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Unidade I – Veios

Sumário: Classificação, Desmontagem e


montagem (Continuação) .

Uma máquina em processo de manutenção preventiva apresentava


vários veios que necessitavam de reparos. Entre os veios, um cónico e
um roscado exibiam desgastes excessivos.

Como o mecânico de manutenção deverá proceder para reparar os


defeitos citados acima?

O tema desta aula trata de eixos e correntes; suas funções


características; danos típicos e como fazer a manutenção desses
elementos de máquinas.
Veios
Veios: são elementos mecânicos utilizados para articular um
ou mais elementos de máquinas. Quando móveis, os veios
transmitem potência por meio do movimento de rotação.
Exemplos: Veios dos navios acoplados às hélices “Veio
propulsor”.

Constituição dos veios


A maioria dos veios são construídos em aço com baixo e
médio teores de carbono. Os veios com médio teor de
carbono exigem um tratamento térmico superficial, pois
estarão em contacto permanente com buchas, rolamentos e
materiais de vedação. Existem veios fabricados com aços -
liga, altamente resistentes.
Classificação dos Veios
Quanto à secção transversal, os veios são circulares e podem ser
classificados em: maciços, vazados, cônicos, roscados, ranhurados
e flexíveis.

Veios maciços: Apresentam a secção transversal circular e maciça, com


degraus ou apoios para ajuste das peças montadas sobre eles.
Suas extremidades são chanfradas para evitar o rebarbamento e
suas arestas internas são arredondadas para evitar a concentração de
esforços localizados.
Classificação dos Veios
Veios vazados: São mais resistentes aos esforços de torção e
flexão que os maciços. Empregam-se esses veios quando há
necessidade de sistemas mais leves e resistentes, como os
motores de aviões.
Classificação dos Veios
Veios cónicos: Devem ser ajustados num componente
que possua furo de encaixe cónico. A parte ajustável tem
formato cónico é firmemente fixada por meio de uma
porca. Uma chaveta é utilizada para evitar a rotação
relativa.
Classificação dos Veios
Veios roscados: Possuem algumas partes
roscadas que podem receber porcas capazes de
prenderem outros componentes ao conjunto.
Classificação dos Veios
Veios ranhurados: Apresentam uma série de ranhuras longitudinais em
torno de sua circunferência. As ranhuras engrenam-se com os sulcos
correspondentes das peças a serem montadas neles. Os eixos
ranhurados são utilizados quando é necessário transmitir grandes
esforços.
Classificação dos Veios
Veios flexíveis: Consistem em uma série de camadas de
arame de aço enrolado alternadamente em sentidos opostos e
apertado fortemente.

O conjunto é protegido por meio de um tubo flexível, e a união


com o motor é feita com uma braçadeira especial munida de
rosca.

Os veios flexíveis são empregados para transmitir movimento a


ferramentas portáteis que operam com grandes velocidades e com
esforços não muito intensos.
Abordar a respeito dos veios no sentido geral, trata-se de
uma situação problemática que necessitaria muito tempo.

Portanto, nesta aula tratamos de definir o objecto de


estudo “Veios”, estudamos a sua constituição e
identificamo-los quanto a sua classificação cada tipo de
veio de forma à cumprir os objectivos traçados.
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“DEM”
Unidade I – Veios
Sumário: Desmontagem, montagem e Recuperação
dos Veios

Montar, desmontar e recuperar os danos sofridos em um


veio tem sido um dos grandes desafios no mercado
industrial e para dar resposta ao mesmo.

Nesta aula abordaremos assuntos como os critérios à


seguir na montagem e desmontagem dos veios e como
proceder à situações problemáticas que os mesmos
podem os apresentar.
Desmontagem dos Veios

A desmontagem de veios é aparentemente simples e fácil, porém exige os


seguintes Cuidados:

 Verificar a existência de elementos de fixação (anéis elásticos, parafusos,


pinos cónicos, pinos de posicionamento e chavetas) e retirá-los antes de sacar
o veio.
 Verificar se existe, na face do veio, um furo com rosca. O furo é construído
para facilitar a desmontagem do eixo por meio de um dispositivo para sacá-lo.
Desmontagem dos Veios
 Nunca bater com martelo na face do veio.
As pancadas provocam encabeçamento, não deixando que o veio passe pelo
mancal, além de produzir danos no furo de centro. Danos no furo de centro
impedem posteriores usinagens, onde seria fixado à máquina (torno,
rectificadora cilíndrica e fresadora) entrepontas.
Montagem de veios
A montagem de veios exige atenção, organização e limpeza rigorosa. Além desses
factores, os seguintes cuidados deverão ser observados:

 Efectuar limpeza absoluta do conjunto e do veio para diminuir o desgaste por


abrasão.

 Não permitir a presença de nenhum arranhão no veio para não comprometer


seu funcionamento e não provocar danos no mancal.

 Colocar os retentores cuidadosamente para não provocar desgastes no veio e


vazamentos de lubrificante.

 Não permitir a presença de nenhuma rebarba no veio.

 Verificar se as tolerâncias das medidas do veio estão correctas usando


paquímetro ou micrômetro.

 Pré-lubrificar todas as peças para que elas não sofram desgastes até o instante
da chegada do lubrificante quando a máquina for posta para funcionar.
Danos mais frequentes nos veios
Os veios sofrem dois tipos de danos: quebra ou fractura e desgaste.

A quebra é causada por sobrecarga ou fadiga.


A sobrecarga: é o resultado de um trabalho realizado além da capacidade de
resistência do veio.
A fadiga: é a perda de resistência sofrida pelo material do
veio, devido às solicitações no decorrer do tempo.

O desgaste de um veio é causado pelos seguintes factores:

 Engripamento do rolamento;
 Óleo lubrificante contaminado;
 Excesso de tensão na correia, no caso de eixos-árvore acionados por
correias;
 Perda de dureza por superaquecimento;
 Falta de lubrificante.
Recuperação dos Veios
Os veios são elementos mecânicos sujeitos a solicitações estáticas e
dinâmicas.
Para recuperar um veios, vários parâmetros devem ser definidos. Entre eles, os
seguintes são muito importantes:

 Análise das condições de trabalho do veio, como primeiro passo;


 Rotações por minuto ou por segundo que ele executa;
 Condições ambientais do meio onde ele se encontra;
 Presença eficiente de lubrificação;
 Pressões específicas por ele exercidas ou suportadas.

Estando todas as características de solicitações e trabalho em conformidade, a


próxima etapa observada na recuperação de um veio consiste em determinar o
tipo de material utilizado na sua recuperação e o processo de recuperação
empregado.
Recuperação dos Veios
A recuperação de um veio pode ser feita de duas formas: pela construção
de um veio novo ou pela reconstituição do próprio veio danificado.

Construção de um veio novo : Um veio novo deve ser usinado com sobre metal
suficiente para permitir uma rectificação das dimensões desejadas, após o
tratamento térmico, caso haja necessidade. Como podemos observar na imagem
abaixo.
Recuperação dos Veios
Reconstituição de veio por soldagem: Para reconstituir um veio pelo
processo de soldagem, é necessário preparar as juntas, ou seja, chanfrá –
las. Os rebaixamentos deverão ser suficientes para o recondicionamento e
para os tratamentos térmicos prévios.

A recuperação de veios por soldagem passa por três fases:

 Preparação dos veios: Exame da área onde se deu a ruptura,


eliminação do material fatigado da área de ruptura, verificação das
trincas remanescentes do próprio processo de fadiga ou ruptura,
usinagem para preparar as juntas.

 Escolha do material de adição e do processo de soldagem: O metal


de adição deve consistir de um material com elevada resistência
mecânica. O eletrodo precisa ter característica superior à apresentada
pelo veio, após a soldagem. O processo de soldagem mais apropriado
é o eléctrico, com eletrodos revestidos.
Recuperação dos Veios
Procedimento de soldagem: O procedimento de soldagem deve
abranger as seguintes fases:

 Efectuar a montagem de forma que as partes unidas possam girar após a


soldagem;
 Estabelecer a temperatura de pré-aquecimento de acordo com o material a ser
soldado;
 Efectuar a soldagem, mantendo a peça na temperatura de pré aquecimento,
evitando o super aquecimento que pode levar a deformações.

As deformações poderão ser evitadas desde que se faça uma soldagem por
etapas e numa sequência adequada;
 Deixar a solda resfriar lentamente para evitar choques térmicos;
 Realizar tratamentos térmicos: normalização ou beneficiamento.
Recuperação dos Veios
Salientemos que as peças deformadas não devem ser endireitadas em
prensas. Se o endireitamento for realizado em prensas, serão criadas tensões
elevadas na estrutura, com consequências imprevisíveis.

Recuperação de veios por deposição metálica:


Veios desgastados pelo trabalho podem ser recuperados
pelo processo de deposição metálica. É possível fazer essa
deposição metálica a quente ou por via electrolítica.

Em ambos os casos, as superfícies a serem recuperadas


precisam ser preparadas adequadamente.
A cilindricidade e o acabamento dos veios tem de estar compatíveis com o
processo de deposição metálica a ser realizado.
Nesta aula, demos continuidade à classificação dos veios,
tema na qual ajuda-nos identificar os mesmo.

Estudamos os cuidados à ter aquando da montagem e


desmontagem dos veios, que nos ajudaram na realização
de actividades práticas com melhor qualidade.

Tratamos também de abordar os danos mais frequentes


que os veios podem apresentar e métodos ou passos para
recuperá-los, de modos à dar resposta à muitos problemas
dessa componente a vida prática.
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“DEM”
Unidade I – Veios
Sumário: Desalinhamento dos veios

Nesta aula, abordar-se-ão temas como


descritos no sumário “Desalinhamento dos
veios”, aonde definiremos; desalinhamento,
tipos de desalinhamentos; causas que podem
estar na base do desalinhamento do veio;
consequências de um desalinhamento e efeitos
do desalinhamento.
Desalinhamento
Definição
Chamamos de desalinhamento ao desvio da
posição relativa do veio de rotação, quando o
equipamento está a funcionar em condições
normais de operação.
Desalinhamento de veios: ocorre quando as linhas
de centro dos eixos de rotação de duas máquinas não
estão em linha um com o outro. Tal desconformidade
propicia quebras mais frequentes de máquinas, ou seja,
resulta em redução no tempo médio entre falhas.
Tipos de desalinhamentos
Os desalinhamentos ocasionados em máquinas
rotativas acopladas podem ser de dois tipos:
desalinhamento paralelo, angular e mistos.

Desalinhamento paralelo: ocorre quando as


linhas de centro de dois eixos são paralelas, mas
não se encontram no ponto de transferência de
carga.
Tipos de desalinhamentos
Exemplo de desalinhamento paralelo:

Desalinhamento angular: ocorre quando as


linhas de centro de dois eixos se cruzam no
ponto de transferência de carga, mas não são
paralelos entre si.
Tipos de desalinhamentos
Exemplo de desalinhamento angular:

Desalinhamento mistos: é uma combinação


entre o desalinhamento angular e o paralelo
que ocorre entre máquinas rotativas.
Tipos de desalinhamentos
Exemplo de desalinhamento mistos:
Principais causas do desalinhamento

As principais causas do desalinhamento são:

 Montagens inadequadas;
 Alinhamentos imprecisos;
 Desgaste de mancais e rolamentos;
 Expansão térmica ignorada;
 Pé manco: ocorre quando uma ou mais pés da máquina
não se encontram no mesmo plano das outras. Esta
condição terá como consequência a distorção da base.
Esta distorção pode provocar uma falha nos rolamentos.
Consequências do pé manco
O pé manco apresenta como consequência:
 Distorção da carcaça da máquina;
 A distorção origina nos rolamentos, duas zonas
de cargas a 180 graus;
 Origina desalinhamento interno.
O pé manco paralelo pode ser corrigido medindo a
folga dos pés com um comparador enquanto o
pé é desapertado. Para corrigir este tipo de pé
manco basta colocar calços apropriados no pé a
corrigir.
Efeitos do desalinhamento
Os veios ou eixos desalinhados apresentam os seguintes
efeitos:
 Aumento dos níveis de vibração, o que acarreta vários
outros problemas;
 Maior desgaste dos elementos de vedação, provocando
vazamento excessivo de óleo; como vemos na imagem
abaixo.
Efeitos do desalinhamento
 Desgaste nos elementos de vedação. Como podemos
observar na imagem.

 Desgaste prematuro do acoplamento; como podemos


observar abaixo.
Efeitos do desalinhamento
 Desgaste do acoplamento;
 Alto consumo de energia;
 Aquecimento do acoplamento e dos mancais das
máquinas, em especial próximo aos mancais;
 Afrouxamento dos parafusos de fundação;
 Afrouxamento ou quebra dos parafusos do acoplamento;
 Alto número de falhas em acoplamentos (não usual) ou
desgaste rápido dos mesmos;
 Veios quebram ou trincam no ou próximo aos mancais
ou cubo do acoplamento;
 Quantidade excessiva de graxa (ou óleo) no lado interna
da protecção do acoplamento.
Entender o que é desalinhamento, tipos de
desalinhamentos, causas que provocam está
acção e suas consequências, foram os principais
pontos da aula de hoje, sem esquecer os seus
efeitos na máquina caso venham surgir como
situação problemática na indústria.

Portanto, após feito esses estudos, julgamos estar


em condições de servir as oficinas e laboratórios
das unidades fabris e não só, conciliando a teoria
com a prática; feito alguns ensaios.
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“DEM”
Unidade I – Veios
Sumário: Alinhamento de veios

Nesta aula, trataremos de abordar temas


como:
alinhamento e alinhamento mecânico,
objectivo do alinhamento, efeito do
alinhamento, métodos de alinhamento de
veio, procedimentos a seguir no processo
De alinhamento.
Alinhamento
Alinhamento: é, por assim dizer, uma
tendência, uma direcção ou um traço
característico de algo. Trata-se do acto de
alinhar, seja ou não literalmente.

Alinhamento mecânico: é um recurso utilizado


pela mecânica, em conjunto de equipamentos
rotativos, com a finalidade de deixar as faces do
acoplamento sempre com a mesma distância, em
qualquer ponto, e no mesmo plano.
Objectivo e efeitos do alinhamento

O objectivo do alinhamento é garantir o bom


funcionamento dos equipamentos rotativos
tendo, como característica principal eliminar
vibrações, aquecimento e dar maior
durabilidade aos componentes.
Efeitos do alinhamento
O alinhamento preciso das máquinas atingirá os
seguintes resultados:
 Reduzir forças radiais e axiais excessivas sobre
os mancais para garantir vida maior aos mancais
e estabilidade ao rotor sob condições dinâmicas
de operação.
 Minimizar o empeno de eixo do ponto de
transmissão de potência no acoplamento ao
mancal lado acoplamento.
 Minimizar o desgaste nos componentes do
acoplamento.
 Reduzir as falhas nos selos mecânicos.
Métodos de alinhamento de veios
Para efectuar o alinhamento de um veio, cumpre-se vários
métodos ligados aos materiais que serão usados para o
efeito:
Régua e calibrador de folga: O alinhamento com régua e
calibrador de folga deve ser executado em equipamento de
baixa rotação e com acoplamento de grandes diâmetros e
em casos que exijam urgência de manutenção.

Régua para alinhamento de veio Calibrador de folgas


Métodos de alinhamento de veios

Relógio Comparador: O comparador é um instrumento


mecânico de precisão que mede a posição relativa do veio.
Métodos de alinhamento de veios

Alinhamento por laser


O sistema laser executa medidas da posição angular e
paralela do eixo através da emissão de um laser pelo
transdutor (parte fixa) para o prisma (parte móvel).
Métodos de alinhamento de veios

Alinhamento por laser, Vantagem e desvantagens.


Vantagens:
 Aumenta significativamente a precisão do alinhamento;
 Ideal para distâncias longas;
 Tempo para alinhamento é reduzido;
 A existência de “runout” no acoplamento não afectará as leituras;
 Não é necessário calcular a “deflexão” ;
 O equipamento calcula o desalinhamento e as correcções a efectuar.

Desvantagem:
 A precisão do alinhamento é afectada pela luz ambiente e pelas
partículas suspensas no ar.
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“DEM”
Unidade I – Veios
Sumário: Alinhamento de veios (Continuação)

Nesta aula, trataremos de abordar temas


como:
Frequência na qual o alinhamento deve ser
verificado e os procedimentos a seguir no
processo de alinhamento.
Frequência na qual o alinhamento
deve ser verificado
Como mencionado previamente, as máquinas rotativas
podem mover imediatamente depois de dada a partidas.
Isso ocorre rapidamente e o(s) eixo(s) adopta como que
uma posição permanente após a estabilização da condição
térmica ou do processo ser estabilizada (qualquer coisa
entre 2 horas e 1 semana dependendo do caso).

É recomendável que em equipamentos recém - instalados


(novos) seja feita verificação quanto a mudanças no
alinhamento de 3 a 6 meses após a entrada.
Alguns procedimentos no processo
de alinhamento
Dentre os processos de alinhamento existentes,
tratamos de destacar os dez principais como:
 Preparação antes da paragem da máquina
Obter ferramentas necessárias ao alinhamento
(calços e kit de alinhamento)
 Preparar o pessoal
 Inspeccionar a máquina (fundações e pés,
parafusos etc.)
 Limpar pés da máquina e chassi;
Alguns procedimentos no processo
de alinhamento
 Inspeccionar o acoplamento e verificar folgas
Inspeccionar irregularidades nos veios
 Verificar o estado dos calços já instalados na máquina
 Executar o alinhamento inicial (por exemplo com régua e
esquadro)
 Medir o desalinhamento inicial, Colocar os calços de
correcção adequados, Repetir os passos e até a
máquina estar dentro das tolerâncias, Colocar a
máquina em funcionamento. Quando a máquina atingir
as condições normais de funcionamento, recalcular a
expansão térmica.
Concluímos que de modo simples, o objectivo do
alinhamento de eixos é aumentar o período de operação
de máquinas rotativas. Para atingir esse objectivo, os
componentes das máquinas que estão mais sujeitos à
falhas devem trabalhar dentro dos seus limites de projecto.
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