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Resumo
Resumo:
Palavras chaves:
Introdução
Proteínas são fundamentais na alimentação humana, sendo o consumo de carnes
justificado pela própria natureza e história humana. Sendo o tecido muscular dos animais,
há uma ampla variedade de carnes
Vicente (1996)
Mucciolo (1985)
Gil e Durão (1992)
Processo produtivo
Considerando a extração de carne de mamíferos, os animais mais sacrificados são
os bovinos, os suínos e os ovinos, contudo, por aspectos regionais e sociais, é possível
haver o sacrifício de cabras, cavalos, camelos dentre outros. O procedimento para obtenção
do produto, sendo chegado o animal ao abatedouro, de acordo com Gil e Durão (1992),
Vicente (1996) e Mucciolo (1985) pode ser simplificado pelas seguintes etapas:
Insensibilização/Atordoamento:
Prática de tornar o animal inconsciente, deve perdurar até o fim da sangria, para
poupar o animal de todo e qualquer sofrimento possível. Várias técnicas podem ser
utilizadas, mas as mais comuns são
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o Pontilha: é realizado um corte entre o osso occipital e a vértebra Atlas;
o Arma de projétil fixo: meio mecânico que insere um objeto perfurante ao nível do
cérebro do animal, causando insensibilização imediata.
o Electronarcose: uso de correntes elétricas para a insensibilização do animal
o Atordoamento por gás: utiliza-se câmaras com atmosfera contendo determinada
concentração de dióxido de carbono para atordoar os animais.
Por questões humanitárias, esse processo deve ser feito rapidamente, por mão de obra
especializada e visando ao máximo o não sofrimento, estresse e agitação dos animais.
Sangria:
Os animais são pendurados pelas patas traseiras acima da piscina de sangria, são
realizadas incisões em artérias e veias, específicas ao animal sacrificado, visando a
depleção sanguínea do mesmo.
Esta etapa, que deve ser realizada apenas em animais devidamente atordoados,
resulta em sua morte, demonstrada ao fim de movimentos reacionais do animal.
Esfola:
Remove-se a pele do corpo do animal. O couro segue posterior tratamento, mas é
indevido para o consumo humano.
É importante considerar que suínos geralmente não passam por esta etapa, visto
que sua pele tem potencial uso para consumo humano. Para este caso, os corpos são
limpos, geralmente por depilação ou chamuscação e escaldamento.
Evisceração:
Sendo a primeira etapa em que a carcaça é cortada (para alguns animais), remove-
se todos os órgãos (exceto o rim), conduzindo cada parte à seu devido tratamento, pois
nem todas são destinadas ao consumo humano e alguns órgãos, como o intestino,
necessitam de limpeza especial.
Esta etapa deve ser realizada rapidamente e com cautela, para evitar contaminação
da carcaça por material fecal ou advindo do estômago e evitar a proliferação de
microorganismos.
Corte da carcaça:
A carcaça é finalmente cortada, sendo suas regiões de corte correspondentes às
especificações do animal. Posteriormente ela é limpa e devidamente armazenada.
Em especial, chifres, patas e cabeça são cortados em diferentes etapas para cada
caso (podendo ser removidos antes da esfola), mas devem ser sempre removidos.
Efluentes
À medida que o setor cárneo se expandia rapidamente, paralelamente ocorria um
aumento significativo na produção de resíduos resultantes do processamento da carne.
Esses resíduos, ao serem liberados de forma inadequada no meio ambiente, tornavam-se
fontes de grave poluição. Tal fenômeno se devia à considerável concentração de matéria
orgânica e carga microbiológica encontradas nesses efluentes (PARDI, 2006).
Nos frigoríficos, assim como em outras indústrias, o alto consumo de água durante
todo o processo acarretava na geração de grandes volumes de efluentes. Estima-se que,
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aproximadamente, de 80% a 95% da água utilizada nessas operações era liberada como
efluente líquido (UNEP, DEPA, COWI, 2000).
Os efluentes provenientes dos frigoríficos apresentam características distintivas,
caracterizadas por uma série de fatores marcantes. Dentre eles, destacam-se a elevada
carga orgânica, a presença significativa de gordura, flutuações de pH resultantes da utilização
de agentes de limpeza ácidos e alcalinos, e altos teores de nitrogênio, fósforo e sal. Em
decorrência dessas características, os despejos provenientes desses estabelecimentos
exibem valores consideráveis de DBO (demanda bioquímica de oxigênio) e DQO (demanda
química de oxigênio). Os efluentes exibem a presença comum de fragmentos de carne,
gordura e vísceras, como também de sangue. Estes resíduos, altamente suscetíveis à
decomposição, começam a se degradar em questão de poucas horas após sua geração,
principalmente quando submetidos a temperaturas mais elevadas do ambiente circundante
(BARROS, 2002).
Na tabela estão dispostos os parâmetros médios, que caracterizam o efluente de
frigoríficos.
TABELA 1 - PARÂMETROS DO EFLUENTE
Parâmetro Concentração
DBO (mg/L) 2000
DQO (mg/L) 4000
Sólidos suspensos (mg/L) 1600
Nitrogênio total (mg/L) 180
Fósforo total (mg/L) 27
Óleos e graxas (mg/L) 270
pH 7,2
Fonte: Pacheco, 2006.
Através da figura 1 é possível visualizar o fluxograma resumido dos processos de um
frigorifico, bem como os efluentes gerados em cada um deles.
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FIGURA 1 - EFLUENTES GERADOS
Aproveitamento de subprodutos
Os subprodutos resultantes do processo de abate de animais possuem uma variedade
de destinos e aplicações, sendo classificados em diferentes categorias de acordo com suas
características e utilidades. Essas categorias compreendem os produtos comestíveis, que
podem ser consumidos diretamente pelos seres humanos em sua forma natural, ou podem
passar por um processamento parcial antes de serem utilizados. Esses produtos comestíveis
também podem ser empregados como matéria-prima para a produção de outros alimentos.
Por outro lado, existem os subprodutos não comestíveis, que são destinados a diversas
outras aplicações além da alimentação humana. Esses subprodutos são aproveitados em
setores como a indústria de ração animal, onde são transformados em farinhas para compor
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a dieta dos animais. Além disso, podem ser utilizados na fabricação de produtos
farmacêuticos, cosméticos e em outros segmentos industriais (PARDI, 1996).
A classificação e o aproveitamento adequados desses subprodutos são fundamentais
tanto para garantir o uso eficiente dos recursos provenientes do abate de animais quanto para
evitar o desperdício. É importante ressaltar que essa classificação e destinação adequada
dos subprodutos do abate estão em conformidade com as regulamentações e normas
vigentes, que buscam garantir a qualidade e a segurança dos alimentos, bem como a
sustentabilidade das cadeias produtivas envolvidas (PARDI, 1996).
Esterqueira:
A esterqueira desempenha um papel fundamental no sistema de tratamento de
resíduos de frigoríficos, proporcionando uma etapa crucial para o processamento adequado
desses materiais. Sua função principal é separar os resíduos indesejáveis, como panças e
buchos, antes que sejam encaminhados para o restante do processo de tratamento. Uma vez
que esses resíduos passam pela esterqueira, ocorre uma transformação significativa. Eles
são convertidos em adubo de alta qualidade, tornando-se um recurso valioso para a
fertilização do solo. Essa etapa de compostagem permite a decomposição e a estabilização
dos resíduos, resultando em um produto final seguro e nutritivo para as plantas (PACHECO,
2006).
Compostagem:
A compostagem tem se revelado como uma opção viável, de custo acessível e
altamente eficiente em termos de higiene para eliminar patógenos de resíduos sólidos.
Especificamente, os pequenos frigoríficos e abatedouros, que são classificados como
agroindústrias devido ao processamento de produtos de origem animal, podem se beneficiar
desse método, pois seus resíduos incluem vísceras de animais abatidos, pedaços de carne
sem valor comercial, sebo, sangue e outros materiais que podem ser tratados biologicamente
por meio da compostagem. Esses estabelecimentos, geralmente localizados em áreas rurais,
podem aproveitar a matéria-prima tratada pela compostagem para obter composto orgânico
como subproduto, que pode ser usado como fonte de nutrientes na produção local de grãos
ou ser comercializado, gerando uma fonte direta de renda para os produtores. Além disso,
vários especialistas têm mencionado o uso de adubos orgânicos como uma alternativa para
reduzir o consumo de energia nas plantações, resultando em economia de recursos naturais
(COSTA, 2005).
Água:
Devido à extensa demanda hídrica nos procedimentos de abate, é crucial adotar uma
abordagem mais cuidadosa em relação ao uso da água, buscando minimizar o desperdício e
promovendo sua reutilização nos processos produtivos. Isso se torna especialmente
importante para garantir a qualidade dos produtos gerados e assegurar que estejam livres de
contaminação. A água empregada na lavagem das carcaças e na produção de subprodutos
pode ser reaproveitada em diferentes áreas que não requerem água potável, tais como: a
higienização dos caminhões de transporte, a limpeza das instalações suínas, a lavagem dos
pisos externos da indústria, o resfriamento das caldeiras e o abastecimento de sanitários
(PACHECO, 2008).
Ossos:
Os componentes ósseos podem ser direcionados para a produção de subprodutos
que são utilizados na alimentação animal. No passado, eles também eram aproveitados na
indústria de transformação (BASSOI, 1991).
Biogás:
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Visando aprimorar ainda mais a eficiência do sistema, é proposto o uso do biogás
gerado na lagoa anaeróbia por meio da implementação de um biodigestor do tipo lagoa
coberta. Essa estratégia tem como objetivo aproveitar o potencial energético do biogás,
produzido durante o processo de decomposição anaeróbia de resíduos orgânicos. Ao utilizar
um biodigestor em formato de lagoa coberta, é possível capturar e armazenar o biogás,
transformando-o em uma valiosa fonte de energia renovável. Esse biogás pode ser utilizado
para gerar eletricidade, calor ou até mesmo como combustível para veículos. Dessa forma,
além de tratar os resíduos orgânicos de maneira eficiente, o sistema se torna
autossustentável, contribuindo para a redução do consumo de energia não renovável
(CARDOSO, 2015).
Sangue:
O sangue colhido no processo de sangria é transferido para o túnel de subprodutos
por meio de uma bomba ou sistema de vácuo. Após o recebimento, o sangue é armazenado
em um tanque de depósito e, em seguida, submetido a um pré-aquecimento a uma
temperatura de 42ºC. Nesse momento, ocorre a coagulação do sangue, separando-se em
frações líquidas e sólidas. A parte sólida é armazenada em um tanque específico para
posteriormente passar por um processo de cozimento, que tem como finalidade a produção
de farinhas (PACHECO, 2008).
Sebo:
O sebo bovino é um recurso amplamente utilizado na indústria de limpeza, higiene e
na fabricação de biodiesel. Sua composição é principalmente composta por ácidos graxos de
cadeia saturada, o que o torna quimicamente semelhante aos óleos vegetais. As principais
diferenças residem nos tipos e distribuições dos ácidos graxos combinados com o glicerol.
Portanto, o sebo bovino também pode ser uma alternativa viável para a produção de biodiesel
(KRAUSE, 2008).
Legislação ambiental
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Em frigoríficos, assim como em vários tipos de indústria, alto consumo de água
acarreta grandes volumes de efluentes - 80 a 95% da água consumida é descarregada como
efluente líquido (UNEP; DEPA; COWI, 2000). Estes efluentes caracterizam-se principalmente
por:
- Alta carga orgânica;
- Alto conteúdo de gordura;
- Flutuações de pH em função do uso de agentes de limpeza ácidos e básicos;
- Altos conteúdos de nitrogênio, fósforo e sal;
- Teores significativos de sais diversos de cura e, eventualmente, de compostos
aromáticos diversos (no caso de processos de defumação de produtos de carne);
- Flutuações de temperatura (uso de água quente e fria).
Desta forma, os despejos de frigoríficos possuem altos valores de DBO (demanda
bioquímica de oxigênio) e DQO (demanda química de oxigênio) – parâmetros utilizados para
quantificar carga poluidora orgânica nos efluentes -, sólidos em suspensão, graxas e material
flotável.
Fragmentos de carne, de gorduras e de vísceras normalmente podem ser encontrados
nos efluentes. Portanto, juntamente com sangue, há material altamente putrescível nestes
efluentes, que entram em decomposição poucas horas depois de sua geração, tanto mais
quanto mais alta for a temperatura ambiente.
No Brasil, a fiscalização das atividades nos frigoríficos é de responsabilidade do
MAPA, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O MAPA dispõe de auditorias
fiscais federais, que podem ser permanentes na organização a depender do tamanho da
empresa. Esse ministério é responsável por negociar os requisitos com os países de destino
e, posteriormente, fiscalizá-los nos frigoríficos. O MAPA, também, garante o desenvolvimento
sustentável juntamente com a competitividade das empresas, visando a segurança alimentar,
não só dos produtos exportados, mas também para o consumo da população brasileira.
Assim, fortalecendo o setor produtivo nacional e favorecendo a inserção do Brasil no mercado
internacional (MACHADO, 2021).
Nos frigoríficos, e na maioria das indústrias, o tratamento de efluentes tem o objetivo
de atender a legislação. E para cumprir tal objetivo o processo de tratamento de efluentes,
em frigoríficos, pode ser dividido em processos físicos e biológicos para remoção dos
poluentes.
Os processos físicos são processos de operações unitárias e têm como característica
os métodos de separação de fases, sendo que este fato pode ocorrer através de
gradeamento, peneiramento, sedimentação ou decantação e por flotação dos resíduos
(BRANDÃO; CASTILHO, 2001).
A decomposição da matéria orgânica pode ocorrer através de dois processos, sendo
na presença de oxigênio, conhecido como processo aeróbio, e na ausência de oxigênio,
conhecido como processo anaeróbio. Em frigoríficos o processo biológico no tratamento de
efluentes é dividido nessas duas categorias (METCALF; EDDY, 2016). A etapa de tratamento
biológico dos efluentes gerados por frigoríficos geralmente é constituída, primeiramente, por
uma etapa anaeróbia, para que os compostos complexos presentes nos resíduos líquidos
sejam convertidos em compostos mais simples, assim passando pela etapa aeróbia
posteriormente. Portanto, os processos mais presentes nos frigoríficos são: a etapa
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anaeróbia é realizada em lagoas de estabilização; e a etapa aeróbia também é muito comum
a presença de lagoas e/ou sistema de lodos ativados.
A Resolução CONAMA nº 430 estabelece condições e padrões para o lançamento de
efluentes em corpos hídricos e designa ao órgão ambiental competente a fiscalização, este
órgão depende da atividade realizada e/ou localização da empresa. A Resolução deixa a
autonomia para o órgão ambiental de acrescentar padrões para o tratamento de efluentes,
tendo em vista as condições locais, desde que há fundamentações técnicas sobre as
alterações. Porém os lançamentos de efluentes não podem estar em desacordo com as
condições padrões apresentados pela Resolução, o órgão ambiental competente poderá,
excepcionalmente, autorizar o lançamento de efluente acima das condições e padrões
estabelecidos pela Resolução, estas condições são (SILVA, 2015):
1. pH entre 5 e 9;
2. temperatura: inferior a 40 ºC, sendo que a variação de temperatura do corpo receptor
não deverá exceder a 3 ºC na zona de mistura;
3. materiais sedimentáveis: até 1 mL/L em teste de 1 hora em cone Imhoff. Para o
lançamento em lagos e lagoas, cuja velocidade de circulação seja praticamente nula,
os materiais sedimentáveis deverão estar virtualmente ausentes;
4. regime de lançamento com vazão máxima de até 1,5 vezes a vazão média do período
de atividade diária do agente poluidor, exceto nos casos permitidos pela autoridade
competente;
5. óleos minerais: até 20 mg/L; 29
6. óleos vegetais e gorduras animais: até 50 mg/L;
7. ausência de materiais flutuantes;
8. DBO: remoção mínima de 60%.
Fappi (2015) realizou estudo e observou que o reuso de efluente tratado de frigoríficos
de suínos pode ser feito na própria agroindústria, em torres de resfriamento, lavagem de
veículos, lavagem de pisos, irrigação de áreas verdes, descargas sanitárias e proteção contra
incêndio. Em relação aos tipos de reuso, a Norma Brasileira Regulamentadora NBR 13.969
(1997) estabelece critérios para a prática de reuso de águas residuárias em termos classes.
A reutilização de efluentes de agroindústrias de processamento de carne na agricultura, para
fazer fertirrigação, após tratamento prévio pode ser uma boa alternativa, pois pode colaborar
com a conservação dos recursos hídricos para outras atividades e ainda possibilita a
produção de alimentos (JUCHEN et al., 2013).
A CONAMA nº 503, estabelece critérios e procedimentos para o reúso em sistemas
de fertirrigação de efluentes provenientes de indústrias de alimentos, bebidas, laticínios,
frigoríficos e graxarias. O reúso de que trata esta Resolução deve ser realizado com o efluente
estabilizado de acordo com os parâmetros e valores nela previstos. A caracterização do
efluente para reúso em sistemas de fertirrigação deve ser realizada antes da primeira
aplicação e, após, anualmente, considerando-se estabilizado caso atenda aos seguintes
parâmetros e valores máximos:
1. pH: entre 5 e 9;
2. óleos e graxas: óleos minerais: até 20 mg/L; óleos vegetais e gorduras animais: até
50 mg/L;
3. parâmetros e valores máximos estabelecidos na Resolução CONAMA nº 430, de
2011, art. 16, II, exceto aqueles de interesse agronômico quais sejam, Boro total,
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Cobre dissolvido, Ferro dissolvido, Manganês dissolvido, Nitrogênio amoniacal total e
Zinco total.
Quanto aos frigoríficos, há o Decreto nº 30.691 de 29 de março de 1952 que aprova
o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal, abreviado
RISPOA. O decreto estabelece normas que abrange todo o território brasileiro em indústrias
que contêm produtos de origem animal, tanto para industrializados ou abate. A inspeção
acontece de acordo com o Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal
(DIPOA) e abrange vários aspectos, entre eles o que diz respeito a utilização da água, sendo
a captação, canalização, deposito, tratamento e escoamento das águas residuárias. O DIPOA
é responsável pela inspeção ambiental de forma geral e se aplica as regras impostas pela
Resolução nº 430 a respeito do tratamento de efluentes (BRASIL, 1952).
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Fonte: Os Autores, 2023
Esse dimensionamento apenas dimensionou os dois reatores biológicos, a fossa
séptica e o LAB (Lodo ativado por batelada), o gradeamento inicial é apenas preventivo pois
é esperado um efluente sanitário já encanado que não possui sólidos grosseiros, e seu
dimensionamento feito separadamente apresentou resultados muito inconsistentes com a
realidade.
Fossa séptica:
O Dimensionamento da fossa séptica foi feito seguindo instruções da NBR 7229 e começou
com o cálculo do seu volume como mostrado na FIGURA x:
FIGURA 3 – EQUACIONAMENTO PARA DIMENSIONAR DE UM TANQUE SÉPTICO
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N=500 pessoas;
Tirando os valores a seguir de tabelas presentes na NBR 7229:
C= 70 L / pessoa x dia;
Lf= 0,3 L / pessoa x dia;
Assumindo uma manutenção a cada 2 anos temos e considerando uma temperatura média
das mínimas diárias no inverno de 10 ºC em Curitiba:
K= 134 dias;
Como L > 9000, temos:
T= 0,5 dias;
V necessário= 38,6 m3
Utilizando recomendações da NBR de profundidade útil entre 1,80 m e 2,80 m para
volume útil maior que 10,0 m e para tanques prismáticos retangulares uma razão de 2:1
entre o comprimento e a largura temos as dimensões úteis:
Comprimento útil = 5,3 m
Largura útil = 2,65 m
Profundidade útil = 2,8 m
V útil = 39,3 m3
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Comprimento útil = 4,5 m
Largura útil = 4,5 m
Profundidade útil = 3,5 m
Eficiência da ETE:
Como temos 70 L / pessoa x dia, e 25 g DBO / pessoa x dia, chegamos a conclusão
que o efluente a ser tratado possui uma carga de 357 mg / L de DBO. O tanque séptico
seguido por um LAB (Lodo ativado por batelada) possui uma eficiência que varia de 70 a
95%, conforme a NBR 13969.
Se baseando em uma eficiência de 70%, no pior dos casos, temos uma carga final
de DBO de 107 mg / L. Baseando em um valor médio de 80% de eficiência, temos uma
carga final de DBO de 71 mg / L. Para ambos os casos obtemos valores menores que o
estabelecido na CONAMA 430, que também pede uma eficiência mínima de 60% caso o
valor de DBO final se encontre acima de 120 mg /L.
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remoção de sólidos sedimentáveis, em suspensão e emulsionados – sólidos mais finos ou
menores;
− Equalização: realizada em um tanque de volume e configuração adequadamente
definidos, com vazão de saída constante e com precauções para minimizar a sedimentação
de eventuais sólidos em suspensão, por meio de dispositivos de mistura. Permite absorver
variações significativas de vazões e de cargas poluentes dos efluentes líquidos a serem
tratados, atenuando picos de carga para a estação de tratamento. Isto facilita e permite
otimizar a operação da estação como um todo, contribuindo para que se atinja os
parâmetros finais desejados nos efluentes líquidos tratados;
− Tratamento secundário: para remoção de sólidos coloidais, dissolvidos e
emulsionados, principalmente por ação biológica, devido à característica biodegradável do
conteúdo remanescente dos efluentes do tratamento primário, após equalização. Nesta
etapa, há ênfase nas lagoas de estabilização, especialmente as anaeróbias. Assim, como
possibilidades de processos biológicos anaeróbios, pode-se citar: as lagoas anaeróbias
(bastante utilizadas), processos anaeróbios de contato, filtros anaeróbios e digestores
anaeróbios de fluxo ascendente. Com relação a processos biológicos aeróbios, pode-se ter
processos aeróbios de filme (filtros biológicos e biodiscos) e processos aeróbios de
biomassa dispersa (lodos ativados - convencionais e de aeração prolongada, que inclui os
valos de oxidação). Também é bastante comum observar o uso de lagoas fotossintéticas na
seqüência do tratamento com lagoas anaeróbias. Pode-se ter, ainda, tratamento anaeróbio
seguido de aeróbio;
− Tratamento terciário (se necessário, em função de exigências técnicas e legais
locais): realizado como “polimento” final dos efluentes líquidos provenientes do tratamento
secundário, promovendo remoção suplementar de sólidos, de nutrientes (nitrogênio, fósforo)
e de organismos patogênicos. Podem ser utilizados sistemas associados de nitrificação-
desnitrificação, filtros e sistemas biológicos ou físico-químicos (ex.: uso de coagulantes para
remoção de fósforo).
O tratamento por meio de coagulação/floculação pode ser utilizado para o
tratamento de água para abastecimento público, efluentes, esgotos domésticos (MONACO
et al., 2010). Segundo Vaz et al. (2010) a finalidade do processo de coagulação/floculação é
a remoção de substâncias coloidais, que são materiais sólidos em suspensão (cor) e
dissolvidos (turbidez). Geralmente essa operação é vista como pré-tratamento.
Muitas indústrias têm buscado tecnologias que sejam ambientalmente corretas,
como o reuso de efluente tratado. O reuso pode reduzir a poluição hídrica e a redução da
demanda de água (SILVA; EYNG, 2013).
A reutilização de efluentes pode ser feita para fins potáveis e não potáveis. O reuso
potável acaba gerando altos custos e pode oferecer riscos a saúde da população. O reuso
para fins não potáveis pode ocorrer para diversas finalidades, como irrigação, limpeza urbana,
paisagismo, recreação, piscicultura e manutenção de vazão ecológica (GIORDANI; SANTOS,
2003).
Fappi (2015) realizou estudo e observou que o reuso de efluente tratado de frigoríficos
de suínos pode ser feito na própria agroindústria, em torres de resfriamento, lavagem de
veículos, lavagem de pisos, irrigação de áreas verdes, descargas sanitárias e proteção contra
incêndio. Em relação aos tipos de reuso, a Norma Brasileira Regulamentadora NBR13.969
(1997) estabelece critérios para a prática de reuso de águas residuárias em termos classes.
São quatro classes de água de reuso:
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FIGURA 5 – EQUACIONAMENTO PARA DIMENSIONAR DE UM LAB
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Referências
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Costa, L. A. de. M. Adubação orgânica na cultura do milho: parâmetros fitométricos e
químicos. Botucatu: FCA/UNESP, 2005, 121p. Tese Doutorado.
KRAUSE, Laiza Canielas. Desenvolvimento do Processo de Produção de Biodiesel de
Origem Animal. 2008. 130 f. Tese (Doutorado) - Curso de 69 Programa de Pós-graduação
em Química, Instituto de Química, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre,
2008.
PACHECO, José Wagner. Guia técnico ambiental de frigoríficos - industrialização de
carnes (bovina e suína). José Wagner Pacheco. São Paulo: CETESB, 2006.
PARDI, M. C. Ciência, higiene e tecnologia da carne. Goiânia-GO: Cegraf-Ufg, 1996.
UNEP – UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME; DEPA – DANISH
ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY; COWI Consulting Engineers and Planners AS,
Denmark. Cleaner production assessment in meat processing. Paris: UNEP, 2000.
Disponível em: http://www.agrifood-forum.net/publications/guide/index.htm. Acesso em: 22
de junho de 2023.
NBR 13969, Tanques sépticos - Unidades de tratamento complementar e disposição final
dos efluentes líquidos - Projeto, construção e operação. 1997.
NBR 7229, Projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos. 1993.
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