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Aula 13 – Projeto de Cames

Análise Algébrica

Prof.: Ricardo Humberto de Oliveira Filho


PROJETO DE CAMES

Diagramas SVAJ (EVAP)

A primeira tarefa do projetista é selecionar a função matemática a ser usada para


definir o movimento do seguidor.

O caminho mais simples é linearizar o came, isto é, desenvolvê-lo a partir de sua


forma circular e considerá-la uma função expressa nos eixos cartesianos.

Traça-se a função deslocamento, sua primeira derivada (velocidade), sua segunda


derivada (aceleração) e sua terceira derivada (pulso), todas alinhadas no eixo como
função do ângulo do came, pois conhecemos a velocidade angular constante do
eixo do came e podemos converter ângulo em tempo e vice-versa: θ=ω.t
PROJETO DE CAMES
A figura mostra as especificações de um came com 4 esperas, de 8 segmentos:
SPDPSPDP.

O projeto começa com a definição das funções requeridas para o diagrama.


PROJETO DE CAMES
Lei fundamental de projeto do came

Qualquer projeto de came para operações diferentes de velocidades bem baixas


deve observar os seguintes cuidados:

A função do came deve ser contínua por toda primeira e segunda derivada do
deslocamento durante o intervalo (360º).

Corolário: A função pulso deve ser finita durante todo o intervalo (360º).

Em qualquer came simples, a função do movimento do came não pode ser definida
por uma única expressão matemática.

Pode-se valer de várias funções separadas, cada uma definindo o comportamento


do seguidor sobre seu segmento respectivo do came.
PROJETO DE CAMES
Estas expressões são chamadas de funções discretas.

Elas devem ser contínuas até a terceira ordem em todos os contornos.

As funções do deslocamento, da velocidade e da aceleração não podem conter


descontinuidades.

Cuidado especial deve ser tomado com funções polinomiais devido ao fato de se
reduzir 1 grau a cada derivada.

Caso comece com uma equação do primeiro grau para o deslocamento, poderão
aparecer descontinuidades em suas derivadas primeira e segunda.

Deve-se atentar ainda para a derivada terceira, o jerk ou pulso, este deve ser finito
para um projeto adequado, mas as descontinuidades são permitidas.
PROJETO DE CAMES
PROJETO DE CAMES
Movimento harmônico simples

As funções harmônicas têm a propriedade de se manterem contínuas para qualquer


número de derivações.

Cada derivação executa uma defasagem de 90º da função.

As equações do movimento harmônico simples (MHS) para um movimento de


subida de came são:

h    h   2 h    3 h   
s  1  cos   v  sen   a  2 cos   J  3 sen 
2    2    2    2  

Onde h é a elevação, θ é o ângulo do eixo do came e β é o ângulo total do intervalo


de subida.
PROJETO DE CAMES
A primeira vista pode parecer que a melhor solução sempre será adotar estas
funções.

Contudo, uma função harmônica é derivável até o infinito, mas para um sistema de
came a função é discreta em todo o intervalo, composta por segmentos, podendo
alguns ser esperas.

Dessa forma, como a espera possui velocidade e aceleração nulas, surgirão


descontinuidades nos diagramas, não satisfazendo a lei fundamental do projeto de
cames.

O único caso em que estas funções servirão será no sistema sobe-desce, isto é, sobe
em 180º e desce em 180º, sem esperas.
PROJETO DE CAMES
Deslocamento Cicloidal

O principal erro em um projeto de came é partir das funções que definem o


deslocamento.

A melhor abordagem é partir das maiores derivadas (a aceleração ou o pulso).

Partindo-se então de uma aceleração senoidal como a da figura, com extremos


nulos, as outras equações se tornam:

h   2 h  
a  2 sen 2   J  4 cos 2 
 2
   3
 

h     1   
v 1  cos 2   s  h  sen 2 
      2   
PROJETO DE CAMES
A expressão do deslocamento é a soma de uma reta inclinada e uma onda senoidal
negativa. Esta é a expressão de um cicloide. Para tanto partiu-se de uma aceleração
senoidal.

 1   
s  h  s en 2 
  2   

h   
v 1  cos 2 
   

h  
a  2 s en 2 
2  

h  
J  4 2 cos 2 
 3
 
PROJETO DE CAMES
Funções combinadas

Em projetos de cames, tenta-se reduzir as forças dinâmicas em um sistema com o


intuito de se reduzir a aceleração, uma vez que são diretamente proporcionais.
PROJETO DE CAMES
- Aceleração constante

Se desejamos minimizar o valor de pico do módulo da função da aceleração para


um dado problema, a função que melhor resolve esse obstáculo é uma curva
quadrada, mas devido às suas descontinuidades não pode ser empregada para
projetos de cames.
PROJETO DE CAMES
- Aceleração trapezoidal

As descontinuidades da onda quadrada podem ser atenuadas quebrando-se os


cantos da função, criando uma função trapezoidal. Para compensar a parte retirada
da aceleração, deve-se aumentar a amplitude do trapézio.

Contudo, a função pulso se torna


grosseira, com descontinuidades
que podem causar vibrações no
seguidor.
- Aceleração trapezoidal modificada

Uma melhora pode ser feita substituindo-se


os lados inclinados do trapézio por partes da
curva seno.

A função seno é cortada em 4 partes e colada


na curva quadrada, proporcionando uma
transição atenuada do zero ao máximo e do
zero ao mínimo (extremidades da curva),
além da transição do valor máximo ao valor
mínimo (centro da curva).
- Aceleração senoidal modificada

A curva seno da aceleração tem a


vantagem de não possuir atenuações,
comparada à trapezoidal modificada,
mas possui maiores picos de
aceleração.

Combinando duas curvas senoidais de


frequências diferentes, podemos reter
algumas características de não
atenuação.
PROJETO DE CAMES
Funções polinomiais

A classe das funções polinomiais é um dos tipos mais versáteis que podem ser
utilizados para projetos de cames.

Não são limitadas às aplicações com tempos de espera únicos ou duplos, e podem
ser adaptadas a várias especificações de projetos.

São expressas na forma: s  C0  C1 x  C2 x 2  C3 x3  ...Cn x n


• s é o deslocamento do seguidor;
• x é a variável independente, substituída por t ou θ/β;
• Cn são os coeficientes, considerados incógnitas, que devem ser encontrados para
atender às especificações do projeto.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Existem 2 fatores principais que afetam o tamanho do came, o ângulo de pressão e
o raio de curvatura.

Ambos envolvem o raio da circunferência de base no came (Rb) quando utilizados


seguidores de ponta ou de face plana, ou a circunferência primária ou principal (Rp)
quando utilizados seguidores de roletes ou curvados.

 Ângulo de pressão - É o ângulo entre a


normal à curva primitiva e o deslocamento
do seguidor. Esse ângulo é variável ao longo
do perfil do came.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Ângulo de pressão

O ângulo de pressão ϕ é definido entre a direção de movimento do seguidor e a


direção do eixo de transmissão.

Quando ϕ=0, toda a força transmitida vai em


direção ao movimento do seguidor e nenhuma na
velocidade de deslizamento.

Quando ϕ alcança 90º, não existe variação no


movimento do seguidor.

É desejado que ϕ fique entre zero e 30º para


seguidores de translação, evitando carregamento
lateral excessivo no seguidor deslizante.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Excentricidade

A figura mostra a geometria de um came e seguidor em posição arbitrária. É um


caso geral em que o eixo de movimento do seguidor não intercepta o centro do
came (offset).

Existe uma excentricidade ε, definida como


“a distância perpendicular entre o eixo de
movimentação do seguidor e o centro do
came”.

Caso esta excentricidade seja zero, denomina-


se o seguidor como alinhado.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Na figura, o eixo de transmissão é estendido até cruzar a conexão equivalente 1,
que se refere ao elo terra.

Essa interseção é o centro


instantâneo de velocidade I2,4 (ponto
B), que por definição possui a
mesma velocidade nos elos 2
(came) e 4 (seguidor).

O acoplamento dos elos imaginários


se dá no centro instantâneo de
curvatura do came.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Como o elo 4 está em translação pura, todos seus pontos terão velocidades Vseguidor
que são iguais à velocidade de I2,4 no elo 2.

Podemos escrever uma expressão para


a velocidade de I2,4 em termos da
velocidade angular do came e do raio
b (medido do centro do came a I2,4):

b . ω = VI2,4 = s
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES

ds
Sendo s o deslocamento instantâneo do seguidor: s 
dt

ds d ds d
e   v
dt d d dt

assim b  v

então bv

Esta relação diz que a distância b para o centro instantâneo de velocidade I2,4 é
igual à velocidade do seguidor v em unidade de comprimento por radiano.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Essa distância b pode ser expressa em termos do raio da circunferência primária e da
excentricidade:

• Gire o raio Rp até que ele


intercepte o eixo de
movimentação do seguidor
no ponto D.

• Isso define o comprimento


da linha d de conexão
equivalente para essa
intersecção.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES

• Os pontos A, B e C formam um
triângulo retângulo (azul), cujo
ângulo superior é ϕ e cuja aresta
vertical é (s+d), sendo s o
movimento instantâneo do
seguidor.

• Os pontos O2, C e D formam


outro triângulo retângulo
(vermelho), cuja hipotenusa é Rp
e catetos são d e ε.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
do triângulo ABC: c  b    (s  d )tg

e b  (s  d )tg  

então: v  (s  d )tg  

do triângulo CDO2: d  Rp  
2 2

Substituindo d na equação da
velocidade e resolvendo para ϕ:

 v   
  arctg 
 s  Rp   
2 2
 
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Escolhendo o raio da circunferência primária

Tanto Rp quanto ε estão presentes na equação de ϕ, não possibilitando a resolução


direta.

O recomendado é a utilização de um programa computacional, assumindo um


valor inicial qualquer para Rp e ε = 0, calcular os valores de ϕ para o came, ajustar
Rp e repetir os cálculos anteriores até se encontrar um arranjo aceitável.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
 Utilizando a excentricidade

Se um came adequadamente pequeno não pode ser obtido com um ângulo de


pressão aceitável, a excentricidade pode ser introduzida para modificar esse
ângulo de pressão. Algumas limitações são previstas para tanto:

• Para um ω positivo, um valor positivo de excentricidade irá diminuir o ângulo


de pressão na subida, porém irá aumentá-lo na descida.

• Excentricidade negativa produzirá o efeito reverso.

A limitação desta técnica pode ser o grau de excesso de velocidade atingido


com um maior ângulo de pressão na descida. As variações resultantes na
velocidade angular do came podem ser inaceitáveis.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES

O maior ganho ao se acrescentar a excentricidade em um seguidor aparece em


situações em que a função do came é assimétrica e existem diferenças significantes
entre os ângulos de pressão máximos na subida e na descida.

Ao se introduzir a excentricidade pode-se balancear os ângulos de pressão e criar


um came de funcionamento suave.

Mas se ajustes em Rp ou ε não rendem ângulos de pressão aceitáveis, o único


recurso é retornar ao estágio anterior do projeto e redefinir o problema. Gastar
mais ou menos tempo na subida e na descida reduzirá as causas do elevado ângulo
de pressão.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Seguidor de translação de face plana – momento de tombamento

No caso do came de disco com seguidor de face plana de translação, o ângulo de pressão é
zero em todas as posições.

Neste caso, com o movimento do ponto de contato


para esquerda e para a direita, o ponto de
aplicação da força entre came e seguidor também
move-se, gerando um momento de tombamento
no seguidor, que, associado à força fora de centro,
tende a empenar o seguidor em suas guias.

Neste caso deve-se manter o came o menor


possível, minimizando o braço de momento da
força.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Seguidor de rolete de translação - raio de curvatura

Contornos de cames são geralmente funções de grau elevado. Quando são


enrolados em torno de sua base ou circunferência primária, eles podem ter partes
côncavas, convexas ou planas.

Planos infinitesimalmente pequenos de raios infinitos ocorrerão em todos os


pontos de inflexão na superfície do came onde ele muda de côncavo para convexo
ou vice-versa.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES

A figura mostra um seguidor de rolete cujo raio Rf é muito grande para seguir o
raio côncavo pequeno (-ρmín) localizado no came.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Outro problema ocorre quando o raio do seguidor de rolete Rf é maior que o menor
raio local positivo (+ρ) no came. Esse problema é chamado adelgaçamento.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
A regra geral é manter o valor absoluto do raio de curvatura mínimo ρmin da curva
primitiva do came no mínimo de 2 a 3 vezes o raio do seguidor de rolete Rf.

Pode-se escrever a equação do raio de curvatura da curva primitiva do came:


3
R  s  v 2  2
2

 p 
 primitivo 
 p   2v2  aRp  s
2
R  s

Onde s, v e a são deslocamento, velocidade e aceleração do seguidor do came.

Rp é o raio da circunferência primitiva.

Não confundir Rp com ρprimitivo ou com Rf, o primeiro é um valor constante escolhido
como parâmetro de projeto, o segundo é modificado de acordo com as escolhas do
projeto, o terceiro é o raio do seguidor de rolete.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Seguidor de translação de face plana - raio de curvatura

A situação é diferente da analisada para o seguidor de rolete. Um raio de curvatura


negativo do came não pode ser acomodado com um seguidor de face plana.

O adelgaçamento ocorrerá quando o raio de curvatura se tornar negativo.


PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
A figura mostra um came e um seguidor de translação de face plana em posições
arbitrárias. A origem do sistema global XY é no centro de rotação do came, e o
eixo X é definido paralelamente à tangente comum (superfície do seguidor plano).

• O ângulo do came θ é medido a partir


do eixo x até o vetor r, que é
solidário ao came.
• O ponto de contato A é definido pelo
vetor posição RA.
• O centro instantâneo de curvatura do
came está em C, e o raio de curvatura
é ρ.
• Rb é o raio da circunferência de base,
s é o deslocamento do seguidor para
um dado θ.
• A excentricidade é ε.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Podemos definir o local do ponto de contato A na forma complexa de duas formas:
RA  x  jRb  s e RA  ce j    j , desta forma: ce
j  
 j  x  jRb  s

Aplicando a relação de Euler e separando as partes real e imaginária:

c.cos     x c.sen       Rb  s

O centro de curvatura C é
estacionário no came, o que
significa que as magnitudes de c,
ρ e o ângulo α não variam para
pequenas mudanças no ângulo θ
do came.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES

Diferenciando a equação ce j   j  x  jRb  s com relação a θ:


dx ds
jce j    j
d d
Aplicando a relação de Euler e separando as partes real e imaginária:
ds
c.sen    
dx c.cos     v
d d
ds
Analisando as equações c.cos     x e c.cos      v , conclui-se que x = v.
d
Essa relação demostra que a posição x no ponto de contato entre o came e o seguidor
é igual à velocidade do seguidor em comprimento/rad.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
dx dv
Diferenciando x=v encontra-se:  a
d d
dx
A partir das equações c.sen       Rb  s e c.sen    
d
igualando os termos c.sen    e substituindo a aceleração no resultado:

  Rb  s  a

como as únicas variáveis são s e a, o valor mínimo do raio de curvatura é:

mín  Rb  (s  a)mín
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Circunferência de base

Note que o raio de curvatura é definido em função do raio de circunferência de base, e o


deslocamento em função das acelerações dos diagramas SVAJ.

Podemos então estimar o menor raio da circunferência de base para evitar adelgaçamento
pela equação mín  Rb  (s  a)mín

Definimos s sempre positivo assim como Rb.

O único fator que pode ser negativo do lado direito da equação é a aceleração a.

O caso crítico para a adelgaçamento acontecerá quando a estiver próximo ao seu máximo
valor negativo, amín, conhecido pelo diagrama de aceleração.

O raio mínimo da circunferência de base será: Rb mín   mín (s  a)mín

Para usar esta relação, deve-se escolher alguns valores de ρmín para a superfície do came
como parâmetro de projeto.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Contorno do came

Para um came com seguidor de face plana, as coordenadas para a superfície física
do came devem ser providas para o operador, pois não existe curva primitiva para
utilizar.

A figura mostra dois vetores


ortogonais r e q, que definem as
coordenadas cartesianas do ponto
de contato A entre came e seguidor
em relação ao sistema de
coordenadas de eixos rotativos
embutido no came.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
O vetor r é o eixo rotativo x desse sistema de coordenadas. O ângulo ψ define a
posição do vetor RA no sistema.
Duas equações de vetores podem ser escritas para definir as coordenadas de todos
os pontos na superfície do came como função do ângulo θ:
 
j  
RA  x  jRb  s RA  r.e j  q.e  2

 
j  
Então: r.e j  q.e  2
 x  jRb  s

Dividindo os dois lados por e j :

r  j.q  x.e j  jRb  se j

Separando em real e imaginário, e


substituindo x por v:

r  Rb  ssen  vcos q  Rb  scos  vsen

As equações podem se usadas para usinar um came com seguidor de face plana.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Como dito anteriormente, o contorno de um came pode ser dado pela função que
define o deslocamento do seguidor.

A figura mostra um came de disco com seguidor de face plana e velocidade


angular constante.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
O ponto de contato entre o came e o seguidor tem coordenadas x,y e está a uma
distância l da linha de centros do seguidor. O deslocamento do seguidor em relação
à origem é dado pela equação:

R  C  f  

onde o raio mínimo do came é


representado por C e f(θ) é a
função que define o
deslocamento do seguidor.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
A equação para o comprimento de contato l pode ser facilmente determinada:

R  y.sen   x.cos  l  y.cos   x.sen 

Das equações acima fica claro que:

dR d
l  C  f    l  f '  
d d
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Para determinar as equações de x e y para o contorno do came, é necessário
somente resolver as equações abaixo simultaneamente:

R  y.sen   x.cos 
l  y.cos   x.sen 

Resultando em:

x  R.cos   l.sen 

y  R.sen   l.cos 

Substituindo os valores de R e l:

x  C  f  cos   f ' sen 

y  C  f  sen   f '  cos 


PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
O raio mínimo C para evitar que o came tenha uma ponta ou bico pode ser
determinado analiticamente.
dx dy
Uma ponta ocorre quando:  0
d d
Diferenciando as equações de x e y:

dx
 C  f    f " sen 
d
dy
 C  f    f " cos 
d

As equações acima somente serão nulas quando: C  f    f "   0

Portanto, para evitar pontas: C  f    f "   0


PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Para um came de disco com seguidor radial de rolete, a posição do centro do rolete
em relação ao centro do came é dada pela equação:

R  R0  f  

onde Ro é o raio mínimo do


came e f(θ) é a função que
define o deslocamento do
seguidor.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES

Kloomok e Muffley desenvolveram um método para verificar a existência de


pontas em cames desse tipo, considerando o raio de curvatura ρ da superfície
primitiva e o raio do rolete Rr. Na figura, ρc é o raio de curvatura da superfície do
came.

Se ρ for mantido constante e Rr for


aumentado, ρc irá decrescer.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Continuando a aumentar Rr até atingir o valor de ρ, ρc irá se reduzir a um ponto e o
came ficará pontiagudo (Figura (a)).

Aumentando mais Rr, a superfície do came ficará rebaixada e o movimento


realizado pelo seguidor não será o desejado (Figura (b)).
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Portanto, a fim de evitar o aparecimento de uma ponta ou um rebaixo no perfil do
came, o raio do rolete deve ser menor que ρmín, sendo este o valor mínimo do raio
de curvatura da superfície primitiva em um determinado trecho do came.

Havendo diversos tipos de curvas definindo o perfil do came, cada trecho deverá
ser verificado separadamente.

Como é impossível haver um rebaixo em uma parte côncava da superfície do


came, somente partes convexas devem ser verificadas.

O raio de curvatura expresso em coordenadas polares é dado por:


3
R  dR d   2
2 2

 2   onde R=f(ø) e as duas primeiras


R  2dR d   Rd 2 R d 2 
2
derivadas são contínuas.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Pode-se usar esta equação para determinar o raio de curvatura da superfície
primitiva do came. Para este caso, f(θ)= f(ø).

d 2R
R  R0  f  
dR
 f '    f "
 
d d 2

 
3
R   f  
2 ' 2 2


R 2  2 f '    R f " 
2

Para evitar pontas e rebaixos no perfil do came, deve-se determinar ρmín.

Foram desenvolvidos conjuntos de curvas que mostram os valores de ρmín/R0 em


função de β para as diversas relações de L/R0, sendo β o ângulo de rotação do came
para cada trecho e L a elevação correspondente.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
A partir destas curvas pode-se determinar ρmín e verificar se é maior ou menor do
que Rr.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Conforme mencionado anteriormente, é importante considerar-se o valor do
ângulo de pressão no projeto de cames com seguidores de rolete.

É necessário manter o ângulo de pressão máximo o menor possível e até hoje este
máximo foi estabelecido arbitrariamente em 30°. Entretanto, são usados
ocasionalmente valores maiores quando as condições permitirem.

Há diversos métodos disponíveis, um dos quais foi desenvolvido por Kloomok e


Muffley, pelo qual pode-se determinar analiticamente o ângulo de pressão tanto
para o seguidor radial de rolete como para o oscilante de rolete.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Entretanto, a determinação do ângulo de pressão máximo é quase sempre muito
difícil, porque leva a equações transcendentais complexas.

Por isso, Kloomok e Muffley


empregam o nomograma desenvolvido
por Varnun.

β e L/R0 são parâmetros já definidos


anteriormente.

Determina-se então o valor máximo do


ângulo de pressão para os três tipos de
movimento.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Came de Disco com Seguidor Oscilante de Rolete

Na figura pode-se visualizar o início do traçado de um came de disco com


seguidor oscilante de rolete. O ângulo de elevação ψ é função do ângulo de
rotação da came θ.
l
Embora o came gire de θ para
o ângulo de elevação ψ, o raio
R gira segundo o ângulo ø.
Especificando-se valores de R
e ø, é possível obter-se o
contorno do came.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Da figura pode-se ver que      onde     

O ângulo β é uma constante do sistema e pode-se obter sua equação usando-se o


triângulo OAO'. Assim,

S 2  R02  l 2
cos 
2.S.R0 l

onde S, R0 e l têm dimensões


fixas.

O ângulo Γ é função de R, sua


equação pode ser obtida do
triângulo OBO’:
S 2  R2  l 2
cos 
2.S.R
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Também pode-se escrever uma equação para R a partir do triângulo OBO’:
R2  l 2  S 2  2.l.S .cos  
O ângulo Σ é uma constante determinada a partir do triângulo OAO’:
l 2  S 2  R0 2
cos 
2.l.S l
e o ângulo ψ é o ângulo de
elevação para um determinado
ângulo de rotação do came θ.

Portanto, os valores de R e ø
podem ser calculados a partir de
valores de θ e dos correspondentes
ângulos de elevação ψ.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
No projeto deste tipo de came, é necessário verificar se há rebaixos e conferir o
ângulo de pressão máximo.

As equações do raio de curvatura e do ângulo de pressão podem ser obtidas com


mais facilidade pelo método de variáveis complexas de Raven.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
A figura mostra o esboço de um came de disco e um seguidor oscilante de rolete,
com o raio de curvatura da superfície primitiva ρ e o ângulo de pressão α.

O ponto O é o centro do came, o ponto


D é o centro de curvatura e o ponto O‘
é o centro de rotação do seguidor.

A elevação angular do seguidor a partir


da horizontal é σ, que é dada pela
equação:
   0  f  
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
f(θ) é a elevação angular desejada para o seguidor, a partir de um ângulo de
referência σ0 (não mostrado na figura).

Da figura, o ângulo de pressão α é dado por:



   
2
O que leva a:

   0  f     
2
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
A fim de se obter uma expressão para o ângulo γ, determinam-se duas equações de
posição independentes para o ponto A (centro do rolete).

A primeira equação é obtida seguindo-se o


trajeto (O-D-A) e a outra, seguindo-se o
trajeto (O-B-O'-A).

A equação para o primeiro trajeto é dada por:

R  r.e j  .e j

R  rcos  jsen   cos  jsen 


PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
A equação para o segundo trajeto é dada por: R  a  b. j  l.e j

R  a  b. j  lcos  jsen 

Igualando as equações de R e separando-se as


partes reais e imaginárias:
r.cos  .cos  a  l.cos

r.sen  .sen  b  l.sen

Derivando as equações em relação a θ:

d d d
r.sen  .sen  l.sen
d d d

d d d
r.cos   .cos  l.cos
d d d
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Para uma rotação infinitesimal do came, ρ pode ser considerado como constante.
Assim, o ponto D (centro de curvatura do came no ponto de contato) e r podem ser
considerados como fixos ao came para um acréscimo de rotação dθ.

Portanto, o valor de dδ é igual a dθ, e como δ


diminui quando θ cresce, segue-se que dδ/dθ = -1.
Também, dσ/dθ= f(θ).

Portanto:

d
r.sen  .sen  l. f '  .sen
d
d
r.cos  .cos  l. f '  .cos
d
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Eliminando dγ/dθ:

r.sen  l. f '  .sen


tg 
r.cos  l. f '  .cos

Os termos r.cosδ e r.senδ podem ser calculados:

b  l.sen 1  f '  


tg 
a  l.cos 1  f '  

que, quando substituído na equação



   0  f     
2
dará o ângulo de pressão α.
PROJETO ANALÍTICO DE CAMES
Pode-se então calcular o raio de curvatura ρ:
3
C  D  2
2 2

 2
C  D2 1  f '   a.C  b.C f '   a.sen  b.cos .l. f " 
onde:

C  a  l.cos 1  f '  

D  b  l.sen 1  f '  

Para evitar o rebaixo, ρ deve ser maior


do que o raio do rolete.

Portanto, é possível determinar-se ρmín


para cada posição do perfil do came.
EXERCÍCIOS

Ler o capítulo 8 do livro texto – Norton.

Resolver os exercícios do livro texto. (Não precisa entregar).

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