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Uberlândia
2023
BRUNO CÉZAR OLIVEIRA CAMARGO
Uberlândia
2023
RESUMO
The Uberization of work theme became a recurrent theme in the last period due to its
significant expansion. Initially, the media group and the large companies responsible
for Uberização promoted the discourse and rationality of “independence” and
“entrepreneurship” and distanced themselves from the thought of subordination and
work. This work aims to analyze the idealization of work in modern times, focusing on
the phenomenon of Uberization. The method adopted for the development of this
study was a bibliographical research. The procedure for data collection was to search
a digital database, which provide empirical studies and literature review on the topic
addressed in this study. This study is thus justified due to the importance of studying
the subject, thinking both in a social context, which will improve life for the population
and for an academic environment, as it does not have much theoretical material on
the subject. The current Uberizado work shows how far this trend has expired and its
schedule is self-determined, but it is still highly controlled. While at first this seemed
to give workers more freedom, the real situation is quite different. The acting model in
hegemony is the model of the individual as an entrepreneur with his own work force
and his own social security.
INTRODUÇÃO............................................................................................................ 4
CAPÍTULO UM................................................................................................... 6
CAPÍTULO DOIS.......................................................................................................11
2.2 Uberização.................................................................................................. 15
CAPÍTULO TRÊS.........................................................................................34
CONCLUSÃO............................................................................................................42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................45
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INTRODUÇÃO
CAPÍTULO UM
O objetivo deste capítulo é mostrar que já existem várias partes que contêm
essa ideia, reconhecendo que as relações de consumo não se limitam mais à
compra e venda ou assinatura de contratos e prestação de serviços, mas incluem
também a troca de bens e serviços.
Para tanto, três modelos de negócios potenciais serão mostrados e eles não
parecem sair do mercado tão cedo. São considerados “novos modelos de negócio”
decorrentes desta tendência e explicam a dinâmica de funcionamento da economia
partilhada.
Uma das tendências ou modelo de negócios surgiu na indústria de
hospedagem, quando aplicativos como Airbnb se tornaram amplamente conhecidos
e ganharam adeptos. A proposta deste tipo de plataforma atua apenas como um
“intermediário”, podendo a pessoa cadastrada se tornar hospedeira e hóspede de
acordo com suas necessidades ou interesses, portanto, nas palavras de Meller-
Hanich (2016, p. 21), esta ideia inclui basicamente “[...] oferecer hospedagem a um
preço acessível para providenciar um sofá na sua sala, grátis ou mediante
pagamento”.
No entanto, pode-se dizer que essa plataforma compete com hotéis e até
mesmo grandes redes hoteleiras. Por outro lado, ao analisar a natureza da relação
jurídica estabelecida entre os sujeitos utilizando o aplicativo Airbnb, à primeira vista,
a atividade não parece inferir quaisquer outras áreas, mas sim quando o contrato
não é cumprido, obviamente será sujeito à obrigação da lei de defesa do
consumidor.
A priori, a comodidade só deve atender às condições estabelecidas:
proporcionar comodidade porque gera expectativas razoáveis.
Portanto, outra forma de ganhar força nos últimos anos, como segundo
modelo de negócio, é o próprio setor de consumo, incluindo produtos reutilizáveis
novos e usados ou antigos, bem como a promoção de serviços, empresas que
atuam na área de vendas de produtos. Os indivíduos podem encontrar um lugar, nas
plataformas digitais, que nem sabe que ele existe para encontrar seus produtos,
pagar pelos produtos e encaminhá-los pelo correio, as plataformas OLX, Enjoyi e
Mercado Livre são exemplos de como a dinâmica funciona quando o ponto de
integração é um indivíduo.
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CAPÍTULO DOIS
Para Verbicaro e Pedrosa (2017, p. 70), “[...] o Uber é sem dúvida o caso
mais famoso dessa nova onda econômica”. Como pode ser visto na história contada
no site da empresa, essa ideia surgiu em dezembro de 2008. O aplicativo para
smartphone foi lançado em São Francisco, nos Estados Unidos, pelos empresários
Travis Kalanick e Garrett Camp em março de 2009. Na época era chamado de
“UberCab” É um táxi de luxo. No entanto, em 2010, a última parte de “Cab” (táxi) foi
retirada do nome e simplesmente chamada de “Uber”. Desde então, o aplicativo
ocupou uma proporção internacional e agora está disponível em 65 países/regiões,
com 75 milhões de usuários e 3 milhões de parceiros motoristas.
No Brasil, o aplicativo chegou em meados de 2014 e a cidade do Rio de
Janeiro passou a ser a sede do experimento. Segundo informações da plataforma
digital da empresa, atualmente está sendo utilizado em 100 cidades do país,
distribuídas nas regiões sudeste, sul, norte, nordeste e centro-oeste. Ao que tudo
indica, parece estar longe das ruas da cidade.
Por outro lado, de acordo com Duque (2016, p. 504-505), apesar do sucesso
da aplicação, a empresa enfrenta desafios para sua atuação em vários países,
inclusive nos tribunais. O foco de tais desafios sempre esteve mais voltado para
questões como a falta de regulamentação específica, tributação, questões
econômicas e de consumo.
Assim que chegou, gerou polêmica por se suspeitar que as atividades da
empresa estariam voltadas para o transporte coletivo pessoal, que, legalmente,
sempre foi realizado por taxistas. Portanto, sua legalidade no país também tem sido
questionada. Tendo em vista que a concorrência é considerada desleal e até mesmo
chamada de “táxis secretos” (VIEGAS; LETRA, 2016 p. 146), essa situação tem até
mesmo desencadeado manifestações de rua e a cidade onde o aplicativo começou
a funcionar.
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2.2 UBERIZAÇÃO
Tenta-se persuadir que mesmo que a relação de trabalho da Uber “[...] seja
na verdade um fenômeno de transferência de risco e custo, ela sempre existiu na
terceirização [...]” e essa transferência desses riscos e custos, uma parte será
direcionada aos próprios trabalhadores (RODRIGUES, 2018, p. 328).
Por outro lado, Abílio considera esse fenômeno como uma nova forma de
terceirização ou subcontratação
Ocorre que a terceirização é um sistema antigo no direito do trabalho, que
pressupõe a relação tripartite estabelecida entre trabalhadores, empresas
terceirizadas e prestadores de serviços. Nesse sentido, vale a pena transcrever os
ensinamentos de Delgado (2018, p. 534):
vista não é assumido pela empresa, ela usa a erosão do poder para aumentar suas
margens de lucro (SOUZA; MEINBERG, 2020).
Quando questionados se estão satisfeitos com seu trabalho, como motoristas
do Uber, algumas pessoas pensam que são “autoempresários” que podem fazer
pleno uso da liberdade e flexibilidade de sua própria gestão. Para quem encontra
uma solução para a falta de emprego no Uber, a resposta é “Sim, me salva do
desemprego.” Por outro lado, muitas pessoas reclamam que a alíquota de 25%
cobrada pela empresa é muito alta da lógica do subemprego, a corrosão dos direitos
trabalhistas:
Eles (do Uber) não dão ouvidos ao motorista. Eles nunca procuram
soluções que nos ajudem, apenas consideram os seus lucros, que são
enormes e esperam obter cada vez mais lucros conosco e com os
passageiros. Nossos motoristas estão sofrendo com o preço do
combustível, das peças do carro, de qualquer tipo de manutenção, da
alimentação, tudo é caro. Eles não gostam, nosso motorista quase paga
pelos passageiros. Agora o Uber cobra mais taxas dos passageiros e depois
nos transfere muito menos dinheiro, o que é muito barato e fica com o
dinheiro restante, ou seja, eles estão roubando os passageiros, nós somos
os pilotos que correm e nós fazemos isso por eles Depois de receber o
dinheiro, o Uber é, em última análise, a pessoa lucrativa. O Uber irá à
falência se mantiver a maior parte das despesas pagas pelos passageiros
(MORAES; DE OLIVEIRA; ACCORSI, 2019).
De acordo com a pesquisa realizada por Moraes, Oliveira e Accorsi com 100
motoristas de Uber em São Paulo, 77% das pessoas trabalham de 6 a 8 horas por
dia como motoristas, dirigindo de 5 a 7 dias por semana 73% e tendo o aplicativo
como única fonte de remuneração são 57%, esses motoristas, segundo os autores,
buscam ainda trabalho formal, reclamam da carga horaria de trabalho e da baixa
remuneração (FILGUEIRAS; ANTUNES, 2020).
A democratização da novidade tecnológica é um mecanismo para modelar e
contar com o trabalho diário 24 horas por dia, 7 dias por semana, ou seja, tentar
estender o trabalho a todo o limite de tempo da vida. É assim que a uberização,
como forma de gestão da atual “empresa de aplicativos”, se apresenta como uma
estratégia altamente lucrativa, pois, ao prestar serviços, seus “parceiros” estão
dispostos a percorrer longas distâncias, geralmente cumulativas, para forçar para
suportar o trabalho diário 24 horas por dia, 7 dias por semana e obter alguns
benefícios neste mercado de trabalho cada vez mais competitivo (VENCO, 2019).
A dependência de padrões diários cada vez mais difundidos e intensos acaba
revelando o aprisionamento dos mecanismos de controle, proporcionando contínuo
avanço tecnológico. Pelo contrário, a crise da sociedade do trabalho não é para que
os indivíduos se libertem da limitação do tempo, como demonstram os defensores
da flexibilidade, mas sim para a prisão total: deve ser cada vez mais diante do
trabalho.
O Uber não é uma empresa de transporte, mas sim uma empresa de
tecnologia que conecta motoristas a passageiros, o que isenta a Uber de
responsabilidade e a transfere para os motoristas. A classificação como autônomo
foge à obrigação da empresa de assumir os direitos trabalhistas e cumprir as
normas trabalhistas. No subempreiteiro, só nele, muitos riscos virão. As empresas
mais bem-sucedidas na “economia compartilhada” classificam seus prestadores de
serviços como autônomos, que podem economizar salários de manutenção, uma
série de direitos trabalhistas, custos de manutenção, tempo de inatividade e custos
de transferência de tempo, acidentes de trabalho e qualquer obrigação de garantia
social (MARTINS; DE MIRANDA, 2017).
Pode ser explicado na “Biografia de Desempenho Incerto” de Kurz (2015)
porque a adesão à plataforma cresceu rapidamente. Com o declínio contínuo dos
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salários reais, mesmo nos centros capitalistas, a renda oficial dos salários não é
mais suficiente para cobrir esse padrão de seguro habitacional, automóvel e médico.
A solução que muitas pessoas encontram é procurar emprego adicional, ou seja,
aqueles com jornada média de trabalho mais curta provavelmente combinarão o
Uber com outras profissões. Portanto, fica claro que a flexibilidade de trabalho
preconizada pelo discurso neoliberal significa fluidez na jornada, estendendo-a na
medida em que os limites humanos podem suportar
Obviamente, isso só acontece quando eles descobrem tais atividades, pois
além do aumento exponencial da taxa de desemprego, a linha entre emprego e
desemprego também se tornou mais tênue do que nunca. Para uma classe social
cada vez mais restrita, os direitos trabalhistas tornaram-se um luxo - e estão prontos
para adotar novas formas de flexibilidade, subemprego e instabilidade (VENCO,
2018).
O desenvolvimento da uberização, além de demonstrar as vantagens
econômicas dos investidores em startups multibilionárias, também comprova o
aumento do desemprego e a instabilidade do emprego. A cada dia, aumenta o
número de pessoas em situação de vulnerabilidade por trabalharem de forma
autônoma ou informal, seu salário é incerto, ou porque seu salário é constantemente
atrasado, mesmo em cargos antes considerados estáveis e obrigados a buscar
relações de trabalho complementares, como por exemplo, associação com
plataformas como Uber.
Quando as pessoas não puderem mais trabalhar de acordo com sua
formação, veremos conceitos como profissões ou habilidade se tornarem sem
sentido. A crise da sociedade do trabalho, ao impedir os indivíduos de fazerem o que
querem e apenas fazerem o que lhes é permitido fazer, leva à erosão do caráter
pessoal, porque vivemos o curto prazo necessário para a flexibilidade que prevalece
na complexidade das relações interpessoais.
Nesse sentido, a dimensão do tempo no novo capitalismo pode atacar mais o
caráter pessoal, porque o curto prazo impulsionado pelas reformas econômicas
modernas coloca a vida emocional em risco. Medo, ansiedade, preocupação e
ansiedade, são sentimentos em nossas vidas diárias, podem causar uma dor
tremenda e só podemos enfrentá-los no final.
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CAPÍTULO TRÊS
Para dar continuidade à nossa reflexão, é importante ressaltar que esta crise
não se limita à superacumulação. As limitações internas do capitalismo são óbvias e
não pode continuar a criar valor. Substituir trabalho produtivo por trabalho
improdutivo é um ataque ao seu pilar mais básico. Portanto, além de exigir capital
para superar os obstáculos internos à acumulação, a revolução tecnológica também
cria obstáculos intransponíveis (PINHEIRO; SOUZA; GUIMARÃES, 2018).
Devido ao crescente excedente de trabalho (capital variável), a nova alocação
exige que os indivíduos se submetam a condições cada vez mais instáveis como
mecanismo de ajuste à acumulação excessiva. Uma vez que um grande número de
trabalhadores é abandonado, prestar serviços ao Uber é a forma mais direta de
resolver o problema do desemprego. Obviamente, este é um processo contraditório,
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porque a redução nas despesas de capital variáveis tem um impacto no nível geral
de consumo, aumentando assim o problema de superacumulação. No entanto, esse
é o instinto das relações de capital e não se pode esperar racionalidade (PIRES,
2021).
Se valor é uma relação social, é interessante entender como sua crise gera
novas configurações espaciais e temporais, principalmente nas relações de trabalho.
No final do século 19, a inovação do processo de produção na segunda revolução
tecnológica eliminou um grande número de trabalhadores da linha de produção,
promovendo o uso de motores elétricos e de combustão interna. O ajuste espacial
da acumulação excessiva de trabalho é a imigração da Europa para outros
continentes.
No passado, esse excedente poderia ser compensado pela mobilidade
geográfica e por processos de produção inovadores para estabelecer novos
departamentos de produção que podem absorver alguns dos trabalhadores
expulsos. Porém, atualmente, se está testemunhando as limitações inerentes ao
capitalismo global com sua produtividade altamente desenvolvida, portanto, desde a
revolução da microeletrônica, essa compensação não é mais efetiva.
Diante de uma economia global que não pode gerar mais valor, uma mistura
de “humanos não lucrativos”, excluídos e subutilizados, vem formando grupos cada
vez mais densos. O fluxo de capital monetário para a bolha financeira mostra que,
em um mundo de valorização virtual, o mais importante é a possibilidade de obter
alguma receita com a circulação de títulos financeiros (VENCO, 2021).
No contexto da contínua racionalização da força de trabalho, o desemprego
em larga escala está relacionado ao sistema de emprego por meio de uma nova
forma de subemprego improdutivo, informal e altamente flexível e acarreta uma série
de novos riscos para os indivíduos. Esta é uma característica do ajuste do espaço
de trabalho nesta época: ajuste feito separadamente. Quando se trata de
Uberização do trabalho, esse recurso fica mais oculto (SABINO; ABÍLIO, 2019).
Para quem ainda não foi expulso do mercado de trabalho, os empregos
excedentes passaram por uma série de transformações. As dimensões básicas que
sofreram as mudanças mais potenciais na padronização do trabalho são as horas de
trabalho e o local de trabalho.
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CONCLUSÃO
histórica, para que possamos sonhar com um mundo melhor, projetá-lo e persegui-
lo.
Um mercado multibilionário de plataforma de aplicativos móveis está
surgindo. Ao conectar pessoas interessadas em consumir serviços de transporte de
passageiros com aquelas que desejam oferecer esse serviço a um preço mais
atraente, aplicativos como o Uber finalmente criaram um modelo de negócios muito
inovador que pode desafiar o que já existe no mercado, não se trata apenas da
abolição dos vínculos empregatícios nesta forma de trabalho, o Uber deu um novo
passo na real inclusão laboral. O mercado de trabalho está se desenvolvendo em
escala global. Atualmente, milhões de trabalhadores estão envolvidos em todo o
mundo. E isso mostra a possibilidade de comunicação entre as relações de trabalho
entre vários departamentos. Por isso, esse fenômeno é denominado Uber Economy
ou Uberização do Trabalho.
Atualmente, o uso de plataformas como o UBER e o Airbnb é uma forma de
expressão muito importante, vale a pena refletir sobre o uso da tecnologia, pois
podem contratar mão de obra barata para quase todas as atividades e, portanto,
podem promover a instabilidade do emprego. Para prestar serviços a preços
extremamente baixos, os trabalhadores são os únicos prejudicados, ou seja, os
consumidores pagam muito menos do que os mercados tradicionais, enquanto as
empresas intermediárias de tecnologia obtêm lucros e valor astronômicos.
Em relação à plataforma UBER, fica clara a percepção da distorção do
conceito de compartilhamento e a utilização desse método para encobrir a relação
de trabalho. A situação da economia compartilhada é preocupante porque as
empresas classificam deliberadamente seus trabalhadores como autônomos e seu
objetivo explícito é contornar a legislação trabalhista desenvolvendo um método
descentralizado de exploração do trabalho, acreditando que os profissionais
contratados não serão deles. O que é mais preocupante é que, quando o Estado
regulamenta tais atividades, elabora leis destinadas a declarar as condições de
trabalho que precedem qualquer realidade factual, ainda que existam aspectos que
caracterizem o trabalho subordinado nessas condições. Salientando que estado tem
função primeira de preservar as condições dos detentores do Capital,
compreendendo a relação através das condições propícias do Estado Burguês a
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favor das relações de produção capitalistas, portanto, segundo Décio Saes (1998, p.
22) “só o Estado Burguês torna possível a reprodução das relações de produção
capitalistas”. Portanto, há de se entender que a relação do Estado é importante,
como a sua ação e a não ação, em relação à exploração do trabalho.
Portanto, ao analisar o Uber e outras iniciativas, pode-se perceber que o
sentido/essência da economia compartilhada foi desviado, apropriando-se
indevidamente de todas as cargas positivas deste comportamento e tendência
econômica e disfarçando a relação de trabalho para evitar encargos sociais e
aumentar os lucros.
O atual trabalho Uberizado mostra o quanto essa tendência expirou e seu
cronograma é autodeterminado, mas ainda é altamente controlado. Embora no início
parecesse que isso dava mais liberdade aos trabalhadores, a situação real é bem
diferente. O modelo de atuação em hegemonia é o modelo do indivíduo como
empresário com sua própria força de trabalho e sua própria seguridade social.
Para o condutor da empresa aplicadora, é necessário adaptar-se a um tipo de
trabalho com autonomia, parceria e discurso flexível, enquanto a utilização do
trabalho é levada a um patamar muito elevado. Horário de trabalho, deslocamento,
custos de combustível e manutenção do veículo e estratégias para evitar a
competição acirrada fazem parte do fardo mental que o motorista precisa suportar.
Mesmo nas horas de folga, está ficando cada vez mais nublado e está empenhado
em garantir que sua produtividade seja eficaz.
O conflito entre empregados e empregadores faz parte da realidade do
mercado de trabalho. No entanto, o Uber não parece ser o caso porque nunca foi
declarado empregador. Segundo a empresa, os motoristas não são funcionários,
mas “sócios”, empresários que optam por trabalhar para o app. Este modelo de
trabalho baseado em “microempresários” pode decidir com flexibilidade quando
trabalhar, estendendo-se à “economia da partilha”.
As características de compressão espaço-temporal da própria Uberização
ilustram a quais ajustes nos referimos quando analisamos deslocamentos espaço-
temporais contraditórios. Os ganhos de tempo obtidos com a aproximação entre
oferta e demanda por meio da tecnologia digital explicam esse movimento de
Uberização, com importantes consequências sociais. A necessidade de mobilidade
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tornou-se tão urgente que os carros costumam ser tanto um local de trabalho quanto
um local de descanso.
A flexibilidade do trabalho não pode ser entendida sem as mudanças que
envolvem a aceleração do tempo global. Portanto, a Uberização da demanda por um
alto grau de flexibilidade espacial e temporal está relacionada às mudanças na
geografia capitalista. Sendo assim, se pode dizer que este é um resultado destrutivo
para a sociedade causado pelo poder de desenvolvimento do capitalismo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 17ª ed. São Paulo:
Ltr, 2018.
SAES, Décio. A política neoliberal e o campo político conservador no Brasil atual. In:
República do Capital. São Paulo: Boitempo.
SILVEIRA, Lisilene Mello; PETRINI, Maira; DOS SANTOS, Ana Clarissa Matte
Zanardo. Economia compartilhada e consumo colaborativo: o que estamos
pesquisando?. REGE-Revista de Gestão, v. 23, n. 4, p. 298-305, 2016.