Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
UNIDADE VI
Apresentação
Bem-vindo (a) a nossa sexta unidade! Abordaremos nesse encontro, um estudo sobre as
concordâncias de alinhamentos por curvas horizontais circulares e de transição.
6.1 INTRODUÇÃO
A estrada é formada basicamente por um eixo, uma série de linhas retas, ligadas
entre si por curvas. Para fazer a ligação de alinhamentos retos que se interceptam por um
vértice, cria-se uma concordância e utiliza-se um arco em circulo que forma a curva do
projeto de estradas. Como já visto anteriormente os trechos retos são chamados de
Tangentes e os trechos em curva deverão ser utilizados em função da topografia, ou para
desvio de obstáculos, ou para harmonizar o traçado à paisagem local ou para demais
condicionantes.
As características gerais das curvas são importantes para atender as concordâncias
entre as tangentes, utilizando como parâmetro os raios mínimos, estabilizar os veículos e
adequar a visibilidade dentro de cortes.
Como já comentado anteriormente, o eixo de uma rodovia pode ser imaginado como
sendo constituído por uma poligonal aberta, orientada, cujos alinhamentos são concordados,
nos vértices, por curvas horizontais. Como o eixo é orientado, isto é, tem um ponto de
origem e um sentido de percurso definidos, as curvas horizontais podem ser curvas à direita
ou à esquerda, conforme o sentido de desenvolvimento das curvaturas.
As curvas de concordância horizontal podem ser classificadas, de acordo com o DNIT
em:
- Curvas Simples: quando os dois trechos em tangente são ligados por um arco de círculo,
ou seja uma só curvas circulares.
- Curvas Compostas:
a) Sem Transição: quando se utilizam dois ou mais arcos de curvas circulares de raios
diferentes, para concordar os alinhamentos retos.
- Uma curva de transição adequadamente projetada fornece uma trajetória natural para
veículos em que a força centrífuga cresce gradualmente na passagem da tangente para a
circular.
- Constitui o intervalo ideal para acomodar a variação da superelevação entre o trecho em
tangente e a curva circular.
- A curva de transição facilita a implantação da superlargura na passagem do trecho em
tangente para o curvo circular.
- O uso da curva de transição elimina as aparentes quebras de alinhamento nas junções de
curvas e tangentes.
6.2.1 Detalhes da obtenção dos valores dos elementos da curva horizontal circular.
O Ângulo Central (AC) é o ângulo formado pelos raios que passam pelo PC e PT e
que se interceptam no ponto O. Estes raios são perpendiculares nos pontos de tangência
PC e PT e calculados matematicamente é numericamente igual ao Ângulo de deflexão (∆).
Além dos valores tabelados os Raios mínimos ainda podem ser calculados pela
fórmula explicitada abaixo:
Gc = 2. Arc.Sen.(c/2.R)
A deflexão (dc) de uma curva circular, para uma corda (c) é, por definição, o ângulo
formado entre essa corda e a tangente à curva em uma das extremidades da corda.
dc = Gc / 2
dm = dc / c
O Afastamento (E) é a distância entre o PI e a curva, medida sobre a reta que une o
PI ao centro da curva e é expressa pela fórmula:
E = T . Tan (AC/4)
A Estaca do PC = Est. PI – T
A Estaca do PT = Est. PC + D
6.2.2 ESTACAS
Para fins de caracterização dos elementos que constituirão a rodovia, estes deverão
ter sua geometria definida pelo projeto e em pontos sucessivos ao longo do eixo que se
denomina de estaqueamento, pontos esses que servirão, inclusive, para fins de posterior
materialização do eixo projetado e dos demais elementos constituintes da rodovia no campo.
Esses pontos, denominados genericamente de estacas, são marcados comumente a
cada 20,00m de distância a partir do ponto de início do projeto. Como já comentado em
unidade anterior o ponto de início do projeto constitui a estaca 0 (zero), sendo
convencionalmente representada por 0 = PP (estaca zero = Ponto de Partida); os demais
pontos geralmente, equidistantes de 20,00m, constituem as estacas inteiras, sendo
denominadas sequencialmente, por estaca 1, estaca 2, ... e assim sucessivamente.
Qualquer ponto do eixo pode ser referenciado a esse estaqueamento, sendo sua
posição determinada pela designação da estaca inteira imediatamente anterior à posição do
ponto, acrescida da distância desta estaca inteira até o ponto considerado, exemplo estaca 1
+ 2,0m.
A marcação das estacas ao longo das tangentes não oferece dificuldades maiores,
pois não ocorre perda de precisão teórica quando se medem distâncias ao longo de retas.
Já nos trechos em curva ocorre alguma perda de precisão, pois as medidas de
distâncias são sempre tomadas ao longo de segmentos retos, na marcação das posições
das estacas com os recursos normais da topografia, ao passo que as distâncias reais (assim
como as de projeto) entre as estacas correspondem a arcos de curvas.
Visando minimizar esses erros de mensuração e de referenciamento dos trechos
curvos do eixo, as normas do DNER estabelecem a obrigatoriedade de se marcar, nos
trechos em curva, além dos pontos correspondentes às estacas inteiras, outros pontos,
correspondentes a estacas intermediárias, de forma a melhorar a precisão na caracterização
do eixo nas curvas.
A força centrífuga, neste caso, com o auxílio ainda da inclinação provocada pelo
abaulamento da via, ou seja a configuração da seção transversal no sentido do centro para o
bordo da estrada que varia de 1 a 3%, pode provocar a derrapagem ou até o capotamento
do veículo, pois de nada adiantaria introduzirmos uma variação gradativa da força centrípeta
se essa variação fosse muito rápida. Para se calcular o valor da força centrífuga é preciso
conhecer os valores de massa do veículo, velocidade e raio da curva, conforme fórmula a
seguir:
F = m.(V²/R)
Tabela 5 – Valores dos raios acima dos quais podem ser dispensadas curvas de transição
Fonte: DNER, 1999
Uma forma usada nas rodovias para contrabalançar a ação da Força Centrífuga e
assim evitando o deslizamento ou tombamento é a formação de uma inclinação no bordo
externo da pista, concordando com o outro bordo, denominada de SUPERELEVAÇÃO,
provocando assim a ação de uma Força Centrípeta que é a força resultante que puxa o
corpo para o centro da trajetória em um movimento circular juntamente a Força Peso.
e = superelevação (m/m);
V = velocidade do veículo (km/h);
R = raio da curva circular (m);
f = coeficiente de atrito transversal, entre pneu e pavimento (m/m).
Além dos valores tabelados dos Raios mínimos ainda podem ser calculados pela
fórmula explicitada abaixo:
Por ser atualmente a mais aplicada aos traçados rodoviários Brasileiros e também
utilizada em traçados ferroviários, a espiral de CORNU, conhecida também por CLOTÓIDE,
ou simplesmente ESPIRAL será a única estudada nesta unidade.
Onde:
L = Comprimento do arco;
R = Raio de curvatura no extremo do referido arco, num ponto qualquer da curva de
transição (m)
K = Parâmetro da espiral (constante positiva em m²).
Decompondo a figura de
uma ESPIRAL, e demonstrando a fórmula de acordo com os dados de Rosa (2012), A
curva de transição possui:
Fig. 10 - A Clotóide ou Espiral de Transição
Fonte: Rosa, 2012.
Quando o RAIO é preservado também será mantida a curva circular base que
permanecerá constante, mas o centro da curva é recuado de forma a permitir a intercalação
dos ramos da transição.
Quando o CENTRO é preservado o raio será alterado para atingir o mesmo objetivo
do caso anterior.
A primeira orientação é que para obter todos os valores dos elementos deverá ser
seguido o sentido do estaqueamento para executar a concordância e existe na figura uma
parte central definindo a parte circular entre SC e CS e duas partes em espiral entre TS e
SC, e CS e ST.
A seguir o significado dos elementos da Curva de Transição com a Espiral:
SC = Ponto Espiral-Curva Circular, ponto onde finda o primeiro ramo da espiral e inicia o
ramo circular.
CS = Ponto Curva Circular-Espiral, ponto onde termina o primeiro ramo da circular e começa
o segundo ramo da espiral.
Existem autores que identificam estes pontos pelas siglas TE, EC, CE e ET, formadas
pelas letras iniciais das designações em português, outros autores ainda acrescentam ao
primeiro ponto singular as letras E ou D, indicando tratar-se de concordância à esquerda ou
à direita, respectivamente, podendo resultar no uso das designações como TSE ou TSD por
exemplo.
PI = ponto de intercessão (das tangentes)
I = ângulo de deflexão
O = centro da curva circular
R = raio da curva circular (R)
TS = tangente externa ou exterior (m)
LC = comprimento da espiral
DC = comprimento da curva circular (desenvolvimento) (m)
SC = ângulo central correspondente a um ramo da espiral
θ = ângulo central correspondente à curva circular
O próximo critério é o Critério da fluência ótica que é aplicável somente à curvas com
raios muito grandes, acima de 800 m.
A partir das observações desses valores deve-se usar para complementar na prática
os cálculos da curva de transição os critérios de arredondamentos e a extensão mínima com
superelevação total. O valor do comprimento de transição deve ser arredonda do para
valores múltiplos de 10, podendo ser usados valores fracionados em casos especiais.
Para calcular o Ângulo central da curva circular (Θ) e o Ângulo Central total (I)
que fica entre TS e ST, são observadas os valores das expressões a seguir:
Fig. 15 – Elementos de Transição com a Espiral
Fonte: Rosa, 2012.
Coordenadas (x,y)
Lc = comprimento da espiral
Sc = ângulo central da espiral
xc = abscissa da extremidade da espiral (SC)
yc = coordenada da extremidade da espiral (SC)
DER/SP
SNV – Sistema Nacional de Viação. Resumo Federal, Estadual e municipal das redes
pavimentadas e não-pavimentadas. Fonte: DNIT, Outubro de 2011. Disponível em:
<http://www.dnit.gov.br/plano-nacional-de-viacao>