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ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS NÁUTICAS

DEPARTAMENTO DE NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

LICENCIATURA EM NAVEGAÇÃO MARÍTIMA

TURMA: 4N20

MARINHARIA & GOVERNO DO NAVIO

OPERACIONALIDADE DA PONTE

Inocêncio Júlio Jacenau

Maputo, Setembro de 2023


Índice

1. Contextualização.................................................................................................................1

2. Operacionalidade da Ponte.................................................................................................2

3. Equipamentos e Instrumentos da Ponte..............................................................................3

3.1. O ECDIS......................................................................................................................3

3.2. Sensores.......................................................................................................................4

3.3. AIS (Automatic Identification System).......................................................................4

3.4. ARPA..........................................................................................................................5

3.5. Agulha Giroscópica.....................................................................................................6

3.6. Odómetro.....................................................................................................................7

3.7. Sonda (Eco Batímetro)................................................................................................7

3.8. Ecossonda....................................................................................................................7

3.9. Anemómetro................................................................................................................7

3.10. Barómetro................................................................................................................7

4. Diário de Bordo..................................................................................................................8

5. O Piloto da Barra................................................................................................................8

6. Considerações Finais..........................................................................................................9
1. Contextualização

A operacionalidade da ponte de navegação é um aspecto fundamental da segurança e


eficiência na navegação marítima. A ponte é o centro de comando e controle de um
navio, onde a tripulação supervisiona todas as operações relacionadas à trajectória,
comunicação e segurança da embarcação. Neste trabalho, exploraremos em detalhes os
elementos-chave da operacionalidade da ponte, incluindo equipamentos, instrumentos, o
uso do livro de bordo e a navegação com piloto de barra.

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2. OPERACIONALIDADE DA PONTE

Com os modernos avanços em equipamentos controlados remotamente houve uma


transferência progressiva do controlo do navio para a Ponte e o timão, hoje substituído pelos
joysticks e manetes, passou a ser operado directamente da ponte.

De acordo com a definição da International Maritime Organization (IMO), o Sistema de


Navegação Integrada (INS – Integrated Navigation System) é uma combinação de sistemas
interconectados de modo a permitir um acesso centralizado as informações de sensores ou
comando/controlo das estações de trabalho, com o objectivo de aumentar a segurança e a
eficiência do gerenciamento da embarcação. Seus padrões de desempenho foram adoptados
pela Organização Marítima Internacional em 1996 (Resolução MSC.64 (67)).

O capítulo V da Convenção SOLAS revisada adoptada em Dezembro de 2000 e que entrou


em vigor em Julho de 2002 diz:

Regra 19 – Prescrições para a existência a bordo de sistemas e equipamentos de bordo


para a navegação parágrafo 6:

Os sistemas integrados da Ponte deverão ser dispostos de tal modo que uma avaria num
subsistema seja levada imediatamente à atenção do oficial de serviço através de alarmes
sonoros e visuais, e não provoque avarias em qualquer outro subsistema. No caso de avaria
numa parte de um sistema de navegação integrado, deverá ser possível operar separadamente
todos os outros equipamentos ou partes do sistema. (IMO, SOLAS - Convenção Internacional
Para Salvaguarda da Vida Humana no Mar, 2010, p.367)

O sistema foi desenvolvido com o intuito de aumentar a segurança e reduzir o tempo gasto
pelo Oficial de Náutica no planeamento e execução da navegação, eliminando o
processamento manual das informações e provendo o navegante com informações que o
ajudam a avaliar rapidamente a situação através de monitores.

Cada tipo de embarcação possui suas necessidades individuais, sendo assim, os Sistemas de
Navegação Integrada são projectados especialmente para cada embarcação. As informações
recebidas de cada sensor / equipamento, como agulha giroscópica, GPS, ecobatímetro,
odómetro, ARPA, radar, etc, podem ser integradas com o ECDIS, processadas através de um
computador e exibidas electronicamente em uma unidade de controlo, proporcionando ao
Oficial de serviço na navegação uma visão completa de toda a situação.

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3. EQUIPAMENTOS E INSTRUMENTOS DA PONTE

Figura 1. Equipamentos da Ponte. Fonte:


https://st.depositphotos.com/1610717/1362/i/950/depositphotos_13622279-stock-photo-instruments-in-the-
bridge-of.jpg

3.1. O ECDIS

O ECDIS (Electronic Chart Display Information System - Sistema de Apresentação de Cartas


Electrónicas e Informações) - Sistema de navegação por computador que segue aos
regulamentos da Organização Marítima Internacional (IMO), que se utilizado juntamente
com um sistema de backup, pode ser empregado no lugar de cartas de navegação impressas
em papel.

O sistema exibe informação por meio de Cartas de Navegação Electrónicas (em inglês, ENC
– Electronic Navigational Charts) e mostra a posição do navio, utilizando os dados do
Sistema Global de Posicionamento por Satélite (GNSS) e outros sensores de navegação como
o radar e Sistemas de Identificação Automático (AIS). O ECDIS também pode exibir
informações de rotas de navegação, ser programado com alarmes sonoros ou visuais quando
o navio se encontrar em situação de perigo à navegação. A função principal do ECDIS é
propiciar uma navegação segura e eficiente a embarcação. Existem actualmente dois tipos de
cartas náuticas Electrónicas utilizadas a bordo, estas são as Cartas Náuticas Raster e as Cartas
Náuticas Vectoriais.

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Figura 2 - Eletronic Chart Display Information System (ECDIS). Fonte: www.gobizkorea.com

3.2. Sensores

Define-se de sensores os vários equipamentos de ajuda a navegação que fazem a interface


com o sistema ECDIS. Entre os vários sensores iremos destacar os utilizados para o
funcionamento de um sistema de forma básica:

 AIS;
 DGPS;
 ARPA; e
 Odómetro.

3.3. AIS (Automatic Identification System)

Sistema de identificação automático do navio que informa todas as estações e embarcações


de uma área, por meio da transmissão digital VHF, várias informações importantes. Fornece
às estações dados relativos ao rumo, velocidade, identificação, carga transportada,
passageiros a bordo, tipo de carga sendo transportada, etc. Os navios poderão receber, por
meio de estações terrestres ou autoridades, informações meteorológicas ou informações
pertinentes sobre a segurança da navegação. O navio poderá transmitir uma mensagem
específica para outros navios, com isso facilitando a comunicação e aumentando a segurança
da navegação.

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Figura 3 – Console do AIS. Fonte: http://humminbird.com.au

3.4. ARPA

Automatic Radar Ploting Aid (ARPA), ou seja, auxílio automático de plotagem radar. As
vantagens de utilização de um radar ARPA são:

 Apresentação em movimento relativo e movimento real;


 Acompanhamento automático e acompanhamento manual de alvos;
 Informação em relação TCPA (Hora do ponto de maior aproximação) sobre todos os
alvos;
 Capacidade de trocar e apresentar vectores, círculos de distância e áreas perigosas na
tela;
 Capacidade de apresentar simulações de situações de mudança de rumo e velocidade
do navio ou dos alvos;
 Capacidade de configuração de alarmes sonoros e visuais; e
 Integração com os vários equipamentos da ponte.
O ARPA é muito importante no sistema ECDIS, pois se pode utilizar a sobreposição da
imagem no display da carta ENC a fim de comparar com as posições do ECDIS e do radar.

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Figura 4 – Console do radar ARPA. Figura 4 – Agulha Giroscópica. Fonte: http://www.nauticexpo.com

3.5. Agulha giroscópica

É a agulha giroscópica que nos aponta o norte geográfico e não o norte magnético. O
funcionamento se baseia no princípio do giroscópio livre, ou seja, um motor que tem a
liberdade para girar em torno de três eixos: Um eixo de rotação, um eixo horizontal e outro
vertical. Um giroscópio, quando em alta velocidade, apresenta duas propriedades:

 A inércia giroscópica; e
 A precessão.

Figura 5 – Agulha Giroscópica. Fonte: http://www.nauticexpo.com

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3.6. Odómetro

Os odómetros são equipamentos utilizados para medirem a velocidade do navio e


consequentemente a distância navegada. A partir do tradicional odómetro rebocado, através
da evolução Electrónica surgiram vários tipos de odómetros, porém ao mais utilizados na
marinha mercante são:

 O odómetro Pitot e
 O odómetro Doppler.

3.7. Sonda (Eco batímetro)

A sonda mede a profundidade da água sob o navio, ajudando a evitar áreas rasas e obstáculos
submersos.

3.8. Ecossonda

A ecossonda é usada para identificar a presença de cardumes de peixes e objetos subaquáticos


que podem representar riscos à navegação.

3.9. Anemómetro

O anemómetro mede a velocidade do vento, fornecendo informações importantes para a


segurança da navegação e a tomada de decisões relacionadas à vela e manobrabilidade.

3.10. Barómetro

O barómetro monitora a pressão atmosférica, permitindo que a tripulação preveja mudanças


nas condições meteorológicas, como a aproximação de tempestades.

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4. DIÁRIO DE BORDO

O Log Book é um instrumento utilizado na navegação para registo dos acontecimentos mais
importantes. Pode também se dizer que é um caderno redigido pelo comandante, relatando a
viagem que realiza e acabando com qualquer dúvida.

Diário de Bordo, pode ser usado no preenchimento de fichas, denominadas Folha de Marcha,
onde se registam a data, quilometragem, hora de saída/chegada e outros acontecimentos
ocorridos durante o percurso do navio.

Os autores Carmo & Ferreira ainda salientam que o registo deve ser feito no mesmo dia em
que se observou determinado acontecimento, de forma a não se perder informação essencial.

 Deve obedecer a uma ordem cronológica, estar organizado, de forma a permitir que o
investigador identifique e compreenda os factos observados, possa fazer juízos de valor, e
levante hipóteses de resposta à sua questão;

 Regularmente este diálogo deve ser alvo de reflexão, e devem ser registadas as ideias
novas provindas da mesma.

5. O PILOTO DA BARRA

O piloto da barra é um profissional marítimo certificado que presta um serviço de assessoria


técnica aos comandantes dos navios, para que as manobras de entrada em porto, saída e
movimentos interiores, se possam realizar com altos níveis de segurança e eficiência. Apesar
de os comandantes dos navios serem conhecedores do seu navio e tripulação, não estão
necessariamente familiarizados com as especificidades de cada porto que demandam,
recorrendo assim aos serviços dos Pilotos de modo a assegurar que o seu navio, tripulação,
passageiros e carga chegam ao seu destino de forma segura e eficiente. Os Pilotos são
grandes conhecedores da linha de costa, águas interiores, baixios, infra-estruturas portuárias,
meteorologia, marés, legislação marítimo-portuária, embarcações auxiliares e restrições na
área para onde estão certificados e utilizam os seus anos de experiência para evitar que os
navios encalhem ou colidam com outros navios ou estruturas. Os Pilotos são também
conhecedores e estão familiarizados com diferentes tipos de sistemas de propulsão, desenho
de casco e das características de governo de diversos tipos de navios e como essas

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características reagem a diferentes velocidades e em condições de maré, vento e correntes
diversas. Os Pilotos da Barra têm experiência em manobra de navios em espaços confinados,
com assistência de rebocadores ou não e em condições meteorológicas limite. Coordenam
com o VTS os movimentos da navegação e têm também responsabilidades no âmbito do Port
State Control, nomeadamente pelo reportar de deficiências dos navios que ponham em causa
a segurança. Os Pilotos são assim responsáveis perante o seu país em assegurar que as suas
costas marítimas e áreas de meio ambiente marinho sensível permanecem expurgadas de
poluição, constituindo assim, em coordenação com as autoridades marítimas e portuárias, o
primeiro elo na cadeia de segurança da navegação, das infra-estruturas portuárias e da
protecção do meio ambiente marinho.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A operacionalidade da ponte de navegação é um elemento crítico na segurança e eficiência da


navegação marítima. Os equipamentos e instrumentos na ponte, juntamente com o registro
detalhado no livro de bordo e a utilização do piloto de barra, são fundamentais para garantir
viagens seguras e bem-sucedidas. A coordenação da tripulação e o uso adequado desses
recursos desempenham um papel essencial na garantia de que os navios cheguem com
segurança ao seu destino.

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