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Leitura da situação como um “conflito” esconde opressão do Estado israelense em processo histórico de
colonização e extermínio na Palestina
No início do mês passado, os
episódios de bombardeios na Faixa de
Gaza foram noticiados em diversos
veículos como uma “escalada de
violência” entre israelenses e
palestinos, ou ainda um “conflito”
entre Israel e Hamas, muitas vezes
apontado como parte de uma “longa
guerra” entre dois lados irredutíveis.
Essa cobertura tem gerado críticas
de cidadãos palestinos,
ativistas, jornalistas de diversas
nacionalidades e pesquisadores, que
consideram que é escolhida uma
narrativa que esconde a realidade da
região.
Para refletir:
1. Faça uma analogia a partir da imagem e do texto, com as notícias atuais sobra a guerra e construa uma
narrativa a respeito do conflito atual entre as duas nações.
ESTAÇÃO 02 - ORIENTE MÉDIO
EUA garantem que Israel terá ‘o que for necessário’ para se defender do Hamas
“O terrorismo nunca é justificado. Israel tem o direito de defender a si mesmo e ao seu povo”, disse Biden
RESPONDAM:
Um ataque de Israel contra um hospital em Gaza causou centenas de mortes nesta terça-feira (17). De acordo
os dados do Ministério da Saúde de Gaza, o número de vítimas fatais é superior a 500.
"O massacre no Hospital Al-Ahli Arab não tem precedentes na nossa história. Embora tenhamos
testemunhado tragédias em guerras e dias passados, o que aconteceu esta noite equivale a um genocídio",
disse o porta-voz do órgão palestino Mahmoud Basal à Al Jazeera.
Ainda de acordo com as autoridades locais, centenas de pessoas permanecem presas sob os escombros.
A porta-voz do Crescente Vermelho, braço da Cruz Vermelha nos países muçulmanos, Nebal Farsakh,
observou que muitos dos que se reuniram no Hospital al-Ahli, na cidade de Gaza, estavam atendendo à
exigência israelense de evacuação, mas não puderam viajar para o sul.
"Muitas pessoas estão perguntando por que esse número é tão alto. Porque são palestinos que procuraram
refúgio em frente ao hospital. Eles pensaram que estariam em um local mais seguro em frente a um hospital.
Mas este não é o caso em Gaza, este não é o caso na Palestina", disse a porta-voz, citada pela Al Jazeera.
"Aqueles que estavam em frente ao hospital foram obrigados a deixar suas casas sob ordem de evacuação.
Eles não têm sequer condições de evacuar para o sul. Há destruição completa da infraestrutura e do
transporte [...] Isso é genocídio. Isto é um crime de guerra", acrescentou Nebal Farsakh.
Já um porta-voz das Forças de Defesa de Israel (IDF) inicialmente declarou que não poderia confirmar o
ataque ao hospital e que a informação estava sendo verificada. Posteriormente, o exército israelense disse
que a explosão no hospital em Gaza foi causada por um lançamento fracassado de foguete da Jihad Islâmica.
O presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas, declarou três dias de luto após os ataques
aéreos israelenses ao Hospital Árabe al-Ahli, em Gaza, informa a agência oficial WAFA.
01. Analisem o texto e tentem justificar a seguinte frase: “Conflito tem disputa por terras como pano de
fundo”. O que esta frase quer dizer?
ESTAÇÃO 04- O POSSÍVEL ESTOPIM QUE FEZ O GRUPO HAMAS REAGIR
Massacres de Israel contra palestinos se acumulam ...
Listo aqui os massacres cometidos por Israel contra os palestinos antes do conflito iniciado este mês.
O compilado foi feito pelo historiador Nur Masalha em seu livro “The Palestine Nakba: Decolonising History,
Narrating the Subaltern, Reclaiming Memory” [“A Nakba palestina: descolonizando a história, narrando o
subalterno e reivindicando a memória”] e atualizado por mim: Bruno Huberman ; 3 de out de 2023, 06h02
• QIBYA, em outubro de 1953: tropas israelenses da Unidade 101 atacaram o vilarejo de Qibya, na Cisjordânia,
matando 69 palestinos. Muitos se escondiam em suas casas quando bombas explodiram as residências. Foram
destruídas 45 casas, uma escola e uma mesquita.
• KAFR QASIM, em outubro de 1956: a polícia de fronteira israelense massacrou 48 cidadãos palestinos de
Israel, incluindo seis mulheres e 23 crianças.
• VILAREJOS NA GALILEIA, EM MARÇO DE 1976: seis cidadãos palestinos de Israel foram mortos, 100
foram feridos e outros 100 foram presos em protestos contra a expropriação de terras na Galileia pelo estado de
Israel.
• HEBRON, em fevereiro de 1994: foram massacrados 29 muçulmanos dentro de uma mesquita em Hebron pelo
colono fundamentalista judeu Baruch Goldstein.
• CAMPO DE REFUGIADOS DE JENIN, EM ABRIL DE 2002: o Exército de Israel atacou o campo usando
bulldozers, tanques e helicópteros. Estima-se que morreram centenas de homens, mulheres e crianças, embora
não se saiba o número exato,pois muitos foram enterrados sob os escombros.
• INTIFADAS EM 1987, 1993, 2000 E 2002: milhares foram mortos e feridos pelo Exército de Israel.
• GAZA, EM DEZEMBRO DE 2008: 1.417 palestinos foram mortos, sendo mais de 900 deles civis.
• GAZA, EM NOVEMBRO DE 2012: 174 palestinos foram mortos e centenas ficaram feridos em uma ação
israelense para assassinar o dirigente militar do Hamas, Ahmad Jabari.
• GAZA, EM JULHO E AGOSTO DE 2014: o sequestro de três jovens israelenses pelo Hamas resultou em
uma guerra de sete semanas em que 2,1 mil palestinos e 73 israelenses foram mortos, incluindo seis civis de
Israel.
• GAZA, EM MARÇO DE 2018: milhares de palestinos protestaram próximos à cerca em torno de Gaza na
Marcha do Retorno. As tropas israelenses abriram fogo e mataram 170 palestinos ao longo de vários meses de
protesto, resultando em um novo confronto entre Hamas e Israel.
• GAZA, EM MAIO DE 2021: depois de meses de tensão durante o Ramadan, centenas de palestinos foram
feridos em um dia de reza na mesquita de Al-Aqsa em Jerusalém. O Hamas demandou a desocupação israelense.
Em um confronto que durou 11 dias, 260 palestinos e 11 israelenses foram assassinados em Gaza.
Anos de cooperação de segurança e reza à cartilha neoliberal de desenvolvimento pela ANP não
resultaram na criação de um estado da Palestina. A moderação do grupo dirigente da ANP, o Fatah, e a
negociação diplomática trouxe apenas mais colonização para os palestinos. Essa é a razão de o Hamas ainda
optar pela resistência violenta, como fizeram diferentes grupos guerrilheiros palestinos durante a Guerra Fria.
O que acontece agora em Gaza é uma continuação do que ocorre desde 1948. É por isso que os palestinos
dizem viver uma “Nakba contínua”, isto é, uma catástrofe diária. Os massacres se repetem, as expulsões se
repetem, as demolições de casas e vilarejos se repetem. A negação da autodeterminação palestina por meio da
ocupação militar na Cisjordânia e na Faixa de Gaza criou uma panela de pressão de insatisfação e ressentimento
entre os palestinos. No sábado, ela estourou.
Em Gaza, é onde os palestinos têm a vida mais restrita. Onde ninguém entra nem sai. Onde Israel
controla a entrada de alimentos calculando a quantidade de calorias mínimas para sobrevivência dos 2 milhões de
palestinos. Onde bombas caem do céu e destroem prédios inteiros. Onde a ONU considera a vida “invivível”.
Uma distopia na realidade. É nesse ambiente que a radicalidade do Hamas ferve e explode.
HORA DE OPINAR
1. O grupo concorda que estes eventos podem ser o estopim que justifica o ataque do Hamas a Israel?
Justifique.
2. O terrorismo pode ser praticado pelo o Estado ou ele é uma prática apenas de grupos não
institucionalizados?