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O movimento Slow Food, fundado pelo honorável gastrônomo, Carlo Petrini (1996), é
um marco na aplicação do profundo conceito da ecogastronomia, em que pela
aplicação de uma lógica naturalista o escritor traz conceitos novos aplicados:
* Alimentos Bons referindo-se à alimentos de sabor natural e terroir envolvidos
produzidos de forma cuidadosa pelos agricultores garantindo suas características
originais,
*Alimentos Limpos referindo-se à uma atividade agropecuária na produção de
alimentos sem uso de químicos invasivos que alteram a estrutura do solo e que alteram
sabor, e características organolépticas específicas dos alimentos,
*Alimentos Justos referindo-se à relação do produtor campesino com os alimentos que
ele nos oferta com seu trabalho, a qualidade de vida deste trabalhador o valor justo
pago pelo seu trabalho e toda a importância da cadeia produtiva e de transporte até o
destino final destes alimentos, o valor monetário e social deste alimento no âmbito em
que está alinhado com o consumidor final.
Proposta de Carlo Petrini (1996) em seu livro “Slow Food - Novos princípios para uma
nova gastronomia”, traz a reflexão destes quase 150 anos em que a gastronomia
moderna se fez ciência e revolucionou comportamentos de consumo, status social e
que ditou de forma aristocrática (e muitas vezes tirana) os meios alimentares.
Desta forma, as práticas envolvidas no processo alimentar do campo a mesa, (farm to
table), é o tema que queremos abordar dentro desta análise sob os conceitos do slow
food.
Quando Petrini defende o direito ao prazer da alimentação, dentro das referências
alimentares e nutricionais da FAO e da ONU, aonde o prazer está ligado à cultura e
tradição, e portanto sendo direito social de manter suas tradições e singularidades
étnicas no âmbito alimentar, assim o direito ao prazer neste caso remete ao
entendimento de que a realização da satisfação da necessidade fisiológica de matar a
fome com um alimento que esteja dentro da sua cultura alimentar e que esta seja
familiar e que tenha raízes de sua identidade cultural e portanto social, este prazer é
um direito primário.
Assim, a Ecogastronomia está intimamente ligado à estes valores sociais e culturais
traduzida pelas *Fortalezas do Sabor,* Arca do Gosto e *Aliança dos Cozinheiros,
inseridos dentro das várias comunidades mundiais, o Movimento Slow Food propõe o
consumo responsável através das práticas de comércio de alimentos regionais
abastecido pela agromaripecuária famiiar e de extrativismo sustentável, dentro das
redes de consumo responsável, coletivos de consumidores e produtores agroecológico,
associações e cooperativas rurais e urbanas em cadeias curtas de consumo(Gazzola
2017) com maior permeabilidade social dos alimentos produzidos localmente de
distribuição regional, numa lógica socio econômica mais ecológica e eficiente,
formando circuitos de feiras populares, e compras coletivas aonde na prática, reduz
custos operacionais com intermediários e aproxima as realidades do produtor e do
consumidor, reunindo atores sociais distintos para o mesmo campo de experiência,
num intercâmbio que fortalece as relações e renova a conexão social elementar da
gastronomia.
Dentro desta exposição de conceitos, valores e ética, a ecogastronomia por fim, pode
ser um segmento natural e justo da Gastronomia enquanto ciência, sendo que, o
resgate do direito fundamental ao alimento e do prazer de comer, é o direito que nos
liga a vida e a alegria de viver.
Referências
DA FONSECA, Gabrieli Aparecida; TROITIÑO, Sonia. A IMPORTÂNCIA DA ORGANIZAÇÃO
DO CONHECIMENTO PARA A DISSEMINAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS: uma análise
comparativa entre o catálogo Arca do Gosto, Guia alimentar para a população brasileira e livro
alimentos regionais brasileiros. In: VIII Seminário Hispano-Brasileiro de Pesquisa em
Informação, Documentação e Sociedade (8shb) 2019.
BARBER, Dan. O TERCEIRO PRATO: notas de campo sobre o futuro da comida. Editora
Rocco, 2015.
PALFREY, John; GASSER, Urs. NASCIDOS NA ERA DIGITAL. Porto Alegre: Artmed, 2011.
PETRINI, Carlo. SLOW FOOD: princípios da nova gastronomia. 2009.
PETRINI, Carlo. SLOW FOOD: BOM, LIMPO E JUSTO. Editora Senac São Paulo, 2021.