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Material de previsão e reposição 3ANO A, B, C e D

LINGUAGENS – REJANE DE MELO

Responda às questões sobre a terceira fase do Modernismo

1. (UFPR/2020)

Leia o trecho abaixo, extraído de Sagarana, de João Guimarães Rosa:

Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules


rosados da erva-de-sapo. A erva-de-anum crispa as folhas, longas, como
folhas de mangueira. Trepidam, sacudindo as estrelinhas alaranjadas, os
ramos da vassourinha. Tirita a mamona, de folhas peludas, como o
corselete de um caçununga, brilhando em verde-azul! A pitangueira se
abala, do jarrete à grimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas
fendilhadas, entrando em convulsões.

– Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar
no chão e se acabar!…

É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão.

(GUIMARÃES ROSA. “Sarapalha”. Sagarana. Obra completa (vol. 1). Nova


Aguilar, 1994. p. 295.)

O trecho extraído do conto “Sarapalha”, do livro Sagarana, de Guimarães


Rosa, exemplifica um aspecto que está presente em todos os contos do
mesmo livro. Assinale a alternativa que reconhece esse aspecto de forma
adequada.

o A descrição do meio físico é mediada pela visão do narrador,


que apresenta a natureza como elemento tão reversível quanto a
condição humana.

o A descrição pormenorizada do espaço físico visa a excluir a


dimensão psicológica e mística da narrativa, para fortalecer a
feição pitoresca da região.

o A ausência de aliterações e a economia de adjetivos são


recursos utilizados para representar a aridez da natureza.

o São narrados duelos que se travam entre o meio e o homem e


que são vencidos apenas pelo uso da força física e da valentia.
o A religiosidade cristã católica rege as decisões humanas e
transforma os homens e a natureza a partir da ação direta de
Deus.
2. (Mackenzie SP/2020/Janeiro)

Vergonha de viver

01
Há pessoas que têm vergonha de viver: são os tímidos, entre 02 os quais
me incluo. Desculpem, por exemplo, estar tomando lugar 03 no espaço.
Desculpem eu ser eu. Quero ficar só! grita a alma do 04 tímido que só se
liberta na solidão. Contraditoriamente quer o quente 05 aconchego das
pessoas. Vai, Carlos, vai ser gauche na vida. (Não 06 sei se estou citando
Drummond do modo certo, escrevo de cor).

07
E para pedir aumento de salário – a tortura. Como
começar? 08 Apresentar-se com fingida segurança de quem sabe quanto
vale em 09 dinheiro – ou apresentar-se como se é, desajeitado e
excessivamente 10 humilde.

11
O que faz então? Mas é que há a grande ousadia dos tímidos. E 12 de
repente cheio de audácia pelo aumento com um tom reivindicativo 13 que
parece contundente. Mas logo depois, espantado, sente-se mal, 14 julga
imerecido o aumento, fica todo infeliz.

Clarice Lispector

Assinale a alternativa correta.

o A condenação, por parte da autora, do comportamento da


timidez transforma “Vergonha de viver” em uma das mais
contundentes e ácidas crônicas escritas pela autora de Felicidade
clandestina.

o Não há marcas de empatia, no texto, da autora para com as


pessoas as quais ela classifica como “tímidos”, configurando, por
conseguinte, um acentuado distanciamento entre a cronista e o
tema sobre o qual escreveu.

o Em “Vergonha de viver”, Clarice Lispector escolhe comentar


sobre fatos da vida cotidiana tomando como ponto de partida um
tipo social cujo comportamento é centrado na timidez.
o Nos três parágrafos do trecho escolhido de “Vergonha de
viver” é facilmente encontrável a intensa experiência epifânica,
cuja presença desarticula o eixo sintático-semântico da crônica,
assim como o equilíbrio racionalista da autora.

o Ao citar um conhecido verso, de autoria do poeta mineiro


Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector escolhe filiar-se a
pressupostos estéticos vinculados a uma tradição neoparnasiana
na prosa.
3. (ENEM MEC/2019/2ª Aplicação)

O mato do Mutúm é um enorme mundo preto, que nasce dos buracões e


sobe a serra. O guará-lobo trota a vago no campo. As pessôas mais
velhas são inimigas dos meninos. Soltam e estumam cachorros, para ir
matar os bichinhos assustados — o tatú que se agarra no chão dando
guinchos suplicantes, os macacos que fazem artes, o coelho que mesmo
até quando dorme todo-tempo sonha que está sendo perseguido. O tatú
levanta as mãozinhas cruzadas, ele não sabe — e os cachorros estão
rasgando o sangue dele, e ele pega a sororocar. O tamanduá. Tamanduá
passeia no cerrado, na beira do capoeirão. Ele conhece as árvores, abraça
as árvores. Nenhum nem pode rezar, triste é o gemido deles campeando
socôrro. Todo choro suplicando por socôrro é feito para Nossa Senhora,
como quem diz a salve-rainha. Tem uma Nossa Senhora velhinha. Os
homens, pé-ante-pé, indo a peitavento, cercaram o casal de tamanduás,
encantoados contra o barranco, o casal de tamanduás estavam
dormindo. Os homensempurraram com a vara de ferrão, com pancada
bruta, o tamanduá que se acordava. Deu som surdo, no corpo do bicho,
quando bateram, o tamanduá caiu pra lá, como um colchão velho.

ROSA, G. Noites do sertão (Corpo de baile). Rio de Janeiro: Nova


Fronteira, 2016.

Na obra de Guimarães Rosa, destaca-se o aspecto afetivo no contorno da


paisagem dos sertões mineiros. Nesse fragmento, o narrador empresta à
cena uma expressividade apoiada na

o correspondência entre práticas e tradições e a hostilidade do


campo.

o religiosidade na contemplação do sertanejo e de seus


costumes.
o humanização da presa em contraste com o desdém e a
ferocidade do homem.

o plasticidade de cores e sons dos elementos nativos.

o dinâmica do ataque e da fuga na luta pela sobrevivência.


4. (PUC Campinas SP/2020)

Na elaboração de sua poesia, João Cabral de Melo Neto não teve dúvida
em amadurecer um projeto radical de linguagem, de caráter
programático, pelo qual sua expressão poética adota uma rígida
disciplina formal. Por conta disso, muitas passagens de sua poesia
traduzem um compromisso com o necessário rigor da forma, tal como se
vê nestes versos:

o Meu verso é minha consolação. Meu verso é minha cachaça.


Todo mundo tem sua cachaça.

o Minhas palavras são a metade de um diálogo obscuro


Continuando através de séculos impossíveis. Nossas perguntas e
respostas se reconhecem Como os olhos dentro dos espelhos.

o Daí porque o sertanejo fala pouco: as palavras de pedra


ulceram a boca e no idioma pedra se fala doloroso; o natural
desse idioma fala à força.

o Vou-me embora pra Pasárgada, Lá sou amigo do rei, Lá tenho


a mulher que eu quero Na cama que escolherei.

o Mundo mundo, vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo


seria uma rima, não seria uma solução.
5. (ENEM MEC/2016)

A partida de trem

Marcava seis horas da manhã. Angela Pralini pagou o táxi e pegou sua
pequena valise. Dona Maria Rita de Alvarenga Chagas Souza Melo
desceu do Opala da filha e encaminharam-se para os trilhos. A velha
bem-vestida e com joias. Das rugas que a disfarçavam saía a forma pura
de um nariz perdido na idade, e de uma boca que outrora devia ter sido
cheia e sensível. Mas que importa? Chega-se a um certo ponto — e o
que foi não importa. Começa uma nova raça. Uma velha não pode
comunicar-se. Recebeu o beijo gelado de sua filha que foi embora antes
do trem partir. Ajudara-a antes a subir no vagão. Sem que neste
houvesse um centro, ela se colocara do lado. Quando a locomotiva se
pôs em movimento, surpreendeu-se um pouco: não esperava que o trem
seguisse nessa direção e sentara-se de costas para o caminho.

Angela Pralini percebeu-lhe o movimento e perguntou:

— A senhora deseja trocar de lugar comigo?

Dona Maria Rita se espantou com a delicadeza, disse que não, obrigada,
para ela dava no mesmo. Mas parecia ter-se perturbado. Passou a mão
sobre o camafeu filigranado de ouro, espetado no peito, passou a mão
pelo broche. Seca. Ofendida? Perguntou afinal a Angela Pralini:

— É por causa de mim que a senhorita deseja trocar de lugar?

LISPECTOR, C. Onde estivestes de noite. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,


1980 (fragmento).

A descoberta de experiências emocionais com base no cotidiano é


recorrente na obra de Clarice Lispector. No fragmento, o narrador
enfatiza o(a)

o sentimento de solidão alimentado pelo processo de


envelhecimento.

o constrangimento da aproximação formal de pessoas


desconhecidas.

o incompatibilidade psicológica entre mulheres de gerações


diferentes.

o anulação das diferenças sociais no espaço público de uma


estação.

o comportamento vaidoso de mulheres de condição social


privilegiada.
6. (ENEM MEC/2018/2ª Aplicação)

Ela parecia pedir socorro contra o que de algum modo involuntariamente


dissera. E ele com os olhos miúdos quis que ela não fugisse e falou:
— Repita o que você disse, Lóri.

— Não sei mais.

— Mas eu sei, eu vou saber sempre. Você literalmente disse: um dia será
o mundo com sua impersonalidade soberba versus a minha extrema
individualidade de pessoa, mas seremos um só.

— Sim.

Lóri estava suavemente espantada. Então isso era a felicidade. De início


se sentiu vazia. Depois seus olhos ficaram úmidos: era felicidade, mas
como sou mortal, como o amor pelo mundo me transcende. O amor pela
vida mortal a assassinava docemente, aos poucos. E o que é que eu faço?
Que faço da felicidade? Que faço dessa paz estranha e aguda, que já está
começando a me doer como uma angústia, como um grande silêncio de
espaços? A quem dou minha felicidade, que já está começando a me
rasgar um pouco e me assusta? Não, não quero ser feliz. Prefiro a
mediocridade. Ah, milhares de pessoas não têm coragem de pelo menos
prolongar-se um pouco mais nessa coisa desconhecida que é sentir-se
feliz e preferem a mediocridade. Ela se despediu de Ulisses quase
correndo: ele era o perigo.

LISPECTOR, C. Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres. Rio de


Janeiro: Francisco Alves, 1990.

A obra de Clarice Lispector alcança forte expressividade em razão de


determinadas soluções narrativas. No fragmento, o processo que leva a
essa expressividade fundamenta-se no

o desencontro estabelecido no diálogo do par amoroso.

o discurso fragmentado como reflexo de traumas psicológicos.

o afastamento da voz narrativa em relação aos dramas


existenciais.

o exercício de análise filosófica conduzido pelo narrador.

o registro do processo de autoconhecimento da personagem.


7. (ENEM MEC/2017/2ª Aplicação)

Dois parlamentos
Nestes cemitérios gerais

não há morte pessoal.

Nenhum morto se viu

com modelo seu, especial.

Vão todos com a morte padrão,

em série fabricada.

Morte que não se escolhe

e aqui é fornecida de graça.

Que acaba sempre por se impor

sobre a que já medrasse.

Vence a que, mais pessoal,

alguém já trouxesse na carne.

Mas afinal tem suas vantagens

esta morte em série.

Faz defuntos funcionais,

próprios a uma terra sem vermes.

MELO NETO, J. C. Serial e antes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997


(fragmento).

A lida do sertanejo com suas adversidades constitui um viés temático


muito presente em João Cabral de Melo Neto. No fragmento em
destaque, essa abordagem ressalta o(a)

o tom de ironia para com a fragilidade dos corpos e da terra.

o nivelamento do anonimato imposto pela miséria na morte.

o inutilidade de divisão social e hierárquica após a morte.


o indiferença do sertanejo com a ausência de seus próximos.

o aspecto desumano dos cemitérios da população carente.


8. (ENEM MEC/2014)

O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta


e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é
coragem.

ROSA, J. G. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.

No romance Grande sertão: veredas, o protagonista Riobaldo narra sua


trajetória de jagunço. A leitura do trecho permite identificar que o
desabafo de Riobaldo se aproxima de um(a)

o aforismo, por expor uma máxima em poucas palavras.

o notícia, por informar sobre um acontecimento.

o crônica, por tratar de fatos do cotidiano.

o fábula, por apresentar uma lição de moral.

o diário, por trazer lembranças pessoais.


9. (PUC Campinas SP/2016)

Por vezes, a literatura pode se pautar por diferentes tempos: há o tempo


da história narrada, de sua sequência cronológica, e há o tempo da
linguagem que processa essa história. A linguagem experimental do
irlandês James Joyce reinterpreta, em pleno século XX, a história mítica
de Ulisses. No Brasil, há uma ocorrência similar, se pensamos em Grande
sertão: veredas, romance onde Guimarães Rosa articula magistralmente
dois planos temporais:

o o universo arcaico do sertão e a expressão linguística ousada e


inventiva.

o a corrosão nostálgica da memória e a busca de uma nova


mitologia.
o o desapego às crenças do passado e a obsessão pelo
experimentalismo estético.

o o ritmo cantante da lírica e a urgente denúncia política.

o a história do passado colonial e o registro das velhas crônicas


medievais.
10. (UCS RS/2015)

Leia as afirmações feitas a partir da obra Morte e vida severina, de João


Cabral de Melo Neto.

I. A peça, em forma de poema, apresenta a história de um dos tantos


severinos de Maria, filhos de Zacarias, que foge da morte que os abate
antes da velhice.

II. A trajetória do migrante nordestino em busca de um mundo melhor


permeia o enredo: por onde passa, encontra miséria, morte, pobreza,
sofrimento.

III. O título é um exemplo de poesia engajada que retrata a dura


realidade da população nordestina.

IV. O nascimento de uma criança pode representar a esperança de dias


melhores; mesmo com tantas adversidades, há uma quebra na trajetória
sofrida do personagem.

Das proposições acima,

o apenas III e IV estão corretas.

o apenas II, III e IV estão corretas.

o apenas I e IV estão corretas.

o I, II, III e IV estão corretas.

o apenas I e II estão corretas.

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