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Jornada Relações Familiares

Tema: Relações de casais na quarentena


Professora Maly Delitti - CeAC e FMUSP / SP
Os nossos antepassados emitiram resposta de fuga e esquiva
Unidade de análise: comportamento – comportamento é uma relação. Eu vou
estudar o indivíduo inteiro interagindo com um contexto ambiental em particular. No
casamento estamos lidando com duas pessoas, com histórias de vidas diferentes que
vão interagir no contexto do presente
Exemplo do cliente: sabe Maly, eu e ela somos como dois vagões que vem um
de cada lado carregados de coisas que vão se encontrar pra se juntar e virar um trem.
O que é o casamento? Festa? Juiz? ...e viveram felizes para sempre
Mas a vida não é um conto de fada
Nunca é perfeito, maravilhoso, ótimo ou péssimo
Qual é o seu ESTADO civil? Eu SOU casado. SER-ESTAR
A qualidade do relacionamento entre as pessoas vai se transformando com o
tempo e as experiências
Porque ocorrem mudanças? As pessoas mudam, as características de cada
fase mudam, as exigências pessoais mudam e a vida como um todo muda.
Situação de controle aversivo: quando nós vemos uma situação aversiva
respondemos com fuga e esquiva, mas quando o nosso inimigo é invisível (COVID)
nós ficamos desamparados – diminuindo nossas respostas de fuga e esquiva. Nossas
respostas de fuga e esquiva atual demandam do nosso repertório (usar máscara, ficar
em casa). Nós temos que buscar por novos reforçadores. A nossa casa é um controle
de estímulos para várias outras coisas: dançar, namorar, conversar, cozinhar e agora
trabalhando (antes o ambiente não sinalizava isso). No casamento, nós também temos
que buscar outros reforçadores. Para encontrar esses novos reforçadores, nós temos
que nos comunicar.
Agora os casais de aproximaram mais. Esta proximidade é algo bom ou ruim?
Depende de quanto se conheciam, de quanto a fora de casa era reforçadora e dos
reforçadores que foram construídos dentre de casa. No contexto atual é que se
percebe mais como a compatibilidade de gostos, de objetivos de vida são aspectos
fundamentais do casamento. Em uma relação conjugal é importante a compatibilidade
de gostos.
Cada membro do casal deve identificar em sua história de vida aspectos
importantes que determinaram conjuntos de regras ou valores, escolhas e padrões de
comportamentos funcionais e/ou disfuncionais. Identificar sentimentos e emoções
envolvidos em comportamentos usualmente emitidos.
Em temos de pandemia, eu preciso falar com o parceiro: falar o que eu gosto, o
que eu quero. A chave é a comunicação junto com timing. Fazer coisas juntos,
conversar, elogiar, mostrar pro parceiro o que eu valorizo.

Tema: Dificuldades escolares na quarentena


Psicóloga Letícia Faria - IPADe/DF

“Acho que meu filho tem transtorno de aprendizagem”


- Ele não faz tarefa
- Ele assiste as aulas dormindo na cama
- Ele fica irritado com a aula e se recusa a assistir aula
- Ele gasta muito tempo para realizar as tarefas e me demanda muito tempo

O meu filho tem um transtorno de aprendizagem ou está apresentando uma


dificuldade de aprendizagem?
Com a quarentena o que pode estar acontecendo é uma dificuldade de
aprendizagem.
O estudo é um comportamento encadeado: estudar é uma classe de respostas.
Primeiro,
Como era antes da quarentena?
Nós tínhamos uma rotina escolar bem organizada. No dia anterior, arrumar a
mochila>acorda>toma banho>toma café>vai para a escola> ESTUDAR
Como ficou após o home school?
Criança desatenta, casa bagunçada, pais ocupados, estímulos concorrentes
Crianças resistentes a tarefas, crianças explosivas, crianças mais sensíveis,
adolescentes enlutados. Sentimentos como: medo do desconhecido, saudade dos
colegas, professores. Crianças com acesso a maior tempo de tela (vício, comportamento
concorrente). Espaço de trabalhos conjugados.
Os pais estão preparados para acompanhar a tarefa?

Fatores que determinam a dificuldade de aprendizagem.


Condições temporárias ou eventuais: mudanças de residência, problemas
familiares especificas, doenças ou dificuldades financeiras, dificuldade de adaptação
financeira.
Negociação: quem faz o que dentro da casa? Alguns casais já tinham dificuldades
antes e isso aumentou.
Algumas crianças vivenciaram o luto.
Intervenções
1- Analisar a defasagem entre o repertório individual e exigências da escola
2- Linha de base: fazer uma descrição dos repertórios, como a criança está.
3- Fazer uma tradução do que a escola está fazendo, para os pais.
4- Construir uma ponte entre o conhecimento da criança e as exigências
acadêmicas.
5- Avaliação sistemática do repertorio e ajuste da metodologia escolar
6- Vamos trabalhar a autoestima da criança (intervenção emocional)
7- Análise (história de vida – contingências de ensino e manutenção de repertorio
escolar) Ontogenética: olhar o indivíduo - ausências ou falhas de habilidades e
pré-requisitos, concisões inadequadas de ensino, estímulos que antecedem o
problema de aprendizagem; Filogenética; Cultural.
No comportamento: a classe de resposta envolvida no ato de estudar.
Consequências: Estímulos que mantem ou aumentam o comportamento
errado. Sistema educacional: problemas no comportamento de estudar.
Procrastinar: falta de organização x concorrentes mais atrativos. (Exesso de
atividades, material desorganizado, incompleto e não atraente.
As crianças não veem funcionalidade entre o que elas vivem na vida e o que
elas aprendem na escola – os pais podem ajudar nisso, no dia-a-dia.
8- Aumentar a probabilidade de estudar, diminuir o comportamento de não
estudar. (Pedir pros pais fotografarem o ambiente de estudos, programação de
estudo – agenda e to do list, alterar o material de estudo – torna-lo mais
atrativo, adequação da rotina familiar e infantil ao estudo, regras como um
estímulo antecedente – a regra só funciona se tiver uma consequência
reforçadora.
9- Quem ensina a estudar? Quem deve ensinar a criança a estudar? A família vai
ter que fazer esse papel.
Podemos: agendar as atividades, horários de estudos, discriminar prazos,
organizar material, postura, ler material, manter atenção, fixar material,
exercitar, resumo, rever.
10- Montar rotina, preparação do ambiente, organizar a atividade esportiva e de
lazer, intercale estudo e atividade de lazer, forneça suporte e treine
independência.
11- A criança precisa de independência, iniciativa e interesse pelo estudo. Família-
Escola-Aluno. Família + Escola = Sucesso
12- Planejamento de ensino:
Passo1: reconhecer as diferentes estratégias para solucionar um problemas
Passo 2: identificar as estratégias utilizadas pela criança
Passo 3: elaborar contingências para reforçar o comportamento individual de
resolução de problemas.
13- Intervenções psicopedagógicas.
Antes de dizer o que você deve fazer, descobrir como você faz.
14- Como solucionar os problemas?
Identificar os dados que são conhecidos e desconhecidos.
Coletar relações entre eles
Avaliar diferentes recursos para solucionar o problema (verbal, concretos,
gráficos)
Comportamento de autogerenciamento
- Treinar a não estereotipia de respostas: mais de uma maneira de resolver um
problema – isso diminui o valor aversivo do erro e aumenta a habilidade de
análise do comportamento da criança.
- Autogoverno (independência): Aprender a aprender – aumenta as chances do
conhecimento adquirido ser mantido e generalizado para outros ambientes
sociais. Resposta que aumenta a porcentagem de emissão do comportamento
desejado.

Identificando Valores em Pais: Uma Proposta na Clínica Infanto Juvenil


Psicóloga: Cristina Dantas Ruiz

ACT – Terapia de Aceitação e Compromisso (Hayes, Strosahl, Wilson)


Por que nós não temos generalização para fora do consultório?
A Terapia Analítico Comportamental Infantil (TACI) > trabalha com crianças e
adolescentes.
- É orientada pelos pressupostos filosóficos do Behaviorismo Radical e da Análise
do Comportamento, como ciência. Começou no Brasil, na década de 1980, mas só em
1990 houve a criação de disciplinas de TACI nos PPC – Psicologia 2000.
A família na clínica analítico comportamental infantil (TACI)
- A criança ou jovem é “levado” a terapia, diferente do adulto, geralmente a criança
não sabe o que está fazendo lá.
- Entrevista inicial (consulta): Na minha prática, primeiro eu atendo os pais.
- Primeira sessão com a criança ou jovem: o objetivo da primeira sessão é fazer
com que ele volte na próxima (ambiente reforçador). Os adolescentes tem mais
resistência, é preciso habilidade terapêutica e vasto repertório, perguntar para o
adolescente se ele quer fazer terapia.
- Desenvolvimento nas sessões: trabalhar a relação, o que está acontecendo lá
fora, quais são os antecedentes do comportamento problemas, as consequências, é
preciso orientar os pais, os pais ajudam nas coletas de dados.
- Orientações parentais
- E quando as orientações parentais não resolvem?

Terapia de Aceitação e Compromisso


- A terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) é uma terapia comportamental
criada por Steven Hayes e Colaboradores em 1987, baseada na teoria dos Quadros
Relacionais, que propor uma análise da linguagem.
- O objetivo geral da ACT é proporcionar flexibilidade psicológica, que significa
aceitar os eventos encobertos desagradáveis, como sentimentos, pensamentos, memorias
e sensações julgadas ruins ou negadas a serviço de manter ou modificar ações que são
importantes para os indivíduos.
Flexibilidade Psicológica
- Aceitação = do sofrimento que decorre da exposição e contingencias de
superação.
- Difusão cognitiva = entre palavras e seus referentes, entre comportamentos e
individuo (self) – até que ponto as autoregras são verdadeiras?
- Estar presente = respondendo a estimulação relevante sem esquivas e lutas
contra encobertos. Sem esquiva experiencial, aceitando sentir.
- Self como contexto = self enquanto o conteúdo que está vivendo, enquanto
comportamento complexo que permite o “ver-se”.
- Valores = contexto que deve nortear a ação e a avaliação dos comportamentos
emitidos.
- Ação como compromisso = compromisso relacionado aos valores escolhidos.
Valores
- Os valores são construções verbais globais de consequências desejadas na vida,
direcionamento de ações.
- As consequências passadas que aumentam a frequência das respostas que as
produziram são reforços que popularmente são identificados como os propósitos de
nossas ações, as finalidades.
- Normalmente os reforços generalizados que não tem consequências indesejáveis
a médio e longo prazo são considerados, em formulações verbais, como valores.
- Comportamento Verbal permite que as consequências sejam relacionadas as
respostas mesmo quando apresentadas posteriormente, o que possibilita valores.
Na prática: não impor regras ao cliente, mas ajudá-lo a identificar os seus valores
(que tipo de pai você quer ser?)
Valores são diferentes de objetivos:
- O foco clinico desta fase é explicar o caráter significativo que os valores
acrescentam à vida, definir os valores pessoais do cliente; identificar os objetivos
específicos e ações que seus valores indicam.
- Clarificação dos valores
- Valor como direção de ação x sentimento
- escolha x julgamento
- valores x pressões sociais.

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