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AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 1

PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

REFERÊNCIA: CIELO, Carla Aparecida. Avaliação de Habilidades em Consciência Fonológica.


Jornal Brasileiro de Fonoaudiologia, Curitiba, v.4, n.16, p. 163-174, jul./set. 2003.

Este trabalho teve como objetivo propor um protocolo de avaliação das habilidades

em consciência fonológica, verificando-se a correlação estatística entre o grau de

complexidade das tarefas e a idade cronológica dos sujeitos. Pesquisou-se as habilidades

de crianças de 4 a 8 anos de idade, de ambos os sexos, em segmentação de frases em

palavras; realismo nominal; detecção de rimas; exclusão fonêmica; detecção, síntese,

segmentação e reversão silábicas e fonêmicas. Na maioria das tarefas, houve diferença

estatisticamente significativa entre as faixas etárias de 4, 5 e 6 e as de 7 e 8 anos. Com

base nos resultados, foram elencadas as tarefas passíveis de serem realizadas com

sucesso por cada faixa etária, auxiliando a determinação do desempenho esperado

conforme a idade da criança, para futuras avaliações. Concluiu-se que o aumento da

idade e a alfabetização parecem influenciar as habilidades em consciência fonológica e

que o Protocolo de Tarefas em Consciência Fonológica parece ser um instrumento viável

para a avaliação de todos os tipos de habilidades em consciência fonológica, com

diferentes graus de complexidade, favorecendo o estabelecimento de metas terapêuticas

ou de estimulação dessas habilidades.

UNITERMOS: consciência fonológica; metafonologia; consciência lingüística; avaliação

fonoaudiológica.
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INTRODUÇÃO

A habilidade em analisar a fala explicitamente em seus componentes fonológicos é

chamada consciência fonológica, um subtipo da consciência lingüística, sendo

imensamente importante para compreender a mensagem escrita, uma vez que, para ler e

escrever, é preciso realizar as correspondências grafo-fonológicas, analisar os signos

semiológicos em fonemas e sintetizar os fonemas em signos semiológicos. A consciência

fonológica provavelmente aparece gradualmente, ao longo de um continuum que engloba

desde um grau nulo de consciência, passando pela sensibilidade, pelo “dar-se conta”, até

a consciência em si que pressupõe a capacidade de explicitação verbal do produto desse

tipo de habilidade (POERSCH, 1998).

No Brasil, a consciência fonológica é um assunto relativamente novo, gerando a

necessidade de elaboração de testes de avaliação. Muitos dos trabalhos nacionais na

área da consciência fonológica se utilizam de atividades para quantificá-la antes e após

determinada intervenção direta ou indireta sobre a mesma e não propõem,

especificamente, protocolos de avaliação de todos os tipos de consciência fonológica.

Alguns exemplos são os trabalhos de CARDOSO-MARTINS (1991), com seu teste

de consciência fonológica que avalia brevemente a consciência de fonemas e sílabas

para verificar a relação entre consciência fonológica e progresso inicial na aprendizagem

da escrita em português; e a testagem da consciência de rimas, sílabas e fonemas,

também de CARDOSO-MARTINS (1995), para verificar a relação entre esses diferentes

tipos de consciência fonológica e a aquisição da lecto-escrita em português. Outros

autores, como CIELO (1996) e SALLES (1999), se utilizaram de testagens elaboradas por
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autores como CARDOSO-MARTINS (1991) e SANTOS & PEREIRA (1997) para verificar

a relação entre a consciência fonológica e a aquisição do código alfabético por crianças

brasileiras.

SANTOS & PEREIRA (1997) adaptaram para o português um teste de consciência

fonológica citado em seu trabalho, que se compõe de seis tarefas de consciência

fonológica: síntese silábica, identificação de rimas, síntese, segmentação, exclusão e

transposição fonêmicas, todas com um treinamento prévio à testagem, sendo o protocolo

indicado para avaliar crianças em “estágio inicial de desenvolvimento de leitura” (p.187).

Outro teste, o Perfil de Habilidades Fonológicas (PHF) de CARVALHO et al. (1998),

indicado para a clínica fonoaudiológica e para a triagem escolar dos cinco aos dez anos

de idade, consta de nove tarefas: análise, adição, segmentação, subtração, substituição,

recepção de rimas, rima seqüencial, reversão silábica e imagem articulatória. Para todas

as tarefas, há um treinamento prévio à testagem propriamente dita. Neste teste, de forma

muito adequada, a tarefa de análise refere-se à detecção de sílabas nas posições inicial,

final e medial, com quatro itens a serem testados em cada posição, sendo que a tarefa

com a posição medial foi indicada no próprio protocolo de avaliação, apenas para

crianças a partir de sete anos de idade.

A prova de consciência fonológica (PCF), proposta pelos psicólogos CAPOVILLA &

CAPOVILLA (1998), apresenta dez tarefas de consciência fonológica para avaliação de

crianças de pré-escola até a segunda série do ensino fundamental: rima; aliteração;

síntese, segmentação, transposição e manipulação (adição e subtração) silábicas e

fonêmicas. Este teste, conforme os autores, foi baseado no trabalho de SANTOS &

PEREIRA (1997), sendo que cada tarefa é precedida por dois exemplos-treino iniciais.
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Quanto ao trabalho pioneiro de BEZERRA (1982), infelizmente a autora não expõe

seu roteiro de testagem das habilidades metafonológicas, mas enumera os tipos de

tarefas utilizadas em sua pesquisa para avaliar noventa crianças de quatro a onze anos

de idade: comparar palavras quanto ao tamanho; separar as sílabas da palavra solicitada;

contar as sílabas das palavras; comparar as palavras quanto ao número de sílabas;

identificar palavras que iniciam ou terminam com a mesma sílaba ou que apresentam a

mesma sílaba medial; identificar palavras que iniciam ou terminam com o mesmo fonema;

contar as palavras de um conjunto sem sentido (por exemplo: chave nunca mesa faz);

contar as palavras na sentença; definir “nome”, e definir “palavra”. O texto de BEZERRA

(1982) faz entender que as tarefas são compostas de quatro a cinco itens cada, o que

parece ser um número viável para evitar acasos e, consequentemente, uma avaliação

superficial do desempenho dos sujeitos. Um ponto interessante deste trabalho é a

avaliação da explicitação verbal de cada criança testada sobre os porquês de suas

respostas às tarefas, analisando a metalinguagem na área fonológica.

Acredita-se que, para uma avaliação do desempenho em tarefas que envolvam a

consciência fonológica, é muito importante considerar todos os tipos de consciência

fonológica: a consciência de palavras, de rimas, de sílabas e de fonemas, bem como os

diferentes graus de dificuldade que se refletem no aumento do número de unidades a

serem manipuladas e nas diferentes posições-alvo da unidade fonológica a ser testada.

Desta forma, propõe-se um protocolo de avaliação das habilidades em consciência

fonológica de crianças brasileiras entre 4 e 8 anos de idade, buscando a correlação

estatística entre o grau de complexidade das tarefas e a idade cronológica dos sujeitos.

MATERIAIS E PROCEDIMENTOS
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Este trabalho foi previamente aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da

instituição de origem, sob o protocolo de número 0125, sendo que todos os responsáveis

pelos sujeitos da pesquisa concordaram com sua realização e com a divulgação dos

resultados, mediante a assinatura do termo de consentimento informado (norma 196/96

da Comissão Nacional de Ética em Pesquisa – CONEP). De todas as crianças de 4 a 8

anos, de ambos os sexos, freqüentadoras das três escolas que concordaram com a

realização da pesquisa em suas dependências, após a aplicação dos critérios para

seleção e homogeneização da amostra, obteve-se um total de 85 sujeitos (46 meninas e

39 meninos) aos quais foi aplicado o Protocolo de Tarefas de Consciência Fonológica

(PTCF).

A seleção da amostra de sujeitos foi realizada conforme a autorização dos pais ou

responsáveis para participar do estudo e da coleta do nome completo, data de

nascimento e nível escolar em que se encontravam as crianças, junto às secretarias das

escolas envolvidas. Por meio do Teste de Matrizes Progressivas de Raven infantil, sob a

responsabilidade de uma psicóloga, verificou-se o nível intelectual das crianças, sendo

desconsiderados aqueles sujeitos que apresentaram nível intelectual inferior ou deficiente

(ANASTASI, 1977).

Com um otoscópio Welch Allyn, inspecionou-se os meatos acústicos externos das

crianças, detectando-se a presença de tampão ou excesso de cerúmen obstruindo a via

aérea e encaminhando ao médico otorrinolaringologista para a realização de limpeza,

permitindo a triagem audiológica por via aérea realizada com o aparelho Screening

Audiometer AS15 da marca Interacoustics, que emite tons puros em intensidades

variadas, controlados e calibrados biologicamente pelo examinador. Individualmente, em

sala silenciosa, explicava-se à criança que, através do fone de ouvido, ela ouviria “alguns
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apitinhos” ou “barulhinhos” em uma orelha de cada vez e que deveria levantar a mão do

mesmo lado em que ouvisse o som. As freqüências e respectivas intensidades mínimas

para resposta consideradas para a triagem foram: 1000 (20 dBNA), 2000 (20 dBNA) e

4000 Hz (25 dBNA). As crianças que falharam foram retestadas durante a mesma sessão

(NORTHERN & DOWNS, 1989, BARRETT , 1999).

A voz foi avaliada de forma perceptivo-auditiva: o tipo vocal foi classificado como

rouco, soproso, áspero, comprimido, normal ou outro; o pitch foi caracterizado como

adequado, agudizado ou agravado; a loudness como adequada, forte ou fraca; a

ressonância foi classificada como equilibrada, laríngica, faríngica, laringo-faríngica,

hipernasal, hiponasal ou denasal (BEHLAU & PONTES, 1995). Os órgãos

fonoarticulatórios e as funções estomatognáticas foram avaliados conforme MARCHEZAN

(1998a), MARCHEZAN (1998b) e BIANCHINI (1998), analisando-se a forma, simetria,

postura e movimentação das estruturas, bem como as funções de mastigação, deglutição

e respiração. A fala e a linguagem foram avaliadas informalmente durante a conversa

inicial com cada criança, observando-se a articulação dos fonemas, a presença ou

ausência de desvios fonológicos, a construção de frases e a compreensão da fala do

examinador. Todas as crianças que apresentaram qualquer tipo de alteração nos

aspectos avaliados foram encaminhadas para especialistas, dependendo da necessidade,

por meio do SOE de cada instituição e não fizeram parte da amostra da pesquisa.

Em função de alguns trabalhos não terem encontrado diferença significativa entre

os sexos quanto ao desempenho em tarefas de consciência fonológica, o mesmo não foi

considerado como variável neste estudo (WALLACH et al., 1977, SALLES, 1999). Quanto

ao grau de escolaridade, todas as crianças até seis anos de idade foram consideradas

não alfabetizadas, uma vez que as primeiras séries eram compostas pela faixa de seis
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anos e essas crianças foram testadas no primeiro bimestre do ano letivo, estando,

portanto, sem domínio do código alfabético.

O PTCF foi elaborado pela pesquisadora, com base em vários trabalhos já

publicados na área, procurando compilar diversos tipos de tarefas de consciência

fonológica, variando seu grau de complexidade e adaptando-as ao português brasileiro e

ao vocabulário da faixa etária selecionada para a pesquisa (ACKERMAN, 1973, CALFEE

et al.,1973, GOLDSTEIN, 1976, WALLACH et al., 1977, WILLIAMS, 1980, ZIFCAK, 1981,

BEZERRA, 1982, ALEGRIA et al., 1982 e 1999, EHRI & WILCE, 1985 e 1987, BRYANT &

BRADLEY, 1987, YAVAS & HAASE, 1988, LUNDBERG et al., 1988, TUNMER et al.,

1988, GÖNCZ, 1990, BALL & BLACHMAN, 1991, BYRNE & FIELDING-BARNSLEY,

1991, BLACHMAN, 1991, CARDOSO-MARTINS, 1991 e 1995, TORGESEN et al., 1992,

NUNES et al., 1992, WATSON & MILLER, 1993, UHRY & SHEPHERD, 1993,

DURGUNOGLU et al., 1993, McGUINESS et al., 1995, VANDERVELDEN & SIEGEL,

1995, CIELO, 1996, LANDERL et al., 1996, SANTOS & PEREIRA, 1997, SANTOS et

al.,1997, STACKHOUSE, 1997, SALLES, 1999, CUPPLES & IACONO, 2000).

TUNMER et al. (1983) e TREIMAN & WEATHERSTON (1992) destacam que,

dependendo de sua estruturação, um teste pode subestimar ou superestimar a habilidade

em consciência fonológica dos sujeitos testados. Por isso, foram propostos doze tipos de

tarefas, abordando várias habilidades em consciência fonológica; utilizados diferentes

graus de complexidade quanto à natureza das tarefas e também diferentes graus de

complexidade dentro de cada tarefa como o número e tipo de palavras, o número de

sílabas e fonemas e a posição da unidade fonológica a ser testada.

Enfatiza-se aqui, juntamente com CORRÊA (1996) que as ordens em testes de

consciência lingüística devem ser o mais simples possível, para evitar dificuldades em sua
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compreensão, envolvendo muito a memória e a cognição e prejudicando o desempenho

na tarefa. Por esse motivo, utilizou-se os termos “pedacinho”, “palavrinha”, “letrinha”,

“sonzinho” para facilitar o processo de comunicação com o sujeito, pois, segundo

TUNMER et al. (1983), os termos utilizados precisam ser claros para a criança, senão ela

pode não compreender a tarefa.

Outro fator relevante, segundo CORRÊA (1996), seria a influência das expectativas

da criança sobre o seu desempenho frente à tarefa. Em função disso, para não gerar

ansiedade ou tensão, utilizou-se a palavra “jogo” em vez de “teste”, argumentando que

seriam realizadas algumas atividades para ver até onde as crianças conseguiriam ir,

sendo que algumas eram feitas para adultos, portanto muito difíceis, não sendo

necessário acertar tudo e tranqüilizando a criança quanto ao seu desempenho.

Segundo TUNMER et al. (1983), crianças jovens realizam melhor a segmentação

de sentenças com palavras de conteúdo do que de função. Por esse motivo, observa-se

que o protocolo, em suas tarefas, não apresentou palavras funcionais isoladas

(conjunções, preposições) como estímulos, o que poderia prejudicar o processamento da

informação por parte da criança se ela tivesse de fazer uma análise semântica demorada

antes, em função do significado dessas palavras ser grandemente dependente do

contexto em que figuram.

Procurou-se, ainda, a maior naturalidade possível ao se propor as tarefas às

crianças, enfatizando a compreensão das ordens, mais do que sua repetição mecânica,

pois “a inserção de enunciados lingüísticos em contextos que tornem sua utilização

funcional é um modo de aproximar condições experimentais de condições naturais”

(CORRÊA, 1996, p. 47), deixando o sujeito à vontade para favorecer sua espontaneidade.
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Além disso, foram realizados dois treinos (CARDOSO-MARTINS, 1995) antes de

cada tarefa, com o objetivo de deixar claro o que era proposto para que a criança

compreendesse a natureza da tarefa e não tivesse o processo de elaboração da resposta

prejudicado por questões de semântica (as palavras das ordens eram esclarecidas

verbalmente e sua compreensão era reforçada pelos treinos) ou de memória (os

estímulos eram oferecidos duas vezes e a articulação silenciosa foi permitida). As tarefas

de consciência fonológica incluíram várias subtarefas, representando diferentes graus de

complexidade dentro da mesma tarefa.

Com a tarefa de segmentação de frases em palavras (T1), desejou-se analisar a

habilidade em segmentar palavras no fluxo contínuo da emissão oral de frases de

tamanhos diferentes. Apresentou-se à criança frases de duas, três, quatro, cinco, seis e

sete palavras. Havia, no total, trinta frases elaboradas com vocabulário do cotidiano

infantil, sendo distribuídas em cinco frases para cada classificação de número de

palavras. Cada grupo de frases foi considerado como um nível de

dificuldade/complexidade dentro da tarefa e as frases foram apresentadas uma de cada

vez à criança de modo aleatório, havendo, no total, seis níveis de

dificuldade/complexidade nesta tarefa. A ordem dada foi “Eu vou dizer uma frase. Preste

atenção! FRASE (1ª VEZ). PEQUENA PAUSA. NOVAMENTE A FRASE (2ª vez). Agora,

diga quantas palavrinhas (ou quantas coisas) eu disse.” Permitiu-se que a criança

contasse nos dedinhos e incentivou-se aquelas que não sabiam contar a realizar o

tapping. O treino foi realizado com duas frases, uma de duas e uma de três palavras.

O realismo nominal (T2) consiste na confusão, por parte da criança, entre o

referente (a coisa) e o seu signo semiológico (o nome da coisa); é a dificuldade de

distanciamento do objeto, da realidade (BEZERRA,1982). Essa tarefa teve como objetivo


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analisar a habilidade em perceber a relação arbitrária entre a palavra e seu referente.

Apresentou-se à criança cinco pares de substantivos concretos que poderiam ou não

apresentar uma “relação de tamanho” com o seu referente. A ordem dada foi “Eu vou

dizer duas palavras. ESTÍMULO (1ª vez). PEQUENA PAUSA. ESTÍMULO (2ª vez). Qual é

a maior? Pense no tamanho da palavra e não no tamanho da coisa.” O treino foi realizado

com dois pares, um sem “relação de tamanho” entre o signo semiológico e o referente e

outro com essa relação.

A finalidade da tarefa de detecção de rimas (T3) foi avaliar a habilidade em

reconhecer similaridades fonológicas globais auditivamente. A tarefa consistiu em

apresentar à criança estímulos compostos de três palavras cada, com o seguinte

enunciado: “Eu vou dizer três palavras, duas rimam (ou combinam) e uma não. Qual

palavra não rima (ou não combina)?”. Primeiro, foram apresentados cinco itens de três

palavras dissílabas cada e depois cinco itens de três palavras trissílabas cada,

aumentando a dificuldade, considerando-se, desta forma, dois níveis crescentes de

dificuldade/complexidade na mesma tarefa. O treino foi realizado com um item de

palavras dissílabas e outro de palavras trissílabas. Além disso, também considerou-se

como corretas as respostas dadas com as duas palavras que rimavam, em vez de, como

era solicitado, com a palavra que não rimava.

Com a tarefa de síntese silábica (T4), pretendeu-se analisar a habilidade em

realizar a junção de sílabas isoladas para formar palavras. Essa habilidade foi avaliada

através de quinze palavras segmentadas oralmente: cinco dissílabas, cinco trissílabas e

cinco quadrissílabas (três níveis crescentes de dificuldade/complexidade). A ordem dada

para sua realização foi: “Vou falar como um robô. Adivinhe a palavra que o robô diz.” O

treino foi realizado com uma palavra dissílaba e outra trissílaba.


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A tarefa de segmentação silábica (T5) foi similar à anterior, porém as quinze

palavras, na mesma ordem e quantidade, foram apresentadas em fala normal, sem

segmentação. Nesta atividade, a ordem foi: “Agora você vai falar como um robô.” O

objetivo foi avaliar a habilidade em separar as unidades silábicas de palavras produzidas

oralmente. O treino foi realizado com uma palavra dissílaba e outra trissílaba.

A finalidade da atividade de detecção de sílabas (T6) foi verificar a habilidade em

perceber e localizar sílabas dentro de palavras orais. Utilizou-se quinze itens de três

palavras cada: cinco itens para detectar a sílaba inicial, cinco para a sílaba final e cinco

para a sílaba medial (três níveis crescentes de dificuldade/complexidade). A ordem de

apresentação seguiu a de aumento da dificuldade, ou seja, detecção de sílabas iniciais,

finais e, por último, mediais (VANDERVELDEN & SIEGEL, 1995). As ordens para a

execução da tarefa foram específicas para cada posição da sílaba a ser detectada. Para a

posição inicial: “Vou dizer três palavras. Duas começam com o mesmo pedacinho. Quais

são elas?” Para a posição final: “Vou dizer três palavras. Duas terminam com o mesmo

pedacinho. Quais são elas?” Para a posição medial: “Vou dizer três palavras. Duas têm o

mesmo pedacinho do meio. Quais são elas?” O treino foi realizado com palavras

apresentando as mesmas sílabas em cada posição a ser testada.

Na tarefa de reversão silábica (T7), desejou-se observar a habilidade em

segmentar, manipular e juntar sílabas de palavras apresentadas oralmente. A habilidade

em reversão silábica foi avaliada através de quinze palavras oralmente segmentadas em

sílabas de trás para frente: cinco dissílabas, cinco trissílabas e cinco quadrissílabas (três

níveis crescentes de dificuldade/complexidade). A ordem dada para sua realização foi:

“Vou dizer os pedacinhos das palavras de trás para frente. Tente colocar na ordem para
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adivinhar a palavra.” O treino foi realizado com uma palavra segmentada de trás para

frente dissílaba e outra trissílaba.

Na tarefa de exclusão fonêmica (T8), o objetivo foi avaliar a habilidade em excluir

um fonema de determinadas palavras, formando novas palavras. Foram apresentadas

quinze palavras: cinco para realizar a exclusão do fonema em posição inicial, cinco para o

final e cinco para o medial (VANDERVELDEN & SIEGEL, 1995), configurando três níveis

crescentes de dificuldade/complexidade. A ordem dada foi: “Se eu tirar o (FONEMA X) de

(PALAVRA Y), sobra o quê?”. O treino foi realizado com duas palavras para a exclusão do

fonema em posição inicial. Salienta-se que o treino foi realizado com exclusão de fonema

apenas em posição inicial em função de, nessa posição, existir maior número de palavras

que formam nova palavra do conhecimento da criança após a exclusão. Nas outras

posições, houve grande dificuldade em encontrar palavras que, após a exclusão

fonêmica, se mantivessem como palavras do cotidiano da criança. Exceções foram as

palavras LATA, para exclusão do fonema inicial, e CORTA, para exclusão do fonema

medial, que resultavam nas palavras ATA e COTA, cujo significado foi explicado à criança

após a mesma ter realizado a exclusão.

A atividade de detecção de fonemas (T9) teve como finalidade avaliar a habilidade

em perceber e localizar fonemas em palavras. Utilizou-se quinze itens de três palavras

cada: cinco itens para o fonema inicial, cinco para o fonema final e cinco para o fonema

medial (três níveis crescentes de dificuldade/complexidade). A ordem de apresentação

seguiu a de aumento da dificuldade, ou seja, detecção de fonemas iniciais, finais e, por

último, mediais (VANDERVELDEN & SIEGEL, 1995). As ordens para a execução da

tarefa foram específicas para cada posição do fonema a ser detectado. Para a posição

inicial: “Vou dizer três palavras. Duas começam com o mesmo sonzinho e uma não. Quais
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começam com o mesmo sonzinho?” Para a posição final: “Vou dizer três palavras. Duas

terminam com o mesmo sonzinho e uma não. Quais terminam com o mesmo sonzinho?”

Para a posição medial: “Vou dizer três palavras. Duas têm o mesmo sonzinho do meio e

uma não. Quais têm o mesmo sonzinho do meio?” O treino foi realizado com palavras

apresentando os mesmos fonemas em cada posição a ser testada.

O objetivo da tarefa de síntese fonêmica (T10) foi o de avaliar a habilidade em

juntar fonemas isolados para formar palavras. Essa habilidade foi avaliada através de

cinco palavras de três fonemas, cinco de quatro fonemas, cinco de cinco fonemas, cinco

de seis e cinco de sete fonemas (cinco níveis crescentes de dificuldade/complexidade). A

ordem dada para sua realização foi: “Vou falar como um robô. Tente adivinhar a

palavrinha que o robô diz.” O treino foi realizado com uma palavra segmentada de três

fonemas e outra de quatro.

A tarefa de segmentação fonêmica (T11) foi similar à anterior. No entanto, as vinte

e cinco palavras, na mesma ordem e quantidade, foram apresentadas em fala normal,

sem segmentação. Nessa atividade, a ordem foi: “Agora eu vou falar a palavrinha e você

vai dizê-la como um robô.” Pretendeu-se verificar a habilidade das crianças em separar as

unidades fonêmicas de palavras. O treino foi realizado com uma palavra de três fonemas

e outra de quatro.

A finalidade da tarefa de reversão fonêmica (T12) foi avaliar a habilidade em

segmentar palavras em fonemas, em manipular e juntar fonemas de palavras, além da

habilidade em modificar os valores fonético-fonológicos dos fonemas com base no

domínio do código alfabético (SCLIAR-CABRAL, 2000). Essa habilidade foi avaliada

através de dez palavras reversíveis em novas palavras. As primeiras cinco palavras

apresentavam dois (1 palavra) e três fonemas (4 palavras); as outras cinco apresentaram


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quatro (4 palavras) e cinco fonemas (1 palavra), configurando dois níveis de dificuldade. A

ordem dada para sua realização foi: “Vamos dizer as palavras de trás para frente para ver

no que dá?” As palavras- estímulo apresentadas como RÊS, RIAS e ROTA tiveram seu

significado explicado aos sujeitos antes dos mesmos realizarem a reversão. O treino foi

realizado com uma palavra de dois fonemas e outra de três fonemas.

Todo o protocolo foi aplicado oralmente e, para os itens de cada subtarefa, havia

duas tentativas de resposta, valendo 2 pontos a resposta correta na primeira tentativa, 1

ponto a resposta correta apenas na segunda tentativa ou zero, em caso de erro em

ambas as tentativas. Cada subtarefa foi suspensa após três erros consecutivos em ambas

as tentativas. Em cada tarefa, os escores foram computados segundo as subdivisões de

cada uma, com um máximo de 10 pontos para cada subtipo de tarefa, sem haver um

somatório dos escores dos subtipos de cada tarefa, em função de cada um deles

representar determinado nível de complexidade dentro da mesma tarefa.

Os escores brutos foram posteriormente convertidos em percentagens com o

objetivo de viabilizar o tratamento estatístico realizado pela análise de variância (ANOVA),

através do teste TUKEY HSD, que permitiu múltiplas comparações entre a variável

independente “idade” e a variável dependente “desempenho nas tarefas de consciência

fonológica”, calculando o nível de significância (p  0,05) entre o desempenho do total de

sujeitos de cada faixa etária em cada subtipo de tarefa de consciência fonológica.

3 RESULTADOS

Na tarefa de segmentação de frases de duas palavras (T1Duas pal.), a diferença

foi estatisticamente significativa entre a idade de 6 anos e as idades de 7 (.036) e 8 anos

(.029), mostrando que, a partir dos 7 anos (média: 8,22), ocorreu um aumento
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considerável de desempenho. Na segmentação de frases de três palavras (T1Três pal.),

houve significância apenas entre os 6 e os 8 anos (.015), mostrando que, nesse intervalo,

ocorreu um aumento marcante de desempenho. Na segmentação de frases de quatro

palavras (T1Quatro pal.), a diferença foi estatisticamente significativa entre a idade de 4 e

8 anos (.030) e entre 6 e 8 anos (.001), sugerindo que as crianças de 4 anos

apresentaram um nível de desempenho marcadamente inferior (média: 3,67),

principalmente em relação às de 8 anos e que, a partir dos 6 anos (média: 4,26), ocorreu

grande aumento de desempenho. Na segmentação de frases de cinco palavras (T1Cinco

pal.), obteve-se diferença significativa entre as idades de 4 (.028 e .001) e 6 anos (.045 e

.000) em relação aos 7 e 8 anos e entre a idade de 5 anos (.025) em relação à idade de 8

anos, mostrando um aumento abrupto do desempenho a partir dos 7 anos (média: 6,48).

Na segmentação de frases de seis palavras (T1Seis pal.), houve significância estatística

entre as idades de 4 (.000 e .000), 5 (.027 e .005) e 6 anos (.000 e .000) em relação às

idades de 7 e 8 anos, mostrando um aumento marcante do desempenho a partir dos 7

anos (média: 6,15). Na segmentação de frases de sete palavras (T1Sete pal.), observou-

se diferença significativa nas idades de 4 (.000), 5 (.003) e 6 anos (.000) em relação à

idade de 8 anos, mostrando marcada melhora do desempenho entre os 7 (média: 4,96) e

os 8 anos de idade (média: 7,63).

Na tarefa de realismo nominal (T2), a diferença foi estatisticamente significativa

entre os grupos de 4 (.004 e .003), 5 (.038 e .028) e 6 anos (.039 e .036) em relação aos

grupos de 7 e 8 anos, mostrando um aumento abrupto do desempenho a partir dos 7

anos de idade (média: 9,44).

Na tarefa de detecção de rimas em palavras dissílabas (T3Diss.), houve aumento

estatisticamente significativo na idade de 4 anos em relação às idades de 7 (.002) e 8


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anos (.003), sugerindo que, apesar de o desempenho aumentar progressivamente com a

idade, aos 4 anos ele é bastante inferior (média: 3,83), principalmente se comparado ao

das crianças de 7 (média: 8,67) e 8 anos de idade (média: 8,75). Na detecção de rimas

em palavras trissílabas (T3Triss.), ocorreu um padrão semelhante ao anterior no que se

refere ao aumento progressivo da média de acertos, conforme o aumento da idade.

Porém, com o aumento do número de sílabas nas palavras a serem analisadas, a

inferioridade do desempenho das crianças de 4 anos foi estatisticamente significativa em

relação ao desempenho das crianças de 6 (.014), 7 (.000) e 8 anos (.000).

Na síntese e segmentação silábicas com palavras dissílabas (T4 e T5Diss.),

trissílabas (T4 e T5Triss.) e quadrissílabas (T4 e T5Quadriss.), não ocorreu diferença

estatisticamente significativa entre o desempenho das crianças em nenhuma das tarefas

e idades pesquisadas. Na tarefa de síntese silábica, a menor média de acertos foi de 9,33

e, na tarefa de segmentação silábica foi de 9,22, mostrando ótimo desempenho para

todas as crianças avaliadas.

Na tarefa de detecção de sílabas em posição inicial (T6Inicial), houve diferença

estatisticamente significativa entre o desempenho das crianças de 4 anos em relação a

todas as outras faixas etárias, com exceção da faixa de 5 anos, sugerindo que, aos 4

anos, o desempenho é muito baixo (média: 3,33). Aos 5 anos, a diferença foi

estatisticamente significativa apenas em relação às idades de 7 (.014) e 8 anos (.003),

sugerindo que, até as faixas de 4 e 5 anos, o desempenho é relativamente baixo,

aumentando significativamente aos 6, 7 e 8 anos. Na detecção de sílaba em posição final

(T6Final), observou-se uma diferença estatisticamente significativa entre a idade de 4

anos e as demais faixas etárias (6 anos com .003, 7 e 8 anos com .000), com exceção

dos 5 anos; também ocorreu diferença estatisticamente significativa entre a idade de 5


AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 17
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

anos e a idade de 8 anos (.018). Esse resultado sugere que o desempenho aos 4 anos é

substancialmente baixo (média: 2,67), ocorrendo uma grande melhora a partir dos 5 anos

(média: 5,67).

Na tarefa de detecção de sílaba em posição medial (T6Medial), houve diferença

estatisticamente significativa entre a idade de 4 anos e as de 7 (.038) e 8 anos (.007),

indicando que, aos quatro anos, o desempenho nessa tarefa é baixo (média: 3.33),

apresentando aumento progressivo e significativo aos 7 (média: 7,04) e 8 anos (média:

8,06). Em todos os subtipos da tarefa de detecção silábica, ocorreu um padrão de

aumento crescente do desempenho das crianças testadas, conforme o aumento da idade.

Na tarefa de reversão silábica com palavras dissílabas (T7Diss.), houve diferença

estatisticamente significativa entre as idades de 4 e 5 anos e as demais (6 anos com .024

e .020, 7 anos com .001 e .000 e 8 anos com .000 e .000), mostrando um aumento

abrupto do desempenho a partir dos 6 anos (média de 5,48 contra 0,33 aos 4 anos e 1,00

aos 5 anos). Na reversão silábica com palavras trissílabas (T7Triss.), observou-se uma

diferença estatisticamente significativa no desempenho entre as idades de 4 (.004 e .000)

e 5 anos (.000 e .000) em relação às idades de 7 e 8 anos e entre os 6 (.009) e os 8 anos,

mostrando que nas idades de 4 e 5 anos o desempenho foi nulo (média em zero para

ambas as faixas etárias). Aos 8 anos (média: 7,06), o desempenho praticamente duplicou

em relação aos 6 anos (média: 3,44), mostrando que essa habilidade parece surgir em

torno dos 6 anos e que o desempenho aumenta marcadamente até os 8 anos.

Na tarefa de reversão silábica com palavras quadrissílabas (T7Quadriss.), a

diferença de desempenho foi estatisticamente significativa entre as idades de 4 (.003 e

.000), 5 (.001 e .000) e 6 anos (.022 e .000) em relação às idades de 7 e 8 anos,

evidenciando um aumento marcante do desempenho a partir dos 7 anos de idade com


AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 18
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

média de acertos de 4,74 contra 2,41 aos 6 anos. No entanto, aos 4 anos, a média de

acertos foi de zero e, aos 5 anos, de 0,22. Nos três subtipos de tarefas de reversão

silábica, foi evidente um aumento crescente do desempenho à medida que as faixas

etárias aumentaram. No entanto, observou-se que, de modo geral, as crianças com

idades entre 4 e 5 anos apresentaram um rendimento muito baixo ou nulo nesse tipo de

tarefa.

Na tarefa de exclusão fonêmica em posição inicial (T8Inicial), a diferença de

desempenho foi estatisticamente significativa entre as faixas etárias de 4 (.011 e .000) e 5

anos (.002 e .000) em relação às de 7 e 8 anos e entre a faixa de 6 (.002) e de 8 anos,

mostrando que aos 4 e 5 anos o desempenho nessa tarefa foi nulo (média em zero para

ambas as faixas etárias), aparecendo aos 6 anos (média: 3,37) e aumentando

significativamente na faixa dos 7 e 8 anos (média: 5,89 e 8,06 respectivamente). Nas

tarefas de exclusão fonêmica em posição final e medial (T8Final e T8Medial), houve

diferença estatisticamente significativa entre o desempenho das crianças com idades de 4

(.000 e .000 em posição final e medial), 5 (.000 e .000 em posição final e medial) e 6 anos

(.003 e .000 em posição final e .000 e.000 em posição medial) em relação ao

desempenho das crianças com idades de 7 e 8 anos, evidenciando um aumento marcante

do desempenho a partir dos 7 anos de idade (média de 7,37 para T8Final e de 7,41 para

T8Medial), sendo que aos 4 e 5 anos o desempenho nessas tarefas foi nulo (média em

zero para ambas as faixas etárias), aparecendo aos 6 anos (média de 3,67 para T8Final e

de 3,11 para T8Medial).

Em todos os subtipos da tarefa de exclusão fonêmica, observou-se aumento

progressivo da média de acertos conforme o aumento da idade. Porém, as crianças das

faixas etárias de 4 e 5 anos apresentaram um desempenho nulo, obtendo escore zero em


AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 19
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

todas as tarefas de exclusão fonêmica, mostrando falta de habilidade para esse tipo de

tarefa.

Na tarefa de detecção de fonemas em posição inicial (T9Inicial), houve diferença

de desempenho estatisticamente significativa entre as crianças de 4 anos em relação às

de 6 (.046), 7 (.001) e 8 anos (.000); entre as crianças de 5 em relação às de 7 (.48) e 8

anos (.011) e entre as crianças de 6 em relação às de 7 anos (.033), mostrando que

ocorreu um aumento considerável do desempenho aos 6 (média: 6,26), 7 (média: 8,07) e

8 anos (média: 9,00) em relação aos 4 (média: 2,50) e 5 anos (média: 4,89). Nas tarefas

de detecção de fonemas em posição final (T9Final) e medial (T9Medial), ocorreu uma

diferença de desempenho considerada estatisticamente significativa entre o desempenho

das crianças das faixas de 4 (.025 e .004 em posição final e .005 e .001 em posição

medial), 5 (.047 e .006 em posição final e .028 e .003 em posição medial) e 6 anos (.033 e

.003 em posição final e .010 e .001 em posição medial) em relação ao desempenho

daquelas das faixas de 7 e 8 anos, evidenciando o aumento marcante do desempenho

que ocorreu a partir dos 7 anos (média de 6,96 para T9Final e de 6,59 para T9Medial).

Nos três subtipos de tarefas de detecção de fonemas, houve um aumento progressivo do

desempenho, conforme o aumento da faixa etária.

Nas tarefas de síntese fonêmica com palavras de três (T10Três fon.), quatro

(T10Quatro fon.), cinco (T10Cinco fon.) e seis fonemas (T10Seis fon.), houve uma

diferença estatisticamente significativa entre o desempenho das crianças nas faixas de 4,

5 e 6 anos e o desempenho daquelas das faixas de 7 e 8 anos, evidenciando um aumento

marcante do desempenho a partir dos 7 anos (média de 7,07 para T10Três fon.; de 6,19

para T10Quatro fon.; de 4,48 para T10Cinco fon. e de 4,11 para T10Seis fon.). Na síntese

fonêmica com sete fonemas (T10Sete fon.), ocorreu diferença significativa entre o
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 20
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

desempenho dos sujeitos com idades de 4 (.014), 5 (.003) e 6 anos (.001) em relação ao

desempenho daqueles na faixa dos 8 anos (média: 4,06). Porém, mesmo aos 7 e 8 anos,

a média de acertos ainda foi baixa nesse subtipo da tarefa. Nos cinco subtipos da tarefa

de síntese fonêmica, houve um aumento progressivo da média de acertos, conforme o

aumento da idade. Dessas cinco tarefas, apenas a síntese fonêmica com palavras de três

fonemas (T10Três fon.) apresentou resultado na faixa de 5 anos com uma média de 0,22,

zerando na faixa dos 4 anos. Nos outros quatro subtipos da tarefa, as crianças de 4 e 5

anos não obtiveram qualquer pontuação.

Nas tarefas de segmentação fonêmica com palavras de três (T11Três fon.) e

quatro fonemas (T11Quatro fon.), ocorreu diferença estatisticamente significativa de

desempenho entre as crianças de 4 (.022 e .001 com três fonemas e .049 e .002 com

quatro fonemas) e 5 anos (.004 e .000 com três fonemas e .013 e .000 com quatro

fonemas) em relação às de 7 e 8 anos e entre as de 6 anos (.002 com três fonemas e

.005 com quatro fonemas) em relação às de 8 anos. Nas faixas etárias de 4 e 5 anos, as

crianças não obtiveram qualquer pontuação nessas tarefas, sendo que, aos 6 anos, a

média de acertos foi de 3,00 em ambas as tarefas, sugerindo a emergência dessa

habilidade aos 6 anos, aumentando progressivamente, marcadamente no período dos 7

(média de 5,44 com palavras de três fonemas e 5,22 com palavras de quatro fonemas)

aos 8 anos (média de 7,69 com palavras de três e quatro fonemas).

Na tarefa de segmentação fonêmica com palavras de cinco fonemas (T11Cinco

fon.), houve diferença estatisticamente significativa entre o desempenho das crianças de

4 (.006), 5 (.001) e 6 anos (.024) em relação às de 8 anos, além disso a diferença também

foi significativa entre o desempenho aos 5 anos (.048) em relação ao de 7 anos. No

entanto, as crianças das faixas de 4 e 5 anos zeraram a tarefa, ocorrendo desempenho


AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 21
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

positivo apenas aos 6 anos (média: 2,93), sugerindo-se que essa habilidade emerja aos 6

anos, aumentando progressivamente, marcadamente no período dos 7 (média: 4,33) aos

8 anos (média: 6,81).

Nas tarefas de segmentação fonêmica com palavras de seis (T11Seis fon.) e sete

fonemas (T11Sete fon.), obteve-se diferença estatisticamente significativa entre o

desempenho nas faixas etárias de 4 (.005 com seis fonemas e .006 com sete fonemas), 5

(.001 com seis fonemas e .001 com sete fonemas) e 6 anos (.008 com seis fonemas e

.007 com sete fonemas) em relação à faixa de 8 anos. Como as crianças de 4 e 5 anos

não conseguiram responder a esses subtipos da tarefa e zeraram a pontuação, observou-

se o mesmo padrão de aumento progressivo da habilidade que ocorreu na síntese

fonêmica com emergência aos 6 anos (média de 2,52 com palavras de seis fonemas e

2,37 com palavras de sete fonemas) e marcado desenvolvimento aos 7 (média de 4,07

com palavras de seis fonemas e 4,11 com palavras de sete fonemas) e 8 anos (média de

6,75 com palavras de seis e sete fonemas).

Na tarefa de reversão fonêmica com palavras de dois e três fonemas (T12Dois e

três fon.), ocorreu diferença estatisticamente significativa entre o desempenho das

crianças de 4 (.010 e .002), 5 (.002 e .000) e 6 anos (.003 e .001) em relação ao

desempenho das crianças de 7 e 8 anos. Porém, as crianças de 4 e 5 anos zeraram a

terefa, sugerindo que essa habilidade emerja aos 6 anos (média: 1,56), apresentando um

aumento progressivo que é significativo aos 7 (média: 4,74) e 8 anos (média: 5,75). Na

reversão fonêmica com palavras de quatro e cinco fonemas (T12Quatro e cinco fon.),

houve diferença estatisticamente significativa entre as faixas de 5 (.034) e 6 anos (.011)

em relação à faixa de 8 anos. Como aos 4 e 5 anos as crianças não responderam à

tarefa, sugere-se a emergência, ainda incipiente, dessa habilidade aos 6 anos (média:
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 22
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

0,37) com aumento progresivo e significativo aos 8 anos (média: 2,69), mas ainda muito

abaixo de 5,00, evidenciando dificuldade nesse subtipo da tarefa para todas as faixas

etárias.

Dos dados descritos até este ponto, depreendeu-se que os sujeitos apresentaram

resultados de desempenho, na maior parte das tarefas, com diferença significativa entre

os 4, 5 e/ou 6 e os 7 e/ou 8 anos de idade, praticamente havendo um “divisor de águas”

entre as faixas etárias de 4, 5 e 6 e as faixas de 7 e 8 anos.

4 DISCUSSÃO

Os resultados deste trabalho mostraram que apenas aos 7 e 8 anos as crianças

conseguiram obter êxito na segmentação de frases com mais de quatro palavras. De

forma geral, houve diferença estatisticamente significativa para todos os subtipos de T1

aos 7 e/ou 8 anos. Esses resultados são comparáveis aos de BEZERRA (1982) ao

observar que, dos 4 aos 6 anos de idade, a maioria das crianças não conseguiu

segmentar frases em palavras, sendo a tarefa totalmente realizável a partir dos 7 anos de

idade.

Consoante TUNMER et al. (1983), a segmentação de palavras na fala não é

influenciada por bases físicas, uma vez que a avaliação espectrográfica revela que as

palavras não são separadas por pausas ou outros limites óbvios. Geralmente não existem

“espaços” entre sucessivas palavras faladas como ocorre num texto impresso e, por isso,

crianças de 6 a 7 anos apresentam dificuldades em segmentar sentenças com significado

em suas palavras componentes.

Os resultados encontrados neste trabalho confirmam parcialmente a afirmação dos

autores, na medida em que o desempenho nessa tarefa foi considerado adequado com
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 23
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

sentenças de poucas palavras dos 4 aos 6 anos, aumentando o número de palavras a

partir dos 7 anos. É possível que as crianças mais novas tenham se apoiado nas palavras

de conteúdo para realizar a segmentação de sentenças, uma vez que o instrumento de

avaliação foi composto por sentenças gramaticais simples (sem orações encaixadas, por

exemplo), com vocabulário adequado à idade e com o mínimo de palavras de função

(TUNMER et al., 1983).

A tarefa de realismo nominal (T2) foi realizada com êxito pelas crianças de todas as

faixas etárias pesquisadas, havendo, no entanto, diferença estatisticamente significativa

aos 7 e 8 anos. Esse resultado diverge dos encontrados por BEZERRA (1982), quando o

grupo de 4 a 6 anos fracassou, confundindo o referente com o signo semiológico, e

somente a partir dos 7 anos as crianças conseguiram realizar corretamente a tarefa,

parecendo haver inluência do aprendizado do código alfabético na habilidade em

dissociar o signo semiológico de seu referente. Neste trabalho, apesar da significância

estatística ser evidente aos 7 e 8 anos, as crianças de todas as faixas etárias

pesquisadas obtiveram êxito na tarefa, o que pode estar relacionado à diferença sócio-

econômica das amostras e temporal das pesquisas, além da presença de treino prévio

para a tarefa. MORAIS et al. (1998) afirmam que a noção de tamanho do signo

semiológico, independentemente da semântica associada a ele ou de seu referente,

configura uma forma holística de consciência fonológica de vital importância durante a

aquisição da linguagem, isto é, uma forma de consiência fonológica que é característica

da primeira infância, o que corrobora os resultados positivos obtidos para todas as faixas

de idade pesquisadas, incluindo as de 4 e 5 anos.

A tarefa de detecção de rimas (T3) foi realizada com êxito em todas as faixas

etárias, com dissílabos e trissílabos, com exceção da faixa de 4 anos, na qual o


AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 24
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

desempenho foi marcadamente inferior, com significância estatística aos 6, 7 e 8 anos.

Esse resultado está de acordo com TREIMAN & ZUKOWSKI (1991) ao afirmarem que

algumas crianças de 3 e 4 anos de idade apresentam sensibilidade para rimas, mas que

essa habilidade só é bem desenvolvida em crianças pré-escolares. Segundo MORAIS

(1991), crianças pré-alfabetizadas e adultos analfabetos podem obter sucesso em tarefas

que envolvem detecção e produção de rimas, por meio da utilização de estratégias não-

segmentais (forma holística de consciência fonológica). Neste estudo, as crianças de 4

anos talvez tenham se apoiado em estratégias supra-segmentais para resolver a tarefa.

Porém, seu desempenho foi muito baixo, provavelmente devido ao fato de possuírem

conhecimento de mundo e lingüístico insuficientes para, juntamente com as pistas supra-

segmentais, resolver a tarefa. Por outro ângulo, sua pontuação, ainda que mínima, pode

ter sido possível exatamente por se utilizarem daquelas estratégias.

Nas tarefas de síntese (T4) e segmentação silábica (T5), as crianças de todas as

faixas etárias pesquisadas obtiveram êxito com predomínio de médias de acertos muito

altas, não ocorrendo diferenças estatisticamente significativas. Esses resultados estão de

acordo com várias pesquisas já realizadas como a de GOLDSTEIN (1976) ao mostrar

que, aos 4 anos de idade, o desempenho foi melhor com a segmentação e síntese

silábicas do que com segmentação e síntese fonêmicas e, de modo geral, com a síntese

do que com a segmentação. Aproximadamente 53% das crianças estudadas por

BEZERRA (1982) apresentaram, até os 6 anos, sucesso com a tarefa de segmentação

silábica, subindo para 100% a partir dos 7 anos.

DURGUNOGLU et al. (1993) observaram que a maioria das crianças de 7 anos de

sua amostra (31 crianças de ambos os sexos) realizou com sucesso as tarefas de síntese

e segmentação silábicas e com maior facilidade do que as tarefas de síntese e


AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 25
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

segmentação fonêmicas. CAPOVILLA & CAPOVILLA (1998) observaram que a tarefa de

síntese silábica apresentou o maior escore médio, seguida pela tarefa de segmentação

silábica com crianças de pré-escola até segunda série do ensino fundamental. Todas as

crianças brasileiras, de primeira e segunda séries, avaliadas por SALLES (1999)

obtiveram melhor desempenho em síntese silábica, dentre todas as tarefas de

consciência fonológica aplicadas. Conforme McLURE et al. (1996), o desempenho das

crianças nas tarefas de síntese melhora com a escolaridade e, em seu estudo, para todas

as crianças, a segmentação de palavras em sílabas foi mais fácil do que em fonemas.

Os resultados do presente trabalho estão de acordo com as afirmações de GÖNCZ

(1990), TREIMAN & ZUKOWSKI (1991), KLEIN et al. (1991), NUNES et al. (1992) e

ALEGRIA et al. (1999) de que a habilidade em análise silábica já existe aos quatro anos

de idade, antes do aprendizado do código alfabético e das habilidades em consciência

fonêmica, aumentando com a idade. ZIFCAK (1981), VAN KLEECK (1982) e DUNCAN et

al. (1997) sugerem como possível explicação para a consciência silábica se desenvolver

antes da consciência fonêmica o fato de a sílaba conter um núcleo vocálico, usualmente

caracterizado por um pico de energia acústica que atua como pista auditiva (maior

saliência perceptual) para facilitar a localização dos segmentos silábicos pela criança ou

pelo iletrado, favorecendo a existência da consciência silábica já na faixa de 4 anos de

idade.

Quanto à tarefa de detecção de sílabas (T6), as crianças da faixa dos 4 anos não

obtiveram êxito em nenhuma das posições testadas. As crianças das faixas de 5, 6, 7 e 8

anos realizaram a tarefa com êxito em todas as posições, evidenciando maior facilidade

com a posição inicial, seguida da posição final e, por último da posição medial. Apenas a

faixa dos 5 anos evidenciou maior facilidade com a posição final, seguida pela inicial e,
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 26
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

por último, pela medial. Os resultados de BEZERRA (1982) mostraram que, até os 5

anos, as respostas foram nulas para todas as posições; aos 6 anos houve maior

facilidade na posição medial, depois na final e, por último, na inicial; a partir dos 7 anos,

houve 100% de sucesso em todas as posições. Os resultados do presente trabalho são

divergentes daqueles obtidos por BEZERRA.

VANDERVELDEN & SIEGEL (1995) e STANOVICH et al. (1984) apud McLURE et

al. (1996), afirmam que o desenvolvimento da segmentação de palavras em fonemas se

dá num continuum primeiro para a posição inicial da palavra, depois para a final e, por

último, para a medial. Os resultados deste trabalho mostraram essa seqüência para a

habilidade em detecção silábica a partir dos 6 anos de idade. Aos 5 anos, o fato de a

sílaba em posição final ser mais fácil poderia ser relacionado à utilização de pistas

fonéticas, como duração e intensidade dos fonemas componentes da sílaba, para auxiliar

a detecção, podendo caracterizar uma forma holística de consciência fonológica

(MORAIS, 1991), relacionada às analogias utilizadas na detecção de rimas (CARDOSO-

MARTINS, 1995).

Na tarefa de reversão silábica (T7), de forma geral, as crianças de 4 e 5 anos

apresentaram um desempenho praticamente nulo. A partir dos 6 anos, o desempenho

melhorou significativamente, mas ainda abaixo da média com palavras trissílabas, sendo

considerado desempenho com êxito apenas o da reversão silábica com dissílabos. No

entanto, nas faixas de 7 e 8 anos de idade, houve êxito na tarefa de reversão silábica com

palavras dissílabas, trissílabas e quadrissílabas.

Observou-se maior facilidade com dissílabos, trissílabos e, por último, com

quadrissílabos. Essa seqüência de facilidade provavelmente esteja relacionada à

capacidade de memória e atenção – quanto menor o número de segmentos a serem


AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 27
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

manejados, mais rápido é o processo e menos esforço atencional é dispendido, tornando

a tarefa mais fácil. A aquisição do código alfabético é outro fator relevante para a melhora

do desempenho ao tornar as unidades da fala mais “concretas” para a criança. Conforme

McLURE et al. (1996), à medida que as crianças avançam em idade e escolaridade, sua

velocidade de processamento aumenta e elas desenvolvem melhores estratégias de

memória, sendo possível que uma tarefa se torne mais dependente da memória quando

existem muitas unidades a serem manipuladas. Esses resultados estão de acordo com os

do estudo de ALEGRIA et al. (1982), no qual a maioria das crianças de 6 anos testadas

realizou com sucesso a reversão silábica.

Nas tarefas de apagamento ou exclusão fonêmica em posição inicial (T8Inicial),

final (T8Final) e medial (T8Medial), o desempenho das crianças das faixas de 4 e 5 anos

foi nulo e o daquelas da faixa de 6 anos ficou abaixo da média, sendo significativo e

considerado com êxito apenas nas faixas de 7 e 8 anos de idade. Segundo MORAIS

(1991), embora o apagamento de fonemas seja muito difícil para pré-escolares, é possível

que eles façam uso de uma estratégia não-segmental que consiste na identificação do

primeiro núcleo vocálico da palavra como base para organizar a resposta. Essa estratégia

requer isolamento da rime, mas não necessita representação da consoante inicial (forma

holística de consciência fonológica), sendo, provavelmente o que ocorreu com as crianças

de seis anos deste trabalho. Conforme LANDERL et al. (1996), na idade de cinco anos,

uma criança ainda não apresenta um desempenho satisfatório na tarefa de apagar

fonemas e os resultados do presente trabalho corroboram essa afirmação.

Quanto às tarefas de detecção de fonema em posição inicial (T9Inicial), final

(T9Final) e medial (T9Medial), ocorreu um aumento considerável e significativo do

desempenho aos 6, 7 e 8 anos em relação aos 4 e 5 anos. Aos 5 anos, as crianças


AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 28
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

obtiveram êxito apenas com a detecção de fonema em posição inicial; aos 6 anos,

obtiveram êxito com a detecção em posição inicial e final e, aos 7 e 8 anos, em todas as

posições. Essa seqüência está de acordo com os resultados de KIRTLEY et al (1989) de

que crianças pré-escolares e de primeira e segunda séries realizam com maior sucesso a

detecção do fonema inicial do que o fonema final de uma palavra. TREIMAN (1992) apud

McLURE et al. (1996) reforça esses achados afirmando que as crianças pequenas

possuem maior facilidade para detectar o fonema inicial do que o fonema final de um

monossílabo. Provavelmente isso ocorre porque o fonema inicial constitui o onset da

sílaba e talvez apresente maior saliência perceptual em relação às demais posições. Os

resultados deste trabalho também se assemelharam aos de BEZERRA (1982) que

analisou o desempenho de crianças em detecção de fonemas apenas em posição inicial e

final e observou que, até os 5 anos de idade, o desempenho foi nulo, atingindo quase

50% de sucesso aos 6 anos e chegando a 100% de sucesso aos 8 anos, para ambas as

posições.

VANDERVELDEN & SIEGEL (1995) e STANOVICH et al. (1984) apud McLURE et

al. (1996) afirmam que o desenvolvimento da segmentação de palavras em fonemas se

dá num continuum primeiro para a posição inicial da palavra, depois para a final e, por

último, para a medial. Os resultados deste trabalho mostraram essa seqüência para a

habilidade em detecção silábica (T6) a partir dos 6 anos de idade e também para a

habilidade em detecção fonêmica (T9) a partir dos 5 anos de idade, estando o

desempenho aos 4 anos muito abaixo da média nesta tarefa. DUNCAN et al. (1997)

afirmam que essa habilidade pode ser vista como uma tarefa de consciência fonêmica

explícita, uma vez que requer o isolamento do segmento compartilhado por duas palavras

faladas, podendo ser considerada como um tipo de habilidade em segmentação fonêmica.


AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 29
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

Porém, para MORAIS (1991), a detecção de fonemas pode ser realizada na

ausência de consciência fonêmica devido ao fato de pistas fonéticas como duração e

intensidade do fonema auxiliarem a detecção, podendo ser considerada uma forma

holística de consciência fonológica, como pode ocorrer com a detecção silábica. Assim, o

sujeito pode ser sensível às características fonéticas de determinado fonema sem

conseguir representá-lo e manipulá-lo conscientemente. Nesta visão, a tarefa de detecção

de fonemas não seria a mais adequada para avaliar a habilidade em consciência

fonêmica. Neste trabalho, as crianças de 5 anos obtiveram êxito apenas com a detecção

de fonema em posição inicial e, apesar das crianças da faixa dos 4 anos não terem obtido

êxito nessa tarefa, seu desempenho não foi nulo, sugerindo que a realização dessa tarefa

realmente possa ocorrer na ausência de habilidade em consciência fonêmica1,

constituindo uma tarefa de consciência fonológica holística.

Na tarefa de síntese fonêmica (T10) com três, quatro, cinco, seis e sete fonemas, o

desempenho das crianças da faixa de 4 anos de idade foi considerado nulo, evidenciando

inabilidade nessa tarefa e a possibilidade remota de sua emergência iniciar aos 5 anos

com palavras mais simples de poucos fonemas (média de acertos de 0,22 ). Aos 6 anos,

o desempenho em todos os subtipos dessa tarefa resultou muito abaixo da média.

Apenas aos 7 e 8 anos de idade as crianças obtiveram êxito na tarefa, com exceção da

síntese fonêmica com sete fonemas (T10Sete fon.), provavelmente em função da maior

demanda atencional e de memória que esse subtipo exigiu. A significância estatística foi

predominante aos 7 e/ou 8 anos, sugerindo que, quanto mais velha é a criança e maior

seu domínio do código alfabético, maior é a sua habilidade em síntese fonêmica.

1
Compare os resultados dessa tarefa (T9) com aqueles de T8, T10, T11 e T12, que necessitam de habilidade em consciência fonêmica , nas idades de
4 e 5 anos.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 30
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

Na tarefa de segmentação ou análise fonêmica (T11), todas as crianças de 4 e 5

anos não obtiveram qualquer pontuação. Aos 6 anos, as médias de acertos foram muito

baixas, sugerindo a emergência da habilidade em análise fonêmica nessa idade. O

desempenho foi considerado como exitoso e significativo apenas aos 7 anos, com

palavras de três, quatro e cinco fonemas, provavelmente pela demanda atencional e de

memória, e aos 8 anos em todos os subtipos da tarefa. Salienta-se que, de modo geral, a

significância estatística foi evidente aos 7 e 8 anos, sugerindo que, quanto mais velha é a

criança e maior seu domínio do código alfabético, maior é a sua habilidade em

segmentação fonêmica.

Tais resultados encontram suporte na afirmação de GOMES & CASTRO (1997) de

que crianças pré-alfabetizadas e adultos analfabetos têm uma consciência limitada da fala

como uma seqüência de fones, ocorrendo dificuldade ou impossibilidade de desempenhar

tarefas envolvendo habilidades em síntese e segmentação fonêmica. Os resultados das

tarefas de síntese e segmentação fonêmica do presente trabalho estão de acordo com as

afirmações de ZIFCAK (1981) ao enfatizar que quase nenhuma criança de pré-escola

consegue segmentar palavras em fonemas, mas, com o aumento da idade, passam a

realizar essa tarefa com sucesso. SALLES (1999), ao avaliar o desempenho de crianças

brasileiras de pré-escola, primeira e segunda séries do ensino fundamental em tarefas de

consciência fonológica, concluiu que, para todas as crianças testadas, houve dificuldade

em sintetizar fonemas em palavras e que a segmentação de palavras em fonemas foi a

tarefa mais difícil.

No entanto, GOLDSTEIN (1976), pesquisando 27 crianças de 4 anos de idade,

observou que 35,5% das crianças conseguiu realizar tarefas de síntese fonêmica e

apenas 25,5% conseguiu realizar tarefas de segmentação fonêmica. TUNMER et al.


AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 31
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

(1988) pesquisaram o desempenho em segmentação fonêmica de 118 crianças na faixa

dos 5 anos de idade e mostraram que 42,5% delas obteve sucesso na tarefa. BALL &

BLACHMAN (1991) pesquisaram 89 crianças, também na faixa etária dos 5 anos, quanto

ao seu desempenho em segmentação fonêmica, encontrando um resultado semelhante

ao dos autores anteriores: 41,8% de sucesso na tarefa.

Ocorreu uma discrepância dos resultados deste estudo e dos estudos de ZIFCAK

(1981), GOMES & CASTRO (1997) e SALLES (1999) em relação aos trabalhos de

GOLDSTEIN (1976), TUNMER et al. (1988) e BALL & BLACHMAN (1991) a respeito dos

resultados obtidos para as faixas pré-escolares de 4 e 5 anos. Essa diferença pode ser

devida ao desenho das testagens de cada estudo. No entanto, observou-se que, apesar

da discrepância, os resultados positivos para 4 e 5 anos apresentaram-se abaixo de 50%,

podendo sugerir que, aos 4 e 5 anos, o desempenho é incipiente em crianças que foram

expostas precocemente às correspondências grafo-fonológicas ou, de alguma forma, à

instrução formal nessas habilidades, o que parece não ter ocorrido no presente trabalho.

Os resultados deste estudo mostram que a realização das tarefas de síntese e

segmentação fonêmica, além do amadurecimento bio-cognitivo da criança, que engloba a

capacidade de memória e atenção, parece sofrer influência da aquisição do código

alfabético, uma vez que as idades de 7 e 8 anos2 correspondem à época de alfabetização

e de maior domínio das correspondências grafo-fonológicas e de noções matemáticas

que poderiam auxiliar esses tipos de processamento fonêmico.

Consoante GÖNCZ (1990), TREIMAN & ZUKOWSKI (1991), KLEIN et al. (1991),

NUNES et al. (1992), MORAIS (1991), VANDERVELDEN & SIEGEL (1995), GREANEY &

TUNMER (1996), McLURE et al. (1996), DUNCAN et al. (1997), STACKHOUSE (1997),

2
Faixas nas quais ocorreu significância estatística e êxito nas tarefas de síntese e segmentação fonêmica.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 32
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

MORAIS et al. (1998) e ALEGRIA et al. (1999), a habilidade em análise fonêmica

desenvolve-se devido à alfabetização, em torno dos seis ou sete anos de idade, em

função do conhecimento sobre as correspondências grafo-fonológicas tornar-se mais

detalhado e sofisticado no decorrer do processo de aprendizado da leitura, habilitando as

crianças a manipular fonemas. Provavelmente essa afirmação seja válida também para a

habilidade em síntese fonêmica.

ZIFCAK (1981) apresenta opinião semelhante quando afirma que a segmentação

de palavras em fonemas é uma tarefa difícil para crianças jovens, não alfabetizadas, uma

vez que elas ouvem as palavras como uma unidade acústica inteira. BRADLEY &

BRYANT (1991) concordam com a dificuldade, principalmente de pré-escolares, em

segmentar palavras e sílabas em fonemas. O fato de as crianças deste estudo terem

apresentado maior dificuldade na síntese e na segmentação de palavras com maior

número de fonemas, está de acordo com os resultados de TREIMAN & WEATHERSTON

(1992) de que o comprimento de uma palavra pode influenciar os escores dessas

habilidades. SALLES (1999) concorda com essa visão, sugerindo que esse tipo de tarefa

se torna mais dependente da memória, conforme o número de unidades a serem

processadas.

Segundo TORGESEN et al. (1992), as habilidades que envolvem síntese fonêmica

são mais fáceis do que aquelas que envolvem segmentação fonêmica. No presente

estudo, as crianças da faixa de 7 anos de idade lograram êxito com quatro dos cinco

subtipos da tarefa de síntese fonêmica e com três dos cinco subtipos da tarefa de

segmentação fonêmica, sugerindo discreta dificuldade com a tarefa de segmentação

fonêmica. Aos 8 anos, todos os subtipos das tarefas de síntese (com exceção de subtipo

com sete fonemas) e de segmentação fonêmica foram realizados com êxito, isto é, com
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 33
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

predomínio de sujeitos com escores acima de 5,003, sem diferenças entre as habilidades

em síntese e segmentação fonêmica.

Na tarefa de reversão fonêmica com palavras de dois e três fonemas (T12Dois e

três fon.), as crianças de 4 e 5 anos de idade zeraram a pontuação, as de 6 anos

apresentaram respostas incipientes, sugerindo a emergência da habilidade nessa faixa

etária, e as de 7 e 8 anos realizaram a tarefa com êxito, havendo significância estatística

nessas faixas de idade. No subtipo de reversão fonêmica com palavras de quatro e cinco

fonemas (T12Quatro e cinco fon.), ocorreu o mesmo padrão do subtipo anterior, mas não

houve êxito na realização da tarefa em nenhuma das faixas de idade pesquisadas,

provavelmente em função da demanda atencional e de memória que ocorreu nesse

subtipo da tarefa. Esses resultados divergem dos de ALEGRIA et al. (1982) que

encontraram 73,7% de sucesso na tarefa de reversão fonêmica em crianças de 6 anos de

idade, em alfabetização. Uma explicação plausível para essa diferença estaria

relacionada ao fato de a maioria das crianças de 6 anos, sujeitos do presente trabalho,

ainda não serem alfabetizadas e, uma vez que a tarefa de reversão fonêmica deste

trabalho requeria, além da consciência fonêmica, o domínio sobre alguns princípios do

código alfabético do português para permitir a modificação dos valores fonético-

fonológicos das unidades, foi evidente o baixo nível de desempenho obtido pelas crianças

que não dominavam o código alfabético. Segundo MORAIS (1991), talvez a reversão

fonêmica seja uma das tarefas mais dependentes da consciência fonêmica, uma vez que

exige o isolamento e a manipulação de cada fonema da palavra para que sua ordem

possa ser modificada.

3
Metade da pontuação máxima em cada subtipo de cada tarefa de consciência fonológica aplicada à amostra deste trabalho.
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 34
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

A maior parte das tarefas apresentou resultados do desempenho com diferença

significativa entre os 4, 5 e/ou 6 e os 7 e/ou 8 anos de idade, formando dois grupos com

diferença marcada de desempenho entre si. Esse fato pode ser relacionado ao

amadurecimento cerebral das áreas de associação, cujos picos ocorrem em torno dos 6

ou 7 anos de idade e na adolescência (VYGOTSKY, 1993), permitindo a melhora do

desempenho relativo a determinados processos cerebrais como a linguagem, e à

aquisição do código alfabético que permite às crianças representar a fala em unidades

graças às correspondências grafo-fonológicas.

Para STHAL & MURRAY (1994), certos níveis de consciência fonológica precedem

o aprendizado da leitura, enquanto níveis mais avançados podem ser resultantes do

aprendizado da mesma. Na presente pesquisa, observou-se que, antes da aquisição da

leitura e da escrita, existiam algumas habilidades em consciência fonológica como as

habilidades em consciência de palavras, rimas e sílabas. Além da alfabetização, McLURE

et al. (1996) afirmam que, à medida que as crianças ficam mais velhas e mais instruídas,

sua velocidade de processamento pode aumentar e elas podem desenvolver melhores

estratégias para manejar a memória de trabalho, faciliando o desempenho em tarefas

mais complexas, como o que ocorreu neste trabalho com o número de tarefas realizadas

por faixa etária e com o aumento do número de unidades a serem manipuladas pelos

sujeitos.

5 CONCLUSÕES

A seqüência e o tipo de tarefas de consciência fonológica propostas (Protocolo de

Tarefas de Consciência Fonológica) baseou-se num determinado nível de desempenho


AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 35
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

da amostra testada e não propõe níveis de competência, mas de desempenho em uma

faixa de idade x, em uma situação de testagem y.

1. Na faixa etária de 4 anos, realizou-se com êxito as tarefas de consciência fonológica

de segmentação de frases de duas palavras (T1Duas pal.); realismo nominal (T2);

síntese e segmentação silábica com palavras dissílabas (T4 e T5Diss.), trissílabas (T4

e T5Triss.) e quadrissílabas (T4 e T5Quadriss.).

2. Aos 5 anos de idade, realizou-se com êxito as tarefas de segmentação de frases de

duas (T1Duas pal.), três (T1Três pal.) e quatro palavras (T1Quatro pal.); realismo

nominal (T2); detecção de rimas em palavras dissílabas (T3Diss.) e trissílabas

(T3Triss.); síntese e segmentação silábica com palavras dissílabas (T4 e T5Diss.),

trissílabas (T4 e T5Triss.) e quadrissílabas (T4 e T5Quadriss.); detecção de sílabas

em posição inicial (T6Inicial), final (T6Final) e medial (T6Medial) e detecção de

fonemas em posição inicial (T9Inicial).

3. Aos 6 anos de idade, as tarefas realizadas com êxito foram as de segmentação de

frases de duas (T1Duas pal.); realismo nominal (T2); detecção de rimas em palavras

dissílabas (T3Diss.) e trissílabas (T3Triss.); síntese e segmentação silábica com

palavras dissílabas (T4 e T5Diss.), trissílabas (T4 e T5Triss.) e quadrissílabas (T4 e

T5Quadriss.); detecção de sílabas em posição inicial (T6Inicial), final (T6Final) e

medial (T6Medial); reversão silábica com palavras dissílabas (T7Diss.) e detecção de

fonemas em posição inicial (T9Inicial) e final (T9Final).

4. Com 7 anos de idade, as tarefas realizadas com êxito foram as de segmentação de

frases de duas (T1Duas pal.), três (T1Três pal.), quatro (T1Quatro pal.), cinco

(T1Cinco pal.), seis (T1Seis pal.) e sete palavras (T1Sete pal.); realismo nominal (T2);

detecção de rimas em palavras dissílabas (T3Diss.) e trissílabas (T3Triss.); síntese e


AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 36
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

segmentação silábica com palavras dissílabas (T4 e T5Diss.), trissílabas (T4 e

T5Triss.) e quadrissílabas (T4 e T5Quadriss.); detecção de sílabas em posição inicial

(T6Inicial), final (T6Final) e medial (T6Medial); reversão silábica com palavras

dissílabas (T7Diss.), trissílabas (T7Triss.) e quadrissílabas (T7Quadriss.); exclusão

fonêmica em posição inicial (T8Inicial), final (T8Final) e medial (T8Medial); detecção

de fonemas em posição inicial (T9Inicial), final (T9Final) e medial (T9Medial); síntese

fonêmica com palavras de três (T10Três fon.), quatro (T10Quatro fon.), cinco

(T10Cinco fon.) e seis fonemas (T10Seis fon.); segmentação fonêmica com palavras

de três (T11Três fon.), quatro (T11Quatro fon.) e cinco fonemas (T11Cinco fon.) e

reversão fonêmica com dois e três fonemas (T12Dois e três fon.).

5. Aos 8 anos, as tarefas realizadas com êxito foram as de segmentação de frases de

duas (T1Duas pal.), três (T1Três pal.), quatro (T1Quatro pal.), cinco (T1Cinco pal.),

seis (T1Seis pal.) e sete palavras (T1Sete pal.); realismo nominal (T2); detecção de

rimas em palavras dissílabas (T3Diss.) e trissílabas (T3Triss.); síntese e segmentação

silábica com palavras dissílabas (T4 e T5Diss.), trissílabas (T4 e T5Triss.) e

quadrissílabas (T4 e T5Quadriss.); detecção de sílabas em posição inicial (T6Inicial),

final (T6Final) e medial (T6Medial); reversão silábica com palavras dissílabas

(T7Diss.), trissílabas (T7Triss.) e quadrissílabas (T7Quadriss.); exclusão fonêmica em

posição inicial (T8Inicial), final (T8Final) e medial (T8Medial); detecção de fonemas em

posição inicial (T9Inicial), final (T9Final) e medial (T9Medial); síntese fonêmica com

três (T10Três fon.), quatro (T10Quatro fon.), cinco (T10Cinco fon.) e seis fonemas

(T10Seis fon.); segmentação fonêmica com palavras de três (T11Três fon.), quatro

(T11Quatro fon.), cinco (T11Cinco fon.), seis (T11Seis fon.) e sete fonemas (T11Sete

fon.) e reversão fonêmica com palavras de dois e três fonemas (T12Dois e três fon.).
AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 37
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

No entanto, considerando-se as dificuldades metodológicas de se avaliar a

competência de um ser humano em determinada área, a intenção deste trabalho foi de

auxiliar o preenchimento de lacunas relativas à avaliação das habilidades em consciência

fonológica, principalmente dentro da Fonoaudiologia, dada a escassa literatura brasileira a

respeito, almejando-se a repercussão sobre os tipos de avaliação e de intervenção

terapêuticas, sobre o monitoramento dos resultados dessas intervenções, sobre a criação

de programas de estimulação e de planejamentos de reabilitação tanto de linguagem oral

quanto de escrita, conforme a faixa etária da(s) criança(s) e/ou adulto(s) sob a

responsabilidade clínico-científica do terapeuta.

Essa intenção baseou-se nos argumentos a favor do papel desempenhado pelas

habilidades em consciência fonológica no desenvolvimento escolar, da importância de sua

avaliação para intervenção precoce ou reabilitativa junto às crianças e na carência de

dados e de protocolos nacionais que pudessem servir de guia numa avaliação de

habilidades em consciência fonológica.

A detecção de fonemas pareceu não necessitar de consciência fonêmica,

caracterizando-se como uma forma holística de consciência fonológica, conforme

MORAIS (1991); as tarefas com subtipos que envolveram maior número de elementos a

serem processados resultaram em desempenhos piores, considerando-se o tipo de tarefa

aplicada, sendo que esses desempenhos melhoraram com a idade; o desempenho das

crianças testadas foi, de forma geral, melhor nas tarefas de realismo nominal (T2) e de

síntese (T4) e segmentação silábica (T5) e foi pior na tarefa de reversão fonêmica (T12).

A partir das conclusões extraídas do processo de pesquisa, pode-se afirmar que as

habilidades que refletem consciência fonológica podem ser avaliadas por vários tipos de

atividades, envolvendo graus de complexidade distintos, sendo de extrema importância


AVALIAÇÃO DE HABILIDADES EM CONSCIÊNCIA FONOLOGICA/ ASSESSMENT OF 38
PHONOLOGICAL AWARENESS’ ABILITIES

um protocolo de avaliação da consciência fonológica que englobe vários tipos de tarefas e

um número de itens de avaliação que evite acasos nas respostas dos sujeitos.

ABSTRACT

The goal of this study was to propose a test of skills assessment in phonological

awareness, to verify the statistics correlation between the degree of tasks complexity and

the chronological age of the people. The skills of children between 4 and 8 years old of

both sex, were researched in sentences and words segmentation; nominal realism; rhyne

detection; phonemic exclusion; syllabic and phonemic detection; synthesis and

segmentation. There was a meaningful statistic difference in most of the tasks between the

ages of 4, 5 and 6 and of 7 and 8 years old. On the sthength of results, we chose passive

tasks which were done successfully by each age level and helped the hope development

determination for future assessment, according to the age of of the child. We clinch that

the age increase and alphabetization seem to sway the phonological awareness skills and

that the Test of Phonological Awareness seems to be a workable instrument for the

assessment of all kinds of skills in phonological awareness, which has different degrees of

complexity, and helps therapeutic goals establishment or stimulates these abilities.

UNITERMS: phonological awareness; metaphonology; linguistic awareness; speech

assessment.

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