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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM FÍSICA

DISPICIPLINA OPTATIVA DE PARTÍCULAS E HÁDRONS

PROFº DR. VICTOR GONÇALVES

Doutoranda:Juciene Teixeira de Souza

ANIQUILAÇÃO ELÉTRON - PÓSITRON


Partindo do ponto de vista conceitual, a aniquilação elétron-pósitron é um pro-
cesso fı́sico que ocorre quando um elétron (uma partı́cula com carga negativa) e
um pósitron (a antipartı́cula do elétron, com carga positiva) colidem e se transfor-
mam em energia na forma de fótons gama. Esse processo é uma manifestação da
equivalência massa-energia, conforme descrito na famosa equação de Albert Ein-
stein, E=mc², onde ”E” representa a energia, ”m” a massa e ”c” a velocidade da
luz no vácuo.
A aniquilação elétron-pósitron ocorre da seguinte forma:
Um elétron e um pósitron colidem em alta velocidade. Quando colidem, suas
massas (considerando massa e antimatéria) são convertidas em energia de acordo
com a equação de Einstein.
Essa energia é emitida na forma de dois fótons gama, cada um com uma energia
de 511 keV (quiloelétron-volts). Essa é a energia caracterı́stica da aniquilação
elétron-pósitron.
Os fótons gama são emitidos em direções opostas para conservar o momento
linear (quantidade de movimento) total do sistema.
A aniquilação elétron-pósitron é um processo importante em fı́sica de partı́culas
e é usado em várias aplicações, incluindo a tomografia por emissão de pósitrons
(PET), uma técnica de imagem médica que utiliza a aniquilação de pósitrons e
elétrons para rastrear a distribuição de radioisótopos no corpo. Este processo é
uma manifestação da simetria entre a matéria e a antimatéria, onde partı́culas

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e antipartı́culas têm massas iguais, mas cargas opostas. A aniquilação elétron-
pósitron é uma das maneiras pelas quais a antimatéria é estudada e detectada
experimentalmente.
No fomalismo fı́sico - matemático podemos analisar este fenomeno pelos calcu-
los a seguir: O elemento da matriz para o diagrama de ordem mais baixa para o
processo
e+ e− → µ+ µ−
−igµv
−iM = [v̄(p2 )iej µ (p1 )] [ū(p3 )ieγ v v(p4 )] (1)
q2
Assim temos:
−e2 µ V
 −e2
= 2 gµvjµe jvµ

M= gµv [v̄(p 2 )γ ū(p 1 )] ū(p 3 )γ v(p 4 ) (2)
q2 q
Onde as correntes de quadrivetores de elétrons e múons são definidos como

jµe = v̄(p2 )γ µ (p1 ) (3)


e
jvµ = ū(p3 )γ V v(p4 ) (4)
O quadrimomento do fóton virtual é determinado pela conservação de energia e o
momento no vértice de interação,

q = p 1 + p2 = p3 + p4 (5)

Portanto,
q 2 = (p1 + p2 ) (6)
= S onde S é a energia do centro de massa ao quadrado podendo ser descrito como

−e2
M= je · jµ (7)
s
Supondo que os feixes de elétrons e pósitrons tenham energias iguais, o que tem
sido o caso da maioria dos colisores

e+ e−

de alta energia, a energia do centro de massa é simplesmente o dobro da energia


do feixe √
s = 2EE beam
Neste caso, devemos considerar os possı́veis estado de spin das partı́culas en-
volvidas, Para calcular a seção transversal e+e → +, o elemento matricial de (6.6)

2
precisa ser avaliado tendo em conta os possı́veis estados de spin das partı́culas en-
volvidas. Como cada um dos estados e+, e, + e pode estar em um dos dois estados
de helicidade possı́veis, há quatro configurações de helicidade possı́veis no estado

inicial
A soma sobre os estados de spin das partı́culas presentes no estado inicial e final
pode ser calculada considerando a relação de completeza satisfeita pelos espinores
de Dirac. Têm
–see.g.
que:
2
X 2
X
us (p)ūs (p) = (E + m) (8)
s=1 s=1
   
1 0
considerando ϕ1 = e considerando ϕ2 =
0 1

√ †
 
τ τ (σ · p)
ū = u†s γ0 = E + m ϕs ϕs (9)
E+m

 
I 0 
τ τ (σ·p)


= E + m ϕs ϕs E+m
0 −I
2
X 2
X
us (p)ūs (p) = (E + m) (10)
s=1 s=1
−σ·p
ϕ ϕτ
 
ϕs E+m s s
σ·p −σ·p
ϕ ϕτ
(E+m) s s
ϕ ϕτ
(E+m)2 s s
X 2
us ū = (γ µ pµ + mI) = P + m (11)
s=1
2
X
vr v¯r = (γ µ pµ − mI) = P − m (12)
r=1
2  
X 1 0
us ϕs ϕtau
s = e(σ · p)2 = (E + M )(E − m) (13)
0 1
s=1
2
X
us = us (p)ūs (p) = (14)
s=1

3
 
(E + m)I −σ · p
(15)
σ·p (−E + m)I
2
X
us ūs = (γ µ pµ + mI) = P + m (16)
s=1
2
X
vr ūr = (γ µ pµ − mI) = P − m (17)
s=1
−e
Mf i = 2
[v̄(p2 )γ µ µ(p1 )] gµv [ū(p3 )γ v v(pµ )] (18)
q
−e2
= v̄(p2 γµ u(p1 )] [ū(p3 )γµ v(p4 )] (19)
q2
−e2
v̄(p2 γµ u(p1 )]† [ū(p3 )γµ v(p4 )]† (20)
Mf†i =
q2
e4 e4
 
|Mf i| = 4 4 [v̄(p2 )γ u(p1 )] [v̄(p2 )γ v u(p1 )]† × u(p3 )γ¯µ v(p4 ) [ū(p3 )γv v(p4 )] †
2 µ
 
q q
(21)
1 X
< |M |2 >= |Mf i|2 (22)
4 SP IM

e4 X r µ s r v s
X
= 4
ū (p 2 )γ u (p 1 )] [v̄ (p 2 )γ u (p 1 )]†× [ūs′ (p3 )γv v r (p4 )] , ūs (p3 )γv v r (p4 )] †
4q s,r s,r
(23)
considerando os termos: X  †
ψ̄Γ1 ϕ ψ̄Γ2 ϕ (24)
spins

Aplicamos
†  †
ψ̄Γϕ = ψ † γ 0 Γϕ = ϕ† Γ† γ 0† ψ = ϕγ 0 γ 0 Γ† γ 0 ψ = ψ̄γ 0 Γ† γ 0 ψ

(25)

Por tanto obtemos :


¯ † ¯ Γ̄ψ
[psi]Γϕ ≡ phi (26)
Tomando :

Γ = γ 0γ †γ 0 (27)

Considerando
Γ̄ = γ 0 γ µ† γ 0 = γ µ = Γ (28)

4
o elemento da matriz com média de spin ao quadrado para o processo

e+ e− µ + µ

pode ser escrito:


X e4 X r X
|Mf i|2 = [v̄ (p 2 )γ µ s
u (p 1 ) [ūs
](p 1 )γ v r
v (p 2 )]× [ūs′ (p3 )γµ v r′ (p4 )] [v̄ r′ (p4 )γv us′ (p3 )]
spin
q 4 s,r s,r
(29)
spinores associados ao estado inicial
2
X
Lµν
(e) = µ s
ν̄jr (p2 )γji ui (p1 )ūsn (p1 )γmn
v r
νm (p2 ) (30)
s,r=1

ou " 2
X
Lµv
(e) =
r
νm (p2 )(31)
r=1
r
P2 s s
 µ v
j (p2 ) s=1 ui (p1 )ūn (p1 ) γji γnm usando as relações de completeza

Lµv µ v
(e) = (p2 − m)mj (p1 + m)i nγjI γnm (32)

Lµv µ v
(e) = (p2 − m)mj γji (1 +m)inγnm (33)
= [(p2 − m)γµ(1 +m)γ v ] (34)
Tr([2 − m] γ amu [1 + m] γ V ) (35)
X
Lµ(µV ) = [ūs (p3 )γµ ]ν r (p4 )] v̄ r (p4 )γV us (p3 )] (36)
s,r

X e4 µv µ
|Mf i|2 = L L (37)
spin
q 4 (e) (µV )
4 4
= q Tr ([P2 − m] γ µ [P1 + m] γ v ) × Tr ([P3 + m] γµ [P4 − M] γµ [P4 − M] γv ) (38)
e
Considera-se ainda o traço das matrizes gamma presentes na expressão, sendo que:

Tr (A + B) ≡ Tr (A) + Tr (B) (39)

Tr (AB · · · yz) ≡ Tr (zAB · · · y) (40)


Se usarmos
γ µ γ v + γ v γ µ ≡ 2g µV I (41)
→ Tr (γ µ γ v ) + Tr (γ γ µ ) = 2g µV Tr(I) (42)

5
→ Tr (γ µ γ v ) = 4g µV
É importante ressaltar que o traço de um número ı́mpar de uma matriz gamma é
nulo. De modo que:
Tr γ µ γ V γ 0 = Tr γ s γ s γ µ γ V γ ρ
 
(43)
= Tr γ γ µ γ V γ ρ γ s

(44)
= −Tr γ s γ s γ µ γ V γ ρ

(45)
Já que
γ s γ µ = −γ µ γ s
Logo temos:

Tr γ µ γ V γ ρ γ σ = 4g µV g ρσ − 4g µρ g V σ + 4g µσ g V ρ

(46)

Comprendendo porque para a realização do cálculo a massa do elétron


foi desprezada.
Na aniquilação elétron-pósitron, os elétrons e pósitrons são partı́culas com mas-
sas idênticas, mas de cargas opostas. A razão pela qual a massa do elétron (ou do
pósitron) é desprezada em muitos cálculos envolvendo esse processo especı́fico é
uma simplificação que se baseia na teoria da relatividade, especialmente na teoria
especial da relatividade de Einstein.
A equação de energia relativı́stica é dada por

E 2 = (pc)2 + (m0 c2 )2 (47)

, onde
E2
é a energia total,p é o momento, c é a velocidade da luz e

(m0 )

é a massa de repouso. Quando a velocidade de uma partı́cula se aproxima da


velocidade da luz (c), a contribuição da massa de repouso (

E 2 = (pc)2 + (m0 c2 )2

) torna-se significativa em relação à energia total da partı́cula.


No caso de partı́culas subatômicas, como elétrons e pósitrons, que atingem altas
velocidades próximas à velocidade da luz em aceleradores de partı́culas, a massa
relativı́stica (a massa que aparece na equação acima) é a quantidade relevante.
Quando estas partı́culas colidem e aniquilam-se, a energia resultante é convertida

6
em novas partı́culas, como fótons. Nesse contexto, a massa do elétron é frequente-
mente negligenciada porque a energia cinética associada à alta velocidade é muito
maior do que a contribuição da massa de repouso.
Portanto, em muitas situações práticas, quando a energia envolvida na aniquilação
é muito maior do que a massa de repouso do elétron que é aproximadamente
(9.1091031kg)
A massa do elétron é considerada desprezı́vel para simplificar os cálculos. Essa
aproximação é válida em muitos casos, mas é importante notar que existem situações
em que a consideração completa da massa pode ser necessária, especialmente em
contextos onde a precisão é crı́tica, como em experimentos de fı́sica de partı́culas
de alta energia.
Neste caso, se assumimos que
M = mf eqf2 = Q2f e2
temos:
1X Q2 f e4
|Mf i |2 = |Mf i |2 = Tr (P2 γ µ P1 γ) Tr (P3 + mf ) γ [P1 + mf ] γV (48)
4 spin 4q 4

sendo
∗Tr (P2 γ µ P1 γ) − P2ρ P1σ Tr γ ρ γ µ γ σ γ V

(49)
= 4P2ρ P1σ g ρµ g σV − g ρσ g µV + g ρV g µσ (50)
= P2µ P1V − 4g µV (P1 · P2 ) + 4P2V P1µ (51)
16Q2f e4  µ V
⇒ |Mf i |2 = P2 P1 − g µV (P1 − P2 ) + P2V P1µ

4
(52)
4q
× P3µ P4V − gµV (P3 · P4 ) + P3V P4µ − m2f gµV
 

4Q2f e4
|Mf i |2 = [2 (P1 · P3 ) (P2 · P4 )
q4
+2 (P1 · P4 ) (P2 · P3 ) + 2m2f (P1 · P2 )
se sabemos que
q 2 = (P1 + P2 )2 = P12 + P22 + 2 (P1 · P2 )
≈ 2 (P1 · P2 )
Por fim temos
2 2Q2 e4  2

|Mf i | = 2 (P1 · P3 ) (P2 · P4 ) + (P1 · P4 ) (P2 · P3 ) + mf (P1 · P2 )
(P1 · P2 )
sendo adotado como referencial o centro de massa e quadrivetores

7
P1 = (E, 0, 0, +E)

P2 = (E, 0, 0, −E)
P3 = (E, +βE sin θ, 0, +β cos θ)
P4 = (E, −βE sin θ, 0, −β cos θ)

isto implica que:


P1 · P3 = P2 · P4 = E 2 (1 − β cos θ)
P1 · P4 = P2 · P3 = E 2 (1 + β cos θ)
P1 · P2 = 2E 2
2 Q2f e4  4
|M | = 2 4
E (1 − β cos θ)2 ] + E 4 (1 + β cos θ)2 + 2E 2 m2f ]
4E
E 2 − p2
 
2 4 2 2
= Qf e 1 + β cos θ +
E2
= Q2f e4 2β 2 cos2 θ − β 2


dσ 1 P 2 1 2 2

2 cos2 θ 2

= |M fi | = βQ α 2 + β − β
dΩ 64π 2 s E 4s f
integrando sobre o angulo sólido temos a seção de choque total:

 4πα2 Q2f 3 − β2
 
+ −
σ e e → ff = ¯ β
3s 2

considerando
4m2f
 
2
β = 1−
s

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