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CURSO - PSICOMOTRICIDADE E

AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO,


ATRAVÉS DA ESTIMULAÇÃO SENSORIAL
PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO:
TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS
DA ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA
A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.

A Psicomotricidade é uma prática pedagógica que visa contribuir para


desenvolvimento integral da criança no processo de ensino-
aprendizagem, favorecendo os aspectos físicos, mental, afetivo-emocional
e sociocultural, buscando estar sempre condizente com a realidade dos
educandos.

Segundo Le Bouche (1969), a Psicomotricidade se dá através de ações


educativas de movimentos espontâneos e atitudes corporais da criança,
proporcionando-lhe uma imagem do corpo contribuindo para a formação
de sua personalidade.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.

A Psicomotricidade reflete um estado


de vontade, que corresponde à
execução de movimentos corporais.

Os movimentos corporais.

Os movimentos podem ser


voluntários ou involuntários.

Os atos Voluntários são relacionados


e dependem de inteligência
e do afeto.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
O ATO VOLITIVO ENVOLVE 4 ETAPAS:
1- Intenção ou Propósito - Inclinações e
tendências que fazem surgir o interesse por
determinado objeto;
2- Deliberação - Onde ponderamos os
motivos ( razão intelectuais) e os móveis
(atração ou repulsão,vindas do plano
afetivo);
3- Decisão - Demarca o começo da
ação,inibindo os moveis e motivos
vencidos;
4- Execução - Há os movimentos físicos.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Quais os principais benefícios da Psicomotricidade?

Psicomotricidade auxilia na prevenção


tratamento das dificuldades no
processo de ensino – aprendizagem da
criança, proporcionando a unificação
dos aspectos cognitivos,afetivos e
sociais do desenvolvimento infantil,que
se expressam nas relações
estabelecidas com o espaço,o tempo,os
objetos,as pessoas e com
seu próprio corpo.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Qual a diferença entre Psicomotricidade e
estimulação motora?

A estimulação motora visa estimular a


coordenação e capacidade motora.

A Psicomotricidade é destinada,
principalmente,a bebês que passaram por
alguma intercorrência no período
gestacional,periparto e/ou após o nascimento
ou crianças que possuam déficits nos processos
psicomotores prevenindo,tratando ou atuando
possíveis atrasos ou desvios no processo
evolutivo infantil.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.

Qual a diferença entre Psicomotricidade e Fisioterapia?

Psicomotricidade visa à melhoria na atividade


mental que desencadeia a
elaboração,transmissão,execução e controle do
movimento,facilitando a realização do
movimento de forma consciente,valorizando o
aspecto simbólico expressivo do movimento e
aperfeiçoando a relação da criança com seu
ambiente. A Fisioterapia previne e trata os
distúrbios do movimento decorrentes de
alterações de órgãos e sistemas humanos.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.

O que é Psicomotricista?

É o profissional da área de saúde


e educação que
pesquisa,avalia,previne e trata do
Homem na aquisição,no
desenvolvimento e nos transtornos
da integração somato – psíquica e
da retrôgenese.
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ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Quais são suas áreas de atuação da Psicomotricidade?

EDUCAÇÃO

CLÍNICA CONSULTORIA

SUPERVISÃO PESQUISA
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ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
A criança autista tem dificuldades de
se apropriar de seu corpo, de entender e
administrar sentimentos e emoções, que
irão refletir, principalmente, no seu
relacional e, consequentemente,
no seu aprendizado.
Segundo Franco Boscaini (1985, p.149), “o corpo é a síntese
dos modos de ser do indivíduo - o corpo é matéria, mas
também é psique, emoções, linguagem, história, presente,
passado e futuro”.

Para a Psicomotricidade, o corpo é o meio pelo qual o


indivíduo se exprime, fala de si. Levin (2001) diz que o sujeito
fala através de seu corpo, das variações tônico-motoras, do
movimento, dos gestos e do esquema corporal. Falar de corpo
requer, imprescindivelmente, fazer referências a parâmetros
psicomotores como ESQUEMA e IMAGEM CORPORAL.
O esquema corporal é a percepção geral e diferenciada que se tem do
corpo, percepção esta que, segundo Boscaini, seria fruto das
informações sensoriais, exteroceptivas e, sobretudo, proprioceptivas,
integradas ao nível do córtex cerebral, originadas tanto por uma
atividade estática como por outra cinética ou mesmo tônica.

Mousinho (2002), Soubiran (1975) considera o esquema corporal


como a resultante de uma consciência do corpo acrescida de sentido
espacial e suas atitudes, o que permite uma identificação das
possibilidades desse corpo quanto aos seus movimentos e ações.
O esquema corporal é a percepção geral e diferenciada que se tem do
corpo, percepção esta que, segundo Boscaini, seria fruto das
informações sensoriais, exteroceptivas e, sobretudo, proprioceptivas,
integradas ao nível do córtex cerebral, originadas tanto por uma
atividade estática como por outra cinética ou mesmo tônica.

Mousinho (2002), Soubiran (1975) considera o esquema corporal


como a resultante de uma consciência do corpo acrescida de sentido
espacial e suas atitudes, o que permite uma identificação das
possibilidades desse corpo quanto aos seus movimentos e ações.
A respeito das percepções e conhecimento do corpo, Braga (1995) se apoia nos
estudos de Shilder (1980) que identifica uma possível associação entre o
desenvolvimento sensório-motor e o próprio desenvolvimento do esquema
corporal.

Levin afirma que o esquema corporal se constrói na evolução do desenvolvimento


psicomotor da criança. Tanto Soubiran quanto Murcia, citados anteriormente,
sinalizam a importância da relação com o outro e com o meio. De acordo com
Fainberg, desde o início, no período da simbiose com o outro, a criança faz a
diferença da pessoa que cuida dela e do estranho. Em seguida, através da imitação,
a criança se descobrirá como ela mesma. O outro terá papel fundamental na
evolução do conhecimento do corpo, servindo inclusive de espelho. A criança terá
no corpo do outro a imagem do pré-conhecimento de si mesma.
Nas palavras de Dolto (1985, p. 63): “no início, a criança se constrói simbolicamente com
outrem”.

Certamente, a função mamífera biológica do ser humano também existe, mas é


totalmente marcada pela linguagem.

Mousinho (2002, p. 115) considera que, “a imagem corporal é o conjunto de atitudes,


percepções e representações que a pessoa tem do seu corpo em relação ao conjunto de
experiências que ela vivenciou. A imagem do corpo é, portanto, um conceito diretamente
influenciado pela história do sujeito, sendo construída a partir de sua experiência
pessoal”. Boscaini coloca que é a troca contínua entre mãe e filho, desde o nível tônico-
emotivo até o uso do símbolo e da linguagem verbal, que favorece e constrói a imagem
corporal. Segundo o autor, é o corpo com todas as suas experiências sensório-motoras,
conscientes e inconscientes, racionais ou imaginadas e desejadas que será o alicerce para
a construção e organização do esquema e da imagem corporal.
Para Boscaini, é necessário um corpo que sintetize o presente, o passado e o
futuro. Dolto (1986, apud Levin, 2001) preconiza que o esquema corporal se
diferencia da imagem do corpo por ser especificador do indivíduo enquanto
representante da espécie, independente de sua época ou das condições em que
vive, enquanto que a imagem do corpo está ligada ao sujeito e sua história,
sendo própria de cada um.como foi visto, o conhecimento do corpo como um
todo, depende invariavelmente da relação com o meio e com as pessoas e a
funcionalidade deste corpo está diretamente ligada ao conhecimento dele.

Então, se o autista tem defasagens em seu relacional, como estará seu corpo? O
autista não tem a noção de totalidade do seu corpo, ele lhe parece
fragmentado, o que torna difícil a integração do esquema corporal e,
consequentemente, a estruturação da imagem do corpo.
A audição nos informa sobre as fontes sonoras e nos indica a direção dos acontecimentos.

O tato possui uma função de grande importância no desenvolvimento da percepção do


espaço, pois ele nos permite reconhecer as características morfológicas e físicas do corpo e
do meio de informações táteis (principalmente das mãos) e da preensão. Além disso, os
dados proprioceptivos nos informam sobre a posição do nosso corpo e sobre nossas
atitudes.

Na obra de Mousinho lê-se um relato no qual Leboyer (1985) descreve a constatação de


Ornitz e Ritvo de que a reação às percepções sensoriais da criança autista pode ser excessiva
(hiper-reação) ou atenuada (hipo-reação) e produzível através de qualquer órgão dos
sentidos (p. 115). Mousinho diz ainda que, Lovaas e Schreibman (apud Leboyer, 1985)
criaram o conceito de estímulo hiperseletivo. Este conceito seria para especificar uma
incapacidade dos autistas de integrarem ou filtrarem diferentes estímulos sensoriais que
estivessem presentes ao mesmo tempo. Desta forma, para que eles sejam capazes de
responder a um estímulo sensorial, é preciso que este esteja isolado de outros
Segundo a autora, Schopler (apud Ritvo e Laxer, 1983)
considera que os autistas têm preferência pelo tato, olfato e
paladar, que são percepções de ‘proximidade’, em comparação
às percepções ‘distantes’ audição e visão.

Como fazer, então, para que a criança autista possa “trabalhar”


suas percepções sensoriais a ponto que fiquem equilibradas
para que possam propiciar, junto com outros aspectos, a
integração do esquema corporal e a consciência de seu corpo,
a fim de que possa utilizá-lo de modo organizado, melhorando
sua qualidade de vida?
A psicomotricidade irá trabalhar para propiciar a tomada de
consciência da pessoa autista. Com isto, será possível um
maior controle dos atos motores e na coordenação gestual do
cotidiano, o que facilitará uma melhor relação com o meio em
que vive e com as pessoas que o cercam. “No momento em
que temos gestos não investidos, um corpo apenas objeto,
que está a serviço de alguma coisa, mas que não se conhece,
se ele não possui seu próprio esquema, trata-se de um corpo
que não pode ser bem vivido e que não pode ser
operacional” (SOUBIRAN, 1986, p. 85).
Para que o objetivo da psicomotricidade perante o autismo seja atingido, ou
seja, para que se possa propiciar ao autista uma maneira confortável de viver no
mundo e de ser eficiente, é preciso “dar” contorno ao seu corpo, para que ele
possa ter a compreensão do que a ele pertence e do espaço, dos objetos e das
pessoas que o cercam.

É preciso um trabalho onde a criança autista possa viver e sentir seu corpo,
tirando-a dos estereótipos e incentivando-a a descobrir seu próprio movimento.

O objetivo não é moldá-la, mas oferecer à criança instrumentos que estimulem


o seu desenvolvimento através do prazer de viver seu corpo nas mais variáveis
relações. É importante ressaltar que antes de iniciar qualquer tipo de trabalho,
independente da queixa da criança, deve-se estabelecer um vínculo e um tipo
de comunicação que irão permitir o desenvolvimento deste.
Diversos pesquisadores pontuam que, no caso das crianças autistas, a
conquista do vínculo e da comunicação torna-se um pouco mais complexa,
pelo fato de que, muitas vezes, o autista está centrado em si, não abrindo
espaço para novas relações.

Fala-se muitas vezes, pois não é em todos os casos que isto ocorre. Algumas
crianças autistas tomam a iniciativa da comunicação, seja ela através de
gestos, do olhar ou até mesmo da fala. Nos casos em que isso não acontece,
alguns autores consideram como ponto de partida a imitação. Esta seria em
relação aos movimentos repetitivos e estereotipados. Acreditam que a partir
da imitação destes movimentos irão fazer-se perceber diante da criança
autista, podendo, então, iniciar um processo de significar o movimento
estereotipado, transformando-o num gesto intencional.
A aproximação que tentei foi justamente através daquilo que ela
olhava, suas mãos.

Comecei a incluir as minhas mãos nos seus olhos imitando seus


movimentos e suas reações tônico-motoras. Assim, Simone começava
a ver as minhas mãos do mesmo modo que via as suas.
Em certo momento, ela me lançou um olhar e encontrei os seus
olhos por um instante.

Instante no qual coloquei palavras em relação ao seu olhar, ao rosto e


ao diálogo que neste cruzamento de olhares era engendrado situando
aí um dizer mais além dos olhos, da ação de ver.
Villard (1984, apud Mousinho, 2002) acredita que as experiências sensoriais e
motoras, juntamente com a relaxação, propostas pela psicomotricidade,
reforçam os limites do corpo, mal definidos na criança autista. Acrescenta que
é necessário, primeiramente, oferecer o suporte das fronteiras do corpo, para
depois fazê-la compreender o interior e o exterior. Uma proposta que, às
vezes, dá um pouco de medo, mas que é bastante prazerosa é rolar no chão.

As crianças gostam e ao mesmo tempo têm todas as partes do corpo passando


pelo chão. É ótimo nos casos em que o contato físico com o outro, ainda causa
desconforto.

O corpo é todo contornado sem que haja “invasão de espaço”. Arrastar de


frente ou de costas também gera resultados positivos e agradáveis.
O olhar em conjunto com as experiências sensório-motoras é fundamental manter
uma relação através do olhar.

O olhar irá permitir que o terapeuta perceba todos os sinais, por mais imperceptíveis
que sejam, que a criança irá enviar. Estes sinais são importantíssimos na percepção
do estado tônico-emocional da criança.

O olhar do terapeuta, além de observador, deverá estar em constante busca do


encontro do olhar da criança, para que a partir deste momento, sejam facilitadas
novas vias de contato. Através do olhar, o psicomotricista saberá o que agrada e o
que incomoda, ou então o que parece ser indiferente, além de ser um excelente
meio de estabelecer vínculo.

Quando a criança é olhada sem medo nem preconceito, ela passa a ter confiança no
terapeuta, permitindo uma aproximação
Simone é uma menina de sete anos. Por ser muito grande e forte,
intimidava as pessoas que lidavam com ela. Com isto, se aproveitava da
situação para não fazer o que lhe era pedido.

No início, a psicomotricista também se sentia intimidada, pelas histórias de


agressão que lhe foram contadas sobre a menina. Percebendo o medo,
Simone a assustava, testando até aonde ela suportaria. Passada a fase
inicial, a psicomotricista passou a olhá-la sem medo e, ao mesmo tempo,
sem julgá-la. Aos poucos, Simone notou que ela estava ali para ajudá-la.

O olhar, permeado de ternura e acolhimento, fez com que, aos poucos,


Simone se aproximasse e deixasse que ela a tocasse.
O toque - como diz Mousinho, a pele é a área sensorial mais extensa do corpo,
sendo assim, o mais rico dos receptores. A pele é a zona de fronteira entre o
interior e o exterior do corpo. Anzieu (1985, apud Mousinho, 2002) fala sobre as
modalidades sensoriais compreendidas no sistema somestésico. Estas
modalidades seriam as sensações de pressão, vibração, dor, temperatura e
toque.

A psicomotricidade também irá trabalhar com o autista através do contato


corporal, explorando as diferentes variações do toque, do mais sutil ao mais
forte.

Normalmente, os toques mais fortes são preferidos pelos autistas. É importante


ressaltar o cuidado que se deve ter ao tocar uma criança, autista ou não. O
toque muito sutil pode erotizar ao invés de fazer perceber o corpo.
O toque tem diversas funções dentro do trabalho psicomotor. Além de dar contorno
ao corpo, suas variações possibilitam, aos poucos, uma maior aceitação, por parte da
criança autista, das sensações proporcionadas.

Voltando ao caso de Simone, após sua aproximação, a psicomotricista, tentando um


contato, pediu que ela lhe desse a mão.

Olhando diretamente nos olhos, Simone estendeu sua mão e deu um sorriso.
A terapeuta fez um carinho suave em sua mão, mostrando que o aceitava e que
estava ali para ajudá-la. Alguns minutos após, Simone abaixou a cabeça, oferecendo-a
para a terapeuta, quase deitando em seu colo.

É fundamental ressaltar, que o toque estava todo o tempo acompanhado do contato


ocular. O autista percebe o toque de maneiras diferenciadas e não necessariamente
coerentes.
Para exemplificar, cita-se parte do caso de Donna Williams (1992),
encontrado em Mousinho (2002, p. 117) “Donna Williams
considerava o contato físico como algo esmagador, pois havia medo
de perder a diferença entre ela e o outro. Em oposição, ela permitia
que outras pessoas a penteassem e fizessem cócegas nos pés e
antebraços. Segundo Williams, isso possibilitava a ela a
experimentação do prazer físico, mesmo que de forma primitiva”.
Alguns toques podem ser desagradáveis, enquanto outros podem
oferecer segurança e conforto, com isto são necessárias algumas
adaptações. Grandin (2002, p. 38), em sua autobiografia, escreve
sobre o estímulo tátil e suas sensações.
A seguir um trecho de seu relato:

“(...) O estímulo táctil, para mim e para muitas crianças


autistas, é uma situação em que só podemos perder. Nossos
corpos pedem o contato humano, mas quando esse contato se
estabelece, nós nos retraímos, porque nos provoca dor e
confusão (...) Quando eu era criança, porém, como não tinha
nenhum recurso mágico que me consolasse, costumava me
enrolar num cobertor, ou me cobrir com as almofadas do sofá,
para satisfazer meu desejo de estímulo tátil”.
O contato, tão importante para delimitar o corpo do autista, não
precisa ser físico, como foi visto no relato de Grandin. Pode, num
primeiro momento, ser feito com lençóis, cobertores, rolos de
espuma, etc.

Nesta situação, qualquer tipo de material é válido na busca de uma


textura que seja suportável para a criança autista.

Com o passar do tempo, dever-se-á incluir o contato físico, a fim de


ajudar na estruturação de sua unidade corporal e de tornar sua
relação com os outros mais próxima e agradável possível.
A voz - Aucouturier (1984) diz que a voz é a única sensação de
origem exteroceptiva que chega à criança in útero.

A criança, quando nasce, é capaz de reconhecer a voz de sua mãe,


antes mesmo de reconhecer seu rosto, através do ritmo e da
melodia. Segundo Aucouturier, “o ritmo e a tonalidade da linguagem
que exprimem as tensões afetivas e emocionais vividas pelo outro
em seu corpo são percebidos pela criança bem antes de seu
conteúdo propriamente semântico”.

Partindo deste princípio, pode-se pensar no mediador


importantíssimo que é a voz.
Quando se lida com as crianças autistas, muitas vezes, tem-se a sensação (no
caso daquelas que não se comunicam verbalmente) de se estar falando em
vão.

Refletindo um pouco sobre esta situação, deve-se questionar se realmente


fala-se em vão. Talvez, as palavras não estejam sendo compreendidas
semanticamente, mas isto não quer dizer que nenhuma mensagem esteja
sendo passada.

Os tipos de entonação da voz, do ritmo e do volume utilizados serão fatores


fundamentais na percepção da mensagem. Simone, citado anteriormente,
quando não queria fazer algo, colocava as mãos nos ouvidos e emitia sons,
igual a uma criança “birrenta”.
Era necessário avaliar a situação para saber calar ou falar de forma mais
enérgica. A criança, independente de sua patologia, capta sentimentos e
emoções que são passados através da voz.

A voz, por sua vez, estará em sintonia com o estado tônico-emocional do


indivíduo. Por exemplo, se o indivíduo estiver agitado, sua respiração estará mais
acelerada, seu tônus aumentado e, por mais que se tente disfarçar, a voz estará
modificada e, consequentemente, a fala mais exaltada. O mesmo ocorre no
sentido oposto.

É fundamental que o terapeuta tenha consciência do seu estado tônico-


emocional para que, na hora da atuação junto à criança, não transpasse seus
próprios problemas. Caso contrário, a voz em vez de grande aliada passará a ser
um instrumento de distanciamento não adequado.
Precisa-se utilizar a voz para
estabelecimento de vínculo com a
criança. Mousinho (2002) diz que o
envelope sonoro é um excelente
meio de contato e uma forma de dar
segurança e que particularmente
com autistas, a voz falada ou
cantada acalma.
É importante iniciar uma aproximação pela voz, mesmo
que seja apenas pedindo permissão para tal.

Deve-se sempre ter em mente que, ainda que a criança


não responda verbalmente, ela dá indícios de suas
vontades.

É necessário falar à criança todas as intenções e esperar


sua reação positiva ou negativa, pois sempre
haverá alguma.
O trabalho com crianças autistas é fascinante. Por um
lado, é extremamente complexo e trilha por
desenvolvimentos de habilidades que podem fixar em
um tempo de curto, médio ou longo prazo, já que se
precisa descobrir a melhor via de acesso para que se
possa comunicar.
É um processo de intensa observação e cuidado para
não se perder os pequenos sinais emitidos, tampouco
invadir um território sem permissão.
Os autistas são indivíduos com vontades e desejos expressos
que devem ser respeitados. Muitas vezes, na tentativa de
ajudar acaba-se por ultrapassar um limite, não considerando a
postura do outro.

Por outro lado, é muito gratificante, quando se percebe


singelas mudanças em seu comportamento, que irão, aos
poucos, possibilitar uma melhora na qualidade de vida.
O trabalho com autistas é permeado de muitas conquistas e
novas descobertas a cada instante.
As respostas obtidas dão esperança e incentivo, que são
fatores fundamentais em qualquer abordagem
terapêutica.

Optou-se pela estimulação sensorial, por não se acreditar


num trabalho de condicionamento que não os prepara
para a vida social e sim os restringe ao âmbito familiar.
Convém ressaltar que todo o processo terapêutico deve
incluir os familiares para que se possa ter um trabalho
integral e de qualidade.
Orientar a família em
relação à patologia e ao
tratamento proposto
torna-se fundamental e é
imprescindível
conscientizar os
familiares quanto a sua
atuação, como parte
integrante e importante
do tratamento.
Para que o trabalho seja
completo e apresente bons
resultados é necessária a
colaboração de todas as pessoas
envolvidas com a criança,
atuando num mesmo propósito,
o de ajudar as crianças a
conviverem melhor consigo
mesmas, com os outros e com o
meio que as cercam, para que
todos sejam mais felizes.
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS
DO
AUTISMO.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
O Autismo Infantil é um Transtorno do Desenvolvimento caracterizado
por déficits em diversas áreas, tais como: comunicação, interação social,
funcionamento cognitivo, processamento sensorial e comportamento.

No entanto, cada criança é única, evoluindo de formas distintas de


acordo com sua gravidade e com sua estimulação.

Diante da suspeita de um diagnóstico de autismo, acredita-se que


quanto mais cedo se inicie a estimulação adequada, mesmo antes do
fechamento deste diagnóstico, maiores serão as chances dessas crianças
terem uma boa evolução.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Observa-se que, na maioria das vezes, o diagnóstico
definitivo leva tempo demasiado devido à falta de
informação e formação dos profissionais procurados.
Diante desta situação, cabe ressaltar a importância da
Psicomotricidade no desenvolvimento dos autistas,
buscando torná-los mais autônomos nas tarefas
cotidianas, diminuindo a dependência de outrem e,
consequentemente, melhorando
imensamente sua qualidade de vida
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
A Psicomotricidade tem como objetivo principal estudar e trabalhar o ser
humano de uma maneira integrada, considerando que seus aspectos
motores, cognitivos, sociais e afetivo-emocionais atuam em conjunto,
interferindo de modo positivo ou negativo em suas relações consigo e com
o meio que o cerca.

O olhar psicomotor voltado para a criança autista poderá mudar o lugar que
lhe foi dado, de um alguém sem futuro e sem esperança, ampliando, assim,
as formas de tratamento.

A psicomotricidade irá mostrar que é possível interagir com eles através de


mediadores verbais e não verbais. Quanto menos estimuladas estas
crianças são, mais alheias ao mundo exterior elas se tornam e mais difíceis
de serem compreendidas. Com isto, as famílias, em muitos dos casos,
colocam seus filhos em escolas e instituições por período integral.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Os comportamentos inadequados dos autistas, também
interferem no relacionamento familiar, dificultando interações de
qualidade.

É importante observar que todo o trabalho feito com as crianças


autistas deve ser permeado de um cuidado mais do que especial.
É necessária uma postura de observação minuciosa por parte do
terapeuta e o conhecimento da patologia, para maior
compreensão do bom andamento da estimulação.

Além disto, são fatores fundamentais, o amor, a disponibilidade e,


acima de tudo, a confiança nessas crianças e a credibilidade na
possibilidade de desenvolvimento destas.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
CID. 10: O autismo foi definido pela primeira vez por L. Kanner em 1943 com o
termo Distúrbios Autísticos do Contacto Afetivo, quadro caracterizado por
autismo extremo, obsessividade, estereotipias e ecolalia.

Essas crianças, logo no início de suas vidas, viviam fora do mundo, mantinham
uma relação inteligente com os objetos, não alterando, porém, seu isolamento.
Assumpção (1995), em seus estudos, diz que, em 1949, Kanner passou a
denominar o quadro como Autismo Infantil Precoce para descrever uma
criança de menos de três anos de idade com dificuldade profunda no contato
com as pessoas, um desejo obsessivo de preservar as coisas e as situações,
uma ligação especial aos objetos e a presença de uma fisionomia inteligente,
além de alterações de linguagem, que se estendiam do mutismo a uma
linguagem sem função comunicativa, revelando inversão pronominal,
neologismos e metáforas.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Para Kanner, o autista descrito diferenciava-se do esquizofrênico por
apresentar isolamento extremo e desapego do ambiente já no primeiro
ano de vida, e a boa potencialidade intelectual observada também o
diferenciava do oligofrênico. Mesmo assim, continua incluindo este
tema no capítulo de esquizofrenia infantil em suas obras literárias.

Outro fato importante é que Kanner utiliza este termo apenas naquelas
crianças em que nenhum exame revelou qualquer alteração orgânica,
ou seja, era um diagnóstico por exclusão. Kanner, em 1954, considera o
Autismo Infantil como uma psicose. Ressalta a sofisticação e a
dificuldade nos relacionamentos interpessoais das famílias com um
padrão obsessivo, fazendo uso do termo refrigeração emocional.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
A diferenciação do termo autismo de esquizofrenia, ressaltando o
caráter psicológico importante daquele, só ocorre em 1956. Até o final
de seus trabalhos, Kanner continua enquadrando o Autismo Infantil
dentro do grupo das psicoses infantis. Assumpção destaca, ainda, que
H. Asperger, durante a Segunda Guerra Mundial, tenta reclassificar o
autismo como psicopatia autística, uma definição bem mais ampla
que a de Kanner, incluindo casos que mostravam um dano orgânico
severo e aqueles que transitavam para a normalidade. W. Spiel (1961)
inclui este novo termo como subgrupo da psicopatia esquizoide.
Atualmente, o termo síndrome de Asperger tende a ser reservado
para as crianças autistas inteligentes, altamente produtivas e verbais.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Para Assumpção, novos nomes surgem na história com propostas diversas
na tentativa de reunir, numa classificação única, todos os termos
empregados, até então, na definição do autista.

Ajuriaguerra (1973) enquadra o Autismo Infantil dentro das psicoses


infantis caracterizadas como sendo um transtorno da personalidade
dependente de uma desordem da organização do Eu e da relação da
criança com o mundo circundante.

Sua divisão é feita inicialmente em Distúrbios Psicóticos Precoces e


Distúrbios Psicóticos da Idade Escolar, subdividindo o primeiro grupo em
Autismo Precoce de Kanner e Autismo Precoce num sentido mais amplo.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Muito se discutiu e se questionou desde então, mas as opiniões continuaram
divergindo e as classificações ora visavam à etiologia, ora visavam à descrição
clínica, ambas falhas e muito abrangentes. Segundo Gillberg (1990 apud
Assumpção 1995), o autismo, desde a década de 90, é considerado como
uma síndrome comportamental com etiologia múltipla, com um distúrbio no
curso do desenvolvimento e caracterizado por um déficit na interação social
visualizado pela inabilidade em relacionar-se com o outro, usualmente
combinado com déficits de linguagem e alteração de comportamento.

A classificação mais atual que leva em conta aspectos etiológicos e clínicos


do autismo o classifica como um dos Transtornos Invasivos do
Desenvolvimento.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.

Segundo o Manual de Estatística e Diagnóstico das


Desordens Mentais da Associação Americana de
Psiquiatria (APA), em sua IV edição (DSM-IV), estes
Transtornos se caracterizam por prejuízo severo e
invasivo em diversas áreas do desenvolvimento, tais
como: nas habilidades da interação social, nas
habilidades de comunicação, nos comportamentos, nos
interesses e atividades.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Os prejuízos qualitativos que definem essas condições representam um
desvio acentuado em relação ao nível de desenvolvimento ou idade
mental do indivíduo. Esta seção do DSM-IV inclui o Transtorno Autista,
Transtorno de Rett, Transtorno Desintegrativo da Infância e o Transtorno
de Asperger. Embora termos como psicose e esquizofrenia da infância já
tenham sido usados no passado com referência a indivíduos com essas
condições, evidências consideráveis sugerem que os Transtornos Invasivos
do Desenvolvimento são distintos da Esquizofrenia, entretanto, um
indivíduo com Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, ocasionalmente,
pode, mais tarde, desenvolver também a Esquizofrenia.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), através de sua


Classificação Internacional das Doenças, 10ª revisão (CID. 10),
refere-se ao Autismo Infantil (ou síndrome de Kanner) como
uma Síndrome existente desde o nascimento ou que começa
quase sempre durante os trinta primeiros meses, onde as
respostas aos estímulos auditivos e às vezes aos estímulos
visuais são anormais, havendo, habitualmente, graves
dificuldades de compreensão da linguagem falada.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
A fala é atrasada e, quando desenvolve, caracteriza-se por
ecolalia, inversão de pronomes, imaturidade da estrutura
gramatical e incapacidade de empregar termos abstratos.
Geralmente há uma alteração do uso social da linguagem verbal e
gestual.

Os problemas de relação com os outros são os mais graves antes


dos cinco anos de idade e comportam principalmente um defeito
de fixação do olhar, das ligações sociais e da atividade de brincar.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
A CID. 10 fala do comportamento ritualizado do autista, com
hábitos anormais, resistências às mudanças, apego a objetos
singulares e brincadeiras estereotipadas.

A capacidade de pensamento abstrato ou simbólico e de fazer


fantasias está muito diminuída neste transtorno.

O nível de inteligência varia do retardo profundo ao normal ou


acima do normal.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
O desempenho é habitualmente melhor para as atividades que
requerem aptidões mnêmicas ou visões parciais automáticas do
que para as que necessitam das aptidões simbólicas ou linguísticas.
Portanto, sobre o Autismo Infantil a CID. 10 diz tratar-se de um
transtorno global do desenvolvimento definido pela presença de
desenvolvimento anormal e/ou comprometido que se manifesta
antes da idade de 3 anos e pelo tipo característico de
funcionamento anormal em todas as três áreas de interação social,
comunicação e comportamento restrito e repetitivo.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
O desempenho é habitualmente melhor para as atividades que
requerem aptidões mnêmicas ou visões parciais automáticas do
que para as que necessitam das aptidões simbólicas ou linguísticas.
Portanto, sobre o Autismo Infantil a CID. 10 diz tratar-se de um
transtorno global do desenvolvimento definido pela presença de
desenvolvimento anormal e/ou comprometido que se manifesta
antes da idade de 3 anos e pelo tipo característico de
funcionamento anormal em todas as três áreas de interação social,
comunicação e comportamento restrito e repetitivo.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Os números de incidência do Autismo Infantil divulgados por
diversos autores variam muito, à medida que cada autor obedece
e/ou aceita diversos critérios de diagnóstico, de tal forma que o que
para uns é Autismo Infantil, para outros não é. De qualquer modo,
os índices atualmente mais aceitos e divulgados variam dentro de
uma faixa de 5 a 15 casos em cada 10.000 indivíduos, dependendo
da flexibilidade do autor quanto ao diagnóstico. Porém,
independentemente de critérios de diagnóstico, é certo que a
síndrome atinge principalmente crianças do sexo masculino.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.

As taxas para o transtorno são quatro a cinco


vezes superiores para o sexo masculino,
entretanto, as crianças do sexo feminino com
esse transtorno estão mais propensas a
apresentar um Retardo Mental mais severo que
nos meninos.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.

“Ao DSM- IV (1994), é relatado como um quadro iniciado


antes dos três anos de idade, com prevalência de quatro a
cinco crianças em cada 10.000, com predomínio maior
em indivíduos do sexo masculino (3:1 ou 4:1) e
decorrente de uma vasta gama de condições pré-, peri-,
e pós-natais (ASSUMPÇÃO, 2003, p. 265)”.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Moraes, em 1999, destaca que as duas teorias que se aproximam de
um esclarecimento conceitual sobre o Autismo Infantil são: a Teoria
Afetiva e a Cognitiva. A primeira proposta, originalmente representada
por Kanner (1943), a partir do seu trabalho Distúrbios Autísticos do
Contacto Afetivo, teve, posteriormente, vários desdobramentos. A
segunda, contrapondo-se à primeira, é chamada de Teoria da Mente e
tem como teóricos: Baron-Cohen (1988, 1990, 1991) e Frith (1988).
Esta última teoria será melhor explicada mais adiante.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
As principais características do Autismo são o transtorno no
reconhecimento social, distúrbios na comunicação verbal e não verbal,
deficiência da imaginação e da compreensão social, repertório restrito
de interesses e alguns comportamentos inespecíficos associados.

O transtorno no reconhecimento social apresenta-se em quatro níveis


que vão desde a forma mais grave até o limite com a normalidade.
A forma mais grave caracteriza-se por grande isolamento e indiferença
às pessoas.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Na forma mais atenuada, apesar de não haver procura por contato, o
aceita e responde. Na forma mais branda, já ocorre a procura por contato,
porém não sabe como fazê-lo e apresentam dificuldade em entender a
intenção das pessoas.

No último nível, que é o no limite com a normalidade (Síndrome de


Asperger), os indivíduos demonstram dificuldade em se adaptar e
entender o meio social. Porém, conseguem se “desenvolver socialmente”,
podendo trabalhar e, até mesmo, fazer faculdade. Isto dificulta o
diagnóstico do quadro, apesar do indivíduo continuar isolado.

Os distúrbios da interação social nas crianças autistas podem ser


observados desde o início da vida.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Nos autistas clássicos, o contato olho a olho já apresenta
alterações antes do primeiro ano de vida. Algumas crianças
podem olhar de canto de olho, muito brevemente, ou até
mesmo não fazer contato algum. Estas, olham através do
outro como se fosse possível atravessá-lo. Desde bebês, a
maioria das crianças não demonstra postura antecipatória ao
serem pegas pelos pais, podendo tornar-se espásticas ou com
tônus muito rebaixado demonstrando total aversão ou
desinteresse ao toque ou ao abraço. Estas situações irão
originar dificuldades em se moldar ao corpo dos pais.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Quando recolocados no berço, dão a impressão de não se importarem.
Segundo Gauderer, Ritvo e Ornitz (1987), durante o período de zero a seis
meses, os bebês autistas podem não solicitar muito e não notar a chegada ou
a saída da mãe.

Custam a responder a sorrisos, ou simplesmente não respondem.

Frequentemente não revelam ansiedade ou medo de estranhos, por volta


dos oito meses, como faria uma criança normal e saudável.

Geralmente, também não brincam de “esconder”. Crianças que,


posteriormente, receberam o diagnóstico de autismo, demonstravam falta de
iniciativa, de curiosidade ou comportamento exploratório quando bebês.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Os autistas têm um estilo particular de se relacionar, podendo utilizar-se dos pais ou de
alguma outra pessoa mais próxima para conseguirem o que desejam. O corpo do outro se
transformará num instrumento que irá possibilitar realizar alguma ação.

Um exemplo disto é quando uma criança autista pega a mão de sua mãe e a utiliza para
abrir uma porta ao invés de utilizar sua própria mão. Assumpção (1995) mostra, em seus
estudos, que Baron-Cohen (1988, 1990, 1991) e Frith (1988) desenvolveram uma teoria
cognitiva que denominaram Teoria da Mente.

O foco principal desta teoria é de que a dificuldade central da criança autista é a


impossibilidade que possui para compreender estados mentais de outras pessoas. Ou
seja, a criança autista não consegue diferenciar expressões emotivas dos outros, como
alegria e tristeza, amor e ódio, e assim por diante. É como se as outras pessoas tivessem
sempre a mesma feição. Deste modo, além de não conseguirem explicar diferentes
comportamentos, também não podem prevê-los.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Os autistas têm uma incapacidade de atribuir aos outros indivíduos
sentimentos e pontos de vista diferentes do seu próprio. Este fato faz com
que as crianças autistas não compreendam o estabelecimento das relações
de amizade. Sendo assim, algumas delas podem não ter amigos enquanto
que outras acreditam que todas as crianças de sua turma são suas amigas. Os
autistas apresentam dificuldades em manter um contato social inicial e de
sustentá-lo, sendo este interrompido prematuramente com frequência.

O atraso na aquisição da linguagem verbal é, na maioria das vezes, o motivo


pelo qual os pais procuram ajuda médica. Enquanto a criança é apenas
quieta, os pais não se incomodam, pois a mesma dá menos trabalho. Alguns
vizinhos, amigos e parentes podem até invejá-los por não ter tanto sossego.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
O problema realmente começa quando a criança não fala ou quando fala de um
modo particular. Neste momento, aquela criança torna-se diferente das demais e
começa a ser “atrasada”. De acordo com Gauderer et al (1987), por volta do
quinto ano as atenções voltam a se dirigir para a fala. A criança continua ausente
ou com poucas palavras usadas de maneira inconsciente.
Observa-se também – quando há alguma fala – uma ecolalia, lembrando um
papagaio ou um toca-fitas, pois a criança repete palavras ou frases inteiras fora
do contexto ou à margem de uma conversação. Há tendência em repetir a fala de
outros sem levar em consideração o contexto social ou valor comunicativo das
palavras.
Nas crianças autistas, a comunicação não verbal precoce é usualmente limitada
ou inexistente
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.

Os bebês, ditos normais e mesmo os surdos,


rapidamente desenvolvem um meio de se comunicar
através de sinais não verbais: demonstram suas
emoções pela expressão facial, procuram por pessoas e
objetos de interesse, antecipam-se para serem pegos
por seus pais, obtendo contato físico. Já com as crianças
autistas ocorre o contrário. Estão quase sempre
centradas em si, demonstrando desinteresse pelo
mundo e pelas pessoas que as cercam.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Desde tenra idade, os jogos de faz de conta e de imitação
social, habituais nas crianças com desenvolvimento normal,
são falhos ou inexistentes. “Quase sem exceção, os autistas
apresentam atraso ou ausência no desenvolvimento da
linguagem verbal, que não é compensado pelo uso da
gestualidade ou outras formas de comunicação” (MORAES,
1999). Gauderer et al (1987, p.117) aborda que, “quando a
fala comunicativa se desenvolve ela é atonal, arrítmica, sem
inflexão, e incapaz de comunicar apropriadamente as
emoções”.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.

Os bebês, ditos normais e mesmo os surdos,


rapidamente desenvolvem um meio de se comunicar
através de sinais não verbais: demonstram suas
emoções pela expressão facial, procuram por pessoas e
objetos de interesse, antecipam-se para serem pegos
por seus pais, obtendo contato físico. Já com as crianças
autistas ocorre o contrário. Estão quase sempre
centradas em si, demonstrando desinteresse pelo
mundo e pelas pessoas que as cercam.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.

Em resumo, os problemas de linguagem se


baseiam: na ausência de qualquer desejo de se
comunicarem com os outros; na expressão de
necessidade sem outro tipo de comunicação; os
que têm fala normal, podem fazer comentários
fora do contexto da conversa e podem falar
bastante, contudo, não se envolvem na conversa,
respondendo sem fazer perguntas.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.

Os autistas são
extremamente
visuais, ou seja,
todo seu
entendimento
está na base do
concreto.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Segundo Rodrigues (s/d), seus pensamentos são
imagens concretas e visuais. Sendo assim, “o que
pode ser visto e gravado como imagem concreta ao
nível de cérebro tem função para os autistas; o que
necessita de elaboração, introspecção ou
interpretação social é extremamente difícil para eles”.
Isto dificulta o entendimento deles da realidade, pois
a vida social, com suas regras e manejos,
é pura interpretação.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.

Os autistas também
apresentam
dificuldade em
combinar ou
integrar ideias e em
generalizar.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Segundo Rodrigues (s/d), seus pensamentos são
imagens concretas e visuais. Sendo assim, “o que
pode ser visto e gravado como imagem concreta ao
nível de cérebro tem função para os autistas; o que
necessita de elaboração, introspecção ou
interpretação social é extremamente difícil para eles”.
Isto dificulta o entendimento deles da realidade, pois
a vida social, com suas regras e manejos,
é pura interpretação.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Os interesses das crianças autistas costumam se
diferenciar dos interesses das demais crianças por seu
foco e intensidade. Em geral, estas crianças se
interessam por determinadas partes de um objeto, ao
invés do todo. Por exemplo, um autista pode passar
horas brincando com as rodas de um carrinho. Até
porque uma das características deles é a fixação por
girar objetos ou por objetos que giram sozinhos, tal
como o ventilador de teto.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.

Outra característica é que as crianças autistas podem


aprender e memorizar uma quantidade enorme de
informações sobre um determinado assunto, como
comerciais e músicas e “conversar” de forma
insistente e estereotipada sobre o assunto por eles
escolhido.

Esta “conversa”, em geral, é uma fala constante, com


uma mesma entonação, sem intenção de diálogo.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.

Os autistas costumam apresentar comportamentos inflexíveis


com rotinas e rituais não funcionais.

Um exemplo disto é o fato de poderem sempre seguir o mesmo


caminho até a escola ou separar todos os alimentos na hora de
comer, sem deixar um encostar-se ao outro, para não sujar.

Mudanças no ambiente que a criança costuma frequentar


podem causar episódios de agitação psicomotora e
agressividade.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
O simples fato de mudar uma cadeira de lugar numa sala, para eles pode causar
um grande transtorno; a criança é capaz de chorar até que a cadeira seja
devolvida para seu antigo lugar.

A retirada de um livro da estante também pode ser motivo de conflito.

Movimentos corporais estereotipados são comuns. Gauderer et al (1987)


destaca que o observar atento das mãos e os seus movimentos de dedos
(fenômeno normal numa criança de seis meses) passa a ser uma característica
muito repetitiva do autista. Ele acrescenta a isto movimentos de sacudir
vigorosamente as mãos (flapping) ou rapidamente movimentar os dedos como
se estivesse batendo a máquina, observando este fenômeno sem o olhar
diretamente.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Outros movimentos corporais também estão presentes, como o andar na
ponta dos pés, balanceio da cabeça e/ou do tronco como se estivessem
se ninando, saltos e rodopios. Podem ficar em pé rodando minutos
seguidos sem ficarem tontos.

Estes movimentos costumam ficar mais intensos e podem ocorrer


simultaneamente, diante de um quadro de ansiedade ou quando
contrariados. Assim, de acordo com Gauderer et al (ibid), um estímulo
qualquer pode fazê-los correr subitamente em círculos na ponta dos pés,
rodar, parar repentinamente, se balançar para frente e para trás e fazer
movimentos bruscos e repetitivos enquanto sacode as mãos como se as
quisesse enxugar sem toalha.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Segundo Moraes (1999), existem várias características clínicas no
autismo que não são incluídas nos critérios diagnósticos.

No entanto, isto não quer dizer que são menos importantes.


Alguns dos sintomas relacionados à Síndrome são: hiperatividade,
curto tempo de atenção, impulsividade, agressividade com os
outros e consigo e agitação psicomotora.

A questão da atenção, segundo Gauderer et al (ibid), está


relacionada com um erro de seletividade. Os autistas teriam uma
incapacidade de modular ou sintonizar entradas sensoriais
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.

Alguns autistas têm respostas extremas aos


estímulos sensoriais, tais como
hipersensibilidade ao toque, som, luz,
textura de certos materiais, sensações
proprioceptivas ou vestibulares devido a
mudanças de posição e fascinação por
certos estímulos visuais e auditivos
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Autistas mostrar falta de interesse por objetos como o
chocalho, o móbile do berço ou no próprio movimento
destes, mas reagir de modo exagerado a sons como buzina,
campainha ou telefone.

Não se sabe ao certo o porquê, mas a maioria dos sintomas


já referidos, a partir do quarto ou quinto ano de vida,
diminui em intensidade, principalmente em relação às
reações exacerbadas por estímulos sensoriais e alterações
do movimento.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO: TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR QUALIDADE DE VIDA.
Distúrbios do sono e alimentares também são comuns. Muitas crianças rejeitam
certos tipos de alimentos, principalmente os sólidos, pelo fato de não quererem
mastigar.

É muito comum estas crianças ingerirem, durante muitos anos, comida passada no
liquidificador, a não ser que ocorra uma intervenção direta para modificar este
comportamento.

Medo excessivo em situações corriqueiras e perda do medo em situações de risco,


também são frequentes. Moraes (1999) destaca, em seu estudo, que estes sintomas
inespecíficos, apesar de não fazerem parte dos critérios diagnósticos primários, são
os que mais trazem problemas para a família e a equipe terapêutica, fazendo com
que as crianças, muitas vezes, tenham que ser medicadas com psicotrópicos, para um
melhor controle desses comportamentos.
PSICOMOTRICIDADE E AUTISMO:
TRABALHANDO O CORPO, ATRAVÉS DA
ESTIMULAÇÃO SENSORIAL PARA A MELHOR
QUALIDADE DE VIDA.

Agradeço sua participação nesse curso, te


aguardo na próxima semana com mais
cursos relevantes ao contexto do AUTISMO.
REFERENCIA:
ACCIOLY, M. C. C. Autismo: informações básicas. 1999. Apostila apresentada no I
Encontro de amigos e parentes do autista, realizado no Instituto Fernandes
Figueira em 19 de julho de 2003. AJURIAGUERRA, J. Manual de Psiquiatria
Infantil. 2a ed. Tradução: Paulo Cesar Geraldes e Sônia Regina Pacheco Alves. São
Paulo: Atheneu, 1973. 952 p. ISBN 85-85005-05-X AMERICAN PSYCHIATRIC
ASSOCIATION Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edition.
Washington: American Psychiatric Press, 1994.
AUCOUTURIER, B. e LAPIERRE, A. Bruno: Psicomotricidade e Terapia. 2ª ed.
Tradução: Alceu Edir Fillman. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. 80 p.
_________________________________. Fantasmas Corporais e a prática
psicomotora. Tradução: Regina Soares e Silva e Sônia Artin Machado. São Paulo:
Manole, 1984. 139 p. _________________________________. Os contrastes e a
descoberta das noções fundamentais. 2a ed. Tradução: Sônia Artin Machado. São
Paulo: Manole, 1985. 236 p.
REFERENCIA:
ACCIOLY, M. C. C. Autismo: informações básicas. 1999. Apostila apresentada no I
Encontro de amigos e parentes do autista, realizado no Instituto Fernandes
Figueira em 19 de julho de 2003. AJURIAGUERRA, J. Manual de Psiquiatria
Infantil. 2a ed. Tradução: Paulo Cesar Geraldes e Sônia Regina Pacheco Alves. São
Paulo: Atheneu, 1973. 952 p. ISBN 85-85005-05-X AMERICAN PSYCHIATRIC
ASSOCIATION Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, 4th edition.
Washington: American Psychiatric Press, 1994.
AUCOUTURIER, B. e LAPIERRE, A. Bruno: Psicomotricidade e Terapia. 2ª ed.
Tradução: Alceu Edir Fillman. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989. 80 p.
_________________________________. Fantasmas Corporais e a prática
psicomotora. Tradução: Regina Soares e Silva e Sônia Artin Machado. São Paulo:
Manole, 1984. 139 p. _________________________________. Os contrastes e a
descoberta das noções fundamentais. 2a ed. Tradução: Sônia Artin Machado. São
Paulo: Manole, 1985. 236 p.
REFERENCIA:
BOSCAINI, F. Qual identidade corpórea na psicomotricidade? Revista do corpo e da
linguagem, Rio de Janeiro, VIII ed., p.129-153, março 1985.
BRAGA, L. S. O ato psicomotor em cena. Monografia apresentada para a conclusão do
curso de graduação em Psicomotricidade. Instituto Brasileiro de Medicina de
Reabilitação, Rio de Janeiro, 1995. 49 p.
COSTE, J.C. A psicomotricidade. 2ª ed. Tradução: Álvaro Cabral. Rio de Janeiro: Zahar
Editores, 1981. 96 p. FAINBERG, J. Esquema Corporal. Revista do corpo e da
linguagem, Rio de Janeiro, n.1, p. 5-11, Jul. 1982. FAY, W. H. Autismo Infantil in
BISHOP e MOGFORD e col. Desenvolvimento da linguagem em circunstâncias
excepcionais. Tradução: Mônica Patrão Lomba e Leão Lankszner. Rio de Janeiro:
Revinter, 2002. p. 261-279. ISBN 85-7309-560-1
DRUMOND, Simone Helen Ischkanian. Psicomotricidade e autismo: trabalhando o
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