Você está na página 1de 11

AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO RESILIENTE DE UMA ARGILA ARENOSA

COM ADIÇÃO DE CASCA DE ARROZ

Maiky Yamato Kawanami


Weiner Gustavo Silva Costa
Cláudia Regina Bernardi Baldin
Vitor Reinaldo Bordignon
Cristhyano Cavali da Luz
Rafael Luiz Vieira Santos
Ronaldo Luiz dos Santos Izzo
Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil – PPGEC

RESUMO
Solos reforçados com fibras têm sido usados cada vez mais em obras de engenharia geotécnica. Ao longo dos
últimos anos pesquisas vêm buscando compreender e investigar a influência das fibras vegetais como reforço em
misturas solo-fibras. Neste sentido, este estudo visa compreender o comportamento resiliente de um solo argiloso
coletado no município de Curitiba-PR, adicionando casca de arroz in natura, um resíduo gerado pela indústria de
arroz no Brasil. Produziu-se as curvas de compactação na energia normal com a adição de 0,50%, 1,00% e 1,50%
de fibra de casca de arroz (FCA). Amostras em triplicatas foram preparadas para realização do ensaio de
compressão triaxial cíclico. Foram observados incrementos de módulo resiliente quando comparados com a
superfície de solo puro.
Palavras-chave: Solo reforçado com fibras, fibras naturais, fibra de casca de arroz, módulo de resiliência.

ABSTRACT
Fiber reinforced soils are increasingly being used in geotechnical engineering works. Over the last few years,
research has sought to understand and investigate the influence of plant fibers as reinforcement in soil-fiber
mixtures. In this sense, this study aims to understand the resilient behavior of clayey soil collected in Curitiba-PR,
by adding unprocessed rice husks, a waste generated by the rice industry in Brazil. Compaction curves were
produced at normal energy with the addition of 0.50%, 1.00%, and 1.50% of rice husk fiber (FCA). Samples in
triplicates were prepared for the cyclic triaxial compression test. Resilient modulus increments were observed
when compared to the pure soil surface.
Keywords: Fiber reinforced soil, natural fibers, rice husk fiber, resilience module.

1. INTRODUÇÃO
O módulo de resiliência é a razão entre a tensão desvio, que é aplicada repetidamente na amostra
de um solo e/ou composto, e a sua correspondente deformação recuperável ou resiliente,
tratando-se de uma propriedade mecânica destes. O ensaio para a determinação do
comportamento resiliente de um solo e/ou composto é o ensaio triaxial cíclico. Segundo Viana,
(2007), há vários modelos para representar o comportamento resiliente de um solo e/ou
composto em função das tensões atuantes nele. Uma das características desses modelos é a
necessidade dos resultados do ensaio triaxial cíclico para serem calibrados, ou seja, para a
determinação das suas constantes de regressão.

Atualmente, as normativas nacionais, preconizadas pelo Departamento Nacional de


Infraestrutura de Transportes (DNIT), apresentam orientações e recomendações para os
procedimentos e a determinação do módulo resiliente em função da tensão confinante, tensão
desvio e invariante de tensões, relacionando os valores de rigidez com as tensões impostas
durante o ensaio. Exemplos destas são a IPR Publicação 749 (DNIT, 2020); DNIT 134/2018-
ME (DNIT, 2018); e DNIT 181/2018-ME (DNIT, 2018).

https://proceedings.science/p/174745?lang=pt-br
Diante da dificuldade na aquisição e/ou obtenção dos equipamentos apropriados para a
realização dos ensaios triaxiais cíclicos, Trindade et al. (2001), Carmo (1998), Lee et al. (1997)
e Bernucci (1995), entre outros pesquisadores, propuseram, ao longo dos anos, correlações
empíricas entre o módulo de resiliência e outros parâmetros geotécnicos de fácil obtenção.

O arroz é um dos grãos mais produzidos e consumidos no mundo. Para muitos, é considerado
o cereal mais importante da população mundial. Os resíduos da produção de arroz incluem:
farelo, trincas de arroz, cascas de arroz e cinzas de casca. Esses subprodutos são produzidos em
grandes quantidades e devem ser manuseados e descartados adequadamente (Lorenzett et al.,
2012).

A casca de arroz é gerada em um volume significativo em proporção à massa total do grão.


Segundo Ali et al. (2016), 1 (uma) tonelada de arroz produz 220 kg de casca. Considerando
essa estimativa seriam gerados cerca de 2,6 milhões de toneladas de casca de arroz para os
11,75 milhões de toneladas da produção nacional, na safra 2019-2020 (Companhia Nacional de
Abastecimento - CONAB, 2021).

Vários trabalhos têm sido feitos utilizando-se a cinza da casca de arroz em solos estabilizados
quimicamente. Outros têm usado a casca de arroz em materiais compósitos. Pode-se citar
Mohamed et al. (2020), Pakravan, Jamshidi e Jeddi (2018), Canakci, Aziz e Celik (2015) e
Gowthaman et al. (2018). Baldin et al. (2023) avaliaram o comportamento mecânico de solo
argiloso com adição de fibra de casca de arroz por meio de ensaios de resistência à compressão
simples (UCS). As misturas foram preparadas com adição de 0,50%, 0,75%, 1,0% e 1,5% de
casca de arroz à massa seca de solo. Os resultados mostraram que as misturas com 1,0% e 1,5%
apresentaram valores de UCS superiores às demais misturas, com aumento de até 36% em
relação ao solo puro.

Para Viana (2007), vários fatores influenciam o comportamento do módulo de resiliência do


solo, a saber: nível de tensões, a composição granulométrica, a umidade, a densidade e a energia
de compactação.

Nesse sentido, o presente trabalho tem por objetivo avaliar o efeito da adição de casca de arroz
in natura no comportamento resiliente de um solo argilo-arenoso compactado. Para tanto,
avaliou-se, através de ensaios de compressão triaxial cíclico, a variação do módulo de
resiliência do solo com a adição de diferentes teores de fibra.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1. Solo e casca de arroz


O material estudado trata-se de um solo argiloso de coloração avermelhada, coletado em um
terreno localizado no bairro Cidade Industrial de Curitiba, próximo à Universidade Tecnológica
Federal do Paraná (UTFPR) nas coordenadas -25° 26′ 44.703″, -49° 21′ 14.613″, na cidade de
Curitiba/PR (Figura 1). A casca de arroz in natura foi obtida diretamente da indústria de
beneficiamento de arroz, localizada na cidade de Alegrete/RS e corresponde a safra de arroz do
ano de 2018 (Figura 2).

https://proceedings.science/p/174745?lang=pt-br
Figura 1: Solo argiloso Figura 2: Casca de Arroz
Fonte: Autores (2023) Fonte: Autores (2023)

2.2 Ensaios de laboratório


As características do solo são apresentadas na Tabela 1 e na Figura 3. A distribuição
granulométrica foi obtida de acordo com a norma NBR 7181 (ABNT, 2016a), a massa
específica dos sólidos do solo foi alcançada conforme os procedimentos da norma ASTM D854
(ASTM, 2014) e os limites de consistência seguindo as recomendações das normas NBR 6459
(ABNT, 2016b) e NBR 7180 (ABNT, 2016c), para determinação dos limites de liquidez e
plasticidade, respectivamente. Para a classificação pela metodologia MCT, foram realizados os
ensaios de compactação do solo em miniatura, Mini-MCV e perda de massa por imersão, de
acordo a ME DNIT 258 (DNER, 2023) e de acordo com os procedimentos descritos na norma
DNER CLA 259 (DNER, 1996).

Tabela 1: Propriedades dos materiais empregados


Propriedades Solo Fibra
wL (%) 56 -
wP (%) 43 -
IP (%) 13 -
Massa Específica dos sólidos (g/cm³) 2,56 0,77*
Argila (%) 57,3 -
Silte (%) 15,2 -
Areia (%) 26,6 -
Pedregulho (%) 0,9 -
Classificação TRB A-7-5 -
Classificação SUCS MH -
c’ 1,93
d’ 29,4
e’ 0,88
Classificação MCT LG’
8,92 mm x 1,56mm (comprimento x
Dimensões (Média) -
largura)
* Obs.: obtido através do ensaio realizado com a cinza da casca de arroz.
Fonte: Autores (2023)

https://proceedings.science/p/174745?lang=pt-br
Figura 3: Curva de distribuição granulométrica do solo
Fonte: Autores (2023)

A composição química quantitativa total da amostra de solo pesquisada por fluorescência de


raio-X (FRX) é apresentada na Tabela 2.

Tabela 2: Composição química quantitativa do solo e da FCA


Elemento Teor (%)
Solo FCA
SiO2 56,37 84,50
P2O5 - 5,63
Al2O3 33,61 1,63
CaO 4,12 0,63
SO3 3,11 -
K2O 1,75 4,11
Fe2O3 1,08 2,99
MgO - 0,43
TiO2 0,004 0,10
Fonte: Autores (2023)

Os parâmetros ótimos de compactação do solo na energia de Proctor Normal, ou seja, o peso


específico seco máximo e o teor de umidade, do solo em seu estado natural e de suas misturas
com os teores de FCA, foram determinados em ensaios de compactação com reutilização de
material conforme orientações da NBR 7182 (ABNT, 2016c).

2.2.1. Compactação
Na Figura 4, são apresentadas as curvas de compactação para o solo puro e as misturas com
FCA, para energia normal (EN) de compactação e a Tabela 3 apresenta os valores de teores
ótimos de umidade (wótima em %) e peso específico seco máximo (γd em g/cm³) para cada uma
das misturas. Verificou-se um ligeiro aumento na umidade ótima e uma tendência de queda nos
valores de peso específico seco máximo das misturas solo mais adição de casca de arroz em

https://proceedings.science/p/174745?lang=pt-br
comparação com o solo puro, esse comportamento pode ser explicado pela massa específica da
fibra ser inferior à do solo.

Tabela 3: Parâmetros de compactação solo puro e das misturas solo e FCA


Misturas wótima (%) γd (g/cm³)
Solo Puro 27,25 1,47
Solo + 0,5 % FCA 29,30 1,40
Solo + 1,0 % FCA 26,40 1,34
Solo + 1,5 % FCA 28,20 1,38
Fonte: Autores (2023)

Figura 4: Curvas de compactação solo puro e das misturas solo e FCA


Fonte: Autores (2023)

2.2.2. Ensaios triaxiais cíclicos


Para realização dos ensaios triaxiais cíclicos foram moldados corpos de prova nos parâmetros
ótimos de compactação do solo e das misturas com 0,5, 1,0 e 1,5% de casca de arroz in natura.

Os ensaios seguiram o preconizado na norma DNIT 134/2018-ME (DNIT, 2018) e foram


realizados no Laboratório de Geotecnia da UTFPR.

Sendo assim, utilizou-se amostras deformadas de solo totalmente passante na peneira 4,8 mm,
moldando-as com um cilindro tripartido de dimensões internas de 100 mm de diâmetro e 200
mm de altura. A compactação foi realizada em 10 camadas e a 5 golpes por camada, conforme
preconiza a normativa para energia de Proctor Normal e de acordo com o peso e a altura de
queda do soquete utilizado. Para o solo e para cada composição de solo mais porcentagem de
FCA foram obtidas a umidade média da amostra e a massa específica seca e úmida dos corpos
de prova.

A frequência das cargas repetidas na tensão vertical (tensão desvio) foi de 1 Hz (60 ciclos por
minuto), que corresponde ao pulso de 0,1 segundo e 0,9 segundo de repouso. Durante todo o

https://proceedings.science/p/174745?lang=pt-br
ensaio a tensão confinante foi mantida constante (não cíclica). Para o condicionamento aplicou-
se 500 repetições de cada tensão desvio correspondente aos pares σ3 (tensão confinante) = 0,07
MPa e σd (tensão confinante) = 0,07 MPa; σ3 = 0,07 Mpa e σd = 0,21 MPa; σ3 = 0,105 MPa e
σd = 0,315 MPa.

Após a fase de condicionamento, iniciou-se o ensaio propriamente dito para a determinação do


módulo de resiliência, com aplicação de sequência de 18 pares das tensões apresentados pela
norma DNIT 134/2018-ME (DNIT, 2018), para obtenção das leituras das deformações
específicas. Assim, mediu-se os deslocamentos axiais resilientes (recuperáveis) para cada par
de tensão, utilizando-os para calcular os módulos de resiliência.

2.1.3. Tratamento estatístico: Módulo de resiliência


Os modelos que simulam o comportamento resiliente do solo e/ou do composto ensaiado
representam expressões matemáticas que estabelecem relações entre o módulo de resiliência e
as tensões atuantes, conforme a natureza dos materiais e suas condições de umidade e densidade
(Medina e Motta, 1988). Essas relações são dependentes de constantes “k” determinadas
experimentalmente e obtidos por regressão.

Para o presente trabalho utilizou o modelo composto, que – através da Equação (1) – permite
analisar o comportamento resiliente do solo (MR = módulo de resiliência) em função da tensão
de confinamento (σ3) e da tensão desvio (σd), de acordo com as características argilo-arenosas
do solo estudado.
MR = k1.(σ3)k2. (σd)k3 (1)

Por ser um modelo composto, duas são as variáveis independentes (tensão confinante e tensão
desvio) e três são os parâmetros constantes (k1, k2, k3). Através de interações por regressão
múltipla não-linear, obteve-se os parâmetros k1, k2 e k3 e o R² (R-quadrado) através do software
SigmaPlot. O R² é uma medida estatística que exprime o quão próximos os dados estão da linha
de regressão ajustada. Ele também é conhecido como o coeficiente de determinação ou o
coeficiente de determinação múltipla para a regressão múltipla. Em geral, quanto maior o R-
quadrado, melhor o modelo se ajusta aos seus dados.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados obtidos para as amostras de solo puro compactado na energia normal estão
apresentados na Tabela 4 e Figura 5 (a, b), respectivamente.

Tabela 4: Determinação dos valores de k, R-quadrado e valor médio do módulo de resiliência


Média MR
CP k1 k2 k3 R²
(MPa)
01 99.70 0,18 -0,31 0,98
Solo puro EN 02 113.36 0,31 -0,56 0,98 129
03 110.46 0,27 -0,33 0,95
Média (k1,k2 e k3) 107.84 0.26 -0.40 0.97
Fonte: Autores (2023).

https://proceedings.science/p/174745?lang=pt-br
(a) (b)
Figura 5: Resultados tridimensionais de MR: (a) CP1, CP2 e CP3 para solo puro na energia
normal e (b) valor médio dos três corpos de prova ensaiados.
Fonte: Autores (2023).

Para determinação da mistura com melhor comportamento resiliente foram gerados modelos
compostos a fim de determinar as constantes k1, k2, k3 e R2 para cada teor de adição de fibras.
Os resultados obtidos e suas superfícies tridimensionais considerando os valores médios de k1,
k2 e k3 estão apresentados na Tabela 5 e Figura 6 respectivamente.

Tabela 5: Determinação dos valores de k, R-quadrado e valor médio do módulo de resiliência


para misturas solo-fibra.
Média MR
Misturas CP k1 k2 k3 R²
(MPa)
01 77.71 0,20 -0,62 0,96
Solo + 0,50%FCA 02 96.33 0.13 -0,39 0,85 180
03 121.38 0,19 -0,44 0,75
Média (k1,k2 e k3) 98.47 0.17 -0.48 0.85
01 66.27 0.03 -0,40 0,92
Solo + 1,00%FCA 02 108.10 0,12 -0,24 0,95 141
03 114.50 0,13 -0,24 0,95
Média (k1,k2 e k3) 96.29 0.09 -0.29 0.94
01 118.29 0,15 -0,37 0,96
Solo + 1,50%FCA 02 131.76 0,17 -0,25 0,87 154
03 125.96 0,21 -0,35 0,82
Média (k1,k2 e k3) 125.33 0.18 -0.32 0.88
Fonte: Autores (2023).

Analisando os dados apresentados nas curvas de compactação (Figura 4), em relação ao MR,
observa-se um aumento na umidade ótima e queda na densidade das misturas com 0,5% e 1,5%
de FCA, já para a mistura com 1,0% de FCA observa-se queda na umidade ótima e também na
densidade, o que pode ter influenciado na redução do valor de MR em comparação com as
demais misturas com fibras. No entanto, é importante destacar que o MR aumenta com adição

https://proceedings.science/p/174745?lang=pt-br
de FCA nos três percentuais utilizados nessa pesquisa.

A rigidez do material (solo+FCA) reduz ao acrescentar as fibras de casca de arroz, isso se deve
a baixa massa específica da fibra e possivelmente pelo seu formato, impossibilitando sua correta
ancoragem na massa de solo. No entanto, ao comparar o MR estimado médio, todas as amostras
com fibras apresentam valores superiores ao solo puro. O solo reforçado com fibras se comporta
como um material compósito, nesse sentido, o solo pode ser considerado a matriz e as fibras o
reforço (Hejazi et al., 2012). Para Oliveira Junior (2018), o formato, as dimensões e a
distribuição das fibras, podem influenciar na transferência efetiva de carregamentos entre a
matriz e o reforço.

Figura 6: Resultados tridimensionais de MR para o solo puro e teores de FCA na EN.


Fonte: Autores (2023).

Para fins de comparação, optou-se pela apresentação da superfície tridimensional do solo puro
e da mistura de solo com 0,5% de FCA (considerando que o valor médio do MR foi superior
dentre as misturas com FCA), conforme mostra a Figura 7. Observa-se que o módulo resiliente
do solo com adição de FCA é maior em tensões de confinamento inferiores a 100 kPa. Além
disso, quanto menor a tensão desvio maior o módulo resiliente, sendo que esse comportamento
pode ser observado tanto nas amostras com ou sem fibras. No entanto, é necessário ressaltar
que o valor médio do MR para as amostras solo-fibra 0,5% foi 39% superior à amostra de solo
puro, apresentando um comportamento tridimensional superior entre as amostras. De acordo
com Consoli e Festugato (2015), as fibras como reforço em solos absorvem e redistribuem os
esforços e, dessa forma, melhoram o comportamento geral do solo.

https://proceedings.science/p/174745?lang=pt-br
Figura 7: Resultados tridimensionais de MR solo puro e mistura com 0,5% de FCA.
Fonte: Autores (2023).

Silva (2020) e Wei et al. (2018) citam que a área de contato entre as fibras e o solo pode ser
maior ou menor, dependendo do comprimento das fibras, gerando menor atrito, em caso de
fibras com menor comprimento. Outro fator, que pode influenciar na resistência do solo mais
fibras é a falta de dispersão das fibras na mistura, podendo ocasionar a sobreposição entre elas,
reduzindo a resistência do compósito. Para Lukiantchuki et al. (2021), o módulo de resiliência
depende tanto da porcentagem quanto do comprimento das fibras. Além disso, maiores teores
de fibra podem causar alterações significativas na razão de vazios, afetando assim o
comportamento de compressibilidade das misturas solo-fibra (Lukianchuki et al., 2021).

Ashour et al. (2010), avaliaram dois tipos de fibras naturais, incluindo palha de trilho, palha de
cevada e maravalha em um composto de gesso, solo coesivo e areia, os autores concluíram que
os efeitos no módulo de elasticidade das misturas foram relativamente pequenos. Uma mistura
de solo com reforço em fibras de sisal nos percentuais de 0,25%, 0,5%, 0,75% e 1% em peso
de solo seco, com quatro comprimentos diferentes de fibras, sendo 10, 15, 20 e 25 mm, foram
estudadas por Prabakar e Sridhar (2002). Os autores concluíram que as fibras de sisal reduzem
a densidade seca do solo. Também foi constatado que a tensão de cisalhamento não apresenta
um aumento linear em relação ao comprimento das fibras e a tensão de cisalhamento reduz para
teores de fibras superiores a 0,75%. O uso das fibras naturais, assim como a casca de arroz
precisam de mais estudos para aplicações em campo, com foco principalmente em questões
relacionadas a durabilidade a longo prazo.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a adição da fibra casca de arroz no solo nos percentuais de 0,50%, 1,0% e 1,5% em peso
de solo seco, verificou-se uma tendência de queda nos valores de peso específico seco máximo,
bem como um ligeiro aumento na umidade ótima.

Os módulos de resiliência para o solo com adição de FCA apresentaram um comportamento


tridimensional melhor em relação ao solo puro. Sendo, necessário ressaltar que as amostras com

https://proceedings.science/p/174745?lang=pt-br
fibras apresentam valores médios de MR estimado superiores as amostras com solo puro, além
disso, o uso de fibras vegetais é particularmente interessante devido à sua alta disponibilidade,
baixo custo e de caráter ambientalmente amigável.

Agradecimentos
Os autores agradecem ao Laboratório de Geotecnia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) e à
Cooperativa Agroindustrial Alegrete Ltda.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT (2016a) NBR 7181 - Solo – Análise granulométrica. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rio de
Janeiro, Brasil.
ABNT (2016b) NBR 6459 - Solo- Determinação do limite de liquidez. Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Rio de Janeiro, Brasil.
ABNT (2016c) NBR 7180 - Solo- Determinação do limite de plasticidade. Associação Brasileira de Normas
Técnicas. Rio de Janeiro, Brasil.
ABNT (2016d) NBR 7182 - Solo – Ensaio de compactação. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Rio de
Janeiro, Brasil.
Ali, G., Bashir, M.K., Ali, H. & Bashir, M.H. (2016) Utilization of rice husk and poultry wastes for renewable
energy potential in Pakistan: an economic perspective. Renewable and Sustainable Energy Reviews, v. 61,
p. 25-29.
Ashour, T. & Bahnasawey, A., Wu, W. (2010) Compressive strength of fiber reinforced earth plasters for straw
bale buildings. Australian Journal of Agricultural Engineering, v.1n. 3, p. 86–92.
ASTM D 854 (2014) Standard Test Methods for Specific Gravity of Soil Solids by Water Pycnometer 1. American
Society for Testing and Materials, Int West Conshohocken, Pa.
Baldin, C. R. B., Kawanami, M. Y., Costa, W. G. S., Bordignon, V. R., da Luz, C. C., & dos Santos Izzo, R. L.
(2023). Mechanical properties of a clay soil reinforced with rice husk under drained and undrained
conditions. Journal of Rock Mechanics and Geotechnical Engineering,
Bernucci, L. L. B. (1995) Considerações sobre o dimensionamento de pavimentos utilizando solos lateríticos para
rodovias de baixo volume de tráfego. 1995. 237 f. Tese (Doutorado em Engenharia Civil) – Escola
Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo.
Canakci, H., Aziz, A. & Celik, F. (2015) Soil stabilization of clay with lignin, rice husk powder and
ash. Geomechanics And Engineering, Ganziantep, v. 8, n. 1, p. 67-79.
Carmo, C. A. T. (1998) A avaliação do módulo de resiliência através de ensaios triaxiais dinâmicos de dois solos
compactados e a sua estimativa a partir de ensaios rotineiros. Dissertação de Mestrado em Engenharia
Civil – Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos.
CONAB (2021) Acompanhamento da Safra Brasileira de Grãos. Companhia Nacional de Abastecimento, Brasília,
DF, v. 9, safra 2021/221, n. 3 terceiro levantamento.
Consoli, N. C., & Festugato, L. (2015). Solos Reforçados com fibras. In Blucher (Ed.), Manual Brasileiro de
Geossintéticos (2 ed., pp. 222–230).
Departamento Nacional de Estradas de Rodagem. (1996). DNER 259/96 CLA - Classificação de Solos Tropicais
para Finalidades Rodoviárias Utilizando Corpos-de-prova Compactados em Equipamentos Miniatura. Rio
de Janeiro, 6 p.
DNIT (2023). DNIT 258/94 ME - DNIT 258/2023 – ME Solos – Compactação em equipamento miniatura –
Ensaios Mini-MCV e perda de massa por imersão – Método de ensaio. Instituto de Pesquisas em
Transportes – IPR, Brasília – DF, 22 p.
DNIT (2018) DNIT ME 134 - Pavimentação - Solos - Determinação do Módulo de Resiliência - Método de Ensaio.
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, Brasil.
DNIT (2018). DNIT ME 181 - Pavimentação: Material Estabilizado Quimicamente: Determinação do módulo de
resiliência: Método de Ensaio. Rio de Janeiro: Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes.
DNIT (2020) Publicação – 749 - Guia para Execução de Segmentos Experimentais – PRO - MeDiNa. 1ª Edição
– IPR - Brasília - DF.
Gowthaman, S., Nakashima, K. & Kawasaki, S. (2018) A State-of-the-Art Review on Soil Reinforcement
Technology Using Natural Plant Fiber Materials: Past Findings. Present Trends and Future Directions.
Materials, v.11, n.4, p.553.
Hejazi, S. M., Sheikhzadeh, M., Abtahi, S. M., & Zadhoush, A., (2012) A simple review of soil reinforcement by
using natural and synthetic fibers. Construction and Building Materials, v. 30, p. 100-116.
Lee, W., Bohra, N. C., Altschaeffl, A. G. & White, T. D.. (1997) Resilient Modulus of Cohesive Soils. ASCE.

https://proceedings.science/p/174745?lang=pt-br
Journal Of Geotechnical And Geoenvironmental Engineering. v. 123, n. 2, p. 131-136.
Lorenzett D.B., Neuhaus M. & Schwab N.T. (2012) Waste management and the rice beneficiation industry.
Industrial Management Magazine, v. 8, n. 1, p. 219-232.
Lukiantchuki, J. A., de Oliveira, J. R. M. da S., de Almeida, M. de S. S., dos Reis, J. H. C., Silva, T. B., & Guideli,
L. C. (., 2021). Geotechnical Behavior of Construction Waste (CW) as a Partial Replacement of a Lateritic
Soil in Fiber-Reinforced Cement Mixtures. Geotechnical and Geological Engineering, 39(2), 919–942.
https://doi.org/10.1007/s10706-020-01533-w
Medina, J. & Motta, L. M. G. (1988) Design of asphalt pavements using lateritic soils in Brazil. Solos e Rochas,
v. 11 (único): p. 3-9.
Mohamed, S. A. N., Zainudin, E. S., Sapuan, S. M., Azaman, M. D. & Arifin, A. M. T. (2020) Energy behavior
assessment of rice husk fibres reinforced polymer composite. Journal of Materials Research and
Technology, V. 9, n. 1, p. 383-393.
Oliveira Junior, A. I., (2018) Comportamento geotécnico de misturas compactadas de solo argiloso com fibras
curtas de coco. Dissertação, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal de
Pernambuco, Recife, Brasil, p 113.
Pakravan, H. R., Jamshidi, M. & Asgharian Jeddi, A. A. (2018) Combination of ground rice husk and polyvinyl
alcohol fiber in cementitious composite. Journal of Environmental Management, v. 215, p.116-122.
Prabakar, J. & Sridhar, R., (2002) Effect of random inclusion of sisal fiber on strength behavior of soil.
Construction and Building Materials, v.16, p. 123–31.
Silva, E. R. (2020) Comportamento mecânico de solo reforçado com fibra de curauá (ananas erectifolius).
Dissertação. Programa de Pós Graduação em Engenharia Civil da Universidade Tecnológica Federal do
Paraná, Curitiba, Brasil, p. 126.
Trindade, T. P., Carvalho, C. A. B. & Lima, D. C. Comportamento resiliente de um solo arenoso da região de
Viçosa-MG no estado natural e estabilizado com cimento. In: REUNIÃO ANUAL DE PAVIMENTAÇÃO,
33., 2001, Florianópolis. Anais... Florianópolis: 2001. p. 369-382.
Viana, H. M. F. (2007) Estudo do comportamento resiliente dos solos tropicais grossos do interior do Estado de
São Paulo. Tese, Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, Brasil, p. .
Wei, L., Chai, S. X., Zhang, H. Y. & Shi, Q. (2018) Mechanical properties of soil reinforced with both lime and
four kinds of fiber. Construction and Building Materials. v.172, n.1 p. 300–308.

https://proceedings.science/p/174745?lang=pt-br
Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)

Você também pode gostar