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Potencialidades, Oportunidades e Estratégias do Agronegócio

Brasileiro, frente a ALCA

ÁREA DE LIVRE COMÉRCIO DAS AMÉRICAS – ALCA

HISTÓRICO

Em 1990,o Presidente dos Estados Unidos, George Bush, lançou a


"Iniciativa para as Américas", que visava ao aprofundamento das
relações daquele país com a América Latina, que assim voltava a
figurar entre as prioridades de política externa dos Estados Unidos.
Na época constavam como pontos importantes da Iniciativa a
questões dos investimentos, da dívida externa e do comércio. Nasceu
naquela ocasião a idéia de constituir uma área de livre comércio do
Alasca à Terra do Fogo.

Este projeto foi retomado pelo sucessor de Bush, Bill Clinton, que
chamou os países do hemisfério para uma Reunião de Chefes de
Estado e de Governo em Miami. Assim, em 10 de dezembro de 1994,
ocorreu em Miami a Reunião de Cúpula das Américas, reunindo
chefes de Estado de 34 países do continente, exceto Cuba (não foi
incluída devido ao embargo econômico comandado pelos Estados
Unidos), que decidiram dar início à constituição da Área de Livre
Comércio das Américas (ALCA).

O documento oficial que saiu deste encontro contém uma Declaração


de Princípios e um Plano de Ação. Na Declaração de Princípios, os
países se propõem a um pacto pela preservação e fortalecimento da
democracia, promoção da prosperidade, erradicação da pobreza e da
discriminação, desenvolvimento sustentável e conservação do meio
ambiente. Para o cumprimento das diretrizes contidas na Declaração
de Princípios, os países ali representados elaboraram um Plano de
Ação para cada um dos temas acima citados, onde também
aparecem os passos a serem dados para a formação da ALCA,
inclusive com um cronograma inicial para os trabalhos.

No dia 30 de junho de 1995, em cumprimento ao calendário


estabelecido pela Cúpula de Miami, realizou-se a primeira reunião
dos Ministros de Comércio do hemisfério (Reunião Ministerial de
Denver). O documento oficial deste primeiro encontro já menciona
que a ALCA terá como base os acordos sub-regionais e bilaterais
existentes e que o acordo será um empreendimento único (single
undertaking) e compatível com os dispositivos do Acordo da OMC.
Para preparar o terreno das negociações, decidiu-se criar 7 Grupos
de Trabalho cobrindo as áreas : acesso a mercados; procedimentos
aduaneiros e regras de origem; investimentos; normas e barreiras
técnicas ao comércio; medidas sanitárias e fitossanitárias; subsídios,
antidumping e direitos compensatórios; e economias menores.

Na II Reunião dos Ministros de Comércio da região (Reunião


Ministerial de Cartagena), reafirmou-se o compromisso com o avanço
das negociações até o final do século e criaram quatro novos Grupos
de Trabalho cobrindo as áreas de Compras Governamentais, Direitos
de Propriedade Intelectual, Serviços e Política de Concorrência. Foi
solicitado à OEA que procedesse à compilação de informações a
respeito dos mecanismos de solução de controvérsias utilizados nos
acordos bilaterais e sub-regionais de comércio no hemisfério. No
documento reconhece-se a importância da participação do setor
privado no processo da ALCA.

Em maio de 1997 o Brasil foi sede de uma Reunião Ministerial


(Reunião Ministerial de Belo Horizonte). Nesta reunião foram
examinados os resultados do programa de trabalho acordado nas
Reuniões anteriores e o progresso substancial da liberalização do
comércio no hemisfério desde a Cúpula de Miami. Acordou-se que as
negociações da ALCA começariam a partir da Reunião de Santiago,
que se realizaria em março de 1998, e que na reunião de São José da
Costa Rica seriam estabelecidos os objetivos, enfoques, estruturas e
localização das negociações. Reafirmou-se princípios negociadores
como o empreendimento único, a decisão por consenso, a
coexistência com outros acordos regionais, a compatibilidade com os
dispositivos da OMC e a possibilidade dos países negociarem
isoladamente ou como bloco de que façam parte.

Conforme havia sido acordado em Cartagena das Índias,


estabeleceu-se o Grupo de Trabalho sobre Solução de Controvérsias.
Concordou-se em que a questão do meio ambiente e sua relação com
o comércio seriam mantidas em observação, acompanhando o
andamento das discussões do Comitê de Comércio e Meio Ambiente
da OMC.

Em março de 1998, realizou-se em São José da Costa Rica a quarta


reunião ministerial da ALCA, que marcou o final da fase preparatória
e o início efetivo das negociações. Nesta ocasião os Ministros de
Comércio recomendaram aos Chefes de Estado que as negociações
fossem iniciadas a partir da II Cúpula das Américas, em Santiago do
Chile, marcada para abril daquele ano, mantendo-se o compromisso
de concluí-las até 2005.

A Reunião de São José serviu também para definir a estrutura inicial


das negociações, estabelecendo o Comitê de Negociações Comerciais,
os 9 grupos de negociação, os Comitês Consultivos e o sistema de
rodízio da presidência da ALCA e dos grupos de negociação. O Anexo
I traz os objetivos e princípios gerais que orientam as negociações da
ALCA. Entre outros merecem destaque:

O item c, que estabelece o compromisso com ar regras e disciplinas


do GATT, particularmente com o Art. XXIV e com o Art. V do GATS;

O item e, que reafirma o princípio do empreendimento único (single


undertaking);

O item f, que estabelece que a ALCA poderá coexistir com acordos


bilaterais e sub-regionais na medida em que os direitos e obrigações
assumidos ao amparo desses acordos não estejam cobertos pelos
direitos e obrigações da ALCA, ou os ultrapassem;

O item l, segundo o qual os diferentes níveis de desenvolvimento


devem ser levados em conta para que haja plena participação de
todos os países na ALCA.

O Anexo II estipula os objetivos por área temática. Em Acesso a


Mercados estabelece-se que todo o universo tarifário está sujeito à
negociação e que é possível negociar diferentes cronogramas de
negociação. Na parte de agricultura estabelece-se que medidas
sanitárias e fitossanitárias não sejam aplicadas de maneira arbitrária
de forma a restringir o comércio de produtos agrícolas e que os
subsídios às exportações sejam eliminados no hemisfério.

Na II Cúpula das Américas, realizada em Santiago do Chile em abril


de 1998, os chefes de Estado e de Governo do Hemisfério instruíram
os Ministros de Comércio a iniciarem as negociações sobre a ALCA,
de acordo com o que ficou estabelecido em São José da Costa Rica. A
Cúpula recordou que as negociações deveriam estar concluídas até
2005 e medidas específicas de facilitação de negócios deveriam ser
acordadas até o final do século.O documento oficial traz no seu Plano
de Ação quatro partes: a primeira parte é relativa à Educação, que é
entendida como a chave para o progresso; a segunda trata da
preservação e fortalecimento da democracia, da justiça e dos direitos
humanos; a terceira parte aborda o tema da Integração Econômica e
Livre Comércio; e a quarta fala da erradicação da pobreza. Em junho
do mesmo ano de 98, realizou-se na Argentina a primeira reunião do
Comitê de Negociações Comerciais (CNC), sendo que o principal
resultado desta reunião foi a definição de um programa de trabalho
específico para cada grupo de negociação. Após esta reunião foram
realizadas diversas reuniões.

A Reunião Ministerial de Toronto marcou o início de uma nova fase da


negociação, onde se tentará buscar o acordo sobre temas
controversos, principalmente nos grupos de acesso a mercados, em
função da definição de métodos, modalidades e cronograma de
desgravação, e agricultura, pela questão dos subsídios agrícolas,
picos e escalada tarifária. Isto será feito através de um esforço de
redação de esboços de Acordo para os diversos temas da ALCA que
serão remetidos para análise dos Ministros de Comércio até o final de
2000.

A discussão sobre a implantação da Área de Livre Comércio das


Américas (ALCA), começa a ganhar fôlego na sociedade, que ao
saber do que realmente se trata, reprovação total. A idéia de se fazer
uma área de livre comércio surgiu a partir da Cúpula de Miami, em
1994. Desde então, os ministros de comércio dos países já se
reuniram em outras duas cúpulas, Santiago no Chile em 1998 e
Quebec no Canadá em 2001. A próxima e decisiva reunião está
marcada para Buenos Aires, na Argentina daqui a três anos.

As desvantagens da entrada do Brasil na ALCA são inúmeras. A


primeira é mais danosa para a economia nacional, está na
"competição livre" em mercados desiguais. Enquanto as empresas
americanas tomam empréstimos com juros de apenas 1% ao ano, no
Brasil esse patamar chega a mais de 18%, o que encarece a nossa
produção. A segunda questão diz respeito aos subsídios do E. U. A.
aos produtos agrícolas, algo em torno de US$ 70 bilhões, que resulta
em concorrência desleal. O Paraná, grande produtor nacional de
grãos, perderá competitividade internacional e com certeza entrará
numa era de crises sem precedentes na história, caso faça parte da
ALCA. A terceira faze nefasta da ALCA, reside na proteção desmedida
em outros setores da economia estadunidense. A sobretaxa ao aço
brasileiro, pelos E. U. A., e a proibição da entrada da carne bovina no
Canadá, em retaliação à competição da EMBRAER no setor da
aviação, ainda estão presentes na nossa memória. Esses países
fazem de tudo para proteger seus mercados, suas indústrias e seus
empregos. Ora, onde está a livre concorrência? Com a adesão do
Brasil a ALCA teremos produtos importados a preços mais baixos do
que os produzidos aqui. A questão central é que a indústria nacional
quebrará e mais trabalhadores perderão seus postos e milhares serão
colocados à margem do consumo e alcance do bem-estar SOCIAL.
Um exemplo disso é o NAFTA (North American Free Trade
Agreement), ou seja, (Acordo de Livre Comércio da América do
Norte), que envolve Canadá, México e Estados Unidos, onde vemos
hoje o México com milhares desempregados e encontram-se
atualmente em estado de miséria absoluta, isso tudo após sua
entrada na NAFTA.

A CNBB (Conferência nacional dos Bispos do Brasil) organizou um


plebiscito no começo de setembro de 2002 que mostrou que uma
parcela considerável dos brasileiros está mobilizada contra a entrada
do país nesse conglomerado.

A ALCA pretende ser o maior bloco econômico do planeta, reunindo


os 34 países do continente americano, que somam um Produto
Interno Bruto (PIB) de quase US$ 11 trilhões e reúne mais de 808
milhões de habitantes. Só para se ter uma idéia da dimensão deste
acordo, a União Européia, que demorou quase 30 anos para entrar
em vigor, conta com metade da população e cerca de US$ 2 trilhões
a menos de PIB. Somente Cuba, por causa do embargo econômico
comandado pelos Estados Unidos há mais de 30 anos, está de fora do
tratado. Estranhamente, as negociações têm sido acelerado pelos
Estados Unidos, principal interessado em que o acordo entre logo em
vigor.

Embora a sigla trate apenas do tal "livre comércio", analistas políticos


afirmam que o alcance da ALCA será bem maior. O temor é que na
prática, ela avance para a total desregulamentação das economias
latino-americanas e na anulação completa do papel dos Estados
nacionais em função do profundo abismo econômico e social
existente ente os países das Américas do Norte e do Sul. Trata-se de
um projeto estratégico dos Estados Unidos de consolidação de sua
dominação sobre a América latina, por meio da criação de um espaço
privilegiado de ampliação de suas fronteiras econômicas.

O ideal é que haja um retardamento de pelo menos 20 anos para que


o Brasil se adapte e entre em condições paritárias de mercado (a
previsão é de que a ALCA comece a vigorar em 2005). Enquanto isso
vai fazendo diplomacia jogando com o mercado comum europeu e
fortalecendo o Mercosul.

Um pouco do NAFTA para entender a ALCA

Em vigor desde 1994, o Nafta é um acordo firmado entre Estados


Unidos, México e Canadá e serve de exemplo para demonstrar o que
acontece quando países em situações econômicas, sociais e
tecnológicas muito diferentes organizam um bloco de livre circulação
de investimentos e mercadorias.
Depois de sete anos em vigor, segundo análise do Economic Policy
Institute, de Washington, os resultados foram piores para o México,
mas também trouxe derrotas para os trabalhadores estadunidenses.
Empresas dos Estados Unidos fecharam e foram instalar-se no
México, onde a mão-de-obra era mais barata e as leis trabalhistas
mais "flexíveis". Nos EUA, 766 mil postos de trabalho foram
eliminados na indústria.

O maior estrago, entretanto, não foi causado pela instalação de


fábricas no México - as chamadas maquiladoras, que são imunes às
leis trabalhistas. Segundo a ONU, são as que mais empregam mão-
de-obra infantil no planeta, colocando o país como campeão mundial
da categoria: 5 milhões de crianças menores de 14 anos estão
trabalhando. São as maquilas as únicas que, estatisticamente,
trouxeram mais empregos. De 1999 a 2000, cresceram 13,4% e
ocupam 1,3 milhão de pessoas. Essa indústria é hoje responsável por
47% do total das exportações mexicanas.

O salário dos mexicanos foi, de fato, o que mais encolheu após o


Nafta. Em 1994, era em média US$ 2,10 por hora na indústria
manufatureira, caindo para US$ 1,90 por hora em 1999. E apesar do
trabalho informal - os chamados camelôs - ter aumentado, a renda
individual caiu 40% em média, já que não é possível haver espaço
nem mercado para tantos camelôs que foram demitidos do trabalho
formal.

Nos primeiros três meses de vigência do Nafta, as exportações


mexicanas cresceram 25%, mas suas importações aumentaram
73%. Ao invés das prometidas 600 mil vagas de emprego, ao final do
primeiro trimestre havia 105.225 empregos a menos no país,
segundo cifras oficiais.

Mesmo para o Canadá, mais próximo em desenvolvimento dos EUA,


os resultados de um tratado de livre comércio foram discutíveis. O
país, em 1988, fez um acordo bilateral com a Casa Branca. Esperava-
se na ocasião 500 mil empregos. Em 1993, quando os efeitos da
integração comercial já eram claros, mais de 400 mil empregos
haviam desaparecido.

Os EUA, enquanto isso, comemoraram: as exportações de carro para


o México cresceram cinco vezes em comparação com o mesmo
período de 1993.

Ainda assim, o último relatório do Banco Mundial sobre o México


recomenda a "flexibilização" de sua legislação trabalhista, para que
possa "atrair mais investimentos".
Princípios Negociadores

A posição do governo brasileiro quanto a uma futura Área de Livre


Comércio das Américas – ALCA, tem sido na direção de que se
alcance nas negociações um equilíbrio de ganhos e concessões entre
os 34 países. Na Reunião Ministerial de Belo Horizonte (maio de
1997), presidida pelo Brasil, adotou-se um conjunto de princípios
negociadores fundamentais:

 Processo decisório por consenso;


 Single undertaking ou indissolubilidade do pacote negociador;
 Coexistência da ALCA com acordos bilaterais e sub-regionais de
integração e de livre comércio mais amplos ou profundos;
 Compatibilidade da ALCA com os acordos da OMC.

Desde o início do processo ALCA, reconheceu-se a grande


importância da participação da sociedade civil nas discussões
envolvendo a formação da área de livre comércio, por isso,
paralelamente às Reuniões Ministeriais, sempre é realizado o Fórum
Empresarial das Américas, que conta com a participação, por cada
país, de entidades representativas dos mais variados segmentos da
sociedade.

Estrutura das Negociações

A Reunião Ministerial de São José (março de 1998) decidiu os


aspectos relacionados à montagem da estrutura e da organização das
negociações. Na mesma reunião, decidiu-se que o objetivo geral das
negociações seria o de estabelecer uma área de livre comércio no
continente através da redução progressiva das barreiras ao comércio
de bens e de serviços e aos investimentos, concluindo-se as
negociações no mais tardar até 2005, podendo ser alcançados
progressos concretos até o final deste século.

A formação da ALCA beneficiará o agronegócio café?

O debate sobre os benefícios da criação da Área de Livre Comércio


das Américas (ALCA) entrou na ordem do dia dos principais fóruns
diplomáticos, empresariais e acadêmicos. O apelo pela diminuição
das barreiras comerciais, e outros temas ligados ao comércio,
decorre do expressivo contingente populacional que habita o
Continente (cerca de 800 milhões de pessoas) com mais de US$ 11
trilhões de PIB. Ademais, tornou-se mais que explícito o interesse
estadunidense em abreviar ao máximo o processo, na medida em
que percebe nisso a oportunidade de sacramentar sua hegemonia
regional, fechando as janelas para outros blocos. Assim, reunidos na
Cidade de Québec/Canadá, os mandatários de 34 países do
Continente estipularam para 1o de janeiro de 2006 a data para o
início da plena vigência da ALCA.

No agronegócio do café, a celebração do acordo não altera nem


positivamente nem negativamente o panorama atual. Com história
centenária no Brasil, a cafeicultura sempre possuiu forte ligação com
o exterior através do comércio do grão cru. Nos anos 60s, surgiu o
solúvel que reforçou essa dinâmica de forte ligação com o exterior.
Sem risco de errar, podemos considerar o café como o mais
multilateral dos produtos da pauta brasileira. Essa neutralidade
deriva, ainda, da existência de mais de uma dezena de países
produtores de café no Continente, diminuindo o espaço para uma
ampliação da posição brasileira.

Por inexistirem barreiras comerciais (tarifárias, quotas e sanitárias),


as exportações brasileiras poderiam ser favorecidas, desde que nosso
empresariado adotasse posturas mais ativas no esforço de
consolidação de carteira de clientes nos EUA e no Canadá (sair da
postura FOB comprada para uma atitude CIF vendida).

O Brasil poderia constituir-se numa plataforma continental para a


exportação de café (grão cru, torrado e moído, torrado em grão e
solúvel). Contudo, os analistas do mercado de café creditavam tanto
à excessiva pulverização da indústria de torrefação quanto a sua
base de comercialização local/regional os obstáculos para que o
segmento conquistasse o mercado exterior, contribuindo no
incremento da balança comercial. Todavia, o movimento de aquisição
de torrefadoras líderes no mercado doméstico (casos da União, Do
Ponto, do Café Seleto e da Três Corações) e os esforços de
modernização de outras prenunciavam, finalmente, a possibilidade de
exportação de substanciais volumes de café torrado e moído.

Essa hipótese dos analistas ainda não se concretizou. Motivos de diversas


naturezas mantêm o segmento de torrado e moído voltado exclusivamente
para o mercado interno. Apesar dos esforços pela introdução de inovações,
ainda predomina no mercado o produto comercializado nas embalagens
tipo almofada, algo totalmente estranho e obsoleto no mercado
internacional. A adesão das grandes firmas torrefadoras a um tipo de
concorrência pautada pela baixa qualidade (blends de bica corrida COB 8
com 50% de robusta possuindo mais de 20% de grãos pretos, verdes e
ardidos) adia, por tempo indeterminado, as esperanças de alcançar o
mercado externo através do reconhecimento da excelência do produto
brasileiro. Ademais, a percepção dos consumidores de que houve piora na
qualidade da bebida agrava ainda mais o quadro, podendo refletir-se na
diminuição da taxa de crescimento do consumo de café no mercado interno
estimada em 2,5% ao ano.

A obsessiva competição, através da oferta de produto inferior numa


desenfreada guerra de preços, torna o setor quase que míope para essas
oportunidades que certamente estão presentes. Diante disso, não
descartamos que com a ALCA os Cafés do Brasil possam apropriar-se de
novas oportunidades de negócios. Para isso, contudo, há que se
harmonizar os interesses visando dar o salto para a exportação de maior
valor agregado.

Em 26 de abril, os membros do Conselho Deliberativo de Política Cafeeira


promoveram mudança no esquema da retenção, o que, na prática,
encerraria o programa para esse ano. Depois de exaustivamente sugerido,
resolveu-se aceitar os grãos financiados em pré-comercialização como café
pertencente aos 20% de produto retido. Essa medida, além de
desburocratizar todo o esquema, baixa significativamente seu custo
(estimado em R$ 15/sc), com claros benefícios aos produtores uma vez
que tais despesas oneravam o preço recebido pelo produto. Ainda que
tenha acertado nessa decisão, o Conselho poderia ter aproveitado o
momento para determinar o que será feito com o café retido pelos
exportadores, pois esse é o outro nó que precisa ser desatado.

Em abril, as cotações do café arábica na bolsa de Nova York, para julho,


continuaram em queda até meados do mês, quando o mercado começou
reagir, atingindo no final valores semelhantes aos observados em meados
de março, para a mesma posição (Gráfico 1). A recuperação das cotações
no final de abril está associada à redução nos estoques dos Estados Unidos,
devido a menores exportações da América Central e do México.

Fonte: Elaborado a partir de dados básicos da Gazeta Mercantil, abril


2001.Gráfico 1 - Cotações do Café Arábica na Bolsa de Nova York, Contrato
C, 2ª Posição, Julho 2001.

Porém, as cotações do café robusta na bolsa de Londres, para julho,


continuaram a tendência de queda, devido à oferta aquecida dos países do
Sudeste Asiático (Gráfico 2). Essa situação, criada pelo excedente de
robusta, principalmente por parte do Vietnã, tem deprimido todo o
mercado mundial de café.

Fonte: Elaborado a partir de dados básicos da Gazeta Mercantil, abril 2001.


Gráfico 2 - Cotação do Café Robusta na Bolsa de Londres, 2ª Posição, Julho
de 2001.

Segundo a Secex/MDIC, as exportações brasileiras de café cresceram 8,5%


em volume no primeiro trimestre de 2001, em relação ao mesmo período
do ano passado, atingindo 4,11 milhões de sacas. A receita obtida,
contudo, atingiu US$ 324,05 milhões, cerca de 34,71% inferior à obtida no
mesmo trimestre de 2000, indicando o forte impacto da queda dos preços
do café, neste ano, em relação ao ano passado.

Mercado interno

Os preços recebidos pelos cafeicultores mantiveram-se estáveis ao longo


das três primeiras semanas de abril. Na última semana, observou-se
significativa alta nos preços (mais de 9% para os tipos finos), refletindo,
em parte, a restrição de oferta (Gráfico 3). Também contribuiu para essa
melhora o reconhecimento do equívoco que foi o plano de retenção, que
entra em trajetória de encerramento. Os cafeicultores devem ficar atentos
para essa pequena alta, disponibilizando parte do produto armazenado,
uma vez que não são esperados outros picos de preços como o que ocorre
nesse momento.

GRÁFICO 3 – Cotações Médias Semanais por Saca de Café Verde, Tipo 6


para Melhor, Safra 2000/01, FOB Armazém, 06/04/2000 a 27/04/2001

Fonte: Elaborado a partir de dados básicos de ESCRITÓRIO CARVALHAES,


abril.2001.

Ciclo de preços: já atingimos 1992?

No ciclo passado, o fundo do poço dos preços do café foi atingido em 1992
e parte de 1993. Uma série de fatores contribuiu para a queda de preços
naquele período. O principal deles, obviamente, foi o excesso de produção
em 1987, quando o Brasil produziu mais de 40 milhões de sacas, como
resultado dos elevados preços alcançados no final de 85 e começo de 86, e
alguns produtores chegaram a vender café acima de U$400 a saca. Esse
excesso de produção teve papel decisivo na suspensão das Cláusulas
Econômicas do Acordo Internacional do Café, em julho de 1989. Com a
suspensão do Acordo, houve transferência maciça de estoques de café para
os países consumidores: primeiro, porque os principais países concorrentes
do Brasil pensavam que as cláusulas econômicas seriam logo
restabelecidas e, portanto, levaria vantagem quem tivesse melhor
desempenho recente nas exportações, na expectativa de que fosse
aquinhoado com uma cota maior de mercado; segundo, porque, devido à
própria queda de preços, houve necessidade de se exportar mais café
ainda, pois, para a maioria dos países exportadores, esse produto
representava a principal fonte de recursos de que dispunha para honrar
compromissos externos.

A extinção abrupta do Instituto Brasileiro do Café em 1990 (não permitindo


uma transição organizada) também contribuiu para agravar a situação,
com os diferentes segmentos da cadeia produtiva ficando à deriva, sem
qualquer coordenação e canal de interlocução entre os diferentes setores e
o próprio governo. Ademais, a política monetária brasileira da época,
restritiva (juros elevados), induzia os exportadores e industriais a
carregarem o mínimo de estoques possível, transferindo esse ônus para o
setor produtivo. Mesmo o setor de torrefação e moagem encontrava-se em
dificuldades devido aos sucessivos tabelamentos a níveis irreais a que fora
submetido no passado. Segundo alguns analistas, foi esse conjunto de
fatores que derrubou os preços para US$40 dólar em 1992. Outros
analistas argumentam que essa sucessão de eventos apenas viria agravar
o problema da descapitalização do setor produtivo, bastante exaurido pela
drenagem de mais de US$1,2 bilhão na forma de cota de contribuição nos
anos de 1987, 1988 e parte de 1989. Era esse o contexto em que se
inseria o negócio café no início dos anos 90s.

E a pergunta que se faz é a seguinte: a que valores corresponderiam hoje


os preços que vigoraram em agosto de 92, mês em que ocorreram as
cotações mais baixas do produto naquele ano? Alguns analistas têm usado
o próprio valor do café em dólar da época (no Brasil ou exterior),
corrigindo-o pela taxa de câmbio atual. Embora seja corriqueiro, esse tipo
de procedimento pode levar a conclusões equivocadas por envolver
questões conceituais nem sempre bem dominadas tais como
sobrevalorização cambial e inflação americana.

Por causa disso, entendemos que a maneira mais apropriada para se fazer
a atualização seria a partir dos preços do café, em moeda nacional,
valendo-se para isso dos levantamentos realizados sistematicamente pelo
IEA desde a década de 1940. Assim procedendo e utilizando-se como
deflator o IGP-DI da FGV, chega-se a um valor em torno de R$90/R$100 a
saca, ainda inferior ao preço que prevalece atualmente no Estado de São
Paulo, acima de R$110 a saca. Entretanto, a utilização desse índice é muito
criticada por embutir um viés de mudança de moeda no ano de 1994 que
tende a superestimar as atualizações de valor. Isto pode ser resolvido
quando se considera como fator de correção o IPCA (índice de preço ao
consumidor ampliado) do IBGE, que não incorpora o mencionado viés da
FGV. De acordo com esse índice, o preço de agosto de 1992 deveria
corresponder hoje a um valor em torno de R$70 a saca. Vamos torcer para
que isso não venha a ocorrer, até porque se observa no setor um processo
de descapitalização, provocado em grande parte pelo plano de retenção
que dissuadiu muitos produtores a não vender café na faixa de R$ 180/
R$200 a saca na expectativa de fazê-lo a preço maior, o que era impossível
de ocorrer conforme sempre alertamos devido ao ciclo descendente do
preço do café. Infelizmente, esse alerta foi ignorado pelas lideranças desse
plano, causando grandes prejuízos não só aos produtores como também ao
próprio País devido à necessidade urgente de aumentar as exportações,
para evitar déficit na balança comercial e implicações sérias nas taxas de
juros e no câmbio.

Agricultura e Segurança dos Alimentos

Os agricultores das Américas já sentiram a influência perniciosa da


competição global segundo as ordens onerosas dos Programas de
Adaptação Estrutural do Banco Mundial e do FMI, bem como as medidas da
OCM no setor agrícola. A "cultura" foi retirada da agricultura e substituída
por "negócio". De acordo com o novo sistema global de alimentos, a
agricultura, em que os agricultores cultivam alimentos para a população e
as comunidades, foi substituída por um sistema agro-alimentar em que as
empresas transnacionais de alimentos produzem para obterem lucro e em
que as normas de segurança dos alimentos e os direitos dos agricultores
pouca ou nenhuma importância têm.

Devido à OCM proibir as importações e exportações, apenas as grandes –


fazendas, países, empresas – conseguem sobreviver. Como conseqüência,
o Acordo Agrícola da OCM já quase beneficiou exclusivamente as grandes
empresas agro-alimentares de todo o mundo, não importa qual o seu país
de origem.

Escolhendo os acordos agrícolas da OCM (AA) e as medidas (MSF e OTC),


os negociadores da ALCA tencionam dar novos poderes, através deste
pacto, para reduzir os direitos tradicionais dos agricultores e desvalorizar
as leis sobre a segurança dos alimentos. Segundo as disciplinas da OCM, os
agricultores não poderão mais negociar conjuntamente os preços dos
produtos com os compradores domésticos e estrangeiros. E a eliminação
dos apoios dos preços agrícolas internos para proteção dos agricultores,
deixou-os à mercê dos preços internacionais.

Além disso, o ataque do AA da OCM às medidas não tarifárias, como as


normas ambientais e os programas de administração de provisões, tem
sido utilizados para reduzir a salvaguarda da saúde pública e a proteção
dos agricultores. Por exemplo: através da OCM, os E.U. têm contestado
com sucesso os requisitos do Japão quanto à verificação de resíduos de
pesticidas relacionados com a saúde nas importações agrícolas. Os países
já não podem manter provisões de produtos alimentícios de emergência
como previsão em caso de seca ou insuficiência de colheitas: agora têm de
comprar o que precisam no mercado livre. "Auto-suficiência de alimentos"
significa atualmente ter dinheiro suficiente para comprar alimentos, não a
capacidade interna de os produzir.

O acordo das MSF da OCM tem tido um impacto terrível sobre o direito dos
cidadãos do mundo a alimentos seguros. O Canadá e os Estados Unidos
utilizaram com sucesso o acordo das MSF para derrubarem uma proibição
européia sobre a carne de vaca norte-americana que continha hormonas
nocivas e, possivelmente, causadoras de câncer. Os E.U., profundamente
sensíveis a questões persistentes sobre a doença das vacas loucas,
implementaram uma proibição sobre a utilização não terapêutica de
hormonas na sua indústria alimentar, citando muitos estudos que as
associavam com a doença. O painel da OCM exigiu "exatidão científica" que
confirmasse que as hormonas causavam câncer e outros efeitos
desfavoráveis para a saúde, enfraquecendo deste modo o princípio
preventivo como base dos regulamentos de segurança dos alimentos.

A ALCA parece pronta para fomentar um modelo agrícola para o


hemisfério: os resultados serão devastadores para os agricultores da
América Latina.

Onde a Alca pode ser favorável ao Brasil

Com um bom acordo comercial o Brasil pode ser favorecido com a ALCA.
Para que isto ocorra é necessário que seja cumprida certas condições nas
negociações em torno do efetivo acesso dos produtos brasileiros aos
mercados dos países da futura ALCA. Tem que eliminar as barreiras não-
tarifárias e os subsídios que restringem as exportações em relevantes
segmentos brasileiros, tanto na agricultura, na agroindústria e ainda na
industria.
Citamos por ordem de prioridade, as ações e/ou políticas recomendadas
como iniciativas internas preparatórias, de acordo com IEDI seriam:

 Reforma Tributária – diminuição do custo do investimento e da


exportação e assegurar igualdade tributária à produção nacional em
relação ao produto importado;
 Políticas de competitividade – redução do custo do capital, sem
esquecer das características e necessidades dos diversos setores da
economia;
 Educação – com amplos efeitos na produtividade, nos salários e na
capacitação tecnológica;
 Infra-estrutura – para diminuir o custo da logística;
 Harmonização na regulação – regulação dos mercados e normas
técnicas;
 Adequação dos mercados financeiros – ampliar o acesso ao
financiamento.

São ações que também se fazem necessárias para que as empresas


mantenham ou aumentem seus mercados externos e tenham capacidade
de defender sua participação no mercado local perante a concorrência das
importações, os investimentos em capital e na produtividade e em
marketing, com destaque também para os investimentos em
desenvolvimento de novos produtos e joint-venture.

A maioria dos conselheiros mantém expectativa de que a ALCA venha


favorecer o Brasil. Em primeiro lugar, é condicionado ao nível das
negociações. O acordo da ALCA deve incluir a remoção dos subsídios à
produção local e também a remoção de barreiras – em especial, as não
tarifárias – às importações. Esses dois fatores juntos impedem a entrada
de grande parte dos produtos brasileiros em mercados como o norte-
americano. Em segundo lugar, existem os condicionantes internos, certos
defeitos de funcionamento de mercados domésticos e estruturas internas
que diminuem a competitividade dos produtos nacionais.

Na avaliação dos empresários sobre a competitividade da economia


brasileira, 80% acham que a economia é pouco competitiva. Contudo ao
avaliarem a sua própria empresa, 84% deles as consideram competitivas.
Os mais importantes fatores que diminuem a competitividade na economia
brasileira são de ordem "sistêmica" e não produtiva ou empresarial. Esse é
o chamado "custo Brasil".

Mesmo diante dos problemas sistêmicos de competitividade, a convicção é


de que se a negociação da ALCA resultar em efetiva abertura de mercados,
o Brasil estará preparado para aumentar suas exportações. Quase ¾ dos
empresários consultados declararam que suas empresas têm plenas
condições de concorrência. Acontece que para o país como um todo o
diagnóstico é um pouco diferente. A maioria não considera que o país
tenha condições de concorrer com importações dos países da ALCA, o que
torna muito relevante que a negociação assegure prazos adequados para a
liberalização integral. Esse prazo seria, em média, de três anos e meio, que
é relativamente baixo, mostrando que o empresariado brasileiro, ao
contrário do que é às vezes propalado, está longe de desejar "proteção
eterna".

As observações acima não levam em conta diferenças setoriais que devem


ser muito consideradas em um processo e negociação. Podemos resumi-las
dessa maneira:

 O único setor (dentre os representados no IEDI) considerado "muito


competitivo" é o Agronegócio. Outros setores como Armamento,
Autopeças, Brinquedos, Cervejas e Refrigerantes, Cimento,
Cosméticos, Embalagem, Siderurgia, Têxtil, Vestuário e Papel e
Celulose, foram considerados "competitivos";
 Setores pouco competitivos são: Madeira e Móveis, Alimento,
Material de Construção, Metalurgia, Química, Software e Informática;
 Setores não competitivos são os de Bens de capital e Componentes
Eletrônicos;
 A maioria dos setores (15 em 23) apresenta capacidade de ampliar
exportações em caso de abertura de mercados a partir da ALCA.
Alguns são: Agronegócio, Armamento, Autopeças, Cervejas e
Refrigerantes Cimento, Metalurgia, Papel e Celulose, Têxtil,
Vestuário, etc;
 Bens de Capital, Brinquedos, Componentes Eletrônicos, Papel e
Celulose e Química, necessitam de prazo mais longo (mais de cinco
anos) para completa abertura de importações;
 Prazos mais curtos seriam suficientes para:Cervejas e Refrigerantes,
Siderurgia (menos de um ano), Agronegócio, Autopeças, Embalagem,
Metalurgia e Vestuário (um a dois anos).

Grupos de Negociação e Comitês

Com a finalidade de agilizar as negociações foram formados comitês em


diversas áreas, sendo que o comitê da agricultura nos desperta maior
interesse.

Este grupo tem como país presidente a Guatemala e vice o Uruguai.

Os objetivos do Grupo de Negociação sobre Acesso a Mercados deverão ser


aplicados ao comércio de produtos agrícolas. Os temas de regras de
origem, procedimentos aduaneiros e barreiras técnicas ao comércio serão
tratados no Grupo de Negociação sobre Acesso a Mercados.

Assegurar que as medidas sanitárias e fitossanitárias não sejam aplicadas


de maneira a constituírem um meio de discriminação arbitrária ou
injustificável entre países ou uma restrição disfarçada ao comércio
internacional, com vistas a prevenir as práticas comerciais protecionistas e
facilitar o comércio no hemisfério. De modo congruente com o Acordo
sobre Medidas Sanitárias e Fitossanitárias da OMC (Acordo MSF), tais
medidas serão aplicadas apenas para obter o nível adequado de proteção
da saúde e vida humana, animal e vegetal, estarão fundamentadas em
princípios científicos e não serão mantidas sem suficiente base científica.

As
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negociações nesta área abrangem a identificação e o


desenvolvimento de medidas necessárias para facilitar o comércio,
respeitando e examinando com profundidade as disposições comidas
no Acordo MSF da OMC.

Eliminar os subsídios às exportações agrícolas que afetem o comércio


no hemisfério.

Identificar, e submeter a maior disciplina, outras práticas que


distorçam o comércio de produtos agrícolas, inclusive aquelas que
tenham efeito equivalente ao dos subsídios às exportações agrícolas.

A cobertura dos produtos agrícolas será aquela referida no Anexo I do


Acordo sobre Agricultura da OMC.

Incorporar os progressos alcançados nas negociações multilaterais


sobre agricultura que se realizarão em conformidade com o Artigo 20
do Acordo sobre Agricultura, bem como o resultado das revisões dos
Acordos MSF da OMC.

Depois no NAFTA o CAFTA

O NAFTA, acordo de livre comércio envolvendo os três paises da


América do Norte – Canadá, EUA e México – está em vias de ter um
similar na América Central, identificado pela sigla CAFTA – Central
América Free Trade Agreement.

Iniciativa nesse sentido foi anunciada no início de janeiro de 2003,


por representantes dos governos da Costa Rica, El Salvador,
Guatemala, Honduras e Nicarágua, que anunciaram também o início
de negociações visando à eliminação de tarifas e outras barreiras no
comércio de bens, produtos agrícolas, prestação de serviços e
investimentos. A primeira reunião de trabalho dos integrantes do
CAFTA acontece em 27 de janeiro de 2003, na cidade de San José,
Costa Rica. O curioso, no novo bloco comercial, é que ele conta com
um integrante que não é centro-americano: os EUA que, com essa
participação, estendem seu poderio para duas Américas. Seria isso
uma forma de abreviar a implantação da ALCA, a área de livre
comércio das Américas? Ou será que, além do NAFTA e do CAFTA,
pode surgir o SAFTA – South America Free Trade Agreement (sempre
com a participação dos EUA, claro)? Não se sabe. Mesmo porque
nada impede o surgimento de outra iniciativa similar. Em sua
primeira viagem oficial ao exterior - para participar da posse do novo
presidente do Equador, Lúcio Gutiérrez - o presidente brasileiro, Lula
da Silva, foi recebido como novo líder sul-americano e manteve
amplos contatos com os companheiros-presidentes sul-americanos.
Pode surgir daí, por exemplo, o MECAS – Mercado Comum da
América do Sul. E por quê não?
Conclusão

Se os termos e recomendações dos Grupos de Negociação da ALCA


são a base essencial para um pacto comercial no hemisfério, todo o
processo é totalmente inaceitável e os cidadãos das Américas devem
agir para o derrotarem completamente. Apesar dos protestos do
governo que afirmam terem negociado novas normas para o
comércio e investimento com a colaboração total dos seus cidadãos,
a proposta da ALCA nada reflete sobre as questões expressadas pela
sociedade civil e, ecologistas, grupos de defesa dos direitos humanos
e da justiça social, agricultores, povos indígenas, artistas,
trabalhadores e muitos outros, consideram que contém as mais
chocantes medidas. De acordo com a proposta da ALCA, todos os
programas sociais, regulamentos ambientais e recursos naturais
estão em perigo. Conforme se encontra atualmente, não há
colaboração possível que torne este pacto comercial aceitável.

Isto não significa que os cidadãos das Américas se oponham às


normas que predominam nos vínculos comerciais e econômicos entre
nossos países; desde que se fundamentem em um conjunto diferente
de suposições fundamentais, como a Declaração Universal dos
Direitos Humanos das Nações Unidas, e em normas ambientais
sólidas, os cidadãos das Américas estariam preparados para iniciar
um processo que desencadeasse laços mais fortes no mundo inteiro.
Todavia, não é possível partir das suposições e objetivos descritos
neste plano da ALCA.

Este processo deve começar com a revisão dos acordos atuais do


comércio internacional como a OCM e o NAFTA. Chegou o momento
de iniciar um novo sistema de comércio internacional baseado nos
princípios de democracia, sustentabilidade, diversidade e
desenvolvimento, e muito trabalho se tem feito nestes setores. O
mais importante é que o mundo do comércio internacional não pode
pertencer ao domínio exclusivo de elites protegidas, burocratas
comerciais e intermediários de empresas. Quando compreenderem o
que está em jogo neste acordo do hemisfério, os povos das Américas
se concentrarão para a vitória. É o destino que merece ter.

Mais de 10 milhes de brasileiros se manifestaram contrrios adeso do


Brasil ?rea de Livre Comrcio das Amricas (Alca) em plebiscito
realizado no incio de setembro em todo o pas pela Conferncia
Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Central ?nica dos
trabalhadores (CUT). Ao todo , 98,13% dos cidados que votaram
condenaram o acordo de livre comrcio liderado pelos Estados Unidos
e que pretende ser um bloco econmico to forte quanto a Unio
Europia.
Destes 12% foram de votos de eleitores paranaenses. No Estado,
cerca de 730 mil pessoas votaram e 98,78% disseram ser contrários
ao tratado. Mais que isso, 96,73% pediram a interrupção imediata
das negociações. Essa manifestação deve ser levada em conta pelos
futuros membros do congresso nacional, pois são eles que vão
discutir a fundo essa e outras questões relevantes para a vida
nacional. Também ficou evidenciado que 98,94% dos votantes
rejeitaram uma possível autorização do governo brasileiro para que
os norte-americanos assumam o controle da Base Espacial de
Alcântara, no Maranhão, de lançamento de satélites.

Referências bibliográficas

ANDREAS, MARCUS. Consultor de marketing para o agronegócio.


"ALCA: bom negócio para o Agronegócio".

RODRIGUES, ROBERTO. Prof. Economia Rural da UNESP/Jaboticabal,


ex-presidente da ACI da ABAG e atual Ministro da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento. "Bons ares para a ALCA". Artigo em 2001.

LOPES, MAURO DE REZENDE. Pesquisador do Centro de Estudos


Agrícolas (CEI), da Fundação Getulio Vargas. "Como aproveitar as
oportunidades de exportação na ALCA". Anais do 1º Congresso de
Agribusiness.

Sites pesquisados

http://www.vermelho.org.br

http://www.jamilmurad.com.br

http://www.economiabr.net

http://www.estadao.com.br

http://www.valoronline.com.br

http://www.udop.com.br

http://www.abagbrasil.com.br

http://www.jornalalca.kit.net

http://www.agricultura.gov.br

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