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Maligno
Texto (interpretação)
“(8) Pelo que talvez não concluamos erradamente se dissermos que a Física, a Astronomia, a
Medicina, e todas as outras ciências que dependem da consideração das coisas composta, são de
facto duvidosas, mas que Aritmética, a Geometria, e outras ciências desta natureza, que só
tratam de coisas extremamente simples e gerais e não se preocupam em saber se elas existem ou
não na natureza real, contêm algo certo e indubitável. Porque , quer eu esteja acordado quer
durma, dois e três somados são sempre cinco e o quadrado nunca tem mais do que quatro lados;
e parece impossível que verdades tão evidentes possam incorrer na suspeita de falsidade.
(9)Todavia, está gravada no meu espírito uma velha crença, segundo a qual existe um Deus que
pode tudo e pelo qual fui criado tal como existo. Mas quem me garante que ele não procedeu de
modo que não houvesse nem terra , nem céu, nem corpos extensos, nem figura, nem grandeza,
nem lugar, e que, no entanto, tudo isto me parecesse existir tal como agora? E mais ainda , assim
como concluo que os outros se enganam algumas vezes naquilo que pensam saber com absoluta
perfeição, também eu me podia enganar todas as vezes que somassem dois e três ou contasse os
(12) Vou supor, por consequência , não o Deus sumamente bom, fonte de verdade, mas um certo
génio maligno, ao mesmo tempo extremamente poderoso e astuto, que pusesse toda a sua
industria em me enganar. Vou acreditar que o céu, o ar, a terra, as cores, as figuras, os sons, e
todas as coisas exteriores não são mais que ilusões de sonhos com que ele arma ciladas à minha
credulidade. Vou considerar- me a mim próprio como não tendo mãos , não tendo olhos, nem
carne, nem sangue, nem sentidos, mas crendo falsamente possuir tudo isto. Obstinadamente,
vou permanecer agarrado a este pensamento e, se por este meio não está no meu poder
conhecer algo verdadeiro, pelo menos está em meu poder que me guarde com firmeza de dar
assentimento ao falso , bem como ao que aquele enganador, por mais poderoso, por mais astuto,
me possa impor.”
Questão: