Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Florianópolis
2017
RENATA ISÉ SILVESTRE
Florianópolis
2017
Dedico aos meus pais, Carlos e Edilene e aos
meus irmãos, João Henrique e Fernanda.
AGRADECIMENTOS
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................. 10
2 O INSTITUTO DA POSSE.............................................................................................. 11
2.1 ORIGEM E CONCEITO ................................................................................................. 11
2.1.1 Diferenciação da posse e detenção ............................................................................. 14
2.2 CLASSIFICAÇÃO DA POSSE ...................................................................................... 15
2.4 AQUISIÇÃO E PERDA DA POSSE ................................................................................. 17
2.3 EFEITOS DA POSSE ...................................................................................................... 20
2.3.1 Efeitos materiais da posse ........................................................................................... 20
2.3.2 Efeitos processuais da posse ....................................................................................... 23
3 O INSTITUTO DA PROPRIEDADE ............................................................................. 26
3.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA PROPRIEDADE .......................................................... 26
3.2 CONCEITO DE PROPRIDADE ..................................................................................... 28
3.3 PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA PROPRIEDADE ........................................... 30
3.4 FORMAS DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL ........................................ 31
3.4.1 Aquisição pelo registro do título ................................................................................ 32
3.4.2 Aquisição por acessão ................................................................................................. 33
3.4.3 Aquisição por usucapião ............................................................................................. 35
3.4.4 Aquisição por sucessão hereditária ........................................................................... 37
3.5 FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE ...................................................................... 38
4 O INSTITUTO DA USUCAPIÃO .................................................................................. 41
4.1 PRESSUPOSTOS ............................................................................................................ 41
4.2 MODALIDADES ............................................................................................................ 42
4.2.1 Usucapião extraordinária ........................................................................................... 42
4.2.2 Usucapião ordinária .................................................................................................... 44
4.2.3 Usucapião especial urbana ......................................................................................... 45
4.2.4 Usucapião especial rural ............................................................................................. 46
4.2.5 Usucapião especial urbana coletiva ........................................................................... 47
4.2.6 Usucapião indígena ..................................................................................................... 48
4.2.7 Usucapião familiar ...................................................................................................... 48
4.3 A USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL NO ORDENAMENTO JURÍDICO
BRASILEIRO.. ......................................................................................................................... 50
4.4 FUNDAMENTOS VALORATIVOS DO PROCEDIMENTO DA USUCAPIÃO
EXTRAJUDICIAL ................................................................................................................... 56
5 CONCLUSÃO ................................................................................................................... 58
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 58
10
1 INTRODUÇÃO
2 O INSTITUTO DA POSSE
1
Friedrich Karl Von Savigny (1779 - 1861) foi um jurista alemão. Fundou a escola histórica alemã, foi professor
nas universidades de Marburg e Landshut e o primeiro professor de direito romano na Universidade de Berlim.
A partir de 1848, dedicou-se exclusivamente ao trabalho científico. (FRIEDRICH..., 2004-2017, tradução nossa).
2
O jurista alemão Rudolf von Ihering (1818-1892), doutor pela Universidade de Berlim, entre suas
contribuições, defendeu o Direito posto na lei, como também o afastamento do idealismo em favor de certo
naturalismo, sendo entusiasta da ideia de direito a partir de propósitos e de interesses, revelando-se um realista.
(GODOY, 2014).
12
apenas a detenção, a qual não recebe proteção possessória. A partir dessa teoria, a posse
adquiriu amparo jurídico, o que a torna relevante, uma vez que a tutela visa garantir a paz
social e boas relações no plano formal. (FARIAS; ROSENVALD, 2012, p. 60-61).
No entendimento de Ihering, no entanto, é suficiente para a caracterização da
posse o corpus, relativo à conduta do possuidor, em que já está implícito o animus, de modo a
agir como se fosse proprietário da coisa. (GONÇALVES, 2016, p. 51).
Dessa forma, a teoria objetiva dispensa o aspecto subjetivo do animus, quanto à
intenção de ser proprietário, bastando a visibilidade externa da posse com interesse de
conferir destinação econômica a coisa. (FARIAS; ROSENVALD, 2012, p. 62-63).
Possível fazer uma distinção, para Ihering, entre o possuidor que exerce um poder
de fato e o proprietário que detém um poder de direito, de modo que, esses poderes podem ser
exercidos por uma mesma pessoa, não obstante, há situações em que o proprietário se
desvencilha do poder de fato. Considera-se que, para existir a posse, a figura do possuidor não
necessita exercer sobre a coisa um poder real, ou seja, de fato, mas sim, com interesse de
utilizar o domínio da coisa para destinação econômica. (COELHO, 2010, p. 64-65).
Destaca ainda, Rodrigues (2009, p. 18) que “posse não significa apenas a detenção
da coisa; ela se revela na maneira como o proprietário age em face da coisa, tendo em vista
sua função econômica, pois o animus nada mais é que o propósito de servir-se da coisa como
proprietário.”
Para o reconhecimento da existência da posse pela teoria de Ihering, melhor
utilizar o critério relacionado à destinação econômica, pois torna visível o domínio. Assim,
Gomes (2012, p.35) reproduz um exemplo de Ihering:
Suponhamos dois objetos que se acham reunidos no mesmo lugar, uns pássaros
seguros por um laço num bosque, ou, num solar em construção, os materiais, e ao
lado uma cigarreira com cigarros; o mais ignorante dos homens sabe que será́
culpado de um furto se tirar os pássaros ou alguns materiais, mas nada tem a temer
se tirar os cigarros; qual a razão desse modo diferente de proceder? Com relação à
cigarreira, cada qual dirá́ : perdeu-se; deu-se isso contra a vontade do proprietário, e
torna-se a pô-lo em relação com a coisa, dizendo-se-lhe que foi encontrada; com
relação aos pássaros e aos materiais, sabe-se que a posição em que se acham tem sua
causa em uma disposição tomada pelo proprietário; estas coisas não poderão ser
encontradas, porque não estão perdidas: seriam roubadas. Afirmando-se que a
cigarreira se perdeu, diz-se: a relação normal do proprietário com a coisa está
perturbada; há, portanto, uma situação anormal.”
Observadas as duas teorias, verifica-se que o Código Civil de 2002 aderiu à teoria
objetiva de Ihering, pois define a figura do possuidor no art. 1.196, relacionada à posse do
13
bem: “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de
algum dos poderes inerentes à propriedade.” (BRASIL, 2002).
Desse modo, observa-se que, para uma pessoa ser considerada possuidora, é
necessário que exerça, pratique ou usufrua, de fato, um dos poderes inerentes ao domínio ou
propriedade, não se exigindo o exercício de todos os direitos relativos à propriedade, visto que
poderia confundir posse com propriedade. (RIZZARDO, 2016, p. 16).
Nada obstante, existe um novo paradigma do instituto da posse, no qual considera
a função social da posse, teoria cujo principal defensor foi o francês Raymond Saleilles3. A
referida tese encontra-se no Projeto de Lei n. 699/2011, de autoria original do deputado
Ricardo Fiúza, com intuito de fazer alteração no art. 1.196 com a seguinte redação:
Dessa maneira, com esse conceito moderno, a posse existirá pelo reconhecimento
e aprovação da coletividade, além de considerar a destinação conferida à posse. (TARTUCE,
2017, p. 32).
Ainda, nesse mesmo entendimento sociológico, quanto ao direito à posse:
“Verifica que a posse, isoladamente considerada, só poderá ser protegida pelo direito quando
cumprir sua função social, ou seja, quando o possuidor utilizar o bem para satisfazer suas
necessidades materiais de moradia, trabalho e/ou alimentação.” (ALBUQUERQUE, 2010, p.
65-66).
Ademais, consta no Enunciado4 nº 492 aprovado na V Jornada de Direito, do
Conselho Nacional de Justiça, o seguinte: “A posse constitui direito autônomo em relação à
propriedade e deve expressar o aproveitamento dos bens para o alcance de interesses
existenciais, econômicos e sociais de tutela.” (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA,
2011).
3
O francês Raymond Saleilles (1855-1912) foi professor de Direito Civil, e defendeu um movimento científico
de cunho ético, social, e econômico, para elaboração de normas com uma visão mais solidarista na França.
(GROSSI, 2008 apud DRUMMOND; CROCETTI, 2017).
4
Os Enunciados são aprovados pelas Jornadas de Direito Civil, desde 2002. O Conselho da Justiça Federal, por
meio do seu Centro de Estudos Judiciários – CEJ tem promovido esses eventos com o objetivo de reunir
magistrados, professores, representantes das diversas carreiras jurídicas e estudiosos do Direito Civil para
debater os temas sugeridos pelo Código Civil de 2002 e aprovar enunciados que representem o pensamento da
maioria dos especialistas. (AGUIAR JÚNIOR, 2012, p. 9).
14
Entre outros aspectos relevantes da posse, vale citar a distinção doutrinária entre
os conceitos de posse e detenção.
Conforme o art. 1.198 do Código Civil de 2002 conceitua-se o detentor:
“Considera-se detentor aquele que, achando-se em relação de dependência para com outro,
conserva a posse em nome deste e em cumprimento de ordens ou instruções suas.” (BRASIL,
2002).
Assim, Wald (2009, p. 63-64) ensina que, para o exercício da simples detenção, o
domínio da coisa pode ocorrer em nome alheio, ou se dar pela ausência de vontade do titular
da coisa, detendo mero contato físico, em razão de ser insuscetível de apropriação. Relata, em
outras palavras, a diferença entre posse e detenção:
5
O italiano Silvio Perozzi (1857-1931), já no raiar do século XX, também buscou contribuir para a autonomia da
posse, confiando na evolução da civilização e no seu respectivo costume para construir uma teoria social da
posse. (OLIVEIRA; MACIEL, 2009, p. 1-14).
6
Esses pensamentos possessórios deságuam nas teorias econômicas e sociais da posse, de Silvio Perozzi, de
Raymond Saleilles e a de Hernandez Gil (1915–1994), que visam superar, em parte, as ideias de Savigny e
Jhering, ou adequá-las à contemporaneidade, tema ainda carente de atenção por parte dos manuais de Direito das
Coisas. (OLIVEIRA; MACIEL, 2009, p. 1-14).
15
Aduz-se também, outra distinção importante, pois, somente a posse gera efeitos
jurídicos, conferindo direitos e pretensões possessórias em nome do dono ou possuidor.
Todavia, ao detentor não assiste direito de invocar, em nome próprio a proteção possessória.
(GONÇALVES, 2016, p. 63-64).
Após o conhecimento da origem e definição da posse, passa-se a sua classificação.
Art. 1.197. A posse direta, de pessoa que tem a coisa em seu poder,
temporariamente, em virtude de direito pessoal, ou real, não anula a indireta, de
quem aquela foi havida, podendo o possuidor direto defender a sua posse contra o
indireto. (BRASIL, 2002)
Entende-se como possuidor direto a pessoa que está em contato imediato com a
coisa, como por exemplo, o locatário de imóvel, enquanto que o possuidor indireto refere-se à
pessoa que transfere a coisa ao possuidor imediato, nesse caso o locador do imóvel. Além
disso, as duas modalidades permitem a proteção possessória contra intervenção de terceiros.
(WALD, 2009, p. 65-66).
Para complementar, no que se refere à parte final do artigo 1.197 do Código Civil,
o Conselho Nacional de Justiça, na I Jornada de Direito Civil, aprovou o Enunciado nº 76,
entendendo que: “O possuidor direto tem direito de defender a sua posse contra o indireto, e
este contra aquele.” (CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2002).
Nessa situação, Tartuce (2017, p. 40) exemplifica:
possuírem coisa indivisa, poderá cada uma exercer sobre ela atos possessórios, contando que
não excluam os dos outros compossuidores.” (BRASIL, 2002).
Desse modo, exemplifica-se uma situação comum de composse, como no caso da
relação entre cônjuges, que possuem regime de comunhão de bens, exercendo sobre um
mesmo patrimônio o poder da posse. Contudo, os atos praticados por um dos cônjuges não
excluem atos de posse semelhantes de seu consorte, além disso, possuem direito de reclamar a
proteção possessória qualquer dos compossuidores, caso haja turbação, esbulho ou ameaça da
posse. (RODRIGUES, 2009, p. 26).
Ainda, Diniz (2012, p.73) distingue em sua obra, dois tipos de composse: pro
indiviso, sendo essa com vários possuidores, que dominam um bem sem determinação da
parcela de cada compossuidor; e composse pro diviso, existindo nesse caso, uma repartição de
fato do bem entre cada compussuidor, embora o bem seja indivisível. (DINIZ, 2012, p. 73).
Diferentemente da composse, a posse pode ser classificada como exclusiva, que se
caracteriza pelo exercício da posse por apenas uma pessoa, portanto, a posse não é partilhada.
(NADER, 2016, p. 48).
Outra classificação é a de posse justa e injusta, disciplinada no art. 1.200 do
Código Civil: “É justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária.” (BRASIL,
2002).
Dessa exclusão, possível determinar que a posse injusta ocorra quando presentes
os vícios de violência, clandestinidade ou precariedade. Dizer que a posse é violenta, atribui-
se à obtenção do bem pelo uso indevido da força, por meio físico, ameaça à vida ou
integridade do possuidor, ou com rompimento de obstáculos. Já a posse clandestina acontece,
quando é ocultada a posse do titular, normalmente ocorre de forma mansa. A posse precária é
obtida pelo abuso de confiança. Na modalidade de posse injusta, o possuidor não tem direitos
aos interditos possessórios, em desfavor daquele que tinha a posse justa sobre a coisa, não
obstante, pode defender contra terceiros que intentem a posse da mesma forma injusta.
(COELHO, 2009, p. 21-22).
A posse também pode ser classificada em de boa-fé e de má-fé, conforme traduz o
caput do art. 1.201 do Código Civil de 2002: “É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o
vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa.” (BRASIL, 2002).
Entende-se que a posse é de boa-fé quando o possuidor tem a convicção da
legitimidade de sua posse, de modo a pensar que a coisa lhe pertence de fato e sem
conhecimento de qualquer dos vícios impeditivos para aquisição, ou seja, violência,
17
Nessa mesma diretriz, trata o art. 1.207 de duas espécies de sucessor, o universal e
o singular. Assim, in verbs: “O sucessor universal continua de direito a posse do seu
antecessor; e ao sucessor singular é facultado unir sua posse à do antecessor, para os efeitos
legais.” (BRASIL, 2002).
Desse modo, explica Pereira, C. (2017, p. 39), que a transmissão por mortis causa,
o herdeiro adquire a posse pela transmissão hereditária, com os seus vícios e qualidades. Não
obstante, na aquisição singular, como na situação de compra e venda ou doação, por exemplo,
adquire uma posse alheia, facultando ao possuidor, conforme a lei, começar uma posse nova,
ou unir-se à posse de seu antecessor.
Além disso, sobre a matéria de acessão pelo sucessor singular, aprovou-se o
Enunciado nº 494 na V Jornada de Direito Civil, do ano de 2011: “A faculdade conferida ao
sucessor singular de somar ou não o tempo da posse de seu antecessor não significa que, ao
optar por nova contagem, estará livre do vício objetivo que maculava a posse anterior.”
(CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, 2011).
Assim, é possível que seja transmitido ao sucessor singular o vício que atingia a
posse anterior. (TARTUCE, 2017, p. 96).
Salienta-se, acerca do regramento do art. 1.208 do Código Civil de 2002: “Não
induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua
aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a
clandestinidade.” (BRASIL, 2002).
Dessa maneira, sendo a aquisição da posse injusta, isto é, o novo possuidor se
utiliza de violência ou clandestinidade, em regra, não haverá transmissão da posse, salvo se
houver cessado o vício. Todavia, os atos de tolerância ou de mera permissão do possuidor, em
face do abuso de confiança de cometido, não induzem a transmissão da posse. (COELHO,
2009, p. 46-47).
Em relação à perda da posse, o legislador optou por manter critérios genéricos,
nos artigos 1.223 e 1.224 do CC/2002, incumbindo ao aplicador da norma a responsabilidade
em definir o ensejo da perda possessória. A posse pode ser perdida pelo abandono; pela
tradição; pela perda da própria coisa; pela destruição da coisa; pela inalienabilidade; por posse
de outrem; pelo constituto possessório; também, perde-se o direito sobre a posse quando, pela
impossibilidade de seu exercício, pelo desuso, bem como na ocorrência de esbulho não
presenciado, e o possuidor se abstém de retomar seu bem. (DINIZ, 2012, p. 91-95).
A forma de perda da posse pelo abandono ocorre quando manifestamente o
possuidor renuncia à posse, com a intenção de largar o que lhe pertence, já pela tradição a
20
Neste item serão abordados os efeitos da posse que se encontram elencados entre
os artigos 1.210 e 1.222 do Código Civil de 2002 e artigo 558 do Código de Processo Civil de
2015.
7
Chamam-se benfeitorias as obras ou despesas feitas na coisa, com o fim de conservá-la, melhorá-la ou
embelezá-la. Mas excluem-se de sua conceituação os incrementos naturais, independentes da ação humana.
(PEREIRA, C., 2017).
21
no aluguel de imóvel. Além disso, podem ser classificados os frutos no estado que se
apresentam, quais sejam: pendentes, os que não foram colhidos da coisa; percebidos, os que
foram colhidos e separados da coisa principal; os estantes, frutos que foram colhidos e estão
armazenados; percipiendos são os que, deveriam ter sido colhidos, entretanto não foram; e os
frutos consumidos, nesse caso foram colhidos, porém não existem mais, por terem sido
vendidos, por exemplo. Destaca-se, para efeitos do direito aos frutos, verificar a boa-fé ou
má-fé do possuidor. (TARTUCE, 2017, p. 53).
Terá direito aos frutos percebidos durante a posse, o possuidor de boa-fé,
consoante o art. 1.214: “O possuidor de boa-fé tem direito, enquanto ela durar, aos frutos
percebidos.” (BRASIL, 2002).
Convém notar que, sendo o possuidor de boa-fé, terá direito aos frutos percebidos,
sejam esses naturais, industriais e civis, desde que respeitado o disposto no art. 1.215: “Os
frutos naturais e industriais reputam-se colhidos e percebidos, logo que são separados; os civis
reputam-se percebidos dia por dia.” (BRASIL, 2002). Entretanto, em relação aos frutos
pendentes, o possuidor terá direito apenas ao reembolso das despesas de produção e custeio.
(COELHO, 2009, p. 48).
Quanto à posse de má-fé, versa o art. 1.216 do Código Civil de 2002: “O
possuidor de má-fé responde por todos os frutos colhidos e percebidos, bem como pelos que,
por culpa sua, deixou de perceber, desde o momento em que se constituiu de má-fé; tem
direito às despesas da produção e custeio.” (BRASIL, 2002).
Esclarece Coelho (2009, p. 48), a respeito do possuidor de má-fé:
Por outro vértice, observa Tartuce (2017, p. 57) outra consequência com relação
aos possíveis reflexos das benfeitorias voluptuárias sobre a coisa:
8
Art. 556. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção
possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.
(BRASIL, 2015).
24
Insta citar que, existindo turbação ou esbulho da posse, o texto legal permite ao
possuidor fazer uso da sua própria força. Desse modo, ocorrendo turbação, o possuidor
estando na posse da coisa poderá reagir em legítima defesa. Já quando acontece o esbulho, o
possuidor nessa situação perde a posse da coisa, e por consequência poderá reagir
pessoalmente, com uso do desforço imediato, sem auxílio de autoridade policial ou judicial.
Contudo, não deve atuar com excessos. (GONÇALVES, 2016, p. 131-132).
Nesse sentido, descreve o art. 1.210, § 1º do Código Civil de 2002: “O possuidor
turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o
faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à
manutenção, ou restituição da posse.” (BRASIL, 2002).
Com a propositura da ação de manutenção de posse, cumpre ao autor provar os
requisitos inseridos no art. 561 do Código de Processo Civil de 2015, quais sejam: a sua
posse, a turbação praticada pelo réu, a data da turbação, e a continuação da sua posse, embora
turbada. É possível que o juiz conceda liminar ao autor, mediante a prova oferecida na inicial,
conforme os arts. 562 e 563 do Código de Processo Civil de 2015 9, desde que se trate de
posse nova. (MONTEIRO; MALUF, 2015, p. 58).
Outrossim, na ação de reintegração de posse, quando o possuidor é desapossado
da coisa ou esbulhado, tem direito de reaver e restaurar a posse perdida. Nessa ação se for de
força nova, na qual a data do esbulho se deu em menos de ano e dia, possível solicitar a
concessão de liminar, para que o possuidor seja reintegrado desde logo. Registra-se, no
entanto, que o art. 557 do Código de Processo Civil de 2015 faz inovação, pois permite a
proposta da ação de reconhecimento de domínio, em face de terceira pessoa somente, mesmo
quando pendente a ação possessória. Conquanto, veda-se essa possibilidade ao autor e ao réu
envolvidos no processo. Assim, transcreve-se o referido artigo: “Na pendência de ação
possessória é vedado, tanto ao autor quanto ao réu, propor ação de reconhecimento do
domínio, exceto se a pretensão for deduzida em face de terceira pessoa.” (BRASIL, 2015;
PEREIRA, C., 2017, p. 54).
Por outro lado, a ação do interdito proibitório é utilizada como meio de defesa
preventiva da posse, a vista de uma ameaça de turbação ou esbulho, embora não tenha se
consumado a violência. Cabe ao autor provar os requisitos da posse, a ameaça da moléstia,
9
Art. 562. Estando a petição inicial devidamente instruída, o juiz deferirá, sem ouvir o réu, a expedição do
mandado liminar de manutenção ou de reintegração, caso contrário, determinará que o autor justifique
previamente o alegado, citando-se o réu para comparecer à audiência que for designada. [...];
Art. 563. Considerada suficiente a justificação, o juiz fará logo expedir mandado de manutenção ou de
reintegração. (BRASIL, 2015).
25
probabilidade do ato, para que se observe o preceito do art. 567 do Código de Processo Civil
de 2015, que assegura multa pecuniária ao réu, caso ele venha a cometer a violência de fato.
(TARTUCE, 2017, p. 57).
Diante de um equívoco procedimental, admite-se nas ações possessórias o
princípio da fungibilidade, regulamentado no art. 554 do Código de Processo Civil de 2015,
que assim dispõe: “A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que
o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela, cujos requisitos
estejam provados.” (BRASIL, 2015).
Portanto, caso a ação cabível for de manutenção de posse e o autor ajuizar ação de
reintegração, ou vice-versa, o juiz fará conhecimento do pedido do mesmo modo, e
consequentemente estando adequados os requisitos, determinará a expedição do mandado.
Esse princípio da conversibilidade somente é imperativo às três ações possessórias:
manutenção, reintegração de posse e interdito proibitório. Os momentos de correção pelo juiz
ocorrem ao despachar a inicial, em sentença definitiva, ou ainda, na fase recursal de segundo
grau. (GONÇALVES, 2016, p.136-137).
Nesse capítulo, observaram-se os elementos relevantes da posse, concernentes à
origem, conceito, classificação, aquisição ou perda da posse, e efeitos, conforme disposições
normativas e entendimentos doutrinários. No capítulo a seguir se abordará o instituto da
propriedade e seus aspectos significativos.
26
3 O INSTITUTO DA PROPRIEDADE
10
O Código de Justiniano foi realizado a partir dos códigos Gregoriano, Teodosiano (ano de 439) e
Hermogeniano. Este famoso digesto do direito romano foi compilado pelos dez juristas mais experientes de seu
reino, sob a guia do jurisconsulto Triboniano. O Imperador Justiniano I em 534 realizou o Corpus Juris Civilis. O
Código consiste das seguintes partes: o Código; o Digesto; as Institutas; as Novelas. (MARLASCA, 2003).
11
Justiniano nasceu em Taurésio, na Ásia Menor, subindo ao trono de Constantinopla em 527. Sobrinho do
Imperador Justino, que o adotara, teve o seu nome de origem, Upranda, de fonte eslava, mudado para Justiniano.
(HELENE, 2010).
27
muito forte entre a família, o seu deus e o solo ocupado, não se cogitando de
mudança de lugar, salvo por motivos excepcionais. O imóvel era considerado
propriedade da família e não de qualquer um de seus membros. O culto aos deuses
se fazia no recesso dos lares e apenas pelos membros das famílias. Como nenhum
estranho podia presenciar a adoração, as casas eram separadas por muros de pedras,
paliçadas ou sebes. Quanto aos túmulos, igual cuidado era dispensado. Os membros
de uma família deviam ser enterrados no mesmo local, enquanto que a área ocupada
se tornava inalienável e imprescritível.
Ao tempo da Idade Média, o proprietário livre era uma figura frágil, frente ao
senhor feudal da época medieval, situado no topo da classe social. Desse modo, os nobres
adquiriam a confiança dos humildes, como o vassalo, o servo, o semilivre, para que as terras
desses fossem transferidas ao senhor, em troca de proteção. No entanto, eram obrigados a
contribuições onerosas em favor dos nobres. (MONTEIRO; MALUF, 2015, p. 97).
Com a Revolução Francesa12 houve um marco para propriedade, pois, gerou a
abolição de privilégios, o cancelamento de eternos direitos, com intuito de um ideal
democrático. Além disso, em 1804 foi elaborado o Código Napoleônico13, grande referência
para o século XIX, que também recebeu o apelido de Código da Propriedade, pela valorização
e símbolo de riqueza dada à propriedade imóvel. (PEREIRA, C., 2017, p. 64).
No curso da História, relevo há também com a fase da Revolução Industrial, em
que se propagou o liberalismo econômico, a fim de diminuir a intervenção do Estado sobre as
atividades privadas. Assim, a crescente iniciativa privada permitiu uma maior liberdade para
aquisição da propriedade, sistema que se tornou predominante nos países ocidentais
(RIZZARDO, 2016, p.166).
Ao tempo da extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS)14, a
propriedade pertencia ao Estado, no tangente ao solo, subsolo, florestas, águas, terrenos das
casas, instrumentos de produção. O indivíduo podia apenas ter como seu a propriedade, a casa
em que morava com a família, os móveis, valores em dinheiro e mobiliários, bem como as
12
A Revolução Francesa, iniciada no dia 17 de junho de 1789, foi um movimento impulsionado pela burguesia.
Contou com uma importante participação dos camponeses e das massas urbanas que viviam na miséria. Em 14
de julho de 1789, a massa urbana de Paris tomou a prisão da Bastilha desencadeando profundas mudanças no
governo francês. (BEZERRA, 2017).
13
Com a aprovação dos 36 livros que o compõem, foi promulgado, em 21.3.1804, o Código Civil da França. Em
1807 recebeu a denominação de Código Napoleão; em 1816, após o Congresso de Viena de 1815, que
reformulou a Carta Política da Europa com a fragmentação do Império Napoleônico, recebeu a denominação de
Código Civil. Mais tarde, um Decreto de 27.03.1852 restabeleceu o nome Código Napoleão, que é a sua
denominação oficial, embora praticamente simplificada em Código Civil. (PEREIRA, C., 2010).
14
Em 30 de dezembro de 1922 surge oficialmente a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), com a
reunião de territórios que integravam o Império Russo. Fruto da revolta contra o regime absolutista dos czares, as
condições atrasadas e agrícolas do Império Russo e a participação na Primeira Guerra Mundial, a Revolução
Russa eclode em fevereiro de 1917, com a derrubada do czar Nicolau II. Em seu lugar é constituído um governo
provisório de caráter liberal, por sua vez derrubado pelos bolcheviques liderados por Vladimir Lenin em outubro
de 1917. (PRADO, 2017).
28
O Código Civil de 2002, não conceitua a propriedade, mas descreve em seu art.
1.228, os poderes conferidos ao proprietário, quais sejam: usar, gozar e dispor da coisa, e o
direito de reavê-la do poder de quem quer que injustamente a possua ou detenha. (BRASIL,
2002).
Desses poderes, Viana (2006, p. 77) argumenta que o sentido da norma confere
rol exemplificativo, e sustenta ainda que “não é uma soma de faculdades, mas a unidade de
30
caráter de exclusividade determina que a coisa não possa pertencer a duas ou mais pessoas.
Assim, excluem-se a hipótese de condomínio, visto que os condôminos são titulares do direito
na totalidade da coisa. (DINIZ, 2017, p. 136-137).
Na característica da perpetuidade ensinam Farias e Rosenvald (2012, p. 302), que
tradicionalmente:
Imóveis, pela acessão e pela usucapião15. Enquanto que, o Capitulo III versa a respeito de
aquisição da propriedade móvel. (BRASIL, 2002).
Entretanto, no presente trabalho não se abordará a aquisição no tocante à
propriedade móvel, pois somente os bens imóveis são usucapidos extrajudicialmente.
15
Inseridos no Título III Da Propriedade, Capítulo II Da Aquisição da Propriedade Imóvel. (BRASIL, 2002).
33
alterações físicas, ou cancelamento de ônus reais de um bem, dentre outros, mas que não
alteram a essência do registro. (FARIAS; ROSENVALD, 2012, p. 393-394).
16
Incluídos no Título IV Da Prescrição e da Decadência, do Capítulo I da Prescrição, na Seção IV do Código
Civil de 2002, Dos Prazos da Prescrição. (BRASIL, 2002).
17
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração
federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito
pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencentes às pessoas
jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito privado. (BRASIL, 2002).
37
18
Bens dominicais “são aqueles que constituem o patrimônio disponível das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito obrigacional ou real dessas entidades, sem possuir destinação específica.” (FARIAS;
ROSENVALD, 2012, p. 405).
38
A partir dessa seção, será abordada a função social da propriedade, haja vista a
repercussão nas mais diversas doutrinas, ordenamentos, estudos.
Inicialmente, o pensamento da função social da propriedade foi herdado pelo
francês Léon Duguit19, no começo do século XX, quando já defendia a destinação social que
devia atender a propriedade. (RIZZARDO, 2016, p. 167).
A evolução do pensamento histórico da propriedade transitou pelo período
absolutista, em que alguns podiam ter privilégios, gerando a exclusão social, com o
individualismo. Contudo, a partir do século XIX na França, surgiram as primeiras limitações
no poder absoluto, a vista da teoria do abuso do direito20, considerada ultrapassada essa teoria.
(FARIAS; ROSENVALD, 2012, p. 310-311).
Outra contribuição histórica, da função social da propriedade, funda-se na
Constituição Alemã de Weimar, de 1919, que “elevou a ideia de vinculação social da
propriedade à categoria de princípio jurídico, estabelecendo no seu art. 14 que a propriedade
obriga, devendo o seu uso servir tanto o proprietário como o bem de toda a coletividade.”
(LARENZ, 1978, p. 79 apud TARTUCE, 2017, p. 131, grifo do autor).
No Brasil, a Constituição Federal de 1946, no seu art. 147, tratou do conceito da
função social da propriedade, submetendo o uso da propriedade ao atendimento do bem estar
social. Ainda, permaneceu o seu conceito na reforma constituinte de 1967, bem como na
Emenda nº1 de 1969. (VIANA, 2006, p. 88).
19
O jurista francês Léon Duguit (1859-1928) foi o responsável pela formulação teórica da função social da
propriedade, principal característica do conceito social deste direito. Vivendo em um tempo que já sentia os
efeitos da desigualdade de riquezas, reforçada pela Revolução Industrial, Duguit tentou buscar uma solução
jurídica para os problemas de sua sociedade. Centrando sua análise na propriedade, percebeu a necessidade de
mitigar o individualismo que circundava este direito, tido como absoluto e sagrado pelo ideário liberal. Executou
esta tarefa através de uma crítica ao individualismo jusnaturalista, propondo sua superação pelo paradigma da
interdependência social. Em uma sociedade onde os direitos dos indivíduos não devem conflitar com a
interdependência, a propriedade não deve ser absoluta, mas vinculada à sua função social. (RAMOS DE JESUS,
2015).
20
Refere-se à teoria do risco ou dos atos emulativos, constante no 2º do art. 1.228 do CC/02 “São defesos os atos
que não trazem ao proprietário qualquer comodidade, ou utilidade, e sejam animados pela intenção de prejudicar
outrem.”. Entretanto, não se aplica “por situar o abuso do direito em um contexto subjetivo, no qual o ato
emulativo requer a prova da culpa do proprietário, o que é incompatível com a teoria finalista adotada pelo art.
187, do Código Civil, que configura o ato ilícito em sentido puramente objetivo.” (BRASIL, 2002; FARIAS;
ROSENVALD, 2012, p. 311).
39
Segundo Tartuce (2017, p. 133-134) o Direito Privado, por sua vez, foi além da
função social, pois também discorre sobre a função socioambiental. Denota-se, a ênfase do
legislador que se remete ao art. 225 da Constituição Federal de 1988, da proteção ao meio
ambiente, em sintonia com a lei civil, conforme o § 1º do art. 1.228 do Código Civil de 2002,
estabelecendo que:
princípio, relativo à função social, é a norma jurídica que estabelece limites ao proprietário no
exercício dos seus direitos de usar, fruir, dispor e reivindicar, pra garantir a adequada função
do bem estar da coletividade. (FIUZA, 2014, p. 947-950).
Portanto, “todo e qualquer ato de uso ou gozo e disposição da coisa será
submetido ao exame de finalidade, bem como eventual pretensão reivindicatória poderá ser
paralisada, se o proprietário não conceder destinação relevante ao bem.” (FARIAS;
ROSENVALD, 2012, p. 318).
No estudo desse capítulo, foram observados os aspectos históricos, conceituais,
mencionando-se as características e as formas de aquisição da propriedade, sem faltar o
importante regimento da função social. Para o próximo capítulo, verificar-se-á os aspectos
relevantes da usucapião, como modalidade de aquisição da propriedade imóvel.
41
4 O INSTITUTO DA USUCAPIÃO
4.1 PRESSUPOSTOS
usucapião, conforme o art. 1.208, 2ª parte do Código Civil de 200221, no entanto, não recebe
essa oportunidade à posse precária. (TARTUCE, 2017, p. 188).
Por último, além dos requisitos comuns acima citados, possuem dois requisitos
formais suplementares a destacar, a boa fé e o justo título22, utilizados para fins de usucapião
ordinária. (FARIAS; ROSENVALD, 2012, p. 414). Para tanto, em decorrência desses dois
requisitos: “Abrevia-se o prazo quando o possuidor preenche os requisitos suplementares de
justo título e boa-fé́ , mas, neste caso, o alongamento ou a abreviação do lapso do tempo não
decorre de fatores externos. O que influi é o modo por que se possui, o teor da posse.”
(GOMES, 2012, 183).
Nesse contexto, o art. 1.201 do Código Civil de 2002, dispõe acerca da boa-fé do
possuidor: “É de boa-fé a posse, se o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a
aquisição da coisa.” Enquanto que, a posse com justo título se presume de boa-fé, salvo prova
em contrário, consoante parágrafo único, do mesmo dispositivo. (BRASIL, 2002).
Conhecidos os pressupostos comuns da usucapião, acrescentando-se dois
requisitos complementares, a seguir se verificará as espécies da usucapião previstas nas
normas jurídicas.
4.2 MODALIDADES
21
Art. 1.208. Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua
aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade. (BRASIL,
2002).
22
“Justo título é, pois, o ato jurídico que, embora ilegítimo, serve de fundamento à aquisição de um direito real,
porque corresponde a um tipo de atividade cujas consequências jurídicas consistem afinal nessa aquisição (causa
habilis ad dominium transferendum), criando a obrigação de transferir o direito real ou constituindo, por si só,
um modo de sua transferência”. (CHAMOUN, 1980, vol. 47, p. 380 apud RIZZARDO, 2016, p. 172).
43
Art. 1.238. Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir
como seu um imóvel, adquire-lhe a propriedade, independentemente de título e boa-
fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual servirá de
título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis.
Parágrafo único. O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos se o
possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele realizado
obras ou serviços de caráter produtivo. (BRASIL, 2002).
23
Art. 1.241. Poderá o possuidor requerer ao juiz seja declarada adquirida, mediante usucapião, a propriedade
imóvel. (BRASIL, 2002).
44
Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver
sido adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório,
cancelada posteriormente, desde que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua
moradia, ou realizado investimentos de interesse social e econômico. (BRASIL,
2012).
24
Art. 1.242 [...]; Parágrafo único. Será de cinco anos o prazo previsto neste artigo se o imóvel houver sido
adquirido, onerosamente, com base no registro constante do respectivo cartório, cancelada posteriormente, desde
que os possuidores nele tiverem estabelecido a sua moradia, ou realizado investimentos de interesse social e
econômico. (BRASIL, 2002).
45
Por sua vez, a usucapião especial urbana, foi uma modalidade criada pela
Constituição Federal de 1988, no art. 183, sendo que, da mesma forma, foi recepcionada pela
Lei nº 10.257, de 10 de julho de 2001, conhecida como o Estatuto da Cidade, art. 9º, bem
como pelo Código Civil de 2002, no seu art. 1.240, assim dispondo:
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinquenta
metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a
para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja
proprietário de outro imóvel urbano ou rural.
§ 1o O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à
mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil.
§ 2o O direito previsto no parágrafo antecedente não será reconhecido ao mesmo
possuidor mais de uma vez. (BRASIL, 2002).
Imaginemos que Caio possua uma casa na Rua dos Cravos, em que vivem sua
companheira, sua mãe e o filho do casal, Silvio. Na hipótese da morte de Caio,
Silvio o sucederá na posse, e poderá dar continuidade a ela, para fins de usucapião
especial, porque era membro da família do antecessor, e residia no imóvel. Na
hipótese de Caio formar outra família e, por ato entre vivos, transferir a Silvio a
posse da casa, também será admitida a continuidade na posse para fins de usucapião
especial, pelo mesmo motivo. (DONIZETTI; QUINTELLA, 2017, p. 745).
metragem legal individual: “Para os efeitos do art. 1.240, não se deve computar, para fins de
limite de metragem máxima, a extensão compreendida pela fração ideal correspondente à área
comum.” (CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL, 2006).
Ademais, quanto à legitimidade para propor a usucapião, destina-se as pessoas
físicas, devendo ser brasileiro nato ou naturalizado, ou estrangeiro residente no país. Em razão
de a lei exigir que o imóvel constitua a sua moradia, ou da família do possuidor, logo, exclui-
se a possibilidade de pessoa jurídica. (GONÇALVES, 2016, p. 260).
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua
como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra em zona rural
não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua
família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. (BRASIL, 2002).
25
Dispõe Sobre a Aquisição, Por Usucapião Especial, de Imóveis Rurais, Altera a Redação do § 2º do art. 589 do
Código Civil e dá outras providências. (BRASIL, 1981).
47
Vê-se, por fim, que essa modalidade de usucapião, também chamada de pro
labore, objetiva a proteção do trabalhador rural e incentiva que ele possa residir no campo,
com as condições necessárias. (MELO, 2011, p. 125).
Art. 10. Os núcleos urbanos informais existentes sem oposição há mais de cinco
anos e cuja área total dividida pelo número de possuidores seja inferior a duzentos e
cinquenta metros quadrados por possuidor são suscetíveis de serem usucapidos
coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel
urbano ou rural. (BRASIL, 2001).
Dessa forma, para se pleitear essa modalidade, deverão ser observados alguns
requisitos, como a área urbana mínima de duzentos e cinquenta metros quadrados, posse sem
oposição, ininterrupta por cinco anos, com animus domini. Ainda, deve consistir em local de
famílias de baixa renda, as quais utilizam o imóvel para sua moradia, e que não possuem
identificação da área de cada possuidor, devendo não ser donos de outro imóvel, rural ou
urbano. (TARTUCE, 2017, p. 204).
Insta citar, com relação à legitimidade da parte autora, na ação de usucapião
urbana coletiva, conforme o art. 12, inciso III do Estatuto da Cidade, a possibilidade de
substituição processual, autorizada pelos possuidores, para atuar a associação de moradores da
comunidade, como pessoa jurídica, regularmente constituída. (BRASIL, 2001).
Objetiva-se, a usucapião especial urbana coletiva, com o interesse de:
26
Dispõe sobre a regularização fundiária rural e urbana, sobre a liquidação de créditos concedidos aos
assentados da reforma agrária e sobre a regularização fundiária no âmbito da Amazônia Legal; institui
mecanismos para aprimorar a eficiência dos procedimentos de alienação de imóveis da União; altera as Leis nºs
8.629, de 25 de fevereiro de 1993, 13.001, de 20 de junho de 2014, 11.952, de 25 de junho de 2009, 13.340, de
28 de setembro de 2016, 8.666, de 21 de junho de 1993, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 12.512, de 14 de
outubro de 2011, 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil), 13.105, de 16 de março de 2015 (Código de
Processo Civil), 11.977, de 7 de julho de 2009, 9.514, de 20 de novembro de 1997, 11.124, de 16 de junho de
2005, 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 10.257, de 10 de julho de 2001, 12.651, de 25 de maio de 2012,
13.240, de 30 de dezembro de 2015, 9.636, de 15 de maio de 1998, 8.036, de 11 de maio de 1990, 13.139, de 26
de junho de 2015, 11.483, de 31 de maio de 2007, e a 12.712, de 30 de agosto de 2012, a Medida Provisória nº
2.220, de 4 de setembro de 2001, e os Decretos-Leis nºs 2.398, de 21 de dezembro de 1987, 1.876, de 15 de julho
de 1981, 9.760, de 5 de setembro de 1946, e 3.365, de 21 de junho de 1941; revoga dispositivos da Lei
Complementar n° 76, de 6 de julho de 1993, e da Lei nº 13.347, de 10 de outubro de 2016; e dá outras
providências. (BRASIL, 2017).
48
Art. 33. O índio, integrado ou não, que ocupe como próprio, por dez anos
consecutivos, trecho de terra inferior a cinquenta hectares, adquirir-lhe-á a
propriedade plena. Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica às terras do
domínio da União, ocupadas por grupos tribais, às áreas reservadas de que trata esta
Lei, nem às terras de propriedade coletiva de grupo tribal. (BRASIL, 1973).
27
Dispõe sobre o Estatuto do Índio. (BRASIL, 1973).
49
Art. 1.240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem
oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 250m²
(duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade divida com ex-cônjuge ou
ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para sua moradia ou de sua
família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que não seja proprietário de outro
imóvel urbano ou rural.
§ 1o O direito previsto no caput não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de
uma vez. (BRASIL, 2002).
O Código de Processo Civil de 2015, no seu art. 1.071, acrescentou à Lei dos
Registros Públicos, nº 6.015 de 31 de dezembro de 1973, o art. 216-A admitindo o pedido de
reconhecimento da usucapião extrajudicial.
Recentemente, com a publicação da Lei nº 13.465/2017, em 12 de julho de 2017,
o art. 216-A da Lei de Registros Públicos, sofreu significativas mudanças, que serão
observadas a seguir.
O caput do art. 216-A da Lei de Registro Públicos manteve-se com a redação dada
pelo Código de Processo Civil de 2015, sem alteração pela referida lei de 2017. Desse modo,
para o reconhecimento extrajudicial da usucapião, diretamente no Cartório de Registro de
Imóveis, faz-se necessário, primeiramente, que a parte possua capacidade postulatória,
devendo o seu pedido ser redigido por advogado, na localidade onde se situa o imóvel
usucapiendo (HABERMANN JÚNIOR, 2016, p. 121). Conforme se demonstra registrado no
ordenamento:
28
É um instrumento público, a ata notarial, em que há descrição de um ato ou fato transcrito em documento
próprio pelo Tabelião, no qual lhe confere o poder de narrar os fatos e autenticá-los, visto suas atribuições
notarias e fé-pública. (BRANDELLI, 2016, p. 74).
51
dos antecessores, caso se trate de acessão ou sucessão da posse, devidamente lavrada pelo
Tabelião. (BRANDELLI, 2016, p. 74).
No que se refere ao inciso II do art. 216-A da mesma lei, condiciona ao pedido a
apresentação de planta do imóvel, com memorial descritivo e ainda, com anotação de
responsabilidade técnica por profissional legalmente habilitado. Cabe destacar, que a planta
possui uma função importante, pois é nesse documento que os titulares de direitos sobre o
imóvel, ou confinantes assinam, manifestando a anuência ao pedido de usucapião.
(ZACARIAS, 2016, p. 100).
Sequencialmente, o art. 216-A no inciso III descreve outro requisito: “certidões
negativas dos distribuidores da comarca da situação do imóvel e do domicílio do requerente.”
(BRASIL, 1973).
Tem-se, no inciso IV do art. 216-A, outro pressuposto a ser apresentado, o justo
título, ou documento similar para que se comprove a origem da posse, verificando-se a
continuidade, o tempo de duração, e também o pagamento de tributos inerentes ao imóvel de
interesse. (HABERMANN JUNIOR, 2016, p. 125). Valem-se como meios hábeis de
comprovação da posse: contas de IPTU, água, luz, telefone, cartões de crédito, cartas, avisos
de corte de árvores, de interrupção de luz, fotografias da pessoa na casa, entre outros. Tais
documentos serão analisados pelo tabelião, que constará na ata. (ASSUMPÇÃO, 2017).
Observa-se que o legislador não determinou prazo para a prenotação29, conforme
o parágrafo 1º do art. 216-A: “O pedido será autuado pelo registrador, prorrogando-se o prazo
da prenotação até o acolhimento ou a rejeição do pedido.”
Outrossim, no parágrafo 2º do art. 216-A da Lei de Registro Públicos, encontra-se
uma das principais mudanças introduzidas pela Lei nº 13.465 de 2017. Destarte, para se
adentrar ao assunto, transcreve-se o referido dispositivo:
29
Diz-se que a prenotação “é a anotação prévia e provisória no protocolo, feita por oficial de registro público de
um título apresentado para registro. Temos então que todo título protocolado está automaticamente prenotado,
passando a gozar de prioridade no registro em relação àquele protocolado posteriormente (art. 186 da Lei 6.015).
A prenotação tem validade de 30 dias, incluído o dia do lançamento no protocolo. Uma vez cancelada, não se
convalida. Isto quer dizer que, caso o título venha a ser devolvido para cumprimento de exigências e vier a ser
reapresentado após os 30 dias do ingresso inicial, receberá um novo número de protocolo.” (SÃO PAULO,
2017).
52
Por essa nova redação, se não houver assinatura do titular de direito, na planta ou
matrícula do imóvel, será o titular notificado para que manifeste consentimento expresso em
quinze dias. Interpretando-se o silêncio dos titulares de direito, registrados ou averbados na
matrícula do imóvel usucapiendo ou na matrícula dos imóveis confinantes, como
concordância ao pedido de usucapião. (CORREIA, 2018, p. 86).
Adianta-se a informação do parágrafo 6º do art. 216-A30, pois sofreu alteração na
mesma linha, visto que, anteriormente o Código de Processo Civil de 2015 exigia a
concordância expressa, para que se permitisse o registro e consequente abertura da matrícula
para aquisição do imóvel pela usucapião extrajudicial (BRASIL, 2015). No entanto, com a
atualização da Lei nº 13.465/2017, suprimiu-se esse requisito:
O silêncio gerar discordância é algo que fere o brocardo latino Dormientibus non
succurit jus (“O Direito não socorre a quem dorme”). Além disso, em poucos casos
o proprietário registral concordaria com perder a propriedade, mesmo ciente de que
30
Art. 216-A. [...]; § 6º Transcorrido o prazo de que trata o § 4 o deste artigo, sem pendência de diligências na
forma do § 5o deste artigo e achando-se em ordem a documentação, com inclusão da concordância expressa
dos titulares de direitos reais e de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel
usucapiendo e na matrícula dos imóveis confinantes, o oficial de registro de imóveis registrará a aquisição do
imóvel com as descrições apresentadas, sendo permitida a abertura de matrícula, se for o caso. (BRASIL, 2015,
grifo nosso).
53
outra pessoa vinha exercendo a posse e tinha direito à usucapião. Em razão disso, a
usucapião extrajudicial raramente vinha se concretizando. (ASSUMPÇÃO, 2017).
Entre outros juristas, também opinou Pereira, F. (2016), vez que embora o
objetivo fosse facilitar a declaração de usucapião por meio de processo administrativo, e
diminuir as ações no judiciário, equivocou-se o legislador quando determinou que o silêncio
dos titulares devesse ser interpretado como discordância ao pedido. Desse modo, atentou-se
contra o instituto da usucapião, fundamentado pela inércia do titular que gera a aquisição da
propriedade pelo possuidor, e o decurso do tempo, caracterizado pela indiferença do
proprietário em relação à propriedade.
Já o parágrafo 3º do art. 216-A da Lei de Registro Públicos, prevê que:
Além disso, rege-se no parágrafo 4º31, que o registrador deverá dar publicidade,
promovendo publicação de edital em jornal de grande circulação para que terceiros possam ter
conhecimento da usucapião processada extrajudicialmente, e caso pretendam, manifestarem-
se em quinze dias. (HABERMANN JUNIOR, 2016, p. 128).
Permite-se ainda, existindo alguma obscuridade acerca da aquisição da
propriedade, o oficial solicitar produção de provas conforme o parágrafo 5º: “Para a
elucidação de qualquer ponto de dúvida, poderão ser solicitadas ou realizadas diligências pelo
oficial de registro de imóveis.” (BRASIL, 1973).
Caso o requerente não se conforme com as exigências solicitadas pelo registrador,
como pedido de diligências, poderá requerer o procedimento de dúvida, que será dirimida
pelo juiz corregedor do Cartório de Imóveis (GAMA, 2016). Assim, conforme o art. 216-A,
parágrafo 7º da Lei nº 6.015/1973: “Em qualquer caso, é lícito ao interessado suscitar o
procedimento de dúvida, nos termos desta Lei.” (BRASIL, 1973).
O pedido não estando em ordem, seja por vício formal ou material, o oficial de
registro deverá rejeitar o requerimento, prestando sua justificativa e elaborando nota
devolutiva, nos termos do parágrafo 8º do art. 216-A da Lei de Registros Públicos: “Ao final
31
Art. 2016-A [...]; § 4o O oficial de registro de imóveis promoverá a publicação de edital em jornal de grande
circulação, onde houver, para a ciência de terceiros eventualmente interessados, que poderão se manifestar em
15 (quinze) dias. (BRASIL, 1973).
54
32
Art. 198. Havendo exigência a ser satisfeita, o oficial indicá-la-á por escrito. Não se conformando o
apresentante com a exigência do oficial, ou não a podendo satisfazer, será o título, a seu requerimento e com a
declaração de dúvida, remetido ao juízo competente para dirimí-la, obedecendo-se ao seguinte: (BRASIL, 1973).
55
33
Art. 216-A. [...]; § 13. Para efeito do § 2o deste artigo, caso não seja encontrado o notificando ou caso ele
esteja em lugar incerto ou não sabido, tal fato será certificado pelo registrador, que deverá promover a sua
notificação por edital mediante publicação, por duas vezes, em jornal local de grande circulação, pelo prazo de
quinze dias cada um, interpretado o silêncio do notificando como concordância (BRASIL, 1973).
34
Conceitua-se escritura pública no Código de Normas de Minas Gerais (Provimento nº 260/CGJ-MG), em seu
Capítulo II, art. 155, em que dispõe sobre escrituras públicas: “A escritura pública é o instrumento público
notarial dotado de fé pública e força probante plena, em que são acolhidas declarações sobre atos jurídicos ou
declarações de vontade inerentes a negócios jurídicos para as quais os participantes devam ou queiram dar essa
forma legal.” (MINAS GERAIS, 2013).
56
de interesse, e por fim, comprovar que o possuidor não possui nenhum outro imóvel urbano
ou rural. (CORREIA, 2018, p. 88-98).
35
Entende-se que os princípios são “dados exteriores à própria ciência do direito, são premissas que determinam
seu “modo de ser” conferindo individualidade a uma determinada ciência. Por meio dos princípios pode-se
atestar a coerência legislativa e a adequada interpretação de regras e institutos, bem como sua aplicação
concreta.” (AMENDOEIRA JÚNIOR, 2012).
58
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
AGUIAR JÚNIOR, Ruy Rosado de. Jornadas de Direito Civil I, III, IV e V: enunciados
aprovados. Brasília: Conselho da Justiça Federal, Centro de Estudos Judiciários, 2012.
Disponível em: <https://goo.gl/sU2wyZ>. Acesso em: 9 out. 2017.
BEZERRA, Juliana. Revolução Francesa (1789). Toda Matéria: conteúdos escolares. Artigo
revisado em 02 de out de 2017. Disponível em:<https://goo.gl/55L1vQ>. Acesso em: 02 out
2017.
BRASIL. Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 10 ago. 2017.
BRASIL. Lei nº 13.105 de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm>. Acesso em: 10
ago. 2017.
BRASIL. Lei nº 13.465 de 11 de julho de 2017. Dispõe sobre a regularização fundiária rural
e urbana, sobre a liquidação de créditos concedidos aos assentados da reforma agrária e sobre
a regularização fundiária no âmbito da Amazônia Legal; institui mecanismos para aprimorar a
eficiência dos procedimentos de alienação de imóveis da União; altera as Leis nºs 8.629, de
62
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Súmula 340. 30 mar. 2017. Disponível em:
<https://goo.gl/zS2nGE>. Acesso em: 12 out 2017.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil: Direito das Coisas, Direito Autoral. 2 ed.
rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2009. v. 4.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil: Direito das Coisas, Direito Autoral. 3 ed.
rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2010. v. 4.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil: Direito das Coisas, Direito Autoral. 7 ed.
rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016. v.4.
CORREIA, Jonas Ricardo. Usucapião no Novo CPC. 3 ed. Campo Grande: Contemplar,
2018.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas. 27. ed. São
Paulo: Saraiva, 2012. v. 4.
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas. 31. ed. São
Paulo: Saraiva, 2017. v. 4.
DONIZETTI, Elpídio; QUINTELLA, Felipe. Curso Didático de Direito Civil. 6. ed. rev. e
atual. São Paulo: Atlas, 2017.
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: reais. 8 ed.
rev., ampl. e atual. Bahia: Juspodivm, 2012.
FIUZA, César. Direito Civil: Curso Completo. 17. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,
2014.
GODOY, Arnaldo Sampaio de Moraes. O jurista alemão Rudolf von Ihering e a luta pelo
Direito. Consultor Jurídico, 31 ago. 2014. Disponível em: <https://goo.gl/pDpgyv>. Acesso
em: 9 out. 2017.
GOMES, Orlando. Direitos Reais. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro: Direito das Coisas. 11. ed. São
Paulo: Saraiva, 2016. v. 5. Disponível em: <https://goo.gl/6bn45z>. Acesso em: 16 ago. 2017.
Acesso restrito via Minha Biblioteca.
MELO, Marco Aurélio Bezerra de. Direito das Coisas. 5. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris,
2011
NADER, Paulo. Curso de Direito Civil: Direito das Coisas. 7. ed. rev., atual. e ampl. Rio de
Janeiro: Forense, 2016. v. 4.Disponível em:<https://goo.gl/rsWpXe>. Acesso em: 20 ago.
2017. Acesso restrito via Minha Biblioteca.
OLIVEIRA, Álvaro Borges; MACIEL, Marcos Leandro. Estado da Arte das Teorias
Possessórias. Revista Direitos Fundamentais & Democracia, v. 5, p. 1-14, 2009.
Disponível em: <https://goo.gl/VBmdEf>. Acesso em: 28 set. 2017.
PEREIRA, Caio Mario Da Silva. Código Napoleão. Doutrinas Essenciais de Direito Civil,
v. 2, p. 837-848, 2010. Disponível em: <https://goo.gl/n5B9FP>. Acesso em: 10 out. 2017.
Acesso Restrito Revista dos Tribunais online.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 25. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2017. v. 4. Disponível em:<https://goo.gl/mVds1G>. Acesso em: 20 ago. 2017.
Acesso restrito via Minha Biblioteca.
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. 30. ed. rev. e atual. Rio de
Janeiro: Forense, 2017. v. 1. Disponível em:<https://goo.gl/6MNPTe>. Acesso em: 30 ago.
2017. Acesso restrito via Minha Biblioteca.
PRADO, Luiz. Simpósio relembra cem anos da Revolução Russa. Cultura. Jornal da USP,
29 set. 2017. Disponível em: <http://jornal.usp.br/cultura/simposio-relembra-cem-anos-da-
revolucao-russa/>. Acesso em: 11 out. 2017.
RIZZARDO, Arnaldo. Direito das coisas. 8. ed. rev., atual. e ampl. Rio de Janeiro: Forense,
2016. Disponível em: <https://goo.gl/YzezMz>. Acesso em: 20 ago. 2017. Acesso restrito via
Minha Biblioteca.
RODRIGUES, Silvio. Direito Civil: Direito das Coisas. 28. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. v.
5. Disponível em: <https://goo.gl/147mec>. Acesso em: 20 ago. 2017. Acesso restrito via
Minha Biblioteca.
TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito das Coisas. 9. ed. rev., atual. e ampl. Rio de
Janeiro: Forense, 2017. v. 4.
VIANA, Marco Aurelio da Silva. Curso de Direito Civil: Direito das Coisas. 1.ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2006.
WALD, Arnold. Direito Civil: Direito das Coisas. 12. ed. reform. São Paulo: Saraiva, 2009.
v. 4.
ZACARIAS, André Eduardo de Carvalho. Usucapião Anotado. 5 ed. São Pulo: Anhanguera
Editora Jurídica, 2016.