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Estudo do tempo de início de pega de argamassas com aditivo estabilizador de


hidratação.

Conference Paper · January 2013

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3 authors:

Gustavo Macioski Gabriela Mazureki Campos Bahniuk


Universidade Federal do Paraná State University of Ponta Grossa
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Juliana Casali
Federal Institute of Santa Catarina
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CAMPOS, G. M. ; CASALI, J. M. ; MACIOSKI, G. . Estudo do tempo de início de pega de
argamassas com aditivo estabilizador de hidratação. In: Congresso Brasileiro do
Concreto, 2013, Gramado. Anais do 55 Congresso Brasileiro do Concreto, 2013.

ESTUDO DO TEMPO DE INÍCIO DE PEGA DE ARGAMASSAS COM


ADITIVO ESTABILIZADOR DE HIDRATAÇÃO
STUDY OF SETTING TIME OF MORTAR WITH HYDRATION CONTROL ADMIXTURE

Gabriela Mazureki Campos (1); Gustavo Macioski (2); Juliana Machado Casali (3)

(1) Professor Mestre, Universidade Estadual de Ponta Grossa


(2) Graduando em Engenharia Civil, UniversidadeTecnológica Federal do Paraná – Campus Curitiba
(3) Professor Doutor, Universidade Tecnológica Federal do Paraná – Campus Curitiba
(4) Avenida General Carlos Cavalcanti, 4748, Campus Uvaranas - Bloco E. CEP: 84030-900 Ponta
Grossa-Paraná.

Resumo
A argamassa estabilizada é composta das mesmas matérias-primas utilizadas na argamassa convencional,
porém os materiais são combinados com aditivos estabilizadores de hidratação que são adicionados para
manter a sua trabalhabilidade por um período prolongado. Nesse trabalho, foi avaliado o tempo de início de
pega de argamassas aditivadas com estabilizadores por três métodos: semi-adiabático, ultrassônico e
resistência à penetração (método normalizado). Foram estudadas argamassas de cimento com diferentes
teores de aditivo e caracterizadas no estado fresco (índice de consistência, densidade de massa e teor de
ar incorporado) e no estado endurecido (resistência à compressão e tração na flexão). Os principais
resultados e conclusões foram: na maioria dos traços ensaiados, o tempo de início de pega determinado
pelo método normatizado foi superior ao tempo de início de pega determinado pelo método semi-adiabático
e ultrassônico; e verificou-se um aumento do tempo de início de pega conforme o acréscimo do teor de
aditivo estabilizador.
Palavra-Chave: argamassa, aditivo estabilizador de hidratação, tempo de início de pega.

Abstract
The mix mortar is composed of the same materials used in usual mortar, but the materials are combined with
hydration control admixture that is added to maintain the workability of mortar for a long time. This paper
presents a study about of the setting time of hydration control admixture mortar by three methods: semi-
adiabatic method, ultrasound and penetration resistance (Brazilian standardized method). For all methods,
cement mortars were studied with increasing the admixture dosage and mortars were characterized in fresh
and hardened state. The main results and conclusions were: in most cases tested, the setting time
determined by standardized method was superior to the setting time determined by the semi-adiabatic
method and ultrasound; and there was an increase in setting time as the admixture dosage increased in the
composition of mortar.
Keywords: mortar, hydration control admixture, setting time.

ANAIS DO 55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO - CBC2013 – 55CBC 1


1 Introdução
Segundo a ABNT NBR 13529:1995, argamassa é um mistura homogênea de
agregado(s) miúdo(s), aglomerante(s) inorgânicos e água, contendo ou não aditivos ou
adições, com propriedades de aderência e endurecimento.

No final da década de 90, cerca de 95% da argamassa produzida era preparada


em obra, os outros 5% correspondiam a argamassas industrializadas, com cerca de 4%, e
das argamassas dosadas em central com uma participação de apenas de 1 % (MARTINS
NETO e DJANIKIAN, 1999). No entanto, com o desenvolvimento de novos aditivos,
viabilizou-se o aumento da produção das argamassas dosadas em central, também
denominadas argamassas estabilizadas, possibilitando assim o fornecimento de grandes
volumes de material para obras com cronogramas reduzidos.

A argamassa dosada em central é feita normalmente com as mesmas matérias-


primas utilizadas para a argamassa de cimento (aglomerantes: cimento e/ou cal,
agregado miúdo: areia e água), porém esses materiais são combinados com aditivos,
adicionados para manter a trabalhabilidade da argamassa por um período prolongado de
36 horas e 72 horas (PANARESE, KOSMATHA e RANDAL JR., 1991). Nesse tipo de
argamassa, normalmente, todos os materiais tem um controle de qualidade e aceitação
sendo misturados em central dosadora e transportados através de caminhões betoneiras.
Com tudo isso há uma melhora na homogeneidade da argamassa o que proporciona
acabamentos com maior perfeição, diminuindo assim o risco de patologias.

Dessa forma, este trabalho tem como objetivo o estudo do comportamento de


argamassas com aditivos estabilizadores de hidratação. Além disso, foi proposta a análise
do tempo de início de pega (fundamental para esse tipo de argamassa) com a utilização
de três métodos: métodos semi-adiabático, o método ultrassônico e resistência à
penetração (método normatizado conforme a ABNT NBR NM 9:2003.

2 Materiais e Métodos
2.1 Materiais utilizados

Para a confecção das argamassas foi utilizado agregado miúdo (características na Tabela
1), cimento (característica na Tabela 2) e aditivo (característica na Tabela 3).

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Tabela 1 – Caracterização dos agregados obtidos as argamassas no estado fresco.
Característica Valores Norma
Diâmetro máximo característico da amostra 2,4 mm NBR NM 248:2003(5)
Diâmetro mínimo característico da amostra 0,15 mm NBR NM 248:2003(5)
Módulo de finura 2,14 NBR NM 248:2003(5)
Massa específica (g/cm³) 2,60 g/cm3 NBR NM 52:2009(6)
Massa Unitária 1,54 g/cm3 NBR NM 45:2006(7)
Material pulverulento 1,84% NBR NM 46:2001(8)

Tabela 2 – Características físicas, químicas e mecânicas do cimento CP II - F – 32 fornecidas pelo


fabricante.
Item de controle Média Item de controle Média
Ensaios Material Retido #200 (mesh) (%) 2,90 Perda ao Fogo (%) 6,18
físicos Material Retido #325 (mesh) (%) 15,00 SiO2 (%) 18,98

Blaine (cm2/g) 3.650 AL2O3 (%) 4,02

Água de Consistência (%) 25,3 Fe2O3(%) 2,52

Início de Pega (horas) 03:25 CaO (%) 60,09

Fim de Pega (horas) 04:30 Ensaios MgO (%) 4,87

Expansibilidade a Quente (mm) 0,50 químicos Equivalente Alcalino (%) 0,61

Resistência a 1 dia (MPa) 13,2 SO3 (%) 2,91

Resistência aos 3 dias (MPa) 26,6 Resíduo Insolúvel (%) 1,26

Resistência aos 7 dias (MPa) 33,4

Resistência aos 28 dias (MPa) 40,2

Massa específica (g/cm3) 3,10

Tabela 3 – Características dos aditivos empregados fornecidas pelo fabricante.


Denominação do Aditivo Aditivo Estabilizador
Função Plastificante estabilizador de argamassa
Base química Açúcares e sais orgânicos
Solubilidade com água Totalmente solúvel em água
Massa específica (g/cm3) 1,22 ± 0,02
pH 12,5 ± 1
Estado Físico Líquido
Cor e Odor Transparente levemente amarelado e odor característico
Dosagem recomendada pelo fabricante 0,1 a 0,9% da massa do cimento

2.2 Argamassas analisadas e ensaios de caracterização


O traço referência escolhido foi de 1:6:0,87 (cimento: agregado miúdo: relação
água/cimento), pois esse traço era utilizado por uma empresa produtora de argamassa

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estabilizada em Florianópolis/SC. Além da avaliação do traço de referência, foram
analisados cinco teores de aditivos (0,1; 0,3; 0,5; 0,7 e 0,9% em relação à massa de
cimento - limites recomendado pelo fabricante). A seguir serão descritos as propriedades
avaliadas no estado fresco e no estado endurecido para caracterização das argamassas.

2.2.1 Propriedades no estado fresco


Para as argamassas analisadas foram avaliadas as seguintes propriedades no
estado fresco: índice de consistência (flow table) conforme indicações da ABNT NBR
13276:2005, teor de ar incorporado e densidade de massa conforme a ABNT NBR
13278:2005.

2.2.2 Propriedades no estado endurecido


As propriedades do estado endurecido analisadas foram de resistência à tração na
flexão e resistência à compressão, segundo indicações da ABNT NBR 13279:2005.

2.3 Avaliação do tempo de início de pega


O tempo de início de pega foi avaliado por três métodos diferentes: semi-
adiabático, ultrassônico e resistência à penetração.

2.3.1 Método semi-adiabático


O primeiro método utilizado para determinar o tempo de início de pega das
argamassas avaliadas foi o método semi-adiabático (calorímetro), cujo objetivo é
determinar a variação da temperatura em função do tempo, proveniente das reações de
hidratação. O método consistia na colocação de termopares na argamassa, ligados a
canais de um sistema de aquisição e análise de sinais. O programa de aquisição utilizado
foi o Aqdados 7.02 e AqDAnalysis 7 da marca Lynx. A descrição do termopar utilizado era
cabo de compensação tipo "K" norma Ansi (Amarelo) em 2x24 (0,51mm) Awg, em
silicone.

Na Figura 1 pode ser visto o molde utilizado e a metodologia pode ser obtida em
Campos, 2012. Após a realização dos ensaios, para cada traço de argamassa, um gráfico
temperatura versus tempo foi desenvolvido para auxílio na determinação do tempo de
início de pega. A Figura 2 exemplifica a metodologia utilizada para determinação do início
de pega, onde através da intersecção de duas retas, uma paralela e outra tangente a
curva de elevação da temperatura, definem o tempo de início de pega das argamassas
ensaiadas.

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(a) (b)
Figura 1 – Moldes para o ensaio pelo método semi-adiabático: a) caixa de isopor externa (caixa 1) e b) caixa
de isopor externa (caixa 1) e interna (caixa 2) sem tampa (Autoria própria)

Figura 2 – Metodologia utilizada para determinação tempo de início de pega pelo método semi-adiabático
(Autoria própria)

2.3.2 Ultrassom
O objetivo de utilizar o ultrassom foi de identificar possíveis variações na
velocidade de propagação das ondas que indicassem qual o tempo de início de pega das
argamassas. Essa variação ocorreria devido à mudança da argamassa do estado líquido
para o estado sólido após o início de pega, modificando a velocidade de propagação das
ondas.

O aparelho utilizado para as leituras foi o Punditplus Model PC1006 e os moldes


eram metálicos. A técnica utilizada para todas as leituras foi à direta, que usa dois
transdutores ultrassônicos localizados em lados opostos (Figura 3a). Todas as leituras
foram realizadas com o molde, pois as mesmas ocorriam enquanto a argamassa estava
fresca. Foram utilizados três corpos-de-prova e para cada corpo-de-prova ensaiado foram
realizadas leituras em três pontos conforme mostrado na Figura 3b com o objetivo de
avaliar a diferença das leituras nas laterais e na parte central do molde e identificar
possíveis variações.

Após a realização das leituras de velocidades foi apresentado os valores das


velocidades em cada ponto dos corpos-de-prova ensaiados e também elaborado um
gráfico representando as diferenças relativas entre a primeira velocidade lida, em um
ponto, e as demais velocidades nesse mesmo ponto. O objetivo desse gráfico é verificar
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alguma mudança de velocidade brusca que pudesse indicar o tempo de início de pega
das argamassas ensaiadas.

A
B
C

a b
Figura 1 – Tipo de leitura realizada pelo método do ultrassom: a) no molde metálico; b) detalhe da
leitura em três pontos. (Autoria própria)

2.3.3 Resistência a penetração


O método normatizado para determinação do tempo de início de pega das
argamassas, por meio da resistência a penetração, foi realizado com o objetivo de
comparação e correlacionamento com os resultados dos demais ensaios, além desse ser
o único ensaio normatizado pela ABNT NBR NM 9:2003.

Foram utilizados moldes cúbicos de dimensões internas de (15x15x15) cm e


dimensões externas de (17,5x17,5x16,5) cm, as quais estavam de acordo com as
orientações da ABNT NBR NM 9:2003.

3 Resultados e discussões
3.1 Propriedades no estado fresco
Os resultados obtidos de índice de consistência, densidade de massa e teor de ar
incorporado das argamassas com e sem aditivo para o traço de 1:6:0,87 são
apresentados na Tabela 4.

Tabela 4 – Índice de consistência, teor de ar incorporado e densidade de massa.


Índice de Consistência Densidade real Densidade Teórica Teor de Ar Incorporado
Argamassa
(mm) (g/cm3) (g/cm3) (%)
De cimento 224,0 1,97 2,28 13,6
0,1% aditivo 223,5 1,96 2,28 14,0
0,3% aditivo 226,5 1,96 2,28 14,0
0,5% aditivo 238,5 1,95 2,28 14,5
0,7% aditivo 196,5 1,93 2,28 15,4
0,9% aditivo 229,5 1,96 2,28 14,0

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Observa-se que os valores de índice de consistência foram semelhantes tanto para
a argamassa de cimento quanto para as argamassas aditivadas, exceto para o traço
1:6:0,87 com 0,7% de aditivo que apresentou um índice de consistência
aproximadamente 14% menor da média dos demais traços.

Verifica-se que os valores do teor de ar incorporado não foram influenciados pela


incorporação do aditivo, ocasionando apenas um pequeno aumento no teor de ar
incorporado das argamassas. No entanto, essa diferença não foi significativa entre os
teores estudados de 0,1% a 0,9%. E novamente observa-se que a argamassa traço
1:6:0,87 teor de 0,7% foi a que apresentou maior teor de ar incorporado.

3.2 Propriedades no estado endurecido


Na Tabela 5 são apresentadas as resistências à tração na flexão e as resistências à
compressão das argamassas estudadas.

Tabela 5 – Resultados de resistência das argamassas de cimento.


Resistência à tração Resistência à
Teor de Aditivo por flexão média compressão média
Argamassa
(mm)
(MPa) (MPa)
1:6:0,87 - 1,16 2,88
1:6:0,87 0,1 1,91 3,54
1:6:0,87 0,3 2,41 6,05
1:6:0,87 0,5 2,97 6,36
1:6:0,87 0,7 2,98 8,62
1:6:0,87 0,9 2,97 7,31

Na Tabela 5, observa-se que as argamassas com traço 1:6:0,87 com teores de aditivo de
0,5%, 0,7% e 0,9% apresentaram os maiores valores e bem próximos de resistência à
tração por flexão. Para a resistência à compressão as mesmas considerações podem ser
feitas, pois a argamassa que resultou em uma maior resistência a compressão foi a de
traço 1:6:0,87 com 0,7% de aditivo.

3.3 Método semi-adiabático


A fim de exemplificar o método semi-adiabático na determinação do tempo de início de
pega apresenta-se na Figura 4 com a determinação para a argamassa de referência.

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Figura 2 - Evolução da temperatura ao longo do tempo para o traço 1:6:0,87.

Nota-se que para a argamassa de cimento traço de referência 1:6:0,87 o tempo de início
de pega foi em média de 04:00 (horas: minutos).

A Figura 5 apresentada uma comparação geral do tempo de início de pega das


argamassas ensaiadas segundo o método semi-adiabático.

Figura 3 - Comparação do tempo de início de pega das argamassas estudadas segundo o método semi-
adiabático.

Analisando os resultados das argamassas estudadas (Figura 5), verifica-se que com o
aumento da porcentagem desse produto, ocorre um aumento do tempo de início de pega,
que variou de 04:00 (horas: minutos) para a argamassa de cimento sem aditivo até 69:00
(horas: minutos) para a argamassa com 0,9% de aditivo.
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3.4 Método ultrassônico
A Figura 6 apresenta os resultado para o traço 1:6:0,87 de referência. Analisando a Figura
6, verifica-se uma variação (queda) de velocidade após 07:30 (horas: minutos) da mistura
da água com o cimento. Esse tempo de início de pega é maior que o tempo de início de
pega determinado para o traço de referência segundo o método semi-adiabático que foi
de 04:00 (horas: minutos) (Figura 5).

Figura 4 – Diferença média relativa de velocidade para o traço de referência.

A Figura 7 apresenta uma comparação geral do tempo de início de pega das argamassas
ensaiadas segundo o método ultrassônico.

Figura 5 – Comparação do tempo início de pega para as argamassas estudadas segundo ultrassom.

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Pode-se observar pela Figura 7 que com o aumento do teor de aditivo estabilizador de
hidratação ocorreu um aumento no tempo de início de pega das argamassas,
comprovando o efeito do aditivo. Nota-se ainda, que para o traço 1:6:0,87 teor de 0,1% o
resultado do tempo de início de pega não foi coerente com os demais resultados,
possivelmente ocorreu um erro durante a realização desse ensaio.

3.5 Método de resistência a penetração


Para todas as argamassas estudadas, os resultados obtidos segundo o método de
resistência a penetração são apresentados na Tabela 6.

Tabela 6 – Resultados resistência à penetração traço de referência.


Tempo Forç Aφ Tensão
2
Horas:minutos N) (mm ) (MPa)
00:00 H2O + cimento
03:15 30 129 0,23
05:50 40 129 0,31
07:40 120 129 0,93
09:00 160 129 1,24
11:00 260 129 2,02
21:00 240 16 15,00
23:00 265 16 16,56
24:00 375 16 23,44
25:30 445 16 27,81

Segundo recomendações da ABNT NBR NM 9:2003(4), a tensão referência para início de


pega é de 3,40 MPa, portanto através de interpolação linear dos valores obtidos, o tempo
de início de pega da argamassa de referência foi de aproximadamente 12 horas.

A Figura 8 apresentada uma comparação geral do tempo de início de pega das


argamassas traço 1:6:0,87 segundo o método de resistência à penetração.

Analisando a Figura 8, verifica-se que com o aumento do teor de aditivo estabilizador de


hidratação ocorre um aumento do tempo de início de pega, comprovando novamente o
efeito do aditivo nas argamassas. Somente entre os teores de 0,5% e 0,7% de aditivo é
que não foi observado aumento do tempo de início de pega. Cabe salientar que a
temperatura ambiente no dia do ensaio da argamassa com teor de 0,7% foi de 25,2ºC
enquanto que para a argamassa com teor de 0,5% a temperatura ambiente foi de 10,6ºC,
resultando em uma diferença de 15ºC.

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Figura 6 - Comparação do tempo de início de pega das argamassas estudadas segundo o método de
resistência à penetração.

3.6 Comparação entre os ensaios realizados


Os resultados obtidos de tempo de início de pega para as argamassas estudadas nos três
ensaios realizados (semi-adiabático, ultrassom e resistência à penetração), são
apresentados na Figura 9.

Figura 7 - Comparação do tempo de início de pega da argamassa estudadas segundo o método semi-
adiabático, ultrassom e resistência à penetração.

Pode ser observado na Figura 9 que para a maioria dos traços, exceto para o teor de
0,1% e 0,7%, o tempo de início de pega determinado pelo método semi-adiabático e
ultrassom foram menores que o tempo determinado pelo método de resistência à

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penetração. Ressalta-se que atualmente o método normatizado para determinação desse
tempo é o método descrito pela ABNT NBR NM 9:2003(4) de resistência à penetração.
Como exemplo, analisando o traço 1:6:0,87 teor de 0,5%, o tempo de início de pega
segundo o método semi-adiabático foi de 26:30 (horas: minutos) (Figura 3) e pelo método
de resistência à penetração esse tempo foi de 45 horas (Figura 8), resultando numa
diferença de 18:30 horas. Cabe salientar que a temperatura ambiente pode ter
influenciado os resultados obtidos.

Nota-se ainda que, para a maioria dos casos, o tempo de início de pega determinado pelo
ultrassom ficou bem próximo aos resultados obtidos pelo método semi-adiabático, com
exceção da argamassa com teor de 0,1% de aditivo.

4 Conclusões
A partir dos resultados obtidos nas argamassas estudadas pelo método semi-adiabático
(evolução da temperatura ao longo do tempo), pelo ultrassom (velocidades de
propagação) e pelo método de resistência à penetração, para determinação do tempo de
início de pega, observou-se que o tempo de início de pega determinado pelo método da
resistência à penetração, na maioria dos casos, foi superior ao tempo de início de pega
determinado pelo método semi-adiabático e pelo ultrassom. E uma correlação mais
próxima do tempo de início de pega foi observada entre os resultados do método semi-
adiabático e do ultrassom.

Os resultados obtidos pelo método semi-adiabático indicam um método de determinação


do tempo de início de pega passível de ser normatizado, pois o resultado é baseado na
evolução do calor devido às reações exotérmicas que ocorrem durante a hidratação do
cimento no decorrer do tempo.

Já a finalidade da utilização do método do ultrassom para determinação do tempo de


início de pega das argamassas ensaiadas foi de facilitar a identificação desse tempo
através de um método prático e rápido, por exemplo, quando o tempo de início de pega
for condicionante para realização de novas atividades. Porém, verificou-se pelos
resultados obtidos nesse estudo que são necessárias maiores análises do ultrassom para
sua utilização como método para determinação do tempo de início de pega.

Comparando os resultados obtidos nos três métodos aplicados no que diz respeito ao
aditivo estabilizador de hidratação nota-se um aumento do tempo de início de pega
conforme o acréscimo do teor na composição das argamassas.

5 Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 9: Concreto e


argamassa – Determinação dos tempos de pega por meio de resistência a penetração.
Rio de Janeiro, 2003.

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______. NBR NM 45: Agregados – Determinação da massa unitária e do volume de
vazios. Rio de Janeiro, 2006.

______. NBR NM 46: Agregados – Determinação do material fino que passa através da
peneira 75 µm, por lavagem. Rio de Janeiro, 2003.

______. NBR NM 52: Agregado miúdo – Determinação da massa específica e massa


específica aparente. Rio de Janeiro, 2009.

______. NBR NM 248: Agregados – Determinação da composição granulométrica. Rio de


Janeiro, 2003.

______. NBR 13276: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos -


Preparo da mistura e determinação do índice de consistência. Rio de Janeiro, 2005.

______. NBR 13278: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos –


Determinação da densidade de massa e do teor de ar incorporado. Rio de Janeiro, 2005.

______. NBR 13279: Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e tetos –


Determinação da resistência à tração na flexão e à compressão. Rio de Janeiro, 2005.

______. NBR 13529: Revestimento de paredes e tetos de argamassas inorgânicas. Rio


de Janeiro, 1995.

CAMPOS, G. M. Estudo do tempo de início de pega de argamassas com aditivo


estabilizador de hidratação. 2012. 116 f. Monografia (Especialização em Patologia das
Construções) - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Curitiba, 2012.

MARTINS NETO, N.A.A.A.; DJANIKIAN, J.G. Aspectos de desempenho da argamassa


dosada em central. Boletim Técnico da Escola Politécnica da USP. São Paulo, serie
BT/PCC/235, 23 p., 1999.

PANARESE, W.C.; KOSMATKA, S.H.; RANDALL, F.A. Concrete Mansory Handbook


for architects, Engineers, Builders. Portland Cement Association, 5a ed. Estados
Unidos da América, 1991. 219 p.

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