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& FORMAS DE LIBERAÇÃO CONTROLADA:

Revisão Bibliográfica e Avaliação


Comparativa da Qualidade de Comprimidos Retard
de Nifedipina 20mg de Referência e Similar1

Caroline Deckmann Nicoletti2


Ana Paula Zanini Frasson3

Resumo CONTROLLED RELEASE FORMS: Review and Comparative Evalu-


ation of the Quality of Retard Tablets of Nifedipin 20mg, Reference
Os sistemas de liberação controlada agem por mecanismos
and Similars.
diversos, como o sistema monolítico matricial, o sistema reser-
vatório, o sistema ativado por dissolventes e os sistemas contro- Abstract
lados quimicamente. São muitos os fármacos que podem ser inse-
The controlled release systems act through diverse mecha-
ridos em formas farmacêuticas de liberação controlada, destacan-
nisms, as matrical monolithic system, the reservoir system, the
do-se no mercado a nifedipina, cujos comprimidos encontram-se
activated system by dissolvent and the chemically controlled sys-
sob denominação retard. Além disso, a matriz (hidroxipropilmetil-
tems. There are many drugs that can be inserted in controlled
celulose) utilizada nas duas especialidades farmacêuticas testa-
release pharmaceutical forms, being focused in the market the
das trata-se de um bom material gelificante, uma vez que propor-
nifedipin, which the medicines tablets are called “retard”. Besi-
ciona a liberação sustentada. Analisou-se duas especialidades
des, the matrix used in both evaluated pharmaceutical specialties
farmacêuticas de comprimidos de liberação controlada de nifedi-
is a good gelifigting material, considering that it provides the
pina através de testes de controle da qualidade, como: caracteres
supported release. Two pharmaceutical specialties of controlled
organolépticos, tamanho, peso médio, dureza e friabilidade, de-
release nifedipin tablets had been analyzed through quality control
sintegração, dissolução, identificação (Cromatografia em Cama-
tests, such as: organoleptics characters, measure, average weight,
da Delgada) e doseamento do fármaco. Os resultados destes tes-
hardness and friability, disintegration, dissolution, identification
tes foram comparados com os preconizados em códigos oficiais e,
(Thin Layer Chomatography) and assay. The results of these tests
desta forma, confirmou-se a qualidade dos comprimidos em ques-
had been compared with the praised in official codex and, by this
tão, entretanto verificou-se a falta de bioequivalência entre as
way, it was confirmed the focused medicine tablets’ quality.
duas especialidades farmacêuticas.
However, it was verified lack of bioequivalence between the two
Palavras-chave: Liberação controlada. Matriz. Comprimidos pharmaceutical specialties.
retard. Controle de qualidade.
Keywords: Controlled Release. Matrix. Retard Tablets. Quality
Control.

1
Trabalho de Conclusão de Curso.
2
Acadêmica do Curso de Farmácia da Unijuí. e-mail: caroline_nicoletti@yahoo.com.br.
3
Mestre em Ciência e Tecnologia Farmacêutica, Docente do Departamento de Ciências da Saúde da Unijuí. e-mail: afrasson@unijui.tche.br.

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REVISTA CONTEXTO & SAÚDE IJUÍ EDITORA UNIJUÍ v. 5 n. 10 JAN./JUN. 2006 p. 65-74
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66 Caroline Deckmann Nicoletti – Ana Paula Zanini Frasson

Em qualquer terapia racional pretende-se ade- Portanto, nesse estudo são apresentadas as di-
quar a administração de medicamentos conforme versas formas farmacêuticas de liberação controla-
as necessidades, procurando utilizar quantidades da, bem como as matrizes utilizadas na obtenção
ótimas e mínimas de fármaco para curar ou manter desses sistemas. Considerando as especificidades
sob controle um estado patológico (Rabasco, 1997). dessas formas farmacêuticas quanto à liberação
Tenta-se conseguir concentrações sanguíneas efe- controlada do fármaco, buscou-se avaliar a qualida-
tivas nos locais de ação e pelo maior tempo possível de de comprimidos retard comparando duas especiali-
dentro da janela terapêutica (Rabasco, 1997; Aïa- dades farmacêuticas contendo nifedipina, conside-
che; Devissaguet; Guyot-Hermann, 1982; Collett; radas de referência e similar.
Moretin, 2005; Chiao; Robinson, 1999).
Um sistema de liberação controlada ideal deve
Porém, não se pode fazer uso de uma dose única
apresentar características mínimas, tais como: rápi-
com elevada concentração de fármaco em um com-
do alcance da concentração terapêutica e manu-
primido comum, pois isso resultaria em níveis acima
tenção dentro desta (Collett; Moretin, 2005), não deve
dos terapêuticos, ou seja, níveis tóxicos. Para prolon-
gar a duração da ação usa-se administrar repetida- ser sensível ou com possibilidade de bloqueio por
mente o medicamento, o que, muitas vezes, leva ao fatores ambientais, ou ainda funcionar por vários
descumprimento do tratamento por parte do paciente, mecanismos. Deve ser previsível por princípios físi-
e conseqüentemente, a uma terapia falha (Rabasco, co-químicos, devendo o fármaco ser altamente dis-
1997; Aïache; Devissaguet; Guyot-Hermann, 1982). perso e possibilitar a utilização de vários agentes
ativos e várias dosagens. Também deve ter capaci-
Portanto, busca-se modificar a liberação de um
dade de aumentar ou manter a estabilidade física e
fármaco para obter uma atividade mais rápida, mais
química do fármaco, e acima de tudo ser um siste-
prolongada, mais regular, mais localizada, proteger por
ma otimizado, ou seja, garantir eficiência, seguran-
mais tempo ou diminuir a toxicidade e efeitos secun-
ça e confiabilidade máximas ao medicamento (Evan-
dários sem que se diminua a eficácia terapêutica (Aïa-
che; Devissaguet; Guyot-Hermann, 1982). A libera- gelista, 2000).
ção prolongada pode ser um processo mais lento que Os sistemas de liberação controlada são classi-
os convencionais, ou modulado para manter constan- ficados a partir de seus mecanismos em sistema
tes as concentrações dentro dos níveis plasmáticos monolítico matricial, sistema reservatório, sistema
eficazes, com liberação de concentração definida do ativado por dissolventes e sistemas controlados qui-
fármaco de forma reprodutível (Rabasco, 1997). micamente (Rabasco, 1997).
Com os comprimidos de liberação controlada é Os sistemas de liberação controlada tratam de
possível obter-se a diminuição do número de doses comprimidos revestidos por uma película semiper-
diárias levando-se a um tratamento ininterrupto e, meável e um orifício calibrado, onde o solvente atra-
conseqüentemente, ao desaparecimento de picos
vessa a membrana permeável à água, mas imper-
plasmáticos com aumento das concentrações efi-
meável aos constituintes solúveis do núcleo (fárma-
cazes. Obtêm-se, também, menor acúmulo de fár-
co, eletrólitos). Desta forma a substância medica-
maco no organismo e proteção do mesmo à degra-
mentosa dissolve-se em um determinado volume
dação por fluidos biológicos. Porém, esta forma
acarreta em impossibilidade de interrupção rápida formando uma solução saturada, a qual é liberada
da ação farmacológica, uma vez que a velocidade pelos orifícios do comprimido. A liberação será cons-
de eliminação é lenta e a biodisponibilidade baixa, e tante enquanto for mantida a saturação no interior
sua ação dependente de esvaziamento gástrico. Tra- do mesmo (Buri; Doelker, 1997). Sistemas matriciais
ta-se de uma forma farmacêutica de difícil adapta- são destinados a prolongar e a controlar a libera-
ção posológica interindividual, sendo a cinética de ção. São dispersões de partículas uniformemente
liberação dependente da integridade e tamanho da distribuídas de um fármaco em um polímero resis-
preparação dessa. Além disso, também possui cus- tente à degradação (Rabasco, 1997; Evangelista,
to inicial elevado (Evangelista, 2000). 2000).

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As matrizes hidrófilas são obtidas pela mistura clorfeniramina, foi observada liberação mais rápida
de uma ou mais substâncias ativas relativamente em simulações do fluido gástrico do que em simula-
solúveis com um gelificante não digerível (Aïache; ções do fluido intestinal, enquanto que os efeitos con-
Devissaguet; Guyot-Hermann, 1982; Evangelista, trários são observados a hidroclortiazida, que apre-
2000). A liberação ocorre em várias etapas, sendo senta baixa solubilidade (Bhardwaj et al, 2000). Es-
que uma pequena fração da substância ativa é dis- tudos têm sido realizados para avaliar a influência
solvida imediatamente. Com a penetração progres- do pH e solubilidade do fármaco na cinética de li-
siva do solvente, ocorre a hidratação do sistema e beração a partir de matrizes de alginato de sódio.
gelificação das macromoléculas, as quais tornam- Os grânulos de alginato formam precipitados ou hi-
se mais espessas (Buri, Doelker, 1997). Portanto, drogéis, ocorrendo dependência da composição dos
esse processo depende mais da difusão em gel do resíduos de açúcares e da distribuição seqüencial
que da dissolução do polímero e do poder de pene- dentro das moléculas (Kikuchi; Okano, 2001).
tração da água (Aïache; Devissaguet; Guyot-Her-
Os carragenatos são usados como espessantes
mann, 1982). A velocidade depende, desta maneira,
e gelificantes, porém, poucos são os estudos que
das propriedades físicas, químicas e granulométri-
mostram seu uso como matriz de liberação contro-
cas do fármaco, bem como da natureza e quantida-
lada (Bhardwaj et al, 2000).
de dos adjuvantes (Buri; Doelker, 1997).
A hidroxipropilmetilcelulose (HPMC) é o mate-
Géis e hidrogéis são fisicamente distintos. Os sis-
rial hidrofílico mais comumente usado, desde 1960.
temas de géis são capazes de sofrer intumescimen-
Possui boa compressibilidade, inchamento adequa-
to, seguido da erosão do gel formado e dissolução
do e capacidade de conter níveis elevados do fár-
em meio aquoso, enquanto um hidrogel verdadeiro
maco, além de não ser considerado tóxico. A libera-
intumesce através de hidratação, formando uma
ção do fármaco se dá através de mecanismo com-
rede ligada transversalmente de polímeros hidrofíli-
plexo onde, mais externamente, ocorre erosão, se-
cos em equilíbrio, porém não se dissolve, resultando
guida de dissolução e inchamento. Por fim, resulta
somente na diluição da rede de polímeros (Collett;
no rompimento do sistema de acoplamento do hi-
Moretin, 2005; Gupta; Vermani; Garg, 2000).
drogênio entre as correntes do polímero (Kiil; Dam-
Polímeros hidrofílicos sintéticos em contato com Johansen, 2003), sendo independente das forças iô-
a água hidratam-se e formam gel. Porém, as gomas nicas (Bhardwaj et al., 2000). Foi observada dimi-
naturais são freqüentemente preferidas aos materiais nuição da quantidade liberada de fármaco pelo au-
sintéticos, devido a atoxicidade, menor custo e grande mento da espessura da camada gelatinosa. Exem-
disponibilidade. Citam-se como desvantagens a fal- plos de fármacos que podem ser incorporados nes-
ta de controle da taxa de hidratação, aumento ou sa matriz são o diclofenaco de sódio (Collett, More-
queda da viscosidade e a possibilidade de contami- tin, 2005) e a nifedipina.
nação microbiológica (Bhardwaj et al, 2000). Exis- A quitosana é um polímero catiônico que possui
tem polímeros biodegradáveis que podem levar a excelentes propriedades de liberação prolongada em
uma liberação sustentada que pode atingir até me- meio ácido. Tem sido usada para incorporação de
ses (Kim; Burgess, 2002). indometacina, cloridrato de papaverina, e outros fár-
A seguir serão apresentadas algumas gomas macos hidrossolúveis como cloridrato de proprano-
naturais que têm sido utilizadas no preparo de com- lol (Bhardwaj et al, 2000).
primidos de liberação controlada.
A goma guar tem seu uso limitado pela variável
O alginato de sódio é utilizado para substâncias capacidade de hidratação, diminuição da viscosida-
macromoleculares ou de baixo peso molecular liga- de com o passar do tempo e pela possibilidade de
das a macromoléculas, proteínas e polipeptídios contaminação microbiana. Formulações com 5%
(Bhardwaj et al, 2000; Kumar, 2000). Para substân- desta são capazes de produzir um padrão apropria-
cias com grande solubilidade como o maleato de do de liberação após um período de 12 horas. A

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goma guar pode ser usada para o fármaco diltia- tas. A goma xantana tem sido ligada de forma cru-
zem. O perfil de liberação do maleato de clorfenira- zada com epicloridrina. Suas combinações com hi-
mina, em comprimidos com este excipiente, mostra droxipropilcelulose e etilcelulose também tem sido
uma alta porcentagem de liberação de fármaco avaliadas para a preparação de comprimidos de li-
(31.06%±2.56%) na primeira meia hora, seguida de beração controlada, como no caso de maleato de
diminuição da taxa de liberação em função do tem- clorfeniramina e teofilina. A liberação de fármacos
po (Bhardwaj et al, 2000). solúveis ocorre principalmente por difusão, e dos
pouco solúveis ou insolúveis ocorre principalmente
A goma de acácia é usada para preparações de
por erosão. A taxa de liberação diminui proporcio-
pastilhas e pílulas, bem como comprimidos revesti-
nalmente ao tamanho das partículas e pelo aumento
dos. O sulfato ferroso, nesse excipiente, é liberado
da concentração da goma (Bhardwaj et al, 2000).
dentro de 7 horas sendo prolongada a liberação de
12 a 600 horas, de acordo com o revestimento do As matrizes também podem ser sistemas inertes
comprimido com acetato de polivinila e acetato de ou insolúveis em fluidos gastrintestinais, estas per-
vinil etileno, respectivamente (Bhardwaj et al, 2000). manecem intactas durante o trânsito gastrintestinal,
gerando preocupações sob o impacto disso no in-
O amido modificado é utilizado para a produção
testino delgado (Collett; Moretin, 2005). Essas são
de comprimidos de AAS de liberação prolongada.
influenciadas pelos mesmos parâmetros tecnológi-
Ligações cruzadas entre amilase e epicloridrina são
cos que as demais matrizes (Aïache; Devissaguet;
utilizadas para controlar a liberação de fármacos.
Guyot-Hermann, 1982; Collett; Moretin, 2005; Evan-
Entretanto com o aumento do grau de ligações cru-
gelista, 2000).
zadas, a liberação é reduzida para 1-2 horas, por
não permitir boa coesão dos comprimidos, bem como As matrizes lipídicas ou hidrófobas podem ser
o intumescimento individual dos grânulos poliméri- constituídas por glicerídeos, ceras, álcoois, ácidos
cos e a liberação rápida do fármaco (Bhardwaj et graxos ou derivados lipídicos complexos (Kumar,
al, 2000). 2000), sólidos a temperatura ambiente e que não se
fundem a temperatura corporal (Collett; Moretin,
As pectinas formam complexos solúveis em água
2005). Por isso, os comprimidos não se desintegram
com certos antiinflamatórios não esteroidais (AI-
no decorrer do trato gastrintestinal, ocorrendo a li-
NEs). O uso de glóbulos de pectina tem muitas des-
beração do fármaco por difusão do soluto. As ma-
vantagens devido a sua rápida liberação in vitro.
trizes lipídicas sofrem uma erosão enzimática devi-
Glóbulos gelificados de pectinato de cálcio e indo- do a ação das lipases, sendo esta dependente da
metacina (fármacos pouco solúvel) seguem o mo- natureza do excipiente (Aïache; Devissaguet; Guyot-
delo de difusão controlada por poros inertes da ma- Hermann, 1982; Evangelista, 2000). Os sistemas
triz. O pectinato de cálcio em gel pode ser útil como portadores de fármacos podem incluir emulsões A/
carreador à liberação prolongada de fármacos pou- O, lipossomas, micropartículas e nanopartículas ba-
co solúveis. Pectinas altamente metoxiladas e hi- seadas em polímeros sintéticos ou macromolecula-
droxipropilmetilcelulose em diferentes proporções res naturais (Muller; Mäder; Gohla, 2000; Mantri-
foram usadas como componentes majoritários de pragada, 2002).
formulações contendo prednisolona. Bhardwaj et al
As matrizes lipídicas podem ser preparadas se-
(2000) observaram que com o aumento da propor-
gundo os métodos de fusão seguida de congelação,
ção de pectina em relação a hidroxipropilmetilcelu-
nebulização a frio, dessecação por nebulização, gra-
lose houve aumento da taxa de liberação do fárma-
nulação úmida ou compressão direta (Buri; Doe-
co, mas a cinética de ordem zero prevaleceu atra-
lker, 1997). A adição de adjuvantes hidrófilos favo-
vés do período de dissolução (Bhardwaj et al, 2000).
rece a velocidade de liberação do fármaco. A técni-
A goma xantana é compatível com a grande ca de granulação também influi sobre a estrutura da
maioria dos sais e soluções, sendo que o pH e a matriz, como, por exemplo, na obtenção de granula-
temperatura têm poucos efeitos na viscosidade des- do por nebulização a frio no qual a matriz não irá

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liberar dose inicial suficiente, sendo necessária uma ros formados por derivados hidrossolúveis ou dila-
camada de fármaco que se desintegre rapidamen- tação do agente de revestimento no meio digestivo.
te. A força de compressão e a relação fármaco/ A natureza da película, ausência ou presença, natu-
matérias lipídicas também influenciam uma vez que reza e concentração de plastificantes, molhantes e
quando a pressão for grande e a quantidade de fár- substâncias de carga, bem como a espessura da
maco pequena a porosidade da matriz será pequena membrana, a presença de agentes hidrófilos e gera-
e a liberação só será por erosão. Por outro lado, se dores de poros são fatores que influenciam na per-
a força de compressão for menor e a quantidade de meabilidade do revestimento. Há também os fato-
fármaco maior, a difusão através dos canalículos res relacionados ao núcleo como granulometria dos
ocorrerá. Esta forma é influenciada pelo pH e enzi- constituintes, a molhabilidade e a solubilidade, entre
mas do sistema gastrintestinal e, portanto, suscetí- outros (Buri; Doelker, 1997).
vel a variações individuais (Aïache; Devissaguet;
São muitos os fármacos que podem ser inseri-
Guyot–Hermann, 1982).
dos em formas farmacêuticas de liberação contro-
O controle estrutural ao nível molecular e a di- lada, dentre estes se destacam a nifedipina que se
versidade das modificações na natureza dos polí- encontra na forma de comprimidos retard. A nifedi-
meros biossintéticos, combinados aos novos produ- pina pertence ao grupo farmacológico dos bloquea-
tos criados pela engenharia genética, buscam a li- dores seletivos do canal de cálcio, tratando-se de
beração direcionada de fármacos em órgãos, teci- um potente vasodilatador periférico (Korolkovas,
dos, células e a níveis subcelulares. As proprieda- 2002). Sua utilização terapêutica, em formas de li-
des físico-químicas destes polímeros são modifica- beração prolongada, é essencial no tratamento da
das através de alterações precisas na seqüência e hipertensão, sendo também útil na angina vasoes-
no comprimento de sua cadeia (Haider; Megeed; pasmódica e estável e síndrome de Raynaud (Franz,
Ghandehari, 2004). 1999; Parfitt, 1999).
A liberação prolongada também pode ser obtida Esse fármaco é altamente sensível à foto-oxida-
pelos sistemas de formas revestidas, possuindo nú- ção, mudando da cor amarela para marrom quando
cleos de diversas dimensões, representados por um exposto à luz (Miotto; Adams, 2004; USP 24, 1999),
comprimido, microcápsula ou nanocápsula (Buri; desta forma, sua manipulação e testes de controle
Doelker, 1997), ou ainda por pellets (Ringqvist et al, de qualidade devem ser realizados ao abrigo da luz.
2003), microesferas (Kim; Burgess, 2002), ou lipos-
somas multivesiculares (Mantripragada, 2002). Os Aproximadamente 90% da dose são absorvidos
revestimentos enterossolúveis são destinados, princi- via oral, sofrendo metabolismo hepático de primeira
palmente, a retardar o início da liberação, sem que passagem. Sua biodisponibilidade é de 65 a 70% sen-
haja diminuição da velocidade, resistindo de uma a do que mais de 90% da nifedipina liga-se a proteínas
três horas no meio gástrico. Entre os revestimentos plasmáticas. Como sua meia vida é de 2 a 6 horas, os
que se solubilizam em função do pH, merecem des- comprimidos de liberação sustentada mantêm níveis
taque os polieletrólitos com funções carboxílicas, tais plasmáticos mais prolongados (Franz, 1999).
como derivados ftálicos (acetoftalato de celulose, fta- Para a verificação da qualidade de produtos aca-
lato de hidroxipropilmetilcelulose) e derivados acríli- bados, submete-se a forma farmacêutica aos testes
cos (copolímeros do ácido metacrílico e de ésteres preconizados pela F. Bras. IV (1996), para o con-
neutros do ácido metacrílico) (Buri; Doelker, 1997).
trole da qualidade de produtos farmacêuticos, sen-
Os revestimentos insolúveis permeáveis formam do que para comprimidos são recomendadas a rea-
uma barreira porosa que assegura a liberação pro- lização de inspeção visual e análise do tamanho, peso
gressiva por difusão. Os agentes filmogênicos utili- médio, dureza e friabilidade, desintegração, dissolu-
zados são a etilcelulose, derivados acrílicos e o ace- ção, identificação (cromatografia em camada del-
tato de celulose. A água penetra e dissolve o fárma- gada) e teor do fármaco (doseamento) (Farmaco-
co, o qual se difunde através da membrana, por po- péia..., 1988).

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Através do teste de peso médio determina-se a Materiais e Métodos


uniformidade de massa, a qual se reflete na uniformi-
dade da dosagem (Katori; Aoyagi; Kojima, 2002; Far-
Amostras
macopéia..., 1988). Para comprimidos com peso aci-
ma de 80mg, tolera-se um limite de variação de 7,5%, Foram utilizados comprimidos de 20mg de libe-
e somente duas unidades fora destes limites, porém ração controlada (forma retard) de Nifedipina, nos
nenhum deverá estar acima ou abaixo do dobro das quais são utilizadas a HPMC como matriz gelifican-
porcentagens indicadas (Farmacopéia..., 1988). te, de duas marcas, sendo um considerado medica-
Os testes de resistência mecânica (friabilidade e mento de referência e outro similar. Como substân-
dureza) constituem elementos para a avaliação da cia de referência foi utilizada nifedipina (Importa-
qualidade integral dos comprimidos. Estes têm o in- dora Química Dellaware, lote 131100).
tuito de demonstrar a resistência do produto à rup-
tura causada por golpes ou fricção, tanto durante os Características Organolépticas
processos de revestimento como de embalagem, Sobre papel branco foram observados cinco com-
transporte, armazenagem, entre outros. Dureza é a primidos de cada amostra quanto a sua aparência,
resistência do comprimido ao esmagamento ou à cor, textura e uniformidade superficial (Ferreira,
ruptura sob pressão radial. Enquanto que friabilida- 2002; Prista; Alves; Morgado, 1996).
de é a falta de resistência dos comprimidos à abra-
são, quando submetidos à ação mecânica de apare- Tamanho
lhagem específica (Farmacopéia..., 1988).
Foram medidos 10 comprimidos com auxílio de
O teste de desintegração determina o limite de paquímetro, estabelecendo-se os valores em milí-
tempo necessário para que os comprimidos desinte- metros (Prista; Alves; Morgado, 1996).
grem-se. Para essa forma farmacêutica o tempo
deve ser menor que 30 minutos e o líquido de imer- Dureza
são usual é a água mantida a 37 ºC (± 1 ºC) (Farma-
copéia..., 1988). O doseamento dos fármacos é Três comprimidos foram submetidos a pressão,
amplamente utilizado para a verificação quantitati- em sentido diametral, através de durômetro (Nova
va de fármaco em determinada forma farmacêuti- Ética), até que estes viessem a quebrar, ou apre-
ca (Ferreira, 2002). sentar alguma fissura. Os resultados foram medi-
dos em kgf (Farmacopéia..., 1988).
A CCD consiste na separação dos componentes
de uma mistura através da migração diferencial so-
Friabilidade
bre uma camada delgada de adsorvente retido so-
bre uma superfície plana. É importante que seja uti- Vinte comprimidos, previamente pesados, foram
lizado uma substância de referência para se fazer a submetidos a 100 rotações durante 5 minutos em
comparação de seu Rf com os Rf’s da amostra (Far- friabilômetro (Nova Ética). Após este período os
macopéia..., 1988; Lopes, 1997). comprimidos foram pesados novamente e a massa
perdida calculada com base na diferença das duas
O teste de dissolução é de grande importância
pesagens (Farmacopéia..., 1988).
para a forma farmacêutica retard, uma vez que a
partir deste se determina a porcentagem de subs-
Peso médio
tância ativa liberada no meio de dissolução dentro
de um período de tempo (Farmacopéia..., 1988). O Foram pesados 20 comprimidos individualmen-
objetivo do percentual de dissolução é demonstrar te, em balança analítica (AG 200 – Gehaka). Com
se os comprimidos atendem as exigências preconi- base nos valores obtidos foi calculado o peso médio,
zadas em monografia, segundo a F. Bras. IV e USP o coeficiente de variação percentual (CV%) e os
24, ou outro código oficial. limites superior e inferior (Farmacopéia..., 1988).

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FORMAS DE LIBERAÇÃO CONTROLADA: Revisão Bibliográfica e Avaliação Comparativa da Qualidade de Comprimidos Retard de Nifedipina 20mg de Referência e Similar 71

Teste de Desintegração volvimento do cromatograma a placa foi observada


sob luz ultravioleta (245 nm) e, em seguida, nebuli-
Em cada um dos seis tubos da cesta do desinte-
zada com a solução visualizadora para nova obser-
grador (Nova Ética), foi colocado um comprimido e
vação sob luz UV. Este procedimento foi realizado
sobre esse depositado um disco. Como líquido de
ao abrigo da luz (Farmacopéia..., 1996).
imersão foi utilizada água destilada mantida a 37 ºC
(± 1 ºC). O tempo de desintegração dos comprimi-
Teste de Dissolução
dos foi registrado, cessando-se o movimento verti-
cal ao final da desintegração de todos os comprimi- Para a verificação do percentual de dissolução
dos (Farmacopéia..., 1988). dos comprimidos, foi empregado dissolutor
(MOD299/6 – Nova Ética), sendo 500 mL de água
Doseamento destilada a 37 ºC (± 0,5 ºC), utilizada como líquido
de dissolução. As amostras foram colocadas dentro
Foram pesados exatamente, cerca de 0,05g de
de cestas e submetidas a 50 rpm (23). O dissolutor
nifedipina e dissolvidas em metanol, até se obter
foi protegido da luz, para não haver interferência
concentração igual a 0,05 mg/mL. Da mesma for-
por degradação da nifedipina. Foram retiradas alí-
ma, foram utilizados 5 comprimidos, os quais foram
quotas, da zona média em 1, 2, 4, 8, 12 e 24 horas,
dissolvidos em metanol até que se obtivesse a mes-
as quais foram filtradas e analisadas em espectro-
ma concentração da solução padrão. As amostras
fotômetro (1700 – Metrolab) em comprimento de
foram analisadas em espectrofotômetro no compri-
onda de 338 nm. Na 4º hora também foi realizada
mento de onda de 350 nm, utilizando-se metanol como
leitura em 456 nm, para exclusão da interferência
branco. O procedimento foi realizado ao abrigo da
do excipiente (USP 24, 1999). A partir dos valores
luz (Farmacopéia..., 1988).
de absorbância foram calculadas as concentrações
em comparação com os padrões e seus percentuais
Cromatografia em Camada Delgada
equivalentes.
Foi utilizada placa de gel sílica 60 F254 Merck® Para o preparo dos padrões foram pesados exa-
como fase estacionária. A fase móvel constituiu-se tamente, cerca de 50 mg de nifedipina, a qual foi
de uma mistura de acetato de etila:ciclohexano (1:1). solubilizada em 50 mL de mistura de
Como solução visualizadora foi utilizada solução acetonitrila:metanol (2:3), sendo o volume de 100
aquosa de subnitrato de bismuto, iodeto de potássio mL completado com água destilada (USP 24, 1999).
e ácido clorídrico, conforme o preconizado na F. Foram realizadas diluições a partir dessa de modo a
Bras. IV (1996). A solução de referência foi prepa- obter a concentração de 0,04 mg/mL, equivalente a
rada a partir de 0,06 g de nifedipina dissolvida em 100%. Como branco foi utilizada água.
diclorometano, de modo a obter concentração de
1,2 mg/mL (Farmacopéia..., 1996).
Para o preparo das soluções das amostras fo-
ram utilizados três comprimidos, aos quais acres-
Resultados e Discussão
centou-se 20 mL de hidróxido de sódio 0,1 M e 25
mL de diclorometano, sendo as soluções agitadas As duas amostras de comprimidos apresentaram
levemente por uma hora. As amostras foram cen- uniformidade quanto à superfície, aparência, textu-
ra, cor e medida, uma vez que todos os comprimi-
trifugadas por 10 minutos a 2000 – 2500 rpm e o
dos apresentaram superfície lisa e sem falhas (sem
sobrenadante foi removido. Utilizou-se como amos-
porosidade), de coloração rosa envelhecida, sendo
tra a camada transparente (Farmacopéia..., 1996).
o de referência um pouco mais alaranjado. Todos
Aplicou-se na placa cromatográfica a solução os comprimidos apresentaram o mesmo padrão de
padrão, solução padrão misturada com cada uma medidas, sendo o de referência igual a 6,1 mm por
das amostras e as amostras isoladas. Após o desen- 2,7 mm, e os similares 7,2 mm por 2,9 mm.

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72 Caroline Deckmann Nicoletti – Ana Paula Zanini Frasson

Quanto à análise de resistência mecânica, os com- Comparando as manchas observadas e os Rf’s


primidos apresentaram média de resistência ao es- obtidos através do desenvolvimento do cromatograma
magamento igual a 8,17 kgf e 4,00 kgf e perda por foi possível a identificação do fármaco nas duas espe-
abrasão igual a 0,055% e 0,070%, referência e simi- cialidades farmacêuticas, bem como a sua pureza, uma
lar respectivamente. Para estas formas farmacêuti- vez que todas as amostras apresentaram apenas uma
cas, o valor mínimo aceitável para dureza é de 30 N, mancha de Rf 0,3 e de coloração azul escuro, que após
o equivalente a 3kgf, enquanto que para friabilidade
aspersão da solução visualizadora, passou à alaranja-
aceita-se perda de 1,5%, no máximo (Farmaco-
da em fundo amarelo (Farmacopéia..., 1996).
péia...,1988). Os comprimidos destas duas especia-
lidades farmacêuticas possuem boa resistência ao Os comprimidos de nifedipina liberaram concen-
esmagamento ou a pressão radial, ou seja, são pou- trações crescentes no período de 24 horas quando
co porosos, bem como apresentam grande resistên- submetidos ao teste de dissolução (USP 24, 1999;
cia à abrasão de ação mecânica, sendo assim bas- Farmacopéia..., 1988). Os valores obtidos estão
tante resistentes à ruptura por golpes e fricção. demonstrados na tabela 2 e figura 1.
Os valores obtidos com o teste de peso médio
dos comprimidos de referência e similar estão apre- Tabela 2 – Média das absorbâncias dos comprimi-
sentados na tabela 1. dos de referência e similares e seus respectivos
percentuais nominais em relação ao tempo.
Tabela 1 – Valores obtidos a partir do Teste de Peso
Médio. Tempo Abs R %R Abs S %S
1h 0,117 34,6154 0,069 20,4142
PM (g) CV% LS LI
2h 0,128 37,8698 0,081 23,9645
Comprimidos 0,0821 3,20% 0,0825 0,0759
de Referência 4h 0,132 39,0533 0,074 21,8935
Comprimidos 0,1282 3,18% 0,1378 0,1186 6h 0,137 40,5325 0,072 21,3018
Similares
8h 0,144 42,6036 0,081 23,9645
12 h 0,144 42,6036 0,083 24,5562
Estes resultados determinam as mínimas divergên- 24 h 0,206 60,9467 0,155 45,8580
cias entre o peso do conteúdo e a grande homoge-
Legenda: Abs= absorbância R= referência S= similares
neidade, uma vez que o tolerado para variação percen-
tual é de no máximo de 7,5% (Farmacopéia..., 1988).
Percentuais (%)

70

Nenhum comprimido atingiu os valores limites. 60


50

Com relação ao teste de desintegração, os com- 40


30
primidos de nifedipina cumprem satisfatoriamente o
20 % Referência
teste (menos que 30 minutos) (Farmacopéia..., 1988), 10 % Similar
uma vez que a desintegração ocorreu em 10 minu- 0
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24
tos para comprimidos de referência e para os simi- Tempo (h)
lares em 2 minutos. Figura 1 – Percentual de nifedipina liberada pelos
Os comprimidos de nifedipina de liberação pro- comprimidos de referência e similares em função do tempo.
longada devem conter no mínimo 90% e no máximo
Não existe monografia específica para a análise
110%, (USP 24, 1999) da concentração do fármaco
de comprimidos de liberação controlada na F. Bras.
declarado pelo seu fabricante. As duas especialida-
IV, sendo desta forma necessária a adaptação da
des farmacêuticas foram submetidas ao teste de
metodologia preconizada pela USP 24 à realidade
doseamento e através deste constatou-se que am-
de nossos laboratórios.
bos estavam dentro destas determinações. Nos com-
primidos de referência foi observado teor de A avaliação dos resultados obtidos pelo teste de
106,57% de nifedipina enquanto que no similar ob- dissolução demonstrou a crescente concentração
teve-se 91,82%. obtida em função do tempo. Porém, devido à adap-

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FORMAS DE LIBERAÇÃO CONTROLADA: Revisão Bibliográfica e Avaliação Comparativa da Qualidade de Comprimidos Retard de Nifedipina 20mg de Referência e Similar 73

tação da técnica, os percentuais diferiram um pou- solvidos de nifedipina para as formulações de refe-
co do preconizado pela USP 24 (tabela 3). Mas atra- rência e similar, sendo que o primeiro libera maior
vés da realização do doseamento observou-se que percentual, e, a partir dos resultados obtidos pelo
as concentrações do fármaco de ambas as especia- fator de dissimilaridade e similaridade pode-se dizer
lidades farmacêuticas encontram-se dentro das va- que não são medicamentos bioequivalentes, ou seja,
riações permitidas, com base no especificado pelo não são intercambiáveis.
fabricante.
A partir dos valores obtidos no teste de dissolu-
ção calcularam-se os fatores de dissimilaridade (F1)
e de similaridade (F2), os quais são parâmetros utili-
Agradecimentos
zados para verificação da equivalência entre dois
Às indústrias químicas farmacêuticas Shering-
produtos. Os resultados alcançados a partir destes
Plough S.A., na pessoa de Adriana Yamaguchi, e à
foram iguais a 38,90 e 17,80, respectivamente. Desta
AstraZeneca, na pessoa de Maria Regina V. San-
forma demonstra-se que não se trata de formas far-
tos pelo material de sufrágio fornecido para o enri-
macêuticas intercambiáveis uma vez que F1 deve
quecimento da revisão bibliográfica deste.
apresentar-se entre 0 – 15 e o F2 entre 50 – 100.

Tabela 3 – Parâmetros seguidos para a realização


do teste de dissolução preconizados pela USP 24.
Referências
Tempo Quantidade dissolvida
4h Entre 5% a 17% AÏACHE, J. M.; DEVISSAGUET, J.; GUYOT-
12h Entre 43% a 80% HERMANN, A. M. Biofarmacia. 2. ed. México:
24h Não menos que 80% El Manual Moderno México, 1982. p. 276-319.
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Gomas naturais são materiais poliméricos biode- BURI, Pierre; DOELKER, Eric. Disponibilidade dos
princípios activos no organismo, a partir das formas
gradáveis, que podem ser quimicamente modifica-
farmacêuticas destinadas à administração por via
dos e, podem ser úteis para sistema de liberação
oral. In: LEBLANC, Pierre-Paul et al. Tratado de
controlada de fármacos. As gomas naturais são ató- Biofarmácia e Farmacocinética. Lisboa: Piaget,
xicas, livremente disponíveis e de menor custo. Além 1997. p. 76-91.
disso, a hidroxiproprilmetilcelulose, matriz gelifican-
CHIAO, Charles S. L.; ROBINSON, Joseph R. Sis-
te utilizada, demonstrou-se de grande utilidade para temas de liberación sostenida de drogas. In: GEN-
formulações de liberação controlada, uma vez que NARO, A. R. (Org.). Remington: farmacia. 19. ed.
foi possível a observação desta liberação em forma Buenos Aires: Panamericana, 1999. p. 2.535-2.559.
crescente de percentual de concentração do fár- 2 v.
maco em função do tempo. As especialidades far- COLLETT, John; MORETIN, Chris. Formas far-
macêuticas avaliadas satisfizeram os testes de con- macêuticas perorais de liberação modificada. In:
trole de qualidade realizados. Porém, devido a falta AULTON, Michael E. Delineamento de formas
de uma técnica apropriada e necessidade de adap- farmacêuticas. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.
tação da recomendada pela USP 24, os resultados p. 298-313.
obtidos no teste de dissolução dos medicamentos EVANGELISTA, R. C. Formas farmacêuticas sóli-
podem não se tratar de uma estimativa real, mas das de liberação controlada (prolongada). Fármacos
denota-se que há diferença entre os percentuais dis- e medicamentos. São Paulo. 2000. p. 14-21. v. 2.

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