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Trabalho de Conclusão de Curso.
2
Acadêmica do Curso de Farmácia da Unijuí. e-mail: caroline_nicoletti@yahoo.com.br.
3
Mestre em Ciência e Tecnologia Farmacêutica, Docente do Departamento de Ciências da Saúde da Unijuí. e-mail: afrasson@unijui.tche.br.
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REVISTA CONTEXTO & SAÚDE IJUÍ EDITORA UNIJUÍ v. 5 n. 10 JAN./JUN. 2006 p. 65-74
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66 Caroline Deckmann Nicoletti – Ana Paula Zanini Frasson
Em qualquer terapia racional pretende-se ade- Portanto, nesse estudo são apresentadas as di-
quar a administração de medicamentos conforme versas formas farmacêuticas de liberação controla-
as necessidades, procurando utilizar quantidades da, bem como as matrizes utilizadas na obtenção
ótimas e mínimas de fármaco para curar ou manter desses sistemas. Considerando as especificidades
sob controle um estado patológico (Rabasco, 1997). dessas formas farmacêuticas quanto à liberação
Tenta-se conseguir concentrações sanguíneas efe- controlada do fármaco, buscou-se avaliar a qualida-
tivas nos locais de ação e pelo maior tempo possível de de comprimidos retard comparando duas especiali-
dentro da janela terapêutica (Rabasco, 1997; Aïa- dades farmacêuticas contendo nifedipina, conside-
che; Devissaguet; Guyot-Hermann, 1982; Collett; radas de referência e similar.
Moretin, 2005; Chiao; Robinson, 1999).
Um sistema de liberação controlada ideal deve
Porém, não se pode fazer uso de uma dose única
apresentar características mínimas, tais como: rápi-
com elevada concentração de fármaco em um com-
do alcance da concentração terapêutica e manu-
primido comum, pois isso resultaria em níveis acima
tenção dentro desta (Collett; Moretin, 2005), não deve
dos terapêuticos, ou seja, níveis tóxicos. Para prolon-
gar a duração da ação usa-se administrar repetida- ser sensível ou com possibilidade de bloqueio por
mente o medicamento, o que, muitas vezes, leva ao fatores ambientais, ou ainda funcionar por vários
descumprimento do tratamento por parte do paciente, mecanismos. Deve ser previsível por princípios físi-
e conseqüentemente, a uma terapia falha (Rabasco, co-químicos, devendo o fármaco ser altamente dis-
1997; Aïache; Devissaguet; Guyot-Hermann, 1982). perso e possibilitar a utilização de vários agentes
ativos e várias dosagens. Também deve ter capaci-
Portanto, busca-se modificar a liberação de um
dade de aumentar ou manter a estabilidade física e
fármaco para obter uma atividade mais rápida, mais
química do fármaco, e acima de tudo ser um siste-
prolongada, mais regular, mais localizada, proteger por
ma otimizado, ou seja, garantir eficiência, seguran-
mais tempo ou diminuir a toxicidade e efeitos secun-
ça e confiabilidade máximas ao medicamento (Evan-
dários sem que se diminua a eficácia terapêutica (Aïa-
che; Devissaguet; Guyot-Hermann, 1982). A libera- gelista, 2000).
ção prolongada pode ser um processo mais lento que Os sistemas de liberação controlada são classi-
os convencionais, ou modulado para manter constan- ficados a partir de seus mecanismos em sistema
tes as concentrações dentro dos níveis plasmáticos monolítico matricial, sistema reservatório, sistema
eficazes, com liberação de concentração definida do ativado por dissolventes e sistemas controlados qui-
fármaco de forma reprodutível (Rabasco, 1997). micamente (Rabasco, 1997).
Com os comprimidos de liberação controlada é Os sistemas de liberação controlada tratam de
possível obter-se a diminuição do número de doses comprimidos revestidos por uma película semiper-
diárias levando-se a um tratamento ininterrupto e, meável e um orifício calibrado, onde o solvente atra-
conseqüentemente, ao desaparecimento de picos
vessa a membrana permeável à água, mas imper-
plasmáticos com aumento das concentrações efi-
meável aos constituintes solúveis do núcleo (fárma-
cazes. Obtêm-se, também, menor acúmulo de fár-
co, eletrólitos). Desta forma a substância medica-
maco no organismo e proteção do mesmo à degra-
mentosa dissolve-se em um determinado volume
dação por fluidos biológicos. Porém, esta forma
acarreta em impossibilidade de interrupção rápida formando uma solução saturada, a qual é liberada
da ação farmacológica, uma vez que a velocidade pelos orifícios do comprimido. A liberação será cons-
de eliminação é lenta e a biodisponibilidade baixa, e tante enquanto for mantida a saturação no interior
sua ação dependente de esvaziamento gástrico. Tra- do mesmo (Buri; Doelker, 1997). Sistemas matriciais
ta-se de uma forma farmacêutica de difícil adapta- são destinados a prolongar e a controlar a libera-
ção posológica interindividual, sendo a cinética de ção. São dispersões de partículas uniformemente
liberação dependente da integridade e tamanho da distribuídas de um fármaco em um polímero resis-
preparação dessa. Além disso, também possui cus- tente à degradação (Rabasco, 1997; Evangelista,
to inicial elevado (Evangelista, 2000). 2000).
As matrizes hidrófilas são obtidas pela mistura clorfeniramina, foi observada liberação mais rápida
de uma ou mais substâncias ativas relativamente em simulações do fluido gástrico do que em simula-
solúveis com um gelificante não digerível (Aïache; ções do fluido intestinal, enquanto que os efeitos con-
Devissaguet; Guyot-Hermann, 1982; Evangelista, trários são observados a hidroclortiazida, que apre-
2000). A liberação ocorre em várias etapas, sendo senta baixa solubilidade (Bhardwaj et al, 2000). Es-
que uma pequena fração da substância ativa é dis- tudos têm sido realizados para avaliar a influência
solvida imediatamente. Com a penetração progres- do pH e solubilidade do fármaco na cinética de li-
siva do solvente, ocorre a hidratação do sistema e beração a partir de matrizes de alginato de sódio.
gelificação das macromoléculas, as quais tornam- Os grânulos de alginato formam precipitados ou hi-
se mais espessas (Buri, Doelker, 1997). Portanto, drogéis, ocorrendo dependência da composição dos
esse processo depende mais da difusão em gel do resíduos de açúcares e da distribuição seqüencial
que da dissolução do polímero e do poder de pene- dentro das moléculas (Kikuchi; Okano, 2001).
tração da água (Aïache; Devissaguet; Guyot-Her-
Os carragenatos são usados como espessantes
mann, 1982). A velocidade depende, desta maneira,
e gelificantes, porém, poucos são os estudos que
das propriedades físicas, químicas e granulométri-
mostram seu uso como matriz de liberação contro-
cas do fármaco, bem como da natureza e quantida-
lada (Bhardwaj et al, 2000).
de dos adjuvantes (Buri; Doelker, 1997).
A hidroxipropilmetilcelulose (HPMC) é o mate-
Géis e hidrogéis são fisicamente distintos. Os sis-
rial hidrofílico mais comumente usado, desde 1960.
temas de géis são capazes de sofrer intumescimen-
Possui boa compressibilidade, inchamento adequa-
to, seguido da erosão do gel formado e dissolução
do e capacidade de conter níveis elevados do fár-
em meio aquoso, enquanto um hidrogel verdadeiro
maco, além de não ser considerado tóxico. A libera-
intumesce através de hidratação, formando uma
ção do fármaco se dá através de mecanismo com-
rede ligada transversalmente de polímeros hidrofíli-
plexo onde, mais externamente, ocorre erosão, se-
cos em equilíbrio, porém não se dissolve, resultando
guida de dissolução e inchamento. Por fim, resulta
somente na diluição da rede de polímeros (Collett;
no rompimento do sistema de acoplamento do hi-
Moretin, 2005; Gupta; Vermani; Garg, 2000).
drogênio entre as correntes do polímero (Kiil; Dam-
Polímeros hidrofílicos sintéticos em contato com Johansen, 2003), sendo independente das forças iô-
a água hidratam-se e formam gel. Porém, as gomas nicas (Bhardwaj et al., 2000). Foi observada dimi-
naturais são freqüentemente preferidas aos materiais nuição da quantidade liberada de fármaco pelo au-
sintéticos, devido a atoxicidade, menor custo e grande mento da espessura da camada gelatinosa. Exem-
disponibilidade. Citam-se como desvantagens a fal- plos de fármacos que podem ser incorporados nes-
ta de controle da taxa de hidratação, aumento ou sa matriz são o diclofenaco de sódio (Collett, More-
queda da viscosidade e a possibilidade de contami- tin, 2005) e a nifedipina.
nação microbiológica (Bhardwaj et al, 2000). Exis- A quitosana é um polímero catiônico que possui
tem polímeros biodegradáveis que podem levar a excelentes propriedades de liberação prolongada em
uma liberação sustentada que pode atingir até me- meio ácido. Tem sido usada para incorporação de
ses (Kim; Burgess, 2002). indometacina, cloridrato de papaverina, e outros fár-
A seguir serão apresentadas algumas gomas macos hidrossolúveis como cloridrato de proprano-
naturais que têm sido utilizadas no preparo de com- lol (Bhardwaj et al, 2000).
primidos de liberação controlada.
A goma guar tem seu uso limitado pela variável
O alginato de sódio é utilizado para substâncias capacidade de hidratação, diminuição da viscosida-
macromoleculares ou de baixo peso molecular liga- de com o passar do tempo e pela possibilidade de
das a macromoléculas, proteínas e polipeptídios contaminação microbiana. Formulações com 5%
(Bhardwaj et al, 2000; Kumar, 2000). Para substân- desta são capazes de produzir um padrão apropria-
cias com grande solubilidade como o maleato de do de liberação após um período de 12 horas. A
goma guar pode ser usada para o fármaco diltia- tas. A goma xantana tem sido ligada de forma cru-
zem. O perfil de liberação do maleato de clorfenira- zada com epicloridrina. Suas combinações com hi-
mina, em comprimidos com este excipiente, mostra droxipropilcelulose e etilcelulose também tem sido
uma alta porcentagem de liberação de fármaco avaliadas para a preparação de comprimidos de li-
(31.06%±2.56%) na primeira meia hora, seguida de beração controlada, como no caso de maleato de
diminuição da taxa de liberação em função do tem- clorfeniramina e teofilina. A liberação de fármacos
po (Bhardwaj et al, 2000). solúveis ocorre principalmente por difusão, e dos
pouco solúveis ou insolúveis ocorre principalmente
A goma de acácia é usada para preparações de
por erosão. A taxa de liberação diminui proporcio-
pastilhas e pílulas, bem como comprimidos revesti-
nalmente ao tamanho das partículas e pelo aumento
dos. O sulfato ferroso, nesse excipiente, é liberado
da concentração da goma (Bhardwaj et al, 2000).
dentro de 7 horas sendo prolongada a liberação de
12 a 600 horas, de acordo com o revestimento do As matrizes também podem ser sistemas inertes
comprimido com acetato de polivinila e acetato de ou insolúveis em fluidos gastrintestinais, estas per-
vinil etileno, respectivamente (Bhardwaj et al, 2000). manecem intactas durante o trânsito gastrintestinal,
gerando preocupações sob o impacto disso no in-
O amido modificado é utilizado para a produção
testino delgado (Collett; Moretin, 2005). Essas são
de comprimidos de AAS de liberação prolongada.
influenciadas pelos mesmos parâmetros tecnológi-
Ligações cruzadas entre amilase e epicloridrina são
cos que as demais matrizes (Aïache; Devissaguet;
utilizadas para controlar a liberação de fármacos.
Guyot-Hermann, 1982; Collett; Moretin, 2005; Evan-
Entretanto com o aumento do grau de ligações cru-
gelista, 2000).
zadas, a liberação é reduzida para 1-2 horas, por
não permitir boa coesão dos comprimidos, bem como As matrizes lipídicas ou hidrófobas podem ser
o intumescimento individual dos grânulos poliméri- constituídas por glicerídeos, ceras, álcoois, ácidos
cos e a liberação rápida do fármaco (Bhardwaj et graxos ou derivados lipídicos complexos (Kumar,
al, 2000). 2000), sólidos a temperatura ambiente e que não se
fundem a temperatura corporal (Collett; Moretin,
As pectinas formam complexos solúveis em água
2005). Por isso, os comprimidos não se desintegram
com certos antiinflamatórios não esteroidais (AI-
no decorrer do trato gastrintestinal, ocorrendo a li-
NEs). O uso de glóbulos de pectina tem muitas des-
beração do fármaco por difusão do soluto. As ma-
vantagens devido a sua rápida liberação in vitro.
trizes lipídicas sofrem uma erosão enzimática devi-
Glóbulos gelificados de pectinato de cálcio e indo- do a ação das lipases, sendo esta dependente da
metacina (fármacos pouco solúvel) seguem o mo- natureza do excipiente (Aïache; Devissaguet; Guyot-
delo de difusão controlada por poros inertes da ma- Hermann, 1982; Evangelista, 2000). Os sistemas
triz. O pectinato de cálcio em gel pode ser útil como portadores de fármacos podem incluir emulsões A/
carreador à liberação prolongada de fármacos pou- O, lipossomas, micropartículas e nanopartículas ba-
co solúveis. Pectinas altamente metoxiladas e hi- seadas em polímeros sintéticos ou macromolecula-
droxipropilmetilcelulose em diferentes proporções res naturais (Muller; Mäder; Gohla, 2000; Mantri-
foram usadas como componentes majoritários de pragada, 2002).
formulações contendo prednisolona. Bhardwaj et al
As matrizes lipídicas podem ser preparadas se-
(2000) observaram que com o aumento da propor-
gundo os métodos de fusão seguida de congelação,
ção de pectina em relação a hidroxipropilmetilcelu-
nebulização a frio, dessecação por nebulização, gra-
lose houve aumento da taxa de liberação do fárma-
nulação úmida ou compressão direta (Buri; Doe-
co, mas a cinética de ordem zero prevaleceu atra-
lker, 1997). A adição de adjuvantes hidrófilos favo-
vés do período de dissolução (Bhardwaj et al, 2000).
rece a velocidade de liberação do fármaco. A técni-
A goma xantana é compatível com a grande ca de granulação também influi sobre a estrutura da
maioria dos sais e soluções, sendo que o pH e a matriz, como, por exemplo, na obtenção de granula-
temperatura têm poucos efeitos na viscosidade des- do por nebulização a frio no qual a matriz não irá
liberar dose inicial suficiente, sendo necessária uma ros formados por derivados hidrossolúveis ou dila-
camada de fármaco que se desintegre rapidamen- tação do agente de revestimento no meio digestivo.
te. A força de compressão e a relação fármaco/ A natureza da película, ausência ou presença, natu-
matérias lipídicas também influenciam uma vez que reza e concentração de plastificantes, molhantes e
quando a pressão for grande e a quantidade de fár- substâncias de carga, bem como a espessura da
maco pequena a porosidade da matriz será pequena membrana, a presença de agentes hidrófilos e gera-
e a liberação só será por erosão. Por outro lado, se dores de poros são fatores que influenciam na per-
a força de compressão for menor e a quantidade de meabilidade do revestimento. Há também os fato-
fármaco maior, a difusão através dos canalículos res relacionados ao núcleo como granulometria dos
ocorrerá. Esta forma é influenciada pelo pH e enzi- constituintes, a molhabilidade e a solubilidade, entre
mas do sistema gastrintestinal e, portanto, suscetí- outros (Buri; Doelker, 1997).
vel a variações individuais (Aïache; Devissaguet;
São muitos os fármacos que podem ser inseri-
Guyot–Hermann, 1982).
dos em formas farmacêuticas de liberação contro-
O controle estrutural ao nível molecular e a di- lada, dentre estes se destacam a nifedipina que se
versidade das modificações na natureza dos polí- encontra na forma de comprimidos retard. A nifedi-
meros biossintéticos, combinados aos novos produ- pina pertence ao grupo farmacológico dos bloquea-
tos criados pela engenharia genética, buscam a li- dores seletivos do canal de cálcio, tratando-se de
beração direcionada de fármacos em órgãos, teci- um potente vasodilatador periférico (Korolkovas,
dos, células e a níveis subcelulares. As proprieda- 2002). Sua utilização terapêutica, em formas de li-
des físico-químicas destes polímeros são modifica- beração prolongada, é essencial no tratamento da
das através de alterações precisas na seqüência e hipertensão, sendo também útil na angina vasoes-
no comprimento de sua cadeia (Haider; Megeed; pasmódica e estável e síndrome de Raynaud (Franz,
Ghandehari, 2004). 1999; Parfitt, 1999).
A liberação prolongada também pode ser obtida Esse fármaco é altamente sensível à foto-oxida-
pelos sistemas de formas revestidas, possuindo nú- ção, mudando da cor amarela para marrom quando
cleos de diversas dimensões, representados por um exposto à luz (Miotto; Adams, 2004; USP 24, 1999),
comprimido, microcápsula ou nanocápsula (Buri; desta forma, sua manipulação e testes de controle
Doelker, 1997), ou ainda por pellets (Ringqvist et al, de qualidade devem ser realizados ao abrigo da luz.
2003), microesferas (Kim; Burgess, 2002), ou lipos-
somas multivesiculares (Mantripragada, 2002). Os Aproximadamente 90% da dose são absorvidos
revestimentos enterossolúveis são destinados, princi- via oral, sofrendo metabolismo hepático de primeira
palmente, a retardar o início da liberação, sem que passagem. Sua biodisponibilidade é de 65 a 70% sen-
haja diminuição da velocidade, resistindo de uma a do que mais de 90% da nifedipina liga-se a proteínas
três horas no meio gástrico. Entre os revestimentos plasmáticas. Como sua meia vida é de 2 a 6 horas, os
que se solubilizam em função do pH, merecem des- comprimidos de liberação sustentada mantêm níveis
taque os polieletrólitos com funções carboxílicas, tais plasmáticos mais prolongados (Franz, 1999).
como derivados ftálicos (acetoftalato de celulose, fta- Para a verificação da qualidade de produtos aca-
lato de hidroxipropilmetilcelulose) e derivados acríli- bados, submete-se a forma farmacêutica aos testes
cos (copolímeros do ácido metacrílico e de ésteres preconizados pela F. Bras. IV (1996), para o con-
neutros do ácido metacrílico) (Buri; Doelker, 1997).
trole da qualidade de produtos farmacêuticos, sen-
Os revestimentos insolúveis permeáveis formam do que para comprimidos são recomendadas a rea-
uma barreira porosa que assegura a liberação pro- lização de inspeção visual e análise do tamanho, peso
gressiva por difusão. Os agentes filmogênicos utili- médio, dureza e friabilidade, desintegração, dissolu-
zados são a etilcelulose, derivados acrílicos e o ace- ção, identificação (cromatografia em camada del-
tato de celulose. A água penetra e dissolve o fárma- gada) e teor do fármaco (doseamento) (Farmaco-
co, o qual se difunde através da membrana, por po- péia..., 1988).
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tação da técnica, os percentuais diferiram um pou- solvidos de nifedipina para as formulações de refe-
co do preconizado pela USP 24 (tabela 3). Mas atra- rência e similar, sendo que o primeiro libera maior
vés da realização do doseamento observou-se que percentual, e, a partir dos resultados obtidos pelo
as concentrações do fármaco de ambas as especia- fator de dissimilaridade e similaridade pode-se dizer
lidades farmacêuticas encontram-se dentro das va- que não são medicamentos bioequivalentes, ou seja,
riações permitidas, com base no especificado pelo não são intercambiáveis.
fabricante.
A partir dos valores obtidos no teste de dissolu-
ção calcularam-se os fatores de dissimilaridade (F1)
e de similaridade (F2), os quais são parâmetros utili-
Agradecimentos
zados para verificação da equivalência entre dois
Às indústrias químicas farmacêuticas Shering-
produtos. Os resultados alcançados a partir destes
Plough S.A., na pessoa de Adriana Yamaguchi, e à
foram iguais a 38,90 e 17,80, respectivamente. Desta
AstraZeneca, na pessoa de Maria Regina V. San-
forma demonstra-se que não se trata de formas far-
tos pelo material de sufrágio fornecido para o enri-
macêuticas intercambiáveis uma vez que F1 deve
quecimento da revisão bibliográfica deste.
apresentar-se entre 0 – 15 e o F2 entre 50 – 100.
Gomas naturais são materiais poliméricos biode- BURI, Pierre; DOELKER, Eric. Disponibilidade dos
princípios activos no organismo, a partir das formas
gradáveis, que podem ser quimicamente modifica-
farmacêuticas destinadas à administração por via
dos e, podem ser úteis para sistema de liberação
oral. In: LEBLANC, Pierre-Paul et al. Tratado de
controlada de fármacos. As gomas naturais são ató- Biofarmácia e Farmacocinética. Lisboa: Piaget,
xicas, livremente disponíveis e de menor custo. Além 1997. p. 76-91.
disso, a hidroxiproprilmetilcelulose, matriz gelifican-
CHIAO, Charles S. L.; ROBINSON, Joseph R. Sis-
te utilizada, demonstrou-se de grande utilidade para temas de liberación sostenida de drogas. In: GEN-
formulações de liberação controlada, uma vez que NARO, A. R. (Org.). Remington: farmacia. 19. ed.
foi possível a observação desta liberação em forma Buenos Aires: Panamericana, 1999. p. 2.535-2.559.
crescente de percentual de concentração do fár- 2 v.
maco em função do tempo. As especialidades far- COLLETT, John; MORETIN, Chris. Formas far-
macêuticas avaliadas satisfizeram os testes de con- macêuticas perorais de liberação modificada. In:
trole de qualidade realizados. Porém, devido a falta AULTON, Michael E. Delineamento de formas
de uma técnica apropriada e necessidade de adap- farmacêuticas. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2005.
tação da recomendada pela USP 24, os resultados p. 298-313.
obtidos no teste de dissolução dos medicamentos EVANGELISTA, R. C. Formas farmacêuticas sóli-
podem não se tratar de uma estimativa real, mas das de liberação controlada (prolongada). Fármacos
denota-se que há diferença entre os percentuais dis- e medicamentos. São Paulo. 2000. p. 14-21. v. 2.
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