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Fomento Financeiro

para Micro e
Pequenas Empresas
Me. Renan Carlos Klichowski
DIREÇÃO UNICESUMAR
Reitor Wilson de Matos Silva, Vice-Reitor e
Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos
Silva Filho, Pró-Reitor Executivo de EAD William
Victor Kendrick de Matos Silva, Pró-Reitor de
Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin, Presidente
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a da Mantenedora Cláudio Ferdinandi.
Distância; KLICHOWSKI, Renan Carlos.

Fomento Financeiro para Micro e Pequenas Empresas. Re-


NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
nan Carlos Klichowski. Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James
Maringá-PR.: Unicesumar, 2019. Prestes e Tiago Stachon; Diretoria de Graduação
160 p.
“Graduação - EAD”.
e Pós-graduação Kátia Coelho; Diretoria de
Permanência Leonardo Spaine; Diretoria de
1. Fomento 2. Financeiro 3. Empresas. Design Educacional Débora Leite; Head de
ISBN 978-85-459-1827-1
Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza
CDD - 22 ed. 338 Filho; Head de Metodologias Ativas Thuinie Daros;
CIP - NBR 12899 - AACR/2 Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie
Fukushima; Gerência de Projetos Especiais Daniel
F. Hey; Gerência de Produção de Conteúdos
Diogo Ribeiro Garcia; Gerência de Curadoria
Carolina Abdalla Normann de Freitas; Supervisão
do Núcleo de Produção de Materiais Nádila de
Almeida Toledo; Supervisão de Projetos Especiais
Yasminn Talyta Tavares Zagonel; Projeto
Gráfico José Jhonny Coelho e Thayla Guimarães
Cripaldi; Fotos Shutterstock

NEAD - Núcleo de Educação a Distância Coordenador de Conteúdo Diogo Henrique Hendges.


Av. Guedner, 1610, Bloco 4 - Jardim Aclimação Designer Educacional Yasminn Talyta Tavares Zagonel.
CEP 87050-900 - Maringá - Paraná Revisão Textual Cintia Prezoto Ferreira.
unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Editoração Bruna Stefane Martins Marconato.
Ilustração Mateus Calmon e Marta Sayuri Kakitani.
Realidade Aumentada Kleber Ribeiro, Leandro
Naldei e Thiago Surmani.
PALAVRA DO REITOR

Em um mundo global e dinâmico, nós trabalha-


mos com princípios éticos e profissionalismo, não
somente para oferecer uma educação de qualida-
de, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão
integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-
-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emo-
cional e espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois
cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos
mais de 100 mil estudantes espalhados em todo
o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá,
Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de
300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de
graduação e pós-graduação. Produzimos e revi-
samos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil
exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo
WILSON DE MATOS SILVA MEC como uma instituição de excelência, com
REITOR IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os
10 maiores grupos educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos
educadores soluções inteligentes para as ne-
cessidades de todos. Para continuar relevante, a
instituição de educação precisa ter pelo menos
três virtudes: inovação, coragem e compromisso
com a qualidade.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
BOAS-VINDAS

Prezado(a) Acadêmico(a), bem-vindo(a) à Co-


munidade do Conhecimento.
Essa é a característica principal pela qual a
Unicesumar tem sido conhecida pelos nossos alu-
nos, professores e pela nossa sociedade. Porém, é
importante destacar aqui que não estamos falando
mais daquele conhecimento estático, repetitivo,
local e elitizado, mas de um conhecimento dinâ-
mico, renovável em minutos, atemporal, global,
democratizado, transformado pelas tecnologias
digitais e virtuais.
De fato, as tecnologias de informação e comu-
nicação têm nos aproximado cada vez mais de
pessoas, lugares, informações, da educação por
meio da conectividade via internet, do acesso
wireless em diferentes lugares e da mobilidade
WILLIAM DE MATOS SILVA dos celulares.
PRÓ-REITOR EXECUTIVO DE EAD As redes sociais, os sites, blogs e os tablets ace-
leraram a informação e a produção do conheci-
mento, que não reconhece mais fuso horário e
atravessa oceanos em segundos.
A apropriação dessa nova forma de conhecer
transformou-se hoje em um dos principais fatores de
agregação de valor, de superação das desigualdades,
propagação de trabalho qualificado e de bem-estar.
Logo, como agente social, convido você a saber
cada vez mais, a conhecer, entender, selecionar e
usar a tecnologia que temos e que está disponível.
Da mesma forma que a imprensa de Gutenberg
modificou toda uma cultura e forma de conhecer,
as tecnologias atuais e suas novas ferramentas,
equipamentos e aplicações estão mudando a nossa
cultura e transformando a todos nós. Então, prio-
rizar o conhecimento hoje, por meio da Educação
a Distância (EAD), significa possibilitar o contato
Janes Fidélis Tomelin
PRÓ-REITOR DE ENSINO EAD com ambientes cativantes, ricos em informações
e interatividade. É um processo desafiador, que
ao mesmo tempo abrirá as portas para melhores
oportunidades. Como já disse Sócrates, “a vida
sem desafios não vale a pena ser vivida”. É isso que
a EAD da Unicesumar se propõe a fazer.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você
está iniciando um processo de transformação,
pois quando investimos em nossa formação, seja
ela pessoal ou profissional, nos transformamos e,
consequentemente, transformamos também a so-
ciedade na qual estamos inseridos. De que forma
o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabe-
lecendo mudanças capazes de alcançar um nível
de desenvolvimento compatível com os desafios
que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Kátia Coelho
DIRETORIA DE GRADUAÇÃO
Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompa- E PÓS-GRADUAÇÃO
nhará durante todo este processo, pois conforme
Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na
transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem
dialógica e encontram-se integrados à proposta
pedagógica, contribuindo no processo educa-
cional, complementando sua formação profis-
sional, desenvolvendo competências e habilida-
des, e aplicando conceitos teóricos em situação
de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como
principal objetivo “provocar uma aproximação
entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita Leonardo Spaine
DIRETORIA DE PERMANÊNCIA
o desenvolvimento da autonomia em busca dos
conhecimentos necessários para a sua formação
pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de
crescimento e construção do conhecimento deve
ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos
pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar
lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Stu-
deo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendiza-
gem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas
ao vivo e participe das discussões. Além disso,
lembre-se que existe uma equipe de professores e
tutores que se encontra disponível para sanar suas Débora Leite
dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- DIRETORIA DE DESIGN EDUCACIONAL
dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquili-
dade e segurança sua trajetória acadêmica.
APRESENTAÇÃO

Caro(a) aluno(a), seja muito bem-vindo(a)! Este material foi produzido


com todo prazer, especialmente para você, estudante e futuro empreen-
dedor. Em especial, este conteúdo trabalha um dos mais importantes e
essenciais conhecimentos que um empreendedor tem que refletir em sua
empresa, seja ela micro, pequena, média ou grande: o quesito investimento
ou, em termos técnicos, o fomento financeiro. Você está iniciando a leitura
deste livro, que é uma das ferramentas da disciplina que estão a seu dispor.
Espero que aproveite com plenitude os dados, as informações e as dicas
selecionadas deste material.
Na Unidade 1, você terá o contato inicial com a disciplina para que consiga
ir se familiarizando com o conteúdo. Iniciamos falando um pouco sobre o
mundo do empreendedorismo e das empresas, quem são os empresário-ad-
ministradores e quem são os empreendedores numa visão econômico-fi-
nanceira. São apresentados aspectos históricos com relação ao empreende-
dorismo e às empresas, sobre a realidade brasileira no mundo dos negócios
e, claro, é explicado o que pode ser entendido como fomento financeiro.
A partir desses conhecimentos, vamos mais a fundo e classificamos os tipos
de empresa, possibilitando uma percepção geral dos critérios que são utili-
zados para dizer que uma empresa é micro, pequena, média ou grande, pois
as agências de fomento, o governo, os projetos de apoio etc. utilizam essas
classificações para segmentar o público empresarial alvo. Além disso, são
apresentadas as formas de registro de um empreendimento e as principais
leis que regulamentam as micro e pequenas empresas (MPEs). Com esses
conhecimentos já definidos, inclui-se informações pertinentes às franquias,
como uma alternativa para uma MPE já reconhecida e testada.
Estudamos as características financeiras das empresas como forma de
reforçar a importância da gestão financeira nas organizações, indepen-
dentemente de seu porte ou tamanho. Uma correta gestão financeira e
de recursos permitirá, certamente, o acesso ao fomento financeiro e aos
investimentos que irão ajudar o crescimento empresarial.
Ao longo das Unidades 2 e 3, serão trabalhados aspectos importantes do
funcionamento do Mercado Financeiro e do Sistema Financeiro Nacional
como forma de aproximar o empreendedor desses conhecimentos. Trare-
mos um pouco da gestão financeira para as empresas na Unidade, incluindo
as ferramentas de gestão financeira e um pouco sobre a oferta de recursos
para as micro e pequenas empresas.
Por último, na Unidade 5, iremos falar um pouco sobre economia e a
influência que ela tem sobre as empresas. Além disso, como a economia
e o mercado internacional poderão influenciar, direta ou indiretamente,
negociações entre empresas de diferentes países.
Desejo a você um ótimo estudo e aproveitamento do conteúdo de todo este
material, que é a base para conseguirmos avançar nos conhecimentos sobre
fomento financeiro! Todo o que for estudado aqui será complementado
nas aulas conceituais e aula ao vivo.
CURRÍCULO DOS PROFESSORES

Me. Renan Carlos Klichowski


Mestre em Administração pela Universidade Estadual de Maringá – UEM, MBA em Gestão
Pública pela Faculdades Maringá (2014), especialização em EAD e Tecnologias Educacionais
pela Unicesumar (2014), especialização em Gestão Estratégica de Empresa pelo Instituto
Paranaense de Ensino – IPE (2013) e graduação em Administração pelo Centro Universitário
de Maringá – Unicesumar (2010). Foi professor mediador da Unicesumar, atua como analista
administrativo financeiro (Serviço Social da Indústria – SESI), professor formador (Unicesumar),
professor autor (Unicesumar) e professor conteudista (Unicesumar).
Currículo Lattes disponível em: <http://lattes.cnpq.br/1353431666289168>.
As Micro e Pequenas
Empresas – MPEs

13

O Setor Financeiro
e a Estrutura
Patrimonial das
Micro e Pequenas
Empresas

45
Mercado Financeiro

75

O Sucesso
Empresarial e a
Gestão Financeira

103

Conhecimentos
Sobre Economia
Brasileira

129
133 Pirâmide das Necessidades de Maslow

Utilize o aplicativo
Unicesumar Experience
para visualizar a
Realidade Aumentada.
Me. Renan Carlos Klichowski

As Micro e Pequenas
Empresas – MPEs

PLANO DE ESTUDOS

Classificação As franquias
empresarial

Breves conhecimentos Registro e regulamentação Um pouco da gestão


sobre o mundo do de micro e pequenas financeira nas MPEs
empreendedorismo empresas

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Apresentar uma contextualização histórica e definir o que • Compreender o que são franquias, seu funcionamento
é uma micro e uma pequena empresa (MPE), além de e elencar motivos e problemas em tornar-se um fran-
trazer elementos que as caracterizem. queado.
• Conhecer formas de classificar as empresas no contexto • Apresentar características iniciais sobre a estrutura finan-
brasileiro, bem como as vantagens e desvantagens de tais ceira das micro e pequenas empresas.
enquadramentos.
• Conhecer as formas de registro, as entidades de apoio
e as formas de regulamentação das micro e pequenas
empresas.
Breves Conhecimentos
Sobre o Mundo do
Empreendedorismo

Olá, aluno(a)! Seja bem-vindo(a) a nossa primeira


unidade, vamos iniciá-la com uma reflexão: a ideia
de ser um empreendedor e de ter um empreendi-
mento pode ser vista por diversas óticas, como a
de um investidor que está assumindo riscos para
organizar um negócio, que estudou aquilo que
pretende desenvolver, estruturou e desenvolveu
um plano de negócios ou, por exemplo, de alguém
que, por necessidades pessoais, aventura-se em
um novo negócio, vislumbrando uma empresa,
sem nenhum tipo de planejamento prévio, apenas
dispondo de sua opinião e da força de vontade
para atender às suas necessidades. Os dois prismas
podem resultar em uma empresa, porém, quando
não são considerados os riscos, as chances de fra-
casso e de perda de um investimento são maiores
para a segunda hipótese descrita.
Nesse sentido, ao criar uma empresa, o em-
preendedor precisa conhecer suas atividades-fim,
sejam elas prestação de serviço, sejam de produ-
ção de materiais, comércio varejista ou atacadis-
ta etc. e, principalmente, saber avaliar elementos um novo preço; o francês (2) Jean Baptiste Say
importantes para criar um certo equilíbrio entre (século XIX) e Schumpeter, que entendiam que
suas ideias e o que pode ser feito com o que possui. os empreendedores criam valor, explorando no-
Entretanto, os recursos financeiros são chaves nas vidades ou variações em diversas áreas, alterando
decisões, cabendo uma avaliação da necessida- recursos econômicos em locais com produtivi-
de de captação de recursos de terceiros (bancos, dade baixa para elevada; (3) Joseph A. Shumpe-
parceiros, sócios, amigos, família, governo etc.), ter (século XX), que consolidou e deixou claro o
bem como a viabilidade desse procedimento co- conceito de empreendedorismo, fazendo reflexões
nhecido como fomento financeiro. a respeito de inovação e invenção, e distinguin-
A palavra fomento, segundo o dicionário do que ser um empresário é submeter-se a parte
Michaelis ([2019], on-line)1 pode ser entendida burocrática, representa o lado formal, conduz e
como “ajuda, apoio, proteção”, ou seja, fomento estabelece um negócio; enquanto que ser um em-
financeiro pode ser traduzido no meio dos ne- preendedor condiz ao envolvimento com a parte
gócios como uma espécie de ajuda às finanças de criativa e inovadora, que garante a sobrevivência
uma empresa. Contudo, antes de entrar especi- de um negócio.
ficamente nas formas de fomento financeiro ou Compreende-se que um empresário e um em-
apoio financeiro no mundo empresarial, faz-se preendedor podem ser pessoas diferentes, sendo
importante entender o que é uma empresa e um que o primeiro é responsável pela parte mais for-
pouco da história do empreendedorismo. mal, o responsável pela empresa. Já o segundo é o
criativo, que se envolve com a inovação e os riscos
do negócio. Contudo, na prática, são pessoas di-
O Empreendedorismo ferentes na empresa?
e as Empresas A resposta é que, certamente, em micro e pe-
quenas empresas, o empresário ou administrador
Empreendedorismo pode ser visto por duas cor- e o empreendedor são a mesma pessoa. Arantes,
rentes principais, segundo Maximiano (2011, p. Halicki e Standler (2014) abordam a diferença
2-3): “a dos economistas, que associam o empreen- entre administrador (como sinônimo de empre-
dedor à inovação e ao desenvolvimento econômi- sário) e empreendedor, descrevendo que este, na
co” e a dos comportamentalistas, “que enfatizam maioria das vezes, torna-se o administrador, mas
as atitudes, como a criatividade, a intuição e a o administrador não, necessariamente, foi ou é o
disposição para correr riscos”. empreendedor, visto que o este tem competên-
Maximiano (2011) destaca três economistas cias pessoais próprias, voltadas à inovação, não
que estudaram o empreendedorismo: (1) Richard obrigatoriamente exigidas de um administrador.
Cantillon (século XVIII), que foi o primeiro a tra- Diversos estudos são feitos sobre o perfil com-
tar empreendedorismo com um papel importante portamental de um empreendedor. O traços mais
para economia, identificando o empreendedor comuns e relevantes indicados por Maximiano
como aquele que assume riscos, comprando ser- (2011) podem ser vistos a seguir.
viços e materiais por um preço e revendendo por

UNIDADE 1 15
Traços comuns no perfil
comportamental de um empreendedor

Criatividade e capacidade Disposição para Perseverança e otimismo Senso de independência


de implementação assumir riscos

Criatividade e capacidade de implementação: pense em qualquer pessoa empreen-


dedora que conheça e você identificará nela a capacidade de imaginar e fazer as coisas
acontecerem. Sempre que observar uma pessoa vendendo produtos estocados dentro
de um porta malas, lembre-se de que a Nike começou assim. Seu criador tinha uma
ideia: vender calçados esportivos para atletas, e decidiu passar à ação. Isso é combinar
criatividade e implementação (MAXIMIANO, 2011, p. 4).

Disposição para assumir riscos: “uma pessoa que inicia um negócio está correndo ris-
cos. Arriscar significa ter coragem para enfrentar a possibilidade de insucesso ou perda”
(MAXIMIANO, 2011, p. 4-5).

Perseverança e otimismo: “o empreendedor tem compromisso com sua prosperidade.


Ele sabe que a sobrevivência depende da persistência de seu esforço para enfrentar riscos
e dificuldades. Os empreendedores também são otimistas e têm a visão do sucesso, em
vez de imaginar e temer os possíveis fracassos” (MAXIMIANO, 2011, p. 5).

Senso de independência: “empreendedores são pessoas que preferem depender de sua


própria capacidade de enfrentar incertezas do que trabalhar para os outros. Os empreen-
dedores gostam de buscar autonomia, de manter seus pontos de vista, mesmo diante da
oposição ou de resultados desanimadores e de expressar confiança e sua capacidade de
completar tarefas difíceis e de enfrentar desafios (MAXIMIANO, 2011, p. 5).

Figura 1 - Traços comuns no perfil comportamental de um empreendedor


Fonte: adaptada de Maximiano (2011, p. 5).

16 As Micro e Pequenas Empresas – Mpes


Conhecendo quem são os administradores ou Segundo Chiavenato (2012, p. 54), pode-se
empresários e os empreendedores, questiona-se: entender empresa como “um conjunto de pes-
mas afinal, o que é uma empresa? Empresa, soas que trabalham juntas, no sentido de alcançar
pela definição, pode ser entendida como objetivos por meio da gestão de recursos huma-


nos, materiais e financeiros”. Empresas são, nesse
[...] sociedade organizada para a exploração sentido, o trabalho de pessoas em prol de objeti-
de indústria ou comércio; com a finalidade vos, algumas podendo envolver várias pessoas, e
de obter um rendimento monetário através outras ser constituídas de apenas um indivíduo.
da produção de bens ou de serviços (MI- O funcionamento básico de uma empresa,
CHAELIS, [2019], on-line)1. ou seja, como ela se desenvolve, é compreendido
por uma parte inicial, os recursos: informação e
Isto é, uma organização que desenvolve uma conhecimento, pessoas e recursos materiais, que
atividade buscando rendimentos financeiros. sofrem operações e resultam em lucro do em-
Uma empresa é a iniciativa que tem por obje- preendedor, compromisso com a satisfação do
tivo obter lucro, por meio do fornecimento de cliente e outras partes interessadas (MAXIMIA-
produtos e serviços, a partir de recursos adqui- NO, 2011) conforme a Figura 2.
ridos, sistemática de funcionamento e estrutura
(MAXIMIANO, 2011).

Informação e Lucro do
conhecimento empreendedor

Compromisso
Sistemas de com a satisfação
Pessoas Recursos Operações Resultados
do cliente

Recursos Outras partes


materiais interessadas

Figura 2 - Como funciona uma empresa


Fonte: adaptada de Maximiano (2011).

Uma empresa pode ser compreendida como um sistema de recursos, sendo as pessoas o principal. São
elas que tomam as decisões e dominam os conhecimentos. Precisam conhecer o produto, o mercado
em que atuam, a concorrência, as características de seus consumidores e uma correta administração
das finanças (MAXIMIANO, 2011; CHIAVENATO, 2012).
No mundo atual, a exigência do consumidor por valor agregado nos produtos e serviços impul-
sionam a interação da empresa com tecnologia, conhecimento e informação, sendo a informação
e o conhecimento primordiais para o desenvolvimento empresarial. Agrega-se valor aos serviços
prestados, nos recursos materiais, até mesmo nas pessoas, com uma avaliação perfeita do negócio
empreendido (MAXIMIANO, 2011; CHIAVENATO, 2012).

UNIDADE 1 17
No sistema de operações é onde efetivamente Assim, pode-se perceber que o sucesso de uma
o produto e o serviço são transformados e, con- empresa, seja ela grande, micro ou individual, en-
sequentemente, é agregado valor. Por exemplo, volve muito mais que apenas a vontade e a sabedo-
o valor do feijão ensacado em uma gôndola de ria do empreendedor. Por esse motivo, a questão
mercado é muito maior do que na plantação, visto financeira ganha muita importância; refletir sobre
que passou por uma operação de colheita, limpe- a correta gestão de recursos e uma captação de
za, secagem, separação etc. e se tornou disponível recursos financeiros que possa ajudar de forma
ao consumidor. Um pneu automotivo vale muito eficiente e eficaz a promover um negócio é algo de
mais montado em um automóvel do que em esto- interesse de toda uma comunidade, cidade, estado
que separado, visto que se transformou em parte e nação. Nesse sentido, a seguir, apresenta-se um
de um veículo. O sistema de operação engloba pouco da realidade mundial em comparação com
um conjunto de processos, que envolve pessoas, a brasileira em relação à promoção de empreen-
equipamentos e máquinas (MAXIMIANO, 2011; dimentos e investimentos.
ARANTES; HALICKI; STANDLER, 2014).
Nos resultados estão o destino do que foi
planejado para aquela empresa, que é o lucro do O Mundo e o Brasil
empreendedor, a partir do valor criado pelo pro- Empreendedor
duto, cumprir com o compromisso de satisfazer
o cliente e atender aos stakeholders, ou seja, às Um estudo intitulado Global Entrepreneurship
partes interessadas no seu negócio com diferentes Monitor – GEM (GRECO et al., 2017), que en-
interesses. Algumas das partes interessadas e seus volveu 65 países, representando cerca de 70%
interesses são (MAXIMIANO, 2011, p. 9): da população mundial e 83% do PIB do mundo,
• Empreendedor: procura lucro, prosperi- publicou que o Brasil e a China são os países que,
dade e sobreviver. em 2016, apresentaram o maior potencial para
• Investidores: retorno do capital investido. empreendedores, ou seja, são os países que mais
• Colaboradores e empregados: esperam ter apresentam características para o desenvolvimen-
emprego, remuneração e qualidade de vida. to de empreendimentos e os que têm mais espírito
• Fornecedores: esperam que a empresa te- empreendedor.
nha capacidade de pagar e continue nego- Contudo, tratando-se de investimentos, o
ciando com ela. empreendedor brasileiro encontra um ambiente
• Clientes: aguardam disponibilidade de muito hostil, caindo para os últimos, quanto à
produtos, preço e qualidade. captação de recursos para investir em um negó-
• Comunidade: esperam qualidade de vida, cio, devido à instabilidade financeira do país, aos
uma contribuição da empresa para o pa- altos juros cobrados etc. Além disso, a pesquisa
drão de vida habitual. apresentou que os brasileiros têm o hábito de
• Governo: espera arrecadar por meio de captar recursos das pessoas com quem possuem
imposto e taxas. relacionamento próximo, sendo mais de 90% dos
negócios financiados por familiares.

18 As Micro e Pequenas Empresas – Mpes


Greco et al. (2017, p. 103) reflete que abrem empresas apenas para garantir a subsis-


tência de sua família, sem um planejamento e
esse comportamento provavelmente tem sem inovações. A explicação para isso pode ser
raízes culturais e baseia-se na formação his- apoiada na falta de apoio de um dos interessados
tórica brasileira, que privilegia os mais pró- no empreendimento, que é o governo, e a própria
ximos e não necessariamente a coletividade. falta de condições financeiras do país.
Além disso, outra situação descrita é de que ape-
Segundo Greco et al. (2017), o estudo revelou que, nas 17,5% dos empreendimentos no país possuem
em 2016, cerca de 85,1% das empresas brasileiras CNPJ, ou seja, 82,5% dos empreendedores brasilei-
são enquadradas como microempreendedor indi- ros não são formalmente identificados pelo gover-
vidual – MEI, ou seja, não possuem funcionários no. Sem um CNPJ, a empresa se isola e não pode
e 13% são microempresas. obter investimento e empréstimos de investidores
Os autores inferem que, por meio dessa pes- formais, como bancos e agências de fomento, perde
quisa, é possível concluir que a maioria dos no- oportunidade de prestar serviços a consumidores
vos empreendimentos no Brasil são abertos por que exigem nota fiscal, não podem concorrer em
necessidade, ou seja, proprietários individuais licitações, emitir boletos de cobrança etc.

Convido você, caro(a) aluno(a), a saber mais sobre o trabalho realizado, descrito por Greco et
al. (2017), por meio do site. Nesse material, você irá encontrar informações completas sobre
o empreendedorismo e algumas curiosidades que poderão ajudá-lo a entender mais sobre as
características empreendedoras do nosso país, bem como do restante do mundo. Outra sugestão
para se aprofundar é revisar o material da disciplina de empreendedorismo, certamente, essa releitura
irá ajudá-lo(a) a ter um panorama completo relacionado à temática.
Disponível em:
<http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/GEM%20Nacional%20-%20web.pdf>.

Maximiano (2011) faz uma leitura de um dos estudos da Global


Entrepreneurship Monitor – GEM (Monitoramento Global de Em-
preendedorismo – maior grupo unificado de pesquisas do mundo
sobre atividade empreendedora), que apresenta que os números
desfavoráveis brasileiros se explicam por ser um país no qual
consome-se, em média, 2.600 horas por ano para se pagar a carga
tributária, que é uma das maiores do mundo. Além disso, são necessá-
rios 152 dias para abrir um negócio e 460 para se obter uma licença.

UNIDADE 1 19
De qualquer forma, apesar das dificuldades, o
Brasil tem perspectivas positivas para as empre-
sas, com diversas iniciativas e órgãos de apoio ao
empreendedor, oferecendo cursos, incentivos à
pesquisa, incubadora de novos negócios e pro-
gramas de apoio ao empreendedorismo, como o
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae). Mais tarde, retomaremos, na
Unidade 4 deste livro, alguns dos principais me-
canismos de apoio e fomento empresarial. Antes
disso, avançamos um pouco nas reflexões rela-
cionadas às empresas, apresentando-se, a seguir,
conhecimentos sobre os tipos de empresa e as
formas de classificação.

O rótulo do tipo de empresas que se enquadra


um empreendimento não significa dizer que ela
seja melhor ou pior, é uma forma de colocá-la em
um padrão para o governo, empresas de fomen-
to, bancos etc. Nesse sentido, é importante con-
ter o âmago de um crescimento e agir de forma
saudável em uma organização para não destruir
um negócio. O crescimento de uma organização
deve ser gerenciado e pensado!

20 As Micro e Pequenas Empresas – Mpes


Classificação
Empresarial

As nossas discussões têm intenção central refletir


sobre as formas de financiamento ou fomento
para as micro e pequenas empresas brasileiras. O
Governo, os investidores, as empresas de apoio e
as agências de fomentos tomam como critério a
segmentação das empresas por algumas caracte-
rísticas para conceder créditos e incentivos espe-
cíficos para cada tipo de empresa.
Em primeiro lugar, com base em Padoveze e
Martins (2014) e Arantes, Halicki e Stadler (2014),
a primeira classificação dos tipos de empresas são
as ditas empresas de 1o setor, 2o setor e 3o setor. O
Quadro 1, a seguir, de forma visual, traz as prin-
cipais empresas enquadradas nessas categorias.

UNIDADE 1 21
Quadro 1 - Classificação das Empresas quanto ao Setor

Classificação 1º Setor 2º Setor 3º Setor

Governo Federal, Estadual Empresas com fins


Quem são Sociedade Civil Organizada
e Municipal lucrativos

Comércio atacadista e Instituições e Fundações sem


Prefeituras Municipais,
varejista, prestadores fins lucrativos, organizações
Exemplos Polícia Civil, Polícia Militar,
de serviço, indústria, não governamentais (ONGs)
Corpo de Bombeiros etc.
agricultura etc. etc.

Fonte: o autor.

As empresas do primeiro setor são, de forma geral, dual (MEI), microempresas (ME), empresa de
o governo público, sejam prefeituras, Governo pequeno porte (EPP), empresas de médio porte
Estadual ou Federal, que estão principalmente na e empresas de grande porte. Essa classificação in-
regulamentação, tributação e fiscalização. As em- fluencia diretamente na forma de tributação, nos
presas de terceiro setor não concorrem por lucro, incentivos fiscais e na forma de ações de fomento
trabalham no apoio à população, aos animais, às financeiro, conforme a explicação mais detalhada
empresas, às causas etc., auxiliando, muitas vezes, a seguir, incluindo-se a forma de classificação
o próprio governo. indicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Já as empresas de segundo setor são as produ- Estatística – IBGE, que segmentou nas mesmas
toras, que desenvolvem a agricultura, o comércio e categorias (MAXIMIANO, 2011; PADOVEZE;
a indústria de um país. No segundo setor, sofrem MARTINS, 2014).
outra importante classificação, de acordo com os
tributos: propriedade, faturamento, tipo de pro-
dução e forma jurídica (PADOVEZE; MARTINS, Microempreendedor
2014; ARANTES; HALICKI; STADLER, 2014). Individual – MEI
As empresas podem ser de propriedade públi-
ca, ou seja, estatais, como empresas de saneamen- No ano de 2006, como forma de incentivo do
to, de energia e bancos públicos. Podem ser pri- Governo Federal à formalização dos negócios
vadas, de domínio particular, sem a participação nacionais, criou-se a categoria de microem-
do governo. Também classificam-se como mistas, preendedor individual – MEI, por meio da Lei
com a participação da iniciativa privada e pública nº 123/2006. Nessa categoria, a empresa tem o fa-
ao mesmo tempo, por exemplo, empresas de ca- turamento anual bruto estimado em, no máximo,
pital aberto, como o Banco do Brasil e Petrobrás, R$ 81.000,00. Nesses critérios, a legislação diz que
com parte das ações de domínio público e outras a empresa pode contratar apenas um funcioná-
vendidas livremente à iniciativa privada (PADO- rio, tendo a remuneração mínima de um salário
VEZE; MARTINS, 2014; ARANTES; HALICKI; mínimo. Os principais benefícios na criação do
STADLER, 2014). MEI foi a formalização de negócios pequenos,
Com relação ao faturamento, são enqua- que contavam com apenas um participante e o de
dradas conforme o faturamento anual, sendo menor tributação (MAXIMIANO, 2011; GRECO
classificadas como microempreendedor indivi- et al., 2017).

22 As Micro e Pequenas Empresas – Mpes


Desde de janeiro de 2019, o governo autorizou aos MEIs uma flexibilidade de até 20% do valor do
faturamento anual, ou seja, se a empresa faturar mais que R$ 81.000,00 e até R$ 97.200,00, ela não
é desenquadrada do MEI. Nesse caso, é necessário apenas um recolhimento complementar.

O Portal do Empreendedor (2017, on-line)2 reflete a importância da formalização de negócios de uma


só pessoa. Um MEI registrado passa a ter direitos, tais como aposentadoria, auxílio-doença e salário-
-maternidade. As principais vantagens são:
Acesso a apoio
técnico do SEBRAE
TERÁ CNPJ
Você terá CNPJ e Alvará de
Poderá vender funcinamento e sem burocracia
para o governo

Terá acesso a produtos Vai poder emitir a


e serviços bancários, nota fiscal
como crédito VANTAGENS DE
SER UM MEI

VANTAGENS DE
SER UM MEI Baixo custo mesal de
tributos (INSS, ISS ou
ICMS) em valores físicos
Direitos e benefícios previdenciário:
Aposentadoria por idade, Aponsetadoria por
invalidez, Auxílio-doença; Sálario-maternidade;
Pensão por morte (para a família)

Figura 3 – Vantagens de ser um MEI


Fonte: Portal do Empreendedor ([2019], on-line)2.

Todos esses benefícios são os principais incentivadores para a formalização de empreendedores que,
muitas vezes, vivem na informalidade e podem dispor, se registrarem seu negócios, de direitos e be-
nefícios sociais.

Microempresa – ME

Em 1999, o Governo Federal lançou programas de apoio às empresas de micro e pequeno porte que, por
meio da Lei nº 9.841/1999, instituiu formalmente o Estatuto da Microempresa e Empresa de Pequeno
Porte, dando um tratamento diferenciado e simplificado a elas, principalmente relacionado à tributação.
A Lei nº 123/2006 institui que a microempresa caracteriza-se por ter um faturamento bruto anual de
até R$ 360.000,00. Pelos critérios do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, uma ME pode
registrar em seu quadro até 19 empregados quando indústria, e 9 quando comércio e serviços (GRECO
et al., 2017; BNDES, [2019], on-line)3.

UNIDADE 1 23
Empresa de Pequeno Porte – EPP

As Empresas de Pequeno Porte – EPP, também instituídas por incentivos do Governo Federal e regu-
lamentadas pela Lei nº 123/2006, têm o tratamento diferenciado e a tributação específica. São conside-
radas empresas EPP aquelas que possuírem o faturamento anual de R$ 360.000,01 até R$ 4.800.000,00.
Com relação à classificação do IBGE, as EPPs industriais podem contratar de 20 a 99 funcionários e as
empresa de comércio e serviços de 10 a 49 funcionários (GRECO et al., 2017; BNDES, [2019], on-line)3.

Empresa de Médio Porte

Por uma classificação do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES, uma
empresa de médio porte é aquela que possui a receita bruta operacional anual maior de que R$
4.800.000,00 e de até R$ 300.000.000,00. Pela classificação do IBGE, uma média empresa pode contar
em seu quadro de funcionários de 100 a 499 empregados quando indústria, e de 50 a 99 empregados
quando comércio e serviços (GRECO et al., 2017; BNDES, [2019], on-line)3.

Empresa de Grande Porte

As empresas de grande porte, segundo a classificação do BNDES, são aquelas que possuem um fatura-
mento superior a 300 milhões de reais. Já pela classificação do IBGE, essas empresas são enquadradas
como de grande porte quando forem indústrias que possuírem quantidade superior a 500 funcionários
registrados e quando comércio e serviços superior a 100 empregados (GRECO et al., 2017; BNDES,
[2019], on-line)3. O Quadro 2, a seguir, resume toda essa classificação apresentada.
Quadro 2 - Classificação das Empresas pelo Porte

Faturamento Empregados Empregados Comércio


Classificação
Anual Bruto Indústria e Serviços
Microempreendedor
Até R$ 81.000,00 Somente 1 empregado Somente 1 empregado
Individual – MEI
Microempresa – ME Até R$ 360.000,00 Até 19 empregados Até 9 empregados
Empresa de De R$ 360.000,01
De 20 a 99 empregados De 10 a 49 empregados
Pequeno Porte – EPP até R$ 4,8 milhões
Maior que
Empresa de
R$ 4,8 milhões De 100 a 499 empregados De 50 a 99 empregados
Médio Porte
até R$ 300 milhões
Empresa de Maior que
Mais de 500 empregados Mais de 100 empregados
Grande Porte R$ 300 milhões

Fonte: adaptado de Greco et al., (2017) e BNDES ([2019], on-line)3.

24 As Micro e Pequenas Empresas – Mpes


Além das classificações apresentadas, as empre-
sas ainda podem ser compreendidas por meio do
seu tipo de produção (primárias ou extrativistas,
secundárias ou de transformação e terciárias ou
prestadoras de serviço) e pela sua forma jurídica
(individual, sociedade comercial, sociedade civil,
sociedade anônima etc.).
Aqui, o nosso foco será nas micro e pequenas
empresas (MPEs). O importante para nós é com-
preender que para fins de tributação no Brasil, a
classificação das empresas utilizada é a do fatu-
ramento anual. A seguir, a discussão apresenta
especificidades relacionadas ao registro, à regu-
lamentação e às formas de apoio às MPEs.

Tenha sua dose extra de


conhecimento assistindo ao
vídeo. Para acessar, use seu
leitor de QR Code.

UNIDADE 1 25
Registro e
Regulamentação
de Micro e Pequenas
Empresas

Um estudo do IBGE, conforme apresentado em


Padoveze e Martins (2014), constatou que as MEs
e a EPPs são a maioria das empresas no Brasil, sen-
do que, em dezembro de 2010, em todo o quadro
de pessoas ocupadas e de remuneração dos traba-
lhadores, as micros e pequenas empresas (MPEs)
representavam 98,4% do total no país.
Considerando somente pessoal ocupado, ou
seja, pessoas que estão trabalhando, representa-
vam 48,8% no país. De 2010 para cá, as variações
foram muito poucas e constata-se a importância
dessas empresas para economia e sociedade bra-
sileira. Padoveze e Martins (2014) reforçam que é
muito importante entender as micro e pequenas
empresas para o mundo dos negócios, devido à
grande representatividade no contexto nacional.

26 As Micro e Pequenas Empresas – Mpes


Nesse sentido, o Governo Brasileiro reconheceu, na Constituição Federal, tratamento diferenciado a
essas instituições. O artigo primeiro da Lei Complementar 123/2006 reforça esse tratamento: “estabelece
normas gerais relativas ao tratamento diferenciado e favorecido a ser dispensado às microempresas e
empresas de pequeno porte no âmbito dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios” (BRASIL, 2006).
A principal diferença é relacionada a questões tributárias, com intuito de estimular o crescimento
e desenvolvimento social e econômico nacional. Padoveze e Martins (2014, p. 24) refletem que:


[...] espera-se que as condições diferenciadas permitam que um negócio iniciado na configuração
jurídica de empreendedor individual (EI) possa crescer, ultrapassando a condição de EPP, o que
impactaria positivamente o desenvolvimento econômico.

Esse tratamento diferenciado é dado, como já que lista maior número de atividades permiti-
visto, a empresas que faturem até 4,8 milhões de das, como professores, contadores, cabeleirei-
reais por ano. Um dos benefícios é o tratamento ros, esteticistas, serviços de limpeza etc. Na área
tributário como Simples Nacional, congregando industrial, são permitidas atividades, tais como
inúmeros tributos, que sofrem aumentos gradati- fabricação de gelo, laticínio, pão de queijo con-
vos conforme a mudança de faturamento. gelado, partes de peças do vestuário, produtos de
limpeza etc. (BRASIL, 2008).

Campo de Atuação

Segundo Padoveze e Martins (2014), o microem-


preendedor individual (ou simplesmente MEI) é Convido você, aluno(a), a conhecer todas as
uma categoria relativamente nova, instituída pela atividades permitidas para MEI por meio do
Lei Complementar nº 128, de 19 de dezembro de site. Nele, estão descritas as atividades que um
2008. Entende-se o MEI como uma pessoa legaliza- microempreendedor individual pode desenvolver
da que trabalha como empresário por conta própria. no país. Essa consulta é necessária antes de
A referida Lei enquadra 471 atividades que iniciar uma nova empresa.
podem ser exercidas como MEI, no segmento de Disponível em: <https://www.contabilizei.com.
indústria, comércio, serviços e construção civil, br/contabilidade-online/atividades-mei-tabela>.
sendo que a prestação de serviços é o segmento

UNIDADE 1 27
Padoveze e Martins (2014, p. 28) citam que o co- Como já vimos em nossas discussões, as MEs e
mércio é a área com maior proporção de MEIs, e EPPs são enquadradas conforme o faturamento
elencam algumas pesquisas do SEBRAE e IBGE, e a quantidade de empregados, podendo atuar no
nas quais apresentam algumas das principais ati- ramo de negócio que bem entenderem. Contudo,
vidades das MEIs no Brasil: pela sua característica de retorno financeiro anual
restrito a R$ 4,8 milhões, acabam restringindo-se
• comércio varejista de vestuário e acessório; a áreas que não exigem altos investimentos, que
• cabeleireiros; não envolvem alta tecnologia.
• lanchonetes, casas de chá, de sucos e simi-
lares;
• comércio varejista de mercadorias; Características das Micro e
• bares e outros estabelecimentos especiali- Pequenas Empresa (MPEs)
zados em servir bebidas;
• obras de alvenaria; A principal forma de classificação das empre-
• confecção sob medida de peças do vestuá- sas é de acordo com o faturamento e o núme-
rio, exceto roupas íntimas; ro de empregados. Além disso, pode-se citar as
• reparação e manutenção de computadores quantidades de sócios e titulares e as formas de
e de equipamentos periféricos; registro, sendo este último, principalmente, re-
• fornecimento de alimentos preparados para gistrados como microempreendedor individual
consumo domiciliar; (MEI), empresário individual (EI); empresário
• atividades estéticas e outros serviços de cui- individual de responsabilidade limitada (EIRELI)
dados com beleza. e limitada (LTDA).
Resume-se à classificação das micros e peque-
na empresas, no Quadro 3, logo a seguir.

Quadro 3 - Características das MPEs

Organização Quantidade Faturamento Sócio/ Principais Formas


da Empresa de Empregado anual Titular de Registro

Comércio
Indústria
e Serviços

Microempreendedor Até
1 1 Apenas 1 MEI
Individual (MEI) R$ 81 mil

Até
Microempresa 0a9 0 a 19 1 ou mais EI, EIRELI, LTDA
R$ 360 mil

Até
Pequena Empresa 10 a 49 20 a 99 1 ou mais EI, EIRELI, LTDA
R$ 4,8 milhões

Fonte: adaptado de Padoveze e Martins (2014).

28 As Micro e Pequenas Empresas – Mpes


A conhecida Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas, a já referida Lei Complementar nº 123/2006,
demonstra a dimensão de atuação das MPEs, mas coloca limites como o de faturamento máximo.
Além disso, o parágrafo quarto do artigo 3 da lei estabelece alguns limites:


§ 4º Não poderá se beneficiar do tratamento jurídico diferenciado previsto nesta Lei Complementar,
incluído o regime de que trata o art. 12 desta Lei Complementar, para nenhum efeito legal, a pessoa
jurídica:
I - de cujo capital participe outra pessoa jurídica;
II - que seja filial, sucursal, agência ou representação, no País, de pessoa jurídica com sede no exterior;
III - de cujo capital participe pessoa física que seja inscrita como empresário ou seja sócia de outra
empresa que receba tratamento jurídico diferenciado nos termos desta Lei Complementar, desde que
a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo;
IV - cujo titular ou sócio participe com mais de 10% (dez por cento) do capital de outra empresa não
beneficiada por esta Lei Complementar, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que
trata o inciso II do caput deste artigo;
V - cujo sócio ou titular seja administrador ou equiparado de outra pessoa jurídica com fins lucrati-
vos, desde que a receita bruta global ultrapasse o limite de que trata o inciso II do caput deste artigo;
VI - constituída sob a forma de cooperativas, salvo as de consumo;
VII - que participe do capital de outra pessoa jurídica;
VIII - que exerça atividade de banco comercial, de investimentos e de desenvolvimento, de caixa eco-
nômica, de sociedade de crédito, financiamento e investimento ou de crédito imobiliário, de corretora
ou de distribuidora de títulos, valores mobiliários e câmbio, de empresa de arrendamento mercantil,
de seguros privados e de capitalização ou de previdência complementar;
IX - resultante ou remanescente de cisão ou qualquer outra forma de desmembramento de pessoa
jurídica que tenha ocorrido em um dos 5 (cinco) anos-calendário anteriores;
X - constituída sob a forma de sociedade por ações.
XI - cujos titulares ou sócios guardem, cumulativamente, com o contratante do serviço, relação de
pessoalidade, subordinação e habitualidade (BRASIL, 2006).

UNIDADE 1 29
As MPEs não só devem seguir os critérios estabelecidos na Lei Complementar 126/2006, mas também
são fiscalizadas e organizadas por outras legislações, como próprio Código Civil Brasileiro. A seguir,
o Quadro 4 descreve as principais legislações que uma MPE deve atentar-se:
Quadro 4 - Leis e Decretos para as MPEs

Legislação Objetivo

Cria a Rede Nacional para a Simplificação do Registro e da Lega-


lização de Empresas e Negócios – REDESIM e estabelece normas
Lei nº 11.598/2007
gerais para a simplificação e integração do processo de registro
e legalização de empresários e de pessoas jurídicas.

Lei Complementar nº 123/2006 Institui o Estatuto Nacional da Microempresa e da Empresa de


– (Lei Geral da Micro e Pequena Pequeno Porte, também conhecido como a Lei Geral da Micro e
Empresa) Pequena Empresa.

Cria a figura do Microempreendedor Individual – MEI e modifica


Lei Complementar nº 128/2008 partes da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa – Lei Comple-
mentar 123/2006.

Altera o limite de faturamento do MEI para até R$ 81.000,00 e


Lei Complementar nº 139/2011 modifica partes da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa – Lei
Complementar 123/2006.

Altera Lei Complementar nº 123/2006, com simplificação de pro-


cessos e procedimentos, impede o aumento de IPTU, cobranças
Lei Complementar nº 147/2014 de taxas diversas e normatiza o processo cobranças de taxas
associativas para o MEI, bem como modifica partes da Lei Geral
da Micro e Pequena Empresa – Lei Complementar 123/2006.

Cria o Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Simplificação


Decreto nº 6.884/2009
do Registro e da Legalização de Empresas e Negócios – CGSIM.

Altera a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006,


para reorganizar e simplificar a metodologia de apuração do im-
Lei Complementar nº 155, de 27 posto devido por optantes pelo Simples Nacional; altera as Leis
de outubro de 2016. nº 9.613, de 3 de março de 1998; 12.512, de 14 de outubro de
2011; e 7.998, de 11 de janeiro de 1990; e revoga dispositivo da
Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991.

Fonte: adaptado de Portal do Empreendedor (2017, on-line)2.

Até aqui, dedicou-se um pouco do tempo de estudos para clarificar quem são as MPEs, suas princi-
pais vantagens e obrigações. A seguir, apresenta-se um pouco sobre uma alternativa para as MPEs: as
Franquias.

30 As Micro e Pequenas Empresas – Mpes


As Franquias

Uma importante alternativa para as MPEs é a


abertura de uma franquia, que possibilita um ata-
lho para o empreendedor investir em um negócio
com estrutura já definida e leis e normas que re-
gem aquela categoria já estudada e ensinada para
o novo empresário. A lei nº 8.955, de dezembro de
1994, em seu artigo 2, define uma franquia como:



[...] sistema pelo qual um franqueador
cede ao franqueado o direito de uso de
marca ou patente, associado ao direito de
distribuição exclusiva ou semiexclusiva
de produtos ou serviços e, eventualmente,
também ao direito de uso de tecnologia de
implantação e administração de negócio
ou sistema operacional, desenvolvidos ou
detidos pelo franqueador, mediante remu-
neração direta ou indireta, sem que, no en-
tanto, fique caracterizado vínculo empre-
gatício (BRASIL, 1994 apud PADOVEZE;
MARTINS, 2014, s/p.).

Quando fala-se em franquia, é importante que se-


jam conhecidos alguns termos específicos, como
franchising, franqueador e franqueado.

UNIDADE 1 31
Conforme Coughlan et al. (2012) e Padoveze e O crédito é facilitado para abertura de fran-
Martins (2014), franchising é a concessão do siste- quias no Brasil por se tratar de um tipo de negócio
ma comercial, de operação dos serviços, marcas e que, geralmente, já é reconhecido e consolidado
produtos a outrem, ou seja, é tudo que está sendo por empreendedores que fundaram o negócio
cedido, o direito de alguém a outro. Franqueador é originalmente. Acessando o portal da internet da
o dono do negócio ou marca, que faz a concessão maioria dos bancos brasileiros, é possível perceber
do direito de exploração a outros, e o franqueado é que existe sítio específico para acesso de empreen-
o que adquiriu o direito de exploração do negócio, dedores que pretendem investir nessa categoria.
marca ou serviço. Normalmente, o próprio negócio já é uma das
Sabendo disso, entende-se que empreender garantias que facilitam o acesso ao dinheiro.
em forma de franquia é uma oportunidade de Por exemplo, o Governo Federal, utilizando o
negócio que dá, a um investidor, a vantagem de Banco do Brasil e SEBRAE, apresentando cam-
investir em um negócio já testado e formatado. pos específicos somente para franquias, no qual
Além disso, o crédito para abertura de uma fran- anuncia que disponibiliza crédito para soluções em
quia é facilitado e o acesso é mais garantido. franquias, para investimento em maquinário, ferra-
mentas e instalações, até mesmo em capital de giro.

Definição de Franquias Baratas


Franquias baratas, também conhecidas como microfranquias, são franquias cujo
investimento a ser aportado pelo investidor não ultrapassa os 80 mil reais. Para acompanhar
o passo a passo no momento de escolher a franquia barata, acesse o site disponível em:
<https://www.portaltopfranquias.com.br/franquias-baratas/>.

O mais importante nesta disciplina, ao entrar na As desvantagens estão ligadas, principalmente,


temática de franquias, é trazer para um futuro ao valor pago a mais para iniciar um negócio nesse
empreendedor e investidor o conhecimento dessa formato, em vez de um do zero, e à necessidade
possibilidade de investimento. de atender às exigências de um franqueador que
Coughlan et al. (2012) citam algumas das possa desagradar o franqueado. De forma geral,
vantagens de investir em uma franquia, como ser uma franquia é uma ótima oportunidade de in-
orientado pelo franqueador quanto ao funcio- vestimento, mas deve-se pensar se as vantagens e
namento do mercado, um risco do investimento as desvantagens estão, no mínimo, em equilíbrio
muito menor, a facilidade no conhecimento de antes de sair investindo.
fornecedores, aproveitar a força do negócio já con-
sumado e aprender o know-how de um negócio.

32 As Micro e Pequenas Empresas – Mpes


Padoveze e Martins (2014) listam algumas das principais desvantagens e dificuldades em se
ter uma franquia e que podem levar ao fracasso. Dentre elas, destacam-se: possíveis atritos com o
franqueador, apoio abaixo do esperado, falta de capital de giro, royalties (quantia paga a alguém
pelo direito de usar algo dele, como, por exemplo, sua marca) e taxas altas, alta carga tributária e
falta de experiência em gerenciamento de empresa.
Levantou-se, aqui, a questão das franquias para que este formato de empresa, muito comum entre
as MPEs, seja entendido pelo empreendedor como uma possibilidade de investimento. A seguir,
entra-se nas questões contábeis e financeiras relacionadas às MPEs.

UNIDADE 1 33
Um Pouco da Gestão
Financeira nas MPEs

Para que uma empresa consiga operar e funcionar,


é necessário que se tenha dinheiro. No entanto, o
dinheiro não pode ser empregado de forma alea-
tória; precisa-se entender algumas características
de um negócio antes de sair gastando e investindo.
O mais comum é acreditar que investir em um
negócio é apenas dispor de um local, comprar
máquinas e/ou equipamento, insumos e iniciar.
“Aí que mora o problema!”
Uma empresa é muito mais do que apenas bens
materiais. Segundo Chiavenato (2014), para pro-
duzir e comercializar, seja bem ou serviço, toda
empresa precisa de recursos. Os recursos são os
meios que a empresa tem para que ela funcio-
ne, chamados de recursos empresariais, que são
divididos em 1) recursos materiais, (2) recursos
financeiros, (3) recursos humanos, (4) recursos
mercadológicos e (5) recursos administrativos.

34 As Micro e Pequenas Empresas – Mpes


O autor divide os recursos em recursos empresariais, já comentado, e recursos de fatores de produ-
ção. Este último elenca os elementos necessários para uma produção: (a) natureza, que são os meios
que proporcionam matérias-primas; (b) o capital, que são as formas para financiar a produção; (c) o
trabalho, que é a mão de obra necessária para transformar a matéria-prima em serviço ou produto
acabado; e (d) a empresa, o elemento de junção desses recursos.
A Quadro 5 apresenta de forma visual como se dispõem esses recursos.
Quadro 5 - Os Recursos Empresariais e os Fatores de Produção

Recursos Empresariais Fatores de Produção Exemplos

Instalações, edifícios, máquinas, equipamentos,


Materiais Natureza
matérias-primas, materiais.

Dinheiro no banco ou em caixa, capital, créditos,


Financeiros Capital
contas a receber etc.

Pessoas de forma geral, do presidente até todos


Recursos humanos Trabalho
os tipos de operários.

Propaganda, promoção, vendas, pesquisas de


Mercadológicos -
mercado etc.

Planejamento, organização, direção, controle,


Administrativos Empresa
estratégia etc.

Fonte: adaptado de Chiavenato (2014).

Esses elementos foram elencados de forma pro- em consideração qual parte de sua empresa ne-
posital, para que se tenha conhecimento dos prin- cessita de investimento e qual o risco de pegar
cipais recursos que qualquer empresa necessita. dinheiro de terceiros. O mais importante é visua-
Além disso, é importante destacar que a falta de lizar a empresa como um todo, para não correr
qualquer um dos elementos impossibilita o fun- o risco de faltar dinheiro para outras obrigações
cionamento de uma empresa e eles devem ser do negócio e para o dia a dia do funcionamento
administrados de forma sistemática e conjunta. da empresa. Para isso, é necessário uma gestão
Contudo, Chiavenato (2014) destaca que se hou- financeira que compreenda toda a empresa, in-
ver falta de recursos financeiros, todos os outros dependentemente de seu tamanho.
elementos não podem ser obtidos nem opera- O objetivo básico de uma gestão financeira,
cionalizados e aí pode surgir a necessidade de segundo Chiavenato (2014, p. 13), é



captação de recursos de terceiros.
Quando um empreendedor vai em busca de [...] maximização do lucro, ou seja, incre-
recursos financeiros, seja em bancos, seja em fi- mentar o valor de mercado do capital dos
nanceiras, programas, projetos etc., deve-se levar proprietários ou acionistas de uma empresa,
seja ela firma individual, sociedade de pes-
soas ou por ações.

UNIDADE 1 35
Uma boa gestão financeira, além de ajudar na contemplar recursos empresariais e recursos de
maximização dos lucros de uma empresa, deter- fatores de produção.
mina também o fator de risco no investimento em Chegamos ao final desta unidade, e vamos re-
um negócio. Ainda segundo Chiavenato (2014), capitular os principais pontos abordados até aqui.
os objetivos básicos de uma gestão financeira são, Iniciamos refletindo sobre os conceitos de em-
no mínimo: preendedorismo, uma visão comportamentalista
a) A manutenção da situação de liquidez, ou e econômica e de empresa, que pode ser traduzida
seja, manter sobre controle adequado às como uma sociedade organizada em prol de ren-
entradas e saídas de recursos financeiros, dimento financeiro. Nesse sentido, compreende-
o fluxo de caixa e o capital de giro. -se que as empresas funcionam em processo, no
b) Em situações de operações ou mesmo qual informação e recursos passam por operações
de expansão, trabalhar na obtenção de de transformação e resultam em lucro, satisfação
recursos adicionais, com menor custo, do cliente e de outros interessados.
e por meio de estudos que contemplem Com esses conceitos iniciais, apresentam-se
viabilidade econômica e financeira. A números que demonstram que o Brasil, apesar
atenção maior deve ser em equilibrar a de possuir um ambiente altamente desfavorável
compatibilidade entre risco assumido e para o empreendedorismo, é um dos países do
retorno do investimento. mundo que tem mais características empreende-
c) Saber equilibrar a manutenção da liquidez doras. O Governo Federal criou leis e alternativas
financeira e os objetivos de lucro, de uma para o empreendedorismo, como o apoio às mi-
forma que assegure que os planos estejam cro e pequenas empresas (MPEs) e à criação do
de acordo com as possibilidade. microempreendedor individual (MEI), com suas
características específicas. Inclui-se as franquias
Os desafios indicados neste tópico do capítulo são como uma alternativa ao empreendedorismo.
uma aproximação com ideias de gestão financei- Conclui-se destacando a importância para a ges-
ra, para que entenda-se que o investimento deve tão financeira das MPEs.

36 As Micro e Pequenas Empresas – Mpes


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Quando se fala de empresas, podemos encontrar formas diferentes de carac-


terizá-las, seja pelo porte, seja pela quantidade de funcionários ou pelo fatura-
mento. Assinale a alternativa que corretamente corresponde a uma empresa
do tipo Microempreendedor Individual (MEI):
a) Empresa com faturamento anual bruto de até 60 reais e com apenas um sócio.
b) Empresa com faturamento anual bruto de até 360 mil reais e com apenas um
sócio.
c) Empresa com, no máximo, 9 empregados quando comércio e serviços e no
máximo, 19 empregados quando indústria.
d) Empresa com faturamento mensal máximo equivalente a 2 salários mínimos.
e) Empresa com, no máximo, 1 empregado quando comércio e serviços e no
máximo, 5 quando indústria.

2. As iniciativas do Governo Federal em conceder benefícios fiscais para micro e


pequenas empresas e o surgimento do MEI são formas pensadas pelo governo
em benefício do próprio país. Os objetivos do Governo Federal, com a criação
do microempreendedor individual (MEI), visaram:
I) Oportunizar a formalização de empreendedores locais para que, mesmo que
individualmente, fossem reconhecidos e considerados empresas.
II) Oportunizar a criação de empresas para que o microempreendedor individual,
mais tarde, desenvolva-a e consiga torná-la uma empresa de pequeno porte.
III) A formalização de empresas pelo MEI, pensando no crescimento e no desen-
volvimento econômico nacional.
IV) Promover benefícios sociais à população informal, como aposentadoria,
licença-maternidade e pensão por morte.
Assinale a alternativa correta.
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Todas as alternativas estão corretas.

37
3. A criação de empresas, reformas, estruturação financeira e desenvolvimento
são demandas empresariais que certamente necessitam de dinheiro. Para a
realização de alguns projetos, indica-se a captação de recursos de terceiros,
sejam bancos, familiares, financeiras etc., desde que considerados os riscos.
Um dos critérios de risco e de destinação de recursos pode estar balizados na
classificação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)
e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nessas classificações,
são consideradas empresas de pequeno porte as indústrias que:
a) Possuírem o faturamento anual bruto superior a R$ 360 mil, não ultrapassando
o faturamento anual bruto de R$ 4,8 milhões e com empregados registrados
de 10 a, no máximo, 49.
b) Possuírem o faturamento anual bruto de até R$ 360 mil e com, no máximo, 19
funcionários registrados.
c) A indústria com faturamento anual bruto superior a R$ 360 mil, não ultra-
passando o faturamento anual bruto de R$ 4,8 milhões e com empregados
registrados de 20 a, no máximo, 99.
d) A classificação dessas duas organizações considera que indústrias, sendo bra-
sileiras, que não possuam patrimônio e tiverem apenas um funcionário, são
empresas de pequeno porte.
e) O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) não faz
nenhum tipo de classificação de empresas.

38
4. A criação de uma empresa pode ser considerada com a realização do sonho de
um empreendedor. O resultado positivo, ou seja, o lucro criado por essa em-
presa é algo que interessa muita gente. São partes interessadas no resultado
positivo de uma empresa:
I) Clientes, investidores e fornecedores.
II) Empreendedor, colaboradores e clientes.
III) Fornecedores, concorrentes e governo.
IV) Comunidade, colaboradores e investidores.

Assinale a alternativa correta.


a) Apenas I e III estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas I, II e IV estão corretas.
e) Todas as alternativas estão corretas.

5. Uma empresa pode ser entendida como a reunião de pessoas, trabalhando


juntas em prol de um objetivo comum, por meio da gestão de recursos. Para
produzir, prestar serviços e comercializar, são necessários estes recursos, os
chamados recursos empresariais, que são:
I) Recursos materiais e mercadológicos.
II) Recursos humanos e administrativos.
III) Recursos mercadológicos e administrativos.
IV) Recursos naturais e internacionais.

Assinale a alternativa correta.


a) Apenas I e III estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I, II e III estão corretas
d) Apenas I, II e IV estão corretas.
e) Todas as alternativas estão corretas.

39
FILME

O Lobo de Wall Street


Ano: 2014
Sinopse: Jordan Belfort é um ambicioso corretor da bolsa de valores que cria
um verdadeiro império, enriquecendo de forma rápida, porém ilegal. Ele e seus
amigos mergulham em um mundo de excessos, mas seus métodos ilícitos des-
pertam a atenção da polícia.
Comentário: este filme mostra a história de um empreendedor ambicioso,
que ignorava os risos e trapaceava em seus negócios. Filme válido para que
percebamos que o mundo dos negócios é feroz e o investimento, seja em que
for, deve ser algo muito bem pensado e planejado.

40
ARANTES, E. C.; HALICKI, Z.; STADLER, A. (Orgs.). Empreendedorismo e responsabilidade social. 2. ed.
Curitiba: InterSaberes, 2014.

BRASIL. Lei complementar n° 123, de 14 de dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Microempresa
e da Empresa de Pequeno Porte; altera dispositivos das Leis no 8.212 e 8.213, ambas de 24 de julho de 1991, da
Consolidação das Leis do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, da Lei
no 10.189, de 14 de fevereiro de 2001, da Lei Complementar no 63, de 11 de janeiro de 1990; e revoga as Leis
no 9.317, de 5 de dezembro de 1996, e 9.841, de 5 de outubro de 1999. Presidência da República, 2006. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp123.htm>. Acesso em: 31 jan. 2019.

______. Lei complementar n° 128, de 19 de dezembro de 2008. Altera a Lei Complementar no 123, de 14 de
dezembro de 2006, altera as Leis nos 8.212, de 24 de julho de 1991, 8.213, de 24 de julho de 1991, 10.406, de 10 de
janeiro de 2002 – Código Civil, 8.029, de 12 de abril de 1990, e dá outras providências. Presidência da República,
2008. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp128.htm>. Acesso em: 31 jan. 2019.

______. Lei n° 9.841, de 5 de outubro de 1999. Institui o Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno
Porte, dispondo sobre o tratamento jurídico diferenciado, simplificado e favorecido previsto nos arts. 170 e 179
da Constituição Federal. Presidência da República, 1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
LEIS/L9841.htm>. Acesso em: 31 jan. 2019.

CHIAVENATO, I. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. 4. ed. Barueri: Manole, 2012.

______. Gestão financeira: uma abordagem introdutória. 3. ed. Barueri: Manole, 2014.

COUGHLAN, A. T.; ANDERSON, E.; STERN, L. W.; EL-ANSARY, A. Canais de Marketing. São Paulo: Pearson
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GRECO, S. M. S. et al. (Coord.). Global Entrepreneurship Monitor Empreendedorismo no Brasil: 2016.


Curitiba: IBQP, 2017. Disponível em: <https://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20Sebrae/Anexos/GEM%20
Nacional%20-%20web.pdf>. Acesso em: 31 jan. 2019.

MAXIMIANO, A. C. A. Administração para empreendedores: fundamentos da criação e da gestão de novos


negócios. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011.

PADOVEZE, C. L.; MARTINS, M. A. M. Contabilidade e gestão para micro e pequenas empresa. Curitiba:
InterSaberes, 2014.

41
REFERÊNCIAS ON-LINE

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2 Em: <http://www.portaldoempreendedor.gov.br/temas/quero-ser/formalize-se/quais-sao-seus-direitos-e-
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3 Em: <https://www.bndes.gov.br/wps/portal/site/home/financiamento/guia/quem-pode-ser-cliente/>. Acesso


em: 31 jan. 2019.

42
1. A.

2. E.

3. C.

4. D.

5. C.

43
44
Me. Renan Carlos Klichowski

O Setor Financeiro e a
Estrutura Patrimonial
das Micro e Pequenas
Empresas

PLANO DE ESTUDOS

A gestão financeira
das MPEs Gestão do Capital de Giro

A estrutura patrimonial A importância de um plano


Monitoramento
das micro e pequenas de negócio e da análise do
de fluxo de Caixa
empresas risco de investimento

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Compreender como funciona formalmente a estrutura • Apresentar algumas ferramentas de análise de risco e de
patrimonial e o conjunto de processos das MPEs. gerenciamento financeiro.
• Conceituar e explicar os recursos que compõem a gestão • Refletir sobre a importância de um plano de negócio e da
financeira de uma MPE. análise do risco de investimento.
• Aprender sobre fluxo de caixa e formas de monitoramento
da gestão financeira das MPEs.
A Estrutura Patrimonial
das Micro e Pequenas
Empresas

Caro(a) aluno(a), na unidade anterior, discutimos


de forma geral quem são as micro e pequenas
empresas no Brasil. Nesta unidade, vamos analisar
a estrutura patrimonial e sobre a gestão contá-
bil-financeira das empresas. A primeira reflexão
que teremos diz respeito, especificamente, à con-
tabilidade.
Segundo Padoveze e Martins (2014), o objeto
de estudo da contabilidade é o patrimônio e, por
isso, a importância de conceituá-lo. Os autores
apresentam, então, o conceito original de patrimô-
nio que é o “conjunto de riquezas de uma entidade,
de uma pessoa física, de uma pessoa jurídica ou
mesmo de uma entidade governamental” (PADO-
VEZE; MARTINS, 2014, p. 88).
Padoveze e Martins (2014) destacam que a no-
ção de riqueza, inicialmente, era representada ape-
nas pelos bens, já que estes eram úteis, desejáveis e
poderiam ser trocados. Entretanto, ainda segundo
os autores, com o passar do tempo, novas formas
de transação surgiram, como as transações liqui-
dadas a prazo, o que levou à expansão da noção
de riqueza que não era somente atrelada aos bens,
mas também ao pagamento de dívidas, as quais
eram pagas a prazo, denominadas de obrigações,
e os recebimentos decorrentes das transações a ou, ainda, patrimônio residual (PADOVEZE;
prazo, denominados de direitos. MARTINS, 2014). Contudo, para se efetuar o
Com todos esses acontecimentos, a noção de ri- cálculo do valor que a entidade tem de patri-
queza, apresentada inicialmente, não era suficiente, mônio, era necessário estabelecer uma unidade
já que ela abrangia somente os bens, mas agora era de medida monetária, a qual é a moeda corrente
necessário incluir os direitos e as obrigações. Dito do país no qual a entidade existe (no caso do
isso, a definição de patrimônio passou por uma Brasil, é o real).
reformulação e passou a ser entendido, segundo Um exemplo para deixar mais claro a respei-
Padoveze e Martins (2014, p. 90), como “o conjunto to do patrimônio líquido é o seguinte: supondo
de bens, direitos e obrigações de uma entidade”. que uma mercearia de razão social Eu Faço a Di-
ferença Ltda. pague: R$ 1.200,00 de aluguel, R$
800,00 de energia elétrica, R$ 400,00 de telefone,
O Patrimônio Líquido R$ 3.600,00 de salários aos seus 3 funcionários,
R$ 10.000,00 aos seus fornecedores, R$ 800,00
Com a ampliação da noção de patrimônio para de impostos e tenha, ainda, dois carros no valor
algo que abrange tanto bens e direitos, os quais de R$ 20.000,00 cada, deposite mensalmente na
eram desejáveis às pessoas, quanto obrigações, poupança R$ 4.000,00 e mantenha um saldo na
aquilo que as pessoas não desejavam, viu-se a conta bancária de R$ 400,00.
necessidade de se diferenciar quais eram os bens Para efetuar o cálculo do patrimônio líquido
e os direitos, e quais eram obrigações. Para isso, desta empresa, é necessário, antes de tudo, calcular
adotou-se o sinal de positivo (+) para os bens e o valor total de bens e direitos e o valor total das
direitos e negativo (-) para as obrigações. obrigações, para, então, calcular o valor do patri-
O resultado do cálculo da diferença entre os mônio líquido, conforme será demonstrado nos
bens e direitos e as obrigações representa o pa- quadros a seguir:
trimônio líquido, sobra líquida, situação líquida

Quadro 1 - Cálculo do valor total de bens e direitos da empresa Eu Faço a Diferença Ltda.

Nome do bem ou direito Classificação Valor do bem ou direito

Dois carros Bem R$ 40.000,00

Depósito em poupança Direito R$ 4.000,00

Estoque Bem R$ 3.000,00

Dinheiro disponível Bem R$ 400,00

Total de bens e direitos R$ 47.400,00

Fonte: adaptado de Padoveze e Martins (2014, p. 92).

UNIDADE 2 47
Quadro 2 - Cálculo do valor total de obrigações da empresa Eu Faço a Diferença Ltda.

Nome da obrigação Valor da obrigação

Financiamento de dois veículos R$ 20.000,00

Aluguel R$ 1.200,00

Energia elétrica R$ 800,00

Telefone R$ 400,00

Salários de 3 funcionários R$ 3.600,00

Pagamento a fornecedores R$ 10.000,00

Impostos R$ 800,00

Total das obrigações R$ 36.800,00

Fonte: adaptado de Padoveze e Martins (2014, p. 92).

Quadro 3 - Relação do patrimônio da empresa Eu Faço a Diferença Ltda.

Patrimônio de Pedro Classificação Valor do bem ou direito

Dois carros Bem R$ 40.000,00

Depósito em poupança Direito R$ 4.000,00

Dinheiro disponível Bem R$ 400,00

Estoque Bem R$ 3.000,00

Financiamento de dois veículos Obrigações R$ 20.000,00

Aluguel Obrigações R$ 1.200,00

Energia elétrica Obrigações R$ 800,00

Telefone Obrigações R$ 400,00

Salários de 3 funcionários Obrigações R$ 3.600,00

Pagamento a fornecedores Obrigações R$ 10.000,00

Impostos a pagar Obrigações R$ 800,00

Fonte: adaptado de Padoveze e Martins (2014, p. 92).

Quadro 4 - Valor total do patrimônio líquido da empresa Eu Faço a Diferença Ltda.

Total dos bens e direitos (em reais) 47.400,00

(-) Total das obrigações (em reais) (36.800,00)

Valor do patrimônio líquido (em reais) 10.600,00

Fonte: adaptado de Padoveze e Martins (2014, p. 94).

48 O Setor Financeiro e a Estrutura Patrimonial das Micro e Pequenas Empresas


Padoveze e Martins (2014) também destacam a importância que as obrigações têm para a empresa.
Segundo os autores, as obrigações “caracterizam-se financeiramente como fontes ou origens de recur-
sos a serem aplicados nos bens e direitos (carros, imóveis etc.)” (PADOVEZE; MARTINS, 2014, p. 96).
A partir da demonstração do cálculo do valor do patrimônio líquido, percebe-se que ele acaba
representando o dinheiro do dono no negócio, fruto de sua poupança no período anterior e que é
aplicado na entidade (PADOVEZE; MARTINS, 2014). E, por fim, os bens e direitos representam as
aplicações dos recursos, ou seja, os investimentos.
A partir dessas constatações, percebe-se que o patrimônio líquido se parece com as obrigações
quando aplicamos o conceito de fundos (fontes ou origens de recursos). Com isso, é possível refor-
mular a equação com que se obtém o valor do patrimônio líquido, passando de, segundo Padoveze e
Martins (2014):

Patrimônio Líquido = Bens + Direitos – Obrigações, ou em sua forma abreviada:


PL = B + D – O

Para:

Bens + Direitos = Obrigações + Patrimônio Líquido, ou abreviadamente:


B+ D = O + PL

Com essa nova equação, nota-se que o resultado é igual a zero, isto é, o valor total dos bens e direitos
deve ser igual ao valor das obrigações somadas com o patrimônio líquido.

Você sabia que essa teoria, denominada de Partidas Dobradas, foi criada pelo frei italiano Luca
Pacioli, em 1445. Segundo essa teoria, o registro de toda e qualquer operação deve ter um crédito
e um débito equivalente, em outras palavras, não há crédito sem débito.
Para mais informações a respeito da história de Luca Pacioli e de sua obra, leia o livro: “Luca Pacioli:
um mestre do renascimento”, de Antônio Lopes de Sá, que está disponível para leitura online ou
download em: <http://portalcfc.org.br/wordpress/wp-content/uploads/2013/01/Livro_lucapacioli.pdf>.

Os Relatórios Contábeis

Depois de conhecer o que é o patrimônio e a forma como se calcula o valor do patrimônio líquido,
está na hora de apresentar os relatórios contábeis. A importância da utilização dos relatórios contábeis
é que eles fornecem informações a respeito da condição financeira da empresa.

UNIDADE 2 49
Os relatórios contábeis a serem abordados serão: o Balanço Patrimonial e a Demonstração de Resul-
tado do Exercício.

Balanço Patrimonial

De acordo com Padoveze e Martins (2014, p. 96), o balanço patrimonial é a “apresentação de todo o conjunto
patrimonial, em que o total das fontes de recursos é igual ao total das aplicações dos recursos [...] e indica
a posição financeira e patrimonial da entidade”. Em síntese, além de mostrar a classificação do patrimônio
da empresa, ele também mostra os seus correspondentes valores (PADOVEZE; MARTINS, 2014).
Assim como foi dito na parte final do patrimônio líquido, o balanço patrimonial encontra-se, sempre,
em situação de equilíbrio, ou seja, o valor total dos bens e direitos é igual ao valor total das obrigações.
Entretanto, no balanço patrimonial, os bens e direitos são chamados de ativo e as obrigações de passivo.
Já o patrimônio líquido, no Brasil, até 2007, fazia parte do passivo, mas em 2008, a situação se alterou
quando apenas as obrigações passaram a compor o passivo.
Quanto à estrutura desse relatório contábil, ele possui dois lados: do lado esquerdo o ativo, e do lado
direito as obrigações e o patrimônio líquido, conforme exemplo do quadro a seguir.
Quadro 5 - Balanço Patrimonial da empresa Eu Faço a Diferença Ltda.

Ativo Passivo

Bens e direitos (em reais) Obrigações (em reais)

Dois carros 40.000,00 Financiamento de dois veículos 20.000,00

Depósito em poupança 4.000,00 Aluguel 1.200,00

Dinheiro disponível 400,00 Energia elétrica 800,00

Estoque 3.000,00 Telefone 400,00

Salários de 3 funcionários 3.600,00

Pagamento a fornecedores 10.000,00

Impostos 800,00

Patrimônio líquido (em reais) 10.600,00

Total (em reais) 47.400,00 Total (em reais) 47.400,00

Fonte: adaptado de Padoveze e Martins (2014, p. 98).

Entretanto, quando se deseja registrar cada acréscimo ou decréscimo de cada componente do patri-
mônio, são atribuídos outros nomes. Assim, caso desejássemos registrar cada elemento do patrimônio
da empresa Eu Faço a Diferença Ltda., o novo balanço patrimonial ficaria conforme o Quadro 6.

50 O Setor Financeiro e a Estrutura Patrimonial das Micro e Pequenas Empresas


Quadro 6 – Representação do patrimônio da empresa Eu Faço a Diferença Ltda. por meio de contas contábeis

Ativo Passivo e Patrimônio líquido

Circulante (em reais) Circulante (em reais)

Caixa e bancos 400,00 Fornecedores 10.000,00

Aplicações financeiras 4.400,00 Contas a pagar 2.400,00

Estoque 3.000,00 Salários e encargos a pagar 3.600,00

Tributos sobre mercadoria 800,00

Não circulante (em reais) Não Circulante (em reais)

Realizável a Longo Prazo 40.000,00 Empréstimos e Financiamentos 20.000,00

Patrimônio líquido (em reais)

Capital social 10.600,00

Total (em reais) 47.400,00 Total (em reais) 47.400,00

Fonte: adaptado de Padoveze e Martins (2014, p. 160).

Como se pôde perceber, alguns componentes didos depois de algum tempo, por isso estão no
assumiram uma nova nomenclatura e passaram grupo de “Realizável a Longo Prazo”.
a ser agrupadas, ora na categoria de circulante, Quanto às mudanças do lado do Passivo, foram
ora de não circulante. Entre os componentes que as contas de energia elétrica, aluguel e de telefone,
foram alterados, estão: o dinheiro disponível; o que agora fazem parte de um grupo bem mais
depósito em poupança; os dois carros; as contas amplo, o de “Contas a pagar”, abrangendo não so-
de energia elétrica, aluguel e de telefone; o finan- mente estas contas, como também pagamentos de
ciamento dos dois veículos e os impostos; e o pa- despesas com material de escritório. Já o salário
trimônio líquido. de 3 funcionários está incluso na conta “Salários
A conta “Caixa e bancos” abrange não somente e encargos a pagar”, porque além do salário pago,
o “dinheiro disponível”, mas também o saldo na abrange também os encargos trabalhistas rela-
conta-corrente. Já a “poupança” também passou cionados a esse pagamento (Contribuição previ-
a fazer parte de um grupo mais amplo, que é o denciária, contribuições sindicais, entre outros).
de “Aplicações Financeiras”, o qual abrange tan- Quanto ao financiamento, ele passou a fazer
to o valor investido na poupança como também parte do grupo “Empréstimos e financiamentos”,
valores que estejam aplicados em outros inves- já que esse grupo inclui tanto o dinheiro empres-
timentos, como o CDB. Já os “dois carros” foram tado para pagar as contas quanto o dinheiro em-
substituídos pela conta “Realizável a Longo Prazo”, prestado para aquisição de máquinas, equipamen-
porque os dois veículos, apesar de se constituírem tos e veículos. Já os impostos, agora, fazem parte
nos bens da empresa, também podem ser ven- da conta “Impostos sobre mercadorias”, porque

UNIDADE 2 51
os impostos pagos no decorrer do período são em decorrência da
compra e venda de alimentos adquiridos de terceiros.
Por fim, o patrimônio líquido se desmembrou em várias con-
tas, entre elas o capital social (esta conta representa o valor do
dinheiro investido para se abrir o negócio), mas que não cons-
tam no Quadro 6, porque a empresa em questão não realizou
transações que gerassem valores para contas, como reservas de
capital e prejuízos acumulados.
Quanto à classificação entre Ativo Circulante e Passivo Circu-
lante, Padoveze e Martins (2014, p. 147) esclarecem que os Ativos
Circulantes “são os bens e direitos realizáveis até um ano após a
data do encerramento do balanço”. Já o Passivo Circulante abran-
ge “as obrigações vencíveis dentro de um ano da data do balanço”
(PADOVEZE; MARTINS, 2014, p. 147).
A partir disso, todo bem ou direito que seja realizável após um
ano faz parte dos Ativos Não Circulantes. Por fim, o Passivo Não
Circulante, segundo Padoveze e Martins (2014, p. 147), são “todas
as obrigações de vencimento ou expectativa de pagamento após
um ano da data do balanço”.

Demonstração de Resultado do Exercício

Segundo Padoveze e Martins (2014, p. 150), o objetivo da Demons-


tração de Resultado do Exercício é “evidenciar o lucro ou o prejuízo
nas operações da empresa em determinado período”. Os autores
ainda destacam a relação próxima entre o Balanço Patrimonial
e a Demonstração de Resultado do Exercício (DRE): “[...] os
elementos da demonstração de resultados são as receitas e
as despesas. O impacto destas reflete-se no Balanço Patri-
monial. Portanto, as duas demonstrações são afetadas con-
comitantemente” (PADOVEZE; MARTINS, 2014, p. 150).
Para exemplificar o que os autores afirmaram a respeito da
relação entre o Balanço Patrimonial e a DRE, voltemos ao exem-
plo da empresa Eu Faço a Diferença Ltda. Essa empresa, ao vender
parte de seus produtos estocados, diminuiria o valor
de seus estoques, mas em compensação aumen-
taria o valor do Caixa após a conclusão dessa
transação comercial. Segue alguns quadros
com apenas algumas contas para mostrar
como essas alterações ocorreram.

52 O Setor Financeiro e a Estrutura Patrimonial das Micro e Pequenas Empresas


Quadro 7 - Balanço Patrimonial da empresa Eu Faço a Diferença Ltda. antes da comercialização de parte de seus estoques

Ativo Passivo e Patrimônio líquido

Circulante (em reais) Circulante (em reais)

Caixa e bancos 400,00 Fornecedores 10.000,00

Aplicações financeiras 4.400,00 Contas a pagar 2.400,00

Estoque 3.000,00 Salários e encargos a pagar 3.600,00

Tributos sobre mercadoria 800,00

Não circulante (em reais) Não Circulante (em reais)

Realizável a Longo Prazo 40.000,00 Empréstimos e Financiamentos 20.000,00

Patrimônio líquido (em reais)

Capital social 10.600,00

Total (em reais) 47.400,00 Total (em reais) 47.400,00

Fonte: adaptado de Padoveze e Martins (2014, p. 150).

Quadro 8 - Demonstração de Resultado do Exercício da empresa Eu Faço a Diferença Ltda. com a venda de parte de seus estoques

Demonstração de Resultado do Exercício R$

Vendas 5.000,00

(-) Custo das mercadorias vendidas (2.500,00)

= Lucro no período 2.500,00

Fonte: adaptado de Padoveze e Martins (2014, p. 151).

UNIDADE 2 53
Quadro 9 - Balanço Patrimonial da empresa Eu Faço a Diferença Ltda. após a venda de parte de seus produtos

Ativo Passivo e Patrimônio líquido

Bens e direitos (em reais) Obrigações (em reais)

Caixa e bancos 5.400,00 Fornecedores 10.000,00

Aplicações financeiras 4.400,00 Contas a pagar 2.400,00

Estoque 500,00 Salários e encargos a pagar 3.600,00

Tributos sobre mercadoria 800,00

Tributos sobre lucros 400,00

Não circulante (em reais) Não Circulante (em reais)

Realizável a Longo Prazo 40.000,00 Empréstimos e Financiamentos 20.000,00

Patrimônio líquido (em reais)

Capital social 10.600,00

Lucros do período 2.500,00

Total (em reais) 50.300,00 Total (em reais) 50.300,00

Fonte: adaptado de Padoveze e Martins (2014, p. 152).

Para garantir a geração de relatórios contábeis Neste tópico, abordou-se o que é o patrimônio
que reflitam a realidade financeira da empresa, e de que forma ele é apresentado. A apresentação
procure fornecer ao contador todos os docu- se dá por meio dos relatórios contábeis, dentre
mentos de que necessita, independentemente eles o Balanço Patrimonial e a Demonstração
se são legais (notas fiscais de compra e de venda de Resultado do Exercício. Com isso em men-
de produtos, por exemplo) ou informais (recibos te, mantenha o foco nos estudos, pois no tópico
de pagamento pelo serviço de conserto de uma seguinte será abordado a gestão financeira nas
torneira, por exemplo). Micro e Pequenas Empresas.

54 O Setor Financeiro e a Estrutura Patrimonial das Micro e Pequenas Empresas


A Gestão
Financeira das MPEs

De acordo com Chiavenato (2014), a gestão finan-


ceira lida com os recursos financeiros da empresa.
O referido autor ainda destaca que o gestor finan-
ceiro lida com três tipos de decisões:



1. Orçamento de capital: envolve o pla-
nejamento e a gestão dos investimentos de
longo prazo da empresa. O desafio está em
identificar e localizar as oportunidades de
investimento cujo valor para empresa seja
superior ao seu custo de aquisição.
2. Estrutura de capital: envolve a adequa-
da combinação de capital próprio existente
na empresa com capital de terceiros, para
suplementar o capital próprio em momen-
tos em que ele se torna insuficiente para o
andamento dos negócios.
3. Gestão do capital de giro: envolve [...]
os ativos e passivos circulantes da empresa.
Trata-se de uma atividade diária e recorren-
te que busca assegurar que a empresa tenha
sempre recursos suficientes para dar conti-
nuidade às suas operações e evitar possíveis
interrupções nas suas operações cotidianas
(CHIAVENATO, 2014, p. 12-13).

UNIDADE 2 55
Chiavenato (2014) também recorda que o objetivo principal é “incrementar o valor de mercado do
capital dos proprietários ou acionistas de uma empresa, seja ela firma individual, sociedade de pessoas ou
por ações” (CHIAVENATO, 2014, p. 13).
Para se atingir este objetivo, o autor desmembra em mais três objetivos: a) manutenção de permanente
situação de liquidez; b) obtenção de recursos adicionais para suas operações ou planos de expansão; c)
manutenção do equilíbrio entre objetivos de lucro e de liquidez financeira (CHIAVENATO, 2014, p. 14).



1) Lucro bruto: é a diferença entre a receita
Conceitos Básicos: Rentabili- obtida pela venda de mercadorias e o cus-
dade, Liquidez, Lucro e Risco to de sua produção (incluindo gastos com
matérias-primas, despesas gerais, impostos
Segundo Chiavenato (2014), a rentabilidade diz e remuneração da força de trabalho).
respeito a quanto do capital investido deu retorno, 2) Lucro líquido: é o resultado da subtra-
tanto na forma de dividendos (lucros da empresa ção do lucro bruto da quantia correspon-
dividida entre os sócios da empresa) quanto de dente à depreciação do capital fixo (como
ganho em dinheiro. Chiavenato (2014, p. 15) ainda máquinas e equipamentos) e das despesas
complementa que “na maior parte dos casos, a financeiras (como pagamento de juros de
rentabilidade é inversamente proporcional à se- empréstimos). Uma parcela do lucro líquido
gurança do investimento e à liquidez”. pode ser destinada em dinheiro para a reti-
Já a liquidez representa, segundo Chiavenato rada dos sócios (em empresas individuais)
(2014, p. 15), a “disponibilidade em moeda corrente, ou em dividendos (em sociedades anôni-
meios de pagamento, posse de títulos ou valores mas). Outra parcela pode ser destinada a
que podem ser convertidos rapidamente em di- aumentar o capital da empresa em um fun-
nheiro”. De modo complementar, o autor recorda do de reserva (CHIAVENATO, 2014, p. 17).
que o grau de liquidez depende inevitavelmente
dos prazos negociados, já que quanto mais longos Já para se analisar o risco, definido por Chiavenato
forem os prazos para se receber, menores são os (2014, p. 18) como “a possibilidade de perigo, algo
graus de liquidez. E nos casos em que os títulos ou incerto, porém previsível e que ameaça dano a al-
aplicações tenham os mesmos prazos de vencimen- guém ou à empresa”, é preciso estudar os cenários.
to, têm maior liquidez os que forem mais aceitos no Segundo o autor, os cenários podem ser:



mercado acionário (CHIAVENATO, 2014).
Quanto ao lucro, Chiavenato (2014, p. 16) de- a) certeza: quando as variáveis são conhe-
fine como cidas e a relação entre a ação e sua conse-


quência é determinística;
[...] o rendimento atribuído ao capital inves- b) risco: as variáveis são conhecidas e a
tido diretamente em uma empresa. Significa relação entre a consequência e a ação é co-
a diferença entre receita e a despesa da em- nhecida em termos de probabilidade;
presa em um determinado período, como c) incerteza: as variáveis são conhecidas,
um ano ou semestre. mas as probabilidades para avaliar a con-
sequência de uma ação são desconhecidas
Além disso, o lucro também pode ser abordado ou não são determinadas com algum grau
de duas maneiras distintas: de certeza (CHIAVENATO, 2014, p. 17-18).

56 O Setor Financeiro e a Estrutura Patrimonial das Micro e Pequenas Empresas


As Atribuições da Gestão Gerindo os Recursos
Financeira Financeiros de uma MPE

A gestão financeira das micro e pequenas empre- Nas micro e pequenas empresas, as atribuições da
sas se dá de forma diferente com que acontece nas gestão financeira ficam, inicialmente, mais foca-
grandes empresas. Por conta de seu porte e, con- das nas duas primeiras: obtenção de recursos fi-
sequentemente, de suas restrições (orçamentária nanceiros e na utilização dos recursos financeiros.
e de pessoal) as micro e pequenas empresas têm a A obtenção de recursos financeiros, geralmen-
área financeira centrada no proprietário (quando te, dá-se por empréstimos, os quais ajudarão a
é uma firma individual) ou em um de seus sócios formar o capital para manter o funcionamento
proprietários (quando é uma empresa limitada). da empresa até adquirir capital suficiente para
Segundo Chiavenato (2014, p. 22), as principais o negócio se autogerir quando acabar o capital
atribuições da gestão financeira são: próprio (caso o capital próprio, utilizado para a


abertura do negócio, seja insuficiente).
a) Obter recursos financeiros: para que a Quanto à maneira com que os recursos obtidos
empresa possa funcionar ou expandir suas são utilizados, os responsáveis pela área financeira
atividades. A obtenção de recursos financei- acabam recebendo conselho das pessoas que os
ros pode ser feita no mercado de capitais por oferecem, mas claro que a decisão de qual área da
meio de aumento de capital, financiamento empresa investir fica a cargo do proprietário ou
ou condições de pagamento aos fornecedo- sócio proprietário.
res, empréstimos bancários, etc. Ao longo deste tópico, foram abordados alguns
b) Utilizar recursos financeiros: para conceitos-chaves da administração financeira,
as operações da empresa, nos vários seto- as atribuições da gestão financeira e, por fim, a
res e áreas de atividade, como compras de maneira com que as micro e pequenas empresas
matérias-primas, aquisição de máquinas e geram seus recursos financeiros.
equipamentos, pagamento de salários, etc.
c) Aplicar recursos financeiros exceden-
tes: em aplicações no mercado de capitais
ou no mercado monetário, aquisição de
imóveis ou terrenos, etc.

UNIDADE 2 57
Monitoramento
de Fluxo de Caixa

Antes de entender o que é o fluxo de caixa, é per-


tinente apresentar a definição de caixa. Segundo
Padoveze e Martins (2014, p. 166), caixa são “os
saldos bancários positivos e as aplicações finan-
ceiras de liquidez imediata”.
Chiavenato (2014 p. 66) entende o fluxo de
caixa como sendo o “movimento de entradas e
saídas de recursos financeiros do caixa, isto é, das
origens e das aplicações de caixa”. O autor comple-
ta que as origens do caixa abrangem tudo aquilo
que aumenta o caixa, e as aplicações de caixa são
todos os itens que o reduzem.
De acordo com Maximiano (2012, p. 126),
dentre as transações que aumentam o caixa, estão:



a) Integralização do capital por sócios ou
acionistas: são investimentos feitos pelos
proprietários, que somente afetarão o caixa
se forem em dinheiro; b) Empréstimos ban-
cários e financiamentos; c) Vendas à vista
e recebimento de duplicatas a receber; d)
Venda de itens de ativo permanente.

Maximiano (2012, p. 126) cita também as transa-


ções que reduzem o caixa:

a) pagamento de dividendos aos acionis- Padoveze e Martins (2014, p. 162) esclarecem,
tas; b) pagamento de juros e amortização ainda, que independentemente dos métodos a
da dívida; c) aquisição de item do ativo per- serem adotados, o



manente; d) compras à vista e pagamento a
fornecedores; e) pagamentos de despesa/ [...] fluxo de caixa deve ser apresentado
conta, contas a pagar e outros. segregado por grupos de movimentações
financeiras de natureza similar”. O objetivo
Maximiano (2012, p. 126) chama a atenção, ain- disso é “permitir uma análise mais adequada
da, para as operações que não afetam o caixa: “a) da geração de lucro e caixa e da movimen-
Depreciação, amortização e exaustão; b) provisão tação financeira do período.
para devedores duvidosos; c) reavaliação de itens
do ativo permanente”. Segundo os autores os três grandes segmentos de
No que diz respeito às entradas mais comuns informações são:



presentes no fluxo de caixa, estão:


1) Fluxo de caixa das atividades opera-
a) vendas à vista; b) recebimento de vendas cionais: é o fluxo de caixa mais importante
a prazo; c) desconto de duplicatas; d) ren- e deve ser sempre positivo em linhas gerais.
dimentos de aplicação financeira; e) vendas Representa a transformação do lucro, apu-
de ativos; f) investimentos de capital próprio rado pelo regime de competência, em caixa.
(ANDRICH; CRUZ, 2013, p. 78). Portanto, representa o coração do empreen-
dimento, caracterizado como o resultado
Já as saídas mais comuns, segundo Andrich e Cruz das operações normais.
(2013, p. 78), são: “a) fornecedores; b) salários e 2) Fluxo de caixa das atividades de in-
encargos sociais; c) impostos; d) despesas gerais; vestimentos: representa os valores a serem
e) despesas financeiras; f) compras de ativo”. aplicados nos ativos imobilizados, intangí-
Padoveze e Martins (2014, p. 162) também veis e investimentos de caráter de perma-
mostram que há dois métodos para se apresentar nência. Basicamente essas aplicações têm
a Demonstração dos Fluxos de Caixa: como foco o futuro do empreendimento, ou


seja, preparam a empresa para as operações
1) Método indireto: evidencia a movi- futuras. Contempla também os desinvesti-
mentação do saldo de caixa no período, mentos.
partindo da geração de caixa por meio da 3) Fluxo de caixa das atividades de finan-
demonstração de resultados e das variações ciamentos: compreende a movimentação
dos elementos patrimoniais do balanço que dos supridores de capital para o empreen-
geram caixa ou necessitam dela. dimento. Contempla a entrada de novos
2) Método direto: evidencia a movimenta- financiamentos e de novos aumentos de
ção do saldo de caixa do período, coletando capital social, as reduções de capital social
as informações específicas das entradas de e o pagamento de lucros ou dividendos aos
saídas de numerário constante das contas de sócios ou acionistas (PADOVEZE; MAR-
disponibilidades (caixa, bancos e aplicações TIN, 2014, p.167).
financeiras).

UNIDADE 2 59
De forma a ilustrar o que é essa demonstração do fluxo de caixa, Maximiano (2006) apresenta um
modelo de fluxo de caixa mensal, conforme a Figura 1, que se encontra a seguir.

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL

Recebimentos
Receitas à vista
Receitas à prazo
Faturamento (vendas)

PAGAMENTOS
Custo/Despesas Variáveis
Compras à vista
Compras à prazo
Frente
Comissão
Impostos variáveis
Terceirização

Custo/Despesas fixas
Salários
Encargos sociais
Aluguel
Energia elétrica
Telefone
Despesa bancária/juros
Investimentos
Impostos fixos
Outras despesas

Gasto total

Saldo de Caixa
Figura 1 - Modelo da demonstração do fluxo de caixa mensal
Fonte: adaptada de Maximiano (2006, p. 169).

Mesmo que tenha apresentado um modelo de fluxo de caixa, as empresas podem contar com soft-
wares de gestão que, além de ajudarem com o fornecimento de informações importantes, como o
histórico de compra do cliente; histórico de compra dos fornecedores; estoque dos produtos etc.,
eles também apresentam uma lista pré-programada das operações mais comuns no fluxo de caixa
e que após serem alimentados com as informações, fornecem a demonstração do fluxo de caixa,
de acordo com o período desejado.

60 O Setor Financeiro e a Estrutura Patrimonial das Micro e Pequenas Empresas


Apesar de apresentar em momentos distintos cada o analista financeiro deve trabalhar sempre com
um dos três relatórios contábeis (Balanço Patri- as três demonstrações contábeis”.
monial, Demonstração de Resultado do Exercí- Andrich e Cruz (2013) esclarecem que, ao se
cio e a Demonstração dos Fluxos de Caixa), eles converter os dados gerados pelas demonstrações
estão intimamente relacionados, já que, segundo contábeis, cujos regimes são de competência (Balan-
Padoveze e Martins (2014, p. 167),“no processo de ço Patrimonial e DRE) para o regime de caixa (De-
controle patrimonial da entidade, o executivo ou monstração do Fluxo de Caixa), é possível descobrir:


a) por que a empresa obteve lucro contábil, mas não tem dinheiro em caixa;
b) por que, numa situação inversa, há sobra de disponibilidades se o resultado contábil foi negativo;
c) a capacidade da empresa para gerar fluxos positivos de caixa;
d) a capacidade de pagamento;
e) a taxa de conversão do lucro em caixa;
f) a precisão das previsões financeiras realizadas no passado;
g) os investimentos realizados em imobilizados;
h) os aportes de capital realizados e suas origens;
i) os dividendos pagos (ANDRICH; CRUZ, 2013, p. 71).

Nesta terceira aula, abordamos não so-


mente o conceito de caixa e de fluxo de
caixa, mas também a ferramenta utili-
zada pelas empresas para controlar to-
das as operações realizadas ao longo do
período. A ferramenta, Demonstração
do Fluxo de Caixa, não somente auxilia
neste controle, como também está inti-
mamente ligada aos relatórios contábeis
apresentados nos tópicos anteriores (Ba-
lanço Patrimonial e Demonstração de
Resultado do Exercício).

UNIDADE 2 61
Gestão do
Capital de Giro

Segundo Andrich e Cruz (2013), os empreendedores


não têm de lidar somente com decisões que afetem,
a longo prazo, a situação financeira da empresa, mas
também com as decisões que envolvam os recursos
destinados a manter o seu negócio funcionando
diariamente. Esses recursos necessários para o de-
sempenho de suas atividades diárias são chamados,
por Andrich e Cruz (2013), de capital de giro.
Os autores complementam, ainda, que o capital
de giro pode ser identificado no Balanço Patrimo-
nial no grupo do ativo circulante (caixa, banco,
contas a receber, estoques e despesas antecipadas)
e do passivo circulante (fornecedores, salários a
pagar, encargos sociais a pagar, impostos a pagar e
empréstimos a pagar).
Um conceito muito importante destacado por
Andrich e Cruz (2013) é o de capital de giro líquido
(CGL). Segundo os autores, nada mais é do que o
resultado da subtração do ativo circulante com
o passivo circulante, como pode-se observar na
fórmula a seguir:

Capital de giro líquido = Ativo Circulante


– Passivo Circulante
Ou
CGL = AC – PC
Andrich e Cruz (2013) alertam, ainda, que um Para Andrich e Cruz (2013), a origem para essa
resultado positivo do capital de giro líquido, isto escassez está na administração dos estoques e
é, a empresa possui valores superiores de ativo das contas a receber. Os autores completam que
circulante do que de passivo circulante, não quer a aplicação excessiva de recursos nesses dois ati-
dizer uma imunidade de problemas financeiros vos compromete o investimento na compra de
da empresa. máquinas; em formação de mão de obra especia-
Eles argumentam a importância de se analisar lizada e em pesquisa e desenvolvimento de novos
profundamente a composição dessas contas, pois produtos.
essa análise pode revelar que um estoque muito Andrich e Cruz (2013) explicam que, para a
alto pode diminuir a geração de caixa com o pas- melhor forma de se garantir um capital de giro
sar do tempo, já que ele pode ser depreciado ou suficiente para o bom funcionamento da empresa,
se tornar obsoleto, e as obrigações apresentam é recomendável que se tenha mais recursos finan-
um vencimento menor do que os recebimentos ceiros com maior grau de liquidez (caixa, banco e
a prazo dos clientes (ANDRICH; CRUZ, 2013). aplicações financeiras de curto prazo).
Gerir o capital de giro não é uma das tarefas
mais fáceis, pois os recursos necessários para man-
ter o funcionamento da empresa são escassos. Essa Gestão de Estoques
escassez pode ocorrer, segundo Andrich e Cruz
(2013, p. 99), por conta da: No caso, então, do estoque, Andrich e Cruz (2013)


recomendam que seja o suficiente para garantir
[...] redução das vendas; elevação dos custos o atendimento de todos os pedidos. Em outras
de produção; aumento das despesas admi- palavras, eles recomendam que o estoque tenha
nistrativas; investimento excessivo em itens um giro rápido.
de imobilizado com recursos circulantes. Além disso, os estoques incorrem em uma sé-
rie de despesas e custos diretos ou indiretos. Entre
essas despesas e custos, os autores citam:


1) Custos financeiros: não é incomum que empresas com controles internos deficientes canalizem
recursos essenciais à manutenção de suas operações para constituir estoques acima de suas neces-
sidades. Em geral, o equívoco acaba obrigando-as a buscar dinheiro no mercado para o pagamento
de seus compromissos [...].
2) Elevação do Custo da Mercadoria Vendida (CMV): a falta de recursos para a aquisição de esto-
ques à vista (ou com prazos menores) implica uma inevitável incorporação do custo financeiro, pelo
fornecedor, ao preço da mercadoria. Esse ônus também costuma passar despercebido pela maioria
dos gestores. O problema da falta crônica de caixa acaba viciando o setor de compras em priorizar
sempre a negociação de prazos, em vez de buscar descontos no valor do produto adquirido.
3) Seguro e armazenamento: custos relativos ao seguro e ao armazenamento (aluguel, energia
elétrica, água, etc.) dos estoques também devem ser considerados, sobretudo quando os produtos
necessitam de amplos espaços para serem armazenados ou, por serem perecíveis, exigem acondicio-
namento climatizado.

UNIDADE 2 63
4) Deterioração: as perdas por deterioração não são uma exclusividade das empresas que trabalham
com “gêneros alimentícios”. A ampla maioria dos produtos, nos diferentes ramos, tem um prazo de
validade determinado. Se não há uma boa gestão dos estoques, é possível que itens com vencimento
mais distantes sejam vendidos antes, provocando a perda em função da falta de validade de itens re-
manescentes. O excesso de estoques também contribui para o aumento das perdas por deterioração
ou expiração da validade.
5) Obsolescência: nesse caso, o encalhe não ocorre por deterioração ou validade vencida. Em deter-
minados ramos (como no da informática), o lançamento de novos produtos se dá numa velocidade
tão grande que não é incomum que produtos relativamente recentes sejam considerados obsoletos
pelo mercado, perdendo valor e atratividade.
6) Mão de obra: quanto maiores os estoques, maior é a necessidade de mão de obra para o seu con-
trole (ANDRICH; CRUZ, 2013, p. 102 - 103).

De forma a amenizar os problemas decorrentes de não conseguirão pagar suas contas a prazo. Entre
uma quantidade alta de estoque, Andrich e Cruz as fontes dessas informações, os autores elencam:



(2013) sugerem algumas medidas, dentre elas es-
tão: a elaboração de relatórios que informem o his- a) Serviços de proteção ao crédito: [...] a
tórico das movimentações, incluído o estoque mí- um custo reduzido, é possível obter infor-
nimo necessário para o atendimento dos pedidos; mações essenciais da empresa que pleiteia
elaboração de relatórios que acusem quais itens o crédito, como a data de fundação, infor-
têm baixa ou nula movimentação; e um controle mações a respeito dos sócios, o endereço,
maior sobre a validade dos produtos armazenados. as pendências financeiras e o histórico de
pagamentos com outros fornecedores [...].
b) Relatórios contábeis: a observação dos
Gestão de Contas a Receber relatórios contábeis (como o Balanço Patri-
monial, a Demonstração de Resultado do
A gestão das contas a receber é de suma importân- Exercício e a Demonstração dos Fluxos de
cia para a empresa por conta de elas representarem Caixa) pode trazer contribuições preciosas
uma grande soma dos valores vendidos decorren- para a análise de crédito, tais como capaci-
tes de suas operações de venda de mercadorias, dade de pagamento, estrutura de capitais e
produtos ou serviços (ANDRICH; CRUZ, 2013). situação patrimonial [...].
Com isso, espera-se a transformação dos recursos c) Informações fornecidas pelo merca-
alocados nessa conta para a conta “caixa”, mas, para do: trata-se de uma prática relativamente
isso, a empresa deve adotar uma política adequada comum o fornecimento de informações co-
de crédito e cobrança (ANDRICH; CRUZ, 2013). merciais pelo mercado. Esse procedimento
Segundo Andrich e Cruz (2013), para estabe- baseia-se num interesse de preservação mú-
lecer uma política adequada de crédito, é preciso, tua e também é uma fonte importante por
antes de tudo, adotar critérios diferenciados para revelar o histórico do postulante ao crédito
clientes novos e antigos. Além disso, os referidos com empresas com as quais ele já mantém
autores ressaltam a importância de se buscar a relacionamento comercial (ANDRICH;
maior quantidade possível de informações para que CRUZ, 2013, p. 106-107).
a empresa não conceda crédito para aqueles que

64 O Setor Financeiro e a Estrutura Patrimonial das Micro e Pequenas Empresas


No âmbito da política de cobrança, isto é, a ten-
tativa de receber os títulos atrasados dos clientes
que compraram a prazo, Andrich e Cruz (2013,
p. 109) sugerem:


[...] manter um procedimento permanente
e ostensivo de cobrança, com ações ininter-
ruptas e diárias; quanto mais cedo forem to-
madas iniciativas de recuperação de crédito,
maiores serão as chances de recuperação
desses ativos.

Nesta aula, foi apresentado o que é o capital de giro


e a sua importância. Além disso, destacou-se que
os estoques dos produtos e das contas a receber
representam os maiores problemas para se gerir
o capital de giro.

UNIDADE 2 65
A Importância
de um Plano de Negócio
e da Análise do Risco
de Investimento

O plano de negócio é uma importante ferramenta


para um novo empreendimento e é a partir dele
que se deve iniciar uma empresa. Nele deverá
estar contida todas as estratégias, investimentos,
público-alvo e a pesquisa de mercado. A seguir,
serão debatidas algumas especificidades, que é e
a importância de um plano de negócio, do ponto
de vista de um investidor.

O Plano de Negócio

Segundo Zavadil (2013), fazer um plano de negó-


cios vai além de convencer alguém a investir em
seu negócio. Para ele, um bom plano de negócios é
um plano estratégico que visa avaliar cada setor da
empresa e as diversas situações, as quais a empresa
terá de lidar no futuro. Com isso, espera-se que o
plano de negócios seja lido e relido pelo empreen-
dedor para que ele pense a respeito do futuro de
seu próprio empreendimento (ZAVADIL, 2013).
Além disso, Zavadil (2013, p. 27) destaca que
o plano de negócios deve:

[...] espelhar as reais necessidades do em- apresentados: os produtos ou serviços oferecidos
preendimento no que se refere ao mercado, pela empresa; de que forma se faz a análise do
pois só assim poderá demonstrar resultados mercado (matriz SWOT ou uma pesquisa mer-
econômico-financeiros que venham a ser cadológica); e quais são as estratégias de marke-
interessantes para o empreendimento e para ting (4 Ps ou Matriz BCG).
os seus eventuais parceiros no negócio. Quanto ao plano financeiro, apresentam-se as
informações financeiras, fornecidas pelos relató-
Em suma, para Zavadil (2013, p. 28), o plano de rios contábeis (Balanço Patrimonial, Demonstra-
negócios deve: ção de Resultado do Exercício e Demonstração


dos Fluxos de Caixa) e uma análise do mercado,
[...] proporcionar o entendimento do ne- feita a partir dos cálculos de retorno (Taxa Interna
gócio, sintetizando e explorando suas po- de Retorno, Valor Presente Líquido, payback etc.)
tencialidades, definindo os riscos e, prin- e uma avaliação da viabilidade financeira.
cipalmente, a possibilidade de alavancar os Zavadil (2013) também aponta que mais im-
resultados do negócio no futuro. portante do que a preocupação com a quantidade
de páginas é a apresentação coerente das informa-
Apesar de existirem diversos modelos de plano ções e sua facilidade de entendimento. Outro as-
de negócios, ocasionado pela diversidade de em- pecto destacado pelo referido autor é que, apesar
preendimentos, Zavadil (2013) apresenta o seu de estarem separados por grupos, todas as partes
modelo, que é dividido em quatro grandes gru- do plano de negócios estão interligadas.
pos: 1) sumário executivo; 2) empresa; 3) plano Para a configuração de um plano de negócios,
de marketing; e 4) plano financeiro. Zavadil (2013) apresenta uma série de questiona-
No sumário executivo, apresenta-se uma mentos ou perguntas que devem ser respondidas,
síntese dos principais pontos do plano. Já no tanto por empresas que pretendem se inserir em
grupo da empresa, apresenta-se uma descrição um mercado quanto para aquelas que já estão no
da empresa. Quanto ao plano de marketing, são mercado.


a) Para empresas em processo de criação:
• Como posso definir a empresa se nem ao menos define o produto ou serviço que fornecerei? Se já
tenho o produto/serviço definido, que mercado pretendo atingir?
• Qual será o meu público-alvo, ou seja, os meus prováveis consumidores?
• Onde seria a melhor localização do meu negócio?
• A localização é importante para o meu empreendimento?
• Que tamanho deverá ter a minha empresa? Começarei pequeno e no futuro serei grande?
• Como definir o plano financeiro, em que deve especificar os recursos necessários para o investimento
inicial da empresa, se nem ao menos sei qual deverá ser o tamanho ideal da empresa para produzir
os produtos ou serviços de acordo com as expectativas de demanda de mercado?
• Como definir preços para poder estruturar as informações das receitas se não conheço meus custos?
b) Para empresas já existentes:
• A localização e o tamanho da empresa são suficientes para a implementação dos novos produtos
ou serviços?

UNIDADE 2 67
• Posso iniciar com a estrutura que já tenho ou isso será um limitador para o crescimento da empresa?
• Se houver necessidades financeiras de ampliação, esses recursos estão disponíveis e são gerados
pelas atividades atuais ou terão que ser buscados no mercado?
• Como mensurá-los se nem ao menos sei se terei consumidores para o meu novo produto ou serviço?
(ZAVADIL, 2013, p. 32-33).

Para Zavadil (2013, p. 35), por mais que o grau de importância das partes de um plano de negócios
varie de acordo com seu leitor, “todos os pontos desenvolvidos no plano terão importância como fator
de conhecimento e uma visão do todo em relação ao negócio que está sendo desenvolvido”.

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
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Análise do Risco de Investimento



Segundo Andrich e Cruz (2013), todo investi- [...] em qualquer contexto, o importante é
mento é suscetível a riscos. Entretanto, os autores saber que o risco é sempre inversamente
enfatizam que as decisões de investimentos não proporcional à quantidade e à qualidade das
somente envolvem uma quantidade elevada de informações de que se dispõe o analista fi-
variáveis internas e externas, quanto também va- nanceiro” (ANDRICH; CRUZ, 2013, p. 124).
riam de empresa para empresa, visto que, enquan-
to para uma empresa uma iniciativa de investi- Independentemente do investimento a ser rea-
mento pode representar um risco elevado, ou seja, lizado, Andrich e Cruz (2013) recordam que a
para uma empresa investir em uma determinada decisão deve ser sempre precedida por um estu-
estratégia pode ser muito arriscado; para outra, o do de viabilidade econômica e financeira, isto é,
mesmo investimento pode representar um risco deve-se analisar se o retorno será maior do que o
bem menor, dependendo do tipo de enfoque que capital investido. Somado a isso, os autores cha-
cada uma pode dar ou das variáveis que forem mam, ainda, a atenção para a necessidade de se
consideradas (ANDRICH; CRUZ, 2013). lidar com o valor do dinheiro no tempo, já que
Além dessa relação investimento-risco, An- vivemos numa realidade em que o dinheiro sofre
drich e Cruz (2013) também destacam a relação influência direta da taxa de inflação.
entre informação e risco. Segundo os autores,

68 O Setor Financeiro e a Estrutura Patrimonial das Micro e Pequenas Empresas


no tempo presente, fosse igual [...] ao investimento
inicial” (ANDRICH; CRUZ, 2013, p. 132).
Para a avaliação de viabilidade de investimento,
O dinheiro, ou poder de compra que você tem deve-se comparar a TIR com a TMA: caso a TIR seja
com um dinheiro, varia bastante durante o maior ou igual à TMA, o investimento é viável; já
tempo, devido a vários fatores, como a inflação para os casos em que a TIR é menor do que a TMA,
e carga tributária. Imagine você comprando o investimento é inviável.
com R$ 1,00 em uma loja de doces há 10 anos, Para a análise da viabilidade de investimento
provavelmente você conseguiria comprar muito também deve-se levar em conta o tempo necessário
mais doces do que hoje, certo? Leia a reportagem para se recuperar o dinheiro investido (ANDRICH;
a seguir e saiba mais sobre o valor do dinheiro CRUZ, 2013), isto é, deve-se descobrir “qual é o tem-
no tempo. po necessário (em dias, meses ou anos) para que os
Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/ fluxos projetados, descontados a determinada taxa,
Revista/Epoca/0,,EDG82357-9553,00.html>. superem o valor inicialmente aplicado” (ANDRICH;
CRUZ, 2013, p. 135). O método utilizado para se
determinar este tempo é chamado de Payback ou
Andrich e Cruz (2013) destacam que, independen- Período de Retorno do Capital.
temente da técnica a ser utilizada para o cálculo Nesta aula, vimos que a elaboração do plano de
da viabilidade do investimento, todas elas adotam negócios não somente é importante para aqueles
uma taxa mínima de atratividade (TMA). Andrich que estão adentrando o mercado pela primeira vez,
e Cruz (2013, p. 128) definem essa taxa mínima de mas também para aqueles que já estão inseridos nele.
atratividade como sendo a “taxa utilizada para des- Além disso, o plano de negócios deve ser amplo
contar os fluxos de caixa projetados, trazendo-os o bastante para considerar os mais diversos aspectos
aos valores presentes”. e isso envolve todas as áreas da empresa, desde as
Entre as técnicas de análise utilizadas para se questões do mercado (tipo de produto ou serviço a
medir a viabilidade de um investimento, segundo ser oferecido, e quem são seus clientes, fornecedores
os autores, estão o Valor Presente Líquido (VPL) e e concorrentes etc.) até a viabilidade financeira e
a Taxa Interna de Retorno (TIR). Andrich e Cruz econômica. Para se avaliar a viabilidade financeira,
(2013, p. 129) explicam que a técnica do VPL con- existem diversas técnicas que auxiliam a decidir se
siste em “descontar um fluxo de caixa esperado, o investimento feito valerá ou não a pena.
trazendo todos os valores ao tempo presente”. Para Nesta unidade, trabalhamos aspectos importan-
confirmar se o investimento é viável, o resultado tes relacionados à estrutura patrimonial das micro e
deve ser positivo. pequenas empresas, aplicável, inclusive, a todo tipo
Já a Taxa Interna de Retorno (TIR) se diferencia de empresa. Esses conhecimentos são bases para a
do VPL, pois analisa a taxa de desconto que iguala gestão contábil e financeira de um negócio e todo
os fluxos ao valor inicialmente investido. (ANDRI- empreendedor precisa dominá-los para que tenha
CH; CRUZ, 2013). O objetivo do uso dessa técnica uma efetiva organização de seu negócio. Na próxi-
é descobrir “qual é a taxa que, se aplicada aos fluxos ma unidade, iremos avançar esses conhecimentos,
projetados [...], faria com que a soma desses valores, trabalhando o mercado financeiro.

UNIDADE 2 69
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Segundo Padoveze e Martins (2014, p. 88), o primeiro conceito de patrimônio era


entendido como o “conjunto de riquezas de uma entidade, de uma pessoa física,
de uma pessoa jurídica ou mesmo de uma entidade governamental”. A noção
que se tinha, até então, de riqueza era restrita a somente um dos componentes
que hoje fazem parte do patrimônio. Que componente era esse?
a) Obrigações.
b) Direitos.
c) Bens.
d) Patrimônio.
e) Dinheiro.

2. Qual é a importância do surgimento de novas formas de transação para a noção


de riqueza?

3. O que é o patrimônio líquido?

4. Este trecho: “apresentação de todo o conjunto patrimonial, em que o total das


fontes de recursos é igual ao total das aplicações dos recursos [...] e indica a
posição financeira e patrimonial da entidade” (PADOVEZE; MARTINS, 2014, p. 96)
apresenta a definição de um relatório contábil. Que relatório é este?
a) Demonstração de Resultado do Exercício.
b) Balanço Patrimonial.
c) Patrimônio.
d) Patrimônio líquido.
e) Fluxo de Caixa.

5. Qual é o objetivo da Demonstração de Resultado do Exercício Anterior?

70
WEB

Para conhecer mais detalhes dos aspectos que envolvem os empreendedores,


em geral, sugiro a leitura da reportagem intitulada: “Controles internos, como
ferramentas de gestão auxiliando a perenidade da pequena empresa”.
Para acessar, use seu leitor de QR Code.

71
ANDRICH, E. G.; CRUZ, J. A. W. Gestão financeira moderna: uma abordagem prática. Curitiba: InterSaberes,
2013.

CHIAVENATO, I. Gestão Financeira: uma abordagem introdutória. 3. ed. Baueri: Manole, 2014.

MAXIMIANO, A. C. A. Administração para empreendedores: fundamentos da criação e da gestão de novos


negócios. São Paulo: Prentice Hall, 2006.

______. Empreendedorismo: bibliografia universitária. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012.

PADOVEZE, C. L.; MARTINS, M. A. M. Contabilidade e gestão para micro e pequenas empresas. Curitiba:
InterSaberes, 2014.

ZAVADIL, P. R. Plano de negócios: uma ferramenta de gestão. Curitiba: InterSaberes, 2013.

72
1. C.

2. O surgimento de novas formas de transação, como as transações liquidadas a prazo, levou a uma amplia-
ção da noção de riqueza que se tinha até então. Agora, ela passa a considerar, também, o pagamento de
dívidas as quais eram pagas a prazo, denominadas de obrigações, e os recebimentos decorrentes dessas
transações a prazo, denominados de direitos.

3. Patrimônio líquido é o resultado do cálculo da diferença entre os bens e direitos e as obrigações, ou seja:
PL = B + D - O.

4. B.

5. O objetivo da Demonstração de Resultado do Exercício (DRE) é evidenciar o lucro ou o prejuízo nas ope-
rações da empresa em determinado período, ou seja, apurar como “foi” financeiramente/contabilmente
o período (mês/ano) anterior.

73
74
Me. Renan Carlos Klichowski

Mercado Financeiro

PLANO DE ESTUDOS

Instituições financeiras e Entendendo o factoring


fontes de financiamento

Sistema financeiro Fomento mercantil, As opções e


nacional agências de fomento e análises de risco
captação de recurso

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Apresentar as características do sistema financeiro na- • Caracterizar o fomento mercantil, apresentar as agências
cional. de fomento e as opções para captação de recurso.
• Caracterizar financiamento e apresentar as instituições • Entender o factoring e como usá-lo.
financeiras. • Refletir sobre as opções de captação e análise de risco.
Sistema Financeiro
Nacional

Mesmo não participando diretamente do mer-


cado financeiro de ações na bolsa de valores, ou
direcionando as estratégias financeiras de uma
instituição, estamos contribuindo constantemente
para o desenvolvimento do sistema financeiro,
com práticas simples, que passam despercebidas.
Pequenas atitudes, como ir ao supermercado
fazer compras, abastecer o veículo ou, até mesmo,
deixar de pagar a fatura do cartão de crédito, são
ações que influenciam o direcionamento do mer-
cado financeiro, sendo que esse direcionamento
acontece a partir de um sistema financeiro, que
conheceremos a seguir. Inicialmente, é necessário
compreendermos o que é Sistema Financeiro.
Gitman e Madura (2003, p. 14) esclarecem que
pode ser definido como “os processos pelos quais
o dinheiro é transferido (por meio de financia-
mento e de investimento) entre empresas, indiví-
duos e governos”. Isto é, desempenha o papel de
realizar a intermediação de recursos envolvendo
os agentes econômicos superavitários e os defi-
citários, tendo como retorno um crescimento da
atividade produtiva de forma que a sua estabili- Considerando as mudanças e as reformas no
dade é indispensável para a própria segurança das cenário financeiro do país, a Lei de Reforma
relações entre os agentes econômicos. Bancária nº 4.595, de 31 de dezembro de 1964,
De acordo com Franco e Pardo (2016, p. 18), foi promulgada para regular as atividades das
o sistema financeiro instituições monetárias, bancárias e creditícias;


criou-se o conselho monetário nacional e outras
[...] pode ser definido como o conjunto de atribuições (FERREIRA, 2014; BACEN, [2019],
instrumentos e instituições que possibilitam on-line)1. Sobre esta lei, destaca-se:



a transferência de recursos entre os agentes
econômicos. Art. 1º O sistema Financeiro Nacional, es-
truturado e regulado pela presente Lei, será
Segundo Franco e Pardo (2016) e Ferreira (2014), constituído:
os principais agentes econômicos são os agentes I - do Conselho Monetário Nacional;
superavitários, que são aqueles que possuem II - do Banco Central do Brasil;
despesas inferiores à renda, conseguem poupar e III - do Banco do Brasil S. A.;
aproveitar as oportunidades que aparecem para IV - do Banco Nacional do Desenvolvimen-
crescer seu patrimônio e/ou recebe juros pelo ca- to Econômico;
pital aplicado. V - das demais instituições financeiras pú-
Em contrapartida, os agentes deficitários gas- blicas e privadas (BRASIL, 1964b).
tam mais do que recebem e se propõem a pagar ju-
ros pelo capital que obteve como empréstimo. Nesse Os principais objetivos desta lei foram a criação
escopo, entram os bancos que gerenciam a oferta de do Banco Central do Brasil (BACEN) e a conces-
dinheiro a deficitários e trabalham no rendimen- são de autonomia das autoridades monetárias em
to do dinheiro de superavitários, sendo necessária relação ao Governo Federal. A Reforma Bancária
uma organização por parte do Governo Federal. de 1964 determinou, também, que caberia ao BA-
Nesse sentido, conforme Ferreira (2014), o Sis- CEN a responsabilidade na concepção de auto-
tema Financeiro Brasileiro (SFN) foi reorganizado rização para funcionamento, bem como exercer
no início do regime militar no governo Castello a fiscalização sobre estas instituições financeiras
Branco, quando foram aprovadas as leis que de- (BRASIL, 1964b).
ram a sustentação legal do sistema de débito e No mesmo ano, publicou-se a Lei da Refor-
crédito, sendo as principais: ma Habitacional, que estimulou a construção de
• A Reforma Bancária (Lei nº 4.595, de habitações e o financiamento de casas próprias.
31/12/1964). A lei nº 4.380, de 21 de agosto de 1964 (BRASIL,
• A Reforma Habitacional, criando o sistema 1964a) institui a correção monetária dos contratos
financeiro de habitação (Lei n° 4.380, de imobiliários de interesse social, a partir do Sistema
21/08/1964). Financeiro, para a aquisição da casa própria, logo
• A Reforma do Sistema Financeiro e do surgiu o Banco Nacional de Habitação (BNH), a
Mercado de Capitais (Lei nº 4.728, de sociedade de crédito imobiliário, as letras imobi-
14/07/1965). liárias, o serviço federal de habitação e urbanismo
(BACEN, [2019], on-line)2.

UNIDADE 3 77
No ano seguinte, com a alta na construção civil,
institui-se a Lei do Mercado de Capitais, estabe-
lecendo um sistema de distribuição de valores
mobiliários; a lei nº 4.728, de 14 de julho de 1965
(BRASIL, 1965), disciplinou o mercado de capitais O Plano Real é um importante marco para
e estabeleceu medidas para o seu desenvolvimen- economia brasileira, que foi uma virada em
to (FERREIRA, 2014). questões de organização financeira do país. Para
Conforme Ferreira (2014), nos anos entre 1994 maior aprofundamento sobre o tema, indica-se a
e 2003, inicia-se o período de evolução do Sistema leitura de: “20 anos do Plano Real”. Disponível em:
Financeiro Nacional, com o advento do Plano <http://20anosdoreal.epocanegocios.globo.com/>.
Real. A partir de 2003, a flexibilidade no sistema
econômico brasileiro passou a imperar com um
controle inflacionário jamais visto no país.

Após conhecer um pouco sobre as histórias e as leis que dão base estrutural ao Sistema Financeiro
Nacional, faz-se importante compreender a atual divisão do mercado financeiro no Brasil, que aconte-
ceu em quatro segmentos, de acordo com o tipo de produto e de cliente, facilitando, assim, o processo
de compra.


1. Mercado Monetário: segmento no qual são realizadas as operações de curto prazo; aqui, os pa-
péis mais negociados têm emissão pelo Banco Central, obedecendo a execução política monetária
do Governo Federal com respaldo do Tesouro Nacional, que tem o propósito de financiar o déficit
público. Também é nele que são negociados os depósitos interfinanceiros (DI) e títulos de emissão
pública e privada.
2. Mercado de Crédito: segmento que assiste as necessidades de crédito no curto, médio e longo
prazo. Negocia, principalmente, o financiamento de bens duráveis, investimentos e o capital de giro
das empresas, além do consumo.
3. Mercado de capitais: segmento que atende às necessidades de crédito no médio e no longo pra-
zo. Abrange, em especial, investimentos em ativos imobilizados. As operações são realizadas entre
investidores e emissores (devedores), e negociadas em bolsa de valores ou no “balcão”, via emissão
privada, principalmente, com debêntures e ações. Há algumas operações no curto prazo, em geral
chamadas de notas (ou Bill), que são distribuição de dívida e compromisso de garantias (ou não). As
mais famosas são comercial paper (ou notas promissórias).
4. Mercado Cambial: responsável pelas operações de venda de moedas (divisas) e instrumentos de
fomento estrangeiros. Aqui, os agentes voltados ao comércio internacional são os principais atuantes
(MACHADO, 2015, p. 23).

78 Mercado Financeiro
Contudo, onde entram as micro e pequenas O lucro dos bancos (e outros agentes finan-
empresas neste contexto? Em referência aos ceiros envolvidos) sobre o dinheiro investido é
agentes deficitários e os agentes superavitários, chamado de spread. As micro e pequenas empre-
podemos entender que as MPEs são, em algum sas podem envolver-se sendo deficitários ou su-
momento, agentes envolvidos na intermediação peravitários e, consequentemente, são integrantes
financeira. O lucro de agentes superavitários, in- do mercado financeiro direta ou indiretamente,
vestido em mercados financeiros, seja de famílias, gerando também spread para os bancos. A figu-
empresas ou governo, é chamado de juros. ra a seguir mostra, de forma visual, quem são os
agentes e o que cada um ganha:

Paga juros
Famílias, empresas + Recebe Famílias, empresas
e governo spread juros e governo
DEFICITÁRIOS SUPERAVITÁRIOS

Realiza operações Disponibiliza


financeiras com recursos excedentes
os recursos dos para operações
SUPERAVITÁRIOS financeiras

Intermediários financeiros

Figura 1 - Fluxo de Recursos Financeiros na intermediação


Fonte: Ferreira (2014, p. 22).

Assim, de forma direta ou indireta, as micro e pequenas empresas acabam se envolvendo com o mer-
cado financeiro, seja quando são feitos simples depósitos em bancos ou qualquer tipo de empréstimo.
Assim, estão vinculadas ao Sistema Financeiro Nacional.
A principal lei que estrutura e regula o Sistema Financeiro Nacional é a Lei nº 4.595, de 31 de de-
zembro de 1964 (BRASIL, 1964b). A lei esclarece que o sistema financeiro é integrado basicamente ao
Ministério da Fazenda, responsável por controlar as atividades monetárias no país.

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.

UNIDADE 3 79
A lei instituiu o Conselho Monetário Nacional cional (CMN), responsável, entre outras funções,
– CMN como órgão normativo máximo delibera- pelo controle da inflação no país. O CVM é uma
do para estabelecer normas para regulamentar o autarquia federal, porém independente, devido à
sistema no país, devendo se submeter e gerar in- Lei nº 6.385, de 07 de dezembro de 1976 (BARSIL,
formações técnicas para o Ministério da Fazenda. 1976), não atribuindo subordinação ao CMN, mas
O conselho do CMN é composto pelo Ministro sim apenas vinculada ao Ministério da Fazenda.
da Fazenda, que ocupa o cargo de presidente, o As demais instituições financeiras públicas ou
Ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão e privadas são as entidades que operam as atividades
o Presidente do Banco Central do Brasil (BACEN, monetárias. Destacam-se, principalmente, as ins-
[2019], on-line)2. tituições públicas, consideradas como operadores
A partir da Lei nº 4.595, de 31 de dezembro especiais, sendo elas: Banco do Brasil (BB), Caixa
de 1964, as instituições financeiras ficam obri- Econômica Federal (CEF) e Banco Nacional de
gadas a cumprir as normas estabelecidas, sendo Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
supervisionada pelos órgãos fiscalizadores, Ban- O BB se delimita a uma sociedade de economia
co Central do Brasil (BACEN) e a Comissão de mista; a CEF e o BNDES são empresas públicas de
Valores Mobiliários (CVM). O BACEN é uma direito privado, porém o BNDES não é considera-
autarquia federal vinculada ao Ministério da Fa- do banco, pois não é uma sociedade anônima, por
zenda e subordinado ao Conselho Monetário Na- isso, não possui acionista majoritário específico.

Seguros Previdência
Moeda, crédito, capitais e câmbio privados fechada
normativos

CMN CNSP CNPC


Órgãos

Conselho Monetário Conselho Nacional Conselho Nacional


Nacional de Seguros de Previdência
Privados Complementar
Supervisores

BCB CVM Susep Previc


Superintendência Superintendência
Banco Central Comissão de
de Seguros Nacional de
do Brasil Valores
Privados Previdência
Mobiliários
Complementar
Operadores

Bancos e caixas Administradoras Bolsa Seguradoras e Entidades fechadas


econômicas de consórcios de valores Resseguradores de previdência
complementar
(fundo de pensão)

Cooperativas Corretoras Bolsa de merca- Entidades abertas


de créditos e distribuidoras dorias e futuros de previdência

Figura 2 - Composição do sistema


financeiro nacional
Instituições Demais instituições Sociedades
Fonte: Bacen ([2019], on-line)2.
de pagamento não bancárias de capitalização

80 Mercado Financeiro
Para conhecer detalhadamente as especificidades do Sistema Financeiro Nacional, o
Banco Central tem à disposição na sua página online um diagrama com a estrutura do
modelo nacional e a descrição de cada participante. Ficou curioso? Acesse o link a seguir.
Disponível em: <https://www.bcb.gov.br/pre/composicao/composicao.asp>.

Constata-se, na Figura 2, que o Sistema Financeiro Nacional Brasileiro é dividido em:

a) Órgãos Normativos: “que determinam regras gerais para o bom funcionamento do Sis-
tema Financeiro Nacional” (BACEN, [2019], on-line)2, sendo eles: Conselho Monetário
Nacional (CMN), Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e Conselho de Gestão
da Previdência Complementar (CGPC).

b) Entidades Supervisoras: “trabalham para que os cidadãos e os integrantes do sistema


financeiro sigam as regras definidas pelos órgãos normativos” (BACEN, [2019], on-line)2.
Os integrantes são: Banco Central do Brasil (BACEN), Comissão de Valores Mobiliários
(CVM), Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), Secretaria de Previdência Com-
plementar (SPC).

c) Operadores: “são as instituições que lidam diretamente com o público, no papel de in-
termediário financeiro” (BACEN, [2019], on-line)2, ou seja, as entidades que têm contato
direto com o público-alvo, como as Micro e Pequenas Empresas.

A partir desses conhecimentos prévios, podemos, a seguir, falar um pouco mais a fundo das institui-
ções financeiras que compõem o sistema financeiro nacional até as que fomentam o crédito e ligam-se
diretamente a circulação do dinheiro.

UNIDADE 3 81
Instituições Financeiras e
Fontes de Financiamento

Para que possamos compreender como o dinhei-


ro circula, formas de investimento e o mercado
financeiro, é importante entender que o conjunto
de instituições financeiras especializadas em fazer
a gestão monetária é denominado Sistema Finan-
ceiro Nacional. Essas instituições possuem a tarefa
de regular as políticas e diretrizes, sendo divididas
em: entidades normativas, entidades supervisoras
e operadores, como visto anteriormente.
Inicialmente, precisamos compreender, em
destaque, a atividade das entidades normativas.
Estas são responsáveis pela elaboração de normas
e diretrizes que delimitam o sistema financeiro.
Em geral, são entidades capazes de estabelecer
regras que deverão ser cumpridas e fiscalizadas
pelos órgãos supervisores. As principais institui-
ções que compõem essa entidade são: Conselho
Monetário Nacional (CMN), Conselho Nacional
de Seguros Privados (CNSP) e o Conselho Na-
cional de Previdência Complementar (CNPC)
(BACEN, [2019], on-line)2.
De maneira a garantir o desenvolvimento e a
estabilidade econômica e social do país, a Lei nº
4.595, de 31 de dezembro de 1964, reestrutura
o sistema financeiro nacional e institui o CMN,

82 Mercado Financeiro
deliberando como órgão de autoridade máxima deste sistema. Aliado ao Conselho Monetário Nacio-
nal (CMN), funciona a Comissão Técnica da Moeda e do Crédito (COMOC), auxiliando no suporte
técnico na elaboração e desenvolvimento financeiro do País.


Art. 3º A política do Conselho Monetário Nacional objetivará:
I - Adaptar o volume dos meios de pagamento às reais necessidades da economia nacional e seu
processo de desenvolvimento;
II - Regular o valor interno da moeda, para tanto prevenindo ou corrigindo os surtos inflacionários
ou deflacionários de origem interna ou externa, as depressões econômicas e outros desequilíbrios
oriundos de fenômenos conjunturais;
III - Regular o valor externo da moeda e o equilíbrio no balanço de pagamento do País, tendo em
vista a melhor utilização dos recursos em moeda estrangeira;
IV - Orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras, quer públicas, quer privadas;
tendo em vista propiciar, nas diferentes regiões do País, condições favoráveis ao desenvolvimento
harmônico da economia nacional;
V - Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros, com vistas à maior
eficiência do sistema de pagamentos e de mobilização de recursos;
VI - Zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras;
VII - Coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida pública, interna
e externa (BRASIL, 1964b).

Ainda nesse processo de estruturação das entidades Com o conhecimento sobre o funcionamen-
que compõem este sistema, foi criado pelo Decre- to das entidades Normativas, podemos seguir ao
to-Lei nº 73, de 21 de novembro de 1966, o Conse- próximo nível, as entidades supervisoras. Elas
lho Nacional de Seguros Privados (CNSP), que está assumem diversas funções executivas, possui a
vinculado ao Ministério da Fazenda e é responsável responsabilidade de fazer cumprir as normas esta-
por regularizar a atividade de seguros privados e belecidas pelas entidades normativas, fiscalizando
capitalização do País. Mais tarde, com a criação da as instituições financeiras operadoras. Fazem par-
Lei nº 6.435, de 15 de julho de 1977, suas atribuições te das entidades supervisoras o Banco Central do
se expandiram à previdência privada, no contexto Brasil (BCB), a Comissão de Valores Mobiliários
das entidades abertas (BACEN, [2019], on-line)2. (CVM), a Superintendência de Seguros Privados
Com o objetivo de estabelecer um controle (SUSEP) e a Superintendência Nacional de Pre-
sobre a previdência complementar, foi criado vidência Complementar (PREVIC).
pelo Decreto nº 7.123, de 03 de março de 2010, Primeiramente, destacamos uma das maiores
o Conselho Nacional de Previdência Comple- instituições do país, o Banco Central do Brasil, co-
mentar (CNPC), autoridade máxima em seguros nhecido como BC, BCB ou BACEN, de autarquia
privados, sendo órgão que integra a estrutura do federal. Ele faz parte do sistema financeiro nacional
Ministério da Previdência Social; possui a função e é um dos principais órgãos públicos do país; o BCB
de regular a previdência complementar fechada, foi criado com a promulgação da Lei nº 4.595, de 31
também chamado de Fundos de Pensão. de dezembro de 1964. É o principal responsável pela

UNIDADE 3 83
execução das deliberações do CMN, de forma a asse- fazendo cumprir as normas estabelecidas pelo
gurar a estabilidade do poder de compra da moeda órgão de autoridade máxima no assunto, CNSP.
nacional e um sistema financeiro sólido e eficiente. Em outras palavras, essa instituição trabalha na



supervisão dos seguros que fazemos em nossas
Art. 9º Compete ao Banco Central da Re- vidas, como seguro de vida, seguro de veículo,
pública do Brasil cumprir e fazer cumprir seguro de nossa casa ou apartamento, da empresa
as disposições que lhe são atribuídas pela etc., e na supervisão dos títulos de capitalização.
legislação em vigor e as normas expedidas
pelo Conselho Monetário Nacional.
Art. 10. Compete privativamente ao Banco
Central da República do Brasil: A modalidade de Título de capitalização pode ser
I - Emitir moeda-papel e moeda metálica, entendida como uma poupança na qual fazemos
nas condições e limites autorizados pelo depósitos todos os meses, durante um período
Conselho Monetário Nacional. determinado de tempo (já previsto), para uma
II - Executar os serviços do meio-circulante; retirada no final e ao longo do tempo (normal-
III - determinar o recolhimento de até cem mente mensalmente); são realizados sorteios de
por cento do total dos depósitos à vista e prêmios (principalmente em dinheiro) aos que
de até sessenta por cento de outros títulos participam dessa modalidade. Dúvidas? Algumas
contábeis das instituições financeiras, seja delas poderão ser sanadas no link a seguir.
na forma de subscrição de Letras ou Obriga- Disponível em: <http://www.susep.gov.br/menu/
ções do Tesouro Nacional ou compra de tí- informacoes-ao-publico/planos-e-produtos/ca-
tulos da Dívida Pública Federal, seja através pitalizacao>.
de recolhimento em espécie, em ambos os
casos entregues ao Banco Central do Brasil,
a forma e condições por ele determinadas Para supervisionar as atividades realizadas pelas
(BRASIL, 1964b). entidades fechadas de previdência complemen-
tar, ou seja, a conhecida Previdência Privada, foi
Ainda na categoria de entidade Supervisora, ou seja, instituída por meio da Lei nº 12.154, de 23 de
outra entidade responsável por auxiliar na fiscaliza- dezembro de 2009, a Superintendência Nacional
ção das instituições financeiras, foi criada em 07 de de Previdência Complementar (PREVIC), tendo
dezembro de 1976, pela Lei nº 6.385, a Comissão de como objeto os fundos de pensão.



Valores Mobiliários (CVM), entidade autárquica,
provida de autoridade administrativa independente, Parágrafo único. A Previc atuará como en-
incumbida de assegurar a integridade e o desenvol- tidade de fiscalização e de supervisão das
vimento no que diz respeito ao mercado de capitais. atividades das entidades fechadas de pre-
Com a criação do CNSP, pelo Decreto-Lei nº vidência complementar e de execução das
73, de 21 de novembro de 1966, institui-se tam- políticas para o regime de previdência com-
bém a Superintendência de Seguros Privados plementar operado pelas entidades fechadas
(SUSEP), que instituiu como órgão responsável de previdência complementar, observadas
por fiscalizar os mercados de seguro, a previdên- as disposições constitucionais e legais apli-
cia privada aberta, a capitalização e o resseguro, cáveis (BRASIL, 2009).

84 Mercado Financeiro
Por último, na estrutura hierárquica do sistema financeiro, estão
as entidades operadoras atuando como instituições financeiras
responsáveis por intermediar os recursos entre pessoas jurídicas e
físicas ou pela prestação de serviços. Vamos conhecê-las melhor?
Essas instituições financeiras captam e cedem recursos pró-
prios ou de terceiros, desenvolvem atividades de gerenciando de
recursos de terceiros e de prestação de serviços complementares à
intermediação financeira; são pessoas jurídicas públicas ou privadas
operando mediante autorização do Banco Central.
Um dos principais órgão oficiais que opera esse sistema é o Banco
do Brasil (BB). Ele opera como agente financeiro é o principal exe-
cutor das políticas de crédito rural e industrial e de banco comercial
do governo federal. É uma sociedade de economia mista de capitais
públicos e privados. É também uma empresa aberta que possui ações
cotadas na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBOVESPA).
Além das atividades comuns de um banco comercial, a Caixa
Econômica Federal (CEF) é também responsável pela execução
das políticas do Governo Federal, porém voltada para setores como
habitação, saneamento básico, infraestrutura e prestação de serviços.
A CEF inclui vários programas do governo federal no que diz res-
peito aos trabalhadores formais por meio do pagamento do Fundo
de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), Programa Integração
Social (PIS), seguro-desemprego e aos beneficiários de programas
sociais, bolsa-família, entre outros.
Outra ferramenta muito importante para o bom funcionamento
desse processo e responsável pela política de investimentos a longo
prazo do Governo Federal é chamado Banco Nacional de Desen-
volvimento Econômico e Social (BNDES). O BNDES constitui
uma autarquia federal, sendo empresa pública com direito privado
São chamadas as instituições financeiras bancárias, as Institui-
ções financeiras captadoras de depósitos à vista, formada por bancos
comerciais, bancos cooperativos, cooperativas de crédito e bancos
múltiplos. A característica dessas instituições é a sua exclusividade
na captação de recursos por meio de depósitos à vista, ou seja, não
possuem remunerados e sua liquidez não é imediata, porém, os
depositantes estão livre para sacar os seus recursos no momento
que considerar conveniente (BACEN, [2019], on-line)2.
Dessa forma, com os recursos depositados em conta, essas insti-
tuições desenvolvem a capacidade de criação de moeda, o que facilita
operações de crédito a curto prazo, especialmente de crédito pessoal
e os financiamentos de capital de giro das empresas.

UNIDADE 3 85
As demais instituições financeiras não bancárias são aquelas fi-
nanciadas por recursos próprios por meio de empréstimos ou criação
de títulos de dívida. Essas instituições são compostas por: bancos de
desenvolvimento, bancos de investimento, cooperativas de crédito, entre
outros (BACEN, [2019], on-line)2.
Essas instituições não podem captar depósitos à vista. São pessoas
jurídicas públicas ou privadas que captam e cedem recursos de terceiros
a médio e a longo prazo, por meio de financiamentos e empréstimos.
Por último, existem os outros intermediários e administradores de
recursos de terceiros. Esse conjunto de instituições é composto pelas agên-
cias de fomento, administradores de consórcio, sociedades corretoras de
câmbio, sociedades corretoras de títulos e valores mobiliários, sociedades
de crédito ao microempreendedor, fundos de investimentos e outros.
Essas instituições não captam e não cedem recursos, realizam ex-
clusivamente operações financeiras, em nome de investidores ou de
tomadores, e apenas prestam serviços relacionados às atividades ine-
rentes ao mercado financeiro.
Na sequência, iremos falar das fontes de fomento financeiro, ou
seja, as possibilidade de financiamento para captação de recurso para
negócios.

86 Mercado Financeiro
Fomento Mercantil,
Agências de Fomento e
Captação de Recurso

O fomento mercantil surgiu como uma ferramen-


ta financeira capaz de acelerar o movimento de
caixa das empresas, funcionando da seguinte for-
ma: a empresa que deseja participar desse sistema,
vende seus títulos de crédito a uma outra empresa
chamada de factoring, essa empresa faz a análise de
crédito e efetua o pagamento do valor à vista para
a empresa proprietária desse título e recebendo
daquele cliente o valor da conta a prazo. Vamos
discutir melhor essa questão? O sistema financeiro
nacional é dividido em muitas operações finan-
ceiras, um dos recursos disponíveis que integram
esse sistema é o fomento mercantil. Sebrae (2015,
on-line)4, sobre esse assunto, esclarece que:



Factoring (fomento mercantil ou comercial)
é uma atividade comercial caracterizada
pela aquisição de direitos creditórios, por
um valor à vista e mediante taxas de juros e
de serviços, de contas a receber a prazo. Ela
possibilita liquidez financeira imediata para
micro e pequenas empresas, e não deve ser
confundida com a operação praticada pelos
bancos (SEBRAE, 2015, on-line)4.

UNIDADE 3 87


As ações de fomento são as políticas definidas Financiamento para o desenvolvimento do
para impulsionar um determinado setor, e além empreendimentos de natureza profissional,
de solucionar problemas de desenvolvimento, es- comercial ou industrial, de pequeno porte,
timula o crescimento, promovendo o progresso inclusive a pessoas físicas; Financiamento
de diferentes setores de atividade, permitindo, à de capitais fixo e do giro associados a pro-
empresa fomentada, capital de giro instantâneo jetos; Operações do crédito rural; Cessão
para reinvestimento. Significar dizer, em outras de créditos; Prestação de garantias em
palavras, que fomentar ou ajudar financeiramente operações compatíveis com o objeto so-
uma empresa, setor ou ideia é uma ação de fomen- cial; Prestação de serviços de consultoria e
to financeiro? É exatamente isso! de agente financeiro; Prestação de serviços
Para a economia, o fomento representa um in- de administrador de fundos de desenvol-
vestimento de recursos em atividades que geram vimento; Operações específicas de câmbio;
bens e serviços, o que contribui para o aumento da Aplicação de disponibilidades de caixa em
produção e, consequentemente, eleve-se as taxas títulos públicos federais ou em cotas de fun-
de emprego e o poder de compra da população. dos de investimento cujas carteiras estejam
Diante dos fatos, o Banco Central do Brasil emi- representadas exclusivamente por títulos
tiu a Resolução nº 2828, de 30 de março de 2001, públicos federais, desde que assim conste
tornando em vigor a atividade das agências de fo- nos regulamentos dos fundos; Aquisição de
mento. Os bancos de fomento surgiram a partir do créditos oriundos de operações compatíveis
processo de reestruturação do segmento bancário com o objeto social; Participação societária
nacional, no âmbito do Programa de Incentivo à em sociedades empresárias não integrantes
Redução da Presença do Setor Público na Ativi- do sistema financeiro; Swap para proteção
dade Financeira PROES, inicialmente elaborado de posições próprias; Operações de arren-
pela Medida Provisória nº 1.514, de 07 de agosto damento mercantil; Integralização de co-
de 1996, que foi reeditada e instituída a Medida tas de fundos que tenham participação da
Provisória nº 2.192-70, de 24 de agosto de 2001. União; Aplicação em operações de micro-



finanças (DIM) (BACEN, [2019], on-line)1.
O PROES previa que as instituições finan-
ceiras sob o controle dos estados seriam
extintas, privatizadas ou transformadas
em instituições financeiras dedicadas ao
financiamento do capital fixo e de giro as- Ficou curioso sobre o que é um SWAP, que
sociado a empreendimentos previstos em apareceu no parágrafo anterior? No link, a seguir,
programas de desenvolvimento no país, de- está explicado o que é uma operação SWAP. É
nominadas agências de fomento (BACEN, muito importante que conheça esse movimento
[2019], on-line)1. de troca de fluxo de caixa, pois é uma prática cada
vez mais em uso nas negociações brasileiras.
A seguir, estão listadas algumas das atividades Disponível em: <http://www.infomoney.com.br/
permitidas às agências de fomento, disponíveis educacao/guias/noticia/377126/swaps-que-sao-
no site no Banco Central do Brasil (BCB): como-funcionam-operacoes-troca-fluxo-caixa>.

88 Mercado Financeiro
Atualmente, o país conta com uma grande diversidade de agências e linhas de fomento que direcionam
o capital fixo e de giro para projetos previsto nos programas de desenvolvimento, sendo as principais
citadas a seguir:

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES:


oferece recurso de longo prazo, podendo operar sem intermediação
com o financiado, conforme as diretrizes operacionais definidas
para cada campo de ação da atividade econômica.

Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo –


FAPESP: voltada para pesquisa e desenvolvimento. Tem como
objetivo financiar bolsas de recém-mestre, investigação científica
e bolsas de pós-graduação.

Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP: voltada para


pesquisa e desenvolvimento, tem como objetivo financiar projetos
de grande porte, em projetos de pesquisa e organização de eventos
que direcione para o desenvolvimento socioeconômico do país.

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico


– CNPq: voltada para pesquisa e desenvolvimento, tem como
objetivo financiar cursos de pós-graduação, a participação e
promoção de eventos, apoio à editoração, entre outros.

Na condição de instituições financeiras não ban- áreas. Por exemplo, um estado ou região do país
cárias, as agências de fomento são controladas na precisa de ideias e de empresas para promover
unidade da Federação onde estiver sediada. Além a área de alimentação, cosméticos, agropecuária
de recursos próprios, essas instituições só podem, etc., com o envolvimento de alguma das agências
em operações passivas, empregar recursos prove- de fomento, lançada chamadas de projetos que se-
nientes de fundos e programas oficiais; orçamen- rão financiados se aprovados. Assim, trabalhando
tos federal, estaduais e municipais; organismos e em conjunto com órgãos públicos, podem promo-
instituições financeiras nacionais e internacionais ver o empreendedorismo e, consequentemente, o
de desenvolvimento. desenvolvimento nacional.
Contudo, como essas instituições podem con- No próximo tópico, iremos conversar um
tribuir para o desenvolvimento do empreendedo- pouco sobre outra modalidade de financiamen-
rismo no país? De forma geral, essas organizações to, mas que, normalmente, envolve o curto prazo,
lançam editais chamando projetos empreendedo- principalmente, uma forma de manter o giro de
res, tecnológicos e de pesquisas em determinadas dinheiro em uma empresa: o Factoring.

UNIDADE 3 89
Entendendo
o Factoring

O factoring compõe o direito mercantil e tem


como propósito, a prestação de serviços, para mé-
dias e pequenas empresas, fornecendo recursos
por meio de contratos entre a empresa cedente,
fornecedora do recurso, e com a empresa cessio-
nária solicitante dos recursos. Segundo Haddad
([2019], p. 76), factoring é a “atividade comercial
mista atípica, consistente na prestação de servi-
ços somada à compra de créditos resultantes de
vendas mercantis”.
Diferentemente das instituições que possibi-
litam a transferência de recurso, o factoring não
é caracterizado uma instituição financeira, pois
nele inexiste a captação de recursos de terceiros,
como também não desconta títulos e não realiza
empréstimos. A origem do capital do factoring é
própria e sua natureza jurídica é comercial, pois
conjuga a compra de direitos de créditos com a
prestação de serviços, agindo em duas áreas dife-
rentes dentro da mesma instituição.

90 Mercado Financeiro

O nome factoring caracteriza uma modalidade de empresa que presta basicamente dois tipos de ser-
viços. O primeiro é assessoria no gerenciamento da área de contas a receber. Por essa característica,
as factorings costumam atuar junto a pequenas e médias companhias, que não dispõem de grande
estrutura e usufruem da experiência das factorings na avaliação de risco de crédito, prazos, con-
centração etc. O segundo tipo de serviço, o mais importante deles, é a troca de títulos a receber, tais
como duplicatas, promissórias ou cheques pré-datados, por dinheiro à vista, dando às empresas que
detinham o crédito a possibilidade de antecipar o recebimento e alimentar seu caixa (INSTITUTO
DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA, 2006, on-line)3.

A operação de factoring dispõe de um mecanis- empréstimo parcelado e aguardar uma avaliação


mo que possibilita, à empresa fomentada, vender do banco, a empresa pode vender seus recebíveis
seus créditos a uma empresa de factoring. Essas a uma financeira. Também, pode-se considerar a
empresas compram os títulos gerados por suas vantagem para empresa, ao vender o título a uma
vendas a prazo, cobrando os juros devidos e pa- financeira, a transferências da responsabilidade
gando os créditos futuros à vista ao cessionário, o sobre a cobrança junto ao cliente.
que amplia seu espaço para negociações. Para que o factoring tenha sucesso no de-
São muitos os motivos que levam as empre- senvolvimento da atividade, é necessário a via-
sas a recorrerem a este tipo de mecanismo. Uma bilização de estudo, de acordo com a necessi-
operação de factoring acaba sendo uma forma dade da empresa, para que possa ser elaborada
ágil de colocar dinheiro em caixa de uma em- a estratégia para voltar ao mercado financeiro.
presa, visto que é uma troca rápida de título por Ocorre atualmente, no Brasil, nas seguintes mo-
dinheiro. Por exemplo, em vez de recorrer a um dalidades:


(1) Convencional – a empresa de Factoring compra direitos creditórios ou ativos, oriundos de vendas
a prazo. (2) Maturity – Basta que o empresário (cedente), negocie os direitos com a empresa de Fac-
toring. A Factoring passa a administrar as contas a receber da empresa fomentada, os direitos serão
liquidados na data de seu vencimento. (3) Trustee – É uma gestão financeira e de negócios, a Factoring
presta assessoria administrativa e financeira às empresas fomentadas. (4) Exportação –voltada para
clientes que não dispõem de subsídios ou de seguros de crédito para as exportações. Nessa modali-
dade, a exportação é intermediada por duas empresas de Factoring. (5) Factoring Matéria-Prima – A
Factoring nesse caso transforma-se em intermediário entre a empresa fomentada e seu fornecedor
de matéria-prima (COSTA; MIRANDA, 2010, p. 7-8).

De acordo com a Associação Nacional das Empresas de Fomento Comercial (ANFAC), factoring não
é empréstimo, desconto, operação de crédito, adiantamento, agiotagem, criação de moeda e nem gera
expansão monetária. É uma atividade comercial, consubstanciada em normas do direito vigente
no Brasil e no mundo inteiro.
A operação de factoring trata-se de uma antecipação de receita pela venda dos título de crédito,
obviamente sem provocar o aprofundamento da dívida da empresa fomentada. Contudo, para que a
empresa sobressaia ao endividamento, existe a contrapartida, pois os custos da operação de factoring
são maiores que as operações de crédito, e isso é decorrente ao risco do não recebimento do título por
parte da empresa de factoring, já que a responsabilidade do recebimento não é mais do proprietário.

UNIDADE 3 91
As Opções
e Análises de Risco

Ao observarmos o cenário econômico atual, dian-


te do momento em que o país está enfrentando,
os proprietários de empresas estão sentindo mui-
tas dificuldades em angariar recursos de forma a
alavancar sua empresa, principalmente devido à
burocracia, que cada vez é maior no Brasil (GRE-
CO, 2017). À vista disso, é importante que os em-
presários tenham um conhecimento no sistema
financeiro nacional para poder optar por linhas
de captação de recurso que possa render a recu-
peração ou o investimento esperado.



O objetivo principal da capitalização é re-
forçar a posição financeira da empresa a
curto e médio prazo para que esta possa
empreender novos planos de investimentos
tanto no desenvolvimento de novos pro-
dutos, quanto na ampliação da posição de
mercado (OLIVEIRA, 2012, p. 4).

92 Mercado Financeiro
De acordo com Oliveira (2012), no sistema financeiro brasileiro, as instituições financeiras disponibilizam
um amplo conjunto de crédito, com inúmeros incentivos, abrangendo os mais diversos ramos da atividade
empresarial. As fontes de capital que podem ser utilizados, são: o capital próprio e o capital de terceiros.

A ANFAC – Associação Nacional de Fomento Comercial – é a principal entidade representati-


va do setor do fomento comercial brasileiro. Foi fundada em 1982, na cidade do Rio de Janei-
ro, com o compromisso de fortalecer o sistema brasileiro de fomento comercial e suas re-
lações com a sociedade, como também contribuir para o desenvolvimento socioeconômico
e sustentável do País. Para conhecer mais sobre essa associação, acesse o link disponível em:
<http://www.anfac.com.br/>.

1. Capital próprio: é capitalizado pela disponibilidade dos sócios nos chamados de capital ou
por meio do fundo de caixa da empresa.
2. Capital de terceiros: para que haja o processo de capitalização, é necessário que as empresas
possuam planos de investimento ou plano de negócios. As formas de capital são: capital de
investimento e capital de empréstimo.
3. Capital de investimento: ocorre por meio do capital via novo sócio, para empresas de sociedade
limitada, ou na forma de títulos junto ao mercado financeiro no caso de sociedade anônimas.
4. Capital de empréstimo: é subdivida em três linhas de crédito:
a) Linhas de financiamento convencional operam por meio dos bancos comerciais na forma
de contrato de empréstimo, dispondo de prazos curtos.
b) Linhas de financiamento subsidiadas/especiais são concedidos pelo Governo e operam
por meio dos bancos comerciais e por agentes oficiais, dispõe de juros e prazos melhores
em relação ao convencional.
c) Programas de incentivos à capacitação e desenvolvimento são concedidos pelo Governo e
operam por meio dos ministérios. São recursos proveniente do fundo perdido.

As principais fontes de capitalização de terceiro


existentes no mercado financeiro são: emprésti- Você não entendeu algum termo relativo
mos para capital de giro, desconto de títulos, Hot a finanças? Acesso o dicionário financeiro,
Money, conta garantida, factoring, debêntures e disponibilizado pelo SEBRAE, disponível em:
recursos do BNDES. <http://www.sebrae.com.br/Sebrae/Portal%20
Sebrae/Anexos/dicionariofinanceiro.pdf>.

UNIDADE 3 93
Sobre a busca de recursos externos ou internos, Franco e Pardo (2016, p. 54) destacam que:



[...] os principais motivos que levam os agentes a necessitar de crédito são: consumo corrente ou de
bens duráveis (pessoa física); para formação do capital de giro ou de capital fixo (pessoa jurídica). Os
principsis atuantes neste mercado são: bancos comerciais, bancos múltiplos e financeiras.

Para as empresas, é de extrema importância o co- longo prazo; e mercado cambial, operações de
nhecimento aprofundado do sistema financeiro, venda de moedas estrangeiras.
das linhas de crédito disponíveis antes de tomar As alternativas e as ferramentas financeiras
qualquer atitude a respeito deste assunto. Deste que podem facilitar as atividades da empresa são
modo, recomenda-se uma análise do mercado inúmeras, mas as movimentações financeiras de-
atual juntamente com o fluxo de caixa para toma- vem considerar o perfil de cada organização. No
da de decisão que melhor se adequada ao propósi- entanto, tendências tradicionais como a utilização
to da empresa para captação de recurso, pois uma de agências de fomento e fontes de captação de
captação mal interpretada pode agravar a situação recursos são exemplos de alternativas que podem
da empresa ou, até mesmo, transformar sua pers- auxiliar o gestor na busca de crescimento organi-
pectiva de futuro em um grande “pesadelo”. zacional e, consequentemente, o lucro.
Durante esse estudo, foi possível compreen- Após as discussões em que foi possível co-
dermos as características do mercado financeiro nhecer as características das movimentações
nacional a partir dos debates gerados com base monetárias no país, do ponto de vista estratégico
nas ideias dos autores. Refletimos sobre os qua- e decisório, concluo que uma gestão eficiente pre-
tro segmentos: mercado monetário, operações cisa considerar os riscos nas tomadas de decisões,
de curto prazo; mercado de crédito, operações de avaliando sempre as especificidades do mercado
crédito no curto, médio e longo prazo; mercado financeiro, a legislação vigente e as necessidades
de capitais, operações de crédito no médio e no internas e externas das organizações.

94 Mercado Financeiro
Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. A Reforma Bancária de 1964 institui a criação do Banco Central do Brasil e da


permissão de autonomia às Entidades Monetárias em relação ao Governo Fe-
deral. Segundo a Lei n° 4.595, de 31 de dezembro de 1964, o Sistema Financeiro
Nacional é integrado por:
a) Secretaria do Tesouro Nacional e Conselho Monetário Nacional.
b) Ministérios da Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão.
c) Órgãos normativos, entidades supervisoras e operadores.
d) Receita Federal do Brasil e Comissão de Valores Mobiliários.
e) Conselho Monetário Nacional e Ministério da Fazenda.

2. O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é composto por um conjunto de institui-


ções focadas no controle político monetário do governo federal. Assim sendo,
é subdivido em entidades normativas, supervisoras e operadoras.
I) As entidades normativas não possuem função executiva e são responsáveis-
pela definição das políticas e diretrizes gerais do SFN.
II) As entidades normativas possuem funções executivas e são responsáveis
por fiscalizar os órgãos operadores.
III) Os órgãos operadores são bancos e outros membros de intermediação
financeira.
Assinale a alternativa correta.
a) Apenas a afirmativa I está correta.
b) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
c) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
d) Apenas a afirmativa III está correta.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

95
3. O Sistema Financeiro Nacional (SFN) é constituído por todas as instituições
financeiras públicas e/ou privadas existentes no país, e seu órgão normativo
máximo é o(a):
a) Caixa Econômica Federal.
b) Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
c) Conselho Monetário Nacional.
d) Ministério da Fazenda.
e) Banco Central do Brasil

4. A sociedade de fomento mercantil, factoring, caracteriza-se pela prestação


de serviço de compra de direitos, títulos, de um contrato de venda e realiza a
antecipação do pagamento. Considerando as atividades desempenhadas pelas
empresas de factoring, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
( ) Fiscalizado sob responsabilidade do Banco Central do Brasil.
( ) Financia seu cliente por meio de contrato com taxa de juros pós-fixada.
( ) Adquire créditos de empresas proveniente de suas vendas mercantis realiza-
das a prazo.
( ) Sua prestação de serviços pode gerar lucros adquirindo cheques de pessoas
físicas e jurídicas.
( ) É remunerada pela cobrança da taxa SELIC acrescida de um prêmio de risco
sobre o valor dos títulos por ela descontados.
Considerando V para verdadeiro e F para falso, assinale a alternativa correta.
a) V, F, V, F, F.
b) F, F, V, V, V.
c) F, F, V, F, F.
d) V, V, F, V, V.
e) Nenhuma das alternativas.

5. No mercado atual, com as constantes transformações no cenário político e


econômico, qual importância das empresas terem conhecimento do sistema
financeiro nacional no momento de captar recursos?

96
FILME

A Grande Aposta
Ano: 2016
Sinopse: Michael Burry (Christian Bale) é o dono de uma empresa de médio
porte, que decide investir muito dinheiro do fundo que coordena ao apostar que
o sistema imobiliário nos Estados Unidos irá quebrar em breve. Tal decisão gera
complicações junto aos investidores, já que nunca antes alguém havia apostado
contra o sistema e levado vantagem. Ao saber destes investimentos, o corretor
Jared Vennett (Ryan Gosling) percebe a oportunidade e passa a oferecê-la a seus
clientes. Um deles é Mark Baum (Steve Carell), o dono de uma corretora que
enfrenta problemas pessoais desde que seu irmão se suicidou. Paralelamente,
dois iniciantes na Bolsa de Valores percebem que podem ganhar muito dinheiro
ao apostar na crise imobiliária e, para tanto, pedem ajuda a um guru de Wall
Street, Ben Rickert (Brad Pitt), que vive recluso.

97
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Resolução 2828, de 30 de março de 2001. Dispõe sobre a constituição e o
funcionamento de agências de fomento. Banco central do Brasil, 2001. Disponível em: <https://www.bcb.gov.
br/pre/normativos/res/2001/pdf/res_2828_v4_L.pdf>. Acesso em: 01 fev. 2019.

BRASIL. Decreto-Lei n° 73, de 21 de novembro de 1966. Dispõe sôbre o Sistema Nacional de Seguros Pri-
vados, regula as operações de seguros e resseguros e dá outras providências. Presidência da República, 1966.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0073.htm>. Acesso em: 01 fev. 2019.

______. Lei n° 12.154, de 23 de dezembro de 2009. Cria a Superintendência Nacional de Previdência Comple-
mentar - PREVIC e dispõe sobre o seu pessoal; inclui a Câmara de Recursos da Previdência Complementar na
estrutura básica do Ministério da Previdência Social; altera disposições referentes a auditores-fiscais da Receita
Federal do Brasil; altera as Leis nos 11.457, de 16 de março de 2007, e 10.683, de 28 de maio de 2003; e dá outras
providências. Presidência da República, 2009. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-
2010/2009/Lei/L12154.htm>. Acesso em: 01 fev. 2019.

______. Lei n° 4.380, de 21 de agosto de 1964. Institui a correção monetária nos contratos imobiliários de
interesse social, o sistema financeiro para aquisição da casa própria, cria o Banco Nacional da Habitação (BNH),
e Sociedades de Crédito Imobiliário, as Letras Imobiliárias, o Serviço Federal de Habitação e Urbanismo e dá
outras providências. Presidência da República, 1964a. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
LEIS/L4380.htm>. Acesso em: 01 fev. 2019.

______. Lei n° 4.595, de 31 de dezembro de 1964. Dispõe sobre a política e as Instituições Monetárias, Ban-
cárias e Creditícias, cria o Conselho Monetário Nacional e dá outras providencias. Presidência da República,
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______. Lei n° 4.728, de 14 de julho de 1965. Disciplina o mercado de capitais e estabelece medidas para o
seu desenvolvimento. Presidência da República, 1965. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
LEIS/L4728.htm>. Acesso em: 01 fev. 2019.

______. Lei n° 6.385, de 7 de dezembro de 1976. Dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a
Comissão de Valores Mobiliários. Presidência da República, 1976. Disponível em: <http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/LEIS/L6385.htm>. Acesso em: 01 fev. 2019.

______. Lei n° 6.435, de 15 de julho de 1977. Dispõe sobre as entidades de previdência privada. Presidência
da República, 1977. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6435.htm>. Acesso em: 01
fev. 2019.

98
______. Lei n° 7.123, de 3 de março de 2010. Dispõe sobre o Conselho Nacional de Previdência Comple-
mentar - CNPC e sobre a Câmara de Recursos da Previdência Complementar - CRPC, e dá outras providências.
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Acesso em: 01 fev. 2019.

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2Em: <http://www.bcb.gov.br/pre/composicao/soc_cred_imob.asp>. Acesso em: 01 fev. 2019.

3Em: <http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content&view=article&id=2112:catid=28&I-
temid=23>. Acesso em: 01 fev. 2019.

4Em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/entenda-o-que-e-factoring,7b1a5415e6433410V
gnVCM1000003b74010aRCRD>. Acesso em: 06 fev. 2019.

99
1. B.

2. C.

3. C.

4. C.

5. Conhecer as linhas de crédito disponíveis é importantíssimo para tomada de decisão do que melhor se ade-
quada ao propósito da empresa para captação de recurso, pois uma captação mal interpretada pode agravar
a situação da empresa ou, até mesmo, transformar sua perspectiva de futuro em um grande pesadelo.

100
101
102
Me. Renan Carlos Klichowski

O Sucesso Empresarial
e a Gestão Financeira

PLANO DE ESTUDOS

Estratégia Equívocos na organização de


de negócios micro e pequenas empresas

O Balanced Captação de recursos Crescimento


Scorecard (BSC) internacionais saudável

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Conhecer o BSC e sua influência para as micro e pequenas • Entender os riscos nas tomadas de decisões e as ações
empresas. que podem ser tomadas na minimização de dano.
• Trabalhar estratégias de negócios. • Compreender o que é crescer saudavelmente.
• Compreender a captação de recursos internacionais.
O Balanced
Scorecard (Bsc)

Ao iniciarmos esse debate, é preciso refletirmos


sobre o modelo de gestão que as empresas bus-
cam, ou seja, vamos pensar as características de um
modelo que seja capaz de gerar lucro, crescimento
e desenvolvimento organizacional. Entendermos
as mudanças ocorridas na empresa só é possível
se analisarmos as informações que temos dispo-
níveis. Essas informações podem ser em números,
análises de ambientes ou, também, no acompanha-
mento do desenvolvimento das equipes.
No entanto, partindo do pressuposto de que
os processos foram melhorados por influência
dos recursos criados exclusivamente para gestão
das empresas, o gestor tem à disposição a possi-
bilidade de antecipar-se a alguns problemas que
podem surgir por falha no processo de gestão da
organização.
A partir desta necessidade, surgiu o Balanced automatização dos processos, surgimento de no-
Scorecard (BSC), que se trata de um instrumen- vas tecnologias e a valorização da sociedade do
to de medida do desempenho organizacional. O conhecimento como um momento crucial para
BSC foi apresentado, em 1992, por Robert Kaplan repensar a forma como as empresas faziam a ges-
e David Norton (professores da Harvard Busi- tão dos processos e das pessoas.
ness School), influenciados pelo que chamaram De acordo com Martins et al. (2012), com essa
de transição entre a Era Industrial para a Era da ferramenta, é possível acompanhar o desempenho
Informação. De modo geral, os autores conside- organizacional, com base em quatro perspectivas,
raram esse período de mudanças no mercado, que você verá a seguir.

Perspectiva do cliente:
nessa perspectiva, busca-se
analisar as atividades que
Perspectiva financeira: afetam diretamente a
1 visa analisar a receita, a
diminuição dos custos 2 carteira de clientes que a
empresa tem disponível ou
e os recursos que pode alcançar. Nesse caso,
podem ser investidos são criados meios de reter e
manter clientes e avaliação
da satisfação.

Perspectiva processos
internos: identificação Perspectiva aprendizagem
e crescimento: valorização
3 dos processos que
atrapalham a manutenção 4 das pessoas e da capacidade
de desenvolver-se a partir do
da ordem e dificultam o
alcance satisfatório dos conhecimento que possuem.
resultados.

Utilizar o BSC na organização vai além de gerar Perceba que o foco não está apenas em ana-
mecanismos de controle, o foco não é apenas con- lisar resultados tangíveis, como o financeiro. A
trolar, mas também desenvolver a organização. perspectiva de aprendizagem e crescimento, que
Esse desenvolvimento organizacional é resulta- faz parte do BSC, considera as pessoas como as
do de melhorias de processos, de valorização do facilitadoras, portanto, qualquer objetivo orga-
capital intelectual e da preocupação com ações nizacional só é possível alcançar se houver reco-
contínuas que geram aprendizado. nhecimento das capacidades individuais de cada
agente envolvido em uma organização.

UNIDADE 4 105
O BSC pode ser expandido para vários níveis, de modo que muitos setores de uma mesma organiza-
ção podem participar diretamente do processo de estruturação estratégica. Do ponto de vista gerencial,
empresas de grande porte possuem um ambiente mais favorável para o desenvolvimento de qualquer
ferramenta de auxílio à gestão, isso acontece porque os recursos (financeiros, pessoas, espaços físicos)
que uma empresa de grande porte tem disponíveis são maiores. No entanto, como ficam as empresas
de pequeno porte? Elas não precisam de apoio? O BSC não se aplica nessas empresas?

Financeiro
Para ter sucesso financeira-
mente, como nós devemos
aparecer para os nossos
investidores?

Processos internos
Cliente do negócio
Para alcançar nossa visão Visão e Para satisfazer os clien-
como devemos ser vistos estratégia tes, em quais processos
pelos nossos clientes? devemos nos sobressair?

Aprendizado e
crescimento
Para alcançar nossa visão
como sustentar a habilidade
de mudar e progredir?

Figura 1 - Balanced Scorecard


Fonte: Martins et al. (2012).

Empresas de pequeno porte precisam, e muito, de apoio. A tomada de decisão é ainda mais arriscada
nesses casos, principalmente se tiver poucos recursos, e o planejamento, o controle e o acompanha-
mento do desempenho devem ser pensados com a mesma preocupação que se pensa uma empresa
de grande porte.
Para entendermos um pouco mais sobre a importância das micro e pequenas empresas, é necessário
relembrarmos que, de acordo com Maximiliano (2011, p. 11):


[...] a microempresa é a pessoa jurídica ou uma firma mercantil individual que tiver receita bruta
anual igual ou inferior a R$ 433.755,14” enquanto que as empresas de pequeno porte são aquelas
em que possuem “receita bruta anual superior a R$ 433.755,14 e igual ou inferior a R$ 2.133.222,00.

106 O Sucesso Empresarial e a Gestão Financeira


Lembrando que o limite de faturamento não é o único fator de-
terminante para definir ou não o tipo de empresa (vide Unidade
1, Aula 2: Classificação Empresarial).
Imagine um cenário onde não existe formalização de plane-
jamento, visão, missão e valores, e onde um pequeno número de
gestores desenvolvem várias atividades ao mesmo tempo, sem uma
organização estratégica. Esse é o cenário de muitas micro e peque-
nas empresas, então, ao pensar a BSC para pequenas empresas, é
preciso considerar também suas características, ou mesmo pensar
em adaptar o modelo tradicional utilizado em outras empresas.
Como visto na Figura 1, utilizando o BSC, é possível criar uma
estrutura que vislumbre em sua visão estratégica: clientes, posição
financeira, processos internos do negócio e aprendizado e cres-
cimento. Por exemplo, uma pequena empresa de alimentos pode
definir em sua visão estratégica elevando as perguntas: quem são
seus clientes ou nosso público-alvo? Qual seu posicionamento
financeiro? Como iremos trabalhar e servir? Qual nossa meta e
como progredir?
Utilizar-se das estratégias da BSC exige a criação de indicadores.
Esses indicadores ajudam a comparar a atual situação da empresa
com os objetivos que se pretende alcançar.
A implantação do BSC inicia com a definição de objetivos,
Kaplan e Norton (1997) esclarecem que a equipe envolvida de-
verá estar ciente dos objetivos que se pretende alcançar, além de
conhecerem toda a estrutura do projeto. A alta administração deve,
obrigatoriamente, ser a mantenedora e a facilitadora no processo
de implantação do BSC, já que é a principal responsável na gestão
de qualquer empresa.
Um dos grandes problemas da gestão das pequenas empresas é
a capacitação da sua equipe e, consequentemente, a melhoria dos
processos. Isso acontece por conta da comum descentralização da
gerência, da falta de organização interna dos processos e do layout
do ambiente. Ao utilizar o BSC na empresa, os processos mais sig-
nificativos serão destacados e priorizados, essa orientação quanto
aos passos que precisam ser desenvolvidos foram observados por
Ottoboni (2002) e Walter e Kliemann (2000).
A proposta dos autores foi facilitar e sistematizar a implantação da BSC nas micro e pequenas
empresas a partir de etapas, ou mesmo partes.
Segundo Ottoboni (2002) e Walter e Kliemann (2000), a organização da implantação do BSC em
uma micro e pequena empresa, em passos, ajuda a viabilizar os estudos, além de auxiliar na adaptação
das atividades para as características desse tipo de organização.

Procedimento proposto de implantação do BSC

Passo 1 Passo 2 Passo 3


Preparação Elaboração Implantação

TAREFA: TAREFA: TAREFA:

1- Preparação do 2- Conhecimento da 6- Colocação do


ambiente da Organização e prepa- sistema em
aplicação. ração do processo de funcionamento,
discurso. com revisões dos
objetivos
3- Estabelecer as estratégicos,
perspectivas e metas e dos
objetivos estratégicos. indicadores de
desempenho.
4- Estabelecer indica-
dores para as perspec-
tivas e planos de ação.

5- Preparação da
implantação e
aprovação final.

Figura 2 - Procedimento proposto de implantação do BSC


Fonte: Cimino e Silveira (2008, p. 5).

Tenha sua dose extra de conhecimento assistindo ao vídeo. Para acessar, use
seu leitor de QR Code.

108 O Sucesso Empresarial e a Gestão Financeira


Estratégia
de Negócios

É importante compreendermos que estratégia


gera competitividade e, portanto, faz com que os
objetivos organizacionais sejam atingidos a partir
de ações internas e externas direcionadas ao pú-
blico que se pretende alcançar. Aqui, considera-
mos estratégia como um diferencial competitivo
que existe a partir de estimativas e presunções
que podem ser alcançadas pela tomada de deter-
minada decisão.
A palavra estratégia vem do grego strategos e
seu significado tem relação com as atividades mi-
litares, e literalmente significa “a arte do general”.
Muitos autores apresentam um conceito diferente
sobre esse tema, mas não se tem um consenso nos
ambientes acadêmicos. Isso acontece por conta
das influências que a palavra e o conceito original
sofreram ao longo dos anos.
Partindo para a prática, o que é evidente entre
os autores é a necessidade de o gestor conhecer
sua empresa, ter os objetivos bem definidos, a
partir de metas que podem ser alcançadas. Afi-
nal, como criar estratégias sem saber aonde se
pretende chegar?

UNIDADE 4 109
A partir desta perspectiva, Barney e Hesterly a empresa já pode definir suas estratégias, ou seja,
(2011) complementam que colocar no papel quais ações tomar para se tornar



mais competitiva.
[...] quanto mais acuradas forem as supo- Uma das etapas mais importantes do processo
sições e hipóteses em refletir como a com- decisório é estabelecer o tipo de estratégia que se
petição no setor realmente evolui, maior a pretende empregar, isso porque, segundo Barney
probabilidade de uma empresa obter van- e Hesterly (2011), existem duas categorias para
tagem competitiva [...]. direcionar os esforços, são elas: estratégia do nível
de negócio e estratégia do nível corporativo. Bar-
Se pensarmos do ponto de vista decisório, as es- ney e Hesterly (2011, p. 172) resumem:



tratégias são baseadas em conceitos e ideias dis-
cutidas e adotadas por outras instituições, já que, [...] Estratégia de negócio é a teoria de
inicialmente, não é possível mensurar se aquela uma empresa sobre como ganhar vanta-
estratégia, bem como a tomada de decisão que a gem competitiva em um único negócio ou
acompanha, irá causar o efeito que se pretende setor. Estratégia corporativa é a teoria de
alcançar. Considerando essa preocupação com as uma empresa sobre como ganhar vantagem
atividades gerenciais e a definição de estratégias a competitiva operando em vários negócios
partir de um ponto inicial desconhecido, Barney simultaneamente.
e Hesterly (2011, p. 4) tratam sobre aquilo que
chamam de processo de administração estraté- Como estamos tratando de pequenas e micro
gica, e esclarecem: empresa, o enfoque deste tópico será dado à es-



tratégia de um único negócio, assim, trataremos,
“[...] é um conjunto sequencial de análises a seguir, mais a fundo a estratégia de negócio.
e escolhas que podem aumentar a probabi-
lidade de uma empresa escolher uma boa
estratégia, isto é, uma estratégia que gere
vantagens competitivas”.
Prezado(a) aluno(a), para compreender mais so-
Basicamente, é preciso compreender que a empre- bre estratégia corporativa, indica-se a leitura do
sa deve ser pensada sistematicamente, desde sua portal da educação a seguir. O texto irá ajudá-
missão até os recursos que se têm disponíveis para -lo(a) a conhecer mais a fundo sobre estratégia
alcançar tal objetivo. O desempenho da empresa corporativa, bem como ilustrar seu leito sobre o
tem relação com os esforços direcionados na to- conteúdo em destaque. Boa leitura.
mada de decisão e, então, após a correta definição Disponível em: <https://www.portaleducacao.
de uma missão, dos objetivos e de uma análise com.br/conteudo/artigos/educacao/estrategia-
interna e externa de todos os agentes envolvidos, -corporativa/11851>.

110 O Sucesso Empresarial e a Gestão Financeira


A estratégia no nível de negócio tem o objetivo (2014, p. 261) cita que “é preciso ter um foco inte-
de focar em um determinado campo ou setor a grado e direcionado para o futuro da organização”.
partir de ações específicas, como liderar o custo Bom, até aqui entendemos que sem planeja-
sobre determinada atividade ou produto em re- mento não é possível chegar a lugar nenhum, no
lação ao concorrente. entanto, quais características devem conter uma
As estratégias precisam ser pensadas em um estratégia?
nível que considere as capacidades internas e ex- Chiavenato (2014) apresenta uma série de
ternas das empresas, bem como a influência de características que devem ser consideradas no
suas características estruturais e culturais e, ao fim processo de desenvolvimento de uma estratégia,
do processo, a ação estratégica que será tomada. como: comportamento global e sistêmico da em-
Atualmente, é impossível pensar uma gestão presa; comportamento da empresa diante do seu
livre da concorrência; esta aumenta os riscos nos cliente externo; estratégia focada no futuro; a es-
processos decisórios, mas também faz com que tratégia deve ser discutida, formulada, definida e
as empresa não fiquem paradas em um tempo decidida no nível institucional da empresa.
e espaço. Pensar estrategicamente está ligado à Essa preocupação existe por conta da impor-
capacidade gerencial de considerar cenários di- tância de englobar todas as partes da empresa,
versos aos quais a empresa estará exposta. Esses pois, os planos táticos devem ser desdobrados em
cenários podem ser: economia instável, mudança planos operacionais.
na legislação, fatores climáticos, entre outros. No tópico a seguir, algumas ideia que podem
O problema é que grande parte das empresas impulsionar estratégias envolvendo recursos in-
não se organizam, andam sem direção. Chiavenato ternacionais serão refletidas.

Existem, ainda, outras formas de planejamento: planejamento tático e operacional. O tático refere-se
ao mediador entre o planejamento estratégico e operacional, considerado um articulador de médio
prazo, tem a função de organizar os recursos humanos, físicos e financeiros, que serão necessários
para que a metas sejam colocadas em prática. O nível mais baixo no processo de gestão é o plane-
jamento operacional, nesta etapa, são pensadas as metas de curto prazo, sua função é colocar em
prática os objetivos definidos nas outras escalas, utilizando-se de método e procedimentos práticos.
Fonte: adaptado de Sobral e Peci (2012).

UNIDADE 4 111
Captação de Recursos
Internacionais

Por muitos anos, o recebimento de recursos do ex-


terior aconteceu apenas por meio de empréstimos
ou financiamentos. Isso porque a regulamentação
vigente era limitadora, então, seguia-se apenas a
Lei nº 4.131, de 1962, que disciplinava a aplicação
do capital estrangeiro no país (BRASIL, 1962).
Tempos difíceis chegaram para a economia
do Brasil e, a partir de 1993, a transferência de
recursos deixou de ser apenas por empréstimos
e financiamentos, e passou-se a emitir títulos de
dívida externa.
Mesmo com as barreiras burocráticas do mer-
cado financeiro, muitas empresas enxergaram, na
década de 90, o período ideal para captar recursos.
Esse fluxo acelerado na captação de recursos du-
rante essa década foi influenciado pelos bancos
brasileiros, já que era necessária uma mediação
nessa negociação. No entanto, as micro e pequenas
empresas não possuíam, em sua maioria, o conhe-
cimento adequado para esse tipo de negociação
(SEBRAE, 2015, on-line)1.

112 O Sucesso Empresarial e a Gestão Financeira


A busca de recursos internacionais para de- Contudo, existem algumas alternativas. Inicial-
senvolver processos, melhorar serviços e mudar mente, precisamos compreender quais são esses
o produto é um grande desafio para as micro e recursos, de onde é possível captar. De um lado,
pequenas empresas. Isso acontece porque o mer- temos as empresas que precisam de recursos, e do
cado externo apresenta um ambiente com muitas outro, temos as instituições que passaram a ofertar
ameaças para o pequeno investidor. Internacio- produtos que atendem essa parcela do mercado
nalizar uma empresa vai além de atender merca- que precisa de apoio, principalmente financeiro.
dos externos por meio de exportações, busca-se As parcerias facilitam o processo de interna-
também a criação de acordos estratégicos, a busca cionalização das micro e pequenas empresas, já
de recursos financeiros ou o investimento direto que é possível conquistar um mercado ainda não
em determinado país. conhecido a partir deste pequeno passo. Essas
Segundo o SEBRAE (2015, on-line)1, algumas parcerias devem ser entendidas como parcerias
características dificultam essa tomada de novos comerciais, já que se busca, necessariamente, o
mercados pelas micro e pequenas empresas, como: fornecimento de determinado produto ou serviço,


ou a busca de recursos para aumentar a produção
[...] o desconhecimento dos mercados e a no ambiente que a empresa já atua.
diminuta capacidade de explorar as opor- A forma que se dará o investimento depen-
tunidades que neles se oferecem; o baixo de do grau de comprometimento que a empresa
volume de produção para atender a gran- deseja ter, segundo o SEBRAE (2006), existem
des compradores; a falta de capacidade de três níveis: o baixo (exportação), o médio (aliança
competir de seus produtos (valor agregado, estratégica) e o alto (investimento direto).
inovação); a ausência de mão de obra capa-
citada; as dificuldades de acesso ao crédito
e a outros produtos financeiros, e; o custo-
-Brasil (câmbio valorizado, impostos ele-
vados, burocracia, infraestrutura precária) Prezado(a) aluno(a), quer compreender melhor
que afeta os pequenos negócios mais que os quais são os três níveis de comprometimento
grandes (SEBRAE, 2015, on-line)1. internacional? Acesse, no link a seguir, o
terceiro capítulo. Com essa leitura, você poderá
Em outras palavras, o mercado internacional ain- compreender de forma completa os três níveis
da é pouco explorado por falta de conhecimento de comprometimento internacional: o baixo
dos empreendedores brasileiros. Para as micro e (exportação), o médio (aliança estratégica) e o
pequenas empresas, uma das maiores dificulda- alto (investimento direto).
des, como visto, relaciona-se à falta de capacidade Disponível em:
de produzir em volume de produção ou mesmo <http://www.bibliotecas.sebrae.com.br/
pela falta de crédito para investir em maior escala. chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/
EFF1F117F3D42C9183257546007523BF/$File/
NT0003DBDE.pdf>.

UNIDADE 4 113
Perceba que o objetivo do nosso tópico é tratar
sobre os recursos que podem ser captados a partir
de alianças estratégicas. A empresa que vai ceder
o recurso não, necessariamente, precisa estar si-
tuada (fisicamente) no mercado externo, mas sua
atuação sim. Em outra palavras, não é necessário
envolver-se como uma empresa de fora do país,
mas a ideia principal é relacionar-se com uma em-
presa que tem negócios fora do país e criar um
laço de internacionalização, seja na participação de
parte da produção ou no fornecimento de alguns
produtos para a linha de uma determinada marca.
Essa busca de recursos externos é consequên-
cia da necessidade de profissionalizar as atividades
da empresa; às vezes, as deficiências empresariais
não conseguem e nem podem ser supridas inter-
namente, por conta da tecnologia inadequada,
capital intelectual insuficiente, desconhecimento
do mercado ou mesmo pela importância de atua-
lizar o serviço ou produto.

114 O Sucesso Empresarial e a Gestão Financeira


Equívocos na
Organização de Micro
e Pequenas Empresas

De modo geral, os empresários se preocupam com


suas atividades e buscam crescer e gerar lucros,
mesmo que façam isso com as ferramentas erra-
das. É fácil perceber que a gestão de uma empre-
sa é rodeada de desafios, e que quando tratamos
de uma micro e pequena empresa, notamos um
aumento da mortalidade, no entanto, os gestores
precisam ter um papel positivo e motivador nos
cenários onde os riscos são maiores, sobre isso,
Chiavenato (2008, p. 113) destaca que



[...] os líderes das organizações que se diri-
gem para o futuro deverão transformar-se
em missionários da mudança e pregadores
da visão e dos valores compartilhados entre
os membros.

Claro que nós, enquanto tomadores de decisões,


podemos cometer erros, somos humanos, portan-
to, estamos sujeitos a escolher o que nem sempre é
viável; acontece que, do ponto de vista empresarial,
essa escolha errada pode levar à falência da empresa.
O mais importante é aprender a identificar
os erros, percebê-los e corrigi-los o mais rápido
possível, assim, provavelmente, o mesmo erro não
acontecerá novamente.
UNIDADE 4 115
Antes de iniciar qualquer atividade comercial, é deve ser revisado constantemente para que esteja
importante que o gestor tenha definido um plano, de acordo com as atividades do dia a dia. O fato da
conforme discutimos anteriormente, é partir da empresa ser micro ou pequena não tira a respon-
definição de objetivos que é possível saber onde e sabilidade de pensar a longo prazo, já que grande
como se quer chegar. A atividade de uma empresa parte dessas empresas buscam o crescimento, o
deve ser definida, inicialmente, a partir da defini- aumento da produção, que são metas pensadas
ção de um processo de análise de mercado; a não na esfera tática da gestão.
definição deste planejamento faz com que não Agora, imagine uma micro e pequena empre-
exista um direcionamento adequado da atividade. sa, onde o gestor faz um planejamento com base
De acordo com Sobral e Peci (2012, p. 9), o em modelos de negócios já existentes, e que este
planejamento é “a função da administração res- planejamento não está de acordo com a realidade
ponsável pela definição dos objetivos da organi- da sua empresa.
zação e pela concepção de planos que integram e Muitos empreendedores acabam seguindo mo-
coordenam suas atividades.” delos tradicionais por conta da facilidade de acesso,
Perceba que o planejamento é o norteador da prefere-se correr o risco e abrir um negócio com
atividade empresarial. Por meio desse documento, base em necessidades financeiras pessoais, em vez
é possível definir objetivos a partir da realidade de atender uma necessidade do mercado. Copiar
da empresa em relação aos fatores externos e in- um modelo integral de algum negócio é correr um
ternos. Contudo, é importante destacarmos que grande risco, não é possível saber se aquele modelo
a formalização de um planejamento bem estru- é o ideal para o tipo de atividade que se pretende
turado só trará benefícios para a empresa se for desenvolver, por conta das características de cada
colocado em prática. tipo de mercado, produto e/ou serviço.
Sobral e Peci (2012, p. 9) comentam sobre as O micro e o pequeno empresários devem pen-
hierarquias no processo de planejamento e des- sar a sua realidade, mesmo que utilizem práticas
tacam que: de sucesso, deve-se adaptar essas práticas para não



fazer as mesmas coisas sempre, sem uma devida
Enquanto os administradores de topo pla- atualização.
nejam os objetivos e a estratégia da organi- Outra barreira que pode atrasar o processo
zação, os gerentes estabelecem as ativida- de desenvolvimento é a falta de controle finan-
des de seu setor, e os supervisores definem ceiro das MPEs. Misturar finanças pessoais com
objetivos e programas para seu grupo de as finanças da empresa é “trair” o propósito que
trabalho. se busca. O controle financeiro deve ser uma das
prioridades, pois deixar de fazer fluxo de caixa,
Perceba que os autores falam sobre os níveis es- não controlar a retirada de recursos pessoais e
tratégico, tático e operacional. O planejamento gastar descontroladamente pode fazer com que
estratégico deve considerar objetivos a longo pra- a empresa dure pouco tempo.
zo, demanda mais tempo para ser alcançado, mas

116 O Sucesso Empresarial e a Gestão Financeira


Tratando de controle financeiro, comentamos, em outro tópico, sobre os benefícios da utilização
do Balanced Scorecard (BSC), que se refere a uma metodologia de orientação do trabalho. Sobre esse
assunto, Chiavenato (2014, p. 127) destaca que:


[...] analisar o negócio do ponto de vista financeiro. Envolve os indicadores e as medidas financeiras e
contábeis que permitem avaliar o comportamento da organização diante de itens como lucratividade,
retorno sobre investimentos, valor agregado, ao patrimônio e outros.

O controle de entrada e saída de dinheiro permite que o gestor consiga mensurar a saúde financeira do
seu negócio, pode-se, ainda, principalmente, contabilizar lucros e perdas por meio de demonstrativos
e relatórios específicos.
Podemos perceber que os problemas começam a surgir quando o gestor não acompanha as ativi-
dades da sua empresa, quando a rotina da empresa é desconhecida. Um erro muito comum nas MPEs
é delegar todas as atividades e não verificar se as metas individuais dos demais integrantes da empresa
são as mesmas do empreendedor, do dono da empresa, isso não significa que todas as funções da
empresa devem ficar a cargo do gestor, mas é preciso acompanhar de perto as decisões tomadas e os
resultados obtidos.
Imagine uma micro e pequena empresa que tem um ótimo produto ou serviço e que os esforços
internos são satisfatórios, mas essa mesma empresa não faz divulgação de sua marca ou produtos
externamente. Pensou? Esse é mais um erro causado pela má gestão. Lembrando que, cada empresa
tem um modelo de marketing e que as estratégias de marketing devem ser pensadas de acordo com
suas necessidades.
As novidades tecnológicas, as modalidades financeiras, as mudanças na percepção dos clientes em
relação aos produtos ou serviços devem ser pensadas pelo empresário, já que a busca por novidades
e informações deve ser uma constante na gestão empresarial.
É preciso estar atento às variações de gostos dos clientes, o aumento da concorrência e as tendências
gerais dos mercados. Não se adaptar às necessidades mercadológicas faz com que haja uma retração
do crescimento empresarial.
Chiavenato (2008, p. 113) esclarece que “os líderes das organizações não somente deverão eles mes-
mos adaptar-se às mudanças, mas sobretudo, criá-las e promovê-las dentro de suas organizações [...]”.
É importante estar atento às movimentações internas e externas que envolvem as empresas, além dos
equívocos citados anteriormente; as MPEs precisam se preocupar constantemente com a dependência
excessiva de funcionário e a falta de definição de um pró-labore fixo. A falta desses mecanismos de
controle faz com que ocorra um declínio na empresa, causado por finanças confusas, clima organiza-
cional insatisfatório e, no fim, quebra do negócio.

UNIDADE 4 117
Crescimento
Saudável

Pensando como um empreendedor, você deve


perceber que o crescimento é o desejo de todas
empresas, certo? Mas nem todas sabem como tor-
nar isso real, ou crescem de forma desordenada.
Sabemos, como visto ao longo do livro, que al-
gumas ferramentas podem auxiliar e são entendi-
das como facilitadoras no processo de crescimen-
to saudável. Essas ferramentas integram a gestão
eficiente baseada em planejamentos, objetivos e
metas bem definidos.
Por exemplo, o controle de fluxos de caixa é um
desses aliados no processo de desenvolvimento
eficiente, pois é impossível saber se os resultados
empresariais estão sendo positivos se não se sabe
o tanto que se gasta. Note que são práticas geren-
ciais comuns e extremamente necessárias, que
fazem com que ocorra o que aqui chamamos de
crescimento saudável.
Além disso, as metas empresarias são alcança-
das porque existe um capital intelectual direcio-
nado para o alcance de resultados. Agora, imagi-
ne se esse capital intelectual tem à disposição os
recursos tecnológicos existentes, certamente as
atividades mais burocráticas serão melhoradas,
gerando mais agilidade e eficiência nos processos.

118 O Sucesso Empresarial e a Gestão Financeira


E o mais importante, os erros serão minimizados, vas do cliente. Chiavenato (2008, p. 113), sobre
evitando desperdício de tempo com retrabalhos. a importância da inovação, destaca que:



Como não recorrer a recursos tecnológicos? Eles
nos auxiliam no dia a dia, por que não ajudariam [...] as empresas inovadoras devem ser de-
em empresa? Por exemplo, na comunicação interna senhadas como sistemas humanos de contí-
e externa da empresa, muitos os ruídos (mensagens nua aprendizagem e de acumulação gradati-
mal escritas e mal interpretadas) podem ser mini- va de experiência. A característica distintiva
mizados quando se opta por meios eletrônicos para desses sistemas deve ser a sua flexibilidade
trocar informações, orientar a equipe de trabalho na busca de objetivos e a enorme capacidade
ou mesmo disponibilizar manuais. de autocrítica e de auto reformulação.
Como discutimos anteriormente, as mudanças
estão por toda parte, e a inovação deve partir das Outras necessidades também devem ser atendidas
empresas que estão preocupadas em atender às no- para que o crescimento organizacional aconteça
vas necessidades de seus clientes. Quando a empresa de forma saudável, como: preocupação com o cli-
decide inovar, não significa que ela deva abandonar ma organizacional, já que está diretamente ligado
os processos que já desenvolve; a mudança inicial com a motivação de colaboradores.
deve buscar o aprimoramento das atividades que já
desenvolve, visando a redução de custos, o aumento
dos lucros e a satisfação dos clientes.
A inovação também contribui para que os pro-
dutos e os serviços ofertados sejam repensados, Caro(a) aluno(a), você não sabe o que é clima
estamos em uma sociedade globalizada, em que é organizacional? Essa temática é uma leitura
possível comparar as marcas, produtos, funciona- obrigatória quando estiver planejando questões
lidades, preços e disponibilidade de um produto ligadas a recursos humanos. Para aprimorar seus
ou serviço com muita facilidade, vamos entender conhecimentos relacionados a esse tema, acesse
que a preocupação com a inovação contribui para o link a seguir e compreenda melhor.
que a ameaça de lançar um produto que não irá Disponível em: <http://www.rhportal.com.br/
satisfazer o cliente seja reduzida. artigos-rh/clima-organizacional/>.
Pensando ainda em inovação e tecnologia, é
importante atentarmos aos softwares de gestão
de clientes. Qual a vantagem de fazer a gestão de Uma forma de crescimento saudável, que pode
clientes? ser salutar para mais de uma empresa, é uma fu-
Primeiro que sem clientes não existem ga- são ou uma aquisição. Barney e Hesterly (2011, p.
nhos financeiros e, claro, não existe crescimento 278) refletem que uma empresa faz uma aquisição
organizacional. Segundo, a partir de uma gestão quando compra uma segunda empresa. Quando
eficaz de clientes, é possível pensar em um aten- os ativos de duas empresas com tamanho seme-
dimento personalizado, focado nas reais necessi- lhante são combinados, essa transação é chamada
dades do cliente. E, por último, as empresas que- de fusão. Nesse sentido, o crescimento deve ser
rem ser lembradas e atender satisfatoriamente, estudado e muito bem-estruturado por uma em-
vai além de boas práticas de vendas; o pós-venda presa, elevando oportunidades, ameaças, pontos
também deve estar de acordo com as expectati- fortes e fraquezas.

UNIDADE 4 119
Para finalizarmos esta unidade, um breve apa- bientes corporativos só é possível a partir de ques-
nhado sobre os assuntos que estudamos: tratar tionamento. Quando o gestor questiona se uma
de micro e pequenas empresas é reconhecer a ação vai ser boa ou não para sua empresa, a partir
importância e o papel delas no desenvolvimento de experiência internas ou exemplos externos,
social e econômico da sociedade. Neste encontro, ou mesmo pelo desafio de tentar algo novo, ele
buscamos fazer uma reflexão sobre a relação entre está desenvolvendo suas relações de trabalho e os
sucesso empresarial e a gestão financeira. processos que envolvem as tomadas de decisões.
Para o desenvolvimento do estudo, utilizamos Sabemos que o lucro, mesmo que indiretamen-
autores conhecidos na área da administração, sen- te, acompanha os objetivos organizacionais. O
do que, tratamos de apresentar conceitos e ques- auxílio de ferramentas de gestão, como BSC, con-
tionamentos sobre a gestão eficiente, o processo trole de caixa e recursos tecnológicos facilitam o
decisório e as ferramentas disponíveis que podem alcance dos objetivos e são capazes de flexibilizar
auxiliar o gestor. e orientar o trabalho a partir de métodos práticos
A ampliação do conhecimento, a necessidade e claros.
de profissionalizar os processos internos e exter- Após essa nossa conversa, podemos perceber
nos, a preocupação com a geração de lucro a partir que a gestão das micro e pequenas empresas não
de atividades saudáveis, nortearam as discussões pode ficar ao acaso, visto que essas instituições
apresentadas neste capítulo. precisam de apoio e suporte, pois geram cresci-
É claro! Temos muito ainda para discutirmos mento econômico e, o mais importante, geram
sobre esses temas, mas a compreensão dos am- empregos.

120 O Sucesso Empresarial e a Gestão Financeira


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. A partir de nossos estudos sobre o BSC (Balanced Scoredcard), entendemos que


é possível analisar o desempenho organizacional a partir de quatro dimensões
de negócio, que são:
a) Treinamento, Aprendizagem, Crescimento e Processos internos.
b) Aprendizagem e Crescimento, Financeira, Cliente e Processos Internos.
c) Financeira, Cliente, Processos Internos e Processos Externos.
d) Aprendizagem, Crescimento, Treinamento e Processos.
e) Crescimento, Processos Externos, Processos Internos e Aprendizagem.

2. Quando as micro e pequenas empresas decidem expandir seus negócios, inter-


nacionalizar seus produtos, surgem uma série de desafios:
I) O desconhecimento dos mercados e a diminuta capacidade de explorar as
oportunidades que neles se oferecem.
II) O alto volume de produção para atender a grandes compradores.
III) A ausência de mão de obra capacitada.
IV) A facilidade de acesso ao crédito e aos outros produtos financeiros.

Assinale a alternativa correta.


a) Apenas I está correta.
b) Apenas I e III estão corretas.
c) Apenas II e III estão corretas.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.

121
3. O planejamento pode, e precisa, ser pensado a partir de vários níveis. Qual o
nível que apresenta as metas de curto prazo e coloca em prática os objetivos?
Marque a alternativa correta.
a) Operacional.
b) Tático.
c) Estratégico.
d) Funcional.
e) Técnico.

4. Ao fazer a gestão do negócio, é preciso atentar-se aos erros comuns que surgem
por simples falta de atenção. Considerando as falhas ocorridas no processo
decisório, analise as alternativas a seguir e marque a alternativa correta.
a) Seguir modelos tradicionais pode garantir o sucesso do negócio, já que foi
utilizado anteriormente por outras empresas.
b) Deve-se pensar na gestão financeira da empresa, pois é arriscado misturar
gastos pessoais com gastos da empresa.
c) O controle financeiro não precisa ser uma prioridade, mas precisa ser consi-
derado.
d) É preciso delegar todas as atividades.
e) A adaptação aos novos mercados não é uma obrigatoriedade, depende os
objetivos institucionais.

5. As empresas inovadoras devem ser desenhadas como? Analise as alternativas


a seguir e marque a correta.
a) Sistema operacionais.
b) Sistemas abertos.
c) Sistemas humanos
d) Sistemas financeiros.
e) Sistemas táticos.

122
FILME

Fome de Poder (The Founder)


Ano: 2016 – Ano de Estreia 2017
Sinopse: a história da ascensão do McDonald’s. Após receber uma demanda
sem precedentes e notar uma movimentação de consumidores fora do normal,
o vendedor de Illinois, Ray Kroc (Michael Keaton), adquire uma participação nos
negócios da lanchonete dos irmãos Richard e Maurice “Mac” McDonald, no sul
da Califórnia e, pouco a pouco, eliminando os dois da rede, transforma a marca
em um gigantesco império alimentício.

123
BARNEY, J. B.; HESTERLY, W. S. Administração estratégica e vantagem competitiva. 3. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2011.

BRASIL. Lei nº. 4.131, de 3 de setembro de 1962. Disciplina a aplicação do capital estrangeiro e as remessas
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124
1. B.

2. A.

3. A.

4. B.

5. C.

125
126
127
128
Me. Renan Carlos Klichowski

Conhecimentos Sobre
Economia Brasileira

PLANO DE ESTUDOS

A internacionalização
A inflação empresarial

Crescimento e O setor Barreiras internacionais e


desenvolvimento externo blocos econômicos

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

• Discutir sobre crescimento e desenvolvimento. • Refletir sobre a internacionalização empresarial.


• Debater os reflexos da inflação no mundo empresarial. • Aprender sobre blocos econômicos e as barreiras que os
• Apresentar a economia externa. governos podem criar no mercado internacional.
Crescimento e
Desenvolvimento

Depois de conhecermos um pouco sobre a estrutu-


ra das empresas, sobre o mercado financeiro, sobre
fontes e formas de fomentar os negócios nas uni-
dades anteriores, é importante que falemos sobre
economia. Esses conhecimentos são muito rele-
vantes para que possamos avaliar o momento ideal
para se investir em um novo negócio, em novos
equipamentos produtivos e criarmos criticidade
para avaliar quando é favorável ou não buscar em-
préstimos no mercado para um empreendimento.
Antes de mais nada, vem aquela pergunta, o
que é economia? O dicionário Michaelis ([2019],
on-line)1 diz que economia é a “ciência que estuda
os fenômenos de produção, distribuição e consu-
mo de bens e serviços, com o intuito de promover
o bem-estar da comunidade”. Em outras palavras,
economia estuda as variáveis ou as “coisas” que
acontecem que podem influenciar ou não o dia
a dia das pessoas e empresas, claro que normal-
mente envolvendo o fluxo dinheiro.
O que precisamos entender neste momento
é que a economia, ou melhor, uma organização
econômica, é responsável em arranjar os recursos
existentes para que se atenda às necessidades ou
demandas de forma harmônica. Por exemplo, o
ar que respiramos é um recurso em abundância, dutos produzidos e você terá a produção agre-
presente na natureza, que não precisa ser orga- gada daquele ano, certo? Agora, imagina como
nizado e gerido por alguém para ter para todas o cálculo da produção agregada de um país é
as pessoas, certo? Agora, uma casa não é um re- complicada (em termo corretos, o cálculo do
curso disponível para todos, são necessárias pes- PIB): é necessário somar a produção de carros,
soas para construí-las, dinheiro para compra de aviões, bicicletas, televisores, rádios, roupas, celu-
recursos e matéria-prima para produzi-la. Nesse lares, cabo HDMI, cabo USB, móveis, geladeiras
nosso exemplo, o sistema econômico basicamente etc., sem falar a área de serviços, com serviços de
é composto por construtoras, depósito de mate- barbeiro, cinema, serviços médicos etc. Percebe
riais para construção, pedreiros, financeiras, imo- como o cálculo do PIB não é simples e envolve
biliárias e outros agentes econômicos. Neste caso, muitos fatores?
surge um sistema econômico que tem o objetivo Quando falamos de crescimento econômi-
de fazer que os recursos existentes sejam utiliza- co, vamos falar exatamente do crescimento do
dos para atender as necessidades das pessoas de Produto Interno Bruto de um país, algo que é
forma organizada (MENDES, 2012). perseguido de forma intensa pelos economistas
Com esses breves conhecimentos, podemos e políticos por todo o mundo. E por quê? Porque
ir direto ao nosso ponto de interesse: falar um quanto mais produzir, mas empregos serão gera-
pouco sobre crescimento e desenvolvimento. Para dos, melhor será a circulação de recursos, maior
falarmos sobre isso, precisamos saber o que é PIB. renda das pessoas e, consequentemente, o padrão
Este é o Produto Interno Bruto de um país, que de vida das pessoas do país será mais elevado.
é o “valor total dos bens e serviços destinados ao Veja só: isso quer dizer que é por isso que o
consumidor final, produzidos dentro desse país governo lança políticas de incentivo à produção
em determinado período de tempo” (SOUZA, e ao desenvolvimento do empreendedorismo?
2011, p. 25). Podemos dizer que o PIB é a soma Exatamente, esse é o raciocínio, uma das formas
de tudo que foi produzido em um país em um de medir a riqueza de um país está diretamente
ano, seja material ou serviço. Já parou para pensar ligada à sua produção. Para Mendes (2012), a
como é complicado fazer essa soma? capacidade de crescimento de uma economia de
Por exemplo, na produção cervejeira, para um país está ligada a, pelo menos, dois elemen-
saber tudo que foi produzido ao longo de um tos: (1) o estoque dos fatores de produção e a (2)
ano por uma indústria, basta somar todos os pro- produtividade dos fatores de produção.

1. Estoque dos fatores de produção


O estoque dos fatores de produção é medido pelo acúmulo de “riquezas” que um país tem ligado
a “terra, o trabalho e o capital” (MENDES, 2012, p. 30). A terra e o trabalho (população ativa
trabalhando) são fatores que indicam, em termos, capacidade de um país em produzir, seja pelo
trabalho das pessoas ou capacidade produtiva das terras; entretanto, segundo Mendes (2012),
o principal fator é o capital, ou seja, o dinheiro.
Pense no seguinte: se você vai abrir sua própria barbearia ou sua fábrica de cervejas, você pode
fazer de duas formas: utilizando dinheiro que economizou, ou seja, de sua poupança, ou você
pode montar seu negócio com dinheiro emprestado, pagando juros por isso. Das duas formas,
a empresa será montada, mas, em uma delas, pagará juros e terá parte da renda comprometida.

UNIDADE 5 131
Com um país é do mesmo jeito, mede-se o crescimento e a capacidade de uma nação nessa
perspectiva, por meio daquilo que se tem guardado, poupado, o que lhe dá capacidade de in-
vestimento e, consequentemente, capacidade de crescimento econômica. Outra perspectiva é
a produtividade dos fatores de produção.
2. Produtividade dos fatores de produção
Para este caso, pense que você tem a ideia de empreender em um arranjo de máquinas para a
produção de cerveja. Em uma situação hipotética, no primeiro arranjo, que podemos chamar
de tradicional, você deverá investir R$ 5.000,00 e irá produzir por mês uma média de 500
litros. Em um segundo arranjo, utilizando máquinas mais sofisticadas, que vamos chamar de
moderna, você terá que investir R$ 8.000,00 e conseguirá produzir uma média de 3.000 litros
por mês. Em qual deles você iria investir? Certamente você decidiu pelo segundo caso, de forma
correta. Se fizer uma conta simples, verá que R$ 5.000,00, divididos pela capacidade 500 litros,
terá como resultado 10,00 R$/Litros (5.000/ 500 = 10) e, no segundo caso: R$ 8.000,00, dividido
pela capacidade 3.000 litros, é igual a 2,66 R$/Litros. O resultado é: arranjo tradicional tem um
custo unitário de R$ 10,00 por litro e o arranjo moderno R$ 2,66 por litro, sendo a mais viável.
Em uma país acontece da mesma forma: mede-se a produtividade de seus fatores, que são anali-
sados em conjuntos com seus resultados. Por exemplo: um trabalhador capacitado pode produzir
duas vezes mais do que outro sem o devido estudo e treinamento; da mesma forma, um país
bem industrializado pode produzir muito mais do que outro com menos capacidade industrial.
Nesse sentido, quanto maior for a capacidade produtiva de seus meios de produção, por exemplo
trabalhadores estudados e treinados, tecnologias do país atualizadas, universidades que oferecem
condições para pesquisas etc., maior será a capacidade de crescimento econômica do país.

Crescimento X Desenvolvimento

Até aqui falamos de crescimento econômico, de social, desenvolvimento humano e desenvolvi-


como é importante para o governo que as em- mento sustentável. Além disso, afirmam que é
presas produzam e cresçam, tendo em vista que, possível sim existir crescimento sem desenvol-
consequentemente, o país também cresce. Agora, vimento:



um país com crescimento, ou seja, que produz
cada vez mais e é cada vez mais rico, portanto, [...] quando os benefícios do progresso
é levado ao desenvolvimento? Simplificando a técnico favorecem apenas uma pequena
pergunta: o crescimento leva ao desenvolvimen- camada da população; essa camada imita
to? Para Mendes (2012), para falar de desenvol- os hábitos de consumo dos países ricos e,
vimento, é necessário a leitura de, ao menos, três assim, retroalimenta a indústria nacional,
autores e economistas: Celso Furtado, Amartya que pode lhe vender seus bens e serviços.
Sem e Ignacy Sanchs. Mas, enquanto isso, a grande massa da po-
Esses autores irão dizer que o desenvolvimento pulação permanece na pobreza e no atraso
está ligado a, pelo menos, três fatores: igualdade (MENDES, 2012, p. 34).

132 Conhecimentos Sobre Economia Brasileira


Quando não existe igualdade social (distri-
buição de renda, ou seja, muita diferença entre
ricos e pobres), ou quando os níveis de igualdade
são baixos, a medida de desenvolvimento do país
também é baixa, independentemente de seu cres-
cimento econômico e de seu PIB ser alto. É por
isso que não basta correr atrás de um crescimento
exorbitante sem trabalhar na mesma medida: a
igualdade social.
Além disso, o desenvolvimento está direta-
mente ligado ao desenvolvimento humano
daquele país. Pense que o aumento do Produto
Interno Bruto irá alavancar os empregos e, com
isso, a renda das pessoas. Entretanto, o desen-
Pirâmide das Necessidades de Maslow
volvimento também está ligado às liberdades de
expressão e política das pessoas, o direito a exercer
suas necessidades e desejos e ao índice de pobreza A RA ilustra como são os desejos e anseios das
e de fome. O Índice de Desenvolvimento Huma- pessoas por ordem de prioridades, segundo Mas-
no (IDH) pode refletir qual a realidade de cada low. A nível de comparação ao desenvolvimento
nação. Segundo Mendes (2012, p. 35), Amartya humano, podemos tomar como referência a pi-
Sem define que o desenvolvimento humano é: râmide: quanto mais próximo do topo, ou seja,


quando mais realizada a população estiver com
[...] é o processo de alargamento das esco- os níveis mais básicos da pirâmide e estiver em
lhas das pessoas, através da expansão das busca dos níveis maios altos, maior será o desen-
funções e capacidades humanas. Deste volvimento humano desse país. Primeiramente,
modo, o desenvolvimento humano tam- as pessoas procuram realizar suas necessidades
bém reflete os resultados nestas funções e básica: fisiológicas e segura, para aí sim buscar
capacidade. Representa um processo, bem realizações sociais, de estima e de autorrealização.
como um fim. O desenvolvimento humano e a igualdade social
podem ser refletidos nessa perspectiva.
Pode-se entender que a capacidade de escolha das Por último, o desenvolvimento está ligado
pessoas e o nível de liberdade dentro da nação será desenvolvimento sustentável. Este indicador
o indicador de desenvolvimento nesse critério. de desenvolvimento envolve elementos ligados
Para exemplificar, podemos nos apoiar na pirâ- ao relacionamento do ser humano com o meio
mide das necessidades de Maslow, ou hierarquia ambiente. Segundo o economista Ignacy Sanchs
das necessidades ou, simplesmente, pirâmide de (2009 apud MENDES, 2012, p. 38), o conceito de
Maslow, conforme RA a seguir. desenvolvimento nessa perspectiva:

UNIDADE 5 133


[...] é relacionado a critérios sociais e am-
bientais. Eles andam juntos em busca da
viabilidade econômica. Existe a condicio-
nalidade ecologia, que requer o uso do inte-
lecto para organizar as decisões de maneira
a fazer bom usos dos recursos naturais. Ro-
tas reais de desenvolvimento trazem resul-
tados sociais positivos e não se traduzem
por resultados ambientais profundamente
negativos. Rotas de crescimento econômi-
co, que são destruidoras do meio ambiente
levam a desigualdades sociais cada vez mais
avassaladoras, não podem ser chamadas de
desenvolvimento.

Para o autor, o desenvolvimento sustentável está


ligado ao uso racional dos recursos naturais, que
leva a um crescimento econômico paralelamente
à preservação do que o meio ambiente oferece. Em
outras palavras, o desenvolvimento se dá, nessa
perspectiva, com a utilização prudente do meio
ambiente em prol do ser humano, sem prejudicar
nenhum dos dois.
Em suma, o crescimento econômico de um
país não é algo simples, muito menos fácil. Como
visto, envolve muitos fatores e elemento. Outros-
sim é como é difícil a busca pelo desenvolvimento,
tendo em vista que poderá até colocar em debate
se deve ou não crescer. Aquela pergunta feita ante-
riormente: o crescimento leva ao desenvolvimen-
to? Podemos dizer que a resposta será positiva se
forem considerados os elementos destacados até
aqui; caso contrário, o crescimento não levará ao
desenvolvimento.
Se entendermos que uma empresa é muito
parecida com um estado ou país, podemos levar
em consideração o crescimento dela pautado no
desenvolvimento. Fazendo isso, certamente nos-
so negócio irá prosperar sem prejudicar o meio
ambiente e será fonte de desenvolvimento para a
nação como um todo.

134 Conhecimentos Sobre Economia Brasileira


A Inflação

Agora que sabemos o que é crescimento e desen-


volvimento, podemos entrar em outro elemento
que devemos conhecer quando falamos de eco-
nomia: a inflação. Podemos dizer que inflação
seria uma doença que precisa ser controlada pelo
governo de um país para que não tenhamos uma
crise econômica.
Se buscarmos no dicionário Michaelis ([2019],
on-line)2, vamos encontrar algumas definições so-
bre inflação, sendo que selecionamos duas: inflação
é o “aumento dos níveis de preços” e “redução do
valor real de uma moeda em relação a determinado
padrão monetário estável ou ao ouro”. Significa que
a inflação leva ao aumento dos preços das coisas
e, consequentemente, à diminuição do poder de
compra com a mesma quantidade de dinheiro.

UNIDADE 5 135
Cálculo da inflação
A inflação, como dito, de forma geral, pode ser vista como o aumento do nível dos preços dos produtos
e serviços. Uma explicação mais detalhada de como se calcula a inflação demanda o conhecimento
de alguns índices. Esses índices fazem suas medidas próprias que, ao final, somadas e, logicamente,
por meio de um cálculo médio, indicam a inflação.
Você poderá encontrar a variação já apurada, em tempo real, disponível em: <https://www3.bcb.gov.
br/CALCIDADAO/publico/corrigirPorIndice.do?method=corrigirPorIndice>.

Entretanto, a inflação econômica é algo mais gene- Já entendemos que inflação é quando o preço dos
ralizado e necessita de uma definição mais com- bens e serviços sobem muito, e deflação é quando
pleta. Para Souza (2011, p. 44), a definição é que: o descontrole é relacionado à baixa generalizada


dos preços e que ambos são prejudiciais, certo?
Inflação é o aumento contínuo e generaliza- Mas, o correto é ter os preços congelados? Vários
do dos preços dos bens e serviços em uma economistas defendem que é saudável a existência
economia. Observe que o aumento deve ser de inflação, principalmente de forma controlada
contínuo e generalizado: se subir apenas o e administrável. Congelar preços: jamais! Para
preço de determinado produto agrícola em Souza (2011), pode-se dividir a inflação entre: in-
razão de uma quebra de safra, por exemplo, flação baixa, inflação moderada, inflação crônica
ainda não temos inflação, pois se trata de e hiperinflação.
um fato isolado, esporádico. A inflação baixa estaria no auge da busca das
nações. Um exemplo foi a inflação anual dos Esta-
Pode-se ver como é prejudicial para as empre- dos Unidos de 1,6% a 4,2% entre os anos de 1991
sas, que compram matéria-prima e pagam seus e 2008. Uma inflação moderada é aquela que
prestadores de serviço, como para as pessoas de está acima do patamar de 5% ao ano, exige a aten-
um país que passam a ter seu poder de compra ção das autoridades do país, mas ainda pode ser
reduzido com a inflação, algo que iremos falar na controlada com certa facilidade (SOUZA, 2011).
sequência. Por outro lado, existe a deflação, que Já uma inflação crônica passa a ser preocu-
também é prejudicial. Deflação é pante, passando a ter dois dígitos, e repete-se por


longo período, “as pessoas já estão tão habituadas
o oposto da inflação [...], a queda generali- ao ritmo inflacionário” que trabalham conside-
zada dos preços do bens e serviços na eco- rando a inflação em suas negociações (SOUZA,
nomia. A ideia a princípio pode soar ótima, 2011, p. 45). Quando chega ao estágio de hipe-
mas a história nos mostra que processo de- rinflação, chega-se a uma “situação que a taxa de
flacionário estão normalmente associados inflação aumenta e aumenta cada vez mais, muitas
a graves depressões (SOUZA, 2011, p. 44). vezes em uma progressão geométrica” (SOUZA,

136 Conhecimentos Sobre Economia Brasileira


2011, p. 45). Nesse caso, a situação econômica do danças de moeda, além de tentativas frustradas de
país pode ser vista como caótica, como o da Ve- mudar os planos. Consequentemente, as empresas
nezuela, que chegou ao extremo em 2018, como e a população sofriam muito com essa variação,
o desabastecimento do país e a necessidade de que foi se estabilizar (em termos) na metade dos
pilhas de dinheiro para comprar alimentos. anos de 1990, com a chegada do plano real. Até
O Brasil viveu, ao longo dos anos, alguns mo- essa organização do sistema econômico, o país
mentos de diferentes problemas políticos e econô- sofreu ao longo dos anos, como pode ser visto na
micos, que eram refletidos na inflação e em mu- Tabela 1 a seguir.
Tabela 1 - Taxas de inflação brasileiras

Período Taxa de inflação ao ano

1951 a 1957 16%

1958 a 1964 52%

1965 a 1973 24%

1974 a 1981 59%

1982 a 1985 196%

1986 a 1989 906%

1990 a 1994 1.328%

1995 a 2002 13%

2003 a 2010 5,78%

2011 a 2016 6,96%

2017 a 2018 3,63%


Fonte: Souza (2011, p. 45) e Caleiro (2018, on-line)3.

Pode-se perceber, na tabela, que a história econômica brasileira é muito complicada. Além disso, de-
ve-se destacar que, apesar dos índices de inflação terem fechado os últimos anos com níveis de baixa,
o cenário econômico, de forma geral, não é o mais agradável, tendo em vista grandes indisposições
políticas ao longo dos anos e um crescimento do PIB muito fora das potencial. Por outro lado, a esta-
bilização da inflação, pelo menos em níveis aceitáveis do final de 1994, foi favorável para a população
e para empresas no país, que conseguiram criar identidade e reduzir os níveis de desemprego.

Causa e Consequências da Inflação

Aprendemos, de forma geral, até agora, o que é a inflação, mas o que causa e quais são suas consequências?
Primeiramente, vamos falar das causas. Didaticamente, Souza (2011) propõe que existem três tipos de causa
de inflação: (1) inflação de demanda; (2) inflação de custo; e (3) inflação inercial.

UNIDADE 5 137
Inflação de demanda: esse tipo de inflação são ruins, nocivos. Souza (2011) disserta sobre
está muito ligado àquilo que falam nos jornais: as principais consequências: desorganização da
superaquecimento da economia. Souza (2011, p. economia, concentração de renda e deterioração
57) define: é a das contas públicas.


A desorganização da economia cria um pro-
[...] mais antiga lei da economia: a da oferta blema de perspectiva para as negociações den-
e da procura. Quanto os agentes econômi- tro do país, na qual as pessoas podem perder a
cos - pessoas, empresas e governo - querem base do que é caro ou barato. Por exemplo, você
consumir muito, e a oferta não é suficiente, sair para se alimentar e paga R$ 15,00 em uma
os preços sobem. refeição e R$ 4,00 em copo de 500 ml de suco.
Provavelmente, com essa base, o suco tem um va-
Inflação de custos: esse tipo de inflação acontece lor adequado. Contudo, se o suco fosse R$ 20,00,
quando algum insumo tem seu custo aumentado provavelmente você não “investiria” no suco, pois
e o produtor repassa o preço ao consumidor fi- estaria caro. É o que pode acontecer com a eco-
nal, quase que como uma reação em cadeia. Por nomia desorganizada, as coisas passam a ter uma
exemplo: quando sobe o valor do petróleo e o lógica descontrolada.
preço final é aplicado em seus derivados, como o A outra consequência cria um problema so-
próprio combustível. cial: a concentração de renda. Isso atingiu muito
Inflação inercial: é uma “onda de expectativas o brasileiro nos anos de 1980 e início dos anos de
inflacionárias que alimenta a própria inflação, que 1990. Acontece que os efeitos da inflação atingem
tende a aumentar cada vez mais” (SOUZA, 2011, os mais pobres e assalariados numa proporção
p. 58). Neste caso, os agentes econômicos (empre- diferente para a dos mais ricos. Quem tem menor
sários, produtores, empresas em geral) aplicam renda não tem como se proteger dos problemas
reajustes nos preços das coisas, partindo de uma da inflação. O empresário ainda consegue se pro-
previsão de prejuízos com a inflação. Por exemplo: teger da inflação aplicando reajuste nos preços
um mercado remarca o preço de seus produtos pre- dos produtos; entretanto, a população assalaria-
vendo inflação. Quando a inflação inercial acon- da pode receber o salário e, ao longo do mês, ele
tece, normalmente em economias com problemas valer 15% a menos, por exemplo. Isso cria uma
inflacionários, cria-se um inimigo de difícil com- grande diferença entre ricos protegidos e pobres
bate, normalmente com reajuste de preços diários. desprotegidos (SOUZA, 2011).
E quais as consequências da inflação? Os efei- Além desses dois principais efeitos nocivos,
tos da inflação, principalmente em descontrole, Souza (2011) alerta para a deterioração das contas

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138 Conhecimentos Sobre Economia Brasileira


públicas. Esse é um problema relacionado, princi- consideração o valor do dinheiro ao longo do
palmente, à arrecadação do governo. Por exemplo: tempo. De forma simples, pense no seguinte: se
se a empresa faturar R$ 10.000,00 e tiver que pagar eu comprar algo a vista e parcelado pelo mesmo
imposto de renda de 10%, pago trimestralmente, preço, posso ganhar com isso, tendo em vista que
ao final do trimestre, os R$ 1.000,00 (10% de R$ meu dinheiro, ao longo do tempo, poderá ser mais
10.000,00) irão ter um valor muito menor do que bem utilizado.
no mês que gerou o imposto, uma defasagem que Outra importante avaliação que devemos fa-
pode acabar com as contas públicas. zer é com relação ao momento certo de investir.
Agora, vamos falar de investimentos e fomen- Quando vamos comprar máquinas e equipamen-
to para as micro e pequenas empresas? Como to importados, por exemplo, a moeda nacional
a inflação pode influenciar na nossa decisão de pode estar com um valor desfavorável, como o
investir ou não? Devemos começar pensando nas real em relação ao dólar. Neste momento, não é
causas da inflação: nossa avaliação deve levar em recomendável investir.

UNIDADE 5 139
O Setor
Externo

Quando falamos de mercado externo, a primeira


conversa que temos que ter é sobre a globalização.
Conforme Dalla Costa e Santos (2011), a globali-
zação que conhecemos nos dias atuais, que afetam
negativamente ou positivamente, tanto a micro
e pequenas empresas, médias e grandes como as
pessoas, teve origem em uma construção realizada
pelo Estados Unidos da América, iniciada no pe-
ríodo pós-Segunda Guerra Mundial. O EUA foram
os grandes vencedores da guerra, e como as super-
potências europeias e o Japão foram devastados
pelos conflitos, coube aos norte-americanos uma
reconstrução econômica do mundo capitalista.
Para viabilizar o plano de reconstrução mun-
dial, foram criadas instituições em três blocos, que
ficaram incumbidos de promover a organização
mundial, seguindo os padrões financeiros norte-
-americanos, no plano: (1) político, (2) econômico
e (3) financeiro. É importante contextualizar e
conhecer essas instituições, pois são elas que, hoje,
prezam pela integração econômica segura e “jus-
ta” na perspectiva capitalista no âmbito mundial
(DALLA COSTA; SANTOS, 2011).

140 Conhecimentos Sobre Economia Brasileira


Plano político: nesse âmbito, foi criada a Or- Já o Banco Mundial, também de 1945, auxilia
ganização das Nações Unidas (ONU), em 24 de países e bancos de desenvolvimentos regionais,
outubro de 1945, possuindo, hoje, cerca de 193 tendo por objetivo “fornecer empréstimos de lon-
Países membros. Suas atividades go prazo e dar suporte a programas, visando ao


desenvolvimento e à melhoria do bem-estar dos
[...] focam a manutenção da paz e da segu- países membros” (DALLA COSTA; SANTOS,
rança, envolvendo aspectos como fomentar 2011, p. 31).
relações cordiais entre as nações, promover Essas instituições são as que operacionalizam
o progresso do Estado de bem estar social o sistema mundial hoje. Digamos que negócios
e dos direitos humanos (DALLA COSTA; feitos no exterior, importação de equipamentos e
SANTOS, 2011, p. 30). insumos para indústria local, bem como venda de
mercadorias para o exterior, de alguma forma, pode
Plano econômico: neste âmbito, a instituição ser avaliado por essas organizações, principalmente
mais importante é a Organização Mundial do em caso de conflitos de interesse entre nações.
Comércio (OMC), fundada em 1947. Essa orga- Desde os anos de 1990, iniciou-se uma onda de
nização tem como objetivo neoliberalismo, atingindo a América Latina, que


já acontecia em outros países do ocidente. O neoli-
[...] gerenciar os conflitos comerciais en- beralismo pode ser visto como uma doutrina, que
tre países e evitar que disputas localizadas foi desenvolvida nos anos de 1970, que defende a
saiam do controle e passem a ser grandes mínima restrição do estado sobre a economia e a
confrontos comerciais, revertendo-se em liberdade absoluta de mercado (principalmente
ondas protecionista (DALLA COSTA; internacional). Eis uma doutrina que influenciou
SANTOS, 2011, p. 30). diretamente a globalização que conhecemos hoje.
As instituições citadas passam, então, a mediar o
Também é responsável por promover rodadas de mercado internacional, reconhecendo o neolibe-
negociação, com o intuito de fortalecer a liberali- ralismo como principal doutrina.
zação comercial e de investimentos. Contudo, o que tudo isso pode influenciar uma
Plano financeiro: nesse âmbito, destacam-se micro e pequena empresa? Digamos que você re-
duas instituições: o Fundo Monetário Internacio- solve montar sua indústria cervejeira e, ao longo
nal (FMI) e o Banco Mundial. O FMI, fundado de suas pesquisas, descobre alguns equipamentos
em 1945, que têm melhor qualidade, mas são fabricados e


vendidos apenas fora do país. Imagina se o go-
[...] visa as ações que promovam a estabi- verno brasileiro resolve colocar algum tipo de
lidade do sistema monetário internacional barreira financeira para importar equipamentos
em nome da nome da facilitação do comér- de certo país e, por outro lado, facilita em outros
cio entre as nações, [além de] garantir a ma- (algo que já aconteceu e pode acontecer). No caso,
nutenção dos acordo monetários” (DALLA seu equipamento só existe no país que o governo
COSTA; SANTOS, 2011, p. 31). colocou uma taxação de impostos extra, o que
pode inviabilizar a importação, pensando em
custo benefício.

UNIDADE 5 141
Mesmo sendo micro e pequena empresa, para você administrar um negócio, utilizando nosso
exemplo como base, precisa saber a relação internacional brasileira com outros países e se o país
adota política neoliberais ou não para sua categoria de negócio. Mais à frente, iremos falar de blocos
econômicos e barreiras internacionais mais a fundo, mas desde já, temos a possibilidade de abrir nossa
mente para as possibilidades.

A Relação Brasileira

Se fizermos um levantamento histórico sobre a relação econômica e comercial brasileira, vamos encon-
trar momentos diferentes. Logo após a Segunda Guerra Mundial, em 1945, o Brasil iniciou movimentos
pró-industrialização e fechou-se a importação de produtos estrangeiros, como forma de fortalecer a
indústria local (DALLA COSTA; SANTOS, 2011):



o governo passou a incentivar a industrialização por meio da proteção das empresas nacionais (sub-
sidiando financiamentos e protegendo as empresas da concorrência estrangeira, por exemplo), da
criação de estatais nas áreas estratégicas (visando o fornecimento de insumos e de serviços necessários
à industrialização) e a uma sociedade urbana (DALLA COSTA; SANTOS, 2011, p. 42).

Além de criar empresas, como Eletrobras e Petrobras, o governo tentou viabilizar a industrialização
local, atraindo multinacionais, como da indústria automobilística, devido à falta de capacidade à in-
dústria local de se desenvolver nessa área. Para fins didáticos, damos um pulo no tempo, quando, em
meados de 1980, o país dá início à abertura de mercado quando passa a existir um novo pensamento:
“é necessário reduzir o tamanho do Estado, privatizar as empresa estatais, desregulamentar e liberalizar
mercados” (DALLA COSTA; SANTOS, 2011, p. 43).
Foi a partir do Governo de Fernando Collor de Mello (1990 - 1992) e, principalmente, no de Fer-
nando Henrique Cardoso (1995 - 2002) que a tendência neoliberal passou a ganhar força no país.
Muitas empresa públicas reduziram de tamanho, por meio de privatizações, e as empresas nacionais
perderam a proteção do Estado com relação ao mercado externo. Parece uma medida ruim, mas, por
outro lado, muitas empresa do país tiveram oportunidade de expandir os horizontes de negócio para
fora da fronteira nacional (DALLA COSTA; SANTOS, 2011; SOUZA, 2011).
A seguir, vamos falar sobre formas de internacionalização. Podemos perceber que mesmo eu sendo
um MEI, posso internacionalizar minha empresa, tendo em vista que não, necessariamente, preciso
ter uma filial em outro país para isso. Na unidade anterior, falamos um pouco sobre o mercado inter-
nacional, mas, neste momento, seremos mais específicos.

142 Conhecimentos Sobre Economia Brasileira


A Internacionalização
Empresarial

Uma pequena indagação: uma empresa individual


do tipo MEI pode participar do comércio interna-
cional? Digamos que a internacionalização parece
ser um tabu que precisamos ser refletido para
entender que sim: mesmo que informalmente ou
indiretamente, uma MEI pode, de alguma forma,
participar do comércio internacional.
O exemplo de Dalla Costa e Santos (2011) nos
ajuda a entender. Supondo que uma pequena, in-
dústria de computadores pessoais, procura forne-
cedores de uma peça específica e compra no exte-
rior. Esse é um sinal de que a empresa, mesmo em
fase embrionária, participa da integração produtiva
mundial. Mesmo modestamente, ela faz parte.
Da mesma forma, suponha que a mesma fábrica
passa a ter um nome consagrado, com uma reputa-
ção que clientes estrangeiros passam a procurá-la
e fazer encomendas. Neste momento, a empresa
aprofunda suas relações com o exterior, sendo além
de consumidor, passa a ser integrante de uma rede
de fornecedores e, assim, inicia sua internacionali-
zação. A empresa incorpora em sua rede de ligações
e estrutura um negócio internacional.

UNIDADE 5 143
Normalmente, as empresas buscam se internacionalizar, para Dalla Costa e Santos (2011):
• Assegurar o fornecimento de insumos: muitas vezes, em busca de matéria-prima, compo-
nentes industriais e equipamentos, por exemplo, as empresas buscam o mercado internacional,
seja por busca de menores preços, qualidade ou mesmo por não encontrar certa matéria-prima
no mercado interno.
• Busca de novos mercados: por vezes, em busca de crescimento, por saturação do mercado
nacional ou mesmo por seguir uma escala de ganhar o mercado local, regional e, por último,
nacional, buscam o internacional para ampliar os horizontes.
• Barateamento dos insumos integrados à rede produtiva da firma: muito semelhante à pri-
meira, mas, neste caso, é uma busca por otimizar recursos e baixar os custos com matéria-prima
e equipamentos.

Dalla Costa e Santos (2011) observam, também, duas principais instâncias que levam uma empresa à
internacionalização: exportações e investimento direto no exterior. Claro, não existe uma fórmula de bolo
que diz quando e como se deve internacionalizar, os motivo podem ser diversos. Além dos motivos, é
importante que tenhamos conhecimento, independentemente do tamanho da empresa que queira fazer
negócios no exterior, que existem alguns sistemas de apoio e controle do comércio exterior no Brasil.

É importante que saibamos que os motivos que levam empresas a se internacionalizar podem ser
muitos, inclusive, existem estudos que apuram de forma científica. Foram citados motivos genéricos,
mas é necessário um estudo apurado de caso a caso, para termos uma definição precisa.

Para que exista controle, acompanhamento e ar- Sicomex: o Sistema Integrado de Comércio
mazenamento de dados das operações internacio- Exterior foi criado em 1992, e “permite um flu-
nais no Brasil, seja de importações ou de expor- xo único de informações e o acompanhamento
tação, o governo criou seus sistemas de apoio. Os online das exportações brasileiras por todos os
sistemas são o Sisbacen e o Siscomex. participantes envolvidos” (BORGES, 2017, p. 36).
Sisbacen: é o Sistema de Informações do Ban- Em outras palavras, podemos dizer que o Sis-
co Central do Brasil, que existe desde 1985. Ele é bacen é o sistema que registra as operações finan-
um sistema informatizado que tem como objetivo ceiras, já os Sicomex é quem registra as importa-
dar ao Banco Central do Brasil (BACEN) condi- ções/exortações. De forma genérica, esses são os
ções para controlar e acompanhar as operações dois principais sistema utilizados nas negociações
bancárias que acontecem ao longo das negocia- internacionais brasileiras.
ções (BORGES, 2017).

144 Conhecimentos Sobre Economia Brasileira


A internacionalização das empresa, segundo Dalla Costa e Santos (2011), seguem ao menos cinco
graus, como pode ser visto na Figura 1, descrita a seguir: fase embrionária; exportação ocasional; busca
de um intermediário; estabelecer uma filial própria em território estrangeiro; e produção no exterior.

Fase Exportação Busca de Estabelecer Produção


Embrionária Ocasional Intermediário Filial Própria no Exterior

Figura 1 - Estágios para Internacionalização


Fonte: adaptada de Dalla Costa e Santos (2011, p. 64).

Como pode ser visto, os estágios para internacionalização seguem de uma fase embrionário até uma
produção própria no exterior, que podemos chamar de internacionalização plena. Uma micro e pequena
empresa pode iniciar sua internacionalização no mesmo estágio que uma de maior porte. A seguir, os
graus estão explicados de forma detalhada, conforme Dalla Costa e Santos (2011).
Fase embrionária: nesta fase, a empresa ainda não faz exportações, compreendendo que a empresa
está em fase de solidificação no mercado interno. Entretanto, pode participar do mercado externo com
importações de equipamentos e matéria-prima.
Exportação ocasional: esse pode ser visto como o primeiro degrau na internacionalização de
uma empresa. Neste estágio, surge ocasionalmente, de forma pontual, uma oportunidade de vender
e negociar produtos para o exterior. É uma etapa importante, pois é o momento que a empresa tem
a oportunidade de colher informações sobre o potencial do mercado exterior, das necessidades dos
clientes do país em questão. Além disso, esbarra em algumas barreiras, como legislações, carga tribu-
tária, burocracia interna e externa, normas e questões até então desconhecidas.
Busca de um intermediário: nesta etapa, a empresa costuma a buscar um intermediário que possa
comercializar os seus produtos fora do país. A empresa intermediária torna-se uma facilitadora que
irá ajudar na conquista do mercado externo. Normalmente, os intermediários são dotados de conhe-
cimento sobre o novo mercado e irá apontar novos clientes, além de indicar alterações que podem dar
mais competitividade para o produto.

UNIDADE 5 145
Estabelecer uma filial própria em território
estrangeiro: chegando a este nível, a empresa já
estabelece uma filial comercial própria fora do
país, no território estrangeiro. Isso dá a possibili-
dade da empresa ter contato direto com o merca-
do em questão, conhecendo de perto caracterís-
ticas e necessidade mercadológicas. Além disso,
pode adequar-se de forma assertiva à cultura local,
diminuindo as fronteiras entre intenções e as ne-
cessidades demandas dentro do país.
Produção no exterior: é quando a empresa
tem condições de estabelecer uma unidade pro-
dutiva dentro de território estrangeiro. Pode, a
partir de então, transformar a unidade estrangeira
em outra unidade exportadora para outros países.
Este estágio pode ajudar a empresa a criar laços
com o país e ajudá-la a manter-se no país.

146 Conhecimentos Sobre Economia Brasileira


Barreiras Internacionais
e Blocos Econômicos

Uma empresa pode, por conta própria, fazer uma


negociação e importar algum produto do exterior;
entretanto, é importante que exista algum tipo de
regulamentação entre os países que estão partici-
pando da transferência financeira-material. Caso
contrário, é possível que uma importação/expor-
tação esbarre em taxações extras, uma forma pro-
tecionista de um dos países ou em algum tipo de
barreira, podendo inviabilizar a negociação.
Para termos esse tipo de conversa, precisamos
entender o que são atos internacionais que cul-
minam em negociações entre nações. Ato inter-
nacional pode ser visto como um tipo de acordo:



[...] firmado entre países, regido pelo direito
internacional. São como “contratos” firma-
dos entre pessoas jurídicas de direito inter-
nacional (Estados, organismos internacio-
nais, etc.) com a finalidade de regulamentar
determinadas situações e convergir interes-
ses comuns ou antagônicos (GOVERNO
DO BRASIL, 2017, on-line)4.

UNIDADE 5 147
Os acordos podem ter diferentes nomes, dependendo do tipo de negociação e conteúdo. São basica-
mente: tratado; convenção; acordo; ajuste ou acordo complementar; protocolo; memorando de en-
tendimento; convênio; e acordo por troca de notas. O governo brasileiro fornece, em seu sítio online,
explicações sobre cada tipo de ato internacional. A seguir, abordaremos cada um dos atos.
• Tratado: esse termo é utilizado para “designar os acordos internacionais entre dois ou entre
vários países – ou seja, bilaterais ou multilaterais. Recebem o nome de tratado os acordos aos
quais se pretende atribuir importância política”. Por exemplo, cita-se tratados de extradição
existentes entre o Brasil com outros países, como França, Ucrânia, Dinamarca etc., com o intuito
de transferir criminosos entre as nações (GOVERNO DO BRASIL, 2017, on-line)4.
• Convenção: esse tipo de ato é assinado multilateralmente em conferências internacionais
por diversos países, relacionados a assuntos de interesse comum e geral. Pode ser visto como
“uma espécie de convênio entre dois ou mais países sobre os mais variados temas – questões
comerciais, industriais, relativas a direitos humanos” (GOVERNO DO BRASIL, 2017, on-line)4.
• Acordo: esse ato é uma expressão muito utilizada livremente em práticas internacionais. Os acordos
“estabelecem a base institucional que orienta a cooperação entre dois ou mais países. Os acordos
costumam ter número reduzido de participantes” (GOVERNO DO BRASIL, 2017, on-line)4.
• Ajuste ou acordo complementar: é utilizado para estabelecer formas ou termos para se exe-
cutar outro ato internacional ou especificar detalhadamente áreas específicas de um ato. Por
exemplo, um ajuste “o Brasil e Alemanha assinaram, por exemplo, um ajuste complementar a
um acordo de cooperação técnica nas áreas de florestas tropicais e eficiência energética, em
vigor desde 1996” (GOVERNO DO BRASIL, 2017, on-line)4.
• Protocolo: são menos formais que os tratados ou acordos complementares determinando
“acordos bilaterais ou multilaterais [ou podem] ainda ser documentos que interpretam tra-
tados ou convenções anteriores ou ser utilizado para designar a ata final de uma conferência
internacional”. São como protocolo de intenções, como o Protocolo de Quioto, no qual o Brasil
manifesta seu compromisso com relação à emissão de gases de efeito estufa, perante outros
países (GOVERNO DO BRASIL, 2017, on-line)4.
• Memorando de entendimento: são atos escritos de forma simplificada, com a finalidade de
que fique registrado “princípios gerais que orientam as relações entre as partes em planos polí-
tico, econômico, cultural ou em outros”. Por exemplo, memorandos de cooperação científica e
tecnológica entre países, que pode prever a implementação de programas e projetos (GOVERNO
DO BRASIL, 2017, on-line)4.
• Convênio: esse ato “é usado em matérias sobre cooperação multilateral ou bilateral de natureza
econômica, comercial, cultural, jurídica, científica e técnica”. Por exemplo, convênio entre Brasil
e Paraguai relacionado à vacinação e à saúde animal entre as fronteiras, bem como a definição
de normas sanitárias (GOVERNO DO BRASIL, 2017, on-line)4.
• Acordo por troca de notas: esse ato é utilizado para assunto de pauta administrativa e para
interpretar ou alterar outros atos concluídos. Este ato é sujeito a passar por aprovação do
Congresso nacional. Por exemplo, o “Brasil mantém um acordo dessa natureza com a Bolí-
via para a criação de Comitês de Integração Fronteiriça para promover a integração política,
econômica, social, física e cultural” (GOVERNO DO BRASIL, 2017, on-line)4.

148 Conhecimentos Sobre Economia Brasileira


Esses atos internacionais do governo brasileiro com outros países podem beneficiar a população
e as empresas nacionais, principalmente quando existe regulamentações específicas que dão apoio à
internacionalização. Outro tipo de negociação entre países que podem trazer benefícios ao comércio
internacional e, consequentemente, aos empresários de qualquer porte é conhecido como integrações
econômicas.

Integração Econômica

Uma integração econômica pode ser vista como um processo de facilitação que acontece entre países e
grupos de países, que são, de alguma forma, diferentes, sejam em aspectos humanos, culturais, políticos,
tecnológicos, realizados como forma de aumentar o comércio e as negociações de serviços e bens entre
os integrantes. Em outras palavras, uma espécie de acordo de negociação entre nações (SOUZA, 2011).
As integrações podem ser muitas formas diferentes: zona de livre-comércio; união aduaneira; mer-
cado comum; união econômica; e integração econômica completa. Vamos explicar separadamente
cada uma a seguir, de acordo com Souza (2011).
• Zona de livre comércio: tipo de integração na qual cada país se dispõem a eliminar tarifas,
quotas, restrições tarifárias e não tarifárias entre os países participantes, como forma de estimular
o comércio. Cada país pode manter sua própria política internacional com os países que não são
membro da zona de livre comércio. Exemplo: Área de Livre Comércio da Américas (ALCA).
• União Aduaneira: pode ser visto como um avanço para a área de livre comércio. Nesse caso,
além de suprimir as restrições tarifárias entre os países membros, também adota-se uma política
de restrição e discriminação aos países que não fazem parte da integração econômica. Exemplo:
tarifa externa comum.
• Mercado Comum: se a união aduaneira é um avanço à área de livre comércio, o mercado co-
mum seria um segundo avanço. Neste caso,“além de facilitar o fluxo de mercadorias, procura-se
eliminar os entraves do fluxo de fatores produtivos, em especial a circulação de capital e mão
de obra” (SOUZA, 2011, p. 139). Exemplo: Mercosul.
• União econômica: um passo a mais que o mercado comum, além de “eliminar as restrições aos
fluxo de mercadorias e fatores de produção, os países membros procuram harmonizar as polí-
ticas econômicas nacionais” (SOUZA, 2011, p. 139). O maior objetivo é diminuir as diferenças
e disparidades entre cada um relacionadas a políticas macroeconômicas.
• Integração econômica completa: esse é o estágio mais avançado, o degrau mais alto, na in-
tegração entre países. Na integração econômica completa “existe uma unificação completa das
políticas econômicas – principalmente monetária e cambial – [...] em que há uma autoridade
monetária supranacional” (SOUZA, 2011, p. 139), ou seja, uma espécie de governo geral. A União
Europeia é um exemplo no qual existe essa união econômica completa, “um megabloco mais
avançado entre integrações econômicas existentes” (SOUZA, 2011, p. 139).

UNIDADE 5 149
É comum que chamemos todos esses tipos de Com os conhecimentos que conseguimos até aqui,
integrações econômicas simplesmente de blocos certamente somos capazes de fazer pesquisas com
econômicos. O importante para um empreende- relação a melhores mercados para buscar negocia-
dor é conhecer o mercado no qual está negociando ções internacionais. Além disso, é possível perceber
e os prós e contras dessa negociação. Os principais que existem vantagens em negociar com empresas e
que podemos citar são, com base em Blocos Eco- clientes de países que são parceiros do Brasil. Assim,
nômicos ([2019], on-line)5 e Souza (2011): concluímos nossa conversa sobre economia.
• Mercosul: integração política, econômica Nesta unidade, trabalhamos e discutimos um
e social entre Brasil, Argentina, Paraguai e pouco sobre crescimento e desenvolvimento,
Uruguai. sendo possível entender que o crescimento não,
• União Europeia: união econômica com- necessariamente, leva ao desenvolvimento. O de-
pleta entre a maioria dos países europeus. senvolvimento engloba mais questões que vão
• CEI: Comunidade dos Estados Indepen- além do crescimento financeiro, seja num país
dentes, tem o objetivo de organizar os ou numa micro e pequena empresa.
países membros. É formada por Armênia, Com relação à inflação, destaca-se os reflexos
Cazaquistão, Belarus, Federação Russa, da inflação no mundo empresarial. Além disso, foi
Moldávia, Quirguistão, Tadjiquistão, Ucrâ- possível perceber que ela é um item muito com-
nia, Uzbequistão, Azerbaijão e Turcome- plexo e que precisa ser bem pensado pelo governo;
nistão. em momento de descontrole, as micro e pequenas
• NAFTA: o Tratado Norte-Americano de empresas podem ser muito atingidas.
Livre Comércio é formado por México, Foram apresentados, também, conhecimentos
Estados Unidos e Canadá. Seu objetivo é sobre a economia externa e sobre a internacionali-



zação empresarial. As micro e pequenas empresas,
[...] manter políticas comuns com nesse contexto, entram como potenciais consumi-
relação a barreiras alfandegárias, leis dores do mercado internacional e precisam estar
financeiras, padrões e acesso aos mer- preparadas para contexto.
cados dos países-membros (BLOCO Inclui-se, nesses conhecimentos internacionais,
ECONÔMICOS, [2019], on-line)5. o aprendizado sobre blocos econômicos e as bar-
reiras que os governos podem criar no mercado
• Comunidade Andina de Nações – Pacto internacional. Saber sobre a negociação que seu
Andino: um dos principais parceiros com país tem com outros irá mudar a forma de nego-
o EUA, é formado pela Bolívia, Colômbia, ciação com empresas de países e grupos de países
Equador e Peru, com o objetivo de fazer que participam (ou não) de algum tipo de acordo.
uma integração comercial e conseguir Em suma, esta unidade trouxe conhecimentos
acesso a mais mercados. importantes sobre economia que todo empreen-
• APEC (ou blocos asiáticos): mesmo sen- dedor precisa ter, tendo em vista as mudanças que
do um bloco asiático, os EUA é um dos podem influenciar as empresas. Todo o panorama
membros, tendo com principais Japão, apresentado pode auxiliar o empreendedor a levar
China e os Tigres Asiáticos. a empresa ao crescimento e desenvolvimento.

150 Conhecimentos Sobre Economia Brasileira


Você pode utilizar seu diário de bordo para a resolução.

1. Para falar sobre crescimento econômico, é muito importante que conheçamos


alguns elementos que irão indicar o andamento econômico de um país. Um deles
é o Produto Interno Bruto (PIB). Com relação ao PIB, assinale a alternativa correta:
a) O PIB existe em alguns países, como Estado Unidos da América, Japão e Ale-
manha. Porém, não existe em outros, como o Brasil, a Argentina e Portugal.
b) O PIB é a soma do valor total dos bens e serviços produzidos dentro desse país
em determinado período de tempo, destinados ao consumidor final.
c) O PIB indica quanto um país é desenvolvido, mas não indica nada com relação
ao crescimento.
d) Um país que tem um PIB com valor muito alto é uma nação com problemas
econômicos, à beira da falência.
e) Para que um país tenha crescimento, é necessário que ele tenha um PIB muito
baixo, bem equilibrado.

2. Em uma economia organizada, o país tem o controle da inflação e do PIB, como


forma de garantir um crescimento e um desenvolvimento. Além disso, faz o
controle rígido de suas fronteiras, bem como da entrada de moeda estrangeira
e do fluxo de mercadorias internacionais. Assinale a alternativa que corresponde
ao sistema brasileiro que faz o registro do fluxo de mercadorias em negócios
internacionais, ou seja, registra as importações e exportações:
a) Sicomex.
b) Sinergia.
c) Sixnine.
d) Sicoob.
e) Sisbacen.

151
3. No mercado internacional, é muito comum que os países façam negociação para
que ambos os países sejam beneficiados por algum tipo de acordo. Entretanto,
cada formalização e negociação tem um nome específico. Analise as assertivas
com relação aos tipos de acordo:
I) Tratado: é um tipo de acordo internacional entre países para designar uma
situação política, por exemplo um tratado de extradição.
II) Protocolo: são espécies de formalização internacional nas quais os países
registram intenções a respeito de alguma temática.
III) Convênio: utilizado em troca de mercadorias e de moedas no mercado in-
ternacional, tendo como finalidade única o crescimento do PIB dos países
envolvidos.
IV) Acordo: estabelece a base institucional que orienta a cooperação entre dois
ou mais países.

Assinale a alternativa correta:


a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas I e III estão corretas.
c) Apenas II e III estão corretas.
d) Apenas I, II e IV estão corretas.
e) Apenas I e IV estão corretas.

152
LIVRO

A Saga Brasileira
Autor: Miriam Leitão
Editora: Record
Sinopse: a longa luta de um povo por sua moeda, de Miriam Leitão, é um livro
definitivo sobre a história econômica recente do país. Misturando análise econô-
mica com histórias individuais de brasileiros e brasileiras, Miriam traça a trajetória
da moeda no Brasil desde a hiperinflação, passando por variadas indexações,
congelamentos, confisco de poupança, planos econômicos diversos, e mostra
como a busca pela estabilidade monetária tornou-se elemento fundamental
na construção de um caráter nacional. “Dentro dos gabinetes dos governos e
das salas das famílias, uma grande história foi vivida. Milhões de pessoas par-
ticiparam da construção coletiva que não teve figurantes. Foram, todos, peças
centrais de uma grande saga”, escreve Miriam. Do descontrole inflacionário –
13,3 trilhões por cento foi a inflação acumulada nos 15 anos que antecederam
o Plano Real – ao equilíbrio dos dias de hoje, algumas gerações de brasileiros
sofreram enormes perdas, conheceram sucessivos planos econômicos, enfren-
taram desabastecimento, aprenderam a fazer as contas mais sofisticadas para,
simplesmente, comprar pão. O brasileiro trocou de moeda cinco vezes em oito
anos, suportou agressões a seus direitos de cidadão, enfrentou filas, varou noites,
perdeu renda, patrimônio e, em não poucos casos, a saúde física e emocional;
mas também reagiu e acreditou quantas vezes foram necessárias. Miriam lança
mão de sua vasta experiência jornalística aliada a uma sensibilidade ímpar para
contar essa história nesse livro essencial.

153
BORGES, J. T. Financiamento ao comércio exterior: o que uma empresa precisa saber. Curitiba: InterSaberes,
2017.

DALLA COSTA, A. J.; SANTOS, E. R. D. S. Estratégias e negócios das empresas diante da internacionali-
zação. Curitiba: Ibepex, 2011.

MENDES, J. T. G. Economia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012.

SOUZA, J. M. Economia Brasileira. São Paulo: Pearson Education Brasil, 2011.

REFERÊNCIAS ON-LINE

1Em: <https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/economia/>. Acesso em:


04 fev. 2019.

2Em: <https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues/busca/portugues-brasileiro/infla%C3%A7%-
C3%A3o/>. Acesso em: 04 fev. 2019.

3Em: < https://exame.abril.com.br/economia/veja-no-grafico-o-sobe-e-desce-da-inflacao-nos-ultimos-20-anos/

>. Acesso em: 04 fev. 2019.

4Em: < https://www.mma.gov.br/informma/item/871-denominacao-dos-atos-internacionais.html >. Acesso


em: 04 fev. 2019.

5Em: <http://blocos-economicos.info/>. Acesso em: 04 fev. 2019.

154
1. B.

2. A.

3. C.

155
156
157
158
159
CONCLUSÃO

Caro(a) aluno(a), neste livro, procuramos demonstrar a você, de forma simples, clara
e objetiva, aspectos importantes do funcionamento das micro e pequenas empresas,
além das possibilidades de gestão financeira, bem como o funcionamento do mercado
financeiro e possibilidades de fomento financeiro para o empreendedor.
Apresentou-se objetivamente como classificar as micro e pequenas empresas e
algumas das vantagens de enquadrar-se como tais. Essas questões são conhecimentos
importantes para que o empreendedor conheça seu próprio negócio e, além disso,
entenda que os critérios de classificações são os mesmos considerados por incenti-
vadores e fomentadores de micro e pequenos negócios.
Tratando de gestão financeira, foram elencados alguns elementos que precisam
estar claros para qualquer empreendedor, para uma administração ótima dos recur-
sos das empresas, para que elas sejam agentes superavitários e (não deficitários) no
contexto financeiro-econômico.
Trabalhou-se alguns pontos tidos como importantes para o sucesso empresarial,
em destaque a ferramenta Balanced Scorecard (BSC). A utilização dessa ferramenta,
bem como a utilização de estratégias, são formas para se buscar o sucesso no mundo
dos negócios. Por último, discutiu-se sobre alguns equívocos na gestão empresarial,
sobre a captação de recursos internacionais e sobre o crescimento saudável das
empresas.
Ao final da leitura deste conteúdo, espera-se que tenhamos conseguido manifes-
tar em você, no mínimo, o interesse sobre a correta gestão financeira em qualquer
tamanho de empresa. Além disso, também é importante que você tenha percebido,
após essa leitura, o valor de uma micro e pequena empresa no mundo dos negócios.
Por este estudo, é importante que fique claro que se tornar empreendedor, ne-
cessariamente, significa assumir responsabilidade diante da sociedade e do seu país.
Desejamos que você tenha muito sucesso no mundo dos negócios, que tenha uma
carreira empresarial exemplar, pautada na honestidade e na consciência de que as
micro e pequenas empresas que respeitam leis e são lúcidas de seus compromissos
tendem a ter prosperidade.
Um forte abraço.

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