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ESCOLA TÉCNICA ESTADUAL OSCAR TENÓRIO- Anatomia- 1ª Série

APOSTILA DE REVISÃO-ANATOMIA E FISIOLOGIA DOS SISTEMAS DIGESTÓRIO, RESPIRATÓRIO


E CARDIOVASCULAR.

SISTEMA DIGESTÓRIO

A função do sistema digestório é transformar moléculas grandes, em moléculas menores (nutrientes)


que podem ser absorvidas. Na absorção, os nutrientes passam para o sangue, os quais serão levados para
as células do corpo. Existem dois tipos de digestão. Na digestão mecânica a saliva umedece os alimentos
e a mastigação contribui para a quebra do alimento. A digestão química se dá através de enzimas digestivas,
que são proteínas capazes de acelerar uma reação química, quebrando os alimentos em moléculas
menores.

Órgãos do sistema digestório

Boca- Produção da saliva, constituída


basicamente de água (95%), muco,
diversos sais e a enzima amilase salivar
(ptialina). Esta enzima quebra o amido
(polissacarídio vegetal) e o gligogênio
(polissacarídio animal), em maltose (um
dissacarídio). A boca possui um pH
neutro.
Faringe- Na deglutição, o bolo alimentar
passa da faringe para o esôfago. Para o
alimento não cair no tubo respiratório, a
epiglote (cartilagem da laringe) fecha a
entrada da laringe (glote). Se há um
descontrole, nós nos engasgamos e a
tosse ajuda a desobstruir a via
respiratória.
Esôfago- Ocorre os movimentos
peristálticos, que são involuntários e
realizados pelos músculos do sistema
digestório, empurrando o alimento
unidirecionalmente (esôfago- estômago-
intestino).

Estômago- O estômago produz o suco


gástrico, que é rico em ácido clorídrico
(HCl). A acidez do estômago (pH 2) é importante para a conversão da enzima inativa conhecida por
pepsinogênio em enzima ativa: a pepsina. A pepsina quebra proteínas em polipeptídios. A acidez também
é importante para promover a morte de micro-organismos patogênicos. No suco gástrico, há também a
enzima renina, produzida em lactentes e crianças. Ela permite que o leite coagulado permaneça mais tempo
no estômago, para que seja melhor digerido. Água, sais, álcool e alguns medicamentos podem ser
absorvidos já no estômago. Após a passagem do bolo alimentar pelo estômago, este passa a ser chamado
de quimo.

Intestino delgado (dividido em 3 partes- duodeno, jejuno e íleo)- Onde ocorre a maior parte da absorção.
O suco entérico (suco intestinal), produzido pelo intestino delgado, é rico em enzimas:
• LACTASE: fragmenta a lactose (dissacarídeo encontrado no leite) em glicose e galactose.
• SACARASE: fragmenta a sacarose (dissacarídeo encontrado nas frutas) em glicose e frutose.
• MALTASE: fragmenta a maltose (proveniente dos polissacarídeos, como o amido) em glicose.
• DIPEPTIDASE e TRIPEPTIDASE: fragmenta os peptídeos em aminoácidos.

No duodeno, desembocam os canais do pâncreas e do fígado (ampola hepatopancreática), trazendo


respectivamente, o suco pancreático e o suco biliar.
a) Suco pancreático – Este suco contém bicarbonato de sódio (pH 9), tornando o pH alcalino (básico),
que ao ser lançado no duodeno, neutraliza a acidez do quimo. As enzimas pancreáticas atuam num pH
em torno de 8. As principais enzimas pancreáticas são:
• AMILASE PANCREÁTICA: fragmenta polissacarídios em maltose e glicose.
• TRIPSINA E QUIMIOTRIPSINA: fragmenta proteínas em oligopeptídios.
• CARBOXIPEPTIDASES E AMINOPEPTIDASES: quebra oligopeptídios em aminoácidos.
• LIPASE PANCREÁTICA: fragmenta os lipídios em ácidos graxos e glicerol.
• NUCLEASES: fragmenta os ácidos nucleicos (DNA e RNA) em nucleotídeos.
b) Suco biliar – conhecido como bile, é produzido pelo fígado e armazenado na vesícula biliar. A bile tem
como função emulsionar as gorduras, fazendo com que gotas de lipídios se transformem em gotículas,
aumentando a superfície de contato das gorduras, a fim de que as lipases possam digeri-las. Portanto,
a bile não é uma enzima, mas facilita a digestão. Além disso, a bile favorece a absorção das vitaminas
A, D e K, elimina o excesso de colesterol, bilirrubina e produtos da degradação de medicamentos e
drogas.

Os produtos finais
da digestão constituem
o quilo. O intestino
apresenta dobras que
aumentam sua
superfície interna,
chamadas de
vilosidades intestinais.
As microvilosidades são
dobras microscópicas
nas membranas
plasmáticas das células
intestinais que também
aumentam a superfície
de contato para a
absorção dos
nutrientes. No jejuno-
íleo ocorre a absorção
de nutrientes para o
sangue.

Intestino grosso- Este é dividido em ceco, cólon ascendente, cólon transversal, cólon descendente e cólon
sigmoide. Os restos não digeridos passam para o intestino grosso, onde a maior parte da água e sais serão
absorvidos para o sangue. Neste órgão há uma “criação de bactérias” (flora intestinal), produzindo vitaminas
do complexo B, K, vit. B9 e biotina). A flora intestinal é útil para evitar a proliferação de bactérias patogênicas.
As fezes são formadas por 75% de água e 25% de parte sólida. Da parte sólida, 30% é constituída por
bactérias (coliformes fecais) e 70% por sais, muco, fibras de celulose e outros componentes não digeridos.

SISTEMA RESPIRATÓRIO

As células executam a respiração celular, onde substâncias orgânicas no interior das mitocôndrias
reagem com gás oxigênio (O2), liberando energia. Os produtos da respiração celular são água (H 2O) e gás
carbônico (CO2), este último deve ser eliminado do corpo. Nutrientes e O 2 chegam às células pelo sangue e
o CO2 produzido pelas células é levado pelo sangue aos órgãos encarregados de eliminá-lo. O CO2 é
eliminado nos pulmões e passa para o ar, ao mesmo tempo em que o sangue se abastece de O 2 que é
levado até as células, o que constitui a respiração pulmonar. Portanto, o termo respiração é empregado em
dois níveis, um celular e outro, pulmonar. Nesta apostila vamos estudar a respiração pulmonar.
Órgãos do sistema respiratório
Cavidades nasais- São duas cavidades, separadas por cartilagem (septo nasal). As células do epitélio que
revestem as fossas nasais produzem o muco que escorre para a garganta, sendo engolido junto com a
saliva. O muco umedece as vias respiratórias e retém partículas sólidas e bactérias do ar. Nas cavidades
nasais, portanto, o ar é filtrado, umedecido e aquecido. Por isso, é importante respirar sempre pelo nariz,
principalmente no inverno.
Laringe- O ar passa pelas cavidades nasais, faringe e chega à laringe. A entrada da laringe é chamada
glote e acima dela há uma “válvula” de cartilagem, a epiglote. Quando engolimos, a laringe sobe e sua
entrada é fechada pela epiglote, impedindo o alimento de penetrar nas vias respiratórias. O revestimento
interno da laringe apresenta pregas, as cordas vocais, que produzem sons.
Traqueia- Tubo com paredes de anéis cartilaginosos. Na região superior do peito, a traqueia divide-se em
dois tubos curtos e também reforçados por anéis de cartilagem, os brônquios.
Brônquios e bronquíolos- Conduzem o ar aos pulmões. Os brônquios se ramificam em tubos mais finos,
os bronquíolos. As ramificações dos bronquíolos formam a árvore respiratória. Os bronquíolos terminam nos
alvéolos pulmonares. A traqueia, os brônquios e os bronquíolos são revestidos por um epitélio ciliado, rico
em células produtoras de muco. Partículas de poeira e bactérias aderem ao muco, sendo “varridas” em
direção à faringe, onde são engolidos e vão para o tubo digestório.
Pulmões e alvéolos pulmonares- Estão localizados no interior da caixa torácica. Os pulmões são envoltos
por duas membranas denominadas pleuras. Entre as pleuras há um estreito espaço, preenchido por uma
finíssima camada líquida. A tensão superficial desse líquido mantém unidas as duas pleuras, mas permite
que elas deslizem uma sobre a outra. Cada pulmão é constituído por cerca de 150 milhões de alvéolos
pulmonares, pequenos sacos de paredes finas, formados por células achatadas e recobertos por capilares
sanguíneos. É exatamente na superfície dos alvéolos que ocorrem as trocas gasosas entre o sangue e o ar.
Nesse processo, denominado hematose, o O2 difunde-se do ar dos alvéolos para o sangue dos capilares,
enquanto o CO2 difunde-se no sentido inverso.

Fisiologia da respiração- Depende da ação dos músculos que ligam as costelas entre si (músculos
intercostais) e de uma membrana musculosa, o diafragma, que separa a cavidade torácica da cavidade
abdominal. A entrada de ar nos pulmões, chamada inspiração, dá-se pela contração da musculatura do
diafragma e dos músculos intercostais. Com isso, o diafragma abaixa e as costelas elevam-se, o que
aumenta o volume da caixa torácica. A pressão interna dos pulmões torna-se menor que a externa, forçando
o ar a entrar nos pulmões. A expiração é a saída de ar dos pulmões: a musculatura do diafragma e os
músculos intercostais relaxam. Com isso, o diafragma se eleva e as costelas abaixam, o que diminui o
volume da caixa torácica. A pressão interna torna-se maior que a externa, forçando o ar a sair dos pulmões.
Hematose- Nos alvéolos ocorre a hematose onde, o O2 presente no ar dos alvéolos difunde-se para os
capilares e penetra nas hemácias. O O2 combina-se com a hemoglobina, formando um composto instável.
(oxiemoglobina- HbO2). Nos tecidos, o oxigênio desprende-se entrando nas células e o CO2 é reabsorvido
pelos capilares. Cerca de 7% do CO2 fica dissolvido no plasma. Outros 23% se associam a hemoglobina
(carboemoglobina- HbCO2). A maior parte do CO2 penetra nas hemácias, onde reage com a água, formando
ácido carbônico (H2CO3), que se dissocia em íons H+ e íons bicarbonato. Os íons bicarbonato vão para o
plasma, controlando a acidez. Nos alvéolos, os íons bicarbonato entram nas hemácias e formam ácido
carbônico, que se transforma em água e CO2. O CO2 se difunde para o ar alveolar.
O perigo do monóxido de carbono (CO)- O CO é um gás inodoro, produzido na combustão incompleta,
como na queima de carvão, combustíveis de automóveis e cigarro. O CO combina-se com a hemoglobina e
origina um composto estável (carboxiemoglobina) o qual inutiliza a hemoglobina irreversivelmente para o
transporte de O2. Assim, a respiração de ar rico em CO pode levar à morte por asfixia.

SISTEMA CARDIOVASCULAR

O coração humano tem quatro cavidades


ou câmaras cardíacas: as duas superiores
chamadas de átrios ou aurículas; as duas
inferiores chamadas de ventrículos. A
parede dos ventrículos é constituída por uma
musculatura mais espessa que a da parede
dos átrios. Essa diferença relaciona-se à
função dessas câmaras: enquanto os átrios
bombeiam sangue para os ventrículos
imediatamente abaixo deles, os ventrículos
bombeiam sangue para o corpo todo. Para
que o sangue siga uma única direção, dos
átrios para os ventrículos e neles não
retorne, são necessárias as valvas:
✓ Valva atrioventricular direita (válvula
tricúspede)- O sangue passa do átrio
direito para o ventrículo direito.
✓ Valva atrioventricular esquerda
(válvula mitral ou bicúspide)- O
sangue passa do átrio esquerdo para
o ventrículo esquerdo.

Os tipos de vasos sanguíneos- As artérias são vasos que levam sangue do coração para órgãos e
tecidos. As artérias apresentam parede mais espessa que a das veias. A maioria das artérias transporta
sangue oxigenado (rico em O2), mas as artérias pulmonares transportam sangue venoso (pobre em O2) do
coração até os pulmões. A artéria aorta é a mais calibrosa do corpo. Nos tecidos as artérias ramificam-se
em finíssimos vasos, as arteríolas. A veia transporta sangue dos tecidos para o coração. Nas veias, o
sangue flui não por contração da parede, mas pelo movimento dos músculos esqueléticos próximos. As
válvulas no interior das veias impedem o refluxo de sangue e garantem sua circulação em um único
sentido. Nos tecidos, as vênulas que são finíssimos vasos, oriundos de capilares, formam as veias. Os
capilares são vasos finíssimos, constituídos por uma única camada de células.
Fisiologia da circulação- O relaxamento de uma câmara cardíaca é chamado diástole, e sua contração é
chamada sístole. Na diástole, a câmara cardíaca enche-se de sangue e, durante a sístole, ela bombeia o
sangue para fora. Uma sequência completa de sístole e diástole das câmaras do coração é chamada ciclo
cardíaco e dura cerca de (0,8 s). O início do ciclo cardíaco é marcado pela sístole dos átrios, que bombeiam
sangue para o interior dos ventrículos que estão em diástole. Então, os ventrículos direito e esquerdo entram
em sístole, bombeando sangue, respectivamente, para as artérias pulmonares e aorta. Durante a sístole
ventricular, as valvas atrioventriculares direita e esquerda se fecham, evitando o retorno de sangue para os
átrios. Enquanto a sístole ventricular progride, os átrios entram em diástole, enchendo-se novamente de
sangue. Ao ocorrer a sístole atrial, terá início um novo ciclo cardíaco.
Por isso, diz-se que nossa circulação é dupla, sendo os trajetos:

✓ Pequena circulação (circulação pulmonar)- O sangue venoso (pobre em O2) do lado direito é enviado
para os pulmões para ser oxigenado (hematose) voltando oxigenado ao lado esquerdo do coração.
Trajeto: o sangue sai do ventrículo direito pela artéria pulmonar e nos pulmões despeja o CO2 nos
alvéolos. O sangue arterial (rico em O2) volta pelas veias pulmonares que desembocam no átrio
esquerdo. Resumo: VD → artéria pulmonar → pulmões (hematose) → veias pulmonares → AE
✓ Grande circulação (Circulação Sistêmica)- O sangue oxigenado sai do ventrículo esquerdo pela artéria
aorta que distribui este sangue para os tecidos. As células realizam a respiração celular liberando o CO2
que será levado ao coração pelas veias cavas que desembocam no átrio direito.
Resumo: VE → artéria aorta → tecidos ( Respiração celular) → veias cavas → AD

Pressão arterial- Pressão arterial é a pressão que o sangue exerce sobre a parede interna das artérias.
Quando o sangue é bombeado pelos ventrículos, ele penetra nas artérias sob alta pressão. Em uma pessoa
com boa saúde, a pressão nas artérias durante a sístole ventricular, chamada pressão sistólica (ou máxima),
oscila em torno de 120 mm Hg e 130 mm Hg. Durante a diástole, a pressão fica em torno de 70 a 80 mm Hg
(pressão diastólica ou mínima). Simplificando, a pressão normal é de 12 por 8. O esfigmomanômetro é o
aparelho usado para medir a pressão.

BIBLIOGRAFIA
• AMABIS, Jose Mariano; Martho, Gilberto Rodrigues. Biologia Moderna 2. Editora: Moderna, 1ª Edição. São Paulo, 2016.
• CAMPBELL, N. A.; REECE, J. B. Biologia. 8. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.

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