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ESTAÇÃO 04 - Questão Israel-Palestina: 73 anos de limpeza étnica

Leitura da situação como um “conflito” esconde opressão do Estado israelense em processo histórico de
colonização e extermínio na Palestina
No início do mês passado, os
episódios de bombardeios na Faixa de
Gaza foram noticiados em diversos
veículos como uma “escalada de
violência” entre israelenses e
palestinos, ou ainda um “conflito”
entre Israel e Hamas, muitas vezes
apontado como parte de uma “longa
guerra” entre dois lados irredutíveis.
Essa cobertura tem gerado críticas
de cidadãos palestinos,
ativistas, jornalistas de diversas
nacionalidades e pesquisadores, que
consideram que é escolhida uma
narrativa que esconde a realidade da
região.

“É uma perspectiva que parte do pressuposto


de que é um confronto entre duas partes
igualmente poderosas, que possuem os
mesmos recursos ou que estão em posição de
igualdade. Mas, quando estudamos a história
desse ‘conflito’, o que vemos é que se trata de
um conflito de ordem colonial.” Isabela
Agostinelli dos Santos é doutoranda em
Relações Internacionais no Programa de Pós-
Graduação San Tiago Dantas (UNESP,
UNICAMP, PUC-SP) e pesquisadora do
Grupo de Estudos sobre Conflitos
Internacionais da PUC-SP. Ela explica que se
trata de “colonizadores e colonizados, em
posições de poder altamente discrepantes e
assimétricas”.
Para Agostinelli, a questão não deve ser lida
como um confronto ou guerra, e sim um
processo histórico de limpeza étnica feita por
Israel na região da Palestina.

“O que a Palestina vive desde o fim do século


19, com o avanço do projeto sionista [criação de um Estado étnico judeu na região da Palestina, que já era
habitada pelos árabes] de colonização daquele espaço, e que se intensificou em alguns momentos da
história, como a criação do Estado de Israel, em 1948, e a ocupação da Cisjordânia, Jerusalém Oriental e
Faixa de Gaza, em 1967, é um processo de limpeza étnica.”
Disponível em: http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2021/06/questao-israel-palestina-73-anos-de-
limpeza-etnica/ último acesso 11/10/2023.

Para refletir:
1. Faça uma analogia a partir da imagem e do texto, com as notícias atuais sobra a guerra e construa uma
narrativa a respeito do conflito atual entre as duas nações.
ESTAÇÃO 02 - ORIENTE MÉDIO

EUA garantem que Israel terá ‘o que for necessário’ para se defender do Hamas

“O terrorismo nunca é justificado. Israel tem o direito de defender a si mesmo e ao seu povo”, disse Biden

Após o presidente dos Estados Unidos,


Joe Biden, dizer que Israel tem o direito
de se defender dos ataques do Hamas
neste sábado (7), o Departamento de
Defesa norte-americano reafirmou o
compromisso “inabalável” dos EUA
garantiu que o seu principal aliado terá
todos os meios para se proteger.
“Nosso compromisso com o
direito de defesa de Israel permanece
inabalável”, disse o secretário da
Defesa, Lloyd Austin, em comunicado
divulgado à imprensa. Ele acrescentou
que trabalhará para garantir que Israel
tenha o que precisa para se defender e
proteger os civis “da violência
indiscriminada e do terrorismo”.
Um pouco antes, Biden, condenou, também por meio de nota, os “horríveis” ataques do Hamas. “Os
EUA condenam este terrível ataque contra Israel perpetrado por terroristas do Hamas. Deixei claro ao
primeiro-ministro (Benjamin) Netanyahu que estamos prontos a oferecer todos os meios apropriados de
apoio ao governo e ao povo de Israel”, ressaltou.
“O terrorismo nunca é justificado. Israel tem o direito de defender a si mesmo e ao seu povo”,
completou o presidente norte-americano. Ele conversou com o primeiro-ministro israelense neste sábado,
logo após a ofensiva do Hamas. Biden deve fazer um pronunciamento, que será transmitido pela TV e
internet, ainda neste sábado. Hamas lançou foguetes e fez invasão por terra
O Hamas fez um ataque surpresa contra Israel na manhã deste sábado. O grupo militante diz ter
lançado cerca de 5 mil foguetes a partir da Faixa de Gaza. Autoridades israelenses falam que foram 2 mil.
Independentemente do número certo, esta é uma das maiores ofensivas contra o país nos últimos anos.
Disponível em : https://www.otempo.com.br/politica/eua-garantem-que-israel-tera-o-que-for-necessario-
para-se-defender-do-hamas-1.3249829 Ultimo acesso 18/10/2023.

RESPONDAM:

1. O que vocês entendem por Terrorismo?


2. O terrorismo tem sido um forte argumento das nações europeias e Norte americana, para justificar
ataques e guerra, qual a consideração do grupo a esse respeito após conhecer o significado do termo
terrorismo?
3. Qual a opinião do grupo sobre a atuação dos EUA em apoio a Israel?
4. Sobre a frase: “O terrorismo nunca é justificado. Israel tem o direito de defender a si mesmo e ao seu
povo” A ação de Israel em resposta aos ataques do Hamas é justa?
ESTAÇÃO 05 - ISRAEL BOMBARDEIA HOSPITAL EM GAZA, E NÚMERO DE MORTES
ULTRAPASSA 500, DIZEM AUTORIDADES PALESTINAS.

Um ataque de Israel contra um hospital em Gaza causou centenas de mortes nesta terça-feira (17). De acordo
os dados do Ministério da Saúde de Gaza, o número de vítimas fatais é superior a 500.

Ataque israelense a hospital na Faixa de


Gaza deixou centenas de vítimas nesta
terça-feira (17) - Dawood Nemer / AFP

O Hospital Árabe Al-Ahli estava


abrigando muitas famílias que foram
feridas no contexto do contínuo
bombardeio de Gaza por Israel. Os
primeiros relatos, amplamente
divulgados nas redes sociais, mostram
muitas imagens de mulheres e crianças
entre as vítimas.
A Defesa Civil Palestina chegou a
declarar que o ataque israelense ao
hospital em Gaza foi o mais mortífero
em cinco guerras travadas desde 2008.

"O massacre no Hospital Al-Ahli Arab não tem precedentes na nossa história. Embora tenhamos
testemunhado tragédias em guerras e dias passados, o que aconteceu esta noite equivale a um genocídio",
disse o porta-voz do órgão palestino Mahmoud Basal à Al Jazeera.

Ainda de acordo com as autoridades locais, centenas de pessoas permanecem presas sob os escombros.
A porta-voz do Crescente Vermelho, braço da Cruz Vermelha nos países muçulmanos, Nebal Farsakh,
observou que muitos dos que se reuniram no Hospital al-Ahli, na cidade de Gaza, estavam atendendo à
exigência israelense de evacuação, mas não puderam viajar para o sul.

"Muitas pessoas estão perguntando por que esse número é tão alto. Porque são palestinos que procuraram
refúgio em frente ao hospital. Eles pensaram que estariam em um local mais seguro em frente a um hospital.
Mas este não é o caso em Gaza, este não é o caso na Palestina", disse a porta-voz, citada pela Al Jazeera.

"Aqueles que estavam em frente ao hospital foram obrigados a deixar suas casas sob ordem de evacuação.
Eles não têm sequer condições de evacuar para o sul. Há destruição completa da infraestrutura e do
transporte [...] Isso é genocídio. Isto é um crime de guerra", acrescentou Nebal Farsakh.

Já um porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF) inicialmente declarou que não poderia confirmar o
ataque ao hospital e que a informação estava sendo verificada. Posteriormente, o exército israelense disse
que a explosão no hospital em Gaza foi causada por um lançamento fracassado de foguete da Jihad Islâmica.

O presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, declarou três dias de luto após os ataques
aéreos israelenses ao Hospital Árabe al-Ahli, em Gaza, informa a agência oficial WAFA.

Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2023/10/17/israel-bombardeia-hospital-em-gaza-e-


numero-de-mortes-ultrapassa-500 , ultimo acesso 18/10/2023.

PARA ANALISAR E OPINAR:

1. Qual a opinião do grupo sobre o ataque de Israel ao Hospital mencionado na reportagem?


2. Para que não haja mais vítimas inocentes como estas, na opinião do grupo, é possível um cessar fogo
ampliando os arsenais de guerra como propõe os EUA?
3. Qual seria as possíveis alternativas para um possível cessar fogo?
ESTAÇÃO 01 - ISRAEL, HAMAS, PALESTINA: ENTENDA A GUERRA NO ORIENTE MÉDIO.
“Conflito tem disputa por terras como pano de fundo”
Publicado em 15/10/2023 - 14:16 Por Luiz Claudio Ferreira - Repórter da Agência Brasil - Brasília
O conflito entre Israel e Hamas tem origem na disputa por territórios que já foram ocupados por
diversos povos, como hebreus e filisteus, dos quais descendem israelenses e palestinos. Em diferentes
momentos, guerras e ocupações, eles foram expulsos, retomaram terras, ampliaram e as perderam.
De acordo com o professor de direito e de Relações Internacionais Danilo Porfírio Vieira, desde o
século 19, a comunidade judaica, principalmente na Europa, começou a se mobilizar em torno de uma ideia
de nacionalidade e do retorno ao que considera seu território “bíblico”, perdido durante o Império Romano.
Quando o Império Otomano perdeu a 1ª Guerra, aquela região do Oriente Médio foi dividida entre
franceses e britânicos. A região do Líbano e da Síria ficou sob controle da França e, regiões como Kuwait,
Iraque, Jordânia e Palestina, sob colonização britânica. Nesse período, ganhou força entre os judeus
refugiados pelo mundo a ideia de retornar à Palestina para criar um estado judaico.
“O projeto inicial era a compra de territórios de propriedades dentro de uma região que estava, desde
a década de 1920, sob controle do Império britânico (Mandato Britânico da Palestina)”, afirma o
pesquisador, com pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP) sobre a “Irmandade Muçulmana”,
organização que acabou gerando, na Palestina, o Hamas.
Na 2ª Guerra Mundial, com o Holocausto, a comunidade internacional voltou a discutir a ideia de um
estado que abrigaria o povo judeu. Após o nascimento da Organização das Nações Unidas (ONU), o Estado
de Israel foi criado. Isso se deu com o apoio dos norte-americanos e até mesmo do Brasil. Representantes
internacionais também defendiam a criação do Estado Palestino.
Durante as negociações, o litoral setentrional ficou sob controle dos israelenses e, o meridional, dos
palestinos. A região interiorana ao sul da Palestina foi para os israelenses. Por seu caráter histórico e por ser
sagrada pra árabes, judeus e cristãos, Jerusalém iria se tornar uma cidade autônoma, dentro da Palestina e
sob o jugo dos britânicos.
Território israelense foi se expandindo com o passar dos anos. Ao mesmo tempo, os palestinos foram
perdendo espaço na região. Por Arte/EBC
Israel vence guerras
Diante de diversos impasses, houve a Guerra da Independência, em 1948, vencida por Israel com
apoio principalmente dos norte-americanos. A tensão não reduziu. Israel passou a controlar 75% do
território. O êxodo de palestinos se intensificou e milhões permanecem refugiados em outros países.
Na segunda metade do século 20, outras guerras com nações vizinhas àquela região, como Egito,
Síria, Jordânia, Líbia, a chamada União Árabe, deram mais força para Israel, que ganharia o status e
potência bélica. Entre as vitórias, a Guerra dos Seis Dias (entre 5 e 10 de junho de 1967), quando Israel
enfrentou e sufocou os vizinhos.
Seis anos depois, em 1973, houve a Guerra do Yom Kippur, do Egito e Síria contra Israel. As
conquistas territoriais de Israel em meio a guerras duplicaram o seu território. Mas deixou marcas.
Por isso, os povos palestinos reivindicam o seu estado independente e autonomia. Em 1993, houve
um novo acordo (Oslo) entre israelenses e palestinos, com mediação americana e europeia, no qual ficou
acertado o reconhecimento da Autoridade Palestina.
HAMAS
Em 1987, um grupo político palestino ligado ao movimento político islâmico sunita, chamado
“Irmandade Muçulmana”, gerou o movimento Hamas.
Esse grupo não aceita a presença dos judeus e israelitas naquela região, tanto que o Hamas defendeu
a aniquilação do estado de Israel nos anos 2000. O Hamas, inclusive, deu um golpe na Autoridade Palestina
e passou a controlar a Faixa de Gaza, um território de pouco mais de 360 km quadrados superpopuloso com
mais de 2,6 milhões de habitantes.
Por isso, a Autoridade Palestina não alcança Gaza. Outro território palestino, a Cisjordânia, está sob
o controle do partido Fatah, com regiões ocupadas por colonos israelenses e controle militar do governo de
Israel.

01. Analisem o texto e tentem justificar a seguinte frase: “Conflito tem disputa por terras como pano de
fundo”. O que esta frase quer dizer?
ESTAÇÃO 04- O POSSÍVEL ESTOPIM QUE FEZ O GRUPO HAMAS REAGIR
Massacres de Israel contra palestinos se acumulam ...
Listo aqui os massacres cometidos por Israel contra os palestinos antes do conflito iniciado este mês.
O compilado foi feito pelo historiador Nur Masalha em seu livro “The Palestine Nakba: Decolonising History,
Narrating the Subaltern, Reclaiming Memory” [“A Nakba palestina: descolonizando a história, narrando o
subalterno e reivindicando a memória”] e atualizado por mim: Bruno Huberman ; 3 de out de 2023, 06h02
• QIBYA, em outubro de 1953: tropas israelenses da Unidade 101 atacaram o vilarejo de Qibya, na Cisjordânia,
matando 69 palestinos. Muitos se escondiam em suas casas quando bombas explodiram as residências. Foram
destruídas 45 casas, uma escola e uma mesquita.
• KAFR QASIM, em outubro de 1956: a polícia de fronteira israelense massacrou 48 cidadãos palestinos de
Israel, incluindo seis mulheres e 23 crianças.
• VILAREJOS NA GALILEIA, EM MARÇO DE 1976: seis cidadãos palestinos de Israel foram mortos, 100
foram feridos e outros 100 foram presos em protestos contra a expropriação de terras na Galileia pelo estado de
Israel.
• HEBRON, em fevereiro de 1994: foram massacrados 29 muçulmanos dentro de uma mesquita em Hebron pelo
colono fundamentalista judeu Baruch Goldstein.
• CAMPO DE REFUGIADOS DE JENIN, EM ABRIL DE 2002: o Exército de Israel atacou o campo usando
bulldozers, tanques e helicópteros. Estima-se que morreram centenas de homens, mulheres e crianças, embora
não se saiba o número exato,pois muitos foram enterrados sob os escombros.
• INTIFADAS EM 1987, 1993, 2000 E 2002: milhares foram mortos e feridos pelo Exército de Israel.
• GAZA, EM DEZEMBRO DE 2008: 1.417 palestinos foram mortos, sendo mais de 900 deles civis.
• GAZA, EM NOVEMBRO DE 2012: 174 palestinos foram mortos e centenas ficaram feridos em uma ação
israelense para assassinar o dirigente militar do Hamas, Ahmad Jabari.
• GAZA, EM JULHO E AGOSTO DE 2014: o sequestro de três jovens israelenses pelo Hamas resultou em
uma guerra de sete semanas em que 2,1 mil palestinos e 73 israelenses foram mortos, incluindo seis civis de
Israel.
• GAZA, EM MARÇO DE 2018: milhares de palestinos protestaram próximos à cerca em torno de Gaza na
Marcha do Retorno. As tropas israelenses abriram fogo e mataram 170 palestinos ao longo de vários meses de
protesto, resultando em um novo confronto entre Hamas e Israel.
• GAZA, EM MAIO DE 2021: depois de meses de tensão durante o Ramadan, centenas de palestinos foram
feridos em um dia de reza na mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém. O Hamas demandou a desocupação israelense.
Em um confronto que durou 11 dias, 260 palestinos e 11 israelenses foram assassinados em Gaza.
Anos de cooperação de segurança e reza à cartilha neoliberal de desenvolvimento pela ANP não
resultaram na criação de um estado da Palestina. A moderação do grupo dirigente da ANP, o Fatah, e a
negociação diplomática trouxe apenas mais colonização para os palestinos. Essa é a razão de o Hamas ainda
optar pela resistência violenta, como fizeram diferentes grupos guerrilheiros palestinos durante a Guerra Fria.
O que acontece agora em Gaza é uma continuação do que ocorre desde 1948. É por isso que os palestinos
dizem viver uma “Nakba contínua”, isto é, uma catástrofe diária. Os massacres se repetem, as expulsões se
repetem, as demolições de casas e vilarejos se repetem. A negação da autodeterminação palestina por meio da
ocupação militar na Cisjordânia e na Faixa de Gaza criou uma panela de pressão de insatisfação e ressentimento
entre os palestinos. No sábado, ela estourou.
Em Gaza, é onde os palestinos têm a vida mais restrita. Onde ninguém entra nem sai. Onde Israel
controla a entrada de alimentos calculando a quantidade de calorias mínimas para sobrevivência dos 2 milhões de
palestinos. Onde bombas caem do céu e destroem prédios inteiros. Onde a ONU considera a vida “invivível”.
Uma distopia na realidade. É nesse ambiente que a radicalidade do Hamas ferve e explode.
HORA DE OPINAR
1. O grupo concorda que estes eventos podem ser o estopim que justifica o ataque do Hamas a Israel?
Justifique.
2. O terrorismo pode ser praticado pelo o Estado ou ele é uma prática apenas de grupos não
institucionalizados?

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