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E ditorial

9º Colegiado do CFFa
Gestão abril/2008 a abril/2009

DIRETORIA EXECUTIVA
Sandra Maria Vieira Tristão de Almeida - Presidente
Marlene Canarim Danesi - Vice Presidente
Ana Claudia Miguel Ferigotti - Diretora Secretária
Isabela de Almeida Poli - Diretora Tesoureira

Foto: arquivo pessoal


CONSELHEIROS EFETIVOS
Ana Claudia Miguel Ferigotti, Charleston Teixeira Palmeira, Isabela
de Almeida Poli, Leila Coelho Nagib, Márcia Tiveron de Souza,
Maria Áurea Caldas Souto, Maria do Carmo Coimbra de Almeida,
Marlene Canarim Danesi, Sandra Maria Vieira Tristão de Almeida,
Silvia Maria Ramos

CONSELHEIROS SUPLENTES Fonoaudióloga Marlene


Ana Claudia de Araújo Hein Rodrigues, Ana Luzia dos Santos Vieira,
Claudia Regina Charles Taccolini, Daniele Andrade da Cunha, Denise Canarim Danesi
Terçariol, Lia Maria Brasil de Souza, Luciana Ulhôa Guedes, Maria Carla Vice-presidente do CFFa
Pinto Gonçalves, Maria Teresa Pereira Cavalheiro, Marilea Fontana

COMISSÕES

COMISSÃO DO MERCOSUL
Marlene Canarim Danesi - Presidente, Maria do Carmo Coimbra de
Resgate de uma
Almeida, Ana Luzia dos Santos Vieira, Denise Terçariol,
Maria Áurea Caldas Souto, Marilea Fontana, Silvia Maria Ramos

COMISSÃO PERMANENTE DE ÉTICA


Leila Coelho Nagib - Presidente, Marlene Canarim Danesi,
profissão híbrida
Maria Aurea Caldas Souto

H
COMISSÃO PERMANENTE DE LICITAÇÃO
Ana Lúcia Rodrigues Torres - Presidente, Charleston Teixeira Palmeira,
Ivanir Aparecida Franco Lobato de Araújo, Joelma Donato Camilo, istoricamente no Brasil, a Fonoaudiologia esteve muito próximo da Edu-
Leila Coelho Nagib, Silvia Maria Ramos
cação, até porque um dos vértices da origem da profissão nasceu da
COMISSÃO PERMANENTE DE TOMADA DE CONTAS
Charleston Teixeira Palmeira - Presidente, Leila Coelho Nagib, necessidade dos professores resolverem problemas de alunos que apre-
Maria Áurea Caldas Souto, Maria Carla Pinto Gonçalves
sentavam alterações na comunicação oral e escrita. Com o passar dos
COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO e COMUNICAÇÃO VIRTUAL
Silvia Maria Ramos - Presidente, Ana Claudia de Araújo Hein
anos e por uma série de fatores que não cabe analisar neste momento, a maio-
Rodrigues, Ana Luzia dos Santos Vieira, Charleston Teixeira Palmeira, ria dos fonoaudiólogos foram se afastando da Educação e consolidando suas
Daniele Andrade da Cunha, Isabela de Almeida Poli, Lia Maria Brasil de
Souza, Luciana Ulhôa Guedes, Maria do Carmo Coimbra de Almeida, práticas na área da Saúde.
Marlene Canarim Danesi, Marilea Fontana

COMISSÃO DE ANÁLISE DE TÍTULO DE ESPECIALISTA E CURSOS DE


ESPECIALIZAÇÃO - CATECE Esta nova configuração do perfil do profissional da Fonoaudiologia, eviden-
Silvia Maria Ramos - Presidente, Ana Claudia Miguel Ferigotti,
Charleston Teixeira Palmeira, Daniele Andrade da Cunha, Lia Maria temente trouxe ganhos, pois a profissão alargou seus horizontes, mas tam-
Brasil de Souza, Maria Aurea Caldas Souto, Maria do Carmo Coimbra
de Almeida bém ocasionou perdas importantes.A Educação é um campo do conhecimento,
COMISSÃO DE ORIENTAÇÃO E FISCALIZAÇÃO E LEIS E NORMAS que permite ao profissional um embasamento teórico humanístico mais sólido,
Sandra Maria Vieira Tristão de Almeida - Presidente, Ana Claudia permitindo reflexões relevantes a respeito da construção da cidadania, o que
Miguel Ferigotti, Claudia Regina Charles Taccolini, Isabela de Almeida
Poli, Leila Coelho Nagib, Lia Maria Brasil de Souza, Márcia Tiveron de
Souza, Maria Áurea Caldas Souto, Maria Carla Pinto Gonçalves,
torna o profissional não só um técnico competente mas também um cidadão
Marilea Fontana participativo, autêntico, autônomo, crítico, consciente do seu papel na socieda-
COMISSÃO DE EDUCAÇÃO - CEDUC de, o que sem dúvida influencia na forma como ele vai se relacionar com seus
Marlene Canarim Danesi - Presidente, Maria Aurea Caldas Souto, Ana
Claudia de Araújo Hein Rodrigues, Denise Terçariol, Leila Coelho Nagib, pacientes.
Luciana Ulhôa Guedes, Maria do Carmo Coimbra de Almeida, Maria
Teresa Pereira Cavalheiro, Marilea Fontana, Silvia Maria Ramos

COMISSÃO DE SAÚDE
Reconhecer a importância da educação dentro da formação de qualquer
Claudia Regina Charles Taccolini - Presidente, Márcia Tiveron de Souza, profissional e valorizar mais o ser humano do que as técnicas, saber juntar ciên-
Ana Claudia Miguel Ferigotti, Ana Luzia dos Santos Vieira, Denise
Terçariol, Isabela de Almeida Poli, Luciana Ulhôa Guedes, Maria Teresa cia com afeto é não só formar fonoaudiólogos mais competentes, mas também
Pereira Cavalheiro, Maria Carla Pinto Gonçalves, Marilea Fontana,
Marlene Canarim Danesi, Sandra Maria Vieira Tristão de Almeida é o caminho para o desenvolvimento do nosso país. Nesse contexto, o Conselho
JORNAL DO CFFa Federal de Fonoaudiologia pretende resgatar ao lado dos Conselhos Regionais
EDITOR um debate permanente junto aos fonoaudiólogos, enfatizando as duas dimen-
Elisiario E. do Couto (MTb 8.226) sões da nossa profissão: Saúde e Educação. Não podemos esquecer que a
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Fonoaudiologia é uma profissão hibrida, somos profissionais da Saúde sim, mas
também temos uma função essencial no campo educativo, e este papel nos
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Via Brasilia Editora possibilita fazer uma verdadeira revolução social através do nosso trabalho.A
IMPRESSÃO linguagem é, como o saber, uma conquista de todos e é através dela que
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podemos tornar este mundo um pouco melhor. O Conselho Federal de Fonoau-
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40.000 exemplares diologia, por intermédio de sua Comissão de Educação aceita o desafio de
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refazer esta caminhada. Compete a nós criar as condições objetivas para deba-
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ter todos os assuntos relacionados a Educação, criar alternativas que favoreçam
o aparecimento de um novo fonoaudiólogo, mais solidário, preocupado em
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Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008 3


Fonoaudiólogo na Educação:
imprescindível para a
escola e para a família
Foto: arquivo de Renata Estrela

Em Goiânia, equipe de fonoaudiólogas realiza triagem vocal em professores

A

grande contribuição da Fonoau- dos fonoaudiólogos está empregada em ajuda no âmbito educacional, sem limi-
diologia para a Educação é agre- serviços de Educação, seja no sistema te, é o fonoaudiólogo”, confirma Jaime
gar conhecimentos específicos regular seja na educação especial. “Qual Luiz Zorzi, também de São Paulo (SP),
do processamento de lingua- é a diferença substancial entre os nos- avalizado por seu doutorado em Educa-
gem, de acordo com as diversas faixas sos países? A resposta óbvia seria a dife- ção e sua especialização em linguagem.
etárias e a influência de fatores sócio-cul- rença de situação sócio-econômica. “O fonoaudiólogo não deve pensar que
turais na aprendizagem”. Na visão da Mas, além disso, e talvez mais impor- está prevenindo problemas, mas que
fonoaudióloga Ana Luiza Gomes Pinto tante ainda, seja a diferença no investi- está desenvolvendo gente. O fonoaudió-
Navas, de São Paulo (SP), que é docente mento financeiro e político em Educa- logo dentro do sistema escolar pode aju-
dos cursos de Fonoaudiologia e de Espe- ção. Nos últimos anos, o Departamento dar não apenas no planejamento da for-
cialização em Linguagem da Faculdade de Educação norte-americano lançou mação do professor, mas trabalhar para
de Ciências Médicas da Santa Casa de programas específicos para garantir o criar melhores condições de comunica-
São Paulo e diretora científica da Socie- sucesso do aprendizado da leitura e ção em questões voltadas ao ruído e a
dade Brasileira de Fonoaudiologia (SBFa), escrita desde os anos iniciais (educação voz do professor e do aluno, além das
“tal abordagem soma esforços para pre- infantil) até o que seria o nosso Ensino técnicas didáticas, para garantir a ade-
venir e detectar as alterações de lingua- Médio. Todos esses programas incluem quada compreensão”.
gem oral e escrita em um processo inte- o trabalho do fonoaudiólogo em todas “O que vejo como possibilidade de
grado e complementar aos profissionais as etapas e em todos os níveis de aten- uma nova relação é o foco na aprendiza-
educadores. Sendo assim, a formação do ção, incluindo a atenção primária junto gem, de uma maneira geral: quem vai
Fonoaudiólogo deve ser interdisciplinar, à comunidade estimulando o hábito de aprender a ler e escrever tem que desen-
para que o conhecimento e competên- leitura no ambiente familiar. Reading volver certas competências, implica em
cias a respeito da linguagem, audição, First e No child left behind são exemplos habilidades lingüísticas e psicolingüísti-
voz e motricidade e funções orofaciais de programas nacionais americanos que cas...”, raciocina o fonoaudiólogo Jaime
possibilitem abordagens efetivas de pre- incluem fonoaudiólogos”. Zorzi. “Todo programa ou instrumento
venção e intervenção dos Distúrbios da “A maior parte dos problemas de de intervenção é uma ferramenta e é
Comunicação”. aprendizagem implica em problemas de necessário capacitar o professor para uti-
Nos Estados Unidos, de acordo com linguagem e o profissional que tem esse lizá-la. Esses programas, idealmente,
a da diretora científica da SBFa, metade domínio e a possibilidade de prestar devem ser desenvolvidos por grupos de

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profissionais, para que tenham boa con- tuar um primeiro processo de avaliação, gens oral e escrita, com a leitura e pro-
sistência e requerem mãos hábeis para encaminhar para os recursos de saúde dução de diversos gêneros discursivos,
serem manipulados. No Instituto Cefac, que a comunidade disponibiliza para com o letramento infantil e com a apro-
onde atendemos crianças com dificulda- assistência extra-pedagógica fora da priação de conhecimentos sobre a alfa-
des de aprendizagem, temos trazido pro- escola e criar para essas crianças progra- betização, entre tantos outros assuntos”.
fessores para formação, com resultados mas de intervenção dentro da escola (não “Os determinantes do fracasso escolar
bem melhores do que quando temos a de caráter fonoaudiológica, mas educa- são complexos e multifatoriais e incluem
oportunidade de trabalhar só com a cional), com muitos cuidados do ponto aspectos biológicos, sociais, culturais, eco-
criança. Em função do número de ques- de vista de garantia das habilidades que nômicos, familiares e institucionais. Por
tões que esses professores trazem, preci- a criança tem que desenvolver”. este motivo, combatê-lo pressupõe a
sei até organizar um ‘Guia Prático para implementação de ações baseadas na par-
ajudar crianças com dificuldades de Mudanças ceria e que tenham como referencial o
aprendizagem: dislexia e outros distúr- A fonoaudióloga Patrícia Prado Calhe- paradigma da Promoção de Saúde”, pon-
bios’, que acaba de ser publicado”. ta relata um quadro que vem sendo, feliz- dera Maria Teresa Pereira Cavalheiro,
Um outro ponto crítico que deve ser mente, gradativamente alterado. “Duran- docente da PUC-Campinas e fonoaudiólo-
considerado, apontado pela fonoaudió- te muito tempo, a preocupação exclusiva ga da prefeitura de Mogi Mirim (SP).
loga Mônica Petit Madrid, docente do do profissional fonoaudiólogo, ao tomar Para a fonoaudióloga, “o fortaleci-
curso de Fonoaudiologia do Centro Uni- contato com uma escola, era vinculada à mento da relação entre os profissionais
versitário São Camilo, em São Paulo (SP), possibilidade de detectar, avaliar e sanar da saúde e da educação, poderá contri-
é a pouca compreensão da importância distúrbios da comunicação que, de algum buir para a conquista da qualidade de
do fonoaudiólogo na escola e a carência modo, comprometessem o aprendizado vida de todos os segmentos envolvidos
de dados epidemiológicos relacionados de crianças na sala de aula. Assim, medi- no espaço escolar, favorecendo o desen-
aos distúrbios da comunicação no Brasil, das como triagens, avaliações, oficinas e volvimento humano e o processo de
que poderiam ilustrar o quanto as crian- grupos de estimulação, entre outras, eram emancipação da nação”.
ças poderiam ser beneficiadas com a prontamente cumpridas, sob a alegação
atuação fonoaudiológica. de se eliminar as alterações relativas ao Relação distorcida
ouvir, falar, ler e escrever”. Se for verdade que a história da
Profissional da Saúde Para esta fonoaudióloga, que está Fonoaudiologia teve início na Educação,
e da Educação... voltada à formação de professores, em no entanto esta relação nem sempre foi
“De acordo com um dos princípios do escolas regulares de educação infantil bem cultivada. A fonoaudióloga Ana
Código de Ética da profissão, o fonoau- e ensino fundamental e a consultoria em Luiza Gomes Pinto Navas, de São Paulo
diólogo deve, em seu exercício, realizar linguagem e educação, “pais e professo- (SP), lamenta a imaturidade de outrora
atividade em benefício do ser humano e res passaram a ser foco da atuação do da profissão, que fez com que muitos
da coletividade”, lembra Mônica. “Além fonoaudiólogo, por intermédio da reali- profissionais assumissem uma posição
disso, o fonoaudiólogo é um profissional zação de palestras, orientações e encon- errônea em relação aos profissionais de
da Saúde e também da Educação, res- tros destinados a esclarecimentos sobre educação. Ana Luiza destaca que “a rea-
ponsável pela promoção, prevenção, ava- o conjunto de características das patolo- lização de triagens fonoaudiológicas
liação e diagnóstico, orientação, terapia gias detectadas ou mesmo pela apresen- sem critérios científicos e com o único
(habilitação e reabilitação) e aperfeiçoa- tação de temáticas por nós pré-concebi- propósito de angariar pacientes para os
mento dos aspectos relacionados à audi- das, como relevantes para a formação e consultórios particulares causou (e ainda
ção, linguagem oral, escrita e voz. Pode- informação dos principais responsáveis causa!) muitos atritos. Qualquer que
se dizer assim, que a complexidade do pelo desenvolvimento infantil”. seja a atuação do fonoaudiólogo envol-
processo social e educacional, bem como “Entendo que podemos ser um agen- vendo processos educacionais, esta deve
os princípios éticos e a competência da te de reflexão, de co-análise de práticas ser feita com muito cuidado e respeito.
profissão convocam a Fonoaudiologia pedagógicas e de diálogo com os educa- Trata-se de somar, e complementar o
como aliada”. dores sobre o trabalho com as lingua- olhar específico ao escolar e/ou ao pro-
Ao fazer uma breve revisão de litera-
tura sobre a atuação fonoaudiológica no
âmbito escolar, a fonoaudióloga Mônica
Petit Madrid notou, nos trabalhos publi-
cados nos anos 70, que o foco das ações
era a identificação e a recuperação do
que se encontrava fora dos padrões de
normalidade. “Na década de 80, com a
regulamentação da profissão, a escola
tornou-se um espaço de atuação legal-
mente definido e a partir deste momen-
to muitos trabalhos começaram a se
desenvolver. Essa década caracteriza-se
pela ampliação do campo de atuação e
pelo distanciamento de uma pratica
exclusivamente clinica, fato também
observado na década de 90”.
Foto: arquivo pessoal

No ambiente escolar, o fonoaudiólo-


go Jaime Zorzi coloca como um dos
papéis do fonoaudiólogo, em contato
com os professores, efetuar o levanta-
mento das crianças com problemas, efe- Fonoaudióloga Ellen Santos

Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008 5


Se este fonoaudiólogo se insere neste
ambiente escolar inclusivo e olha para ele
com a visão clínica impregnada em suas
veias, que faz da escola seu consultório e
transforma alunos em pacientes, só reforça
a visão social de que a única coisa que sabe-
mos lidar é com doenças”.

Clínica?
“O trabalho em clínica, de extrema
importância, é visto por um paciente,
uma família. O trabalho em uma escola
é visto, simultaneamente, por duzentas,

Foto: arquivo pessoal


Foto: arquivo pessoal

quinhentas, mil pessoas”, compara a


docente da Unifor. Além disso, quando o
fonoaudiólogo realiza um trabalho inte-
ressante, ele certamente abre portas para
outros; mas quando isso não ocorre ele Fonoaudióloga Ana Luiza Gomes Pinto Navas
Fonoaudiólogo Jaime Luiz Zorzi
fecha portas para própria Fonoaudiolo-
gia. Estamos nós preparados para esta
fessor e não apontar para a escola e ou realidade? O profissional fonoaudiólogo ensino tem sido quase radical com as
professor como culpados das falhas no precisa se perceber como um educador novas diretrizes, que privilegiam a forma-
processo de ensino-aprendizagem”. em saúde quando adentra os muros ção do aluno para a atuação com ênfase
O fonoaudiólogo Jaime Zorzi é contun- escolares. Mas, sabe este profissional ser na Atenção Básica da rede do Sistema
dente. “A Fonoaudiologia foi ganhando educador? Conhece as demandas, as téc- Único de Saúde (SUS). É clara a tendên-
espaço na área da Saúde e perdendo espa- nicas, os métodos utilizados na Educa- cia do Ministério da Saúde ao incentivar
ço na Educação, porque começou a man- ção? Compreende ele sobre Educação o e apoiar estas ações por meio, inclusive,
ter uma relação de serviço externo à esco- suficiente para promovê-la?” de projetos como o ProSaúde. Na área da
la, com os procedimentos de triagem. Ele Aos questionamentos que faz, a fono- Educação, as ações e programas gover-
se aproximava da escola para buscar crian- audióloga Ellen Santos dá, ela própria, as namentais voltados para a melhoria do
ças que tivessem alguma dificuldade princi- respostas. “O que tenho percebido em processo ensino–aprendizagem ainda
palmente na fase pré-escolar para evitar minha prática como consultora e assesso- não contemplam ou reconhecem direta-
problemas futuros, particularmente os ra em Fonoaudiologia Educacional, além mente o papel do fonoaudiólogo nesse
auditivos mas também da fala, da motrici- de docente da área, é, inicialmente, a processo. Apesar disso, há alguns esfor-
dade orofacial. Deram a isso uma conota- ausência de conhecimentos necessários ços isolados de programas de muito
ção de prevenção (que na minha opinião já para que a atuação em educação da saúde sucesso da atuação fonoaudiológica em
era uma intervenção, um atendimento clí- da comunicação humana no âmbito esco- escolas, e na determinação de políticas
nico). Isso não respondeu à demanda e às lar se faça presente e se faça perceptível públicas na área de educação”.
angústias da escola. Esse vácuo foi sendo pela própria comunidade escolar. A per-
ocupado pelo psicopedagogo, que se apre- gunta é se a formação dos fonoaudiólo- Novo paradigma
sentou como o profissional do distúrbio da gos tem propiciado a obtenção destes Jaime Zorzi lembra que o fonoaudió-
aprendizagem”. conhecimentos, destas habilidades e logo detém o campo da linguagem, que
“Assim como eu, um grupo de fomentado este tipo de atitude para que é inerente a todo o processo da aprendi-
fonoaudiólogos conseguiu reabrir essa as escolas, que receosamente têm nos zagem, portanto é o profissional, teori-
porta, mudando o discurso. Levo a expe- acolhido, se sintam seguras com o nosso camente, do desenvolvimento dentro do
riência clínica para o meu trabalho com desempenho lá dentro?” sistema educacional. “E por que o
os professores, mas busco fazer uma “Na área da Saúde – complementa fonoaudiólogo se afastou?’, questiona
conversão dessa experiência de acordo Ana Luiza – a mudança do paradigma de ele. “Porque a formação pouco contem-
com o modelo pedagógico. Temos que pla a questão educacional. Só contempla
ter a preocupação individual mas tam- a patologia, quando contempla, em geral
bém temos que ter uma visita de conjun- de uma maneira muito limitada. Nós
to, de projeto, de modo que cada ação somos os responsáveis por esses fatos.
que faça seja não para um, mas para Nós é que apresentamos uma imagem
muitos”, sintetiza Jaime Zorzi. distorcida, frente aos objetivos de nossa
Ellen Santos, fonoaudióloga com atua- formação”
ção em Fortaleza (CE) como docente da “Dentro da perspectiva do educador,
Unifor e consultora na área de Fonoaudio- a idéia é a de que, se a criança tem pro-
logia Educacional, fornece mais argumen- blema de fala, de voz ou de articulação,
tos. “O fonoaudiólogo precisa entender, o fonoaudiólogo é chamado, mas se o
como profissional da educação, que ele está problema é aprender, deve ser encami-
lá muito mais para promover um nível de nhado para outro profissional, porque o
ensino e aprendizagem de excelência, abor- fonoaudiólogo não se apresentou como
tendo competência para isso. Este mer-
Foto: arquivo pessoal

dando aspectos de sua área para gerar esses


benefícios, para transformar a comunidade cado restrito é conseqüência de nossa
escolar (professores, alunos, funcionários história. Ficamos do lado de fora porque
em geral...), para metamorfosear uma a gente se pôs do lado de fora!”
sociedade e, mais, para mudar o mundo, “Vejo muitas portas de entrada, não tão
qual seja, em um lugar melhor para se viver. Fonoaudióloga Márcia Azevedo de Souza Matumoto grandes como no passado e isso vai exigir

6 Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008


uma nova idéia do que é a escola, do que é prática do fonoaudiólogo na educação, os
desenvolvimento. O profissional tem que Conselhos profissionais têm se mobilizado
carregar o conhecimento que adquiriu, gra- para discutir o tema. Em São Paulo, o Con-
ças a sua formação na área da Saúde e fazer selho Regional de Fonoaudiologia da 2ª
ajustes para o universo da Educação. A visão Região emitiu, em setembro de 1994, um
clínica, de doença, de patologia não vai tra- parecer procurando definir o papel e as
zer resultado”. Zorzi relata que em muitos diretrizes para a atuação do fonoaudiólo-
eventos que participa. têm ouvido de pro- go na escola. Em dezembro do mesmo
fessores queixas em relação a palestras que ano, publicou um segundo parecer com-
ouvem de fonoaudiólogos, que consideram plementar ao primeiro. Em 1999, o Con-
muito técnicas, de efeito apenas local. “Não selho Federal de Fonoaudiologia publicou
conseguimos levar nada para a sala de aula, a Resolução nº 232/99, de âmbito nacio-

Foto: Elisiario Couto/Insert


para a nossa conduta, a nossa atitude. É nal, sobre a atuação do fonoaudiólogo em
como se o interlocutor fosse muito mais da escolas, com o objetivo de normatizar as
área da Saúde do que da Educação”. ações e conscientizar sobre o valor do tra-
Para Patrícia Prado Calheta, a lógica é balho fonoaudiológico”
simples. “Se o fonoaudiólogo não se dis- Para a fonoaudióloga Maria Teresa, nos
puser a conhecer a Educação e suas ques- três documentos fica claro que não deve
Fonoaudióloga Maria Teresa Pereira Cavalheiro
tões, ele não poderá contribuir efetivamen- ser realizado o atendimento terapêutico na
te com os integrantes da escola. Quando escola. “Esta proibição tem como base a
alguém me pergunta por que algumas previamente determinadas”. Constituição de 1988 e a Lei de Diretrizes e
escolas têm tanta resistência à entrada do Há 14 anos envolvida com essas ques- Bases da Educação (LDB - lei nº 9394/96),
fonoaudiólogo, eu respondo com outra tões na Secretaria de Educação do municí- que definem como objetivos da educação o
pergunta: o que será que estamos fazen- pio de São Bernardo do Campo (SP), Maria pleno desenvolvimento da pessoa; o pre-
do lá para colaborar com esta resistência? Azevedo de Sousa Matumoto acredita paro para o exercício da cidadania e a qua-
Será que não é o momento de olharmos que, “embora seja um território que esta- lificação para o trabalho. Nessa perspectiva,
para nossas tradicionais práticas e analisar- mos trabalhando há muito tempo, temos evidencia-se a necessidade de superar as
mos o quanto elas estão atreladas à reedi- que resignificar nosso papel para que se propostas de trabalho que valorizam a figu-
ção de um fazer da clínica na escola que, faça um serviço mais permanente, que ra do aluno, a quem se atribui uma doença
em última instância, culpabiliza exclusiva- ajude a escola de fato. Investimos muito e a responsabilidade pelo seu fracasso”.
mente a criança pela ‘constituição’ de seu em ajudar o aluno, como ele tivesse que Novas bases legais têm fortalecido a
sintoma de/na linguagem? se adequar à escola. Precisamos de uma relação do fonoaudiólogo com o sistema
Para Patrícia Calheta, um avanço signi- mudança de paradigma. Temos que ter educacional, como a Resolução do CFFa
ficativo da Fonoaudiologia em direção à respeito às diferenças e a escola tem que nº 309, de 01 de abril de 2005, que “dis-
Educação só vai ser efetivamente anuncia- se adequar ao sujeito que está chegando”. põe sobre a atuação do Fonoaudiólogo
do à medida que os profissionais ultrapas- na educação infantil, ensino fundamen-
sem o limite das ações de natureza clínico- Números e normas tal, médio, especial e superior, e dá
preventiva-terapêutica e, de fato, cami- Segundo os dados fornecidos pelo outras providências”. A fonoaudióloga
nhem ao encontro da escola, enfrentando Inep relativos a 2004, sobre o desempe- Maria Teresa destaca o avanço deste
contradições e histórias constitutivas dos nho dos alunos no Sistema Nacional de documento quanto à perspectiva de se
diferentes papéis e funções sociais ali assu- Avaliação da Educação Básica (Saeb estabelecer a atuação fonoaudiológica
midos. “Ou, dito de outro modo, é preciso 2003), aproximadamente 55% das crian- em parceria com os profissionais da esco-
compor um conjunto de ações atrelado à ças chegam à 4ª série do ensino funda- la, com ênfase na promoção de saúde.
realidade escolar e, portanto, pautado na mental com grandes dificuldades em lei- A fonoaudióloga Patrícia Calheta con-
investigação do perfil de cada instituição tura e escrita, ou seja, sabem codificar e corda plenamente. “Existe no texto uma
para o desenvolvimento de projetos de decodificar, entretanto revelam um clara preocupação com a realidade esco-
assessoria, baseados nas perspectivas e conhecimento bastante restrito acerca da lar, com ações processuais na escola, com
necessidades reais dos educadores e não linguagem escrita. A fonoaudióloga encaminhamentos para diversos profis-
Mônica Petit relata que são crianças que,
muitas vezes, sabem copiar, grafar as
letras, mas não sabem escrever ou com-
preender a leitura de um pequeno texto.
Há ainda aqueles incapazes de produzir
ou ler qualquer texto.
Outro ponto destacado por Mônica é
a saúde do professor. “Estudos revelam
que o problema mais freqüente que o
acomete refere-se à voz. Grande parte
dos professores em exercício apresenta
ou já apresentou problemas vocais e/ou
nunca se informou sobre os cuidados e
tratamentos necessários. Este fato resul-
Foto: Elisiario Couto/Insert

ta no afastamento desses profissionais


Foto: Osmar Busto

das salas de aula. De acordo com pesqui-


sa realizada pela Unesp, 77% dos profes-
sores sofre com problemas vocais”.
A fonoaudióloga Maria Teresa Pereira
Fonoaudióloga Patrícia Prado Calheta Cavalheiro relata que, “para normatizar a Fonoaudióloga Mônica Petit Madri

Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008 7


sionais fonoaudiólogos (nos casos em de muito baixo peso, por exemplo. Nasf, teremos nos próximos anos a valo-
que há indícios favoráveis à intervenção “A comunidade científica tem contri- rização do trabalho do fonoaudiólogo
terapêutica) e até mesmo com uma tria- buído para alertar a sociedade e, espe- junto aos equipamentos educacionais”
gem diferenciada, já que ela não poderá cialmente, os políticos para a importân- Enquanto isso não ocorre, conclui Ana
ser uma ação isolada na instituição”. cia da identificação e intervenção preco- Luiza, “nós educadores e pesquisadores,
A fonoaudióloga Ana Luiza Navas ce dos Distúrbios da Comunicação. O devemos cada vez mais fortalecer os pro-
lembra que há uma previsão mundial de caminho ainda é longo e árduo, mas gramas de investigação científica, divulgar
que, no futuro próximo, o mercado de acredito que da mesma forma em que a esses achados relevantes para a educação e
trabalho crescerá comparativamente área da Saúde tem favorecido oficialmen- cuidar da formação de nossos alunos para
mais na área da Educação do que na te a inserção do fonoaudiólogo em equi- que se preparem para esse futuro”.
Saúde, com as políticas de inclusão e a pes multidisciplinares, como no caso dos
sobrevida de prematuros extremos e/ou Núcleos de Apoio à Saúde da Família –

E xperiências exitosas
Em São Bernardo do Campo...
A fonoaudióloga Márcia Azevedo de Sousa Matumoto ... e em Goiás
atua há 14 anos no ensino regular, integrando uma equipe O Estado de Goiás conta, desde 1999, com uma equipe
técnica multiprofissional (também formada por terapeuta multiprofissional que atua, em caráter educacional, nas esco-
ocupacional, psicólogo, assistente social e orientadores las de Goiânia e interior de Goiás. A equipe é composta por
pedagógicos) da secretaria de Educação do município de 49 fonoaudiólogos, 59 psicólogos, 35 assistentes sociais e 22
São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. pedagogos e um instrutor de Braille, que atuam em conjunto
“Ao contrário da época em que me formei, em que o no atendimento às necessidades das escolas.
fonoaudiólogo era aquele profissional que triava e que tra- “As atribuições da equipe variam em função da espe-
tava, hoje acredito firmemente que o fonoaudiólogo con- cialidade – relata a fonoaudióloga Renata Tavares Estrela,
tribui para a montagem da própria proposta curricular, pen- gerente de Ações Multissetoriais do programa – porém
sando em uma proposta de currículo que seja mais efetiva, todos os profissionais trabalham em conjunto, orientan-
no princípio do atendimento à diversidade e às necessida- do e acompanhando o processo ensino-aprendizagem do
des específicas. O fonoaudiólogo, ao atuar no planejamen- aluno nas suas diversas interfaces: aluno/professor, das
to pedagógico do professor e no acompanhamento da condições ambientais da escola, da interação aluno/aluno
aprendizagem do aluno, acaba transversalizando sua atua- e do estilo preferencial de aprendizagem do aluno”.
ção, tanto no educação especial como no regular”.
“Hoje trabalho como uma assessoria escolar de fato:
faço a formação permanente dos professores. Eles têm
encontros mensais com a nossa equipe, no qual discutimos
o olhar sobre essas crianças e as propostas que ajudam não
apenas essas crianças com necessidades educacionais espe-
ciais mas também a qualidade do ensino como um todo.
Faço também uma atuação junto aos professores com habi-
Foto: arquivo de Renata Estrela

litação específica em deficiência auditiva ou mental e que


fazem o suporte no horário de aula. O professor percebeu
que o aluno é dele e que o fonoaudiólogo é um parceiro
importante em se trabalho”.
No Recife...
O envolvimento da fonoaudióloga Teresa Didier teve iní-
cio assim que se formou, em 1989, pela Universidade Católi-
Apresentação do Projeto “Educação Vocal“ em Goiânia
ca de Pernambuco, quando foi convidada para integrar a
equipe de uma escola particular na zona oeste do Recife.
“Era um projeto, acredito, bastante ousado para a O desenvolvimento se dá através de orientações diretas
época”, relata a fonoaudióloga. “Nossa idéia era ultra- e acompanhamento in loco. Renata continua seu relato.
passar a detecção e o encaminhamento dos problemas “Com a equipe é possível desenvolver programas de orien-
de linguagem, além de chegar às salas de aula como ins- tação para as famílias e a comunidade, para sua integra-
trumento facilitador da aprendizagem dos alunos, numa ção no processo de inclusão educacional, sistematizando
fase de aquisição e desenvolvimento da comunicação oral ações destinadas à comunidade escolar e as famílias, tais
e gráfica. Apesar de, no começo, ser tudo muito novo, como palestras, ciclos de estudos, seminários, orientações
logo foi percebida a necessidade da Fonoaudiologia atuar específicas, enfocando seu caráter preventivo”.
de forma preventiva, integrada aos demais serviços da Desde 2007 a equipe de fonoaudiólogos desenvolve
escola. A grande aprovação dos alunos no universo de nas escolas a execução do projeto Educação Vocal, que
nossas ações e o seu reflexo no processo ensino-aprendi- visa promover e proteger a voz do professor, através de
zagem foram, sem dúvida, os meios facilitadores da nossa aquecimentos e desaquecimentos vocais, palestras e
integração”. workshops sobre uso adequado da voz e saúde vocal. “Os
A direção da escola ressaltou o pioneirismo deste traba- professores reservam um tempo para a realização de exer-
lho inovador, num tempo em que poucos fonoaudiólogos cícios e orientações sobre a fala e uso da voz como ins-
atuavam nessa área e a diretora pedagógica e psicóloga da trumento de trabalho. O trabalho não atinge somente os
Escola, Isabel Ledebour, deu seu depoimento: ”a Fonoaudio- professores, pois estes uma vez informados e capacitados
logia veio renovar e dar maior integração aos projetos educa- desta temática, também têm alertado seus alunos quanto
cionais vivenciados em sala de aula. Com criatividade, as aos abusos e mau uso da voz”.
fonoaudiólogas, sensíveis às necessidades infantis, estimulam A atuação dos fonoaudiólogos, assim como de toda a
os alunos a gostar de ler, escrever e a expressar-se, utilizando equipe multiprofissional, está sob a responsabilidade da
as mais diversas formas de expressão para ampliar o conheci- Coordenação de Ensino Especial da Secretaria do Estado
mento interno e externo do seu mundo.” de Educação de Goiás.

8 Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008


MEC cria novos conceitos
para avaliar curso superior
O
Ministério da Educação criou novos A mudança de critério adotada pelo gação pelo MEC. Segundo o Fórum, além
conceitos para avaliar a educação MEC para avaliar as universidades fez com de revogar parcialmente a lei que criticou
superior, que serão usados como que 214 cursos deixassem de estar nos o Sistema Nacional de Avaliação de Ensino
referência para a concessão ou patamares mais baixos (notas 1 e 2). Este Superior (Sinaes), o novo instrumento ava-
renovação de licenças de funcionamento de nível é considerado pelo governo como de liativo prejudicará a imagem das institui-
cursos de ensino superior e servirão de base cursos sem condições de qualidade para ções e, por conseqüência, os alunos.
para sanções ou medidas de melhoria em funcionar e que sofrerão fiscalização mais
cursos e instituições com desempenho ruim. próxima do Ministério da Educação. Enade em 2007
Comesse novo critério haverá a redução das Na outra ponta, 86 deixaram de ser Do total de cursos avaliados no último
avaliações de especialistas in loco – só os considerados "referência" (nota 5). A análi- ano, as instituições privadas representaram
cursos considerados deficientes terão obri- se inclui as 16 áreas de conhecimento ava- 76,9%. A Região Sudeste concentrou
gatoriedade de visita. liadas pelo MEC em 2007. Enfermagem, 48,6% dos cursos avaliados. Apenas 25 dos
Com esta nova metodologia, além do com 540 cursos; Educação Física, com 497 3.239 cursos superiores avaliados no Exame
desempenho e da evolução dos estudan- e Fisioterapia, com 399, foram aquelas Nacional de Desempenho de Estudantes em
tes no Enade (o antigo “provão”), serão com maior número de cursos participantes 2007 alcançaram nota máxima no exame.
considerados o perfil do corpo docente representando, juntas, 44,3% do total. O Estado que apresentou maior número
(como número de professores com dedi- Foram avaliados, também, cursos de Fono- de cursos com notas máximas nos três con-
cação integral) e a percepção dos alunos, audiologia, Agronomia, Biomedicina, Far- ceitos avaliados pelo MEC foi Minas Gerais
com base nos questionários do Enade. Até mácia, Medicina, Veterinária, Nutrição, (oito, todos de instituições federais), seguido
2007, o MEC adotava como padrão para Odontologia, Serviço Social, Tecnologia em pelo Paraná (com sete cursos, seis de esta-
avaliar os cursos apenas os dados referen- Radiologia, Tecnologia em Agroindústria, duais e um de federal). O Rio Grande do Sul
tes à prova (conceito Enade). Terapia Ocupacional e Zootecnia. teve três cursos de faculdades federais com
Esta nova avaliação terá como base De acordo com ministro da Educação nível de excelência. São Paulo teve somente
novos indicadores. Um deles é o Indicador Fernando Haddad, o conceito preliminar é dois cursos com notas máximas mas duas
de Diferença de Desempenho (IDD), que um avanço no sistema de avaliação e das mais conceituadas universidades do
mede o conhecimento agregado pelos cur- somente cursos de má qualidade irão Estado, a USP (Universidade de São Paulo) e
sos aos estudantes. Ele é calculado a partir temer a novidade. O presidente do Inep, a Unicamp (Universidade Estadual de Cam-
da diferença entre o desempenho dos for- Reynaldo Fernandes nega a intenção de pinas) não foram avaliadas, pois seus alunos
mandos de 2007 e o dos ingressantes de diminuir o número de cursos com notas decidiram boicotar o exame.
2004. baixas ou no topo da escala.
Outro novo indicador é o Conceito Pre- Do outro lado, o Fórum das Entidades Acesse
liminar dos Cursos de Graduação (CPC). Representativas do Ensino Superior Parti- http://www.inep.gov.br/superior/enade/ para
conferir todos os resultados do Enade 2007.
Ele será calculado a partir de uma média cular criticou a criação do CPC e sua divul-
ponderada entre a nota do Exame Nacio-
nal de Desempenho de Estudantes
(Enade), o IDD (Indicador de Diferença de
Desempenho) e os insumos do curso –
recursos pedagógicos, infra-estrutura e
qualificação dos docentes.
A nota de cada curso no Enade 2007
teve peso de 40% no conceito preliminar.
Já o IDD vale outros 30%. Os demais 30%
são resultado da opinião dos estudantes
sobre o projeto pedagógico e da infra-
estrutura dos cursos, conforme questioná-
rios respondidos por quem participa do
Enade e da titulação e do regime de traba-
lho dos docentes
O conceito será de 1 a 5. Segundo o
Inep, 1 e 2 corresponderão a cursos sem
condições de funcionar. O conceito será
final apenas após a visita da comissão do
MEC (que será obrigatória nos cursos notas
1 e 2 e optativa para os demais). Os cursos
são avaliados a cada três anos.

Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008 9


Foto: arquivo pessoal

Carreira militar,
um desafio fascinante
O
município de Santa Maria, no interior do Rio Grande O Jornal do CFFa ouviu a fonoaudióloga Maria Adelaide Kuhl
do Sul concentra o segundo maior contingente militar Reichembach, tenente-coronel da Aeronáutica em Canoas (RS), a
no Brasil, atrás apenas da cidade do Rio de Janeiro. É pioneira (e provavelmente também a única) que pertence efeti-
também nessa cidade que está localizado um dos mais vamente à carreira militar, desde 1984. A situação mais comum –
conceituados cursos de Fonoaudiologia do país, na Universidade como as da primeira-tenente Carla Cassandra de Souza Santos
Federal de Santa Maria. (também da Aeronáutica), da primeira-tenente Márcia Siqueira
A junção destas duas características justifica a razão pela (do Exército) e Michelle Gindri Vieira (da Marinha) – é de integra-
quais as quatro profissionais entrevistadas pelo Jornal do rem os quadros técnicos, com contratos ainda finitos.
CFFa nesta edição, que optaram pela vida militar e exercem Em comum, o sentimento de que essa atuação nas Forças
sua atividade profissional nas Forças Armadas – uma no Exér- Armadas possibilita não apenas o crescimento na área profissio-
cito, na uma Marinha e duas na Aeronáutica – são todas nal, mas desenvolve, sem dúvida, liderança, poder de decisões,
egressas da mesma instituição e possuem vínculos familiares responsabilidade, senso de civismo e um olhar mais comprometi-
com a caserna. do com a Pátria.

Pioneira na vida militar... Antes de ingressar no hospital, pre-


Em 1984, um ano após a conclu- cisava realizar um curso de quatro
são do curso de Fonoaudiologia na meses em Belo Horizonte, com o objeti-
Universidade Federal de Santa Maria vo de se adaptar à vida militar. “De
(RS), a hoje tenente-coronel Maria malas prontas, lá fomos nós, as três
Adelaide Kuhl Reichembach, não tinha selecionadas daqui do sul. Tudo era
ainda noção sobre como seria a vida muito novo, as colegas, a rotina do dia,
militar e nem como seria a integração os uniformes, as obrigações, as aulas de
da Fonoaudiologia nesse ambiente. regulamentos, as provas, os oficiais, os
Mesmo assim decidiu ingressar no vínculos de amizade que se formavam
quadro da Força Aérea Brasileira ali... Muitas informações e muita ordem
(FAB). unida. Durante o curso, discutíamos
“O que me atraiu a candidatar-me bastante sobre como seria a nossa
à carreira militar foi a proposta de um entrada nos locais de trabalho. Muitas
trabalho em um hospital, cujo ambien- de nós seriam pioneiras na sua área. E
te seria multidisciplinar. Aventurei-me eu era uma delas”.
e realizei a inscrição sobre influência de Recentemente promovida a tenente-
Foto: arquivo pessoal

uma prima, psicóloga, que faria o con- coronel, Maria Adelaide Kuhl Reichem-
curso comigo”, relata ela ao Jornal do bach é a pioneira e provavelmente tam-
CFFa. “Quando soube que tinha sido bém a única fonoaudióloga que integra
selecionada, fiquei muito surpresa e ao a carreira militar, como oficial. As
mesmo tempo apreensiva. Como seria demais fonoaudiólogas que hoje parti- Fonoaudióloga Maria Adelaide Kuhl
Reichembach, tenente-coronel da Aeronáutica e
a minha vida a partir daquele momen- cipam da vida militar – e provavelmente pioneira na área militar
to?”. são centenas, de acordo com estimati-

10 Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008


vas coletadas recentemente pelo Jornal vência e operativos desenvolvidos no
do CFFa – são dos quadros técnicos do HACO. Os dois profissionais fonoaudió-
Exército, da Marinha e da Aeronáutica. logos do hospital atuam em três seto-
Ao retornar para Canoas (RS), após 16 res de atendimento: ambulatorial (com
semanas de curso de adaptação no CIAAR fonoterapia e aprimoramento da
Centro de Instrução e Adaptação da Aero- comunicação), hospitalar (no atendi-
náutica (CIAAR), a primeira ordem recebi- mento ao leito de casos neurológicos,
da foi: “montem as suas clínicas e desen- de disfagia e outras doenças degenera-
volvam o seu trabalho.” Muitos dos cole- tivas) e em Audiologia (com exames clí-
gas do Hospital de Aeronáutica de Canoas nicos-audiométricos; programa de con-
(HACO) não sabiam qual era a área de servação da audição e exames auditi-
atuação da Fonoaudiologia e foi necessá- vos na Junta de Saúde, o local em que
ria a divulgação junto a esses colegas e são realizados os exames clínicos para
aos usuários”, relata a fonoaudióloga. “A carteira de saúde de todos os aerona-
demanda naquela época era de terapia vegantes civis e militares).
fonoaudiológica em crianças. Com o pas- “Sinto-me realizada dentro desta

Foto: Elisiario Couto/Insert


sar do tempo, foi crescendo a consciência instituição. O trabalho na FAB propor-
de que a Fonoaudiologia trabalha com cionou o meu crescimento profissional
todas as idades”. e sempre me permitiu desenvolver o
Maria Adelaide Kuhl Reichembach princípio fundamental da Fonoaudiolo-
desenvolveu a seção de Fonoaudiologia gia: o cuidado com o ser humano na
do HACO e, com o passar do tempo, estimulação, na preservação e no apri- Primeira-tenente Carla Cassandra de Souza
Santos, também da Aeronáutica
foram sendo identificadas novas neces- moramento da comunicação em todos
sidades. “Com a minha entrada na vida os seus níveis”, avalia Maria Adelaide do (Processamento auditivo de militares
acadêmica e na minha pós-graduação, Kuhl Reichembach . expostos a ruído ocupacional: um estu-
criei os estágios clínicos em Fonoaudio- do longitudinal) dentro da BASM, auto-
logia, oferecendo local de estágio para Filho de peixe... rizada pelo comandante da base e pelo
as universidades locais. Essa iniciativa A 1ª tenente Carla Cassandra de Esquadrão de Saúde”.
abriu um espaço importante dentro da Souza Santos tinha a quem puxar. Seu “Desde que saibamos aliar a nossa
instituição”, conta a fonoaudióloga. pai era suboficial (trabalhava com equi- profissão à carreira militar, que tem
“Conseguimos, com muito esforço, pamentos de vôo) e sempre gostou da como pilares a hierarquia e a disciplina,
mais uma vaga de fonoaudiólogo para instituição militar. No último ano da o trabalho dentro da Aeronáutica é gra-
o HACO, no quadro complementar, e faculdade na Universidade Federal de tificante”, garante a fonoaudióloga
iniciamos, na maternidade, a orientação Santa Maria, em 2002, Carla fez estágio Carla Santos. “E, na verdade, não somos
às parturientes sobre amamentação e na Base Aérea de Santa Maria (BASM) minoria no Esquadrão de Saúde. Há
desenvolvimento da comunicação de com a fonoaudióloga da unidade, muitas dentistas, médicas, farmacêuti-
seus bebês”. tenente Karynne. cas, enfermeiras, psicólogas e técnicas
Com o crescente reconhecimento do Em 2003 a fonoaudióloga foi apro- em enfermagem. Não sou também a
trabalho, cresciam também as novas soli- vada no concurso que a Aeronáutica única fonoaudióloga. Seis meses depois
citações por parte dos usuários. Foi cria- abriu, para a BASM (esses concursos são de ingressar na BASM, chegou a tenen-
do um programa de preservação da audi- realizados anualmente, para diversos te Marta Romero e com isso dividimos
ção dos profissionais, em que periodica- profissionais de curso superior) e iniciou as tarefas, eu com os programas de con-
mente eram analisados os limiares auditi- imediatamente o treinamento no CIAAR, servação auditiva e a motricidade orofa-
vos de militares que atuavam diretamen- em Belo Horizonte (MG). cial e ela mais especificamente com a
te nos aviões e em sua manutenção. Esse “Estou em Santa Maria desde janei- terapia, tanto dos militares como de
programa está em funcionamento até ro de 2004, como primeiro-tenente. seus dependentes”.
hoje. Com o mesmo intuito, foi disponi- Este é o último posto que poderei ocu-
bilizado esse mesmo atendimento aos par. Infelizmente, a Aeronáutica não Interação de duas
dentistas do hospital, que constituem um propicia um plano de carreira para a profissões...
grupo de risco à perda auditiva. maioria dos profissionais com curso “Ao ingressar no exército, você tem
Um projeto importante destacado superior. O edital do concurso já men- uma segunda profissão, que passa a ser
pela fonoaudióloga foi o conduzido ciona que o tempo máximo de perma- a primeira, porque além de exercer a
junto aos componentes da Banda de nência é de nove anos”. Fonoaudiologia, existem todas as fun-
Música da Base Aérea de Canoas. “Iden- Todos os militares da BASM têm a ções e posturas atribuídas a um oficial
tificamos dificuldades auditivas e de audição avaliada anualmente. No final do exército, que participa de todas as
motricidade orofacial associadas ao uso do ano, a fonoaudióloga organiza os atribuições inerentes ao exercício militar.
do capacete, que era parte do uniforme dados obtidos nas anamneses e avalia- A avaliação é da fonoaudióloga Márcia
e impossibilitava o desempenho ade- ções para expor aos esquadrões. “Faço Siqueira, que ingressou no Exército em
quado da função do músico ao tocar o palestras sobre os malefícios da exposi- 2005, para atuar no Hospital da Guar-
instrumento. Com o projeto, facilitamos ção ao ruído e a importância do uso de nição de Santa Maria (HGUSM).
e melhoramos o desempenho deste pro- equipamento de proteção individual. “O retorno é excelente, tanto pelo
fissional na sua atividade”. Além da avaliação auditiva clínica de aspecto pessoal, porque você aprende a
O atendimento fonoaudiológico militares, os dependentes são também se conhecer e a testar os próprios limi-
hoje está incluído em vários programas atendidos. Tive a oportunidade de tes, quanto pelo profissional, porque
de prevenção e em grupos de convi- desenvolver minha pesquisa de mestra- atua em uma equipe multidisciplinar, é

Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008 11


ocorre após os seis meses de estágio e Em todas as áreas...
três anos após ocorre a promoção a Fonoaudióloga formada pela Univer-
primeiro-tenente, posto máximo ocu- sidade Federal de Santa Maria em 2000,
pado por um fonoaudiólogo no Exérci- Michele Gindri Vieira optou pela Mari-
to Brasileiro, já que o contrato máximo nha. Em 2005 passou a trabalhar no
de um oficial temporário é de sete Comando do 5º Distrito Naval, na cidade
anos, renovados a cada ano. Atualmen- de Rio Grande (RS), na primeira vaga
te, ocupo o posto de segundo-tenen- aberta pela Marinha para fonoaudiólogo
te”. na região sul. Atualmente está na Escola
Márcia Siqueira foi a primeira fono- de Aprendizes Marinheiros de Santa
audióloga do Exército à atuar no inte- Catarina (EAMSC), em Florianópolis (SC),
rior do Rio Grande do Sul. “Por isso, não uma das quatro es-colas de formação de
havia outra opção senão organizar, sis- mari-nheiros da Ma-rinha do Brasil. Nesse
tematizar e equipar todo o serviço de local foi recentemente disponibilizada
atendimento fonoaudiológico no hospi- mais uma vaga de fonoaudiólogo.
Foto: Elisiario Couto/Insert

tal. Antes, o atendimento era realizado Para Michele, “o ingresso na Mari-


por profissionais autônomos credencia- nha do Brasil, além da questão finan-
do em suas clínicas. Com a grande ceira, foi uma conquista pessoal, de
demanda de pacientes, o atendimento realização profissional, desafio e supe-
no hospital é realizado por profissionais ração constante. A admiração pelas
militares da própria instituição, comple- Forças Armadas vem desde minha
A primeira-tenente
Márcia Siqueira, do Exército mentado por atendimento externo por infância, acompanhando a vida militar
profissionais e organizações credencia- de meu pai, o que sempre me desper-
estimulado ao constante aperfeiçoa- das de saúde”. tou interesse”.
mento profissional e tem um bom retor- O atendimento fonoaudiológico, O fonoaudiólogo, na Marinha do
no financeiro”. Márcia vê apenas um tanto para os militares da região como Brasil, ingressa como oficial (Michele é
inconveniente: “No Exército ainda não seus dependentes, ocorre nas áreas de primeiro-tenente) e faz parte do quadro
existem fonoaudiólogos de carreira, voz, motricidade orofacial e linguagem de Apoio à Saúde, onde presta apoio ao
apenas temporários, que participam de (o serviço de audiologia ainda não é ofe- pessoal militar da Marinha e seus
um processo seletivo por meio de testes recido) para pacientes externos (atendi- dependentes e exerce atividades que
físicos e cognitivos, entrevistas, exames mento clínico no ambulatório do hospi- contribuam para a atividade-fim da
de saúde e análise de currículo. Outras tal) e internos (junto ao leito, no pronto Marinha. O atendimento fonoaudioló-
áreas da Saúde já conquistaram uma atendimento médico e enfermaria do gico é realizado em Ambulatórios
vaga no QCO (Quadro Complementar hospital). O fonoaudiólogo também Navais, como no 5º Distrito Naval onde
de Oficiais), a escola que forma oficiais participa da realização de perícias, tria- Michele trabalha, e também em policlí-
de carreira nas áreas de administração, gens e acompanhamentos de pacientes nicas e hospitais em outros Distritos.
informática, direito, educação e no qua- que participam de programas multidis- “Nesses ambulatórios também estão
dro complementar de saúde”. ciplinares. O HGUSM conta com um ser- presentes médicos, enfermeiros, dentis-
Para concorrer, o candidato, além viço de Home Care, no qual a Fonoau- tas, farmacêuticos e fisioterapeutas,
de ser aprovado nessas etapas, deverá diologia está inserida. possibilitando um atendimento interdis-
ter idade inferior a 38 anos e se com-
prometer a prestar o serviço por um
período mínimo de 12 meses. Ao
ingressar, participa do Estágio de Servi-
ço Técnico (EST).
A primeira fase desse estágio, com
duração de 45 dias, é de adaptação à
vida militar. A fonoaudióloga conta
como ele ocorre. ‘É realizado em um
quartel militar, com provas de tiro, trei-
namento físico militar, testes de aptidão
física, ordem unida, aulas teóricas e prá-
ticas e uma atividade de acampamento
ao final, dormindo no chão, construin-
do abrigo, carregando mochila pesada,
fuzil, capacete, com provas de sobrevi-
vência, orientação diurna e noturna,
provas de obstáculos...”
A segunda fase do estágio é desti-
Foto: arquivo pessoal

nada à aplicação de conhecimentos


técnico-profissionais (no caso de Már-
cia, como fonoaudióloga), na unidade
em que atuará “No período de estágio
ocupamos o posto de aspirante-a-ofi-
Primeira-tenente Michele Gindri Vieira, da Marinha, no consultório de
cial. A promoção a segundo-tenente Fonoaudiologia do Ambulatório Naval de Rio Grande (RS)

12 Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008


ciplinar privilegiado, com o apoio das cional para acompanhar a audição dos tos sociais, em treinamentos, formaturas e
psicólogos e assistentes sociais”. militares desde seu ingresso na Marinha e desfiles militares e em representações nos
O campo de atuação do fonoaudiólo- avaliações periódicas e demissionais, quan- eventos da sociedade. Dentre várias ativi-
go engloba praticamente todas as áreas de do necessárias e orientações e conscienti- dades realizadas de cunho militar, Michele
competência da profissão. “Nossa prática zação quanto ao uso do equipamento de Gindri Vieira participou do Projeto Ametis-
clínica inclui motricidade orofacial, lingua- proteção individual (EPI) nos dias de trei- ta (um estágio de integração social para
gem oral e escrita e voz e conta com recur- namento de armamento. meninas pertencentes à faixa etária de 14
sos terapêuticos como jogos lúdicos e clí- Além da atuação fonoaudiológica pro- a 17 anos), das comemorações do bicen-
nicos”. Michele dá alguns exemplos de priamente dita, o fonoaudiólogo desem- tenário de Tamandaré, patrono da Mari-
outras ações rotineiramente realizadas: penha funções militares como os demais nha e dos 150 Anos da ESMSC, onde foi
palestras aos professores, instrutores e oficiais da Marinha do Brasil: no serviço responsável pelas atividades voltadas para
monitores na EAMSC; audiometria ocupa- militar, em ações cívico-sociais, nos proje- as artes e divulgação na comunidade.

HOMENAGEM

Haja entusiasmo...

A
os 82 anos, disposição não e ingressou nos quadros do Estado,
falta para Maria das Graças de começou a se interessar pelas classes de
Sá Leitão Didier. Ou melhor, alfabetização. “Fui convidada a lecionar

Foto: Imprensa – CRFa 4ª. Região


para Gracita Didier, como é no Instituto de Pesquisas Pedagógicas
conhecida no Recife, onde da Secretaria de Educação de Pernam-
sempre viveu e onde continua colecio- buco. Depois, passei a ser professora do
nando amizades e carinho dos colegas Centro de Educação de Excepcionais da
fonoaudiólogos e das alunas do curso Secretaria da Educação”
de graduação da Universidade Católica “Desde o início minha preocupação
de Pernambuco que, ano após ano, era com a linguagem e fundamos, com
sem exceção, a homenageiam na sole- outras colegas, o Serviço de Educação
Fonoaudióloga Maria das Graças de Sá
nidade de colação de grau. “Elas me Especial. Mais tarde, também o curso de Leitão Didier
respeitam muito e quando me encon- Educação Especial na Faculdade de Ciên-
tram na rua fazem aquela festa toda. cias Humanas de Olinda. Quando fui con- Gracita fez o mestrado graças a um
Não é vaidade não. Tenho a cabeça vidada a participar da clínica de Psicolo- convênio da Universidade Católica de
bem branca e sempre me beijam nos gia da Universidade Católica de Pernam- Pernambuco com a PUC de São Paulo.
cabelos. Esse carinho gratifica. É amor, buco (Unicap), ali organizei um departa- “Minha dissertação foi sobre a história
é afeto...” mento voltado para linguagem”. da Fonoaudiologia em Pernambuco e
A idade não é barreira para Gracita A lista de sua atividade profissional até hoje muita gente pede cópias desse
Didier. É muito mais um desafio, como é longa e inclui a docência na Faculda- trabalho para saber um pouco mais da
o que agora enfrenta na obtenção do de de Ciências Humanas de Olinda e no profissão por aqui”. É também autora
doutorado na Universidade Federal de curso de Psicologia da Unicap, além de do livro “Vertentes da Minha Memória”
Pernambuco, no curso de Letras. “Para trabalho como logopedista do Colégio e agora está escrevendo o livro “Sucção
isso, agora a minha preocupação é estu- Santa Maria de Boa Viagem. No curso não alimentícia”.
dar o som da criança antes dela apren- de Fonoaudiologia que ajudou a criar, A fonoaudióloga recebeu a comenda
der a falar. Todos sabemos que a crian- foi professora de várias disciplinas. “Já Maurício de Nassau, concedida pela
ça expressa uma contração nos lábios. É estava formada em Psicologia e tinha Faculdade Maurício de Nassau em uma
sobre essa linguagem não verbal, vinda feito metade do curso de Direito, nessa homenagem que até hoje relembra com
da amamentação, que estou desenvol- época”, lembra-se. emoção.
vendo meu trabalho. Estou sempre pes-
quisando e já consegui superar três
cadeiras nessa busca pelo doutorado.
Ainda faltam outras e isso me dá muita
satisfação”, entusiasma-se Gracita.
É o mesmo entusiasmo que a
acompanhou por toda sua vida profis-
sional e que a fez uma incentivadora e,
finalmente, uma das fundadoras do
curso de Fonoaudiologia da Universi-
dade Católica de Pernambuco – o pri-
meiro do Estado – ainda na década de
80, quando a profissão nem era ainda
regulamentada e onde depois foi
docente até bem pouco tempo, até se
aposentar.
Na distante década de 40, quando
Gracita terminou o curso de magistério

Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008 13


OPERAÇÃO SORRISO

Transformando vidas,
gerando sorrisos
meiro ano a três avaliações pós-opera-
tórias. A primeira delas é feita uma
semana depois da cirurgia, a segunda
seis meses depois e a terceira, após um
ano. Além da avaliação fonoaudiológi-
ca, os pacientes são avaliados nos
aspectos cirúrgicos, nutricionais e odon-
tológicos. Caso necessário podem ser
ainda encaminhados para outros profis-
sionais.
Para este trabalho voluntário – as ade-
sões são sempre bem recebidas – há obvia-
mente necessidade de um embasamento
prévio, com experiência comprovada. A
Foto: arquivo de Midori Hanayama

fonoaudióloga Midori Nakayama conta


que a Operação Sorriso implementou
vários programas educacionais, onde os
fonoaudiólogos atuantes na área vão às
cidades distantes daquelas que oferecem
esses serviços especializados e fazem trei-
namento teórico-prático para capacitação
Fonoaudióloga Midori Hanayama acompanha criança indicada para cirurgia dos cirurgiões plásticos e fonoaudiólogos

T
locais em missões mais curtas, com menor
rês fonoaudiólogas brasileiras – pediatras, anestesistas, e enfermeiros esta- número de cirurgias.
Evelin Gondim (de Fortaleza, dunidenses nas ações internacionais pro-
CE), Eliane Midori Hanayama (de gramadas mas que, em razão da barreira Atuação mundial
São Paulo, SP) e Rita Tonocchi do idioma, restringiam sua atuação a orien- A Operation Smile é uma organiza-
(de Curitiba, PR) participam há tações no pós-operatório e nas questões de ção internacional sem fins lucrativos fun-
dois anos, como voluntárias, das ações alimentação. “Em 2006 fomos convidadas dada por William P. Magee e sua esposa
desenvolvidas no país pela Operação – Rita e eu – a participar do que chamamos Kathleen Magee em 1982, nos Estados
Sorriso do Brasil. Inicialmente estabele- de ‘missões’, os mutirões cirúrgicos. Che- Unidos, dedicada ao tratamento de
cida no Brasil em 1997 como Fundação gamos a efetuar em cada um desses deformidades faciais. Hoje atua em 27
Operation Smile Brasil, esta é uma insti- momentos a triagem de cerca de 400 a 450 países e, em 2007, alcançou o expressivo
tuição privada sem fins lucrativos, reco- crianças, analisando condições de fala e número de 120 mil crianças atendidas
nhecida como OSCIP (Organização da outras características, para que em torno gratuitamente desde sua fundação. Em
Sociedade Civil de Interesse Público) vol- de 130 fossem operadas durante a semana todos os locais, a atuação se dá com a
tada ao tratamento cirúrgico de crian- em que se desenvolvia o programa interna- junção do trabalho voluntário com o
ças e jovens brasileiros portadores de fis- cional”. O relato é da fonoaudióloga Eliane patrocínio de indivíduos e empresas
sura lábio-palatina (lábio leporino e Midori Nakayama. “Depois da cirurgia, ini- socialmente responsáveis.
fenda palatina). cialmente apenas orientávamos o pós-ope- Dois tipos de programas cirúrgicos
Embora não exista um levantamento ratório, tal como as profissionais norte- são desenvolvidos pela Operação Sorriso:
de dados oficial do número de pessoas americanas faziam. Constatamos porém os nacionais e os internacionais.
portadoras de fissuras, a estimativa nor- que poderíamos fazer muito mais e em Os nacionais são aqueles compostos
malmente aceita e divulgada pelos cen- 2007 incluímos orientações sobre o desen- na sua grande maioria por profissionais
tros de tratamento de fissurados no Bra- volvimento da linguagem, da audição e brasileiros. Em um programa típico são
sil é de uma criança com o problema em questões específicas relacionadas ao pro- operadas 40 a 50 crianças. Graças ao
cada 650 nascidos vivos, o que resultaria blema de fala. Começamos a gravar essas excelente nível dos profissionais brasilei-
numa população de 280.000 pessoas condições, antes e depois das cirurgias de ros e diferentemente de vários outros
afetadas hoje em todo o país. palato, para que pudessem ser avaliados os países onde a Operation Smile atua, não
Nos primeiros anos do programa as resultados cirúrgicos”. há necessidade de trazer um grande
fonoaudiólogas eram norte-americanas, Todos os pacientes operados pela número de profissionais estrangeiros
que acompanhavam os cirurgiões plásticos, Operação Sorriso são submetidos no pri- para ajudar na realização dos programas

14 Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008


no país. Por esta razão são priorizados
os programas locais e voluntários brasi-
leiros são frequentemente encaminha-
dos para os programas realizados no
exterior.
O programa internacional é com-
posto por uma equipe de 35 a 40 pro-
fissionais credenciados, brasileiros e
estrangeiros que trabalham lado a
lado para realizar cirurgias em um
período de dez dias. Entre 100 a 150

Foto: arquivo de Midori Hanayama


crianças são tratados em um progra-
ma internacional típico. Até o momen-
to foram realizados 18 desses progra-
mas internacionais no país. Todos os
estrangeiros atuam no país com per-
missão de trabalho e autorizados pelo
Ministério das Relações Exteriores do
Brasil e pelos Conselhos Regionais Triagem de pacientes, em uma das missões realizadas pela Operação Sorriso
locais de suas respectivas áreas, além
de autorização pelas Secretarias de A Operação Sorriso do Brasil mantém todas as fonoaudiólogas voluntárias da
Saúde do Estado para realização do completa responsabilidade na coordena- América Latina, entre elas as três brasilei-
programa. ção dos programas nacionais, levantamen- ras envolvidas. O encontro teve como
to de fundos e esta- principal objetivo o treinamento nas
belecimento de acor- áreas de avaliação e tratamento dos dis-
dos com instituições túrbios de fala que acometem os pacien-
e empresas parceiras. tes portadores de deformidades faciais.
Em contrapartida, a Em seu site, em www.operacaosorri-
Operation Smile so.org.br, a Operação Sorriso do Brasil des-
compromete-se com taca as ações de voluntariado, a implemen-
o suporte financeiro tação de um Padrão de Tratamento Global
relativo aos progra- para todos os seus programas, a doação de
mas internacionais. equipamentos pela Operation Smile, o trei-
Seu diretor nacional namento de profissionais de Saúde de todos
Foto: Operação Sorriso Brasil

é o médico Nivaldo os países associados em programas avança-


Alonso, coordenador dos realizados nos Estados Unidos e os pro-
do Centro de Cirur- gramas cirúrgicos nos hospitais públicos em
gias Crâniofaciais da conjunto com as Secretarias de Saúde esta-
USP e atual presiden- duais e municipais. Os programas educacio-
te da Sociedade Bra- nais (simpósios, oficinas, palestras, etc) com
Profissionais voluntários na 9ª missão realizada de Fortaleza, no sileira de Cirurgia o objetivo de ampliar a auto-suficiência no
ano de 2006
Craniomaxilofacial. tratamento do fissurado, do estímulo a
O primeiro programa desenvolvido troca de conhecimentos e experiências entre
pela organização no Brasil aconteceu em Suporte educacional os profissionais dos países parceiros da Ope-
1997 na cidade de Fortaleza, com o O aprimoramento técnico dos profis- ration Smile é outro ponto de destaque da
envolvimento da Secretaria de Saúde do sionais envolvidos nas operações realiza- organização.
Estado do Ceará. Hoje, além do Ceará das é obtido através de
(onde a ação é repetida anualmente), a workshops, convênios
Operação Sorriso atua em Goiás, Minas com centros médicos e
Gerais, Rio Grande do Norte, Mato Gros- treinamentos especializa-
so e Pará e prepara, para o período de 14 dos em Pediatria, Aneste-
a 22 de agosto, seu programa interna- siologia, Cirurgia Plástica,
cional na cidade do Rio de Janeiro, quan- Odontologia, Fonoaudio-
Foto: arquivo de Midori Hanayama

do está previsto o atendimento cirúrgico logia, Genética e Nutrição.


de 125 pacientes. Um dos eventos mais
O número de programas realiza- recentes foi a Conferência
dos no Brasil, até maio de 2008, foi Latino-Americana de
de 28, com 5.440 pacientes examina- Fonoaudiologia, patroci-
dos e 2.539 operados. Nesse período nada pela Operation
foram realizados 3.292 procedimen- Smile Internacional, nos
tos cirúrgicos (um paciente pode se dias 20 e 21 de abril, em Em Bogotá, as fonoaudiólogas Evelin Gondim, Eliane Midori
submeter a mais de uma cirurgia na Bogotá, Colômbia, em Hanayama e Rita Tonocchi, em companhia do dr. Luiz Bermudez,
cirurgião plástico da Colômbia, e Michel VanLue, fonoaudiólogo
mesma ocasião). que foram convidadas norte-americano da Operation Smile

Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008 15


Gerenciamento de carreira:
o ajuste das expectativas

E
“ m nosso país, nos últimos anos, o que ele terá os predicados para estar nessa
setor de Saúde foi totalmente posição. Ou seja, pressupõe que aquilo que
reconfigurado mas o fonoaudiólo- se deseja está disponível para ser escolhido.
go ficou estacionado no modelo Dessa forma, o emprego atende necessida-
antigo em que ele era o foco, des primárias, através da remuneração, rela-
como prestador de serviço ao cliente. Hoje, cionadas à sobrevivência”.
temos de um lado as fontes pagadoras (o A dra. Beatriz continua seu raciocínio.
Sistema Único de Saúde e a Saúde Suple- “Na carreira o profissional é pró-ativo, é o
mentar) e do outro o fonoaudiólogo como que chamamos de empregabilidade e não
um dos prestadores de serviço. São outros de emprego. Ele se oferece ao mercado
Foto: Elisiario Couto/Insert

tempos e as oportunidades são outras. com aquilo que tem de melhor e, conse-
Não podemos ficar no modelo antigo do qüentemente, terá vantagens sobre os
mercado da saúde. Se não estivermos outros candidatos. Muitas vezes a posição
enquadrados neste novo sistema, não há pretendida nem existe mas ele analisa o
como planejar o percurso profissional, a setor e detecta uma competência sua que
começar pela formação e passando pela pode agregar ao setor. Com isso ele aten-
Fonoaudióloga Beatriz Cavalcanti de
especialização e mestrado”. Albuquerque Caiuby Novaes de necessidades de segurança e sociais”.
A avaliação é da dra. Beatriz Cavalcanti A hierarquia de necessidades de Mas-
de Albuquerque Caiuby Novaes, professora publicitários da área de criação, em que se low (veja a ilustração nesta página) é
titular da Pontifícia Universidade Católica relatava a busca desses profissionais pela uma divisão hierárquica proposta por
de São Paulo e vice-coordenadora do Pro- formação em gestão e em fi-nanças. Abraham Maslow, em que as necessida-
grama de Pós-Graduação em Fonoaudiolo- “Mesmo inserido no contexto da criação, des de nível mais baixo devem ser satis-
gia da mesma universidade, com mestra- esse profissional necessita de uma inserção feitas antes das necessidades de nível
dos no Brasil e no exterior, doutorado nos também nas questões fi-nanceiras e nas mais alto. “Cada profissional tem que
Estados Unidos e MBA em Gestão em estratégias e me-tas da empresa. Se isso não ‘escalar’ uma hierarquia de necessidades
Saúde pelo IBMEC de São Paulo. ocorrer, ele nunca se-rá um bom criador. A para atingir a sua auto-realização”, expli-
“O fonoaudiólogo precisa urgentemen- Coordenadoria de Estágios da PUC-SP está ca a fonoaudióloga.
te mudar essa visão”, continua a dra. Bea- preocupada com essa questão e está redi- Maslow fez uma divisão, que começa
triz. “As reformas curriculares estão cada mensionando sua atuação para ajudar o com as necessidades fisiológicas (de
vez mais centradas na saúde coletiva e é profissional em formação e, sua busca”. fome, sede e sono...), passa pelas neces-
preciso considerar o quanto o fonoaudió- A diferenciação entre emprego e car- sidades de segurança (defesa, proteção,
logo efetivamente possui essa inserção”. reira é essencial. emprego, abrigo...), necessidades sociais
Para ilustrar a necessidade desta “Ao se candidatar a um emprego, o pro- (relacionamento, amor, participação em
mudança de posicionamento, a dra. Beatriz fissional adota uma postura reativa. Pressu- um grupo), necessidade de estima (auto-
Novaes cita uma reportagem recente sobre põe que o mercado criou aquela posição e estima, reconhecimento, status) e, por

Necessidade
de
auto-realização
(desenvolvimento pessoal, Missão
conquista)

Necessidade de Estima
(auto-estima, reconhecimento, status) Vocação
Necessidades Sociais
(Relacionamento, amor, fazer parte de um grupo) Carreira
Necessidade de Segurança
(defesa, proteção, emprego, abrigo)
Profissão
Necessidades Fisiológicas
(fome, sede, sexo, sono, etc...) Emprego

Divisão hierárquica proposta por Abraham Maslow (à esquerda) e analogia proposta por Robert Wong (à direita)

16 Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008


último, necessidade de auto-realização esperado de cada um. Muita gente nem primeira providência. Daí surgem várias
(desenvolvimento pessoal, conquista...) sabe o que é Fonoaudiologia...” possibilidades para valorizar e alavancar
Robert Wong, um headhunter brasi- “É também necessária a identificação seus pontos fortes e elevar os pontos fra-
leiro voltado ao gerenciamento de carrei- das oportunidades (onde buscar, dentro de cos a níveis aceitáveis. Este é um proces-
ras, utilizou a pirâmide de Maslow para questões geográficas ou de segmentos) e o so dinâmico: as escolhas são feitas ao
fazer uma analogia (veja a ilustração, auto-conhecimento, para detectar onde longo do processo, às vezes sem saber
também nesta página, cedida pelo autor melhor se enquadrar (cada um tem seu per- para onde está sendo levado”.
e que estará em um seu próximo livro, fil). Infelizmente notamos uma total incom- A fonoaudióloga resume: “o ‘poder
atualmente no prelo) petência do fonoaudiólogo em analisar o fazer’ depende de conhecimento e habili-
“Wong coloca que o emprego é a ambiente, o seu espaço de trabalho. Consi- dades, o ‘querer fazer’ depende de atitu-
necessidade mais básica, tal como a dero um reducionismo enorme a Fonoau- de. Com apenas um deles, até pode ser
necessidade fisiológica, de sobrevivência. diologia de consultório, resultante de uma obtido um bom desempenho, mas exce-
A profissão está ligada à necessidade de análise equivocada do ambiente”. lência só quando juntamos as duas coisas.
segurança. Em seguida a carreira, com o “Especialmente para o fonoaudiólogo O que falta para a Fonoaudiologia é uma
‘eu’ inserido no contexto, onde o profis- que está em formação é imprescindível mais atitude pró-ativa e de se estabelecer
sional faz parte de um grupo e, dentro estabelecer metas que sejam possíveis de no contexto do setor Saúde com mais
desse grupo, com as perspectivas de car- serem atingidas, fazer um planejamento maturidade. O que tem acontecido muito
reira. O indivíduo, no seu percurso pro- que possa ser alterado. Dou um exemplo: na Fonoaudiologia é a busca fora da ocu-
fissional, está em busca de sua vocação com as portarias de Saúde Auditiva do pação. O profissional sai para fazer outra
e, finalmente, de sua missão. A auto-rea- Ministério da Saúde, surgiram oportunida- coisa, porque não identifica no mercado
lização se dará quando a pessoa encon- des até então inexistentes. É preciso saber uma possibilidade. É a dificuldade de ana-
trar o sentido para o percurso escolhido ler que nesse momento existem várias pos- lisar o ambiente. Acredito que neste
e trilhado”. sibilidades de trabalho e fazer um planeja- momento existem muitas oportunidades,
Para a dra. Beatriz Novaes existem mento com mais flexibilidade”. só nos falta o que chamo de gana”.
várias maneiras de pensar o planejamen- A dra. Bia Novaes reconhece que o “No gerenciamento de carreira é
to de carreira. “Uma delas é no estabele- auto conhecimento é algo muito difícil. imprescindível disciplina, foco, atenção,
cimento dos objetivos, para que seja tra- “Só ser fonoaudiólogo não é suficiente. conhecimento, paixão e consistência. E
çada a formação, a especialização, o Só irá provavelmente ter uma carreira de respeitar ciclos – históricos, do setor, pes-
estágio... Temos que trabalhar a questão sucesso se se concentrar em suas habili- soais, geográficos – para saber o tempo
das expectativas dos outros, o que é dades. Conhecer-se bem, portanto, é a de tomar a decisão”.

Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008 17


Programa Hear the World
apóia Triagem Auditiva
Neonatal Universal no Brasil

T
" odos os que gravitam na área de tísticas sobre as possíveis causas da defi-
saúde auditiva discutem porque ciência auditiva.
milhões de pessoas que possuem A fonoaudióloga Marilisa F. Zavagli,
problemas de audição não reco- diretora de produto e de treinamento da
nhecem, não são informados ou não CAS Produtos Médicos, coordena o progra-
recebem o devido atendimento”, lamen- ma Hear the World no Brasil. Ela conta que
ta Pedro Stern, que desde 1984 atua na um site está sendo criado na Internet, com
área e tem acompanhado várias iniciati- informações sobre os programas já implan-
vas no Brasil e no exterior. Ele garante tados no país. “Vamos criar sessões de tra-
nunca ter visto um programa como o tamento à distância e palestras online den-
“Hear the World”, criado pela empresa tro do próprio site e queremos apoiar a
suíça Phonak, uma dos três maiores fabri- criação de um centro de treinamento. Um
cantes mundiais de aparelhos auditivos, dos objetivos desse site, além de disponibi-
que é representada no Brasil pela CAS lizar gratuitamente todo o treinamento
Produtos Médicos, na qual é presidente. online e, também, o de induzir as pessoas
A Phonak resolveu criar uma Funda- que estão utilizando o serviço para se
ção, com atuação mundial, totalmente cadastrarem e colocarem os dados que vão
desvinculada do objetivo comercial da obtendo”. A Fundação está em nego-
empresa, para divulgar as questões da ciação com algumas instituições e
audição, com base na transmissão da conta com o suporte da
informação e no investimento ou apoio fonoaudióloga Doris R.
Foto: Phonak

a iniciativas de pesquisa, particularmente Lewis, como consulto-


em termos de prevenção. O tenor Pláci- ra técnica da cam-
do Domingo e a Orquestra Filarmônica panha bra-
de Viena cederam suas imagens e seus Tenor Plácido Domingo, sileira.
depoimentos, como embaixadores mun- embaixador mundial da campanha
diais dessa causa.
entidades ou iniciativas isoladas. A deci-
são levou em conta que, enquanto nos
Estados Unidos 95% das crianças já são
recebem essa triagem e na Europa tam-
bém esse índice é elevado, na América
Latina isso não ocorre. Mesmo no
Brasil, que apresenta o melhor índi-
ce do continente sul-americano, é
de apenas 5%. O programa prevê
a disponibilização de informações
para a população em geral para
Foto: Phonak

evitar que se descubra muito


tardiamente a perda de audi-
ção e os prejuízos dele decor-
No Brasil, Triagem Auditiva Neonatal rentes. Pedro Stern acredita que
Universial é foco da campanha
será possível não só reabilitar a
Lançado em dezembro de 2006, o criança mais cedo mas também
programa conta uma representação em conseguir entender melhor quais
cada país, que identifica uma causa para são as causas da perda auditiva no
apoiar. No Brasil a selecionada foi a Tria- Brasil, para uma melhor preven-
ção. Com a evolução do programa,
Foto: Phonak

gem Auditiva Neonatal Universal (Tanu),


com abordagem ampla, sem vínculo a será possível colher melhores esta-

18 Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008


CONCURSO DE PROVAS E TÍTULOS
Cuidados prévios para não perder pontos
A concessão do título de especialis- vezes vitais para a pontuação mínima gatoriamente publicada em Diário Ofi-
ta pelo Conselho Federal de Fonoaudio- exigida ou, até mesmo, impugnar a cial, é documentada apenas com o
logia, para as áreas de Audiologia, Lin- participação. recorte dessa publicação, sem a identi-
guagem, Motricidade Orofacial, Voz e Alguns exemplos de situações que ficação da edição, da página e da data
Saúde Coletiva, realizado por intermé- podem comprometer o bom resultado da publicação. E lá se vão pontos pre-
dio de concurso de provas e títulos, do concurso de títulos e provas, que ciosos...
segue as determinações contidas em foram detectados nos concursos ante- Em cursos de curta duração, a
cinco resoluções do CFFa, quatro delas riores, foram relacionados pelo CFFa e nomenclatura utilizada muitas vezes
editadas em 2006 (as de número 320, são apresentados a seguir. não deixa suficientemente claro o seu
321, 322 e 323) e uma (a de número O edital é muito claro na exigência conteúdo programático. O histórico
344) editada em 2007. Todas as resolu- de apresentação de cópias autenticadas escolar é, novamente, essencial para
ções estão disponíveis no site da autar- ou na apresentação do original, para não se perder pontos.
quia, em www.fonoaudiologia.org.br. ser cotejado. Sem isso, a documenta- É importantíssimo que o fonoaudiólo-
O próximo concurso – o terceiro – está ção não é aceita. go fique atento a todas as exigências do
previsto para o primeiro semestre de Uma das exigências do edital é a edital. E também as instituições que ofe-
2009. apresentação de certidões e declara- recem esses cursos, para que não sejam
Para a prova de títulos, alguns cui- ções, para que possa ocorrer a conces- geradas documentações incompletas.
dados simples devem ser observados são da pontuação. O que muitas vezes Verifique o documento em seu po-
pelo fonoaudiólogo que planeja dele falta nesses documentos? A identifica- der e faça contato antecipadamente com
participar, em relação à documentação ção do signatário. A assinatura está no a instituição de ensino, se detectar algu-
exigida. Não há alteração em relação documento, mas sem a identificação de ma falha, para que possa ser regulariza-
aos documentos solicitados nos concur- quem o assinou, é inviabilizada sua da em tempo. Esta simples providência
sos anteriores, mas as certidões, decla- aceitação. pode fazer com não se perca pontos pre-
rações e certificados que devem ser Também é exigido que, na apresen- ciosos, que podem até inviabilizar a con-
apresentados necessitam seguir as exi- tação de um certificado de curso de cessão do título.
gências contidas no edital. especialização, conste o seu programa, É importante lembrar que os títulos
São cuidados simples e que muitas para que possa ser verificado se preen- expedidos a partir de 1º de janeiro de
vezes são esquecidos, como resultado che as condições estabelecidas para 2007 necessitam ser revalidados a cada
de uma leitura apressada das instru- pontuação. Se este histórico não é ane- cinco anos. Esta é uma decisão que tem
ções. Ao detectar problemas na docu- xado, a documentação é desconsidera- o objetivo de priorizar e estimular a
mentação, a entidade responsável pela da e os pontos se perdem. educação continuada, em benefício do
aplicação do concurso é obrigada a Muitas vezes, a declaração de apro- próprio profissional, da sociedade e da
desconsiderar os documentos, muitas vação em concurso público, que é obri- profissão.

PAUTAR BRASIL
Segundo encontro discute papel dos Conselhos
profissões, as entidades profissionais do Bra-
sil e seus correspondentes no Mercosul e os
prestadores de Serviços para Conselhos. O
primeiro encontro foi realizado em maio de
Foto: Pautar Brasil
Foto: Pautar Brasil

2007, também em Brasília.


A tônica deste segundo encontro foi a
de propor o debate a respeito das profis-
sões e dos conselhos federais e regionais
como fator de desenvolvimento humano e
O CFFa, representado por sua presiden- de crescimento econômico, ao mesmo tos que permearam as discussões. A meto-
te – fonoaudióloga Sandra Maria Vieira Tris- tempo em que se buscou alinhar posições dologia utilizada foi a de palestras em ple-
tão de Almeida – participou do segundo a respeito das relações profissionais pós- nária, painéis de debate, apresentações de
evento Pautar Brasil, organizado pelo Insti- liberação de trabalho no Mercosul. O casos em palestras e também entrevistas
tuto Brasileiro de Desenvolvimento Econô- fomento a organização interna das insti- no formato talk show.
mico e Social (IBDES) no Centro de Conven- tuições, a capacitação de pessoal e a qua- Apesar do público menor do que o do
ções Ulysses Guimarães, em Brasília (DF), de lidade de serviços para a sociedade (inclu- primeiro encontro, a avaliação dos partici-
16 a 17 de junho. O objetivo do encontro sive para a obtenção da certificação ISO pantes, segundo os organizadores do
foi debater a organização dos Conselhos de 9001) e o debate estratégico sobre o futu- evento, foi positiva. A avaliação de 59%
Regulamentação Profissional e a qualidade ro das profissões representadas naquele dos participantes que preencheram a ficha
dos serviços ofertados, tendo como público encontro e a empregabilidade destas na de avaliação apontou o evento como
alvo os conselhos federais e regionais das sociedade do futuro foram outros assun- “excelente” ou “bom”.

Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008 19


Evento em Brasília discute
Atenção Básica e estratégia
da Saúde da Família
tados cotidianamente pelos profissionais
de saúde que atuam diretamente com os
usuários favorecidos com esta proposta.
As temáticas Saúde do Idoso, da Mulher,
da Pessoa com Deficiência e da Criança e
do Adolescente tomaram destaque em
várias atividades do evento na perspectiva
da Atenção Básica.
Esteve presente no evento a fonoau-
dióloga Érika Pisaneschi, da área técnica
da Saúde da Pessoa com Deficiência do
Foto: arquivo de Giselle Kubrusly

Ministério da Saúde, que coordenou a


discussão sobre a assistência à pessoa
com deficiência na perspectiva da Aten-
ção Básica e sua reabilitação na equipe
de Saúde da Família, preconizada pela
Política Nacional da Pessoa Portadora de
No estande do Fentas/FCFAS, uma das reuniões com fonoaudiólogas presentes na mostra. Da esquer- Deficiência.
da para a direita: Simone de Oliveira, de Alfenas (MG); Talita Freitas Leite (CFFa); Michele Toso, de As fonoaudiólogas presentes relata-
São Carlos (SP) e Raimunda Formiga (do Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde)
ram que o Núcleo de Apoio à Saúde da
Família (Nasf) foi assunto que perpassou
O Conselho Federal de Fonoaudiologia, representado pelas con- diferentes espaços, haja visto que a partir da Portaria nº 154,
selheiras Denise Terçariol e Maria Teresa Cavalheiro, pela assessora de 24 de janeiro de 2008, iniciou-se o debate que visa aten-
técnica Talita Freitas Leite e pelas representantes dos Conselhos der a uma das maiores reivindicações dos profissionais da
Regionais de Fonoaudiologia Cláudia Silva Pagotto Cassavia (da 2ª. Saúde da Família: a inserção de áreas correlatas às atividades
Região), Solange Pazini e Gisele Kubrusly (da 3ª. Região) ) e Rober- dos profissionais da Atenção Básica. Embora os espaços para
ta Costa Rangel (da 6ª Região), participou ativamente da III Mostra discussão do tema tenham sido pouco contemplados, foram
Nacional de Produção em Saúde, IV Seminário Internacional de
atenção Primária/Saúde da Família e III Concurso Nacional de Expe-
riências em Saúde da Família, promovidos pela Secretaria de Aten-
ção à Saúde – Departamento de Atenção Básica (DAB) do Ministé-
rio da Saúde em Brasília, no período de 5 a 8 de agosto.
O conjunto de eventos que aconteceu simultaneamente no
mesmo espaço e período, comemorou os 30 nos da Declara-
ção de Alma Ata, os 20 anos do Sistema Único de Saúde (SUS)
e os 15 anos de Implantação do Programa de Saúde da Famí-
lia. Segundo o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, hoje
mais de 89 milhões de brasileiros estão sendo acompanhados
Foto: arquivo de Giselle Kubrusly

por quase 28 mil equipes Saúde da Família e 16 mil equipes de


Saúde Bucal da Família inseridas nesta estratégia. O processo
de fortalecimento e renovação da Atenção Primária é o meca-
nismo adotado pelo Ministério na busca de melhores resulta-
dos de saúde, gerando eqüidade, integralidade e universalida-
de, como preconizam os princípios do SUS.
O evento discutiu inúmeros temas relacionados à Atenção Da esquerda para a direita: fonoaudiólogas Maria Teresa
Primária, mais especificamente os que envolvem a estratégia de Cavalheiro, Cláudia Silvia Pagotto Cassavia, Solange Pazini e
Saúde da Família, desde o financiamento até os desafios enfren- Giselle Kubrusly

20 Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008


explorados ao máximo uma vez que ainda existem muitas dúvi- espaço do Fórum das
das sobre o processo de credenciamento e implantação dos Entidades Nacionais dos
mesmos nos municípios. Trabalhadores da Saúde
Durante o evento o Ministério da Saúde informou que a Por- (Fentas) e do Fórum dos
taria 1616, de 6 de agosto de 2008, que trata do credenciamen- Conselhos Federais da
to dos Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) nos municí- Área da Saúde (FCFAS).
pios acabara de ser aprovada. O texto desta portaria (e de outros O Sistema dos Conse-
documentos relacionados ao tema) podem ser acessados no site lhos Federal e Regionais
do Ministério da Saúde, em http://portal.saude.gov.br/saudele- de Fonoaudiologia vem
gis/leg_norma_pesq_consulta.cfm. trabalhando para promo-
A expectativa do Ministério da Saúde é de que no próximo ver o debate junto à cate-
evento já existam vários trabalhos relatando experiências exitosas goria profissional nas dis-
de implantação do Nasf. cussões sobre o Nasf, tal
O Conselho Federal de Fonoaudiologia elaborou o folder como a que irá ocorrer no
“Fonoaudiologia: um assunto de interesse de toda família” com 16º Congresso Brasileiro de
informações sobre a atuação do profissional no Nasf. Durante os Fonoaudiologia, em setem-
dias do evento esse material foi distribuído aos participantes no bro próximo.

Dia Mundial da Saúde em Brasília


De acordo com o Ministério da Saúde, a atividade física faz
parte da rotina de apenas 15% da população. A expectativa do
órgão é aumentar este índice para 19%, até 2010. O lança-
mento, em 7 de abril, da campanha “Entre no time onde a ati-
vidade física e o meio ambiente jogam juntos” foi uma das for-
mas de despertar a população para essa questão e simultanea-
mente comemorar o Dia Mundial da Saúde.
Entidades ligadas à saúde participaram de atividades em diver-
sas cidades brasileiras. Em Brasília, o Parque da Cidade recebeu
milhares de pessoas para o lançamento da campanha, que con-
tou com a participação do Conselho Federal de Fonoaudiologia,
Conselho Regional de Fonoaudiologia da 5ª Região e Secretaria
Foto: CFFa

de Saúde do Distrito Federal. Em quase duas dezenas de tendas


foram oferecida à população palestras, apresentações teatrais,
shows de bandas, exposição de alimentos orgânicos, oficina de Grupo de fonoaudiólogas participantes das ações desenvolvidas em
Brasília
reaproveitamento de alimentos e reciclagem de papéis, atendi-
mento em acupuntura e quiropraxia, massagens, jogos esporti- Fonoaudiologia da 5ª Região e a assessora técnica do Con-
vos, aulas de ioga, tai-chi-chuan, ginástica e defesa pessoal. selho Federal de Fonoaudiologia, fonoaudióloga Talita Frei-
Na tenda da Fonoaudiologia, o espaço foi organizado para a tas Leite. Contatos foram realizados com representantes de
orientação e encaminhamento de pacientes com questões relacio- Conselho Regional de Odontologia do Distrito Federal e
nadas à audição e voz, em sua maior parte. A distribuição dos fol- representantes do Ministério da Saúde e, em especial, do
ders e a colocação de faixas e banners deram grande visibilidade a es- Departamento de Atenção Básica.
sas ações desenvolvidas. A secretária-executiva do Ministério da Saúde, Márcia Bas-
Participaram dessas ações a coordenadora do setor de sit Lameiro da Costa Mazzoli, que representou o ministro da
Fonoaudiologia da Secretaria Estadual de Saúde do Distrito Saúde, José Gomes Temporão, parabenizou os profissionais
Federal, fonoaudióloga Christianny Maria de Lima França pela atuação e ressaltou que a campanha será uma importante
(que se fez acompanhar de três fonoaudiólogas da secreta- aliada das ações de saúde para a prevenção de doenças e o
ria); a conselheira Tatiane Leonel, do Conselho Regional de incentivo à prática esportiva no país.

Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008 21


Histórias difíceis de engolir
dão prêmio para fonoaudióloga
A história da experiência de uma fono- “Como o trabalho fonoaudiológico mentar. O prazer ao qual me refiro não
audióloga na residência no Hospital das voltado para as especificidades dos se restringe ao prazer oral ou ao paladar,
Clínicas de São Paulo, no atendimento a pacientes com afecções esofágicas era mas a algo intimamente ligado ao prazer
pacientes disfágicos, deu a Patrícia Matos praticamente nulo, tivemos que começar de se compartilhar uma experiência de
Taveira do Amaral a Menção Honrosa no do zero, estudar as patologias, avaliar os convivência, de aprendizado, de comuni-
Concurso Internacional de Literatura Vita- pacientes pré e pós-cirurgia, listar sinto- cação, e de relação, ou seja, situações
vision. O livro "DegLUTA – a história de mas, avaliar os resultados, acompanhar que constroem a história de cada um”,
cinco brasileiros com dificuldade para cirurgias e exames, participar de eventos, relata Patrícia na introdução de seu livro.
engolir num país com problemas difíceis garimpar artigos nas bibliotecas...”, rela- “O ato de engolir, presente desde o
de engolir" narra os casos de cinco pacien- ta Patrícia, que permaneceu dois anos no útero materno, embora pareça simples
tes internados com diferentes diagnósti- Serviço de Esôfago. “Foi no Hospital das como um “glupt” das histórias em qua-
cos, mas com a disfagia em comum. Clinicas que descobri uma fonoaudiolo- drinhos, exige uma engenharia comple-
A Vitavision é uma empresa brasileira gia fascinante. O objetivo do meu traba- xa, onde músculos, cartilagens, ossos,
que atua na área de comunicação audio- lho era promover ou restabelecer uma nervos, sensibilidade, prazer, desejos,
visual e que produz e distribui espetácu- deglutição segura e eficiente através de reflexos, consciência, e tantos outros
los teatrais, cursos, eventos culturais e técnicas especializadas.”. fatores atuem de modo coordenado,
educacionais, entre outros. Este concur- “A forma que encontrei para processar incrivelmente rápido e preciso, para que
so, cujo resultado saiu em 10 de junho, esta minha experiência foi através de um ocorra sem sequer nos darmos conta”.
foi direcionado para novos escritores, livro que não fosse técnico e que pudesse “A minha atuação técnica, embora
brasileiros e do exterior. ser interessante para o leitor que não fosse altamente especializada, era insuficiente
Patrícia terminou sua formação em da área. Escolhi cinco casos cujas histórias para tratar a disfagia social, um sintoma
Fonoaudiologia pela PUC-SP em 1998 e se costuram e se completam. Temos a muito mais complexo do que a fisiologia
logo em seguida se viu envolvida com dis- dimensão do paciente, sua vida, doença e da deglutição. Alguns pacientes acredi-
fágicos, na enfermaria e em ambulatório, tratamento, a dimensão social que trata tavam que suas histórias de luta eram
no Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pesco- dos problemas do nosso país que são ‘difí- obras do destino, inclusive, obras de um
ço do Hospital das Clínicas, quando de sua ceis de engolir’, e a dimensão do terapeu- destino diabólico. Mas creio que o desti-
pós-graduação. Ao concluir a pós-gradua- ta, a construção do profissional, as dificul- no seja inocente. Qual a responsabilida-
ção, foi convidada a iniciar o atendimento dades e as reflexões...” de de cada um de nós sobre as nossas
fonoaudiológico sistemático no Serviço de “Aos poucos comecei a me incomo- próprias vidas e sobre as vidas de todos
Esôfago do Departamento de Gastroente- dar com o fato de não conseguirmos os outros seres humanos? Se todas as
rologia do hospital, como voluntárias, pois devolver às pessoas o prazer de vivencia- pessoas tivessem seus direitos assegura-
naquela época não havia um fonoaudiólo- rem um momento que frequentemente dos, o destino teria opção?”, pondera a
go dedicado ao setor. fosse acompanhado de uma situação ali- fonoaudióloga no seu livro.

Fonoaudióloga ganha prêmio da Petrobrás


Com o projeto “Panorama Estatístico Especializada em Audiologia Ocupa- trabalho, simplicidade, potencialidade
Epidemiológico de Perdas Auditivas e cional, a dra. Graziella Loyola, que atua e abrangência.
Implementação e Otimização do PCA em no estado da Bahia, teve seu trabalho Segundo a fonoaudióloga, a premiação
uma Unidade da Petrobrás", a fonoaudió- selecionado entre os três melhores, trouxe maior reconhecimento quanto à
loga Graziella Loyola, do Estado da Bahia, entre quatrocentos inscritos. Os crité- importância da Fonoaudiologia no âmbito
foi uma das vencedoras do Prêmio Petro- rios utilizados para a escolha dos ven- empresarial e resultou na contratação de pro-
brás em Segurança, Meio Ambiente e cedores foram: criatividade e inovação, fissionais em serviços de Saúde Ocupacional
Saúde Ocupacional deste ano. proatividade, benefício para o setor de em algumas unidades da estatal petrolífera.

COBERTURA ASSISTENCIAL DAS OPERADORAS DE SAÚDE


Tire sua dúvida sobre o novo Rol de Procedimentos
O Conselho Federal de Fonoaudiolo- obrigatório desde 1º de abril deste ano planos de saúde suplementar oferecidos
gia recebe freqüentes indagações sobre a para todos os planos contratados após 1º. à população.
nova cobertura assistencial das operado- de janeiro de 1999. Para acessar esse arquivo, em formato PDF,
ras de Saúde, que incluiu procedimentos As dúvidas mais freqüentes foram selecione a imagem no alto da tela ou, no
fonoaudiológicos. Essa cobertura está pre- compiladas e estão disponibilizadas no menu, a opção CFFa e, em seguida, Dúvidas
vista no novo Rol de Procedimentos e site da autarquia, em www.fonoaudio- Freqüentes. Nessa mesma opção de menu o
Eventos em Saúde, publicado pela Agên- logia.org.br, com o objetivo de tornar fonoaudiólogo poderá efetuar o download do
cia Nacional de Saúde Suplementar (ANS) mais ágil e rápida as consultas relacio- manual de exercício da profissão, elaborado
em 10 de janeiro de 2008, por meio da nadas à cobertura assistencial de Fono- em conjunto pelo Conselho Federal e pelos
Resolução Normativa 167 e passou a ser audiologia nas diversas modalidades de Conselhos Regionais de Fonoaudiologia.

22 Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008


Fonoaudióloga é premiada em
Congresso de Triagem Neonatal
A fonoaudióloga Mariana FOB/USP (na foto, à direita, ao
Germano Gejão, ex-aluna do pro- lado da fonoaudióloga premiada)
grama de Mestrado em Fonoau- e desenvolvido em parceria com
diologia da Faculdade de Odonto- o Laboratório de Screening Neo-

Foto: Assessoria de Imprensa - FOB-USP


logia de Bauru (FOB) da Universi- natal da Associação de Pais e Ami-
dade de São Paulo (USP), foi pre- gos dos Excepcionais (APAE) de
miada como a autora do melhor Bauru, um dos seis centros cre-
trabalho apresentado no V Con- denciados do Ministério da Saúde
gresso Brasileiro de Triagem Neo- para o acompanhamento de
natal, I Congresso Brasileiro de crianças com alterações do meta-
Erros Inatos do Metabolismo e II bolismo, principalmente para
Seminário Nacional de Triagem hipotireoidismo congênito e fenil-
Neonatal, ocorrido de 6 a 9 de cetonúria.
agosto, em Caldas Novas (GO). A apresen- tados no congresso somente dois foram Como o profissional fonoaudiólogo
tação premiada é parte de sua dissertação escolhidos para receber o “Prêmio Benjamin não faz parte da equipe de profissionais
de mestrado sobre “Habilidades do Desen- Schmidt de Triagem Neonatal”. prevista pelo Ministério da Saúde, este é
volvimento de Crianças com Hipotireoidis- O trabalho foi orientado pela professo- o primeiro trabalho desenvolvido do
mo Congênito diagnosticadas pela Triagem ra Dionísia Aparecida Cusin Lamônica, chefe gênero, portanto inédito em território
Neonatal”. De todos os trabalhos apresen- do Departamento de Fonoaudiologia da nacional.

Congresso da IAOM poderá ser no Brasil em 2010


“Os atuais presidentes e demais dire- balham na área correspondente a da
tores da International Association of Oro- Motricidade Orofacial no Brasil. A entida-
facial Myology (IAOM) nos perguntaram, de existe desde os anos 60 e conta com
em 2007, se gostaríamos de trazer seu associados no mundo inteiro, inclusive no
congresso internacional para o Brasil no Brasil. Multiprofissional, congrega fonoau-
ano de 2010 e aceitamos o desafio”, diólogos, fisioterapeutas e odontólogos,
relata a fonoaudióloga Irene Marchesan. entre outros profissionais de saúde.
Foto: Elisiario Couto/Insert

A decisão oficial da diretoria da IAOM A dra. Irene Marchesan, de São


sobre a aceitação da proposta brasileira, Paulo (SP), é filiada à entidade, como
no entanto, só deverá ocorrer em outu- outros fonoaudiólogos brasileiros liga-
bro deste ano, durante a convenção dos à área de Motricidade Orofacial e
anual da entidade, que ocorrerá na Phi- foi a primeira fonoaudióloga da Améri-
ladelphia, nos Estados Unidos. ca Latina a receber, no ano de 2005,
“Há algum tempo lutamos para que o Fonoaudióloga Irene Marchesan uma homenagem dessa associação,
encontro internacional seja realizado no pelos trabalhos realizados na área. A
Brasil, com argumentos irrefutáveis a entre o Cefac e a IAOM”. A data e local entidade publica uma revista sobre
nosso ver, particularmente o nível de qua- exatos deverão ser ainda definidos. motricidade orofacial, indexada no
lidade alcançado pelos profissionais brasi- A International Association Orofacial Medline, que já apresentou vários arti-
leiros nessa área e a projeção internacio- Myology (IAOM) ou, em português, Asso- gos de fonoaudiólogos brasileiros.
nal dessas conquistas. Se o Brasil for efeti- ciação Internacional de Miologia Orofacial, Os interessados em informações adi-
vamente escolhido, realizaremos esse com sede nos Estados Unidos e caráter cionais sobre a IAOM devem acessar o site
encontro por meio de uma associação internacional, congrega pessoas que tra- http://www.iaom.com/.

Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008 23


Fnepas avalia 2007 e planeja ações para 2008
estão ocorrendo em 2008; possibilitar a
troca de experiências na construção das
mudanças na graduação e maximizar o
diálogo entre as diretorias de entidades de
ensino e o Fnepas.
A mesa de abertura do encontro tra-
çou um panorama das atividades do Fne-
pas em 2007. Logo após, os participantes
foram divididos em grupos, agrupados por
regiões. No segundo dia do encontro, “Os
Foto: arquivo pessoal de Vera Lúcia Garcia

desafios da participação na definição e


implementação de políticas de formação
em saúde” foram apresentados pela Dra.
Laura Feuerwerker. Em seguida, os partici-
pantes foram novamente divididos, agora
em grupos mistos, para discutir estratégias
efetivas para consolidação dos mecanis-
mos de participação coletiva e cooperada
dos atores envolvidos na formação dos
Trabalhos em grupo, na Oficina Coletiva da Grande São Paulo, profissionais de saúde.
transcorreram de forma produtiva e colaborativa Na plenária final foram apresentados
os resultados das discussões dos grupos e
O evento de avaliação de 2007 e de pas foi criado em julho de 2004 e con- realizada a avaliação da oficina. Serão
planejamento para 2008 do Projeto grega entidades envolvidas com a edu- mantidas Oficinas de Sensibilização nos
Coletivo das Oficinas Coletivas do Fórum cação e desenvolvimento profissional na locais onde ainda não foram realizadas e o
Nacional de Educação das Profissões na área da Saúde. A Sociedade Brasileira de trabalho será expandido e aprofundado a
Área da Saúde (Fnepas) foi realizado nos Fonoaudiologia, por sua Comissão de partir das necessidades locais.
dias 13 e 14 de março de 2008, no Rio Ensino, representa os profissionais
de Janeiro (RJ) com a participação de 58 fonoaudiólogos. Oficina Coletiva Fnepas da
pessoas, entre representantes e convi- O objetivo geral do encontro realizado Grande São Paulo
dados das entidades integrantes do Fne- no Rio de Janeiro foi o de organizar o pro- Com 238 participantes, a Oficina Cole-
pas, coordenadores regionais e repre- cesso de reflexão e sistematização das tiva Fnepas da Grande São Paulo foi reali-
sentantes das comissões organizadoras informações para planejamento e orienta- zada na Faculdade Santa Marcelina, na
das oficinas ocorridas em 2007. O Fne- ção metodológica das atividades que já capital paulista, em 26 de abril, com ampla
representação dos fonoaudiólogos de
diversas Instituições de Ensino Superior, de
Serviços e do Conselho Regional de Fono-
audiologia da 2ª Região.
Duas mesas redondas foram realiza-
das. Na primeira, com o tema “Integra-
ção ensino-serviço nas redes municipais
de saúde", as debatedoras foram Laura
Feuerwerker e Karina Calif. Na segunda –
"A formação para o trabalho em equipe"
– as debatedoras foram Regina Marsiglia
e Marina Peduzzi. Os trabalhos em
grupo, que deram seqüência à progra-
mação, transcorreram de forma produti-
va e colaborativa.
Foto: arquivo pessoal de Vera Lúcia Garcia

Participaram da organização do even-


to as fonoaudiólogas Maria Cecília Bonini
Trenche e Vera Lúcia Garcia, representan-
tes da Comissão de Ensino da Sociedade
Brasileira de Fonoaudiologia.

Para saber da programação que está


acontecendo em todo o país acesse o
site http://www.fnepas.org.br.
Oficina Coletiva Fnepas da Grande São Paulo contou com 238 participantes

24 Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008


Vez da Voz cria
telejornal em Libras
Foto: Elisiario Couto/Insert

ONG Vez da Voz também marca presença em eventos de conscientização da


população, como este na av. Paulista, em São Paulo (SP)

O Telelibras, uma iniciativa da ONG Vez da Voz, dirigida pela


fonoaudióloga Cláudia Cotes, no ar desde fevereiro de 2007, é o
primeiro telejornal inclusivo e inédito na Internet, que transmite
informações sobre o que acontece no Brasil e no mundo e é volta-
do às pessoas com deficiência auditiva e aos interessados em apren-
der a Libras. Apresentadores e um intérprete dividem o mesmo espa-
ço na tela do vídeo, mostrando que todos são iguais, apesar das
diferenças.
“É muito complicado para um deficiente auditivo se infor-
mar através de um jornal, de uma revista ou de um site. Então,
nós resolvemos criar um projeto que falasse a língua deles e daí
surgiu o Telelibras”, diz Roberta Lage, uma das voluntárias do
programa.
Os vídeos são disponibilizados semanalmente e tem, em média,
cinco minutos de duração, tempo que é considerado ideal para
assistir na Internet. O resultado são quase dez mil acessos mensais
no site da ONG, em www.vezdavoz.com.br.
O Telelibras prioriza as notícias relacionadas aos deficientes, mas
também fala de outros temas, em todas as áreas, como política,
esporte, economia, cultura, emprego, atualidades e inclusão social.
Além dos deficientes auditivos, a equipe do telejornal abre espaço
para outros tipos de deficiências, como a visual, física e intelectual,
com o objetivo de descobrir suas reais necessidades. As gravações
externas são feitas por repórteres com Down, deficientes visuais ou
cadeirantes, sempre com um intérprete de libras ao lado.
A fonoaudióloga Cláudia Cotes coloca entre os objetivos da
ONG que dirige a transmissão do programa por um canal de TV e
por outros sites de responsabilidade social e sua transformação em
um telejornal diário, tornando o programa mais abrangente, dire-
cionado a todas as pessoas, com e sem deficiência.
A importância da iniciativa levou o programa “Ação”, exibido
pela Rede Globo e reprisado pelo canal Futura, apresentado por
Serginho Groisman, a elaborar um programa especial, onde foram
apresentados os projetos desenvolvidos pela Vez da Voz que priori-
zam a interação das pessoas com e sem deficiência e buscam ofere-
cer oportunidades de comunicação e inclusão, respeitando as dife-
renças humanas.

Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008 25


V oz do Leitor
Agradeço muitíssimo a atenção de vocês em relação ao
Fonoaudiólogos
reenvio do Jornal do CFFa. Parabéns pelo excelente trabalho
que estão desenvolvendo no Conselho e a pronta solução para cearenses na
as nossas necessidades.
Fonoaudióloga Maria Elza K.Y.Dorfman campanha contra
Port o Aleg re (R S)
rubéola
Agradeço imensamente a homenagem que recebi no jor-
nal do Conselho do Conselho Federal de Fonoaudiologia.
Fiquei muito feliz e mais motivada para continuar na inces-
sante luta pela defesa dos princípios do SUS.
Ana L úcia C amarg o
Br asília (DF )

Errata
A fonoaudióloga Marianna Scholte Carneiro, coordenadora do Curso
de Fonoaudiologia da FEAD, encaminhou correspondência ao Jornal do
CFFa em que agradece a menção à Campanha da Voz realizada na institu-
ição e solicita duas correções. O nome correto da instituição é FEAD –
Foto: Unifor

Centro de Gestão Empreendedora e não Fundação Educacional Antônio


Dadalto, como foi incorretamente publicado. Nas informações encamin-
hadas pelo FEAD ao Jornal do CFFa deixaram de ser incluídos os nomes de
dois professores organizadores, Marianna Scholte e Juliana Nunes, razão No Centro de Saúde Turbay Barreira, em Fortaleza, a equipe
pela qual não foram mencionados. A menção é agora registrada. de trabalho formada por fonoaudiólogos, gestores, assistentes
sociais, médicos, professores e alunos da Universidade de
Fortaleza

A campanha de vacinação contra rubéola em


Fortaleza (CE), iniciada em 9 de agosto de 2008,
contou com a participação de fonoaudiólogos,
professores e estudantes do curso de Fonoaudiologia
da Universidade de Fortaleza (Unifor), para a
orientação dos pais sobre os riscos da doença em
gestantes e seus reflexos nos bebês. A ação contou
com o apoio do Conselho Regional de Fonoaudiologia
da 8a Região.
Em seis postos de vacinação da capital cearense
foram desenvolvidas atividades lúdicas, palestras
informativas, distribuição de folhetos e
encaminhamentos para realização do teste da
orelhinha, no repertório de uma intensa ação de
promoção de saúde.
Este envolvimento deu continuidade às parcerias
que vem sendo efetuadas pelos fonoaudiólogos
cearenses com as Secretarias de Saúde estadual e
municipal para alertar a população sobre os
desdobramentos causados por uma saúde deficitária.
A meta do Ministério da Saúde, na Campanha
Nacional de Vacinação para a Eliminação da Rubéola,
é estender a cobertura vacinal para 70 milhões de
brasileiros, principalmente os homens com idades de
20 a 39 anos. Em anos anteriores, os públicos-alvos
foram crianças e mulheres.

26 Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008


Brasil Inf ormações e inscrições: Rebouças, em São Paulo (SP)
tel.: (0 ** 91) 3087-0309 R e a l i z a ç ã o : Laboratório de

Ag 5o Congresso Mundial de
Neurorreabilitação
Data: 24 a 27/09/2008
Local: Rio de Janeiro (RJ)
e - m ai l :
fonofabriciopeixoto@hotmail.com

I I I C on gr es s o S u l-Br a s i leir o de
Investigação Fonoaudiológica da
Fluência da Faculdade de
Medicina da Universidade de São
Paulo em conjunto com a IFA,
Promoção: Rede Sarah de Hospitais de Fono audiolo gia – CR Fa 3ª R eg ião com o apoio do Comitê de
Reabilitação e Federação Mundial de D a t a : 21 a 22/11/2008
e Neurorreabilitação (WFNR)
Informações: www.sarah.br/wfnr-
L o c a l : Maringá (PR)
P a t r o c í n i o : CRFa-3 a Região
Fluência da SBFa
Inf ormaçõe s sob re a sub missão
d o s t r a b a l h o s : prof. John Van

n rio2008/

16o Congresso Brasileiro de


Inf ormaçõe s e inscriçõe s:
http://www.softeventos.com/even
tos/ futuros/evento_01/evento_01.
Borsel (john.vanborsel@UGent.be)
O website do congresso ainda
está em construção
d Fonoaudiologia
Data: 24 a 27/09/2008
Local: Campos do Jordão Convention
html

24º. Encontro Internacional de

a Center, em Campos do Jordão (SP)


Promoção: SBFa (Sociedade Brasileira
Audiologia (EIA)
Data: 18 a 21 de abril de 2009
Exterior

de Fonoaudiologia) Local: Universidade Sagrado Coração, The 2008 ASHA Convention


Informações, inscrições e submissão em Bauru (SP) Data: 20 a 22/11/2008
de trabalhos: Promoção: Academia Brasileira de Local: McCormick Place West , Chicago,
www.sbfa.org.br/fono2008 Audiologia (ABA) Illinois (Estados Unidos) Informações:
e-mail: fono2008@sbfa.org.br Informações: www.asha.org
ww.audiologiabrasil.org.br,
Congresso Brasileiro de tel. (11) 3253-8711 ou 28th International Congress of the IALP
Fonoaudiologia Hospitalar e fax (11) 3253-8473 Data: 22/08/2010 - 26/08/2010
Simpósio de Fonoaudiologia da Local: Atenas (Grécia), no "International
Escola Superior da Amazônia 6o Co ngresso Mundial de Conference Centre, the Athens Concert
( Esamaz) D istúrb ios da F luência Hall".
Data: 19 a 22/11/2008 D a t a : 5 a 8/08/2009 Informações: www.ialpathens2010.gr
Local: Belém (PA) L o c a l : Centro de Convenções e-mail: info@ialpathens2010.gr

Na prateleira
Disfagias gas; transição da alimentação alternativa cia em vantagem é o ponto de mutação
Orofaríngeas – para oral; disfagia em terapia intensiva; uso existencial de qualquer portador de
Volume 2 da traqueostomia e da válvula de fala; de necessidades especiais. E esta verdadeira
Fonoaudiólogas Ana Maria como obter uma documentação correta transubstanciação mental está funda-
Furki m e Célia Regina dos dados da avaliação; atendimento em mentada numa mudança radical de
Queiroz Santini domicílio; disfagias infantis; demência; tra- ponto de vista”.
(organizadoras) Pró-Fono tamento endoscópico e cirúrgico dos dis-
tel. (11) 4688-2220 túrbios esofágicos; estudo qualitativo por Quando a Fala Falta
/ 2275 / 2485 meio de videofluoroscopia; pHmetria eso- Instituto de Psicanálise e
e-mail: fágica; espectrofotometria do refluxo e Transdisciplinaridade
profono@profono.com.br opções cirúrgicas nos casos de disfagia e-mail:
aspirativa. ensino@contemporaneo.org.br
Com prefácio da fonoaudióloga Irene
Queiroz Marchesan e a colaboração cientí- Manual Bem-Humorado Organizada pela fonoaudió-
fica de Dinah Aguiar Población, Lucia Ira- dos Privilegiados loga Carla Guterres Graña e
cema Zanotto de Mendonça e Suely Cecí- Auditivos com a participação, entre
lia Olivan Limongi, o segundo volume outras autoras, das fonoaudiólogas e con-
desta coleção discute temas importantes 2ª. Edição selheiras federais Denise Terçariol e Marle-
para os profissionais atuantes no setor, que Gustavo Am orim ne Canarim Danesi, a obra aborda as novas
realizam diagnósticos ou reabilitação e que e-mail: tendências do trabalho do fonoaudiólogo
precisam de constante apreciação sobre os desafiodaalma@yahoo.com.br e suas relações com a psicanálise. Os auto-
sintomas dos seus pacientes. Para compor res vinculam-se a diferentes instituições,
este volume, as organizadoras convidaram Neste livro, o autor expõe com humor e concepções técnicas e linhas de pesquisa
23 profissionais e professores de renome fineza como fez da sua limitação física dentro dos estudos da clínica da lingua-
na área. Em 15 capítulos são abordados algo a superar e passa um lição para gem realizados no sul do país,tendo em
aspectos fundamentais em trabalhos com quem se recusa a utilizar aparelhos audi- comum um único objetivo: discutir as
disfagia, como: neurologia da deglutição; tivos. O autor afirma, na contracapa do interfaces entre a Fonoaudiologia e a Psi-
efeito do uso de diferentes tipos de dro- livro: “A formidável alquimia da deficiên- canálise.

Jornal do CFFa – ano IX – número 38 – julho/agosto/setembro de 2008 27

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