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Serviço Social e Intervenção Sistémica com a Família

– Fatores Preditores da Eficácia na Intervenção Atividade 3 – Trabalho em Grupo

Formadora: Ilda Reis, 2023

A VISITA DOMICILIÁRIA
(Reflexão crítica/construtiva - Uma Metáfora do Processo de Intervenção Familiar)

Depara-se com uma situação bastante grave em termos de higiene, organização da casa.

1. Crie um cenário e faça a descrição do mesmo.


2. Reflita sobre as seguintes questões:

- Qual a postura do Assistente Social no espaço da família?

- O que observa? Descreva a situação, como se fosse num relatório social.

- O que é importante resolver ou modificar?

 Elabore um discurso ilustrativo de como comunicaria à família a sua preocupação e como


resolveria esta situação- problema?

REFLEXÃO

Escolhi este cenário da VD, como metáfora para reflexão relativamente à forma como nós
técnicos entramos na Vida (privada, seio familiar) das famílias/indivíduos com as quais
trabalhamos, muitas das vezes sem um consentimento efetivo/realista destas pessoas.

De que forma seguimos um caminho com rumo a uma porta aberta que, de boa vontade e recetividade
nos queira receber?

Qual a nossa postura? Qual a nossa compreensão manifesta para com a situação - problema? De que
forma consideramos e respeitamos a sua cultura familiar, os seus interesses e motivações?
...

A VD é uma excelente metáfora (a meu ver) com o processo interventivo e de que forma
construímos a RELAÇÃO com cada Família.
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– Fatores Preditores da Eficácia na Intervenção Atividade 3 – Trabalho em Grupo

Entramos na Vida Familiar (na sua esfera privada, na sua casa, nas suas relações, 'intrometemo-
nos" nos seus desejos, exploramos os seus Sentimentos, Fragilidades, Necessidades), e muitas
das vezes sem um consentimento efetivo e realista.

Através de uma postura empática: Como gostaríamos que agissem connosco?

O que nos motiva para gostarmos de conversar com uma determinada pessoa, ou procurar os
seus conselhos / orientações...?

De que forma colocamos em prática as nossas intervenções ? Como construímos a solução para
os problemas ?

Consciencializar. Envolver. Capacitar. Responsabilizar.


Mas acima de tudo respeitar e valorizar a competência da família, a sua autodeterminação na
tomada de decisões daquela que é a sua Vida.

Os nossos objetivos enquanto profissionais e os objetivos da família devem ser negociados,


realistas. Que façam sentido para as próprias famílias. Só assim, com motivação intrínseca, é
que se consegue a cooperação da família no seu processo de mudança, assumindo que são elas
as protagonistas das suas Vidas.

O que esperam as famílias de nós profissionais ?

São aspetos muito importantes refletirmos e termos consciência na construção da relação com
um indivíduo ou família, uma vez que constituem fatores preditores da eficácia da nossa
intervenção.

Com base no trabalho realizado pela colega Bonifácia, apresentado numa perspetiva prática,
em forma de comentário apresento ALGUMAS NOTAS:

Depara-se com uma situação bastante grave em termos de higiene, organização da casa.

1. Crie um cenário e faça a descrição do mesmo.

“No dia 17 de agosto de 2022 decorreu uma visita domiciliária após um encaminhamento efetuado
pelos serviços sociais da escola. A família P vive numa casa, numa aldeia no concelho de Barcelos na qual
residem 2 adultos (progenitores) e 3 crianças, 2 do sexo masculino e 1 do sexo feminino, com 10, 7 e 5
anos, respetivamente.

Aquando da visita foi possível verificar que havia falta de higiene pessoal e do cuidado dos adultos e das
crianças, assim como desorganização e falta de limpeza da casa e do espaço envolvente. Ainda, na casa
existem animais de estimação, 4 gatos, que circulam livremente e apresentavam um aspeto pouco
cuidado, sugerindo a presença de pulgas.

No que se refere à ocupação dos progenitores, o Sr. X, está desempregado, sendo referido que está
todos os dias por casa, e evidencia sinais de alcoolismo. A Sra. Y está empregada e trabalha numa
empresa têxtil, havendo no entanto, dias em que não trabalha, quando o volume de trabalho diminui.
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2. Reflita sobre as seguintes questões:

- Qual a postura do Assistente Social no espaço da família?

Sendo a primeira visita, a postura do AS deverá ser de observação, evitando a manifestação de qualquer
tipo de juizo de valor. Deverá ocorrer a recolha de informação através de entrevista que permitirá a
identificação das situações problemáticas que justificam intervenção e encaminhamento para os
serviços de apoio necessários.

O objetivo da visita prende-se com a necessidade de identificar e avaliar as situações problemáticas para
posterior encaminhamento para os serviços adequados.

- O que observa? Descreva a situação, como se fosse num relatório social.

A família P foi sinalizada pelos serviços sociais do agrupamento de escolas que as crianças frequentam
por evidenciarem vulnerabilidades que sugerem situação de risco. A visita domiciliária foi realizada por
duas técnicas do serviço, a psicóloga e a assistente social. O

No dia 17 de agosto de 2022, pelas 14.00 horas realizou-se a visita domiciliária à família P. A família
reside na freguesia W, situada no concelho de Barcelos, numa casa térrea, antiga, com espaço
envolvente em terra batida. O espaço apresenta-se descuidado e com a acumulação de lixo.

Após apresentação das técnicas e pedido de permissão para fazer a visita, o qual foi acedido pelos
adultos. Após esse momento foi solicitada a identificação dos membros da família, registando-se que
fazem parte do agregado familiar o Sr. X, 48 anos, progenitor dos menores e que se encontra em
situação de desempregado; a Sra. Y, 43 anos, progenitora dos menores, empregada. A filiação é
composta por 3 crianças, o A com 10 anos, o B com 7 anos e a C com 5 anos. No que se refere à
escolarização, o Sr X tem o 6º ano e a Sra Y o 4º ano, encontrando-se todas as crianças a frequentar
regularmente a escola.

A casa onde reside a família P apresenta sinais de degradação, verificando-se que existem telhas
partidas, sendo descrito pela Sra Y que chove em casa, sendo necessário usar bacias e baldes para
recolher a água. Existem 2 quartos, 1 sala e 1 cozinha. As crianças partilham o quarto, sendo o outro
para uso dos pais. É evidente a desarrumação e a existência de um cheiro nauseabundo, verificando-se
roupa espalhada e amontoada na sala, garrafas de plástico, papéis e pacotes de sumo espalhados na
sala. Na cozinha é possível registar que há louça por lavar, o chão está sujo e a mesa tem a toalha
colocada estando a mesma suja. O local de estudo das crianças é na mesa da cozinha.

Na cozinha verifica-se ainda que além da falta de higiene, maioritariamente, existem alimentos pouco
saudáveis, não se vendo a presença de frutas ou legumes. Quando questionada sobre o seu consumo, a
Sra. Y refere que não gostam muito e não costumam comer, reduzindo-se o consumo a maçãs, quando
um vizinho oferece.

Na casa é ainda possível ver a circular livremente 4 gatos que apresentam um aspeto que sugere não
serem desparasitados, ao que o Sr. X responde que não podem pagar consultas de veterinário por isso
os animais nunca tomaram nenhuma vacina.

No que se refere aos membros da família, as crianças apresentam-se com falta de higiene (nódoas de
sujidade no pescoço, unhas sujas, dentes pouco cuidados), roupa suja e rasgada e chinelos rotos. A Sra Y
e o Sr X também evidenciam falta de higiene que se faz notar através do cheiro, do aspeto físico e da
roupa suja. É ainda possível sentir o cheiro a álcool quando o Sr. X se aproxima.
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Relativamente aos rendimentos da família P, o Sr. X refere que está desempregado há


aproximadamente 4 meses porque teve um desentendimento com o patrão da empresa em que
trabalhava na área da carpintaria. Geralmente, os seus dias são passados em casa. A Sra Y trabalha
numa empresa têxtil, há aproximadamente 5 anos, mas tem momentos em que fica em casa quando o
volume de trabalho da fábrica diminui.

Face a esta situação, justifica a intervenção dos serviços sociais, sendo importante definir com a família
um plano que promova a mudança e aquisição de hábitos positivos, criando condições para o bem estar
e desenvolvimento saudável das crianças.

- O que é importante resolver ou modificar?

Traçar um plano conjunto de higiene, de organização da casa e do espaço, do orçamento familiar sendo
que no mesmo deve estar contemplada a aquisição dos bens alimentares saudáveis. Deve ainda ser
proposta a procura de emprego para o Sr X, após encaminhamento para serviço de apoio ao tratamento
dos consumos de álcool que promovam uma integração positiva.

 Elabore um discurso ilustrativo de como comunicaria à família a sua preocupação e como


resolveria esta situação- problema?

“Queremos agradecer ao Sr. X e à Sra Y por nos receberem em vossa casa e nos darem possibilidade de
os conhecer melhor e saber as coisas em que os poderemos tentar ajudar.

É importante contar com a vossa ajuda para definir as coisas que podem ser mudadas e de que forma o
podemos fazer.

Quais são as situações que sentem serem mais difíceis de gerir ou resolver? ...

Muito bem, vamos então trabalhar em conjunto e se consentirem encaminharemos para os serviços que
podem intervir e apoiar na resolução dos problemas.”

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