorizava a transmissão
passiva de conhecimento, algo também inerente à proposta da escola. Após a
visita, foi relevante entender por que esses pais colocaram o filho em uma
escola tradicional, mesmo desejando uma educação mais crítica. Eles
explicaram que era a mesma escola que frequentaram, há trinta anos, com
professores altamente qualificados. Considerando a impossibilidade de pagar
por uma escola particular com abordagem libertária, decidiram deixar o filho na
escola atual e buscar outros meios para promover sua reflexão, como
incentivá-lo a ler.
Segundo o autor, compreender a relação de uma criança com seus colegas é
fundamental para entender seu repertório de significados. Os colegas se
tornam novas referências em sua vida ao entrar em contato com eles na
escola, levando a comparações com seus próprios pais, forma de vestir, corte
de cabelo e outros aspectos. Esta relação mostra como a criança interage com
os outros, se respeita os colegas, prefere estar em grupo ou isolada, faz
amizades com facilidade, se mostra dominante ou submissa, entre outros
detalhes.
O autor menciona um caso de uma mãe preocupada com a insegurança e falta
de amigos de seu filho. Durante as sessões, o garoto se mostrou similar à
descrição da mãe, mas ao ser proporcionado espaço para expressar-se, ele se
tornou mais confiante. A visita escolar confirmou a suspeita de que o garoto
precisava de mais oportunidades para se sentir seguro e expressar suas
iniciativas, visto que na escola ele tinha muitos amigos e era participativo.
Na escola, o comportamento do garoto era diferente do que a mãe descrevia.
Ele tinha muitos amigos, facilidade em fazer amizades e era considerado
participativo pela professora. Isso surpreendeu a professora, que achava que o
garoto era uma criança normal e bem querida por todos os colegas.
O autor observou, por meio da visita escolar, que o garotinho tinha uma relação
diferente com seus amigos em comparação com a forma como interagia com
sua mãe. Ele era mais calado e inseguro perto da mãe. A partir disso, as
sessões com a mãe foram direcionadas para aprofundar essas questões.
O autor aborda as relações humanas no contexto escolar e destaca a
importância não apenas dos processos internos, mas também das relações
que cercam esse contexto. Os pais desempenham um papel fundamental na
escola, levando as crianças, participando de reuniões e influenciando o
processo escolar. O autor ressalta que compreender a relação dos pais com a
escola e suas expectativas é crucial. Segundo Delval, os pais projetam
expectativas e até suas frustrações pessoais ou profissionais nos filhos,
desejando que eles alcancem mais do que eles próprios.
Exemplificando, os pais de um garotinho buscaram ajuda devido ao
desinteresse dele pela escola, apesar de não ter repetido de ano. Os pais
tinham alto nível intelectual e esperavam uma carreira brilhante para o filho,
acreditando que ele ainda descobriria seu dom. Durante os atendimentos, a
mãe compartilhou sua história de dificuldades financeiras na infância, com um
pai músico de baixo salário. Ela expressava preocupação com o futuro do filho
devido às suas experiências passadas, enfatizando a importância dele estudar
para não passar por dificuldades.
Segundo o autor, o pai concordava com a mãe, expressando a mesma
preocupação de que o filho precisava ser um bom profissional para evitar
dificuldades futuras. O desinteresse pela escola surgiu quando a mãe
implementou um plano de estudos para o menino, após ele obter uma nota
sete. O autor relata que, nos contatos com o garoto, percebia-o como triste,
sem interesse e recusando interações. A visita escolar revelou descrições
contraditórias dos professores sobre o menino: antes, ele era alegre, brincalhão
e inteligente; agora, estava triste e desatento nas aulas. A professora
descreveu o garoto como alguém que se destacava em todas as matérias,
especialmente em educação artística. Essa habilidade artística, no entanto,
nunca foi mencionada pelos pais nem demonstrada nas sessões lúdicas.
O autor compreendeu que o potencial artístico do garoto ameaçava as
expectativas da mãe de um "futuro brilhante". A omissão dessa habilidade foi
percebida na visita escolar, e a questão foi abordada nas sessões
subsequentes com os pais e o filho.
O autor enfatiza que entender as expectativas dos pais em relação aos filhos é
fundamental no processo de psicodiagnóstico, destacando a importância tanto
das sessões de orientação com os pais quanto da visita escolar.
De acordo com o autor, é essencial entender tanto as relações humanas na
escola quanto o processo de aprendizagem, pois este último é como a criança
assimila o conhecimento. Diferentes formas de transmitir conhecimento incluem
repassar ideias prontas, ensinar para alterar comportamento, facilitar a
construção de conhecimento pelo aluno, estimular questionamentos e
desenvolver consciência crítica.
O autor observa que os processos de aprendizagem adotados por cada
professor têm raízes em referenciais teóricos das pedagogias educacionais que
evoluíram ao longo do tempo. Diversos movimentos na educação originaram
diferentes abordagens pedagógicas, cada uma defendendo sua visão de
ensino.
O autor não busca tomar partido a favor ou contra a função conservadora, mas
sim expor como ela se manifesta atualmente. Embora muitas escolas
conservadoras adotem um ensino conteudista, esforços por parte de
educadores lutam por um ensino libertário que fomente ideias individuais,
resultando em diversos experimentos pedagógicos.
O movimento da escola nova, também chamado de escolanovista, foi o
primeiro a se opor ao sistema conservador e tradicional. Este movimento critica
a abordagem tradicional por dividir o ser humano entre inteligência/razão e
emoção/ação, reprimindo elementos emocionais por considerá-los obstáculos à
boa direção do ensino.
De acordo com o autor, a pedagogia renovada busca integrar partes que foram
separadas no processo de aprendizagem, tornando-o ativo em oposição ao
método tradicional passivo. Isso é fundamentado em considerar a criança como
centro e contemplar suas condições sociais e culturais.
O construtivismo é outro movimento contrário ao método tradicional, focando
na crença de que não existem fórmulas prontas no ensino. O construtivismo vê
o indivíduo como construtor de seu próprio conhecimento, contrapondo-se ao
ensino tradicional baseado na transmissão de verdades. Essa abordagem
valoriza a emoção e a afetividade como essenciais para o desenvolvimento
intelectual. No entanto, a prática pode ser desafiadora: como lidar com alunos
com dificuldades pessoais? Como tratar situações em que um aluno perturba a
sala de aula?
O autor enfatiza que não há uma resposta única para essas questões e que
cada caso traz uma perspectiva diferente. A prática da visita escolar pode
proporcionar experiências variadas para os profissionais. Uma visita realizada
em uma escola construtivista mostrou uma postura respeitosa por parte dos
professores e da coordenadora em relação às crianças. A intenção do autor ao
visitar a escola era compreender como ela via a criança em processo de
psicodiagnóstico. A escola mostrou compreensão e disposição para ajudar,
incluindo preocupação com o impacto do comportamento agressivo de um
aluno na sala de aula.
De acordo com o autor, a coordenadora de uma escola construtivista
demonstrou abertura para reflexões e orientações diante de uma criança com
problemas emocionais. Essa postura não seria adotada por um professor que
segue a pedagogia tecnicista, onde elementos não observáveis, como
emoções, são desprezados.
Na perspectiva comportamentalista, os elementos não observáveis são
considerados irrelevantes, ignorando sentimentos, emoções e subjetividade.
Nessa abordagem, o comportamento é central para a compreensão do
indivíduo.
Uma visita escolar revelou que, apesar de ser uma escola construtivista, a
coordenadora não considerava a subjetividade dos alunos. Um caso envolveu
uma criança que, devido a dificuldades emocionais, passou para uma "sala
especial", causando desconforto por ser vista como para alunos com
problemas.
Diante dessa situação, o autor interveio, argumentando que as dificuldades de
aprendizagem da criança eram decorrentes de problemas pessoais, não de
déficit intelectual. No entanto, a coordenadora não mudou sua postura,
priorizando o bom rendimento dos demais alunos da sala.
Segundo o autor, em uma situação específica, a falta de consideração pelos
aspectos emocionais da criança levou a uma postura semelhante à abordagem
comportamentalista, mesmo em um contexto construtivista. Isso destaca que
nem sempre a postura dos profissionais condiz com a abordagem adotada.
Da mesma forma, profissionais em escolas tradicionais podem adotar posturas
mais humanistas. A pedagogia humanista enfatiza a relação interpessoal e
considera o aluno como um ser autônomo e livre, capaz de atualizar suas
potencialidades. Na pedagogia humanista, o mundo interno do aluno tem
relevância, sendo que sentimentos e experiências desempenham um papel
significativo. A realidade é reconstruída a partir da percepção e atribuição de
significados pelo indivíduo.
Outra abordagem que valoriza a relação é a pedagogia sócio cultural,
associada a Paulo Freire. Essa abordagem destaca as relações interpessoais,
a relação do homem com o mundo e a busca pela libertação do poder
dominante. Segundo Paulo Freire, a reflexão é crucial para a libertação.
Professores que adotam esses princípios propõem aos alunos reflexões sobre
si mesmos e o mundo, enfocando relações entre consciência e mundo.
Segundo o autor, a abordagem de ensino de Paulo Freire é pouco comum e
raramente adotada nas escolas que afirmam seguir seu método. Mizukami
identifica seis pedagogias influentes: tradicional, escola nova,
comportamentalista, construtivista, humanista e sócio-cultural. O autor ressalta
que a orientação pedagógica oficial nem sempre reflete a prática real dos
professores. Observar como as pessoas na escola utilizam essas abordagens
é crucial durante a visita escolar.
O espaço físico da escola é valorizado por vários autores. Compreender o
significado de cada espaço é fundamental, transcende a planta arquitetônica e
revela relações grupais. Autores como Delval consideram que a sala de aula
adequada deve ser espaçosa, bem iluminada, com móveis flexíveis, uma base
para explorar o mundo, e acesso a recursos como biblioteca, água e estantes.
De acordo com o autor, a sala de aula é um espaço crucial na escola, sendo
importante que seja um lugar de prazer e interação. Outros autores, por outro
lado, destacam a importância do espaço de interlocução entre educadores e
alunos, onde ocorre o diálogo e o reconhecimento mútuo. Esse espaço de
interlocução é fundamental para que uma pessoa se sinta parte de um grupo
ou lugar, onde sua individualidade é respeitada e seu modo de ver o mundo é
valorizado.
Um caso ilustrativo ocorreu com um garotinho de 10 anos, atendido pelo autor,
que sofreu com a perda desse espaço ao mudar de escola. Embora ambas
fossem particulares e de qualidade, a mudança teve impacto negativo no
menino, afetando seu desempenho acadêmico e social. Apesar de gostar do
novo colégio, o menino passou a desinteressar-se pelas aulas e a ter
dificuldades em fazer amizades. A mãe buscava ajuda psicológica para que ele
melhorasse academicamente e retomasse o bom desempenho escolar.
Segundo o autor, o garoto que foi transferido de escola mostrou uma forte
identificação com sua escola anterior, não conseguindo se adaptar nem
reconhecer a nova escola como sua. Durante a visita escolar, a coordenadora
e a professora revelaram que a mãe do menino estava preocupada com ele, o
que afetava seu próprio desempenho no trabalho.
A visita escolar evidenciou que a mãe não estava aceitando a falta de
adaptação do filho à nova escola. A queixa inicial da mãe, motivada por
desconto na mensalidade, evoluiu para um desejo de controle sobre a vida do
filho. Ela admitiu que a decisão de transferência foi unilateral e que precisava
trabalhar essa necessidade de controle.
Esse caso ilustra como a visita escolar pode revelar aspectos não expostos nas
sessões terapêuticas. Algumas suspeitas do psicólogo podem ser confirmadas,
enquanto outras situações ampliam a compreensão da criança e dos pais.
Segundo o autor, apesar das particularidades, eventos compartilham
elementos comuns de intersubjetividade, onde humanos constituem um mundo
coletivo. Essa base possibilita a compreensão mútua, visto que todos partilham
o mesmo mundo e coexistem.
O autor argumenta que, a partir dessa intersubjetividade, uma experiência
analisada profundamente serve como base para entender outras similares. Isso
ocorre por meio do método fenomenológico, que não busca generalizações,
mas constrói significados individuais.
A importância da visita escolar no psicodiagnóstico é destacada pelo autor, que
reconhece que cada visita possui significados únicos, impossibilitando regras
fixas. O autor indica a delimitação de pontos relevantes para guiar a construção
de significados nesse processo.

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