Gramática
Professora Raquel Cesário
LISTA 1 - EXERCÍCIOS
PROVA 1: IADES/INSTITUTO RIO BRANCO/TERCEIRO
SECRETÁRIO DA CARREIRA DE DIPLOMATA (2023)
1 Quem mais contribuiu para a difusão do mito do bom
selvagem foi Américo Vespúcio. […] Em carta de 1502, diz
o navegador que os índios “não têm fé nem lei alguma,
4 vivem segundo a natureza, […] não possuem consigo bens
próprios, pois tudo é comum. Não têm fronteiras de reinos
ou províncias, não têm rei […] Não administram justiça,[…]
7 porque em seu meio não reina a cobiça […] Não dão qualquer
valor nem ao ouro, nem à prata, nem a joias” […] “Vivem
segundo a natureza, podendo dizer-se mais epicuristas que
10 estoicos” […]
O mito do bom selvagem se consolidou graças ao
franciscano André Thévet e ao calvinista Jean de Léry. […]
13 Em 1557, […] foi Thévet que inaugurou a tradição de criticar
a cultura europeia por meio do confronto com os costumes
indígenas. […]
16 Também Jean de Léry […] desculpa o que parecia chocante
nos costumes indígenas. A antropofagia, por exemplo, não é
pior do que a prática da usura, na Europa, já que os usurários
19 “sugam o sangue e a medula, e por conseguinte comem vivos
as viúvas, os órfãos e outros infelizes […] Esses agiotas são
portanto mais cruéis do que os selvagens”. […]
22 A guerra nesse país é nobre e generosa […] Seu único
fundamento é a glória, a virtude, no sentido antigo. Os
prisioneiros têm uma coragem indômita, desprezam a morte
[…].
ROUANET, Sergio Paulo. O mito do bom selvagem. Artepensamento,
1999. Disponível em: <https://artepensamento.ims.com.br/item/o-
mitodo- bom-selvagem/>. Acesso em: 17 jul. 2023, com adaptações.
Com base nas ideias apresentadas no texto, julgue (C ou E) os
itens a seguir.
1.( ) “Mais epicuristas que estoicos” (linhas 9 e 10) significa
que os indígenas lhe pareceram mais simples, ligados à
natureza, do que austeros.
2.( ) Vespúcio antecedeu o padre franciscano na comparação
dos costumes indígenas com características da civilização
europeia de sua época.
3.( ) O huguenote citado faz uso de linguagem conotativa para
matizar a antropofagia, comparando-a com a usura.
4.( ) A palavra “indômita” (linha 24) significa que a coragem
dos prisioneiros é difícil de ser domada.
1 A democracia transformou-se em um regime
semianárquico, que terá como consequência o
“esboroamento” do Estado. […] A democracia parlamentar
4 está a transformar-se cada vez mais em um regime
autocrático. Mais do que na transformação, parece útil ao
nosso objetivo concentrarmos a reflexão a respeito da
7 distância entre os ideais democráticos e a “democracia real”.
[…] Um ouvinte meu chamou-me a atenção para as palavras
de conclusão que Pasternak põe na boca de Gordon, o amigo
10 do Doutor Jivago: “Aconteceu várias vezes ao longo da
história. O que fora concebido como algo nobre e elevado
tornou-se matéria bruta. Assim, a Grécia transformou-
13 se em Roma […]”. Assim, acrescento eu, o pensamento
liberal e democrático de um Locke, de um Rousseau, de
um Tocqueville, de um Bentham ou de um John Stuart Mill
16 transformou-se na ação de ... (e aqui introduza cada um o
nome que entender […]).
BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia.
Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1988, p. 27, com adaptações.
Considerando as ideias e os sentidos do texto, julgue (C ou E) os
itens a seguir.
5.( ) O texto contém crítica de fundo aos princípios
democráticos que se concretizam, na realidade histórica,
em regimes anárquicos e autocráticos.
6.( ) A ênfase do autor recai sobre o processo de transformação
da democracia, mais do que sobre a distância entre seus
ideais e sua realidade.
7.( ) A “matéria bruta” (linha 12) se refere ao substrato original
da democracia, que precisa ser lapidado na história das
sociedades.
8.( ) Para seguir a linha de argumentação do autor, as
reticências inseridas após o período “transformou-se
na ação de” (linha 16) poderiam ser completadas, por
exemplo, com a Declaração Universal dos Direitos do
Homem, de 1948.
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1 O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
4 A dor que deveras sente
E os que leem o que escreve,
6 Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm
9 E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
12 Que se chama coração
PESSOA, Fernando. Autopsicografia.
In: Antologia Poética. Lisboa: Relógio d’água, 2014, p. 50
A respeito dos aspectos linguísticos e semânticos do texto,
julgue (C ou E) os itens a seguir.
9.( ) A repetição da palavra “dor” (linhas 3, 4 e 6) constitui a
figura de linguagem anáfora.
10.( ) A palavra “lida” (linha 6), na segunda estrofe, não é um
substantivo e não designa o feminino de “lide”, no sentido
de labuta, luta da vida.
11.( ) A segunda estrofe contém uma sinestesia.
12.( ) A terceira estrofe contém a figura de linguagem hipérbato,
caracterizada pela inversão da ordem dos elementos da
oração, e apresenta a palavra “coração” como sujeito.
Texto
1 Mas não há casa-grande sem a senzala, e foi em torno
desse duo, que parece composto de opostos, porém
na verdade abrange partes contíguas, que Gilberto
4 Freyre publicou, em 1933, seu clássico Casa-grande &
senzala, evidenciando as contradições e relações que se
estabeleciam entre senhores e escravos. O próprio “&” do
7 título original já revela como o antropólogo pernambucano
entendia a importância da correlação entre esses dois
extremos. “Equilíbrio de antagonismos de economia e de
10 cultura” foi a expressão utilizada por ele para demonstrar
como paternalismo e violência, mas também negociação de
parte a parte, coexistiam nesse cotidiano.
13 “Senzala” é um termo do quimbundo que significa
“residência de serviçais em propriedades agrícolas”, ou
“morada separada da casa principal”. Nas senzalas da
16 cana residiam dezenas de escravos, que podiam chegar
às centenas, com frequência presos pelos pés e braços,
deitados em chão de terra e em péssimas condições
19 de higiene ‒ como ter numerosos escravos era sinal de
prosperidade e abastança, o senhor preferia quantidade
a qualidade. As circunstâncias variavam: por vezes os
22 escravos eram alojados coletivamente; em outras situações
foram achados registros de barracões distintos para
homens e para mulheres, e em alguns casos até mesmo
25 alojamentos para casais com filhos. No Nordeste, o mais
normal era encontrar barracas contíguas, dispostas em
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filas e a certa distância da casa-grande. As senzalas eram
28 trancadas à noite por feitores, a fim de evitar fugas e de
estabelecer disciplina, pois dessa maneira se determinava
o horário de se recolher e de despertar. [...]
31 Por sinal, diversos elementos faziam parte da
performance de senhor “aristocrata”: as roupas, a mobília,
os cavalos puros-sangues, a alfabetização numa terra de
34 iletrados, a capacidade de mando. [...] Na medida em que
eram considerados pagãos, tanto indígenas como africanos,
apesar de batizados e transformados em vassalos,
37 continuavam sem direitos. Dessa forma, as divisões entre
“gentios” e “índios aldeados”, ou entre “africanos”, “boçais”
(aqueles recém-chegados) e “ladinos” (aculturados),
40 representavam gradações culturais que demarcavam
hierarquias internas, as quais, no limite, implicavam maior
ou menor exclusão social. Os mais de dentro e os mais de
43 fora.
[...] Essas populações podiam ser denominadas
simplesmente mestiças (provenientes de uniões entre
46 escravos e seus senhores); cabras (termo que quase sempre
se referia à mistura do índio com o negro); morenas (palavra
que vem de “mouro” mas guarda antes o significado “de cor
49 escura”), ou pardas: a cor parda ainda hoje consta no censo
brasileiro, e mais parece um “nenhuma das anteriores”, um
grande et cetera ou um coringa da classificação.
SCHWARCZ, Lilia Moritz; STARLING, Heloisa Murgel. Brasil: uma
biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015, com adaptações.
Considerando os aspectos linguísticos e o sentido do texto,
julgue (C ou E) os itens a seguir.
13.( ) No primeiro parágrafo, “antropólogo pernambucano”
(linha 7) e “ele” (linha 10) estabelecem referenciação
anafórica com “Gilberto Freyre” (linhas 3 e 4).
14.( ) A inserção de vírgula após a palavra “cana” (linha 16)
manteria a correção gramatical e os sentidos construídos
no período.
15.( ) A palavra “até” (linha 24) estabelece um sentido de limite
em relação aos alojamentos constituídos dentro das
senzalas.
16.( ) Na forma verbal “se determinava” (linha 29), o emprego
da partícula “se” marca a indeterminação do sujeito da
oração.
A respeito dos recursos linguísticos presentes no texto, julgue
(C ou E) os itens a seguir.
17.( ) A substituição de “puros-sangues” (linha 33) por puros-
sangue manteria a correção quanto ao emprego de plural
desse adjetivo.
18.( ) O trecho “Na medida em que eram considerados pagãos”
(linhas 34 e 35) confere ao período em que foi empregado
uma relação de causalidade.
2

19.( ) Na linhas 39, o uso de parênteses em “aqueles recém-
chegados” e em “aculturados” sinaliza ressalvas quanto
ao emprego de determinadas expressões ou palavras no
período.
20.( ) A utilização de aspas em “‘nenhuma das anteriores”’
(linha 50) tem função de marcar citação direta no texto.
Texto
Por uma reescrita da história literária brasileira
1 Não é possível falarmos acerca da elaboração de uma
nova história da literatura brasileira e da inserção das
escritoras mulheres nessa história sem antes entendermos
4 como se dá o processo de construção das histórias e do
cânone literários. O historiador também tem o poder de
legitimar o escritor e a literatura, pela inclusão e abertura
7 de espaço para análise e consideração de sua obra literária.
O contrário também é possível, pois, ao excluir escritores,
acaba silenciando uma produção que gradualmente vai sendo
10 esquecida, como foi o caso das escritoras oitocentistas.
De acordo com David Perkins, uma história da literatura
se constrói por meio de um enredo, que é o discurso feito a
13 respeito de determinada produção. Assim, os historiadores
da literatura podem condenar escritores e obras, podem
defender estilos não apreciados e podem, também, ser
16 motivados por um conjunto de emoções diferentes: “qualquer
que seja o enredo imposto aos eventos, o simples fato de
serem organizados em forma de narrativa pode, ele mesmo,
19 preencher o desejo.” Tendo em vista a consciência do desejo
que motiva e dá vida a uma memória literária, a questão é: até
que ponto a intenção organizadora subjacente ao processo
22 de escrita de uma história da literatura justifica as suas
omissões e ênfases? Mais especificamente: no intercâmbio
dialético entre luz e sombra, por que a literatura escrita por
25 mulheres é sombra constante nesse tipo de discurso?
Ao tratar de histórias da literatura, devemos sempre
considerar que elas não são totalidades permanentes, mas
28 sim objetos dinâmicos, pois encontram-se sob o signo da
contingência, em constante processo de redefinição. Uma
vez publicada a história da literatura, há possibilidades de
31 novas fontes, novos documentos históricos; o historiador,
em contínuas pesquisa e busca, pode descobrir um
documento inédito e, então, reformular sua hipótese.
34 Essa perspectiva da mobilidade e do constante processo
de redefinição serve-nos de conforto, na medida em que
torna possível e viável a iluminação sobre a literatura de
37 autoria feminina até hoje obnubilada nos discursos sobre a
produção literária brasileira. Entretanto, se, ao atualizar a
história da literatura, mantemos o padrão de silenciamento
40 dos textos de autoria feminina, torna-se impossível
repensar o cânone literário. Observa-se que, ironicamente,
algumas escritoras oitocentistas não foram excluídas em
43 vida, mas o esquecimento foi implacável com a exaltação
outrora experimentada por elas.
FAEDRICH, Anna. Escritoras silenciadas: Narcisa Amália, Júlia Lopes
de Almeida, Albertina Bertha e as adversidades da escrita literária
de mulheres. Rio de Janeiro: Macabéa, 2022, págs. de 39 a 64, com
adaptações.
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Com base nas ideias apresentadas no texto, julgue (C ou E) os
itens a seguir.
21.( ) O texto critica a história da literatura brasileira que
produz inverdades, uma vez que o ponto de vista dos
historiadores é unificado e centralizador, além de decorrer
de fontes restritas e documentos históricos, o que
impossibilita uma escrita que atenda a visões múltiplas.
22.( ) No segundo parágrafo, o “intercâmbio dialético entre luz
e sombra” (linhas 23 e 24) refere-se a estilos literários
em que a produção de escrita de autoria feminina foi
relevante, como no século 19, e a estilos em que não há
esse tipo de produção.
23.( ) Por meio de linguagem denotativa, a autora trata do
cânone literário utilizando-se de analogia entre as
narrativas da história da literatura e as narrativas
literárias, bem como da referência a diferentes períodos
de produção de autoria feminina.
24.( ) Para David Perkins, a literatura depende dos discursos
construídos acerca de uma obra em determinado período
histórico de uma cultura e, por isso, ao narrar, o historiador
é influenciado por um conjunto de emoções diversas que
justificam as próprias omissões e ênfases.
Tendo em vista a estrutura gramatical do texto, julgue (C ou E)
os itens a seguir.
25.( ) No trecho “Não é possível falarmos acerca da elaboração
de uma nova história da literatura brasileira” (linhas 1 e
2, a segunda oração exerce a mesma função que o termo
sublinhado em “Ao tratar de histórias da literatura,
devemos sempre considerar que elas não são totalidades
permanentes” (linhas 26 e 27).
26.( ) A oração iniciada por “na medida em que” (linha 35),
introduz a causa do conforto que se sente com a
perspectiva da mobilidade e do processo constante de
redefinição da história da literatura.
27.( ) A forma verbal “há” (linha 30), poderia ser substituída,
no texto, tanto por existe quanto por existem, sem que
isso acarretasse alteração de sentido ao texto, nem
incorreção gramatical.
28.( ) O conectivo “pois” (linha 8) tem valor conclusivo acerca
do silenciamento de escritores que acabam sendo
esquecidos, uma vez que a referida conjunção se
apresenta após a forma verbal “é”.
3

1 Os princípios da recta ratio, orientando a lex praeceptiva,
emanam da consciência humana, afirmando a inter-relação
ineludível entre o direito e a ética. [...] Um pequeno grupo de
4 países – os nucleares – não pode continuar a fazer abstração
ou minimizar as numerosas resoluções das Nações Unidas,
válidas para todos os estados membros da Organização das
7 Nações Unidas (ONU), acerca da obrigação de desarmamento
nuclear. Assim sendo, meu voto dissidente assumiu uma
posição diametralmente oposta à da maioria (dividida) da
10 Corte Internacional de Justiça (CIJ), com base em princípios
e valores fundamentais. A CIJ, como órgão judicial principal
das Nações Unidas – concluí em meu voto dissidente –
13 deveria ter mostrado sensibilidade a respeito da matéria,
e dado assim sua contribuição ao desarmamento nuclear,
matéria que constitui uma das maiores preocupações da
16 comunidade internacional vulnerável, e na verdade da
humanidade como um todo.
CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. A obrigação universal de
desarmamento nuclear. Brasília: FUNAG, 2017, p. 46-47, com adaptações.
Considerando as ideias e os aspectos semânticos do texto,
julgue (C ou E) os itens a seguir.
29.( ) O sentido de “ineludível” (linha 3) remete à suposta ilusão
das relações entre o direito e a ética.
30.( ) O sentido de “fazer abstração” (linha 4) é o de
desconsiderar, reduzir a importância.
31.( ) O autor justifica o próprio voto alinhado ao da maioria dos
juízes da CIJ, em favor do desarmamento nuclear.
32.( ) O autor critica a CIJ, o órgão máximo das Nações Unidas,
por não ter mostrado sensibilidade diante de uma das
maiores preocupações da humanidade.
1
A comemoração do cinquentenário da Declaração
Universal dos Direitos Humanos constitui oportunidade
para examinar simultaneamente duas problemáticas
4 estreitamente imbricadas: os direitos humanos e o
desenvolvimento considerado como expansão dos direitos
positivos, segundo fórmula do eminente pensador indiano
7 Amartya Sen. [...]
Enquanto, na teoria, os direitos do homem são indivisíveis,
na prática, não se pode escamotear a questão de sua
10 hierarquia, especialmente no que toca à aplicação dos
diferentes direitos econômicos e sociais, considerada a
multiplicidade das necessidades e a penúria dos meios. A
13 partir dessa constatação, é grande a tentação de proceder
a arbitragens abusivas. A eficiência socioeconômica não
poderia, em hipótese alguma, ser invocada para justificar a
16 deriva autoritária. A trágica experiência de nosso século nos
ensinou que os direitos de primeira geração [direitos civis e
políticos] constituem valor absoluto. Quanto às arbitragens
19 delicadas relativas aos direitos de segunda geração, elas
dependem do funcionamento eficiente do Estado de direito
democrático.
SACHS, Ignacy. Desenvolvimento, direitos humanos e cidadania. In:
PINHEIRO, P. S.; GUIMARÃES, S. P. Direitos humanos no século XXI. Brasília:
IPRI/FUNAG, 1998, p. 155 e 161, com adaptações. Disponível em: <https://
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hackmd.io/@aA2X45tnSyWrRBLytuzvEw
Tendo em vista as ideias do texto, julgue (C ou E) os itens a
seguir.
33.( ) Segundo o autor, o crescimento econômico e os direitos
humanos são problemáticas estreitamente imbricadas.
34.( ) O texto sustenta que não deve haver hierarquia de
direitos, devendo ser considerados de maneira indivisível
os direitos civis, políticos, econômicos e sociais.
35.( ) O autor argumenta que os direitos de segunda geração
não podem ser arbitrados em detrimento dos de primeira
geração.
36.( ) O funcionamento do Estado de direito democrático
depende de uma economia eficiente, na visão do autor.
Texto
1 Ao partir para estudar em Coimbra, em 1783, José Bonifácio
tinha 20 anos; voltava com 56. A simples colônia que deixara
subira à categoria de reino e era a sede da monarquia, com
4 ares de metrópole, em uma como que inversão de papéis. As
consequências daí advindas feriam o olhar do observador
menos atento. Bem diverso se apresentava, por exemplo,
7 o Rio de Janeiro. A despeito do negativismo da fidalguia
parasitária que acompanhara a família real na transladação
para o Brasil, muita coisa melhorara na fisionomia urbana, e
10 novos bairros, mais pitorescos, como o Catete e Botafogo,
foram surgindo.
Tornara-se mais ativa toda a vida da cidade; a existência
13 da Corte e de um corpo diplomático dava-lhe ensejo a um
esboço de mundanismo. Mais importantes do que isso eram
as iniciativas de ordem administrativa, econômica e cultural.
16 Nem sempre as medidas tomadas seriam adequadas, e
havia muito do mau espírito de improvisação, de ensaios e
tentativas a que faltavam base segura. Sobretudo não se ia
19 ao fundo das coisas. Cuidava-se de pôr em funcionamento
um aparelho administrativo completo; criavam-se
repartições públicas, tribunais, estabelecimentos de ensino
22 e tipografias; editavam-se obras várias (até de Voltaire);
fundavam-se os primeiros jornais brasileiros; tratava-se
de agricultura, de minas, de fundição de ferro; buscava-se
25 desenvolver os meios de comunicação e de transporte. Mas
não se tocava no essencial – o regime de propriedade e de
trabalho.
28 Aparências de civilização e de progresso José Bonifácio
vinha encontrar, e isto lhe dava, à primeira vista, satisfação.
À sua visão de cientista e de pensador, entretanto, não
31 escapavam os aspectos mais profundos dos problemas
brasileiros. E fixou-os logo, na sua nudez, tal como os
exporia pouco depois em documentos públicos. Ele que,
34 em fórmula perfeita, achava que “a sociedade civil tem por
base primeira a justiça, e por fim principal a felicidade dos
homens”, não compreendia como poderia haver verdadeira
37 liberdade em um país onde o trabalhador era quase
exclusivamente o escravo negro e em que a economia se
organizara em benefício de uma classe privilegiada. Sem se
40 deixar iludir por exterioridades, entendia que era necessária
de partida a “expiação de crimes e pecados velhos”. Crimes e
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pecados velhos contra os negros que chegavam ao Brasil aos pelo pronome “lhe” e pela expressão “a um esboço de
43 milhares, abafados no porão dos navios e mais apinhados mundanismo”.
do que fardos de fazenda; crimes e pecados velhos que ele
vinha encontrar mais florescentes, prestigiados e impunes 43.( ) No trecho “Cuidava-se [...] trabalho.” (linhas de 19 a
46 do que nunca. A primeira medida a se adotar, a seu parecer, 27), as formas verbais que se ligam à partícula “se” ora
consistia na abolição imediata do tráfico africano “tão apresentam sujeito simples, ora apresentam sujeito
bárbaro e carniceiro”; a segunda, na extinção da escravatura. indeterminado.
49 Fora considerável, sem dúvida, a obra propriamente
política realizada, mas havia outra, de natureza social e 44.( ) O nome “nudez” (linha 32), empregado no texto em
econômica a empreender, mais importante e mais difícil. E sentido denotativo, alude ao fato de José Bonifácio
52 nenhum dos seus pontos fundamentais escapou à argúcia de tratar abertamente acerca de aspectos mais profundos
José Bonifácio – abolição do tráfico, extinção da escravidão, dos problemas brasileiros em documentos públicos,
transformação do regime da propriedade agrária com a expondo-os sem qualquer tentativa de encobri-los ou
55 substituição do latifúndio pela subdivisão das terras de disfarçá-los.
modo a “favorecer a colonização de europeus pobres,
índios, mulatos e negros forros”, preservação das matas e GABARITO
58 renovação das florestas, localização adequada das novas 1-E 2-C 3-C 4-C 5-E
vilas e cidades, para só citar estes. 6-E 7-C 8-E 9-E 10-C
SOUZA, Otávio Tarquínio de. História dos fundadores do Império do Brasil. 11-C 12-E 13-C 14-C 15-E
Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2015. 5 v., com adaptações. 16-E 17-E 18-C 19-E 20-E
21-E 22-E 23-E 24-E 25-E
Com base nas ideias do texto, julgue (C ou E) os itens a seguir. 26-C 27-E 28-E 29-E 30-C
31-E 32-E 33-E 35-E 35-C
36-E 37-E 38-C 39-C 40-E
37.( ) O texto trata da vida de José Bonifácio de Andrada e
41-E 42-E 43-C 44-E
Silva, a quem é atribuída, entre outras personalidades, a
fundação do Império no Brasil.

38.( ) No segundo parágrafo do texto, malgrado a extensa

enumeração dos avanços observados por José Bonifácio
em sua volta ao Brasil – oferta de artigos e objetos de luxo
no comércio; existência da Corte e de um corpo diplomático;
iniciativas de ordem administrativa, econômica e cultural;
criação de repartições públicas; fundação dos primeiros
jornais brasileiros, entre outros –, jaz uma crítica do
estadista ao modelo de desenvolvimento da nova nação,
especialmente no que tange à superficialidade das
medidas adotadas e à ausência de regime de propriedade
e de trabalho.

39.( ) Certos trechos do terceiro e do quarto parágrafos foram

colocados entre aspas porque correspondem a falas
literais de José Bonifácio e a expressões usadas por ele.

40.( ) Para José Bonifácio, o desenvolvimento social, o

econômico e o político de um país são igualmente
importantes e devem ocorrer de forma concomitante.

Considerando a estrutura linguística do texto, julgue (C ou E)

os itens a seguir.

41.( ) As formas verbais “deixara” (linha 2), “subira” (linha 3),

“feriam” (linha 5), “acompanhara” (linha 8), “melhorara”
(linha 9) e “foram surgindo” (linha 11), poderiam ser
substituídas, mantendo-se a coerência e a correção do
texto, por havia deixado, havia subido, haviam ferido,
havia acompanhado, havia melhorado e haviam surgido,
respectivamente.

42.( ) No trecho “dava-lhe ensejo a um esboço de mundanismo”

(linhas 13 e 14), o complemento verbal direto é expresso
pelo nome “ensejo”, enquanto o indireto é representado

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PROVA 2: IADES/INSTITUTO RIO BRANCO/TERCEIRO Texto

SECRETÁRIO DA CARREIRA DE DIPLOMATA (2022)
1 Para muitos de vós a curiosa e sugestiva exposição que
1 Arbitrária fortuna! Desprezível gloriosamente inauguramos hoje é uma aglomeração de
Mais que essas almas vis, que a ti se humilham, “horrores”. [...] Não está terminado o vosso espanto. Outros
Prosterne-se a teus pés o Brasil todo; 4 “horrores” vos esperam. [...]
4 Eu, nem curvo o joelho. […] Nenhum preconceito é mais perturbador à concepção
da arte que o da Beleza. [...] A arte é independente deste
Não – reduzir-me a pó, roubar-me tudo, 7 preconceito. [...] É a realização da nossa integração no
Porém nunca aviltar-me pode o fado; Cosmos pelas emoções derivadas dos nossos sentidos,
7 Quem a morte não teme, nada teme vagos e indefiníveis sentimentos que nos vêm das formas,
Eu nisto só confio. [...] 10 dos sons, das cores, dos tatos, dos sabores e nos levam à
unidade suprema com o Todo Universal. Por ela sentimos
Cingida a fronte de sangrentos loiros o Universo, que a ciência decompõe e nos faz somente
10 Horror jamais inspirará meu nome; 13 conhecer pelos seus fenômenos. [...]
Nunca a viúva há de pedir-me o esposo, Este supremo movimento artístico se caracteriza pelo
Nem seu pai a criança. mais livre e fecundo subjetivismo. É uma resultante do
16 extremado individualismo que vem vindo na vaga do tempo
13 Nunca aspirei a flagelar humanos. há quase dois séculos até se espraiar em nossa época, de
Meu nome acabe, para sempre acabe, que é feição avassaladora. [...]
Se para libertar do eterno olvido 19 Cada um se julga livre de revelar a natureza segundo o
16 Forem precisos crimes. […] próprio sentimento libertado. Cada um é livre de criar e
manifestar o seu sonho, a sua fantasia íntima desencadeada
Exulta, velha Europa: o novo Império, 22 de toda a regra, de toda a sanção. O cânon e a lei são
Obra-prima do Céu! Por fado ímpio substituídos pela liberdade absoluta que os revela, por
19 Não será mais o teu rival ativo entre mil extravagâncias, maravilhas que só a liberdade
Em comércio e marinha. 25 sabe gerar. [...]
Este subjetivismo é tão livre que pela vontade
Aquele, que gigante inda no berço independente do artista se torna no mais desinteressado
22 Se mostrava às nações, no berço mesmo 28 objetivismo, em que desaparece a determinação psicológica.
É já cadáver de cruéis harpias, [...]
De malfazejas fúrias. No Brasil, no fundo de toda a poesia, mesmo liberta, jaz
BONIFÁCIO, José. Poesias. Rio de Janeiro: Academia Brasileira, 1942 31 aquela porção de tristeza, aquela nostalgia irremediável,
(coleção Afrânio Peixoto), p. 157-158, com adaptações. que é o substrato do nosso lirismo. É verdade que há um
esforço de libertação dessa melancolia racial, e a poesia se
Com relação aos aspectos linguísticos e estilísticos do texto, 34 desforra na amargura do humorismo, que é uma expressão
julgue (C ou E) os itens a seguir. de desencantamento, um permanente sarcasmo contra o
que é e não devia ser, quase uma arte de vencidos. [...]
1.( ) A primeira estrofe poderia ser redigida em prosa, 37 Que a arte [...] renuncie ao particular e faça cessar por
mantendo-se o sentido original, da seguinte forma: Ainda instantes a dolorosa tragédia do espírito humano desvairado
que todo o Brasil se prosterne aos seus pés, eu não do grande exílio da separação do Todo, e nos transporte
curvo o joelho à riqueza arbitrária, mais desprezível 40 pelos sentimentos vagos das formas, das cores, dos sons,
que as pessoas vis que se humilham diante dela. dos tatos e dos sabores à nossa gloriosa fusão no Universo.
ARANHA, Graça. A emoção estética na arte moderna (discurso de
2.( ) A palavra “fado” (linha 6) é semanticamente próxima de abertura da Semana de Arte Moderna). In: ANDRADE, Mário de. Mário de
Andrade e a Semana de Arte Moderna. São Paulo: Faro Editorial, 2021,
“fortuna” (linha 1).
p. 15, com adaptações.
3.( ) Ao repetir “meu nome” (linhas 10 e 14), José Bonifácio luta
contra seu esquecimento por meio do apelo ao sacrifício Com base nos aspectos linguísticos e estilísticos do texto, julgue
pela Pátria. (C ou E) os itens a seguir.

4.( ) Nas duas últimas estrofes, o autor expressa sua visão
de que o Brasil poderia ter sido rival econômico do Velho
Continente, mas se tornou presa de aves de rapina.
5.( ) Na linha 21, a palavra “desencadeada” tem o sentido de
reação em cadeia gerada pela “fantasia íntima”.
6.( ) Apesar de subjetivismo e objetivismo serem conceitos
distintos e opostos, o autor opina que a liberdade permite
a transformação do primeiro no segundo, de maneira que
não pode ser prevista conforme normas científicas.

6

7.( ) No excerto “No Brasil […] arte de vencidos” (linhas
de 30 a 36), o autor ressalta a importância da alegria
como método de superação da tristeza e da melancolia,
substratos de nosso lirismo.
8.( ) A ideia contida no último período do texto indica que a
arte tem função metafórica, no sentido etimológico de
transporte.
Texto para responder às questões 9 a 16
Discurso sobre a história da literatura do Brasil
1 Através das espessas trevas em que se achavam
envolvidos os homens neste continente americano, viram-
se alguns espíritos superiores brilhar de passagem, bem
4 semelhantes a essas luzes errantes que o peregrino admira
em solitária noite nos desertos do Brasil; sim, eles eram como
pirilampos que, no meio das trevas, fosfoream. E poder-se-á,
7 com razão, acusar o Brasil de não ter produzido inteligências
de mais subido quilate? Mas que povo escravizado pôde
cantar com harmonia, quando o retinido das cadeias e o
10 ardor das feridas sua existência torturaram? Que colono tão
feliz, ainda com o peso sobre os ombros e, curvado sobre a
terra, a voz ergueu no meio do universo e gravou seu nome
13 nas páginas da memória? Quem, não tendo a consciência da
sua livre existência, só rodeado de cenas de miséria, pôde
soltar um riso de alegria e exalar o pensamento de sua
16 individualidade? Não, as ciências, a poesia e as belas-artes,
filhas da liberdade, não são partilhas do escravo, irmãs
da glória, fogem do país amaldiçoado, onde a escravidão
19 rasteja e só com a liberdade habitar podem.
Se refletirmos, veremos que não são poucos os escritores,
para um país que era colônia portuguesa, para um país
22 onde, ainda hoje, o trabalho do literato, longe de assegurar-
lhe com a glória uma independência individual, e um título
de mais reconhecimento público, parece, ao contrário,
25 desmerecê-lo e desviá-lo da liga dos homens positivos que,
desdenhosos, dizem: é um poeta! Sem distinguir se apenas é
um trovista ou um homem de gênio, como se dissessem: eis
28 aí um ocioso, um parasita, que não pertence a este mundo.
Deixai-o com a sua mania.
MAGALHÃES, Domingos José Gonçalves. Discurso sobre a
história da literatura do Brasil (manifesto publicado na revista
Nictheroy em 1836). Disponível em: <http://acervo.bndigital.bn.br>.
Acesso em: 3 mar. 2022 (fragmento).
Com relação aos aspectos linguísticos e ao sentido do texto
apresentado, julgue (C ou E) os itens a seguir.
9.( ) O texto defende a concepção de que há autores demais no
País, o que dificulta distinguir entre os que versejam por
diletantismo e os que têm verdadeiro talento.
10.( ) A última frase do texto é uma ironia que exprime a crítica
do autor ao desprezo dirigido aos literatos no Brasil.
11.( ) De acordo com o texto, as artes literárias encontram
terreno fértil em uma terra onde haja liberdade.
Gramática | Raquel Cesário
12.( ) As vírgulas que separam as expressões “com razão” (linha
7) e “as ciências” (linha 16) justificam-se pela mesma
explicação sintática.
No que tange aos aspectos linguísticos e ao sentido do texto,
julgue (C ou E) os itens a seguir.
13.( ) O termo “fosfoream” (linha 6) possui sentido crítico e
remete à debilidade dos produtores de arte no Brasil.
14.( ) O pronome pessoal “eles” (linha 5) relaciona-se ao seu
antecedente “os homens” (linha 2).
15.( ) O sujeito da forma verbal “podem” (linha 19) é composto
por dois núcleos: “escravidão” (linha 18) e “liberdade”
(linha 19).
16.( ) Na linha 25, os pronomes oblíquos em “desmerecê-lo” e
“desviá-lo” referem-se ambos a “literato” (linha 22).
Texto para responder às questões 17 a 24.
1 A primeira das apresentações seria dedicada à pintura e
à escultura; a segunda, à literatura, e a terceira à música.
A notícia da Semana fora recebida “com um frêmito de
4 curiosidade” nas rodas intelectuais e “altamente mundanas”
de São Paulo, o que seria natural, pois se tratava da primeira
tentativa de realizar no Brasil “um certame dessa natureza”.
7 Os modernistas de São Paulo usavam habitualmente o
termo “futurismo”, mas o faziam em sentido elástico, para
designar as propostas mais ou menos renovadoras que
10 se opunham às receitas “passadistas” e “acadêmicas”. A
polarização futurismo x passadismo servia como uma
tática retórica eficaz – mas também simplificadora. Esse
13 aspecto do discurso modernista, que se apresentava como
ruptura com o “velho”, acabava por atirar na lata de lixo
do “passadismo” manifestações variadas, às quais, diga-
16 se, não raro os próprios “novos” estavam atados. O rótulo
“futurista” gerava incompreensões e facilitava ataques
por sugerir subordinação às ideias de Marinetti. Por isso,
19 Mário de Andrade preferia, “bandeirantemente”, recusar
em público a batuta do vanguardista italiano. Os “rapazes
modernistas” desejavam apenas “ser atuais, livres de
22 cânones gastos, incapazes de objetivar com exatidão o
ímpeto feliz da modernidade”. A expressão “ímpeto feliz”
vinha como um grito de frescor e juventude em oposição
25 à sisudez “passadista” e ao ambiente soturno dos anos
anteriores, imposto pela guerra. Mário gostava de citar a
“mocidade alegre” e Oswald, alguns anos depois, em 1928,
28 sentenciaria no Manifesto Antropófago: “A alegria é a prova
dos nove”.
GONÇALVES, Marcos Augusto. 1922: a semana que não terminou. São
Paulo: Companhia das Letras, 2012, com adaptações.
Com relação às ideias e aos sentidos do texto, julgue (C ou E) os
itens a seguir.
17.( ) Os poetas modernistas consideravam as propostas
futuristas como inovadoras, pois elas indicavam uma
ruptura radical com o passado academicista da literatura
do século 19.
7

18.( ) Na linha 11, a contradição entre “futurismo” e “passadismo”
define as propostas artísticas que se apresentavam no
cenário artístico do início do século 20, o que representa
realidades estéticas bem distintas e alheias uma à outra.
19.( ) O neologismo “‘bandeirantemente’” (linha 19) descreve,
em linguagem conotativa, o pioneirismo de Mário de
Andrade como modernista brasileiro e sua preferência
por não se apresentar simplesmente como um artista
regido pelos ideais futuristas de Marinetti, e sim por
ideais libertários.
20.( ) A expressão “‘um certame dessa natureza’” (linha 6)
caracteriza a Semana de Arte Moderna como uma
investida brasileira inovadora, na qual produtos de
categorias artísticas diversas foram apresentados.
Tendo em vista os aspectos linguísticos do texto, julgue (C ou E)
os itens a seguir.
21.( ) As expressões “mas o faziam em sentido elástico” (linha
8) e “atirar na lata de lixo do ‘passadismo’ manifestações
variadas” (linhas 14 e 15) são exemplos da função
referencial da linguagem, predominante nesse ensaio
acerca da Semana de Arte Moderna.
22.( ) A citação de trecho do Manifesto Antropófago, de Oswald
de Andrade, ilustra o emprego da intertextualidade
a serviço da progressão textual e da coerência entre
as ideias apresentadas a respeito dos “‘rapazes
modernistas’” (linhas 20 e 21).
23.( ) O uso de aspas se justifica para marcar expressões
informais de sentido ambíguo por ser texto escrito no
nível formal da língua e concernente a tema relativo à
cultura brasileira.
24.( ) Em “às quais, diga-se, não raro os próprios ‘novos’
estavam atados.” (linhas 15 e 16), a expressão iniciada
pelo acento grave indicativo de crase é o complemento
nominal do predicativo “atados”.
Texto para responder às questões 25 a 32.
1 Seriam porventura dez horas da noite...
Desde muitos dias os jornais vinham polindo a curiosidade
pública, estufados de notícias e reclamos de festa. O Clube
4 Nova Fronteira. Edição do Kindle, com adaptações.
Automobilístico dava o seu primeiro grande baile. Tinham
vindo de Londres as marcas do cotilhão e corria que as
prendas seriam de sublimado gosto e valor. Os restaurantes
7 anunciavam orgíacos revelhões de Natal. Os grêmios
carnavalescos agitavam-se.
Seriam porventura dez horas da noite quando esse homem
10 entrou na praça Antônio Prado. Trazia uma pequena mala de
viagem. Chegara sem dúvida de longe e denunciava cansaço
e tédio. Sírio ou judeu? Magro, meão na altura, dum moreno
13 doentio abria admirativamente os olhos molhados de
tristeza e calmos como um bálsamo. Barba dura sem trato.
Os lábios emoldurados no crespo dos cabelos moviam-se
16 como se rezassem. O ombro direito mais baixo que o outro
parecia suportar forte peso e quem lhe visse as costas das
Gramática | Raquel Cesário
mãos notara duas cicatrizes como feitas por balas. Fraque
19 escuro, bastante velho. Chapéu gasto dum negro oscilante.
Desanimava. Já se retirara de muitos hotéis sempre batido
pela mesma negativa: — Que se há-de fazer! Não há mais
22 quarto!
Alcançada a praça o judeu estacou. Pôs no chão a maleta
e recostado a um poste mirou o vaivém. O povo comprimia-
25 se. Erravam maltrapilhos aos grupos conversando alto. Os
burgueses passavam esmerados no trajar. No ambiente
iluminado dos automóveis esplendiam os peitilhos e as
28 carnes desnudadas e aos cachos as mulheres-da-vida
roçavam pela multidão, bamboleando-se, olhos pintados,
lábios incrustados de carmim. Boiando no espaço estrias de
31 odores sensuais.
O homem olhava e olhava. Parecia admiradíssimo. Por
várias vezes fez o gesto de tirar o chapéu mas a timidez
34 dolorosa gelava-lhe o movimento. Continuava a olhar.
— Vais ao baile do Clube?
— Não arranjei convite. Você vai?
37 — Onde irás hoje?
— Como não! Toda São Paulo estará lá.
— Ao réveillon do Hotel Sportsman.
40 — Vamos ao Trianon!
— Por que não vens comigo à casa dos Marques? Há lá um
Souper-rose.
43 — Impossível.
— Por quê?
— Não Posso. Vou ter com a Amélia.
46 — Ah...
Tirando respeitoso o chapéu, o oriental dirigiu-se por fim
ao homem que dissera “ir ter com a Amélia” e perguntou-
49 lhe com uma voz tão suave como os olhos —caíam-lhe os
cabelos pelas orelhas, pelo colarinho:
— O senhor vai sem dúvida para o seu lar... Decerto
52 um louco. Não, bêbedo apenas. O outro deu de ombros.
Descartou-se:
— Não.
55 — Mas... e o senhor poderia informar-me... não é hoje noite
de Natal?...
— Parece. (E sorria.) Estamos a 24 de dezembro. — Mas...
58 O homem da Amélia tocara no chapéu e partira. Desolação,
no sacudir lento da cabeça. Agarrando a maleta o judeu
recomeçou a andar. Tomou pela rua de São Bento, venceu
61
o último gomo da rua Direita, atingiu o Viaduto. A vista era
maravilhosa.
ANDRADE, Mário de. Conto de Natal. O Melhor de Mário
de Andrade: contos e crônicas (Coleção O melhor de).
No que tange às ideias, à forma e aos sentidos do texto, julgue (C
ou E) os itens a seguir.
25.( ) É plausível supor que o diálogo que ocorre no texto se dá
entre um judeu recém-chegado a São Paulo e um oriental
supostamente embriagado.
26.( ) Observa-se, na descrição feita entre as linhas 28 e 32,
uma crítica à aparência das mulheres presentes na praça,
o que fica explícito no emprego do diminutivo no vocábulo
“peitilhos” (linha 27).
8

27.( ) A forma verbal “Erravam” (linha 25) foi empregada no
texto com o sentido de vaguear.
28.( ) A linguagem observada no texto é típica de textos
literários.
Em relação aos aspectos linguísticos e aos sentidos do texto,
julgue (C ou E) os itens a seguir.
29.( ) Os vocábulos “porventura” (linhas 1 e 9) e “Decerto” (linha
54) são sinônimos e intercambiáveis no texto.
30.( ) O pronome “lhe” (linha 17) foi empregado no texto com
valor possessivo.
31.( ) No período “Tinham vindo de Londres as marcas do
cotilhão e corria que as prendas seriam de sublimado
gosto e valor” (linhas 4 a 6), as formas verbais “Tinham
vindo” e “corria” têm sujeito posposto.
32.( ) A substituição do vocábulo “Onde” (linha 37) por Aonde,
diferentemente do que se observa no texto, estaria de
acordo com as normas de regência verbal.
Texto para responder às questões 33 a 40.
1 Estava alegre nesse dia, bonita também. Um pouco de
febre também. Por que esse romantismo: um pouco de febre?
Mas a verdade é que tenho mesmo: olhos brilhantes, essa
4 força e essa fraqueza, batidas desordenadas do coração.
Quando a brisa leve, a brisa de verão, batia no seu corpo
todo ele estremecia de frio e calor. E então ela pensava
7 muito rapidamente, sem poder parar de inventar. Sempre a
mesma queda: nem o mal nem a imaginação. No primeiro, no
centro final, a sensação simples e sem adjetivos, tão cega
10 quanto uma pedra rolando. Na imaginação, que só ela tem a
força do mal, apenas a visão engrandecida e transformada:
sob ela a verdade impassível. Mente-se e cai-se na verdade.
13 Mesmo na liberdade, quando escolhia alegre novas veredas,
reconhecia-as depois. Ser livre era seguir-se afinal, e eis
de novo o caminho traçado. Ela só veria o que já possuía
16 dentro de si. Perdido pois o gosto de imaginar. E o dia em que
chorei? – havia certo desejo de mentir também – estudava
matemática e subitamente senti a impossibilidade tremenda
19 e fria do milagre. Sinceramente, eu vivo. Quem sou? Bem,
isso já é demais. Lembro-me de um estudo cromático de
Bach e perco a inteligência. Ele é frio e puro como gelo, no
22 entanto pode-se dormir sobre ele. Perco a consciência, mas
não importa, encontro a maior serenidade na alucinação. É
curioso como não sei dizer quem sou. Quer dizer, sei-o bem,
25 mas não posso dizer. Sobretudo tenho medo de dizer, porque
no momento em que tento falar não só não exprimo o que
sinto como o que sinto se transforma lentamente no que eu
28 digo. Ou pelo menos o que me faz agir não é o que eu sinto mas
o que eu digo. Sinto quem sou e a impressão está alojada na
parte alta do cérebro, nos lábios – na língua principalmente
31 –, na superfície dos braços e também correndo dentro, bem
dentro do meu corpo, mas onde, onde mesmo, eu não sei dizer.
Mas sobretudo donde vem essa certeza de estar vivendo?
34 Não, não passo bem. Pois ninguém se faz essas perguntas
e eu... Mas é que basta silenciar para só enxergar, abaixo de
Gramática | Raquel Cesário
todas as realidades, a única irredutível, a da existência. E
37 abaixo de todas as dúvidas – o estudo cromático – sei que
tudo é perfeito, porque seguiu de escala a escala o caminho
fatal em relação a si mesmo. Nada escapa à perfeição das
40 coisas, é essa a história de tudo. Mas isso não explica por
que eu me emociono quando Otávio tosse e põe a mão no
peito, assim. Ou senão quando fuma, e a cinza cai no seu
43 bigode, sem que ele note. Ah, piedade é o que sinto então.
Piedade é a minha forma de amor. De ódio e de comunicação.
É o que me sustenta contra o mundo, assim como alguém
46 vive pelo desejo, outro pelo medo. Piedade das coisas que
acontecem sem que eu saiba. Mas estou cansada, apesar
de minha alegria de hoje, alegria que não se sabe de onde
49 vem, como a da manhãzinha de verão. Estou cansada, agora
agudamente! Vamos chorar juntos, baixinho. O mundo rola
e em alguma parte há coisas que não conheço. Durmamos
52 sobre Deus e o mistério, nave quieta e frágil flutuando sobre
o mar, eis o sono.
LISPECTOR, Clarice. Perto do coração selvagem (recurso eletrônico).
No que concerne às ideias e aos sentidos do texto, julgue (C ou E)
os itens a seguir.
33.( ) A alternância entre a primeira e a terceira pessoas
do discurso, ao longo do texto, reflete a oscilação da
personagem-narradora em sua relação consigo mesma:
ora sente-se próxima e dona de si, ora sente-se distante e
apartada de si mesma.
34.( ) No trecho “Quem sou? Bem, isso já é demais.” (linhas
19 e 20), fica explícito o temperamento reservado da
personagem e sua reticência em se expor.
35.( ) No texto, a personagem é descrita como uma pessoa que
tem “olhos brilhantes, essa força e essa fraqueza, batidas
desordenadas do coração” (linhas 3 e 4), ao mesmo tempo
em que “tem a força do mal, apenas a visão engrandecida
e transformada” (linhas 10 e 11).
36.( ) A piedade, segundo a personagem, está para ela assim
como o medo e o desejo para determinadas pessoas.
Com base nos aspectos linguísticos e nos sentidos do texto,
julgue (C ou E) os itens a seguir.
37.( ) A frase “No primeiro, no centro final, a sensação simples
e sem adjetivos, tão cega quanto uma pedra rolando.”
(linhas de 8 a 10) poderia ser reescrita, com manutenção
das ideias originais e da correção gramatical do texto, da
seguinte forma: Em um primeiro momento, no centro
final, há uma sensação simples, sem adjetivos, tão cega
quanto uma pedra que rola.
38.( ) Em ambos os trechos “Perdido pois o gosto de imaginar.”
(linha 16) e “Pois ninguém se faz essas perguntas e eu...”
(linhas 34 e 35), a conjunção “pois” está empregada com o
mesmo sentido de porquanto.
9
 Gramática | Raquel Cesário

39.( ) A substituição da expressão “por que” (linhas 40 e 41) por Com base nos aspectos linguísticos e semânticos do texto, julgue
porque prejudicaria a correção textual, visto que inexiste (C ou E) os itens a seguir.
relação de causalidade entre o trecho que a expressão
inicia e o que a antecede. 1.( ) Em textos literários, por vezes infringem-se as regras da
gramática normativa. No mencionado texto, um exemplo
40.( ) Segundo a narradora, escolher “novas veredas” (linha 13) de não observância das regras gramaticais pode ser
representa o sentido máximo da liberdade. encontrado na linha 13, no uso da vírgula após “Mas”,
e outro exemplo pode ser encontrado na linha 31, na
GABARITO ausência de vírgulas que isolem a conjunção “pois”.
1-E 2-C 3-E 4-C 5-E
6-C 7-E 8-C 9-E 10-C 2.( ) A partícula “se” em “Está-se aqui, sozinho, sentado à
11-C 12-E 13-E 14-E 15-E mesa” (linha 14) funciona como índice de indeterminação
16-C 17-E 18-E 19-C 20-C do sujeito.
21-E 22-C 23-E 24-C 25-C
26-E 27-C 28-C 29-E 30-C 3.( ) O trecho “Ou, quem sabe? — apenas permanecer numa
31-C 32-C 33-E 34-E 35-E
casa, caixa, onde no quarto durmam crianças, no fogão
36-C 37-E 38-E 39-C 40-E
haja um resto de comida e, na cama, esperando, certa
mulherzinha.” (linhas de 20 a 23) poderia ser reescrito,
PROVA 3: IADES/INSTITUTO RIO BRANCO/TERCEIRO mantendo-se a correção gramatical e os sentidos
SECRETÁRIO DA CARREIRA DE DIPLOMATA (2021) do texto, da seguinte forma: Ou, quem sabe, apenas
permanecer em uma casa-caixa, cujos quartos durmam
Texto para responder às questões 1 a 8. crianças, em cujo fogão haja um resto de comida e em
cuja cama haja uma certa mulherzinha esperando.
Uma página em branco
4.( ) Na linha 32, o pronome “o” pode ter como referente
1 Uma página em branco a oferecer todas as possibilidades, tanto o nome “homem” (linha 30) quanto o sintagma “o
o papel aceita tudo. A angústia por haver todas essas itinerário” (linha 31); em ambos os casos, a coerência do
possibilidades, não se toca ainda coisa alguma. Então texto é preservada.
4 escolher uma entre as possibilidades, o que traça um limite.
Escrever é traçar um limite. Escolhe-se uma primeira letra, Considerando as ideias e os sentidos do texto, julgue (C ou E) os
U; uma primeira palavra, UMA; uma primeira frase, título: itens a seguir.
7 UMA PÁGINA EM BRANCO.
Como se escolhe uma camisa, um filme, um itinerário de 5.( ) Como é usual em textos literários, no texto apresentado,
viagem, um partido político, incorpora-se um destino. Como observa-se o emprego recorrente de figuras de
10 se escolhe uma entre as mulheres possíveis e com ela se irá linguagem, tais como a prosopopeia, presente em “o papel
gastar os melhores anos da vida. aceita tudo” (linha 2) e “tipos negros mancham agora uma
Pronto, está escolhido, tipos negros mancham agora uma página branca” (linhas 12 e 13).
13 página branca, comprometida, é só seguir o fio. Mas, que fio?
Está-se aqui, sozinho, sentado à mesa e colocou-se na 6.( ) Para o autor do texto, uma página em branco corresponde
máquina uma página em branco com todas as possibilidades a “um universo cheio de vidas escolhíveis” (linhas 16 e 17).
16 possíveis. Como, lá fora, um universo cheio de vidas
escolhíveis. Então que se encarne numa dessas vidas, vias, 7.( ) O autor implicitamente apresenta uma crítica a dois
fios. Que se ponha lá entre as vozes, os gritos, os risos. modos de vida distintos: o de quem se envolve com a
19 Fazer o percurso das ruas, artérias, os bares, as favelas, a criminalidade – em que se faz “o percurso das ruas,
prostituição, os rituais, os crimes. Ou, quem sabe? — apenas artérias, os bares, as favelas, a prostituição, os rituais, os
permanecer numa casa, caixa, onde no quarto durmam crimes” (linhas 19 e 20) – e o de quem se contenta com
22 crianças, no fogão haja um resto de comida e, na cama, a mesmice e a previsibilidade – em que se permanece
esperando, certa mulherzinha. “numa casa, caixa, onde no quarto durmam crianças, no
De qualquer modo é preciso que entre os dedos, a mente, fogão haja um resto de comida e, na cama, esperando,
25 as teclas não se interponham mais do que uma membrana, certa mulherzinha” (linhas de 22 a 24).
um cordão líquido, umbigo. E, escorregando, outras palavras
negras avancem mais na floresta do branco, teçam lá dentro 8.( ) Nos dois últimos parágrafos do texto (linhas de 29 a 35),
28 o tal fio. o autor sugere que se deve deixar-se levar pelas escolhas
Um livro que, dentro de nós, já poderá estar escrito. Como que a vida faz, visto que, embora não se perceba, cada
se cada homem já nascesse com seu próprio livro. homem já nasce com o próprio destino traçado.
31 Deixar pois o itinerário a este acaso necessário, predestinado.
Que a mulher, a viagem, a estória e a História de certo modo o
escolham, ao invés de serem escolhidas. Livrem-no de escolher
34 por si mesmo entre todas as hipóteses do possível. E libertem-
no de qualquer possibilidade porventura escolhida.
SANT’ANNA, Sérgio. O concerto de João Gilberto no Rio de Janeiro.
Companhia das Letras, 2014.
10

Texto para responder às questões 9 e 16.
1 “Precisa-se de um professor de língua javanesa. Cartas
etc.” Ora, disse cá comigo, está ali uma colocação que não
terá muitos concorrentes; se eu capiscasse quatro palavras,
4 ia apresentar-me. Saí do café e andei pelas ruas, sempre
a imaginar-me professor de javanês, ganhando dinheiro,
andando de bonde e sem encontros desagradáveis com os
7 “cadáveres”. Insensivelmente dirigi-me à Biblioteca Nacional.
Não sabia bem que livro iria pedir; mas, entrei, entreguei o
chapéu ao porteiro, recebi a senha e subi. Na escada, acudiu-
10 me pedir a Grande encyclopédie, letra J, a fim de consultar o
artigo relativo a Java e a língua javanesa. Dito e feito. Fiquei
sabendo, ao fim de alguns minutos, que Java era uma grande
13 ilha do arquipélago de Sonda, colônia holandesa, e o javanês,
língua aglutinante do grupo malaio-polinésio, possuía uma
literatura digna de nota e escrita em caracteres derivados do
16 velho alfabeto hindu.
A Enciclopédia dava-me indicação de trabalhos sobre a
tal língua malaia e não tive dúvidas em consultar um deles.
19 Copiei o alfabeto, a sua pronunciação figurada e saí. Andei
pelas ruas, perambulando e mastigando letras.
Na minha cabeça dançavam hieróglifos; de quando em
22 quando consultava as minhas notas; entrava nos jardins e
escrevia estes calungas na areia para guardá-los bem na
memória e habituar a mão a escrevê-los.
25 À noite, quando pude entrar em casa sem ser visto, para
evitar indiscretas perguntas do encarregado, ainda continuei
no quarto a engolir o meu “a-b-c” malaio, e, com tanto afinco
28 levei o propósito que, de manhã, o sabia perfeitamente.
Convenci-me de que aquela era a língua mais fácil do
mundo e saí; mas não tão cedo que não me encontrasse com
31 o encarregado dos aluguéis dos cômodos:
— Senhor Castelo, quando salda a sua conta?
Respondi-lhe então eu, com a mais encantadora esperança:
34 — Breve... Espere um pouco... Tenha paciência... Vou ser
nomeado professor de javanês, e...
Por aí o homem interrompeu-me:
37 — Que diabo vem a ser isso, senhor Castelo?
Gostei da diversão e ataquei o patriotismo do homem:
— É uma língua que se fala lá pelas bandas do Timor. Sabe
40 onde é?
Oh! alma ingênua! O homem esqueceu-se da minha dívida e
disse-me com aquele falar forte dos portugueses:
43 — Eu cá por mim, não sei bem; mas ouvi dizer que são umas
terras que temos lá para os lados de Macau. E o senhor sabe
isso, senhor Castelo?
46 Animado com esta saída feliz que me deu o javanês, voltei
a procurar o anúncio. Lá estava ele. Resolvi animosamente
propor-me ao professorado do idioma oceânico. Redigi a
49 resposta, passei pelo Jornal e lá deixei a carta. Em seguida,
voltei à biblioteca e continuei os meus estudos de javanês.
Não fiz grandes progressos nesse dia, não sei se por julgar
52 o alfabeto javanês o único saber necessário a um professor
de língua malaia ou se por ter me empenhado mais na
bibliografia e história literária do idioma que ia ensinar.
55 Ao cabo de dois dias, recebia eu uma carta para ir falar
ao doutor Manuel Feliciano Soares Albernaz, barão de
Jacuecanga, à rua Conde de Bonfim, não me recordo bem
58 que número. É preciso não te esqueceres que entrementes
continuei estudando o meu malaio, isto é, o tal javanês.
Gramática | Raquel Cesário
Além do alfabeto, fiquei sabendo o nome de alguns autores,
61 também perguntar e responder “como está o senhor?” — e
duas ou três regras de gramática, lastrado todo esse saber
com vinte palavras do léxico.
64 Não imaginas as grandes dificuldades com que lutei, para
arranjar os quatrocentos réis da viagem! É mais fácil —
podes ficar certo — aprender o javanês... Fui a pé. Cheguei
67 suadíssimo; e, com maternal carinho, as anosas mangueiras,
que se perfilavam em alameda diante da casa do titular, me
receberam, me acolheram e me reconfortaram. Em toda a
70 minha vida, foi o único momento em que cheguei a sentir a
simpatia da natureza...
BARRETO, Lima. Contos completos de Lima Barreto. Companhia das
Letras, 2010, com adaptações.
Tendo em vista as ideias e os sentidos do texto, julgue (C ou E) os
itens a seguir.
9.( ) De acordo com o texto, o narrador-personagem passava
por dificuldades financeiras e, no intuito de conseguir um
emprego, tornou-se professor de língua javanesa.
10.( ) Entre as características do narrador-personagem,
destacam-se a sagacidade e a predisposição para a
aprendizagem de línguas estrangeiras.
11.( ) No trecho “Convenci-me... cômodos:” (linhas de 29 a
31), fica clara a intenção do narrador-personagem de
provocar um encontro com o encarregado dos aluguéis
dos cômodos, ao sair de casa cedo.
12.( ) Ao mencionar o Timor (linha 39), o narrador-personagem
diz atacar o patriotismo de seu interlocutor (linha 38), que
tem nacionalidade portuguesa, em razão de o Timor já ter
sido uma colônia de Portugal e de ser uma localidade na
qual se fala a língua portuguesa.
Com base nos aspectos gramaticais e semânticos do texto, julgue
(C ou E) os itens a seguir.
13.( ) No texto, a expressão “a língua javanesa” (linha 11) é
retomada de diversas maneiras, de modo a evitar sua
repetição. Entre essas formas, é correto citar: “a tal língua
malaia” (linhas 17 e 18), “o meu ‘a-b-c’ malaio” (linha 27), “a
língua mais fácil do mundo” (linhas 29 e 30), “o javanês”
(linha 46), “idioma oceânico” (linha 48), “o alfabeto
javanês” (linha 52) e “língua malaia” (linha 53).
14.( ) Embora as relações entre as orações e os termos das
orações sejam alteradas, a sentença “Na minha cabeça...
escrevê-los.” (linhas de 21 a 24) poderia ser reescrita,
mantendo-se a correção e a coerência do texto, da
seguinte forma: Na minha cabeça dançavam hieróglifos,
de quando em quando, e eu consultava as minhas notas.
Entrava nos jardins e, como desejava guardá-los bem
na memória e habituar a mão a escrevê-los, escrevia-os
na areia.
15.( ) A supressão da preposição “de” (linha 29) manteria a
correção gramatical e o sentido original do texto.
11

16.( ) O termo “entrementes” (linha 58) poderia ser substituído
no texto, sem prejuízo para sua correção e sem alteração
de seu sentido original, por entretanto.
Texto para responder às questões de 17 a 28.
1 É a história da emancipação da escravatura entre nós.
Outrora a escravidão pareceria fadada à perpetuidade
neste País. Falar em extingui-la seria uma blasfêmia. Fizeram-
4 na esposar a lavoura, cuidando uni-las para sempre. A nação
tinha edificado a sua fortuna sobre um crime, consagrando-o
nos seus códigos como uma necessidade social.
7 Hoje o princípio emancipador, difundido pela civilização,
lavrou por toda a parte.
Na Europa e na América desapareceu a escravidão.
10 Só nós alimentamos no seio esta ignomínia.
A pressão formidável das ideias cresce de dia para dia em
volta de nós como um oceano prenhe de tempestades.
13 No meio de tudo isto o que fez o governo? Nada;
absolutamente nada!
A fala do trono de 1869 é uma vergonha indelével. O
16 Sr. D. Pedro II que, em 1867 e em 1868, havia proclamado
solenemente a urgência da reforma abolicionista, que tinha
celebrado compromissos públicos com o País e com a Europa,
19 que alardeava de todo modo tendências humanitárias, vem
rasgar aos olhos do mundo o único título meritório com que
até hoje podia ufanar-se o despotismo de sua autoridade
22 retratando com o silêncio todas as suas promessas para
envolver-se em uma abstenção misteriosa e injustificável.
E ainda há quem diga que a emancipação neste País não é
25 questão de partidos!
Sim, não devia sê-lo.
Mas a índole mesquinha de nossa política tem convertido
28 esse reclamo da consciência nacional em arma de
hostilidades.
Algum dia, quando a liberdade não for mais o privilégio dos
31 brancos no Brasil, quando a posteridade examinar os nossos
feitos com o facho da História na mão, a justiça dos vindouros
há de gravar na memória do Partido Conservador o estigma
34 da reprovação eterna, porque ele sacrificou aos interesses
momentâneos do poder o interesse imorredouro da verdade;
aos cálculos estéreis do egoísmo as necessidades imperiosas
37 do futuro, e à pequenhez das considerações pessoais os
direitos inalienáveis de uma raça escravizada.
Não protesteis! Se a emancipação, em 1867 e em 1868,
40 era tão urgente, que o imperador a mandava estudar pelo
conselho d’Estado, e a consignava nos discursos da coroa
como a necessidade capital do País, invocando para ela a
43 reflexão do parlamento, como é que de um ano para o outro
esta necessidade urgente e imediata torna-se tão secundária,
tão indiferente, tão remota que nem sequer merece ser
46 mencionada na fala do trono?
Felizmente, porém, há um preceito e um fato de observação
que nos animam.
49 O primeiro é que, desde que a verdade chega a amadurecer
com os acontecimentos, cada embaraço com que
trabalhamos por contrariá-la é um acréscimo de força para
52 a sua multiplicação.
O segundo é o imponente movimento do espírito nacional
que se vai formando lentamente no País.
55 A servidão em que temos vivido até hoje, a ausência
Gramática | Raquel Cesário
completa de animação política do País, tem-nos habituado a
desdenhar esses fatos, que, sob a modéstia de suas feições,
58 ocultam graves sistemas de regeneração pública.
BARBOSA, Ruy (2013-11-06T22:58:59). Obras de Ruy Barbosa. Biblioteca
Digital. Edição do Kindle, com adaptações.
Considerando as ideias contidas no texto, julgue (C ou E) os itens
a seguir.
17.( ) Ainda que encerre críticas à história da emancipação da
escravatura no País, o texto reconhece a importância da
herança deixada por esse momento histórico à nação,
como aquela que se observa, por exemplo, no manejo da
lavoura, mencionada no segundo parágrafo.
18.( ) O termo “fala”, na expressão “fala do trono de 1869” (linha
15), faz referência, de forma crítica, ao “silêncio” (linha 22)
e à “abstenção” (linha 23) do governante, mencionados
nas linhas seguintes do texto.
19.( ) A despeito dos fatos relatados no texto, observa-se
algum otimismo com relação ao futuro do País no que diz
respeito à emancipação da escravatura.
20.( ) No 13° parágrafo do texto – “Não protesteis! (...) do trono?”
(linhas de 39 a 46) –, o autor do texto evidencia o caráter
impermanente da emancipação, que ora é tratada como
“tão urgente” (linha 40) e como “necessidade capital do
País” (linha 41), ora é considerada como “tão secundária,
tão indiferente, tão remota” (linhas 44 e 45).
Com base nos aspectos semânticos e gramaticais do texto, julgue
(C ou E) os itens a seguir.
21.( ) A palavra “ignomínia” (linha 10) foi empregada no texto
com o mesmo sentido de opróbrio.
22.( ) A substituição de “neste” (linha 24) por nesse promoveria
incorreção ao texto.
23.( ) Segundo se depreende do 12° parágrafo do texto (linhas
de 30 a 38), o Partido Conservador preteriu “o interesse
imorredouro da verdade” (linha 35, “as necessidades
imperiosas do futuro” (linhas 36 e 37) e “os direitos
inalienáveis de uma raça escravizada” (linhas 37 e 38).
24.( ) No texto, a locução “desde que” (linha 49) introduz uma
condição.
Tendo em vista a estrutura gramatical do texto, julgue (C ou E) os
itens a seguir.
25.( ) O sujeito segue o verbo nas seguintes orações do texto:
“desapareceu a escravidão” (linha 9), “No meio de tudo
isto o que fez o governo?” (linha 13) e “Felizmente, porém,
há um preceito e um fato de observação” (linha 47).
26.( ) A oração iniciada por “que” (linha 40) introduz uma
explicação acerca da oração que inicia o período, sendo
classificada como adjetiva explicativa.
12
 Gramática | Raquel Cesário

27.( ) A forma verbal “há” (linha 47) poderia ser substituída, 1 Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história,
no texto, tanto por existe quanto por existem, sem que resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo
isso acarretasse alteração de sentido ao texto, nem a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao
incorreção gramatical. 4 entardecer, quando caíram os seus últimos defensores,
que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois
28.( ) Com manutenção das ideias e da correção gramatical, o homens feitos e uma crianç a, na frente dos quais rugiam
último período do texto poderia ser redigido da seguinte 7 raivosamente cinco mil soldados. Forremo-nos à tarefa
forma: A servidão que temos vivido até hoje, assim de descrever os seus últimos momentos (…) Esta página,
como a completa ausência de animação política do País, imaginamo-la sempre profundamente emocionante e
nos têm habituado a desdenhar desses fatos que, sob a 10 trágica; mas cerramo-la vacilante e sem brilhos. Vimos como
modéstia de suas feições, ocultam graves sistemas de quem vinga uma montanha altı ś sima. No alto, a par de uma
regeneração pública. perspectiva maior, a vertigem.
CUNHA, Euclides da. Os Sertões. São Paulo: Tr e
̂ s, 1984 (Escola do Futuro
Texto da Universidade de São Paulo, Biblioteca Virtual do Estudante Brasileiro).
Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/>. Acesso em: 29 jul.
2020, com adaptações.
1 A maior volta ao mundo que eu dei foi na Amazônia (...) Isso
explica a copiosa e variada literatura que existe hoje sobre 33.( ) No trecho “resistiu até ao esgotamento completo” (linha
a Terra Verde. Alguns filhos da Amazônia (...), como donos 2), se a preposição “a” for omitida, reescrevendo-se até o
4 legítimos do assunto, torceram o nariz, com mal dissimulado esgotamento, não haveria alteração no sentido da frase.
azedume, aos adventícios que estudaram e descreveram a
sua planície. 34.( ) O termo “Expugnado” (linha 2) tem o mesmo sentido de
7 – Barlaventistas! Era como os denominavam, expulso, indicando que os guerreiros de Canudos foram
pejorativamente, no Pará (...) expulsos gradualmente do território que ocupavam.
Nuno Vieira acrescentou: “Literatos, quantos a espiem
10 pelas escotilhas de navios ligeiros, com a preocupação de 35.( ) O termo “Forremo-nos” (linha 7) poderia ser substituído
fazer obra de ciência, não a verão jamais. Para bem vê-la e por dediquemo-nos, sem prejuízo de seu conteúdo
bem compreendê-la, é questão de querer descer ao chão e semântico, visto que o autor passará a descrever os
13 escutar com amor os corações subterrâneos”. (...) últimos momentos de Canudos.
A imaginação do homem, na Amazônia, é uma diátese
geográfica. (...) O caráter do homem amazônico é a saturação 36.( ) No trecho “como quem vinga uma montanha altı ś sima”
16 de suas íntimas necessidades: comprimido entre duas (linhas 10 e 11), o verbo vingar tem sentido distinto
infinitas melancolias – a do rio e a da floresta –, ele se contrai do verbo punir, como se a montanha representasse,
sobre si mesmo, para fugir nas asas da imaginação. metaforicamente, Canudos.
JUNIOR, Peregrino. Fisionomia geográfica e social da Amazônia. In:
MENESES, Djacir (org.). O Brasil no pensamento brasileiro. Brasília: GABARITO
Senado Federal, 1998, p. 540-541.
1-E 2-C 3-E 4-E 5-E
Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/>. Acesso em: 8 ago. 2020, 6-C 7-E 8-E 9-E 10-E
com adaptações. 11-E 12-C 13-E 14-E 15-C
Considerando as ideias descritas no texto apresentado, julgue (C 16-C 17-E 18-C 19-C 20-E
ou E) os itens a seguir. 21-C 22-C 23-C 24-E 25-E
26-E 27-C 28-E 29-E 30-E
31-C 32-C 33-* 34-E 35-E
29.( ) “Alguns filhos da Amazônia” (linha 3) não dissimulam
36-C
azedume com relação à produção literária e científica de
escritores e pesquisadores adventícios, dado o elevado
grau de conhecimento que estes adquiriram. *QUESTÃO ANULADA

30.( ) O texto sugere que a “copiosa e variada literatura” (linha

2) “sobre a Terra Verde” (linha 3) resulta da cooperação
acadêmica entre os escritores locais, “donos legítimos do
assunto” (linha 4), e os cientistas não amazônicos.

31.( ) A frase de Nuno Vieira (linhas de 9 a 13) contém crítica aos

literatos que acreditam fazer ciência amazônica, quando,
na verdade, têm contato superficial com a realidade da
região.

32.( ) Segundo o texto, a imaginação do homem amazônico

é uma predisposição imposta pela geografia, que lhe
comprime entre as “infinitas melancolias” (linha 17) do rio
e da floresta.

13

PROVA4: IADES 2023 - CRF-TO (ASSISTENTE ADMINISTRATIVO)
1.
Qual a importância de um assistente administrativo?
Dentro de uma instituição, talvez uma das funções
mais importantes seja a de assistente administrativo, visto
que essa pessoa, em qualquer setor no qual atue, será a
responsável por executar as mais básicas e mais importantes
tarefas, de tal forma que, sem a sua presença, provavelmente
a organização não funcionaria.
Disponível em: <https://br.indeed.com/>. Acesso em: 3 jul. 2023, com
adaptações.
No que se refere ao emprego das classes de palavras no texto,
assinale a alternativa correta.
a. As formas verbais “seja” e “será” indicam realidades
futuras tidas como certas em relação ao presente.
b. Na construção “uma das funções mais importantes”, o
numeral sublinhado indica a posição, a ordem em uma
sequência.
c. A mensagem original seria mantida caso o adjetivo
sublinhado na construção “assistente administrativo”
fosse retirado do texto.
d. O emprego da conjunção pois, no lugar da locução “visto
que”, preservaria o sentido original.
e. A troca do artigo definido na construção “a organização”
pelo indefinido uma preservaria o sentido original.
2.
Disponível em: <http://crfto.org.br/balcao-de-empregos/>. Acesso em:
20 jun. 2023.
Assinale a alternativa que reproduz uma mensagem
compatível com o texto.
a. Zelando pelo fiel cumprimento da profissão farmacêutica,
colaborando para a promoção da saúde.
b. Ora cuidando do fiel cumprimento da profissão
farmacêutica, ora colaborando para a promoção da saúde.
c. Zelando pelo fiel cumprimento da profissão farmacêutica,
mas contribuindo para a promoção da saúde.
d. Protegendo com lealdade o cumprimento da profissão
farmacêutica e cooperando com a promoção da saúde.
e. Não só zelando fielmente pelo cumprimento da profissão
farmacêutica, como também contribuindo para a promoção
da saúde.
Gramática | Raquel Cesário
3.
O CRFTO é uma autarquia federal e deve cumprir
rigorosamente o que determinam as leis, os decretos e as
resoluções estabelecidas pelo governo federal, pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo CFF.
Disponível em: <https://crfto.org.br/conselho-crf-to/>. Acesso em: 20
jun. 2023, com adaptações.
Com base na leitura compreensiva, assinale a alternativa
correta.
a. O propósito principal do texto é defender a importância
do governo federal, da Anvisa e do CFF para a saúde
nacional.
b. Segundo o autor, o CRFTO tem autonomia para decidir
quais leis, decretos e resoluções deve cumprir.
c. Embora de forma sucinta, o texto apresenta um direito e
um dever do CRFTO.
d. O autor sugere que, no Brasil, somente as autarquias
federais devem cumprir as leis, os decretos e as
resoluções estabelecidas pelos órgãos federais.
e. O texto contém uma informação que permite a seguinte
conclusão: o governo federal, a Anvisa e o CFF representam
esferas hierarquicamente superiores ao CRFTO.
4.
A importância da boa comunicação no
ambiente de trabalho
Autonomia, motivação, engajamento, melhoria nos
processos e resultados são alguns dos benefícios de uma
boa comunicação no ambiente corporativo. Segundo Adriana
Weitzel, psicoterapeuta, saber se comunicar é fundamental
para a vida profissional, não apenas para executarmos tarefas,
mas também para nos relacionarmos e criarmos conexões uns
com os outros.
Disponível em: <https://jornaltribuna.com.br/2022/05/>. Acesso em: 30
jun. 2023, com adaptações.
Considerando os mecanismos responsáveis pela coesão do
texto, assinale a alternativa correta.
a. O termo sublinhado no trecho “são alguns dos benefícios
de uma boa comunicação” também aparece no título.
Portanto, para evitar essa repetição sem alterar o
sentido original, esse termo poderia ser substituído pela
construção relação comunicativa.
b. O primeiro período poderia ser substituído pela redação
Autonomia, motivação, engajamento, melhoria nos
processos e resultados. Aqueles são alguns dos
benefícios de uma boa comunicação no ambiente
corporativo, pois o pronome sublinhado estabelece
corretamente a coesão textual.
c. O conectivo “para”, diante de “executarmos” e “nos
relacionarmos”, estabelece uma relação de causa e
consequência, por isso poderia ser substituído pela
locução a fim de, sem comprometer a sequência original
do texto.
14

d. A inclusão da estrutura que é diante do termo
“psicoterapeuta” preservaria a relação de sentido original.
e. O termo “Adriana Weitzel” poderia ser substituído, sem
comprometer a relação entre os períodos, pelo pronome Ela.
5.
Setor administrativo
O setor administrativo é um dos mais importantes para
alcançar os objetivos da instituição, pois é por ele que são
tomadas as decisões estratégicas. Trata-se do alicerce para
todas as outras atividades de uma instituição.
Disponível em: <https://www.pontotel.com.br/>. Acesso em: 30 jun. 2023,
com adaptações.
Com base nos aspectos gramaticais referentes ao texto e nas
regras de concordância e de regência prescritas pela norma-
padrão, assinale a alternativa correta.
a. O texto poderia ser reiniciado da seguinte maneira: O
setor administrativo é um dos mais importantes para
que seja alcançado os objetivos da instituição.
b. Caso a estrutura “Trata-se” fosse substituída pela forma
verbal Corresponde, a redação ao alicerce deveria,
obrigatoriamente, ser empregada no lugar da construção
“do alicerce”.
c. O trecho “que são tomadas as decisões estratégicas”
poderia ser substituído pela redação que se toma as
decisões estratégicas.
d. Outra redação possível para o trecho “todas as outras
atividades de uma instituição” seria todas as outras
atividades que existe em uma instituição.
e. A construção “por ele” poderia ser substituída pela forma
aonde.
6.
Gramática | Raquel Cesário
COALA, Fábio. Disponível em: <https://mentirinhas.com.br/mentirinhas-
768/>. Acesso em: 3 jul. 2023.
Ao abordar o trabalho em equipe, a tirinha coloca em evidência
a (o)
a. falta de colaboração na execução de uma tarefa.
b. frustração de um profissional diante de um objetivo não
alcançado por falta do senso de solidariedade.
c. profissional que sempre espera pela ajuda de outro para
realizar uma tarefa.
d. individualismo de quem não sabe pedir ajuda.
e. impossibilidade de se realizar uma tarefa coletiva sem o
apoio de todos os profissionais responsáveis por ela.
7.
Assistente administrativo
O assistente administrativo presta suporte na área
de gestão das instituições, com foco na administração
financeira, nos processos operacionais e de logística. É o
profissional responsável pelo controle de receitas e despesas
e pelo gerenciamento das tarefas de rotina essenciais ao
funcionamento de qualquer organização, como emissão
de documentos, atualização de cadastro e atendimento a
profissionais e ao público em geral.
Disponível em: <https://www.guiadacarreira.com.br/>. Acesso em: 30
jun. 2023, com adaptações.
Acerca das relações morfossintáticas que constituem o texto,
assinale a alternativa correta.
a. O termo “O assistente administrativo” continuaria a
exercer a função de sujeito caso o primeiro período fosse
reiniciado da seguinte maneira: O suporte na área de
gestão das instituições, com foco na administração
financeira, nos processos operacionais e de logística é
prestado pelo assistente administrativo.
b. As formas verbais “presta” e “É” são transitivas diretas.
c. Para evitar a repetição desnecessária do termo “O
assistente administrativo”, o autor faz opção pelo uso
do sujeito oculto ou desinencial na oração que constitui o
segundo período.
d. Os dois períodos que compõem o texto expressam ações
por meio do predicado verbal.
e. No trecho “atendimento a profissionais e ao público
em geral”, o termo sublinhado exerce a função de
complemento verbal, por isso poderia ser descartado do
texto.
8.
Disponível em: <https://santosbancarios.com.br/>. Acesso em: 23 jun. 2023.
15

Acerca da relação entre as partes verbal e não verbal do texto,
assinale a alternativa correta.
a. Considerando o propósito principal do texto, é correto
afirmar que a parte não verbal cumpre apenas um papel
decorativo.
b. Como estratégia argumentativa, o texto explora a ideia
de que, no caso da automedicação, um medicamento pode
ser tão perigoso quanto uma bomba.
c. A informação principal é expressa pela imagem do
comprimido com um pavio aceso.
d. No contexto, o vocábulo “risco” relaciona-se
exclusivamente ao ato de riscar um palito de fósforo para
acender alguma coisa.
e. O texto trabalha com a tese de que o consumo de
medicamento dever ser combatido.
9.
Veneno e Remédio
Eu preciso de espaço
Não é pra você que eu vou ceder
Não use o abraço pra tentar me prender Não respire o meu ar
Cê vai me sufocar
Não foi ruim
Mas bem que poderia ser melhor Você foi pra mim
Veneno e remédio num frasco só
Disponível em: <https://www.cifraclub.com.br>. Acesso em: 23 jun. 2023
(fragmento).
Os versos da música sugerem que, tanto no universo da saúde
quanto no campo das relações humanas,
a. os excessos provocam danos.
b. a maldade pode fazer bem.
c. o bem sempre vence o mal.
d. os remédios e as pessoas são necessariamente tóxicos.
e. os medicamentos, assim como as pessoas, sempre
trazem bem-estar.
10.
Adaptabilidade
Assistentes administrativos têm a missão de auxiliar
o trabalho de outros profissionais. Trata-se, portanto, de um
trabalho em que a pessoa precisa lidar com diferentes tipos
de personalidades e saber equilibrar os estilos de trabalho
delas com o seu. Entender o perfil e o contexto do outro para
antecipar suas necessidades e dar o suporte necessário a
ele é algo que exige uma alta adaptabilidade. Além disso,
essa característica é essencial para que a pessoa aja com
rapidez quando há mudanças na rotina, nos processos ou nas
prioridades do trabalho.
Disponível em: <https://br.indeed.com/>. Acesso em: 3 jul. 2023, com
adaptações.
De acordo com as questões morfossintáticas do texto e com
as regras para o uso do sinal indicativo de crase, assinale a
alternativa correta.
Gramática | Raquel Cesário
a. A construção “auxiliar o trabalho” poderia ser substituída
pela redação prestar auxílio à certas tarefas.
b. O termo sublinhado no trecho “a pessoa precisa lidar”
poderia ser substituído pela redação à pessoa.
c. Logo após o verbo “lidar”, estaria correto o emprego da
construção dia à dia.
d. O autor não poderia empregar a construção à ele no lugar
da redação “a ele”.
e. A locução adverbial as vezes poderia ser empregada
logo após o vocábulo sublinhado no trecho “quando há
mudanças na rotina”.
GABARITO
1-D 2-A 3-E 4-D 5-B
6-A 7-C 8-B 9-A 10-D
PROVA 5: IADES 2023 - CRF-TO (CONTADOR)
1.
Os medicamentos têm substâncias que podem ser
tóxicas ou se tornar tóxicas após a sua decomposição e, por
isso, devem ter uma destinação adequada, segundo a Diretoria
do Conselho. Os resíduos podem contaminar a água e o solo, e
são capazes de afetar peixes e outros organismos vivos, além
de pessoas que bebem dessa água, alimentam-se desses
animais contaminados ou comem frutas e legumes cultivados
em solo infectado. O procedimento também coloca em risco
indivíduos que entram em contato direto com o resíduo,
como garis e catadores. A série É Bom Saber, disponibilizada
na página do CRFTO, esclarece qual é a forma correta para o
descarte de medicamentos vencidos ou que não serão mais
utilizados.
Disponível em: <https://www.facebook.com/crftooficial/?locale=pt_
BR>. Acesso em: 17 jul. 2023, com adaptações.
Com relação ao gênero e à tipologia textual, assinale a
alternativa correta.
a. O primeiro período é uma citação de autoridade, o que
torna o texto científico.
b. O texto estrutura-se por meio de linguagem persuasiva
figurada, caracterizando-o como injuntivo.
c. A seleção vocabular mais erudita deste texto o distancia
do universo jornalístico.
d. O segundo e o terceiro períodos narram caso de descarte
de substâncias que podem se tornar tóxicas após a
respectiva decomposição.
e. O parágrafo é informativo e compõe um texto institucional
que apresenta, de forma sintética, a série É Bom Saber.
Texto para responder às questões 2 e 3.
O CRFTO é o responsável pelo registro profissional de
recém-formados e egressos de outros estados. O Conselho,
no entanto, tem barrado alguns diplomas que estão sem
conformidade com a documentação apresentada no ato
do registro. Nesse primeiro semestre do ano, já foram
identificadas três tentativas de inscrições por meio de
documentos falsos.
Disponível em: <https://www.facebook.com/crftooficial/?locale=pt_
BR>. Acesso em: 14 jul. 2023, com adaptações.
16

2. Em “O Conselho, no entanto, tem barrado alguns diplomas que
estão sem conformidade com a documentação apresentada
no ato do registro.”, o emprego das vírgulas
a. é obrigatório apenas na primeira ocorrência porque, antes
das conjunções adversativas, tais como “no entanto”,
“porém” e “mas”, sempre se usa essa pontuação.
b. é opcional em ambas as ocorrências, pois não se considera
longa a conjunção isolada por essa pontuação.
c. é obrigatório porque a conjunção está deslocada para o
meio da primeira oração do período.
d. seria incorreto se a conjunção fosse deslocada para o
final do período.
e. também está correto antes de “no entanto”, desde que a
conjunção esteja escrita com inicial minúscula.
3. Assinale a alternativa que corresponde à classificação
morfológica e sintática da palavra “que”.
a. pronome relativo – sujeito
b. conjunção subordinativa – adjunto adverbial conjunção
c. integrante – objeto direto
d. pronome demonstrativo – objeto direto
e. conjunção explicativa – objeto direto
4.
No calendário do CRFTO, a luta contra a malária envolve
uma série de medidas. O farmacêutico desempenha um papel
fundamental nessa luta, sendo responsável pela dispensação
de medicamentos antimaláricos e pela orientação aos
pacientes acerca do uso correto desses medicamentos.
Além disso, pode realizar ações de prevenção e promoção da
saúde, como a distribuição de mosquiteiros com inseticida e
a orientação quanto a medidas de prevenção da doença e à
identificação de casos suspeitos de malária. O farmacêutico
também atua em parceria com outros profissionais de saúde
e com as autoridades sanitárias locais.
Disponível em: <https://www.facebook.com/crftooficial/?locale=pt_
BR>. Acesso em: 17 jul. 2023, com adaptações.
De acordo com os sentidos do texto, a função do farmacêutico
na luta contra a malária, prevista no Calendário do CRFTO, é
a. ensinar os indivíduos a cuidarem sozinhos da própria
saúde em Tocantins.
b. atuar na prevenção de diversas formas da doença,
propiciar o uso adequado de medicamentos, além de
estar em parceria com outros profissionais de saúde e
com as autoridades sanitárias locais.
c. apresentar aos consumidores os efeitos negativos dos
medicamentos antimaláricos.
d. melhorar a venda dos medicamentos antimaláricos com
o esclarecimento das dúvidas dos usuários e dos demais
profissionais de saúde.
e. caracterizar os medicamentos, mostrando os melhores
para o público das farmácias em geral e, sobretudo, para
profissionais de outras áreas e autoridades sanitárias
locais.
Gramática | Raquel Cesário
5.
Aprovada na última Reunião Plenária Ordinária do CFF,
a Resolução CFF no 747, que regulamenta as atribuições do
farmacêutico em doenças tropicais e negligenciadas, acaba de
ser publicada no Diário Oficial da União. Com a publicação no
DOU e no Portal da Transparência do CFF, passam a vigorar as
normas necessárias ao desenvolvimento dos serviços pelos
farmacêuticos que já atuam ou desejam atuar nessa área.
Disponível em: <https://www.facebook.com/crftooficial/?locale=pt_
BR>. Acesso em: 14 jul. 2023, com adaptações.
Assinale a alternativa na qual o termo sublinhado exerce
a mesma função sintática que a palavra “que” nas duas
ocorrências.
a. “Aprovada na última Reunião Plenária Ordinária do CFF”
b. “Com a publicação no DOU e no Portal da
Transparência do CFF”
c. “as normas necessárias ao desenvolvimento dos serviços
pelos farmacêuticos”
d. “passam a vigorar as normas necessárias ao
desenvolvimento dos serviços pelos farmacêuticos”
e. “desejam atuar nessa área.”
6.
Disponível em: <https://tirasarmandinho.tumblr.com/post/1265947
82574/tirinha-original>. Acesso em: 29 jun. 2023.
De acordo com a tirinha de Armandinho, assinale a alternativa
correta.
a. O vínculo entre pai e filho é mostrado de forma
equilibrada e estável; o filho sequer questiona a realidade
apresentada pelo pai, pois há uma relação de confiança
entre eles.
b. O humor da tirinha decorre do fato de as máximas
serem apresentadas conforme a cultura vigente, ou
seja, Armandinho repete o que sempre ouviu acerca de
drogas e medicamentos. A aproximação entre drogas
e medicamentos causa, entretanto, estranhamento ao
personagem.
c. A crítica contida na tirinha do personagem Armandinho
aborda uma sociedade consumista, a qual consome
muitos medicamentos e drogas para se distanciar dos
problemas do dia a dia.
17
 Gramática | Raquel Cesário

d. O humor vem do uso eficaz de estratégias discursivas, Em “São objetivos do projeto a universalização do acesso
como a dupla interpretação, por exemplo. O anonimato das populações vulneráveis a ações e serviços de saúde que
do pai de Armandinho reflete, ao mesmo tempo, o visem à garantia da cidadania pela redução das iniquidades em
distanciamento na relação entre pais e filhos e as saúde”, o substantivo “iniquidades” poderia ser substituído no
incertezas do mundo adulto acerca da automedicação. texto, mantendo-se sua coerência e correção, por
e. Na tirinha de Armandinho, observa-se um enunciado que a. auxílios.
não permite ampliação de significados, pois os papéis dos b. benefícios.
personagens e o espaço são delimitados. c. injustiças.
d. antipatias.
Texto para responder às questões 7 e 8. e. altruísmos.

Já está no ar o sistema CRFTO em Casa, implantado pelo 10.

CRFTO, que possibilitará que os farmacêuticos e proprietários
de farmácias possam realizar serviços sem precisarem
comparecer ao Conselho. O principal objetivo da nova
ferramenta é, portanto, otimizar os processos da instituição e
prestar um melhor atendimento ao público. Entre os serviços,
a emissão da anuidade já está disponível e pode ser acessada
no site. É importante também lembrar que o acesso ao sistema
pode ser realizado a qualquer hora e em qualquer local, e é
possível acessá-lo pela internet por meio de computador,
celular, notebook e tablet. O sistema fica disponível 24 horas
por dia.
Disponível em: <http://crfto.org.br/novo-sistema-crfto-em-casa-ja-
esta- disponivel-para-realizacao-de-servico-online/>. Acesso em: 17 jul.
2023.
Há diversas ações inovadoras acontecendo, em todo
o Brasil, dentro das farmácias comunitárias e que estão
provocando uma verdadeira revolução na área farmacêutica,
demonstrando que realizar uma dispensação farmacêutica
qualificada não é utopia ou mero academicismo sem valor
prático. Muitas farmácias comunitárias perceberam que
precisavam ser diferentes, e resolveram adotar a atuação
clínica do profissional como diferencial competitivo no
enfrentamento da concorrência de grandes redes do varejo
farmacêutico.
Disponível em: <https://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/
pdf/122/ encarte_farmAcia_comunitAria.pdf>. Acesso em: 29 jun. 2023.

7. A oração “que o acesso ao sistema pode ser realizado a Com o intuito de se manterem a correção, o sentido e a
qualquer hora e em qualquer local”, relativamente à oração formalidade do texto, a forma verbal “Há” poderia ser
que a antecede, corresponde ao substituída por
a. Tem.
a. sujeito de “É importante”. b. Têm.
b. predicativo do sujeito da forma verbal “lembrar”. c. Existe.
c. objeto indireto do verbo “lembrar”. d. Ocorre.
d. objeto direto do verbo “lembrar”. e. Existem.
e. complemento nominal do adjetivo “importante”.
GABARITO
8. Assinale a alternativa que apresenta o sentido lógico das 1-E 2-C 3-A 4-B 5-D
conjunções sublinhadas em “O principal objetivo da nova
6-B 7-D 8-A 9-C 10-E
ferramenta é, portanto, otimizar os processos da instituição e
prestar um melhor atendimento ao público.”

a. conclusão – adição
b. consequência – adição
c. explicação – alternativa

d. conclusão – adversidade
e. consequência – explicação

9.

Projeto de Pesquisa e Extensão Palmas Para Todos

São objetivos do projeto a universalização do acesso

das populações vulneráveis a ações e serviços de saúde que
visem à garantia da cidadania pela redução das iniquidades
em saúde; à articulação de uma rede de proteção, seguridade
e desenvolvimento social, assim como à redução de danos e
busca ativa de pessoas em situação de vulnerabilidade.
Disponível em: <https://fesp.palmas.to.gov.br/palmas-para-todos>.
Acesso em: 29 jun. 2023, com adaptações.

18

PROVA 6: IADES 2023 - POLÍCIA CIENTÍFICA (PERITO) - GO
1.
Mistura de tecnologia com ciência e nuances de arte,
a construção de um retrato falado requer uma série de
habilidades. Entre elas, mexer com softwares de manipulação
de imagens, entender de anatomia facial, desenhar, saber
entrevistar, ter conhecimentos de antropologia e psicologia.
É um trabalho demorado, já que cada representação facial
desse tipo demora cerca de duas horas para ser feita; mas
é eficiente, segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, que
calcula um índice aproximado de 90% de solução de crimes
com participação efetiva dessas imagens construídas de
criminosos.
Disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/
tecnologia/2010/09/24>. Acesso em: 14 mar. 2023, com adaptações.
Com base na leitura compreensiva do texto, é correto afirmar
que o autor
a. apresenta contradição entre o fato de haver um índice
alto de solução de crimes com o uso de imagens criadas
de criminosos e o tempo de realização desses desenhos
em 90% dos casos.
b. caracteriza a representação facial como eficiente no
Distrito Federal, de acordo com a instituição que atua
nesta área.
c. considera a construção do retrato falado uma arte, já que
as habilidades nesse ofício requerem saber desenhar e
ter conhecimentos de antropologia e de psicologia, por
exemplo.
d. discorda da relevância da representação facial para a
Polícia Civil do Distrito Federal.
e. dirige-se especificamente aos profissionais da área,
os quais compreendem a que se refere o texto ao citar
softwares de manipulação de imagens.
2.
Ao fazerem a reconstituição da aparência do suspeito,
os peritos buscam reduzir o universo de suspeitos de terem
cometido determinado crime. Ainda que o retrato não fique
idêntico à pessoa, as características físicas mais marcantes
facilitam o trabalho da polícia na hora da identificação. O
desenho de um rosto quadrado descarta as pessoas de
rosto redondo. O de uma de pele clara, as de pele escura, por
exemplo.
Disponível em: <https://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/
tecnologia/2010/09/24>. Acesso em: 14 mar. 2023, com adaptações.
Sem prejuízo gramatical e semântico, a locução que inicia o
segundo período pode ser substituída por
a. No entanto.
b. Contudo.
c. Portanto.
d. Mesmo que.
e. Visto que.
Gramática | Raquel Cesário
3.
A Polícia Científica do Estado de Goiás – por meio de sua
7a Coordenação Regional – realizou a perícia criminal em local
de furto de energia elétrica. Na perícia, foi constatado que a
rede de energia foi feita de maneira clandestina para fornecer
energia à mineradora que funciona de maneira quase que
ininterrupta, mas não possui nenhum método para medição
do consumo.
Disponível em: <https://www.policiacientifica.go.gov.br/artigos/furto-
de- energia-eletrica>. Acesso em: 14 mar. 2023, com adaptações.
Assinale a alternativa em que a substituição do termo
sublinhado no texto mantém a correção gramatical e
semântica.
a. realizou à perícia criminal
b. procedeu à perícia criminal
c. precedeu a perícia criminal
d. executou a uma perícia criminal
e. implantou uma perícia criminal
4.
O entendimento da dinâmica de um crime ou o
conhecimento de sua autoria são questões fundamentais na
análise de vestígios de locais de crime. Por meio de análises
em fios de cabelo, cientistas já provaram ser possível
determinar o gênero do doador, a raça, características do tipo
de cabelo, além de extrair o DNA, saber se o doador é usuário
de substâncias entorpecentes, determinar se os fios de cabelo
sofreram queda natural ou foram arrancados, bem como obter
informações relacionadas aos produtos químicos utilizados
no tratamento dos cabelos.
Disponível em: <https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/
bitstream/1/2006/1/>. Acesso em: 14 mar. 2023, com adaptações.
Assinale a alternativa que apresenta, respectivamente, a
função sintática das orações sublinhadas no segundo período
do texto.
a. Sujeito e adjunto adverbial de condição
b. Complemento nominal e objeto direto
c. Objeto direto e objeto direto
d. Sujeito e objeto direto
e. Complemento nominal e adjunto adverbial de condição
5.
O homicídio é um crime previsto no Código Penal
brasileiro e apresenta uma das maiores penas previstas.
Apesar de ser um dos delitos mais graves, é apenas um
entre tantos que são diariamente apurados nas delegacias
brasileiras. Para assegurar a apuração penal de um delito, os
estados contam, no âmbito da segurança pública, com órgãos
específicos para a produção da prova material. Nesses órgãos,
atuam os peritos oficiais responsáveis pela produção da prova
material.
Disponível em: <https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/
bitstream/1/2006/1/>. Acesso em: 14 mar. 2023, com adaptações.
19
 Gramática | Raquel Cesário

Assinale a alternativa em que o trecho sublinhado exerce a

mesma função sintática da palavra “que”, indicada no texto.
a. “Nesses órgãos, atuam os peritos oficiais responsáveis
pela produção da prova material.”
b. “Apesar de ser um dos delitos mais graves, é apenas um
entre tantos”.
c. “Para assegurar a apuração penal de um delito”.
d. “os estados contam, no âmbito da segurança pública, com
órgãos específicos para a produção da prova material.”
e. “O homicídio é um crime previsto no Código Penal
brasileiro”.

6.

O exame de corpo de delito deve ser realizado no local

de crime, na vítima, no agressor, na arma do crime ou em
vestígios e objetos que estejam relacionados a um desses
fatores. O corpo de delito é amplo e, por vezes, atemporal,
e não se restringe, portanto, ao local ou à vítima, mas se
estende a quaisquer vestígios ou microvestígios que possam
ter relação com o crime. Na realização da perícia, o método
científico deve ser empregado para que algumas perguntas
sejam respondidas.
Disponível em: <https://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/>.
Acesso em: 14 mar. 2023, com adaptações.

Em “O corpo de delito é amplo e, por vezes, atemporal, e não

se restringe, portanto, ao local ou à vítima, mas se estende a
quaisquer vestígios ou microvestígios que possam ter relação
com o crime.”, o uso da vírgula é
a. opcional logo após a conjunção “portanto”.
b. obrigatório depois de “portanto” em razão da locução
adverbial subsequente “ao local ou à vítima”.
c. obrigatório depois de “portanto” porque a conjunção foi
deslocada para depois de “não se restringe”, além de
estar separando termos que se complementam.
d. sempre obrigatório antes e depois de “portanto”, uma vez
que essa conjunção introduz ideias conclusivas, como
exemplifica o texto.
e. estilístico ao isolar a conjunção “portanto” e a expressão
“por vezes”, com uso também facultativo dessa
pontuação.

GABARITO
1-B 2-D 3-B 4-D 5-A 6-C

20