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ARTIFICIAL

O CÉREBRO HUMANO X INTELIGÊNCIA


EDUCATIONAL INTERFACE DESIGN - EDU660 - 2.5
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O CÉREBRO HUMANO X INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL


Conteúdo organizado por Deborah Costa do livro Future Minds: How the Digital
Age is Changing Our Minds, Why this Matters, and What We Can Do About It,
publicado em 2010 por Nicholas Brealey. Atualizado em 2022.

Objetivos de Aprendizagem
• Debater sobre diferenças entre a mente humana e as máquinas;
• Compreender sobre a inteligência humana e a inteligência artificial.
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Introdução
Costumamos escutar que a caixa de bits conhecida como cérebro humano é como uma
máquina complexa. Especificamente, o cérebro é como um computador avançadíssimo
e a mente é seu software ou sistema operacional de alta potência. Contudo, a mente
não é um software que vem completamente pronto quando nascemos. Embora muitas
“instruções” já venham codificadas na origem da vida (como chorar, mamar, etc.), a
mente se desenvolve e evolui à medida que aprende a interpretar os sinais
que recebe do restante do corpo. Sem a informação trazida pelos sentidos, ela tem
seu desenvolvimento prejudicado.
Existem estudos que demonstram a internet (supostamente uma espécie de cérebro
que liga pessoas e ideias) em franca expansão, a cada ano. Ela, em breve, superará a
inteligência humana e eventualmente se tornará autoconsciente?
Em 1938, HG Wells escreveu um livro de ensaios chamado World Brain, sobre uma
enciclopédia global que ajudaria todas as pessoas do planeta a se tornarem mais
informadas. Hoje, as manchetes de jornais exploram a temática polêmica de que os
pensadores robóticos são ameaças à humanidade, deturpando o entendimento sobre
o impacto do uso dessa moderna ferramenta.
O cérebro humano é extremamente complexo e possui propriedades que a
maioria dos cientistas de neurociência, computação e engenheiros de software
ainda precisam desvendar. Em outras palavras, a mente humana é muito mais
complexa do que uma simples série de ‘zeros e uns’ ou a chamada inteligência artificial.
Claramente uma criança de 5 anos tem mais inteligência do que um computador,
embora nessa fase da vida, ainda não a explore em seu potencial máximo. Observe
a forma curiosa como uma criança, ao estudar sobre robótica na escola, escreveu
acerca das diferenças entre humanos e robôs: “Os robôs não funcionam”. Ela estava
se referindo à inutilidade das máquinas não operadas, pelo menos previamente por
humanos.
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A razão pela qual uma criança tem mais inteligência, em geral, do que um computador
(ou robô) é que ela tem a oportunidade de experimentar e interagir livremente com
o mundo exterior, absorvendo conhecimentos de variadas formas sensitivas. Como
Neil Gershenfield aponta em seu livro Quando as coisas começam a pensar, o erro
de muitos pesquisadores de inteligência artificial foi gastar muito tempo e dinheiro
em cérebros de computadores e não o suficiente em corpos de computadores (ou
seja, em sentidos). A cognição está ligada à percepção e o cérebro é uma via
de mão dupla em termos de informação que entra e sai da mente. Da mesma
forma, a sabedoria (em oposição à inteligência) está conectada à experiência. Se você
deseja ter uma máquina inteligente, o primeiro passo é projetar nela experiências e
raciocínios do tipo humanizados.
Aí reside a singularidade e o valor da mente humana, o que significa que estamos à
frente da inteligência da máquina. Isso não significa dizer que a inteligência artificial
é um fracasso ou dispensável, apenas não podemos dizer que está acima do cérebro
humano. Somos capazes de produzir máquinas inteligentíssimas exatamente por
termos uma capacidade mental indiscutível.
Embora um computador possa manipular atividades e tarefas em modo excepcional,
é inútil no tudo o mais que um ser humano pode desempenhar. Os computadores se
depreciam com o tempo, quebram, não funcionam e podem se tornar descartáveis.
Em contraste, o cérebro humano pode ser afetado, porém tem capacidade própria
de funcionamento e “auto reparação” ainda que adaptado às limitações sofridas.
A mente humana pode ter dificuldade em lembrar sequências numéricas extensas,
por exemplo, algo que um computador faz instantaneamente, porém, é capaz de
pintar figuras ou compor músicas que tocam pessoas no seu íntimo, ativando sua
emoção: choro, alegria, prazer.

CARACTERÍSTICAS DA MENTE HUMANA E DAS MÁQUINAS

• A base da inteligência humana é a experiência e baseia-se na percepção sensorial


da informação que absorvemos.
• As máquinas não têm a capacidade de analisar pensamentos – elas não são
autoconscientes.
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• Os seres humanos possuem inteligência generalizada; as máquinas são


programadas para tarefas específicas.
• Uma máquina carece de sentidos verdadeiros – ela pode “saber” que está fria,
mas não pode “sentir” frio.
• As máquinas não têm empatia ou moralidade e não podem sentir amor, alegria,
ódio ou qualquer outra emoção.
• Dispositivos eletrônicos não são capazes de criatividade, intuição ou imaginação.
• As pessoas, atualmente, têm privacidade mental, mas o funcionamento das
máquinas é exposto.
• Podemos baixar informações em uma máquina, mas ainda não no cérebro
humano.
• Máquinas não possuem uma mente subconsciente.
• O cérebro humano evoluiu ao longo de milhares de anos, por isso é altamente
resiliente e adaptável às circunstâncias em mudança.
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COMPUTADORES X INTELIGÊNCIA HUMANA

Existem, de fato, paralelos entre a inteligência humana e da máquina em termos


de processamento de informação. Os computadores e robôs não têm consciência
própria, são frios e lidam com a análise lógica, sem capacidade de autocrítica ou de
resolução definitiva de seus próprios problemas. Sem consciência, uma máquina não
pode ser considerada completamente inteligente.
Entre os cientistas, ainda há divergência sobre o cérebro, o qual é muito mais que um
depósito de informações, antes, são caldeirões complexos de conexões, produtos
químicos e eletricidade que, de maneira irônica e de forma consciente, não somos
capazes de compreender.
Assim, podemos afirmar que as máquinas são mais habilidosas que os humanos em
determinadas tarefas rotineiras, repetitivas ou lógicas, mas é improvável que tenha uma
inteligência geral capaz de executar, em qualquer momento, todas as competências
humanas, e então, substituir o homem definitivamente.
A neurociência ainda está em desenvolvimento, mas já deixou claro que as redes
neurais são muito diferentes das redes de transistores de um robô. O cérebro e a
mente humana são interdependentes e não podem, como um hardware e um software,
funcionar em outro “computador” como ocorrem com os itens tecnológicos.
O pensamento humano é baseado na experiência e no senso de si mesmo. Sentimos
e aprendemos a partir da interação com a vida e também aprendemos mediante o
ensino, por transmissão de outros seres humanos. Assim, nós não apenas “vemos” as
coisas como elas são, mas em um contexto de significado que nos é dado, por muitos
anos, percebemos segundo nossas próprias experiências e por meio da experiência
dos outros indivíduos.
Enquanto um computador pode “saber” que está quente lá fora (através de um
medidor de temperatura) e relacioná-lo a outras informações internas alocadas em
sua memória tecnológica, só um humano pode, fisicamente, experimentar conceito de
quente. De modo análogo, apenas uma pessoa pode relacionar, emocionalmente, a
frieza a outras experiências baseadas na emoção. O fato é que apenas os humanos têm
sentimento o qual, segundo os antigos egípcios, é a base da lógica e da racionalidade.
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Um outro exemplo é constatar que somente os seres humanos podem ser frios
e associar a frieza a sentimentos como raiva, alegria, tristeza, medo e surpresa
experimentados no passado. Também é interessante lembrar que nunca duas pessoas
experimentarão o mesmo objeto (por exemplo, uma pintura) ou evento de maneira
idêntica, já que a leitura feita pelos sistemas neurais são únicas.

CARACTERÍSTICAS CEREBRAIS

O cérebro funciona através de processos eletroquímicos e o pensamento ocorre


dentro do córtex cerebral. O desenvolvimento da neurobiologia e o uso da ressonância
magnética, da tomografia de emissão positiva e da eletroencefalografia quantitativa
nos dá mais informações a respeito do cérebro humano. Através dos exames por
imagem, podemos ver o sangue fluindo em variadas partes do cérebro durante
diferentes atividades. A atividade cerebral, por sua vez, influencia o comportamento
por responder a partir dele. No entanto, ainda não é possível, ao observar a imagem
do cérebro, dizer com precisão se o pensamento consciente ou subconsciente está
ocorrendo em dado momento.
Uma descoberta recente é que a perda de concentração pode estar ligada a mudanças
na atividade cerebral. Em certas circunstâncias, uma perda de concentração pode
causar acidentes bastante sérios. Desse modo, sendo possível prever quando ocorrerá
tal falha na mente, podemos, teoricamente, tomar medidas que evitem o acidente.
Portanto, ainda há muito o que se descobrir sobre o cérebro humano, sobre a
criatividade e outras atividades relacionadas à nossa mente. Ainda estamos longe
de prever a capacidade de originalidade mental ou de desenvolver um conjunto
de regras generativas para a solução de problemas ou a criação de ideias. A ciência
também diz pouco sobre nossa imaginação. Os cientistas falam sobre a consciência
humana, mas ainda sem defini-la ou explicá-la por completo.
Para muitos, essas definições e explicações seriam valiosas, pois tal entendimento
possibilitaria a construção de máquinas mais parecidas com a mente humana. Há
quem gostaria de desvendar o pensamento original, uma vez que existe forte
interesse financeiro na inventividade e manipulá-la com facilidade seria um tesouro
incalculável.
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Saiba Mais
Conceitos Fundamentais:
Inteligência Artificial (IA) é uma vertente da ciência da computação
que se propõe a elaborar dispositivos e máquinas que simulem a
capacidade humana de raciocinar, perceber, tomar decisões e resolver
problemas, enfim, a capacidade de ser inteligente.
O córtex cerebral é a parte que cobre determinados órgãos. Trata-
se de um tecido orgânico de alguns milímetros, também chamado de
matéria cinza, que protege os dois hemisférios do cérebro.
Materiais Complementares:
1- O cérebro e o pensamento. Disponível em:
<http://p epsic.bvsalud.org/scielo.ph p?scri pt=sci_
arttext&pid=S1517-24302006000100006>
2- Inteligência Artificial, Humana e a Emoção. Disponível em:
<https://www.professores.uff.br/screspo/wp-content/uploads/
sites/127/2017/09/ia_intro.pdf>
3- Watson, o computador que pensa. Disponível em: <https://
canaltech.com.br/mercado/Conheca-o-Watson-o-computador-
que-pensa/>
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EM RESUMO
Apesar de todo o debate sobre o desenvolvimento de inteligência artificial
e de supermáquinas pensantes, ainda existe um longo caminho para os
pesquisadores que desejem entender o processo intelectual humano a fim de
transportá-lo aos recursos tecnológicos. O cérebro é uma máquina bioquímico-
elétrica. Ao contrário do computador, a mente/cérebro trabalha num jogo combinando
precisão e imprecisão, incerteza e rigor, e cruza rememoração e cogitação. A mente
humana é espetacular em suas multitarefas: podemos escrever livros, pintar figuras ou
compor músicas de significados ímpares.
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Na ponta da língua

Referências Bibliográficas
Gershnfeld, N. (1999). When Things start to think. Henry Holt and Co..
Watson, R. (2010). Future minds: how the digital age is changing our minds, why this
matters, and what we can do about it. London/Boston: Nicholas Brealey Publishing.
Wells, H.G. (1938). World brain. London: Methuen & Co., Ltd.; Garden City, NY:
Doubleday, Doran & Co.
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Você pode acessar o livro base deste tema


na Biblioteca Lirn:

Future Minds: How the Digital Age is Changing Our Minds,


Why this Matters, and What We Can Do About It

Richard Watson
Nicholas Brealey Publishing © 2010

Imagens: Shutterstock

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