Você está na página 1de 78

UNIVERSIDADE BRASIL

CAMPUS FERNANDÓPOLIS
CURSO DE MEDICINA
MÓDULO: SAÚDE COLETIVA
APOSTILA SOBRE O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS) ELABORADA
PELO PROF. DR. JOSÉ MARTINS PINTO NETO E
ATUALIZADA EM FEVEREIRO DE 2023

Dados sobre o Docente:


Enfermeiro - COREN-SP: 42503
Docente do Curso de Enfermagem das FIFE/FEF e da Disciplina EAD de Saúde e
Qualidade de Vida.
Coordenador da Central de Estágios da FEF
Membro do Comitê Gestor do COAPES do município de Fernandópolis.
Celular: (17) 99736-5747 (WhatsApp)
http://lattes.cnpq.br/2800378740960554
E-mail: jmpintoneto@gmail.com

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS)

“...O Brasil é o único país do mundo com mais de 200 milhões de habitantes a
ofertar algo do gênero à população. O SUS acolhe, mais de trinta anos depois de
sua criação, três vezes mais usuários dos serviços de saúde do SUS do que a rede
privada, segundo o IPEA. Ao menos sob a letra da lei, somos cidadãos sem
distinção e cobertos pelos mesmos direitos. (...) Não há política pública que
funcione, se os gestores não vivenciarem diretamente os seus resultados, o que
acontece em países como a Suécia. Lá além de arcarem com suas próprias despesas
– como gastos com gasolina e moradia e o alimento que consomem – parlamentares
e demais autoridades utilizam transporte público e não usufruem de plano de
saúde privado, por exemplo. Em um país sem distanciamento entre representantes
e representados, esses tomadores de decisão são usurários das próprias políticas
públicas que desenham e executam. Entre eles está a área da saúde. Se quisermos
que o SUS funcione, os dirigentes brasileiros têm de replicar modelos como o sueco
e participar diretamente do sistema, inclusive aqueles já aposentados”
(FIGUEIREDO, 2019).
Fonte: Reportagem da Revista Ser Médico, º 89, out/nov/dez.; p.34,36, 2019.

“A qualidade e a permanência da integridade de um sistema de saúde depende


diretamente da sociedade e, portanto, para melhorar o Sistema Único de Saúde
(SUS) é necessário que a sociedade queira e lute pelo melhoramento do sistema.
Esta é a avaliação do médico Gonzalo Vecina Filho, ex-presidente e um dos
fundadores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)”
Fonte: https://www.brasil247.com/saude/sus-torna-o-brasil-mais-civilizado-e-menos-
desigual-afirma-ex-presidente-da-anvisa, publicado em 06/03/2020.

A assistência à Saúde no Brasil é prestada por quatro subsistemas:


1. SUBSISTEMA PÚBLICO: constituído por serviços financiados e prestados
diretamente pelo Estado, nas esferas federal, estadual e municipal, apresentando-
se como configuração central do sistema. Denominado de Sistema Único de
Saúde (SUS) é parte da Seguridade Social, como explicitado no Artigo 194 da
Constituição Federal de 1988;
2. SUBSISTEMA PRIVADO COMPLEMENTAR: refere-se aos serviços
prestados pelo setor privado ao sistema público de saúde quando este último
apresentar insuficiência de cobertura assistencial á população. Estabelecido por
meio de convênios ou contratos, segue a regulamentação do SUS, responsável
pelo controle e fiscalização desses recursos assistenciais, devendo a contratação
ser prioritária para instituições filantrópicas. Portanto, o SUS é composto tanto
de serviços públicos quanto por estes, complementares, constituídos
principalmente por hospitais e unidades de diagnóstico e terapia;
3. SUBSISTEMA PRIVADO SUPLEMENTAR: compreende os planos e
seguros privados de saúde;
4. SUBSISTEMA LIBERAL-PRIVADO: a atenção à saúde é paga diretamente ao
prestador de serviços (consultórios, hospitais).

Referência: CATUTA, L. R. B. Estrutura e organização do SUS. In: MANSO, M. E.


G.; ALVES, J. C. M. Manual de saúde coletiva e epidemiologia. São Paulo: Martinari,
2015. Cap. 3, p. 23.

VAMOS AO SUS!

O SUS É UM SISTEMA DE SAÚDE GIGANTE, MAS ELE JÁ ESTÁ PRONTO?


Resposta: NÃO....

“O SUS deve ser entendido como um processo em construção permanente, que


visa, em médio e longo prazos, a uma mudança do paradigma de atenção à saúde”
(MENDES, 2012).

O SUS É UM DIREITO SOCIAL DE TODOS OS CIDADÃOS BRASILEIROS E


ESTRANGEIROS LEGALMENTE RESIDENTES NO PAÍS.

De acordo com o Professor da PUC Minas José Luiz Quadros de Magalhães, doutor em
Direito Constitucional, menciona os DIREITOS INDIVIDUAIS (liberdade,
privacidade, intimidade, entre outros), DIREITOS SOCIAIS (saúde, educação,
previdência, moradia); DIREITOS POLÍTICOS (votar, ser votado e participar
ativamente da vida política) e DIREITOS ECONÔMICOS (emprego, salário justo,
política de repartição da riqueza) (REVISTA PUC CAMPINAS, nº 20, 2019, p. 32).

De acordo com a CONSTITUIÇÃO FEDERAL, DE 1988 (A CONSTITUIÇÃO


CIDADÃ):
ART. 6º São direitos sociais a educação, A SAÚDE, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

Em relação a muitos assuntos, entre eles, sobre o SUS as pessoas, segundo o odontólogo
Eugênio Vilaça Mendes (s/d) podem ter

3 “VISÕES DE MUNDO”, a saber:

VISÃO INGÊNUA

VISÃO TÉCNICA

VISÃO POLÍTICA

E A SUA VISÃO, QUAL É?

A segunda pergunta é VOCÊ USA O SUS? OU JÁ USOU O SUS ALGUMA VEZ NA


SUA VIDA??

Se você tem alguma dúvida de que também é usuário(a) usa o SUS, eu tentarei lhe
convencer e vos digo que:

Quando você vai a um restaurante, açougue ou supermercado fazer compras você está
usando o SUS, pois para eles funcionarem terão que obter uma ALVARÁ de
funcionamento que é um documento emitido, após inspeções “in loco”, por agentes de
saúde que atuam na área da Vigilância Sanitária, que é parte integrante do Sistema de
Vigilância à Saúde do SUS,

Se você usa um preservativo masculino ou feminino para se proteger de uma gravidez


indesejada ou como método (ainda que parcialmente seguro) de prevenção das
infecções sexualmente transmissíveis (IST, não se fala mais em DST), adquirido ou não
na rede básica do SUS você também está usando o SUS, pois todo produto desta
natureza precisa, para ser comercializado, de um controle de qualidade emitido pelo
INMETRO, que um órgão vinculado ao SUS.

Um casal ao escolher um hospital particular para o nascimento do seu filho – com tudo
pago mesmo, em forma de desembolso direto – também estará usando o SUS, pois a
criança no momento da alta somente poderá sair do hospital com um documento
chamado Declaração de Nascidos Vivos que faz parte de um dos Sistemas de
Informação de Saúde que é o SINASC (é um documento emitido pelo Ministério da
Saúde). O mesmo ocorre quando morre alguém pois para que um atestado de óbito seja
emitido é preciso preencher uma DO (Declaração de Óbito) que é somente o SUS que
fornece aos hospitais.
Se você ainda não concorda que também USA O SUS continue lendo as colocações
abaixo:

Quando o pessoal de Agente de Combate à Endemias (ACE) passa visita em sua


residência para o controle o mosquito Aedes aegypti – transmissor do vírus da Dengue,
Febre Amarela, Chikungunya, Zika e a Doença ou Febre de Mayaro você também
está usando os serviços do SUS;

Quando você ler uma faixa colocada nas avenidas/ruas de sua cidade com uma
mensagem do tipo “Manchas esbranquiçadas ou avermelhadas pelo corpo que
apresentam alteração da sensibilidade pode ser HANSENÍASE, procure uma unidade de
saúde”, você está recebendo uma informação de saúde, no contexto da Educação em
Saúde, parte fundamental do SUS.

E, obviamente, quando você procura algum tipo de atendimento à saúde em uma


Unidade Saúde da Família (USF) ou Unidade Básica de Saúde (UBS) – erroneamente
chamada de “Postinhos de Saúde” –, no Ambulatório de Especialidades Médicas
(AME), em algum consórcio intermunicipal de saúde (tipo CISARF em Fernandópolis),
no Centro de Atendimento às Doenças Infecciosas e Parasitárias (CADIP), em um
Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), no Laboratório Regional do SUS, na Secretaria
Municipal de Saúde, ou ainda ao ser resgatado pelo SAMU em um acidente você está
usando o SUS. Assim como o estará usando ao frequentar um serviço de hemodiálise
que atendem quase 100% dos usuários dos serviços de saúde do SUS pelo SUS, além da
Santa Casa que é uma instituição conveniada ao SUS e que, portanto, tem que atender
mais de 60% dos usuários dos serviços de saúde do SUS pelo SUS para ter o certificado
de FILANTROPIA e deixar de pagar vários impostos. Você sabia disto??

Ah! Você sabia também que somente o SUS fornece os medicamentos para o
tratamento de doenças como a Influenza A (H1N1), Hanseníase, Tuberculose, Aids,
Hepatites virais B e C, Malária, entre outras doenças infecciosas ou parasitárias? E que
estes medicamentos você não os encontra em farmácias e drogarias do país?

E toda vez que um cidadão precisar de sangue e seus derivados (hemoderivados) está
utilizando o SUS mesmo que seja nos hospitais particulares haja vista que todo o
processo desde o recrutamento de doadores, colheita, processamento (realização das
sorologias), estocagem, distribuição realização de sorologias é realizado por órgãos da
Rede Nacional de Serviços de Hematologia e Hemoterapia (HEMORREDE). Sugiro a
leitura do site http://portalms.saude.gov.br/acoes-e-programas/doacao-de-sangue/rede-
nacional-de-servicos-de-hematologia-e-hemoterapia-hemorrede

Agora que eu espero ter lhe convencido de que você usa o SUS...

VAMOS À AULA?

O SUS é um produto de um Movimento Social e Político que surgiu em meados da


década de 70, em plena vigência da Ditadura Militar. Esse movimento ficou conhecido
como MOVIMENTO DA REFORMA SANITÁRIA BRASILEIRA que ao longo de
vários anos lutou pela criação do SUS, devido à perversidade que era o sistema anterior
(INPS/INAMPS). A expressão “Reforma Sanitária” foi criada pelo Prof. Guilherme
Rodrigues da Silva (Professor Emérito do Departamento de Medicina Preventiva da
FMUSP).

O ápice deste movimento aconteceu na famosa VIII CONFERÊNCIA NACIONAL


DE SAÚDE (8ª CNS) que ocorreu, em Brasília, no mês de março de 1986, a qual é
considerada um MARCO HISTÓRICO NA SAÚDE PÚBLICA BRASILEIRA, pois
nela foram discutidos, principalmente, sobre a necessidade da criação do SUS e o novo
conceito ampliado de Saúde, que já estudamos na aula anterior. Lembram-se?? Então,
oficialmente, nesta CNS o SUS foi PROPOSTO no RELATÓRIO FINAL.

Esse movimento segundo Vasconcelos e Pasche (2006, p. 532) o movimento sanitário


foi um processo político que mobilizou a sociedade brasileira para propor novas
políticas e novos modelos de organização de sistema, serviços e práticas de saúde. Isto
resultou na criação do SUS, que hoje é considerado o maior sistema de saúde pública do
mundo, e, também, é reconhecido como um dos melhores – possui muitas fortalezas
mas também possui muitas debilidades, dilemas e incertezas, que tangencialmente serão
discutidas até o final desta aula.

Na página da internet do Ministério da Saúde (www.saude.gov.br) encontramos que:

O Sistema Único de Saúde - SUS - foi criado pela Constituição Federal de 1988 e
regulamentado pelas Leis n.º 8080/90 e nº 8.142/90, Leis Orgânicas da Saúde, com a
finalidade de alterar a situação de desigualdade na assistência à Saúde da população,
tornando obrigatório o atendimento público a qualquer cidadão, sendo proibidas
cobranças de dinheiro sob qualquer pretexto.

A saúde é considerada como um valor devido ao vínculo com a vida. Constitui-se um


marco jurídico por ser um bem público e, dessa maneira, torna-se um direito de cada
cidadão. Dessa forma, ela torna-se responsabilidade de toda a população e do Estado, ou
seja, traduz-se em obrigação do poder público como também um dever de cada
indivíduo (MARZIALE; MENDES, 1995).

No Brasil, esse direito à saúde somente passou a existir a partir da Promulgação da atual
Constituição Federal em outubro de 1988, que CRIOU o SISTEMA ÚNICO DE
SAÚDE (SUS), no Capítulo da Seguridade Social, Seção Saúde onde no seu artigo 196
diz que “A saúde é um direito de todos e um dever do Estado (...)”. Antes disto
somente quem contribuía mensalmente para o INPS/INAMPS (criados em 1967 e 1977,
respectivamente) tinha direito a assistência à saúde (ainda que precária e centrada,
basicamente, no profissional médico).

O SUS É CONSIDERADO UM SISTEMA ÚNICO DE SÁUDE PORQUE SEGUE OS


MESMOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES EM TODO O TERRITÓRIO NACIONAL E
AGREGA OS DIVERSOS SERVIÇOS DE SAÚDE EM UMA ÚNICA REDE.
ATUALMENTE ELE É ALICERÇADO EM ONZE, SENDO QUE TRÊS DELES
SÃO CHAMADOS DE NORTEADORES ou DOUTRINÁRIOS ou ÉTICOS ou ainda
FINALÍSTICOS E OITO SÃO DENOMINADOS DE ORGANIZACIONAIS ou
ORGANIZATIVOS, OS QUAIS EXPRESSAM COMO ELE DEVE FUNCIONAR NA
PRÁTICA. TODOS ESSES PRINCÍPIOS BASEIAM-SE NOS PRECEITOS
CONSTITUCIONAIS.

TODOS OS PRINCÍPIOS DO SUS FORAM ORIGINADOS DA CONSTITUIÇÃO


FEDERAL DE 05/10/1988 – CAPÍTULO DA SEGURIDADE SOCIAL, SEÇÃO II –
DA SAÚDE, ARTIGO 196 A 200. ELES PODEM ESTAR EXPLICITOS OU
IMPLÍCITOS NO TEXTO CONSTITUCIONAL.

TÍTULO: DA ORDEM SOCIAL

CAPÍTULO: SEGURIDADE SOCIAL

SEÇÃO II: SAÚDE

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante


políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros
agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção,
proteção e recuperação.

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder
Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle,
devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por
pessoa física ou jurídica de direito privado.

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e
hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes
diretrizes:

I - descentralização com direção única em cada esfera de governo;

II - atendimento integral com prioridade para as atividades preventivas, sem


prejuízo dos serviços assistenciais;

III – participação da comunidade.

Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos
termos da lei:

Fonte: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm

OS PRINCÍPIOS NORTEADORES/DOUTRINÁRIOS OU ÉTICOS OU


ÉTICOS-POLÍTICOS OU FINALÍSTICOS SÃO:
1. UNIVERSALIDADE – Artigo 196 (Saúde é um direito de todos e um dever
do Estado (...) acesso universal e igualitário....

2. EQUIDADE – Art. 196

3. INTEGRALIDADE – Art. 198 (“Atendimento integral”)

E OS ORGANIZACIONAIS/ORGANIZATIVOS SÃO:

1. DESCENTRALIZAÇÃO COM COMANDO ÚNICO EM CADA ESFERA


DE GOVERNO - Artigo 198

2. REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO - Artigo 198

3. REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA - Artigo 198

4. RESOLUTIVIDADE OU RESOLUBILIDADE - Artigo 198

5. PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE (POPULAÇÃO) - Artigo 198 e Lei


Federal nº 8142 de 28 de dezembro de 1990

6. INTERSETORIALIDAE - Artigo 198 – derivado da Integralidade

7. TRANSVERSALIDADE - Artigo 198

8. PARTICIPAÇÃO DO SETOR PRIVADO NA ÁREA DA SAÚDE DE


FORMA COMPLEMENTAR AO SUS – Artigo 199

VAMOS ÀS DEFINIÇÕES E COMENTÁRIOS SOBRE CADA DELES:

A – PRINCÍPIOS NORTEADORES/DOUTRINÁRIOS OU ÉTICOS OU


ÉTICOS-POLÍTICOS OU FINALÍSTICOS:

1. UNIVERSALIDADE: todas as pessoas têm direito à saúde, aí entendida como a


garantia do direito aos fatores determinantes e determinantes de saúde e do acesso aos
serviços de saúde (COSTA; CARBONE, 2009). Esse direito deriva do já mencionado
Artigo nº 196 da Constituição Federal de 1988 que diz “ a saúde é um direito de todos e
um dever do Estado...”. Pela primeira vez na história do Brasil, uma Constituição (Carta
Magna) reconhece a saúde como direito social. Acesso ou acessibilidade universal,
significa, para todos – ricos, pobres, homens, mulheres, velhos e crianças, nordestinos e
sulistas, negros e brancos, moradores das cidades e quilombolas, analfabetos e letrados,
independente da raça, etnia ou opção sexual (PAIM, 2009, p. 45).

No entanto, a universalidade como ideal a ser perseguido, necessita de que muitas


barreiras sejam derrubadas para que todas as pessoas possam usufruir dos serviços de
saúde (COSTA; CARBONE, 2009). A universalidade hoje existente é chamada de
excludente, pois existem milhares de brasileiros, principalmente, nas longínquas regiões
da Amazônia e das grandes e médias cidades brasileiras que apresentam muitas
dificuldades de acesso aos serviços de saúde (barreiras geográficas, econômicas,
socioculturais e educacionais).

Vale ressaltar que os de acordo com a Constituição, a Lei orgânica do SUS 8080/90, a
Lei de Migração n. 13.445/2017, os migrantes têm o direito de acesso livre e
igualitários à assistência social e aos serviços de saúde e os cuidados pelas equipes de
saúde nos seus territórios de vida e trabalho (https://frentepelavida.org.br/).

2. EQUIDADE: Esse termo não é citado na Constituição Federal e nem em outras


legislações federais como, a já mencionada, Lei nº 8080/90 que regulamenta o SUS. A
Constituição e essa Lei citam a palavra Igualdade. Nelas encontramos a expressão
“acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde”. Portanto, sem preconceitos
ou privilégios de qualquer espécie. No entanto, no mundo, NÃO existe um sistema de
saúde capaz de “OFERECER TUDO PARA TODOS” os cidadãos, sempre haverá uma
forma de discriminação positiva, ou seja, apesar da Constituição garantir o acesso a
qualquer pessoa, em igualdade de condições, aos diferentes níveis de densidade
tecnológica do sistema de saúde, isto nem sempre é possível; e o que vai determinar as
ações a que o indivíduo terá direito são as prioridades epidemiológicas.

O moderno conceito de equidade compreende a ideia de que as pessoas mais


fragilizadas e as comunidades mais desprovidas de recursos (sejam eles financeiros ou
não) necessitam receber cuidados especiais para obter adequadas condições de saúde
(COSTA; CARBONE, 2009). É um princípio de justiça social porque busca diminuir
desigualdades. Isto significa tratar desigualmente os desiguais, investindo mais onde a
carência é maior (CUNHA; CUNHA, 2001).

Sintetizando: em algumas situações o sistema de saúde deverá priorizar àqueles que tem
menos – “oferecer mais para quem tem menos”. Ou, “oferecer mais para quem precisa
mais”.

Um exemplo disto é a Campanha de Vacinação contra o vírus Influenza A (H1N1) que


estabelece os grupos prioritários para serem vacinados tais como os profissionais de
saúde, as forças armadas, os indígenas, as gestantes, as crianças de seis meses a dois
anos e os adultos jovens e idosos que possuem algumas patologias específicas.

Outro exemplo é a vacinação contra o HPV (6,11,15 e 18 recombinante) que é


administrada para grupos mais vulneráveis: para meninas de 9 a 14 anos e meninos a
partir de 11 a 14 anos.

Fonte:ttp://portal.saude.sp.gov.br/resources/cve-centro-de-vigilancia-
epidemiologica/areas-de-vigilancia/imunizacao/2021/calendario_vacinacao_2021.pdf

Também poderão receber a vacina homens e mulheres transplantados e oncológicos em


uso de quimioterapia e radioterapia. Os jovens precisam tomar duas doses da vacina
quadrivalente, com um intervalo de seis meses entre as doses, para ficarem protegidos
contra os quatro tipos mais comuns do vírus. A infecção está associada ao
desenvolvimento de cânceres de pênis, garganta, ânus e colo do útero.
Desde 2020, outra vacina ficou disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), a ACWY,
imunizante conjugado que protege contra quatro sorotipos de meningite bacteriana (a
mais grave): A, C, W e Y, e que passa a ser aplicada em adolescentes de 11 e 12 anos.

Um outro exemplo recente é a Vacinação contra a COVID-19 que começou, no Brasil –


cidade de São Paulo - em 17/01/2021, e que foi realizada, ao longo dos anos de
2021/2022, de acordo com prioridades estabelecidas pelo Programa Nacional de
Imunização (PNI) do Ministério da Saúde.

Podemos citar vários outros exemplos tais como: o Sistema de Classificação de Risco
de acordo com o Modelo/Protocolo de Manchester que vem sendo utilizado em serviços
de urgência e emergência e, gradualmente, nas Unidades Básicas de Saúde.

De acordo com as respostas apresentadas na aplicação do protocolo, o fluxograma leva


a um resultado e o paciente é classificado em uma das cinco prioridades identificadas
por número, nome, cor e tempo alvo para a observação médica inicial: (Fonte:
http://www.enfermeiroaprendiz.com.br/classificacao-de-risco-nos-servicos-de-urgencia-
e-emergencia/)

3. INTEGRALIDADE: esse princípio significa considerar a pessoa como um todo,


atendendo a todas as suas necessidades. Para isto, os serviços de saúde devem oferecer
um conjunto de ações, incluindo as de promoção da saúde, a de prevenção de doenças e
agravos, o tratamento (aqui compreendido: a suspeição diagnóstica, o diagnóstico
propriamente dito e o tratamento: medicamentoso, cirúrgico, paliativo) e a reabilitação.
Esse princípio também pressupõe a articulação da saúde com outras políticas públicas,
como forma de assegurar uma atuação intersetorial entre as diferentes áreas que tenham
repercussão na saúde e qualidade de vida dos cidadãos. Lembram-se disto? Na aula
anterior quando discutirmos que a Saúde não é de responsabilidade exclusiva do
SETOR SAÚDE, mas sim uma prática INTERSETORIAL? Ou seja, o envolvimento de
vários setores governamentais como o da agricultura, da habitação, do saneamento, do
transporte, etc.

Mais adiante discutirei sobre o Princípio da Intersetorialidade.

B – PRINCÍPIOS ORGANIZACIONAIS/ORGANIZATIVOS:
Para organizar o SUS a partir dos princípios doutrinários apresentados acima existem
algumas diretrizes que orientam esse processo. A Constituição Federal de 1988, no
Capítulo da Seguridade Social, Seção II da Saúde, diz no seu Artigo nº 198 que as ações
e serviços de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um
sistema único, organizado de acordo com algumas diretrizes. No entanto, apesar de
serem denominadas de diretrizes elas também são conhecidas como princípios
organizacionais, pois na verdade, trata-se de formas de concretizar o SUS na prática.

1. DESCENTRALIZAÇÃO COM COMANDO ÚNICO EM CADA ESFERA DE


GOVERNO

Descentralizar é redistribuir poder e responsabilidades entre os níveis de governo


(federal, estadual e municipal). Na saúde, a descentralização tem como objetivo prestar
serviços de melhor qualidade e garantir o controle e a fiscalização pelos cidadãos, pois
quanto mais perto estiver a decisão, maior a chance de acerto (CUNHA; CUNHA,
2001). O SUS é de responsabilidade das três esferas de governo com atribuições
definidas para cada uma delas na, já citada, Lei Federal nº 8080/90 (Lei Orgânica da
Saúde). Em nível federal a autoridade sanitária do SUS é exercida pela União pelo
Ministro da Saúde cuja atual ministra é a Dra. Nísia Trindade (formada em Ciências
Sociais, cientista e pesquisadora escolhida pelo Presidente Lula), nos estados pelos
Secretários Estaduais de Saúde (em São Paulo é o médico e Professor Universitário
Eleuses Vieira de Paiva - nomeado pelo Governador Tarcísio Gomes de Freitas) e nos
municípios pelos Secretários de Saúde (em Fernandópolis o Secretário Municipal de
Saúde é o senhor Ivan Pedro Martins Veronesi (Administrador de Empresas – atuou no
ramo farmacêutico por 25 anos) escolhido, em 10/02/2020, pelo Prefeito André
Giovanni Pessuto Candido), ou seja, eles são o COMANDO ÚNICO do SUS, são
também conhecidos como GESTORES do SUS.

De acordo com o Ministério da Saúde a composição do SUS é de responsabilidade das


três esferas de governo, cabendo a(aos):

• UNIÃO:

A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério da Saúde. O governo


federal é o principal financiador da rede pública de saúde. O Ministério da Saúde
formula políticas nacionais de saúde que são pactuadas e executadas em parceria com
estados e municípios. O Governo Federal também tem a função de planejar, elabirar
normas, avaliar e utilizar instrumentos para o controle do SUS.

• ESTADOS E DISTRITO FEDERAL:

Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de saúde. O gestor estadual


também deve aplicar recursos próprios, inclusive nos municípios, e os investimentos
repassados pela União. Ele coordena e planeja o SUS em nível estadual, respeitando a
normatização federal. Os gestores estaduais são responsáveis pela organização do
atendimento à saúde em seu território.
• MUNICÍPIOS:

São responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde no âmbito do seu
território. O gestor municipal deve aplicar recursos próprios e os repassados pela União
e pelo estado. O município formula suas próprias políticas de saúde e também é um dos
parceiros para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de saúde. Ele coordena e
planeja o SUS em nível municipal, respeitando a normatização federal.

Fonte: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/setembro/maior-politica-
publica-de-acesso-a-saude-sus-

No SUS entre os três entes federados o MUNICÍPIO tem enorme responsabilidade para
com a saúde da população, pois “antes de tudo” é nele que o povo mora. Esse processo
do município assumir a responsabilidade primária da saúde da população de sua área
geográfica é chamado de MUNICIPALIZAÇÃO, isto é uma forma de aproximar o
cidadão das decisões do setor saúde e significa a responsabilização do município pela
saúde de seus cidadãos. O município é responsável, principalmente, pela Gestão da
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE que constitui o nível primário de Atenção à Saúde
e, em alguns casos, também por ações e serviços de nível secundário como veremos
adiante.

2. REGIONALIZAÇÃO E HIERARQUIZAÇÃO:

Esses princípios organizam o SUS na prática.

O objetivo da regionalização é distribuir de forma mais racionalizada os recursos


assistenciais no território, com base na distribuição da população, promovendo a
integração das ações e das redes assistenciais, de forma que garanta acesso oportuno e
resolução dos problemas das pessoas e da coletividade (VASCONCELOS; PASCHE, p.
536). A regionalização e a hierarquização de serviços significam que eles devem ser
organizados em níveis crescentes de densidade tecnológica, de acordo com uma
determinada área geográfica na qual se conheça a clientela a ser atendida (CUNHA;
CUNHA, 302). No Brasil os estados dividem os seus territórios em Regiões de Saúde
de acordo com o Decreto 7.508/2011 (que regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de
setembro de 1990, para dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o
planejamento da saúde, a assistência à saúde e a articulação interfederativa, e dá outras
providências).

Art. 2o Para efeito deste Decreto, considera-se:

I - Região de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos


de Municípios limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e
sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a
finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de
saúde;
III - Portas de Entrada - serviços de atendimento inicial à saúde do usuário no
SUS (que são os de Atenção Primária (Exemplos: USFs e UBSs); de atenção de
urgência e emergência (Ex: UPAs); de atenção psicossocial (Ex: CAPS); e especiais de
acesso aberto (Ex: Centro de Testagem e Aconselhamento que funciona no CADIP);

V - Mapa da Saúde - descrição geográfica da distribuição de recursos humanos e


de ações e serviços de saúde ofertados pelo SUS e pela iniciativa privada, considerando-
se a capacidade instalada existente, os investimentos e o desempenho aferido a partir
dos indicadores de saúde do sistema;

VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços de saúde


articulados em níveis de com maior densidade tecnológica crescente, com a finalidade
de garantir a integralidade da assistência à saúde; (No lugar de níveis de com maior
densidade tecnológica crescente o correto é aumento da densidade tecnológica).

O Estado de São Paulo tem 645 municípios e está dividido em 17 Departamentos


Regionais de Saúde. São José do Rio Preto é a sede de uma desses Departamentos
Regionais de Saúde onde encontra-se a sede do Departamento Regional de Saúde (DRS
XV) que abrange uma área geográfica de 102 municípios que vai do município de Santa
Adélia até Rubinéia. Portanto, Fernandópolis é sede de uma Região de Saúde de 13
municípios (Estrela D’ Oeste, Guarani D’ Oeste, Indiaporã, Macedônia, Meridiano,
Mira Estrela, Ouroeste, Pedranópolis, Populina, São João das Duas Pontes, São João de
Iracema e Turmalina) que está vinculada a este Departamento Regional de Saúde.
Assim como existem as Regiões de Saúde de Santa Fé do Sul, Jales, Votuporanga, São
José do Rio Preto e Catanduva e José Bonifácio cada uma delas com um determinado
número de municípios – todos vinculados esta regional. Isto é importante para a
organização dos serviços de saúde. Cada Região de Saúde forma um COLEGIADO
GESTOR REGIONAL DO SUS, constituído pelos Secretários Municipais de Saúde,
os quais se reúnem, periodicamente, para discutir o planejamento, a organização e
avaliação da política de saúde, por meio de indicadores de saúde e de gestão e dos
problemas de saúde da população para encontrar soluções adequadas e oportunas.

Como isto funciona na prática: um cidadão de Macedônia por pertencer a Região de


Saúde de Fernandópolis ao precisar de um atendimento em um ponto de atenção com
maior densidade tecnológica em saúde como, por exemplo, uma internação hospitalar
será encaminhado pela unidade de saúde do município para a Santa Casa de
Fernandópolis e dependendo da necessidade este cidadão será transferido para outro
hospital de maior com maior densidade tecnológica, mediante a liberação de uma vaga
pela Central de Regulação de Oferta de Serviços de Saúde (CROSS) existente na
Secretaria de Estado da Saúde em São Paulo - Capital, muito provavelmente ele será
encaminhado para o Hospital de Base em Rio Preto ou em Catanduva que possuem
hospitais mais especializados.

Se necessário for também poderá ser encaminhado para outros hospitais especializados
localizados em outros Departamentos Regionais de Saúde, como por exemplo, de
Macedônia para o Hospital do Câncer em Barretos.
A Hierarquização significa que os serviços de saúde devem ser organizados em níveis
de DENSIDADE TECNOLÓGICA crescente, de modo que se garanta o processo de
referência e contrarreferência (COSTA; CARBONE, 2009).

No novo processo de Regionalização foram instituídas as Redes Regionais de Atenção


à Saúde (RRAS) em todo o Brasil, que atualmente possui um total de 438 regiões de
Saúde.

Vejam as RRSA do estado de São Paulo a RASS

A junção do Departamento Regional de Saúde XV de São José do Rio Preto e o


Departamento Regional de Saúde II de Araçatuba deram origem a RRAS nº 12
totalizando 144 municípios (sendo 105 do DRS XV de São José do Rio Preto e 39 do
DRS II de Araçatuba). Esse mapa não está atualizado com a nova divisão territorial dos
DRS pelo Governo Estadual, pois até 31/07/2022 ele ainda não foi disponibilizado na
internet.

Apesar da maioria dos autores apresentarem a hierarquização dos serviços apontando


apenas três níveis de Atenção à Saúde, atualmente já se fala em 4 NÍVEIS DE
ATENÇÃO À SAÚDE, a saber:

NÍVEL PRIMÁRIO – compreendem, principalmente,

De acordo com o Artigo n° 6 da Portaria nº 397, de 16 de março de 2020 que alterou as


Portarias de Consolidação nº 2/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, nº 5/GM/MS de 28
de setembro de 2017, e nº 6/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para dispor sobre o
Programa Saúde na Hora, no âmbito da Política Nacional de Atenção Básica.

"Art. 6º Os estabelecimentos de saúde que ofertem ações e serviços de Atenção Primária


à Saúde, no âmbito do SUS, de acordo com o Anexo XXII, serão denominados:
I - Unidade Básica de Saúde (UBS): estabelecimento que não possui equipe de Saúde
da Família;
II - Unidade de Saúde da Família (USF): estabelecimento com pelo menos 1 (uma)
equipe de Saúde da Família, que possui funcionamento com carga horária mínima de 40
horas semanais, no mínimo 5 (cinco) dias da semana e nos 12 meses do ano,
possibilitando acesso facilitado à população.
As Unidades Saúde da Família (USF) e as Unidades Básicas de Saúde (UBS) são
erroneamente* chamadas de Postinhos de Saúde por boa parte da população,
imprensa e até mesmo pelas autoridades de saúde e profissionais de saúde
(possivelmente você ouvirá algum(a) docente se referir a eles na Universidade). Mas
também devemos considerar que são chamados de Postinhos de Saúde pelos
profissionais de saúde e usuários(as) do SUS como uma forma carinhosa.

Nessas USF(s) e nas UBS(s) se desenvolvem ações básicas de saúde, ou seja, as ações
correspondentes à ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE. Estas unidades são consideradas
como sendo as Portas de Entrada do Sistema de Saúde.

Em 23/12/2021 o Brasil tinha: (em 04/02/2023 não encontrei dados mais recentes
na internet).

99 Unidades Básicas de Saúde fluviais;

50.657 equipes de Saúde da Família;

5.296 equipes de Atenção Primária;

191 equipes de Consultório na Rua;

593 equipes de Atenção Primária Prisional (em 2021, foram credenciadas 198 novas
equipes em 50 municípios) e;

265 equipes de Saúde da Família Ribeirinha.

Fonte: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2021-1/dezembro/balanco-
2021-ministerio-da-saude-destina-r-25-4-bilhoes-para-a-atencao-primaria

Em 2011 o Ministério da Saúde lançou o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e


da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) e que tinha como objetivo incentivar os
gestores a melhorar a qualidade dos serviços de saúde oferecidos aos cidadãos nas
Unidades Básicas de Saúde (UBS) por meio das equipes de Atenção Básica à Saúde. A
meta é garantir um padrão de qualidade por meio de um conjunto de estratégias de
qualificação, acompanhamento e avaliação do trabalho das equipes de saúde. O
programa eleva os recursos do incentivo federal para os municípios participantes, que
atingirem melhora no padrão de qualidade no atendimento. Em 2019 finalizou o 3º ciclo
do PMAQ-AB, em 5.324 municípios brasileiros. Em 2020, por meio da Portaria nº 99
de fevereiro de 2020, o PMAQ foi cancelado pelo Governo Federal.
NÍVEL SECUNDÁRIO - compreendem os hospitais de pequeno e médio porte
como, por exemplo, as Santas Casas, o Centro de Referência em Saúde, o
Ambulatório de Especialidades Médicas (AME), as Unidades de Pronto
Atendimento (UPA), os Consórcios Intermunicipais de Saúde, Policlínicas,
Laboratórios, Bancos de Sangue, etc. A Santa Casa de Misericórdia de
Fernandópolis e um hospital de nível secundário, mas que possui alguns serviços
que podem ser classificados como de nível terciário como a UTI, o Serviço de
Hemodiálise, o IACOR.

• NÍVEL TERCIÁRIO – compreendem as Policlínicas especializadas, hospitais


gerais de grande porte como o Hospital de Base de São José do Rio Preto.

• NÍVEL QUARTENÁRIO – compreendem os grandes Hospitais Universitários


como o Hospital das Clínicas da USP em São Paulo e Ribeirão Preto, entre
outros com alto grau de densidade tecnológica (devido a existência de uma
aparelhagem – Tecnologias Duras - e conhecimentos muito específicos) como o
Hospital Pio XII de Barretos – Hospital do Câncer de Barretos.

Observação: NÃO HÁ CONSENSO na literatura quanto à classificação dos níveis de


atenção à saúde. O Ministério da Saúde o classifica em três níveis: primário, secundário
e terciário.

Para conhecer a Classificação dos Hospitais em nível secundário, terciário verifique no


Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES) pelo site
http://cnes.datasus.gov.br/

Esse Modelo de Atenção organizado em Níveis de Atenção à Saúde está sendo,


gradualmente, substituído pelo Modelo de Pontos de Atenção à Saúde organizado em
REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE.

No site http://dab.saude.gov.br/portaldab/smp_ras.php do Ministério da Saúde


encontramos a seguinte definição de Redes:

“As Redes de Atenção à Saúde (RRAS) são arranjos organizativos de ações e serviços
de saúde, de diferentes densidades tecnológicas que, integradas por meio de sistemas de
apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado
(Ministério da Saúde, 2010 – Portaria nº 4.279, de 30/12/2010 - essa Portaria foi
revogada em 2017).

A implementação das RRAS aponta para uma maior eficácia na produção de saúde,
melhoria na eficiência da gestão do sistema de saúde no espaço regional, e contribui
para o avanço do processo de efetivação do SUS. A transição entre o ideário de um
sistema integrado de saúde conformado em redes e a sua concretização passam pela
construção permanente nos territórios, que permita conhecer o real valor de uma
proposta de inovação na organização e na gestão do sistema de saúde.”
Fonte: Imagens capturadas da WWW, agosto 2017
O melhor material sobre Redes de Atenção à Saúde foi produzido pelo mineiro
EUGENIO VILAÇA MENDES, renomado odontólogo, estudioso de Políticas Pública
em Saúde em nível nacional e internacional.
Referência:
MENDES, E. V. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-Americana
da Saúde, 2011. Disponível em http://www.conass.org.br/pdf/Redes_de_Atencao.pdf

No site http://www.ensp.fiocruz.br/portal-ensp/informe/site/materia/detalhe/29910
encontramos uma entrevista dele para a FIOCRUZ onde ele diz que

Então, para restabelecer a coerência entre a situação de saúde com transição


demográfica acelerada e tripla carga de doenças com predomínio forte de doenças
crônicas e um sistema integrado de saúde contínuo e pró-ativo, voltado
equilibradamente para a atenção às condições agudas e crônicas, Vilaça propõe a
implantação das redes de atenção à saúde (RASs), que são “arranjos organizativos de
ações e serviços de saúde integrados por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e
de gestão”, de acordo com conceito do Ministério da Saúde. Esse modelo virou lei
através do Decreto 7.508, de 28/6/11 e da Portaria 4.279, de 30/12/10. Agora temos
uma Portaria de Consolidação nº 3, de 3 de outubro de 2017, que trata das normas
sobre as REDES do Sistema Único de Saúde. Leia no final dessa apostila quais são as
Redes Temáticas, as Redes de Serviço de Saúde e as Redes de Pesquisa em Saúde.
A diferença entre o sistema fragmentado e as RRASs é que o sujeito na Rede é um
agente de saúde. As RRASs são responsáveis por uma população definida; são
organizadas de forma poliárquica (não há hierarquia); por um contínuo de atenção –
primária, secundária e terciária –; de forma integral – ações de promoção da saúde e de
prevenção, cura, cuidado, reabilitação ou paliação das doenças; coordenadas pela
atenção primária à saúde; orientadas para a atenção às condições agudas e crônicas;
focadas no enfrentamento sistêmico de condições de saúde ou doenças; organizadas
pelas necessidades de saúde da população; e têm incentivos econômicos alinhados aos
objetivos sanitários.

"O objetivo final dos sistemas de atenção à saúde é gerar valor para a população e
diminuir as iniquidades".

A segunda parte da palestra do consultor tratou da Gestão da Clínica. Segundo Vilaça,


o objetivo final dos sistemas de atenção à saúde é gerar valor para a população e
diminuir as iniquidades. Esse valor expressa-se na relação entre a qualidade dos
resultados econômicos, clínicos e humanísticos e os recursos utilizados no cuidado da
saúde, explica Vilaça, e só pode ser obtido através de intervenções de promoção da
saúde e de prevenção das condições de saúde, o que exige a implantação das RASs.
Para alcançar esse objetivo é necessário o equilíbrio entre a gestão dos recursos
(humanos, materiais e financeiros) e a gestão dos fins (clínica).

A Gestão da Clínica tem origem em experiências internacionais: Atenção Gerenciada e


Governança Clínica. O conjunto de tecnologias de microgestão da clínica baseia-se em
diretrizes clínicas, que são recomendações sistemáticas com o propósito de influenciar
decisões profissionais de saúde e das pessoas usuárias do sistema em situações clínicas
específicas, com funções educacional, comunicacional, gerencial e legal. São dois tipos
de diretrizes: as linhas-guias e os protocolos clínicos. As evidências apontadas pela
experiência da Gestão da Clínica indicam que há melhoria da coordenação entre
equipes, o que contribui para a redução das internações e das taxas de permanência,
aumenta a satisfação dos usuários, diminui o uso de medicamentos e reduz o custo da
atenção, entre outras melhorias.

INFELIZMENTE O SUS AINDA NÃO GEROU VALOR PARA A SOCIEDADE


BRASILEIRA. HÁ UMA EXPECTATIVA QUE COM A PANDEMIA O SUS
PASSE A SER MAIS VALORIZADO PELOS GOVERNANTES E A
SOCIEDADE. SE COM O SUS JÁ MORRERAM 660 MIL BRASILEIROS, ATÉ
O DIA 02/04/2022 IMAGINEM SEM ELE.... POR MEIO DA ASSISTÊNCIA NAS
USFs e UBSs, VIGILÂNCIA EM SAÚIDE, SAMUs, UPAs, HOSPITAIS,
SOBRETUDO, NAS UTIs, HEMODIÁLISES, EXAMES BIOQUÍMOS E
RADIOLÓGICOS COMO RX, TOMOGRAFIAS E RESSONÂNCIAS,
MEDICAMENTOS NECESSÁRIOS PARA ENTUBAÇÃO, ANTIBIÓTICOS,
ANTIVIRAIS, ANTIPARASISTÁRIOS, ETC..

Em 2015 o Prof. Dr. Eugênio Vilaça Mendes publicou o Livro A Construção Social da
Atenção Primária à Saúde, pelo CONASS:

3.2. AS INTERPRETAÇÕES DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (APS) NA


PRÁTICA SOCIAL

Quando a Organização Mundial da Saúde propôs sua agenda para operacionalização


das metas acordadas em Alma-Ata, os países industrializados já as haviam alcançado
em grande parte, enquanto a maioria dos países em desenvolvimento ainda estava longe
de atingi-las. Isso gerou problemas de conceituação e, por consequência, de
implementação (VUORI, 1984).

As variações na interpretação da APS se explicam, ademais, pela história mesma de


como se gestou e evoluiu este conceito e pela ambiguidade de algumas de suas
definições formais estabelecidas nos foros internacionais, pelo uso diferenciado que
fazem do termo algumas escolas do pensamento sanitário e pela tentativa de se instituir
uma concepção positiva de processo saúde/doença em momento de nítida hegemonia de
uma concepção negativa da saúde.

Por isso, há três interpretações principais da APS (MENDES, 2012): a APS como
atenção primária seletiva, a APS como o nível primário do sistema de atenção à saúde e
a APS como estratégia de organização do sistema de atenção à saúde. Essas Conselho
Nacional de Secretários de Saúde – CONASS três decodificações dos cuidados
primários são encontradas, em vários países e, até mesmo, convivem dentro de um
mesmo país, no mesmo tempo.
A interpretação da APS como atenção primária seletiva entende-a como um programa
específico destinado a populações e regiões pobres a quem se oferece, exclusivamente,
um conjunto de tecnologias simples e de baixo custo, provido por pessoal de baixa
qualificação profissional e sem a possibilidade de referência a ní- veis de atenção de
maior densidade tecnológica (WALSH e WARREN, 1979; UNGER e
KILLINGSWORTH, 1986).

A interpretação da APS como o nível primário do sistema de atenção à saúde conceitua-


a como o modo de organizar e fazer funcionar a porta de entrada do sistema,
enfatizando a função resolutiva desses serviços sobre os problemas mais comuns de
saúde, para o que a orienta de forma a minimizar os custos econômicos e a satisfazer as
demandas da população, restritas, porém, às ações de atenção de primeiro nível
(INSTITUTE OF MEDICINE, 1994). É uma interpretação muito comum em países
desenvolvidos e, em geral, está relacionada com a oferta de médicos especializados em
medicina geral ou de família (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD,
2010).

A interpretação da APS como estratégia de organização do sistema de atenção à saúde


compreende-a como uma forma singular de apropriar, recombinar e reordenar todos os
recursos do sistema para satisfazer às necessidades, demandas e representações da
população, o que implica a articulação da APS como parte e como coordenadora de uma
RAS. Por isso, há quem sugira que a APS deve ocupar o banco do motorista para dirigir
o sistema de atenção à saúde (SALTMAN et al., 2006) e quem proponha RAS baseadas
na APS (ORGANIZACIÓN PANAMERICANA DE LA SALUD, 2010).

A decodificação da APS como estratégia de organização do sistema de atenção à saúde


é a mais compatível com a proposta das RAS. São várias as razões: é a interpretação
mais correta do ponto de vista técnico; é abrangente podendo conter, dentro de sua
significação estratégica, as duas outras concepções mais restritas; é perfeitamente
factível e viável no estágio de desenvolvimento do Brasil e com o volume de gasto
público que o SUS apresenta; e é a interpretação que torna possível exercitar as funções
da APS como coordenadora das RAS.

No SUS, ainda que o discurso oficial seja da APS como estratégia de saúde da família,
ela, na realidade, ainda mistura elementos culturais, técnicos e operacionais das duas
outras interpretações mais restritas: a APS seletiva e a APS como nível primário de
atenção à saúde. A mudança semântica foi importante, mas, agora, trata-se de
aprofundar a transformação para que alcance uma mudança de paradigma.
3.3. OS ATRIBUTOS E AS FUNÇÕES DA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE
NAS RAS

A interpretação da APS como estratégia de organização do sistema de atenção à saúde


implica exercitá-la de forma a obedecer a certos atributos e a desempenhar algumas
funções.

ATRIBUTOS DA APS:

1 - Primeiro Contato

2 - Longitudinalidade

3 - Integralidade

4 -Coordenação

5 - Focalização na família

6 - Orientação comunitária

7 - Competência cultural

FUNÇÕES DA APS:

1- Resolubilidade

2 - Comunicação

3 - Responsabilização

Só haverá uma APS de qualidade quando os seus sete atributos estiverem sendo
operacionalizados, em sua totalidade. Os primeiros quatro são os atributos essenciais e
os três últimos os atributos derivados.

O primeiro contato implica a acessibilidade e o uso de serviços para cada novo


problema ou novo episódio de um problema para os quais se procura atenção à saúde.

A longitudinalidade constitui a existência do aporte regular de cuidados pela equipe de


saúde e seu uso consistente ao longo do tempo, num ambiente de relação mútua de
confiança e humanizada entre equipe de saúde, indivíduos e famílias.

A integralidade significa a prestação, pela equipe de saúde, de um conjunto de serviços


que atendam às necessidades da população adstrita nos campos da promoção, da
prevenção, da cura, do cuidado, da reabilitação e dos cuidados paliativos, a
responsabilização pela oferta de serviços em outros pontos de atenção à saúde e o
reconhecimento adequado dos problemas biológicos, psicológicos e sociais que causam
as doenças.
A coordenação conota a capacidade de garantir a continuidade da atenção, através da
equipe de saúde, com o reconhecimento dos problemas que requerem seguimento
constante e se articula com a função de centro de comunicação das RAS.

A focalização na família impõe considerar a família como o sujeito da atenção, o que


exige uma interação da equipe de saúde com esta unidade social e o conhecimento
integral de seus problemas de saúde e das formas singulares de abordagem familiar.

A orientação comunitária significa o reconhecimento das necessidades das famílias


em função do contexto físico, econômico e social em que vivem, o que exige uma
análise situacional das necessidades de saúde das famílias numa perspectiva
populacional e a sua integração em programas intersetoriais de enfrentamento dos
determinantes sociais da saúde proximais e intermediários.

A competência cultural convoca uma relação horizontal entre a equipe de saúde e a


população que respeite as singularidades culturais e as preferências das pessoas e das
famílias (STARFIELD, 2002).

A presença dos sete atributos da APS é importante para a garantia dos resultados e da
qualidade da atenção. Há evidências, produzidas em nosso país, de que a
heterogeneidade da qualidade da APS está, em geral, associada à ausência de um ou
mais desses atributos. Da mesma forma, uma APS como estratégia só existirá se ela
cumprir suas três funções essenciais: a resolubilidade, a comunicação e a
responsabilização. A função de resolubilidade, inerente ao nível de cuidados primários,
significa que ela deve ser resolutiva, capacitada, portanto, cognitiva e tecnologicamente,
para atender a mais de 90% dos problemas de sua população. A função de comunicação
expressa o exercício, pela APS, de centro de comunicação das RAS, o que significa ter
condições de ordenar os fluxos e contrafluxos das pessoas, dos produtos e das
informações entre os diferentes componentes das redes. A função de responsabilização
implica o conhecimento e o relacionamento íntimo, nos microterritórios sanitários, da
população adstrita, o exercício da gestão de base populacional e a responsabilização
econômica e sanitária em relação a esta população (MENDES, 2012). Quando se quiser
verificar se há uma APS eficiente, efetiva e de qualidade, articulada numa RAS, há que
se procurar verificar em que medida ela cumpre esses sete atributos e essas três funções.
É o que procura fazer, em relação aos atributos, o instrumento de avaliação da APS, o
Primary Care Assessment Tool, PCATool (STARFIELD et al., 2001; MINISTÉRIO
DA SAÚDE, 2010).

Referência:

MENDES, E. V. A construção social da atenção primária à saúde. Brasília:


Conselho Nacional de Secretários de Saúde, 2015. Disponível em
http://www.conass.org.br/biblioteca/pdf/A-CONSTR-SOC-ATEN-PRIM-SAUDE.pdf

No dia 28 de setembro de 2017, foi publicada a Portaria de Consolidação nº 2 que


aprova a Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), agora denominada de
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE, estabelecendo a revisão de diretrizes para a
organização da Atenção Básica, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A qual
poderá ser consultada, na íntegra, no site
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0002_03_10_2017.html

MUITA ATENÇÃO PARA NÃO CONFUNDIR OS VOCÀBULOS: ATRIBUTOS


DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DE ACORDO COM BÁRBARA
STARFIELD, PRINCÍPIOS NORTEADORES/DOUTRINÁRIOS, ÉTICOS OU
FINALÍSTICOS E ORGANIZACIONAIS/ORGANIZATIVOS DO SUS DE ACORDO
COM ESSA AULA E OS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DA ATENÇÃO BÁSICA DE
ACORDO COM A ATUAL POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO BÁSICA –
PORTARIA DE CONSOLIDAÇÃO Nº 2 DE 28 DE SETEMBRO DE 2017.
ESTEJAM ATENTOS ÀS DIFERENTES REFERÊNCIAS.

3- REFERÊNCIA E CONTRARREFERÊNCIA:

Um cidadão para transitar de um nível de atenção a outro de maior com maior


densidade tecnológica em condições rotineiras (exceto urgências e emergências) precisa
de um documento expedido por uma unidade de Atenção Primária à Saúde (UBS/USF)
chamado de GUIA DE ENCAMINHAMENTO, a qual é dividida em três partes:
Identificação do Cidadão, Referência e Contrarreferência que explicaremos a seguir.

Um cidadão de Turmalina que pertence a Região de Saúde de Fernandópolis é


consultado por um médico Clínico Geral da Unidade Saúde da Família que suspeita de
um distúrbio endocrinológico. Este médico decide encaminhá-lo para um
endocrinologista, pelo SUS, em Fernandópolis. Para que este cidadão possa ser
consultado no CISARF (Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região de
Fernandópolis) onde há médico dessa especialidade, ele deverá preencher uma parte da
Guia de Encaminhamento chamada REFERÊNCIA. Esta consulta será agendada por
telefone no CISARF.

No dia da consulta este cidadão deverá levar a GUIA DE ENCAMINHAMENTO


devidamente preenchida pelo médico quanto a alguns dados de sua identificação pessoal
e o campo referente a Referência para o médico endocrinologista. Após o atendimento
esse médico especialista deverá (deveria, é melhor) fazer um relatório – na parte da
Guia chamada Contra Referência - sobre sua consulta explicitando o seu diagnóstico e o
tratamento para esse caso e devolver a Guia para o cidadão entregá-la na USF/UBS que
originou o caso. Isto se chama CONTRARREFERÊNCIA

Infelizmente podemos dizer que a Referência funciona relativamente bem; mas há


problemas com a Contrarreferência, simplesmente porque muitos médicos não preenche
o documento e/ou não o devolve para o cidadão entregá-lo na Unidade Básica de Saúde
que gerou o encaminhamento para ser arquivada no prontuário e para que o médico de
lá saiba o que o médico especialista diagnosticou e o que prescreveu como tratamento.
Isso é uma das grandes dificuldades operacionais do SUS. È preciso que os gestores de
saúde municipais (coordenadores, diretores ou secretários de saúde) e os gerentes das
unidades de saúde que são referências em nível secundário de atenção tenham mais
controle sobre o trabalho do profissional médico, para que esse princípio do SUS seja
cumprido, como acontece nos AME onde os médicos são obrigados a preencherem essa
parte da Guia de Encaminhamento. Outra situação, já encontrada, é que o médico até
preencheu a Guia no Campo da Contrarreferência; no entanto, o cidadão não retorna na
unidade de saúde que originou a guia para mostrar o resultado da consulta com o
especialista para o Clínico Geral.

A Referência e a Contrarreferência no SUS também pode ocorrer entre outros


profissionais de saúde de nível superior não-médicos para um médico (uma enfermeira
encaminhar um caso suspeito de hanseníase ou tuberculose para um médico); de
profissional de nível superior para outro da mesma profissão (uma enfermeira de uma
USF/UBS pode encaminhar um cidadão com uma ferida para ser consultado com as
enfermeiras especialista em feridas da Secretaria Municipal de Saúde de
Fernandópolis), assim como de profissionais de saúde não-médicos para outro não-
médico de outra profissão (um fisioterapeuta encaminhar um paciente para uma
nutricionista fazer uma avaliação nutricional). Mas essa prática é raramente utilizada
pelos outros profissionais de saúde. E não podemos duvidar que muitos desses
profissionais acreditam que a Guia de Encaminhamento seja privativa do Médico.

4- RESOLUTIVIDADE OU RESOLUBILIDADE

Este princípio refere-se capacidade da unidade de saúde em resolver os problemas de


saúde individuais e/ou coletivos de uma determinada comunidade.

Na literatura encontra-se que uma Unidade Básica de Saúde (UBS) deve resolver em
torno de 80 a 90% dos problemas de saúde dos cidadãos que atenderem. Já a Unidade
Saúde da Família (USF) deveria apresentar um grau de resolutividade maior de até 92%
segundo o Prof. Dr. Eugênio Vilaça Mendes – Consultor da OPAS. Essa resolutividade
é medida por meio de várias maneiras, como, por exemplo, pelo número de
encaminhamentos gerados pelo médico da unidade de saúde (quanto mais
encaminhamentos um médico gerar, pior será o grau de resolutividade dele). Para tal
existem impressos para anotações de todas as consultas médicas e de outros
profissionais de saúde de nível superior não-médicos, procedimentos técnicos, visitas
domiciliárias, atividades de educação em saúde, entre outras ações que são
desenvolvidas dentro e fora da unidade de saúde. Além disso existem muitos
indicadores de saúde que são utilizados para medir o grau de eficiência das unidades de
saúde integrantes da rede do SUS.

Em uma reportagem de Leonardo Alves, publicada em 19/01/2004, disponível em


http://meuprontuario.net/atencao-basica-solucao-85-dos-problemas-sus/ encontramos o
seguinte parágrafo:

“E foi uma estudiosa, norte americana, chamada Bárbara Starfield, em 1994, que
percebeu que 85% dos problemas de saúde da população poderiam ser resolvidos
ao nível da Atenção Primária/básica (grifo nosso). Ela conseguiu este feito: com uma
ação coordenada, realizando serviços preventivos, curativos, reabilitadores e de
promoção da Saúde enfim, trabalhando em equipe, e formando uma rede de atenção e
cuidado, isso lá em 1994, com muito menos tecnologia do que temos hoje”.

Já no Livro A Construção Social da Atenção Primária à Saúde, publicado pelo Conselho


Nacional de Secretários de Saúde (CONASS), em 2015, diz que uma Atenção Primária
à Saúde, como estratégia, deve resolver mais que 90% dos problemas da população
(p.34).

Atenção: Na RESOLUÇÃO DA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR DO


MEC Nº 1, DE 25 DE MAIO DE 2015 Regulamenta os requisitos mínimos dos
programas de residência médica em Medicina Geral de Família e Comunidade - R1 e
R2 e dá outras providências. Art. 3º A Medicina Geral de Família e Comunidade é uma
especialidade clínica cujo profissional é capaz de: I - identificar as doenças e
enfermidades desde seus momentos iniciais, ainda com manifestações indiferenciadas e
atípicas; II - manejar condições crônicas e estáveis, com momentos de agudização e
problemas que configurem situações de urgência e emergência, com o objetivo de
resolver pelo menos 80% dos problemas de saúde mais prevalentes;

5 – PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE (também chamada de participação da


população ou de Controle Social – alguns autores não concordam essa nomenclatura).

Esse princípio assegurado no Artigo nº 198 da Constituição Federal de 1988 e


regulamentado pela Lei Federal nº 8.142/90, ocorre mediante a participação dos
segmentos sociais organizados nos Conselhos de Saúde e nas Conferências de Saúde.
Estes conselhos e conferências de saúde ocorrem em nível local, municipal, estadual e
nacional.

Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° 8.080, de 19 de setembro
de 1990, contará, em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder
Legislativo, com as seguintes instâncias colegiadas:

I - a Conferência de Saúde; e

II - o Conselho de Saúde.

§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a representação dos


vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a
formulação da política de saúde nos níveis correspondentes, convocada pelo Poder
Executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de Saúde.

§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado


composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de
saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da
política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e
financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente
constituído em cada esfera do governo.
§ 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e o Conselho Nacional
de Secretários Municipais de Saúde (CONASEMS) terão representação no Conselho
Nacional de Saúde.

§ 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e Conferências será


paritária em relação ao conjunto dos demais segmentos.

§ 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão sua organização e normas


de funcionamento definidas em regimento próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.

Em todos os 5568 municípios brasileiros existe um Conselho Municipal de Saúde (em


muitas deles existem os Conselhos Locais de Saúde em cada área geográfica de uma
unidade de saúde). O Conselho Municipal de Saúde deverá ser sempre em número pares
(composição paritária) assim distribuídos: 50% dos membros dos conselheiros são de
usuários do SUS, 25% dos conselheiros de representantes dos profissionais de
saúde ou não que atuam no SUS e 25% dos conselheiros são de representantes dos
prestadores/gestores de serviços de saúde.

Os Conselhos Municipais de Saúde são órgãos deliberativos, de caráter permanente, ou


seja, é obrigatória a existência desse conselho para atuar na formulação de estratégias e
no controle (fiscalização) da execução da política de saúde do município. Inclusive que
gerencia a conta bancária do Fundo Municipal de Saúde são os tesoureiros desse
Conselho e não a prefeitura (prefeito) como muitos pensam. Geralmente o mandato dos
conselheiros é de dois anos. As formas de escolha dos seus representantes são variadas,
desde a realização de eleições à indicação de segmentos sociais e instituições
prestadoras de serviços de saúde públicas, filantrópicas e privadas conveniadas ao SUS.

As Conferências de Saúde em todos os níveis ocorrem a cada quatro anos com a


representação dos vários segmentos sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as
diretrizes para a formulação da política de saúde nos níveis correspondentes (municipal,
estadual, nacional).

É muito importante você participar de um Conselho Municipal ou de uma Conferência


Municipal de Saúde, pois é um espaço de discussão para você agir como cidadão e/ou
defender os interesses de sua profissão.

No período de 4 a 7 de agosto de 2019 ocorreu a 16º Conferência Nacional de Saúde, a


qual está sendo denominada de 8ª + 8 em referência a famosa 8ª Conferência Nacional
de Saúde, realizada em 1986.

A 16ª Conferência Nacional de Saúde (8ª+8) foi organizada pelo CNS e realizada pelo
MS. Considerada o maior espaço de participação social do Brasil, o evento reuniu mais
de cinco mil pessoas de todo o país para propor melhorias ao Sistema Único de Saúde
(SUS), sendo um resgate à 8ª Conferência, realizada em 1986, responsável por definir as
bases para construção do SUS na Constituição de 1988.”
Em Fernandópolis, no dia 29 de julho de 2021, ocorreu a 8º Conferência Municipal de
Saúde com o Tema: “Saúde e Pandemia – os desafios da nova realidade”. O atual
Presidente do Conselho Municipal de Saúde é o Gerente de Apoio Daniel Domemics, que é
graduado em Farmácia. Foram apresentadas em torno de 220 propostas que foram lidas e
discutidas por aproximadamente 100 Delegados representantes dos usuários (50%), prestadores
de serviços do SUS (25%) e Profissionais de Saúde que atuam no SUS (25%), seguindo o que
está estabelecido pela Lei Federal nº 8142/1990 (que é uma das Leis Orgânicas do SUS).

Em julho de 2023 ocorrerá, em Brasília, a 17º Conferência Nacional de Saúde com o


Tema: Garantir Direitos e Defender o SUS, a Vida e a Democracia, a qual será
precedida de Conferências Municipais, Regionais e Estaduais.

“A 17ª Conferência Nacional de Saúde será realizada de 2 a 5 de julho de 2023 pelo


Conselho Nacional de Saúde (CNS), juntamente com o Ministério da Saúde. O evento,
que acontece a cada quatro anos, é um dos mais importantes espaços de diálogo entre
governo e sociedade para a construção das políticas públicas do Sistema Único de
Saúde (SUS).
Com o tema “Garantir
Direitos e Defender o SUS, a Vida e
a Democracia – Amanhã vai ser outro dia”, a Conferência
será precedida por etapas municipais, que vão acontecer entre novembro de 2022 a
março de 2023, e etapas estaduais e do Distrito Federal, que serão realizadas de abril a
maio de 2023.
As conferências locais serão organizadas pelos Conselhos de Saúde, junto às respectivas
Secretarias de Saúde. Para participar, é necessário acompanhar a realização no seu
município e estado, onde os interessados poderão ser eleitos para a etapa final. Também
vão acontecer diversas atividades preparatórias para a etapa nacional, como a 6ª
Conferência Nacional de Saúde Indígena, de 14 a 18 de novembro, e a 5ª Conferência
Nacional de Saúde Mental, que será realizada de 16 à 19 de maio de 2023, em Brasília.
Ao final do processo, as deliberações aprovadas na 17ª Conferência Nacional de Saúde
devem ser contempladas no próximo ciclo de planejamento da União e servir de
subsídio para a elaboração do Plano Nacional de Saúde e Plano Plurianual de 2024-
2027.”
Fonte: https://conselho.saude.gov.br/17cns

Publicado em 03 de junho de 2022.


Você conhece os componentes do Conselho de Saúde do seu município???

Visite a Secretaria Municipal de Saúde do seu município e peça mais informações sobre
o Conselho e os Conselheiros, eles geralmente se reúnem uma vez por mês. Em
Fernandópolis o Conselho Municipal de Saúde tem 16 titulares (8 usuários do SUS, 4
profissionais de saúde que atuam no SUS e 4 representantes dos prestadores de serviços
do SUS) e 16 suplentes. As reuniões ordinárias do CMS, durante a pandemia,
acontecem na segunda terça feira de cada mês, às 8 horas e 30 minutos, na sede da
Secretaria Municipal de Saúde (Paço Municipal). Todas as reuniões são convocadas por
ofícios e são publicadas nos Jornais da Cidade. A página Facebook do Conselho é
https://pt-br.facebook.com/conselhomunicipaldesaudedefernandopolis/

6. INTERSETORIALIDADE

É o princípio que prescreve a necessidade de haver o comprometimento dos diversos


setores (Ministérios, Secretarias, diretorias, coordenadorias) das três esferas de governo
com a produção da saúde e o bem estar da população. Além das parcerias com ONGs,
Empresas, Igrejas, Lions, Rotary, Associações, etc.

O SUS sozinho NÃO PRODUZ SAÚDE, ou seja, não é capaz de aumentar o


ESTOQUE DE SAÚDE e nem diminuir a CARGA DE DOENÇAS da população.

Portanto para que uma população tenha um ótimo estoque de saúde é preciso a
atuação de vários setores concomitantemente, por exemplos: Ministério do
Transporte, Ministério da Educação, Ministério do Trabalho, entre outros
Ministérios, Secretarias Estaduais e Municipais, ONGs, etc.

O próprio conceito de SAÚDE previsto na Legislação Brasileira já deixa EXPLICITO a


necessidade da atuação de muitos setores para a produção de saúde.

Em 25 de setembro de 2013, o Vice Presidente da República sancionou a Lei Federal n°


12864/13 altera o caput do art. 3° da Lei n° 8080 de 19 de setembro de 1990 (Lei
Orgânica da Saúde) para incluir a Atividade Física como sendo um fator determinante e
condicionante de Saúde:
"Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do País, tendo a saúde
como determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o
saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física,
o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais".
7 -TRANSVERSALIDADE

É o princípio que estabelece a necessidade de coerência, complementariedade e reforço


recíproco entre órgãos, políticas, programas e ações de saúde. Exemplos de Programas
transversais no SUS: Programa Nacional de Imunização (administra-se vacinas do
Recém-Nascido até os idosos, o Programa de Controle da Obesidade, Programa de
Combate ao Tabagismo, Programa de Combate ao Alcoolismo, entre outros.

ATENÇÃO: A INTERSETORIALIDADE E TRANSVERSALIDADE aparecem


como PRINCÍPIOS ORGANIZACIONAIS DO SUS no documento “CAMINHOS DO
DIREITO À SAÚDE NO BRASIL” elaborado pelo Ministério da Saúde por meio da
Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa Departamento de Apoio à Gestão
Participativa, publicado em 2007, denominado disponível no site
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caminhos_direito_saude_brasil.pdf

Na página 9 consta que:

Os princípios organizativos do SUS são: • a intersetorialidade, que prescreve o


comprometimento dos diversos setores do Estado com a produção da saúde e o bem-
estar da população; • a descentralização político-administrativa, conforme a lógica de
um sistema único, que prevê, para cada esfera de governo, atribuições próprias e
comando único; • a hierarquização e a regionalização, que organizam a atenção à saúde
segundo níveis de com maior densidade tecnológica – básica, média e alta –, oferecidos
por área de abrangência territorial e populacional, conhecidas como regiões de saúde; e
• a transversalidade, que estabelece a necessidade de coerência, complementaridade e
reforço recíproco entre órgãos, políticas, programas e ações de saúde.

8 – PARTICIPAÇÃO DO SETOR PRIVADO DE FORMA COMPLEMENTAR


AO SUS.

Este princípio refere-se à complementaridade do setor privado de saúde ao SUS. A


Constituição Federal de 1988 no seu Artigo nº 199 diz que “A assistência à saúde é livre
a iniciativa privada”. E que as instituições privadas de saúde poderão participar de
forma complementar do Sistema Único de Saúde, segundo diretrizes deste, mediante
contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as
sem fins lucrativos.

Então, no Brasil, além do SUS é permitida pela Constituição Federal a existência de


empresas privadas de saúde que vendem os seus Planos de Saúde. Essas empresas
privadas de saúde são fiscalizadas por uma agência reguladora denominada AGÊNCIA
NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR (ANS)

No site https://www.ans.gov.br/perfil-do-setor/dados-gerais encontramos que, em


setembro 2022. o Brasil tinha 50.124.094 pessoas Beneficiários em planos privados de
assistência médica com ou sem odontologia, perfazendo 25,8% da população.
30.495.364 são beneficiários em planos privados exclusivamente odontológicos,
perfazendo 15,8% da população. Estão em funcionamento 694 operadoras médico
hospitalares e 242 operadoras exclusivamente odontológicas segundo dados de
outubro de 2022. Esses dados são os últimos disponíveis até o dia 04/01/2023, quando
essa parte da aula foi atualizada.

E elas são campeãs de reclamação nos PROCONS de todo o país. Há milhares de


processos na Justiça contra muitos desses planos que impõem restrições desde o número
de consultas por pessoa até realizando cirurgias desnecessárias de algumas situações
clínicas que poderiam ser tratadas de maneira não-cirúrgica. Um exemplo do que já
ocorreu foi a indicação de uma histerectomia (retirado do útero) cuja doença poderia ser
tratada à base de hormônios; por este tratamento ser mais oneroso (caro) e demorado o
plano de saúde, por meio do médico auditor, indicou a cirurgia radical como foi
denunciado na imprensa brasileira.

Vale lembrá-los de que todos os cidadãos podem/devem denunciar um mal atendimento


no SUS ou de um Plano Privado de Saúde, pois é um direito previsto no CÓDIGO DE
DEFESA DO CONSUMIDOR (Lei nº 8078/90) o qual é considerado um dos mais
avançados do mundo. As denúncias em relação ao mal atendimento na rede SUS pode
ser feita ao Conselho Municipal de Saúde, aos serviços de Ouvidoria do Município, ao
Ministério Público, aos vereadores que fazem parte da Comissão da Saúde que existe
em toda Câmara Municipal do Brasil, à Delegacia de Polícia por meio de um Boletim
de Ocorrência. Quanto aos Planos Privados temos como locais para denúncias os
PROCONS e a ANS e à Delegacia de Polícia.

O conjunto das operadoras de Planos Privados de Saúde (Médicos e Odontológicos)


devem bilhões de reais para o SUS e não querem pagar a dívida.

Em uma reportagem disponível no site https://www.metropoles.com/brasil/divida-de-


planos-de-saude-com-o-sus-compraria-58-milhoes-de-vacinas , publicada no dia
29/06/2021, encontramos que:

Os planos de saúde devem R$ 2,9 bilhões ao Sistema Único de Saúde (SUS),


segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

Os planos devem fazer uma espécie de reembolso pelos procedimentos feitos em


usuários em unidades de pronto-socorro do SUS. A cobrança consta na Leiº n 9.656,
com objetivo de impedir que as operadoras ganhem as mensalidades sem gastar com o
atendimento.

E QUEM FINANCIA O SUS? ELE É DE GRAÇA?

Para começar “JAMAIS, NEVER. NUNCA” diga que o SUS É DE GRAÇA... DE


GRAÇA NEM INJEÇÃO NA TESTA... APLICAR BOTOX CUSTA CARO...

O SUS É FINANCIADO PELOS IMPOSTOS QUE, NÓS CIDADÃOS,


PAGAMOS ...
Você sabia que, em média, trabalhamos quase 160 dias no ano para pagar impostos...
são quase 100 tipos de impostos municipais, estaduais e federais... Você sabe quanto de
imposto pagamos numa garrafa de água, em um refrigerante, em uma lata de ervilha, na
compra de um sapato ou vestuário????

No site http://www.portaltributario.com.br/tributos.htm estão disponíveis o nome dos 92


Tributos do Brasil atualizado em 03/01/2020. Daí que temos uma das maiores cargas
tributárias do mundo (até fevereiro de 2023 o site mantinha esse mesmo número de
Tributos).

Você sabia que a arrecadação do Estado de São Paulo representa 37,39% do total da
arrecadação no Brasil, por isso, você já ouviu dizer que esse estado é a “Locomotiva do
Brasil” do ponto de vista econômico; além de ser o mais populoso com
46.649.132 pessoas (IBGE 2021).

Então leia mais um pouco sobre o Financiamento do SUS:

O financiamento do SUS é de responsabilidade das três esferas de governo (federal,


estadual e municipal). Ele é financiado pelos IMPOSTOS que os cidadãos pagam. Os
governos no Brasil são grandes arrecadadores de impostos. Na cidade de São Paulo
existe um painel eletrônico chamado IMPOSTÔMETRO que marca a todo segundo a
quantia estimada, em reais, dos impostos arrecadados pelas três esferas de governo
(acesse o site https://impostometro.com.br/ e confira o quanto já foi arrecadado do
dia 1º de janeiro até a data da sua leitura dessa aula: no Brasil, no seu Estado e
Município.
Impostos Arrecadados no Brasil:

2017: R$ 2,172 trilhões;

2018: R$ 2,388 trilhões;

2019: R$ 2,5 trilhões;

2020: R$ 2 trilhões;

2021: R$ 2,6 Trilhões

2022: R$ 2,89 Trilhões

Leia trecho da Reportagem publicada no site


https://www.agoramt.com.br/2023/01/brasileiros-pagaram-quase-r-29-trilhoes-em-
impostos-em-2022/ no dia 04/01/2023

“Os brasileiros pagaram R$ 2,89 trilhões em impostos ao longo de 2022, valor 11,5%
superior aos R$ 2,6 trilhões arrecadados no ano anterior.

Os dados, divulgados nesta quarta-feira (4), fazem parte do Impostômetro, da ACSP


(Associação Comercial de São Paulo), que soma de pagamentos feitos aos governos
federal, estadual e municipal, incluindo taxas, contribuições, multas, juros e correção
monetária.

Ulisses Ruiz de Gamboa, economista do Instituto Gastão Vidigal, afirma que o aumento
da arrecadação foi motivado pelos tributos federais. “Adicionalmente, ainda, tivemos
inflação em níveis elevados, o que encarece produtos e serviços”, explica o especialista
do instituto de economia ligado à ACSP.”

Em outra reportagem:

O Brasil arrecadou mais de R$ 2,8 trilhões em impostos em 2022, de acordo com o


Impostômetro. O estado de São Paulo ficou com a maior parte da fatia: cerca de 37%
(em torno de R$ 1 trilhão). Apenas a capital paulista angariou R$ 35,9 bilhões de todas
as taxas pagas no país no ano passado. Rio de Janeiro (R$ 393,4 bilhões) e Minas
Gerais (R$ 213,2 bilhões) foram as outras regiões que mais acumularam renda.

A arrecadação em 2022 cresceu 7,6% em relação a 2021 graças à retomada da atividade


econômica. Outro fator que ajudou a aumentar o recolhimento de impostos foi a
inflação, que chegou a passar a casa dos dois dígitos no ano passado. Confira o
montante arrecadado nos últimos anos pelos governos federal, estadual e municipal.

Fonte: Instagram Globonews, 4 janeiro de 2022

Até o dia 04/02/2023, às 22 horas e 27 minutos, já tinham sido arrecadados o valor


abaixo de impostos no Brasil:

Vejam a distribuição dos investimentos no SUS, em 2022, de acordo com o Portal da


Transparência:
Fonte: https://portaltransparencia.gov.br/funcoes/10-saude?ano=2022

Para o ano de 2023 estão previstos R$ 183,79 Bilhões segundo o Portal Transparência
no dia 04/02/2023:

No entanto, no site https://www.bbc.com/portuguese/brasil-53969636 encontramos a


seguinte reportagem:

Nos países com sistemas universais de saúde os governos investem de 8 a 9% do PIB


em saúde, o Brasil só investe 3,9% do PIB e as famílias e as empresas investem 5,3%
do PIB, ou seja, muito mais que o governo.
No documento “Mais SUS em Evidência”, do Instituto de Estudos para Políticas de
Saúde, disponível no site www.agendamaissus.org.br e na Classroom, encontramos os
seguintes parágrafos sobre o Financiamento do SUS (os próximos parágrafos foram
transcritos na íntegra da p. 9 e 10 desse documento).

“Segundo Rocha et al. (2021), para cobrir as necessidades totais de financiamento do


SUS, o gasto em saúde pública deveria alcançar valores na ordem de 4,7% do Produto
Interno Bruto (PIB) até 2030. O gasto público na saúde brasileira, entretanto, ainda está
distante deste patamar. Nos últimos 10 anos, o gasto total com saúde no Brasil cresceu
marginalmente em relação ao PIB, alcançando cerca de 9,51% do PIB em 2018. No
entanto, somente 42% desse gasto, ou 3,96% do PIB, foram de fato gastos do governo
no SUS, ao passo que os restantes 58%, ou 5,55% do PIB, foram gastos privados das
famílias brasileiras.

Isto significa dizer que o SUS ficará subfinanciado em um cenário onde o gasto público
não aumente expressivamente nos próximos anos e haverá, com toda probabilidade,
uma deterioração dos resultados em saúde e aumento das desigualdades no país (Castro
et al., 2019).

É relevante notar que os gastos públicos constituem a principal fonte de financiamento


da saúde na maior parte dos países do mundo, independente do modelo de provisão
tender mais ao setor público ou privado. Rocha et al. (2021) mostram que em países
desenvolvidos o gasto público tende a ser até três vezes maior que o gasto privado,
enquanto em países mais pobres, com menor capacidade de atuação do Estado, essa
razão cai para duas vezes. O Brasil é uma exceção. No país, apesar dos gastos totais em
saúde serem altos para o nível de renda, a parcela de gasto público não alcança nem
metade do financiamento total da saúde, e não há nenhuma tendência expressiva de
aumento em termos relativos ao PIB.”

No site https://frentepelavida.org.br/uploads/documentos/PEP%20COVID-19_v2.pdf
encontramos que:

“A luta por mais verbas para o SUS não pode desconhecer, contudo, que a sociedade
brasileira não investe pouco em saúde, considerando-se o total de gastos públicos e
privados em termos de PIB, o País gasta 9,2% ao ano. Porém, o gasto público
(federal, estadual e municipal) representa apenas 3,9% do gasto total. Para
aumentar os gastos públicos, sem ampliar o total de gastos em saúde, deve-se
redirecionar para o SUS o subsídio público atualmente destinado ao setor privado de
estabelecimentos de saúde, operadoras de seguros e planos de saúde e fornecedores de
insumos de saúde, com exceção das organizações filantrópicas que prestam serviços
exclusivamente aos usuários do SUS. Por fim, mas não menos importante, deve-se
ressaltar que o adequado financiamento do SUS passa pelo fortalecimento dos
mecanismos de pactuação tripartite e de exercício do controle social (fortalecendo
conselhos de saúde) para alocação de recursos federais e estaduais. Finalmente, deve-se
revogar a EC-95 e estabelecer o piso de 10% das receitas correntes brutas da União a ser
aplicado ao SUS, definindo fontes estáveis de financiamento. Neste escopo
fundamental, cabe ainda a necessária revogação da Portaria GM/MS nº 2979/2019, que
institui o Programa Previne Brasil e estabelece novo modelo de financiamento de
custeio da Atenção Primária Saúde. Tal normativa, na contramão do princípio da
universalidade do SUS, condiciona o financiamento federal da atenção básica ao
cadastramento da população nos municípios, além de confrontar a Lei Complementar nº
141/2012, que estabelece a necessidade de submeter à aprovação do CNS as pactuações
que dizem respeito aos critérios de rateio das transferências financeiras do Fundo
Nacional de Saúde para os fundos estaduais e municipais de saúde (p.53/54).

Diante deste contexto os 26 estados, o Distrito Federal e os 5570 municípios também


terão que aumentar os seus investimentos em saúde para dar conta de atender
minimamente essa demanda crescente de necessidades em saúde. Na verdade nunca
haverá dinheiro suficiente, pois sempre surgirão novas demandas nessa área, que é a
mais vital para o ser humano – a sua saúde.
Muitos municípios brasileiros estão investindo em torno de 25 a 30% do seu orçamento
em Saúde, muito mais dos que os 15% estabelecidos na Lei Complementar 141 de
13/01/2015. E esse montante não está sendo suficiente para atender a maioria dos
problemas de saúde da população. Segundo Eugênio Vilaça Mendes existe na economia
a Lei de Wildaysky que poderia ser denominada de “lei do saco sem fundo” a qual se
aplica na saúde pois não há e nunca haverá dinheiro suficiente para a saúde, quanto mais
investir mais será preciso” haja vista que as demandas em saúde tanto individual quanto
coletivas são cada vez maiores e mais complexas diante de novas tecnologias duras
(aparelhos) e descobertas de novos agentes imunizantes, medicamentos e insumos.
Você sabia que a maioria das pessoas que “PAGA” um Plano Privado de Saúde, na
verdade não o paga, pois no Brasil é permitido a dedução de 100% dos valores pagos
nos atendimentos na área da saúde na Declaração do Imposto de Renda (IR)? Veja a
matéria publica pelo Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES), em julho de
2015, disponível em anexo dessa aula e no site http://cebes.org.br/2015/04/tese-do-
cebes-para-a-15a-conferencia-nacional-de-saude/
“Do IR, as pessoas físicas podem deduzir os gastos com planos de saúde, médicos,
dentistas, psicólogos, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais e
hospitais, exames laboratoriais, serviços radiológicos, aparelhos ortopédicos e próteses
ortopédicas e dentárias, entre outros. Não há teto para o abatimento de gastos com saúde
(renúncia fiscal), diferentemente do que acontece com a educação, cujo limite de
dedução é de R$ 3.375,83. A renúncia fiscal se aplica também aos empregadores que
fornecem assistência à saúde a seus funcionários, considerando este gasto como
“despesa operacional” e abatendo do lucro tributável. Ainda há as desonerações fiscais
para a indústria farmacêutica, hospitais filantrópicos, subsídios diretos por meio de
incentivos fiscais e desonerações, além de subsídios a funcionários públicos, cujos
planos de saúde são pagos com recursos públicos.
Dinheiro do povo não pode ser privatizado, deve ser usado em serviços para todo o
povo, promovendo justiça e igualdade social.”
Outras informações sobre o investimento em Saúde no Brasil:
O Brasil investe anualmente, em média, US$ 334 (R$ 1.895) por habitante.
Em países com sistemas semelhantes ao SUS, a saúde de cada pessoa vale mais: Reino
Unido (US$ 3.500 = R$ 19.870), Canadá (US$ 3.315 = R$ 18.817), França (US$ 3.178
= R$ 18.040) e Espanha (US$ 1.672 = R$ 9.491), por exemplo. É uma questão de
prioridade.
Por outro lado, o país mais rico do mundo – Estados Unidos – não possui um sistema
como o SUS, com acesso universal à Saúde. Lá, os norte-americanos chegam a pagar
US$ 35.000 (R$ 198.681) por um tratamento de Coronavírus.
Fonte: https://epublico.com.br/brasil-e-um-dos-paises-que-menos-investe-em-saude/
Em dezembro de 2016 foi aprovada a Emenda Constitucional (EC) 95/2016 que
implantou o TETO DE GASTOS do Governo Federal para os próximos 20 anos
(2016 a 2036).
ATÉ 2036 O SUS PERDERÁ 400 BILHÕES COM ESSA EMENDA
CONSTITUCIONAL 95/2016 (http://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-
cns/403-cns-repudia-retirada-de-verba-do-sus-para-pagar-diesel).
Inúmeras Instituições nacionais e até mesmo internacionais, como a OMS, já pediram a
revogação imediata dessa EC, pelos malefícios que ela causará na saúde e na educação
brasileira. E há ações no Supremo Tribunal Federal (STF) solicitando a
inconstitucionalidade dessa EC.
No site https://www.conectas.org/noticias/onu-pede-revogacao-imediata-da-emenda-
constitucional-95 encontramos a reportagem, publicada no dia 29/04/2020:
ONU PEDE REVOGAÇÃO IMEDIATA DA EMENDA CONSTITUCIONAL 95
Organismo orientou que o Brasil aumente gastos para combate à desigualdade e à
pobreza durante a pandemia
“Políticas econômicas e sociais irresponsáveis do Brasil colocam milhões de vidas em
risco”, alertam especialistas da ONU nesta quarta-feira (29), em nota à imprensa que
pede a revogação da Emenda Constitucional 95. Em vigor desde 2016, a medida limita
o investimento em saúde e educação no país.
“A epidemia da COVID-19 ampliou os impactos adversos de uma emenda
constitucional de 2016 que limitou os gastos públicos no Brasil por 20 anos”, destacou o
especialista independente em direitos humanos e dívida externa, Juan Pablo
Bohoslavsky, e o Relator Especial sobre pobreza extrema, Philip Alston. “Os efeitos são
agora dramaticamente visíveis na crise atual”.
Na semana passada, entidades brasileiras denunciaram a Emenda Constitucional 95 na
ONU, pedindo sua revogação imediata. O documento chamou a atenção para os riscos
da manutenção de um limite de investimentos em áreas sociais, frente à crise enfrentada
desde a chegada da Covid-19 ao país.
Para Julia Neiva, coordenadora de Desenvolvimento e Direitos Socioambientais da
Conectas, a recomendação destaca a importância da revogação imediata do teto de
gastos, com um olhar especial para as populações economicamente mais vulneráveis.
“Em uma sociedade desigual, os impactos da pandemia não são os mesmos – já se sabe
que os mais afetados são as populações pobres e negras. É de extrema importância que o
país reveja políticas de austeridade e invista em saúde e direitos sociais em um
momento grave como este”, alerta.
Agora Leia a reportagem de Rafael Ciscati, publicada no dia 07/06/2017, no site
http://epoca.globo.com/saude/check-up/noticia/2017/06/o-brasileiro-gasta-muito-com-
saude.html

O brasileiro gasta muito com saúde?


Em 2040, o Brasil vai investir em saúde 11% do PIB – quase o mesmo que a
França. Mas o investimento privado, aquele feito pelos cidadãos, será quase
metade do total. É muito?

Então no Brasil, na verdade, existe um MIX no Sistema de Saúde – um sistema público


de caráter universal que é o SUS e um sistema privado que funciona em várias
modalidades (planos de autogestão ou planos próprios de empresas empregadoras, a
medicina de grupo, as cooperativas médicas do tipo Unimed e a modalidade seguro-
saúde) as quais você pode conhecer mais acessando o site da ANS.

E, seguramente, agora você também já sabe que o SUS NÃO É GRATUITO, não
é?

Agora que vocês já conhecem um pouco mais sobre o SUS espero que quem tinham
uma VISÃO INGÊNUA já tenham uma VISÃO TÉCNICA .. e que possa, por meio de
leituras adicionais e compreensão da realidade possa ter o alcance de uma VISÃO
POLÍTICA DO SUS.

No Artigo 199 da Constituição Federal de 1988 – Capítulo da Seguridade Social - está


explicito a proibição de dinheiro estrangeiro na Saúde no Brasil. No entanto, em janeiro
de 2015, foi aprovada no Congresso Nacional e sancionada pela Presidente Dilma a Lei
13.097/2015 que permite a entrada de dinheiro estrangeiro na saúde. Essa Lei está sendo
questionada no Supremo Tribunal Federal pela inconstitucionalidade da mesma - Ação
Direta de Inconstitucionalidade 5.239.

MAS COMO ERA O SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL ANTES DO SUS?

Do início do século XX à atualidade o Brasil teve 4 MODELOS (SISTEMAS) DE


ATENÇÃO À SAÚDE. Nesta aula apresentaremos suscintamente os três primeiros
modelos para que você tenha uma idéia de como eram às questões de saúde no Brasil
antes do SUS.

O 1º é denominado de Modelo Sanitarista-Campanhista que surgiu no início do


Século XX e vai até aproximadamente 1930. Este modelo surge com a contratação do
médico Oswaldo Cruz para ser o Diretor da Diretoria Geral de Saúde Pública (órgão
equivalente hoje ao Ministério da Saúde) em 1903 que inicia um movimento de
saneamento da capital federal da época – o Rio de Janeiro e da realização de intensas
Campanhas Sanitárias contra as principais doenças da época. A ênfase era o saneamento
dos espaços urbanos, principalmente, dos portos para a exportação do principal
mercadoria que era o Café.

O 2º é denominado de Modelo Médico Sanitário que compreende o período de 1930 a


1966/7. Esse modelo surge após a criação dos primeiros centros de saúde na cidade de
São Paulo e Rio de Janeiro e consolida-se com a criação do Ministério da Saúde e da
Educação em 1930 com a tomada do poder pelo gaúcho Getúlio Vargas que rompe com
a famosa Política do “Café com Leite” (Lembram-se disto?). Esse modelo procura
atender ao Projeto/Processo de INDUSTRIALIZAÇÃO do país, na era de Getúlio
Vargas e depois de Juscelino Kubitschek e termina com a criação do INPS quase dois
anos após o GOLPE MILITAR de 64.

O 3º é denominado de Modelo Médico Assistencial Privatista (Modelo do


INPS/INAMPS), que comentaremos abaixo.

O 4º é o atual, o do SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE (SUS), que como já vimos, foi


criado em 5/10/1988 e é um dos mais jovens sistemas universais de saúde do mundo.

Para entenderem um pouco mais como o atendimento à Saúde, no período de vigência


do INPS/INAMPS, leiam o depoimento da médica Elisa Maria Amorim da Costa,
extraído de um livro de sua própria autoria:

Para pensar

“E era assim naquele tempo: quando um paciente chegava ao hospital, na


portaria mesmo já perguntavam se ele tinha ou não INAMPS. Isso era uma
espécie de senha, quem tinha direito ao Instituto podia ser encaminhado para
bons hospitais da rede própria ou para alguma Instituição conveniada. Podia não
ser nenhuma maravilha, existiam filas, não se falava em prevenção e algumas
Casas de Saúde eram bem precárias, mas já era alguma coisa. Agora, quando o
paciente não era segurado do Instituto, coitado, ficava mesmo pelos hospitais de
emergência ou virava indigente nas Santas Casas. Ambulatório para eles, nem
pensar! Como era difícil. Assim, todos nós acadêmicos de medicina da época
ficávamos especialistas em grandes emergências pois, sem assistência regular e
acompanhamento, os usuários dos serviços de saúde do SUS viviam em crise

Temos uma preocupação hoje em dia, a de que as pessoas se esqueçam de tudo


isso e não valorizem o SUS, deixando o passado retornar (COSTA; CARBONE,
2009, p.9/10).

Então era assim: somente quem pagava o INPS (criado em 1966 e implantado a partir
de 201/1967) e o INAMPS (criado a partir do INPS em 1977) tinha direito à saúde.
Nesta época a população que tinha emprego formal e, portanto, registro em carteira de
trabalho tinha direito a eles, além daqueles pessoas que podiam pagar mensalmente sua
contribuição no famoso “CARNE DO INPS” , quem não tinha emprego formal e nem
podia pagar este carnê era chamado de INDIGENTE, cidadãos de SEGUNDA
CLASSE, era um sistema extremamente humilhante, preconceituoso e discriminatório
para a maioria da população brasileira.

Além disso, no período de vigência destes dois órgãos “boa parte” dos hospitais
conveniados a eles para oferecer assistência (ainda que restrita a área médica) cometiam
muitas fraudes (roubos mesmos!) e muitos “donos de hospitais, administradores, e
médicos”, ficaram milionários; haja vista inúmeras denúncias de que o INPS e, depois o
INAMPS pagaram muitos partos em homens, e cirurgias de próstatas em mulheres (é
isso mesmo!!), além da verdadeira indústria mafiosa de cirurgias desnecessárias de
amígdalas da garganta (hoje tonsilas) que foram extraídas de milhares de brasileiros a se
queixarem de uma “simples dor de garganta” além de milhares de brasileiros que
perderam o seu apêndice vermiforme por aparentes “apendicites”, entre outros
procedimentos que encareciam a conta hospitalar como deixar uma puérpera (nome
dado a mulher até 40 dias após o parto) após cesariana internada por mais de uma
semana e registrar nos prontuários diagnósticos falsos somente para ganharem mais
destes órgãos o que torna pouco confiável as estatísticas de muitas doenças infecto
contagiosas dessa época do Brasil. Você tinha noção disto?

Para melhor compreensão sobre a Evolução das Políticas de Saúde no Brasil a partir de
1900 até a atualidade sugiro que vocês assistam ao filme POLITICAS DE SAÚDE
produzido, em 2006, pelo Ministério da Saúde.

E EM OUTROS PAÍSES COMO FUNCIONA O SISTEMA DE SAÚDE?

Sobre os sistemas de saúde no mundo, leiam o que Pain (2009, p. 18) diz:

Todos os sistemas de saúde do mundo têm problemas. Não há nenhum perfeito.


Entretanto, grandes esforços foram desenvolvidos por algumas nações desde o século
passado para assegurarem um sistema de saúde mais digno para os seus cidadãos. (...)
Os sistemas de saúde, de um modo geral, seguem o tipo de proteção social adotado
pelos países: Três tipos se destacam em todo o mundo: a seguridade social, o seguro
social e a assistência.

Esse autor ainda nos explica os três tipos de proteção social adotados pelos sistemas de
saúde do mundo:

Os sistemas de saúde universais, ou seja, aqueles destinados para toda a população,


estão presentes nos países que optaram pela seguridade social ou pelo seguro social. No
primeiro caso, o direito a saúde está vinculado à condição de cidadania, sendo
financiado, solidariamente, por toda a sociedade por meio de contribuições e impostos,
como na Inglaterra, Canadá, Cuba, Suécia, entre outros. Nos países com sistema de
proteção social baseado no seguro social, controlado pelo Estado, também chamado de
meritocrático, como por exemplo na Alemanha, França e Suíça, os serviços são
garantidos para aqueles que contribuem com a previdência social, possibilitando àqueles
que podem pagar pela assistência médica procurarem atendimento particular.
Finalmente, o chamado de sistema de proteção social baseado na assistência, também
conhecido como residual, proporciona algum atendimento apenas para aqueles que
comprovem a sua condição de pobreza, e, portanto, a impossibilidade da compra de
serviços no mercado.

Daí, dá para perceber que, no BRASIL, o sistema de proteção adotado a partir da


criação do SUS na Constituição Federal de 1988 é o do tipo de SEGURIDADE
SOCIAL, onde independentemente de você contribuir ou não com a PREVIDÊNCIA
SOCIAL, você tem o direito assegurado à assistência à saúde, nas dimensões da
PROTEÇÃO DA SAÚDE, PROMOÇÃO DA SAÚDE, PREVENÇÃO DE DOENÇAS
OU AGRAVOS Á SAÚDE (AGORA DENOMINADA DE PREVENÇÃO DE
CONDIÇÕES DE SAÚDE, RECUPERAÇÃO DA SAÚDE E REABILITAÇÃO,
CUIDADOS PALIATIVOS POR MEIO DE CONSULTAS, EXAMES E
TRATAMENTOS.

Nos Estados Unidos onde prevalece o sistema residual de proteção à saúde, cerca de 47
milhões de cidadãos estão EXCLUIDOS do “sistema de saúde” que é, iminentemente,
de caráter privado (mercadológico) e mesmo os que têm seguro-saúde adquiridos nas
empresas privadas de Planos de Saúde sofrem enormes restrições delas para ter acesso
aos meios diagnósticos e tratamentos. Os Estados Unidos são o único país desenvolvido
que deixaram sob responsabilidade do mercado o atendimento à saúde da população
(PAIN, 2009). Se vocês tiverem tempo/interesse sobre para conhecer melhor sobre isto
assistam ao documentário: SICKO- $O$ Saúde, produzido pelo cineasta Michael
Moore, no ano de 2008, que mostra as iniquidades existentes no “sistema de saúde”
norte americano e o compara ao sistema de saúde do Canadá, França, Inglaterra e Cuba.

O presidente Obama conseguiu, em dezembro de 2009, aprovar um novo sistema de


saúde na Casa dos Representantes (Câmara dos Deputados) para aumentar a cobertura
para mais de 30 milhões de pessoas completamente desprovidas de assistência à saúde e
dar mais direitos aos que já possuem uma cobertura por um plano privado de saúde.
Poderosos lobbies das seguradoras de saúde, hospitais, indústria farmacêutica,
associação de médicos, prestadores de serviços de saúde, previdência privada e indústria
de equipamentos hospitalares e laboratório foram contras o projeto do governo Obama
de ampliar a cobertura da assistência, pois eles auferem grandes lucros econômicos com
isto.

Um(a) estudante de graduação, já neste momento, não pode mais supor que assistência à
saúde esteja vinculado, exclusivamente, a consultas – médicas ou não e à realização de
exames e tratamentos – quem pensa assim ainda tem uma VISÃO INGÊNUA do que
vem a ser ASSISTÊNCIA À SAÚDE, pois inúmeras outras ações como as de proteção,
promoção à saúde e prevenção de condições de saúde, vigilância em saúde e redução de
danos também são ações de assistência à saúde.

QUEM TRABALHA NO SUS?

Saibam que: O SUS É, SEGURAMENTE, O MAIOR EMPREGADOR NA ÁREA


DA SAÚDE, pois nele atuam todos os profissionais de saúde das 14 profissões
classificadas como sendo da área (sejam de nível superior ou técnico). Todavia, engana-
se, quem pensa que somente profissionais de saúde atuam no SUS. Profissionais das
mais diversas áreas do conhecimento humano também estão trabalhando na rede do
SUS. Hoje temos geógrafos, engenheiros das diversas áreas (ambientais, de alimentos) e
arquitetos, profissionais da área de administração/gestão, matemáticos e estatísticos,
pedagogos para atuar na área de educação em saúde, entre outros.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil possui cerca de 6,6 milhões de


profissionais de saúde. Desses, 2.782.227 são da área de enfermagem, entre 451.774
auxiliares, 1.646.521 técnicos e 683.975 enfermeiros, segundo dados do COFEN, em
fevereiro de 2023, sendo a categoria profissional mais numerosa do país (Fonte:
http://www.cofen.gov.br/enfermagem-em-numeros)

Temos 502.475 médicos no Brasil. No link https://www.gov.br/saude/pt-


br/composicao/sgtes/acoes-em-educacao-em-saude/04-anexo-ii-_-demografia-
medica.pdf/view encontra-se o Livro Demografia Médica elaborado sob Coordenação
do médico Mário Scheffer e sua equipe de pesquisa do Departamento de Medicina
Preventiva da Faculdade de Medicina da USP e do Conselho Federal de Medicina,
(CFM), publicado em 2020.

Leia trechos da Reportagem do CFM disponível, no Portal do CFM, no dia 08/12/2020:

“O Brasil tem hoje mais do que o dobro de médicos que tinha no início do século. Em
2000, eram 230.110 médicos. Em 2020, eles somam 502.475 profissionais. Nesse
período, a relação de médico por mil habitantes também aumentou significativamente,
na média nacional. Passou de 1,41 para 2,4. É o que mostra o estudo Demografia
Médica no Brasil 2020, resultado de uma colaboração entre o Conselho Federal de
Medicina (CFM) e a Universidade de São Paulo (USP).
Os dados apontam que a proporção de médicos por habitantes no Brasil é superior à do
Japão e se aproxima dos índices dos Estados Unidos (2,6), Canadá (2,7) e Reino Unido
(2,8). “Temos médicos em número suficiente para atender a população brasileira, o
problema está na distribuição. Assim como outros profissionais, os médicos estão
concentrados nos grandes centros”, argumenta o presidente do CFM, Mauro Ribeiro.”

Fonte: https://portal.cfm.org.br/noticias/explode-numero-de-medicos-no-brasil-mas-
distorcoes-na-distribuicao-dos-profissionais-ainda-e-desafio-para-

A grande maioria desses profissionais de saúde no Brasil trabalha no SUS nas três
esferas de governo, notadamente, na esfera MUNICIPAL.

SAÚDE PÚBLICA, o que vem a ser isto? E SAÚDE COLETIVA? Seriam


sinônimos?

Não, não são sinônimos, mas pode ser entendido como sendo uma evolução conceitual e
metodológica. São expressões que surgiram cada uma em um CONTEXTO
HISTÓRICO (sociopolítico) diferente.

Uma das mais citadas definições de Saúde Pública foi apresentada por Winslow,
Charles-Edward Amory (1877–1957), nos EUA 1920.

"A arte e a ciência de prevenir a doença, prolongar a vida, promover a saúde e a


eficiência física e mental mediante o esforço organizado da comunidade. Abrangendo o
saneamento do meio, o controle das infecções, a educação dos indivíduos nos princípios
de higiene pessoal, a organização de serviços médicos e de enfermagem para o
diagnóstico precoce e pronto tratamento das doenças e o desenvolvimento de uma
estrutura social que assegure a cada indivíduo na sociedade um padrão de vida
adequado à manutenção da saúde" (WIKIPÉDIA, 2010).

Terris (1992) apud Paim e Almeida Filho (1998) atualizou essa clássica definição de
saúde pública nos seguintes termos: "a arte e a ciência de prevenir a doença e a
incapacidade, prolongar a vida e promover a saúde física e mental mediante os esforços
organizados da comunidade".

Na América Latina, e no Brasil em particular, desde a década de 70 vem ocorrendo um


trabalho de construção de novas teorias, enfoques e métodos da epidemiologia e
administração da saúde, além de muitos estudos usando métodos das ciências sociais no
campo da saúde.

Nessa perspectiva, surge o conceito de saúde coletiva que pode ser considerada como
um campo de conhecimento de natureza interdisciplinar cujas disciplinas básicas são a
epidemiologia, o planejamento/administração de saúde e as ciências sociais em saúde.
São disciplinas complementares desse campo a estatística, a demografia, a geografia, a
clínica, a genética, as ciências biomédicas básicas, entre outras. Ela contempla o
desenvolvimento de atividades de cunho transdisciplinar, multiprofissional,
interinstitucional e transsetorial; portanto, transcende o campo institucional e o tipo de
profissional convencionalmente reconhecidos como da saúde pública, tendo cenários de
atuação diversificados - além do público governamental e não centrado somente nos
serviços médicos e de enfermagem como na definição do Winslow (1920), mas
reconhecendo nos cenários a importância de todos os profissionais de saúde e de outras
áreas do conhecimento humano.

ATUALIDADES REFERENTES AO SUS:

Em 18 de dezembro de 2019 foi publicada a Lei nº 13.958, que Institui o Programa


Médicos pelo Brasil, no âmbito da atenção primária à saúde no Sistema Único de Saúde
(SUS), e autoriza o Poder Executivo federal a instituir serviço social autônomo
denominado Agência para o Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde (ADAPS).
Essa Lei está disponível no site http://www.conass.org.br/conass-informa-n-212-
publicada-a-lei-n-13-958-de-18-de-dezembro-de-2019-que-institui-o-programa-
medicos-pelo-brasil-no-ambito-da-atencao-primaria-a-saude-no-sistema-unico-de-
saude-sus/ e nos anexos dessa aula.

ANEXOS

CAPÍTULOS DA LEI 8080/1990 - LEI ORGÂNICA DA SAÚDE

Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as


condições indispensáveis ao seu pleno exercício.

§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de


políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros
agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário
às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.

§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da


sociedade.

Art. 3o Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do País, tendo a


saúde como determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o
saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, a atividade física,
o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais. (Redação dada pela Lei
nº 12.864, de 2013)

Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do
disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições
de bem-estar físico, mental e social.

CAPÍTULO I

Dos Objetivos e Atribuições

Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:

I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da


saúde;
II - a formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos
econômico e social, a observância do disposto no § 1º do art. 2º desta lei;

III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e


recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das
atividades preventivas.

Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS):

I - a execução de ações:

a) de vigilância sanitária;

b) de vigilância epidemiológica;

c) de saúde do trabalhador; e

d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;

II - a participação na formulação da política e na execução de ações de saneamento


básico;

III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde;

IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar;

V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do


trabalho;

VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e


outros insumos de interesse para a saúde e a participação na sua produção;

VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse


para a saúde;

VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo


humano;

IX - a participação no controle e na fiscalização da produção, transporte, guarda e


utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;

X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico e


tecnológico;

XI - a formulação e execução da política de sangue e seus derivados.

§ 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar,


diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do
meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse
da saúde, abrangendo:
I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com
a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e

II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente


com a saúde.

§ 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de ações que


proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos
fatores determinantes e condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a finalidade
de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos.

§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de


atividades que se destina, através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância
sanitária, à promoção e proteção da saúde dos trabalhadores, assim como visa à
recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos e agravos
advindos das condições de trabalho, abrangendo:

I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de


doença profissional e do trabalho;

II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), em


estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde
existentes no processo de trabalho;

III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), da


normatização, fiscalização e controle das condições de produção, extração,
armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de
máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador;

IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;

V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas


sobre os riscos de acidentes de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os
resultados de fiscalizações, avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão,
periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética profissional;

VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do


trabalhador nas instituições e empresas públicas e privadas;

VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de


trabalho, tendo na sua elaboração a colaboração das entidades sindicais; e

VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão competente a


interdição de máquina, de setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando
houver exposição a risco iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores.
CAPÍTULO II

Dos Princípios e Diretrizes

Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou


conveniados que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de
acordo com as diretrizes previstas no Art. 198 da Constituição Federal, obedecendo
ainda aos seguintes princípios:

I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de


assistência;

II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo


das ações e serviços preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada
caso em todos os níveis de com maior densidade tecnológica do sistema;

III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e


moral;

IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer


espécie;

V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;

VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua


utilização pelo usuário;

VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a


alocação de recursos e a orientação programática;

VIII - participação da comunidade;

IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de


governo:

a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;

b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde;

X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e


saneamento básico;

XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da


União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de
assistência à saúde da população;

XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e

XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios


para fins idênticos.
XIV – organização de atendimento público específico e especializado para
mulheres e vítimas de violência doméstica em geral, que garanta, entre outros,
atendimento, acompanhamento psicológico e cirurgias plásticas reparadoras, em
conformidade com a Lei nº 12.845, de 1º de agosto de 2013. (Redação dada pela
Lei nº 13.427, de 2017)

CAPÍTULO III

Da Organização, da Direção e da Gestão

Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo Sistema Único de Saúde


(SUS), seja diretamente ou mediante participação complementar da iniciativa privada,
serão organizados de forma regionalizada e hierarquizada em níveis de com maior
densidade tecnológica crescente.

Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é única, de acordo com o inciso I
do art. 198 da Constituição Federal, sendo exercida em cada esfera de governo pelos
seguintes órgãos:

I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde;

II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva Secretaria de


Saúde ou órgão equivalente; e

III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão


equivalente.

Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para desenvolver em conjunto as


ações e os serviços de saúde que lhes correspondam.

§ 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o princípio da


direção única, e os respectivos atos constitutivos disporão sobre sua observância.

§ 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), poderá organizar-se em


distritos de forma a integrar e articular recursos, técnicas e práticas voltadas para a
cobertura total das ações de saúde.

Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacional, subordinadas ao


Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos Ministérios e órgãos competentes e por
entidades representativas da sociedade civil.

Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade de articular


políticas e programas de interesse para a saúde, cuja execução envolva áreas não
compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das comissões intersetoriais,
abrangerá, em especial, as seguintes atividades:

I - alimentação e nutrição;
II - saneamento e meio ambiente;

III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia;

IV - recursos humanos;

V - ciência e tecnologia; e

Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite são reconhecidas como


foros de negociação e pactuação entre gestores, quanto aos aspectos operacionais do
Sistema Único de Saúde (SUS). (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).

Parágrafo único. A atuação das Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite terá


por objetivo: (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).

I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e administrativos da gestão


compartilhada do SUS, em conformidade com a definição da política consubstanciada
em planos de saúde, aprovados pelos conselhos de saúde; (Incluído pela Lei nº
12.466, de 2011).

II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermunicipal, a respeito da


organização das redes de ações e serviços de saúde, principalmente no tocante à sua
governança institucional e à integração das ações e serviços dos entes
federados; (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).

III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário, integração de


territórios, referência e contrarreferência e demais aspectos vinculados à integração das
ações e serviços de saúde entre os entes federados. (Incluído pela Lei nº 12.466, de
2011).

Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho


Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) são reconhecidos como
entidades representativas dos entes estaduais e municipais para tratar de matérias
referentes à saúde e declarados de utilidade pública e de relevante função social, na
forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).

§ 1o O Conass e o Conasems receberão recursos do orçamento geral da União por


meio do Fundo Nacional de Saúde, para auxiliar no custeio de suas despesas
institucionais, podendo ainda celebrar convênios com a União. (Incluído pela Lei nº
12.466, de 2011).

§ 2o Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) são reconhecidos


como entidades que representam os entes municipais, no âmbito estadual, para tratar de
matérias referentes à saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na
forma que dispuserem seus estatutos. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).

CAPÍTULO IV

Da Competência e das Atribuições


Seção I

Das Atribuições Comuns

Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios exercerão, em seu


âmbito administrativo, as seguintes atribuições:

I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação e de fiscalização


das ações e serviços de saúde;

II - administração dos recursos orçamentários e financeiros destinados, em cada


ano, à saúde;

III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde da população e


das condições ambientais;

IV - organização e coordenação do sistema de informação de saúde;

V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de padrões de qualidade e


parâmetros de custos que caracterizam a assistência à saúde;

VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de padrões de qualidade


para promoção da saúde do trabalhador;

VII - participação de formulação da política e da execução das ações de


saneamento básico e colaboração na proteção e recuperação do meio ambiente;

VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde;

IX - participação na formulação e na execução da política de formação e


desenvolvimento de recursos humanos para a saúde;

X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de Saúde (SUS), de


conformidade com o plano de saúde;

XI - elaboração de normas para regular as atividades de serviços privados de


saúde, tendo em vista a sua relevância pública;

XII - realização de operações externas de natureza financeira de interesse da


saúde, autorizadas pelo Senado Federal;

XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e transitórias,


decorrentes de situações de perigo iminente, de calamidade pública ou de irrupção de
epidemias, a autoridade competente da esfera administrativa correspondente poderá
requisitar bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, sendo-lhes
assegurada justa indenização;

XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados;


XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos internacionais
relativos à saúde, saneamento e meio ambiente;

XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, proteção e recuperação da


saúde;

XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do exercício


profissional e outras entidades representativas da sociedade civil para a definição e
controle dos padrões éticos para pesquisa, ações e serviços de saúde;

XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde;

XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde;

XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscalização inerentes ao


poder de polícia sanitária;

XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos estratégicos e de


atendimento emergencial.

Seção II

Da Competência

Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde (SUS) compete:

I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição;

II - participar na formulação e na implementação das políticas:

a) de controle das agressões ao meio ambiente;

b) de saneamento básico; e

c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho;

III - definir e coordenar os sistemas:

a) de redes integradas de assistência de alta com maior densidade tecnológica;

b) de rede de laboratórios de saúde pública;

c) de vigilância epidemiológica; e

d) vigilância sanitária;

IV - participar da definição de normas e mecanismos de controle, com órgão afins,


de agravo sobre o meio ambiente ou dele decorrentes, que tenham repercussão na saúde
humana;
V - participar da definição de normas, critérios e padrões para o controle das
condições e dos ambientes de trabalho e coordenar a política de saúde do trabalhador;

VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância epidemiológica;

VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de portos, aeroportos e


fronteiras, podendo a execução ser complementada pelos Estados, Distrito Federal e
Municípios;

VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o controle da qualidade


sanitária de produtos, substâncias e serviços de consumo e uso humano;

IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fiscalização do


exercício profissional, bem como com entidades representativas de formação de
recursos humanos na área de saúde;

X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução da política


nacional e produção de insumos e equipamentos para a saúde, em articulação com os
demais órgãos governamentais;

XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência nacional para o


estabelecimento de padrões técnicos de assistência à saúde;

XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para


a saúde;

XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e


aos Municípios para o aperfeiçoamento da sua atuação institucional;

XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema Único de Saúde
(SUS) e os serviços privados contratados de assistência à saúde;

XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas e para os


Municípios, dos serviços e ações de saúde, respectivamente, de abrangência estadual e
municipal;

XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacional de Sangue,


Componentes e Derivados;

XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde, respeitadas


as competências estaduais e municipais;

XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito do SUS, em


cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Federal;

XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a avaliação técnica


e financeira do SUS em todo o Território Nacional em cooperação técnica com os
Estados, Municípios e Distrito Federal. (Vide Decreto nº 1.651, de 1995)
Parágrafo único. A União poderá executar ações de vigilância epidemiológica e
sanitária em circunstâncias especiais, como na ocorrência de agravos inusitados à saúde,
que possam escapar do controle da direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS)
ou que representem risco de disseminação nacional.

Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) compete:

I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços e das ações de


saúde;

II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do Sistema Único de


Saúde (SUS);

III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e executar supletivamente


ações e serviços de saúde;

IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e serviços:

a) de vigilância epidemiológica;

b) de vigilância sanitária;

c) de alimentação e nutrição; e

d) de saúde do trabalhador;

V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agravos do meio


ambiente que tenham repercussão na saúde humana;

VI - participar da formulação da política e da execução de ações de saneamento


básico;

VII - participar das ações de controle e avaliação das condições e dos ambientes de
trabalho;

VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar e avaliar a política


de insumos e equipamentos para a saúde;

IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e gerir sistemas


públicos de alta com maior densidade tecnológica, de referência estadual e regional;

X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública e hemocentros, e


gerir as unidades que permaneçam em sua organização administrativa;

XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o controle e avaliação das


ações e serviços de saúde;

XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suplementar, de


procedimentos de controle de qualidade para produtos e substâncias de consumo
humano;
XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária de portos,
aeroportos e fronteiras;

XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indicadores de morbidade


e mortalidade no âmbito da unidade federada.

Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) compete:

I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde e gerir e


executar os serviços públicos de saúde;

II - participar do planejamento, programação e organização da rede regionalizada e


hierarquizada do Sistema Único de Saúde (SUS), em articulação com sua direção
estadual;

III - participar da execução, controle e avaliação das ações referentes às condições


e aos ambientes de trabalho;

IV - executar serviços:

a) de vigilância epidemiológica;

b) vigilância sanitária;

c) de alimentação e nutrição;

d) de saneamento básico; e

e) de saúde do trabalhador;

V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e equipamentos para


a saúde;

VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente que tenham


repercussão sobre a saúde humana e atuar, junto aos órgãos municipais, estaduais e
federais competentes, para controlá-las;

VII - formar consórcios administrativos intermunicipais;

VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros;

IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilância sanitária de


portos, aeroportos e fronteiras;

X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contratos e convênios com


entidades prestadoras de serviços privados de saúde, bem como controlar e avaliar sua
execução;

XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços privados de saúde;


XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públicos de saúde no seu
âmbito de atuação.

Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reservadas aos Estados


e aos Municípios.

Em relação à política de formação dos recursos humanos no SUS essa Lei


prescreve que :

DOS RECURSOS HUMANOS

Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde será formalizada e


executada, articuladamente, pelas diferentes esferas de governo, em cumprimento dos
seguintes objetivos:

I - organização de um sistema de formação de recursos humanos em todos os


níveis de ensino, inclusive de pós-graduação, além da elaboração de programas de
permanente aperfeiçoamento de pessoal;

Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema Único de Saúde


(SUS) constituem campo de prática para ensino e pesquisa, mediante normas
específicas, elaboradas conjuntamente com o sistema educacional.

Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessoramento, no âmbito do


Sistema Único de Saúde (SUS), só poderão ser exercidas em regime de tempo integral.

§ 1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou empregos poderão


exercer suas atividades em mais de um estabelecimento do Sistema Único de Saúde
(SUS).

§ 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos servidores em regime


de tempo integral, com exceção dos ocupantes de cargos ou função de chefia, direção ou
assessoramento.

Art. 30. As especializações na forma de treinamento em serviço sob supervisão


serão regulamentadas por Comissão Nacional, instituída de acordo com o art. 12 desta
Lei, garantida a participação das entidades profissionais correspondentes.

DECRETO Nº 7.508, DE 28 DE JUNHO DE 2011.

Art. 1o Este Decreto regulamenta a Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, para


dispor sobre a organização do Sistema Único de Saúde - SUS, o planejamento da saúde,
a assistência à saúde e a articulação interfederativa.

Art. 2o Para efeito deste Decreto, considera-se:

I - Região de Saúde - espaço geográfico contínuo constituído por agrupamentos


de Municípios limítrofes, delimitado a partir de identidades culturais, econômicas e
sociais e de redes de comunicação e infraestrutura de transportes compartilhados, com a
finalidade de integrar a organização, o planejamento e a execução de ações e serviços de
saúde;

II - Contrato Organizativo da Ação Pública da Saúde - acordo de colaboração


firmado entre entes federativos com a finalidade de organizar e integrar as ações e serviços
de saúde na rede regionalizada e hierarquizada, com definição de responsabilidades,
indicadores e metas de saúde, critérios de avaliação de desempenho, recursos financeiros
que serão disponibilizados, forma de controle e fiscalização de sua execução e demais
elementos necessários à implementação integrada das ações e serviços de saúde;

III - Portas de Entrada - serviços de atendimento inicial à saúde do usuário no


SUS;

IV - Comissões Intergestores - instâncias de pactuação consensual entre os entes


federativos para definição das regras da gestão compartilhada do SUS;

V - Mapa da Saúde - descrição geográfica da distribuição de recursos humanos e


de ações e serviços de saúde ofertados pelo SUS e pela iniciativa privada, considerando-
se a capacidade instalada existente, os investimentos e o desempenho aferido a partir
dos indicadores de saúde do sistema;

VI - Rede de Atenção à Saúde - conjunto de ações e serviços de saúde


articulados em níveis de com maior densidade tecnológica crescente, com a finalidade
de garantir a integralidade da assistência à saúde;

VII - Serviços Especiais de Acesso Aberto - serviços de saúde específicos para o


atendimento da pessoa que, em razão de agravo ou de situação laboral, necessita de
atendimento especial; e

VIII - Protocolo Clínico e Diretriz Terapêutica - documento que


estabelece: critérios para o diagnóstico da doença ou do agravo à saúde; o tratamento
preconizado, com os medicamentos e demais produtos apropriados, quando couber; as
posologias recomendadas; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e a
verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores do SUS.

CAPÍTULO II

DA ORGANIZAÇÃO DO SUS

Art. 3o O SUS é constituído pela conjugação das ações e serviços de promoção,


proteção e recuperação da saúde executados pelos entes federativos, de forma direta ou
indireta, mediante a participação complementar da iniciativa privada, sendo organizado
de forma regionalizada e hierarquizada.

Seção I

Das Regiões de Saúde


Art. 4o As Regiões de Saúde serão instituídas pelo Estado, em articulação com os
Municípios, respeitadas as diretrizes gerais pactuadas na Comissão Intergestores
Tripartite - CIT a que se refere o inciso I do art. 30.

§ 1o Poderão ser instituídas Regiões de Saúde interestaduais, compostas por


Municípios limítrofes, por ato conjunto dos respectivos Estados em articulação com os
Municípios.

§ 2o A instituição de Regiões de Saúde situadas em áreas de fronteira com outros


países deverá respeitar as normas que regem as relações internacionais.

Art. 5o Para ser instituída, a Região de Saúde deve conter, no mínimo, ações
e serviços de:

I - atenção primária;

II - urgência e emergência;

III - atenção psicossocial;

IV - atenção ambulatorial especializada e hospitalar; e

V - vigilância em saúde.

Parágrafo único. A instituição das Regiões de Saúde observará cronograma


pactuado nas Comissões Intergestores.

Art. 6o As Regiões de Saúde serão referência para as transferências de recursos


entre os entes federativos.

Art. 7o As Redes de Atenção à Saúde estarão compreendidas no âmbito de uma


Região de Saúde, ou de várias delas, em consonância com diretrizes pactuadas nas
Comissões Intergestores.

Parágrafo único. Os entes federativos definirão os seguintes elementos em


relação às Regiões de Saúde:

I - seus limites geográficos;

II - população usuária das ações e serviços;

III - rol de ações e serviços que serão ofertados; e

IV - respectivas responsabilidades, critérios de acessibilidade e escala para


conformação dos serviços.

Seção II

Da Hierarquização
Art. 8o O acesso universal, igualitário e ordenado às ações e serviços de saúde se
inicia pelas Portas de Entrada do SUS e se completa na rede regionalizada e
hierarquizada, de acordo com a com maior densidade tecnológica do serviço.

Art. 9o São Portas de Entrada às ações e aos serviços de saúde nas Redes de Atenção
à Saúde os serviços:

I - de atenção primária;

II - de atenção de urgência e emergência;

III - de atenção psicossocial; e

IV - especiais de acesso aberto.

Parágrafo único. Mediante justificativa técnica e de acordo com o pactuado nas


Comissões Intergestores, os entes federativos poderão criar novas Portas de Entrada às
ações e serviços de saúde, considerando as características da Região de Saúde.

Art. 10. Os serviços de atenção hospitalar e os ambulatoriais especializados, entre


outros de maior com maior densidade tecnológica e densidade tecnológica, serão
referenciados pelas Portas de Entrada de que trata o art. 9o.

Art. 11. O acesso universal e igualitário às ações e aos serviços de saúde será
ordenado pela atenção primária e deve ser fundado na avaliação da gravidade do risco
individual e coletivo e no critério cronológico, observadas as especificidades previstas
para pessoas com proteção especial, conforme legislação vigente.

Parágrafo único. A população indígena contará com regramentos diferenciados


de acesso, compatíveis com suas especificidades e com a necessidade de assistência
integral à sua saúde, de acordo com disposições do Ministério da Saúde.

Art. 12. Ao usuário será assegurada a continuidade do cuidado em saúde, em todas as


suas modalidades, nos serviços, hospitais e em outras unidades integrantes da rede de
atenção da respectiva região.

Parágrafo único. As Comissões Intergestores pactuarão as regras de continuidade


do acesso às ações e aos serviços de saúde na respectiva área de atuação.

Art. 13. Para assegurar ao usuário o acesso universal, igualitário e ordenado às


ações e serviços de saúde do SUS, caberá aos entes federativos, além de outras
atribuições que venham a ser pactuadas pelas Comissões Intergestores:

I - garantir a transparência, a integralidade e a equidade no acesso às ações e aos


serviços de saúde;

II - orientar e ordenar os fluxos das ações e dos serviços de saúde;

III - monitorar o acesso às ações e aos serviços de saúde; e


IV - ofertar regionalmente as ações e os serviços de saúde.

CAPÍTULO V

DA ARTICULAÇÃO INTERFEDERATIVA

Seção I

Das Comissões Intergestores

Art. 30. As Comissões Intergestores pactuarão a organização e o funcionamento


das ações e serviços de saúde integrados em redes de atenção à saúde, sendo:

I - a CIT, no âmbito da União, vinculada ao Ministério da Saúde para efeitos


administrativos e operacionais;

II - a CIB, no âmbito do Estado, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde para


efeitos administrativos e operacionais; e

III - a Comissão Intergestores Regional - CIR, no âmbito regional, vinculada à


Secretaria Estadual de Saúde para efeitos administrativos e operacionais, devendo
observar as diretrizes da CIB.

(...) A Legislação, na integra, está disponível no site

__________________________________________________________________

PORTARIA DE CONSOLIDAÇÃO Nº 3/2017

Link: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0003_03_10_2017.html

Consolidação das normas sobre as redes do Sistema Único de Saúde.

O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que lhe confere o art.
87, parágrafo único, incisos I e

II, da Constituição, resolve:

Art. 1º As redes temáticas de atenção às saúde, as redes de serviço de saúde e as redes


de pesquisa em saúde do

Sistema Único de Saúde (SUS) obedecerão ao disposto nesta Portaria.

CAPÍTULO I

DAS REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE

Art. 2º As diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do SUS


obedecerão ao disposto no

Anexo I. (Origem: PRT MS/GM 4279/2010, Art. 1º)


Art. 3º São Redes Temáticas de Atenção à Saúde:

I - Rede Cegonha, na forma do Anexo II;

II - Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE), na forma do Anexo III;

III - Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas, na forma do Anexo
IV;

IV - Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), na forma do Anexo V;

V - Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência, na forma do Anexo VI;

CAPÍTULO II

DAS REDES DE SERVIÇO DE SAÚDE

Art. 4º São Redes de Serviço de Saúde:

I - Redes Estaduais de Assistência à Saúde do Idoso, na forma do Anexo VII;

II - Redes Estaduais de Assistência a Queimados, na forma do Anexo VIII.

III - Rede Nacional de Prevenção da Violência e Promoção da Saúde, na forma do


Anexo IX;

IV - Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (RENAST), na forma


do Anexo X;

V - Rede Brasileira de Centros e Serviços de Informação sobre Medicamentos


(REBRACIM), na forma do Anexo XI;

VI - Rede de Escolas Técnicas e Centros Formadores vinculados às instâncias gestoras


do Sistema Único de Saúde

(RETSUS), na forma do Anexo XII;

VII - Rede de Ensino para a Gestão Estratégica do Sistema Único de Saúde


(REGESUS), na forma do Anexo XIII;

VIII - Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde (REBRATS), na forma


do Anexo XIV.

CAPÍTULO III

DAS REDES DE PESQUISA EM SAÚDE

Art. 5º São Redes de Pesquisa em Saúde:

I - Redes Nacionais de Pesquisa em Saúde (RNPS), na forma do Anexo XV;


II - Rede Nacional de Pesquisa sobre Política de Saúde (RNPPS), na forma do Anexo
XVI;

III - Rede Nacional de Pesquisa Clínica (RNPC) em Hospitais de Ensino, na forma do


Anexo XVII;

IV - Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Câncer (RNPCC), na forma do Anexo


XVIII;

V - Rede Nacional de Pesquisa em Doenças Cardiovasculares (RNPDC), na forma do


Anexo XIX;

VI - Rede Nacional de Terapia Celular (RNTC), na forma do Anexo XX;

VII - Rede Nacional de Pesquisas em Doenças Negligenciadas (RNPDN), na forma do


Anexo XXI;

VIII - Rede Nacional de Pesquisas em Acidente Vascular Cerebral (RNPAVC), na


forma do Anexo XXII;

IX - Rede Nacional de Especialistas em Zika e Doenças Correlatas (RENEZIKA), na


forma do Anexo XXIII;

X - Rede Interagencial de Informações para a Saúde (RIPSA), na forma do Anexo


XXIV;

XI - Políticas Informadas por Evidências (EVIDENCE-INFORMED POLICY


NETWORK – EVIPNET).

(...) A Portaria, na íntegra, está disponível no link:


http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2017/prc0003_03_10_2017.html

LEGISLAÇÕES MAIS RECENTES:


1) PORTARIA Nº 2539 DE 26 DE SETEMBRO DE 2019 (Partes mais
importantes)
Link: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-2.539-de-26-de-setembro-de-
2019-218535009
Art. 1º Esta Portaria altera a Portaria de Consolidação nº 2/GM/MS, de 28 de setembro
de 2017, e a Portaria nº 6/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, para instituir a equipe de
Atenção Primária - eAP e dispor sobre o financiamento de equipes de Saúde Bucal -
eSB com carga horária diferenciada.
Art. 2º O Anexo 1 do Anexo XXII à Portaria de Consolidação nº 2, de 28 de setembro
de 2017, que trata da "Política Nacional de Atenção Básica - Operacionalização", passa
a vigorar com as seguintes alterações:
2. Equipe de Atenção Primária - eAP: a eAP difere da equipe de Saúde da Família
- eSF em sua composição, de modo a atender às características e necessidades de
cada município, e deverá observar as diretrizes da Política Nacional da Atenção
Básica - PNAB e os atributos essenciais da Atenção Primária à Saúde, como acesso
de primeiro contato, longitudinalidade, coordenação e integralidade.
As eAP deverão ser compostas minimamente por médicos preferencialmente
especialistas em medicina de família e comunidade e enfermeiros
preferencialmente especialistas em saúde da família cadastrados em uma mesma
Unidade de Saúde.
As eAP poderão ser de duas modalidades, de acordo com a carga horária:
Modalidade I: a carga horária mínima individual dos profissionais deverá ser de
20 (vinte) horas semanais, com população adscrita correspondente a 50%
(cinquenta por cento) da população adscrita para uma eSF; ou

Modalidade II: a carga horária mínima individual dos profissionais deverá ser de
30 (trinta) horas semanais, com população adscrita correspondente a 75% (setenta
e cinco por cento) da população adscrita para uma eSF.
Não se aplica aos profissionais da eAP a vedação à participação em mais de uma eAP
ou eSF, não sendo hipótese de suspensão de repasse a duplicidade de profissional.
O cadastro das eAP no SCNES deverá observar os mesmos códigos para o cadastro das
eSF.
As citações à Equipe de Atenção Básica - eAB feitas nesta portaria e em outros atos
normativos devem ser interpretadas, no que couber, como referências à Equipe de
Atenção Primária - eAP.
De modo a atender às características e necessidades de cada município, poderão
também ser compostas eSB na modalidade I com carga horária diferenciada, nos
seguintes termos:
Modalidade I-20h: eSB composta por profissionais com carga horária mínima
individual de 20 (vinte) horas semanais e cadastrados em uma mesma Unidade de
Saúde, com população adscrita correspondente a 50% (cinquenta por cento) da
população adscrita para uma eSF; ou
Modalidade I-30h: eSB composta por profissionais com carga horária mínima
individual de 30 (trinta) horas semanais e cadastrados em uma mesma Unidade de
Saúde, com população adscrita correspondente a 75% (setenta e cinco por cento)
da população adscrita para uma eSF.
Não se aplica aos profissionais da eSB na modalidade I com carga horária
diferenciada a vedação à participação em mais de uma eSB ou eSF, não sendo
hipótese de suspensão de repasse a duplicidade de profissional.
4.- ................................................................................................................." (NR)
Art. 3º A Portaria de Consolidação nº 6/GM/MS, de 28 de setembro de 2017, passa a
vigorar com as seguintes alterações:
"Art. 14. .......................................................................................................
§ 1º Fazem jus a 50% a mais sobre os valores transferidos referentes às ESB
implantadas de acordo com as modalidades definidas no art. 14, todas as ESB dos
Municípios constantes do Anexo I a Portaria nº 822/GM/MS, de 17 de abril de 2006, e
as ESB dos Municípios constantes no Anexo à Portaria nº 90/GM/MS, de 17 de janeiro
de 2008, que atendam a populações residentes em assentamentos ou remanescentes de
quilombos, respeitado o número máximo de equipes definido também na Portaria nº
90/GM/MS, de 17 de janeiro de 2008.
§ 2º Ficam definidos os seguintes valores do incentivo financeiro mensal para o custeio
das Equipes de Saúde Bucal (ESB) nas modalidades I com carga horária diferenciada,
segundo critérios e regras estabelecidos pela Política Nacional de Atenção Básica:
I - Modalidade I-20h: R$ 1.115,00 (um mil, cento e quinze reais); ou
II - Modalidade I-30h: R$ 1.672,50 (um mil, seiscentos e setenta e dois reais e
cinquenta centavos).
§ 3º Fica vedada a substituição de eSB nas modalidades I e II composta por
profissionais com carga horária individual de 40 horas semanais por eSB nas
Modalidades I-20h e I-30h, nos termos de norma a ser editada pela Secretaria de
Atenção Primária à Saúde, sob pena de suspensão da transferência do incentivo
financeiro." (NR)
"Art. 15. Os recursos orçamentários de que trata esta Seção correrão por conta do
orçamento do Ministério da Saúde, devendo onerar a Funcional Programática
10.301.2015.219A - Piso de Atenção Básica em Saúde, no plano orçamentário PO -
0001 - Piso de Atenção Básica Variável." (NR)
"Seção XII
Do financiamento das equipes de Atenção Primária - eAP
Art. 85-A. Esta Seção dispõe sobre o incentivo financeiro de custeio mensal das
equipes de Atenção Primária - eAP, a ser transferido aos municípios na
modalidade fundo a fundo, de acordo com a portaria de credenciamento e com o
cadastro das equipes no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimento de
Saúde - SCNES.
§ 1º Ficam definidos os seguintes valores do incentivo financeiro mensal para o
custeio das eAP, segundo critérios estabelecidos pela Política Nacional de Atenção
Básica:
I - Modalidade I: R$ 3.565,00 (três mil, quinhentos e sessenta e cinco reais); ou
II - Modalidade 2: R$ 5.347,00 (cinco mil, trezentos e quarenta e sete reais).
§ 2º Fica vedada a substituição de eSF por eAP, nos termos de norma a ser editada
pela Secretaria de Atenção Primária à Saúde, sob pena de suspensão da
transferência dos incentivos financeiros.
§ 3º Os recursos orçamentários de que trata esta Seção correrão por conta do orçamento
do Ministério da Saúde, devendo onerar a Funcional Programática 10.301.2015.219A -
Piso de Atenção Básica em Saúde, no plano orçamentário PO - 0001 - Piso de Atenção
Básica Variável." (NR)
Art. 4º O credenciamento para os incentivos de que trata esta Portaria e as respectivas
transferências dos recursos ficam condicionados à disponibilidade orçamentária e
financeira do Ministério da Saúde.
Art. 5º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
_____________________________________________________________________
2) PORTARIA Nº 2.979, DE 12 DE NOVEMBRO DE 2019 (Partes mais
importantes)
Link: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-2.979-de-12-de-novembro-de-
2019-227652180
Institui o Programa Previne Brasil, que estabelece novo modelo de financiamento
de custeio da Atenção Primária à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde, por
meio da alteração da Portaria de Consolidação nº 6/GM/MS, de 28 de setembro de
2017.
O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que lhe conferem os
Art. 1º Esta Portaria Institui o Programa Previne Brasil, que estabelece novo modelo de
financiamento de custeio da Atenção Primária à Saúde - APS no âmbito do Sistema
Única de Saúde - SUS, por meio da alteração da Portaria de Consolidação nº 6/GM/MS,
de 28 de setembro de 2017.
Art. 2º O Título II da Portaria de Consolidação nº 6/GM/MS, de 28 de setembro de
2017, "Do Custeio da Atenção Básica", passa a vigorar com as seguintes alterações:
"TÍTULO II DO CUSTEIO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE"
Seção I
Do Custeio da Atenção Primária à Saúde
Art. 9º O financiamento federal de custeio da Atenção Primária à Saúde (APS)
será constituído por:
I - capitação ponderada;
II - pagamento por desempenho; e
III - incentivo para ações estratégicas.
Parágrafo único. Os recursos de que trata o caput serão transferidos na modalidade
fundo a fundo, de forma regular e automática, aos Municípios, ao Distrito Federal e aos
Estados e repassados pelo Bloco de Custeio das Ações e Serviços Públicos de Saúde.
Seção II
Da Capitação Ponderada
Art. 10. O cálculo para a definição dos incentivos financeiros da capitação
ponderada deverá considerar:
I - a população cadastrada na equipe de Saúde da Família (eSF) e equipe de
Atenção Primária (eAP) no Sistema de Informação em Saúde para a Atenção
Básica (SISAB);
II - a vulnerabilidade socioeconômica da população cadastrada na eSF e na eAP;
III - o perfil demográfico por faixa etária da população cadastrada na eSF e na
eAP; e
IV - classificação geográfica definida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).
Parágrafo único. O cálculo que trata o caput será baseado no quantitativo da
população cadastrada por eSF e eAP, com atribuição de peso por pessoa,
considerando os critérios de vulnerabilidade socioeconômica, perfil demográfico e
classificação geográfica.
Art. 11. Para fins de repasse do incentivo financeiro será considerada a população
cadastrada na eSF e na eAP até o limite de cadastro por município ou Distrito
Federal.
§1º O limite de cadastro por município ou Distrito Federal corresponde ao
resultado da multiplicação do número de suas eSF e eAP, credenciadas e
cadastradas no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
(SCNES), pelo quantitativo potencial de pessoas cadastradas por equipe
estabelecido no Anexo XCIX, não podendo ultrapassar a população total definida
pelo IBGE.
§ 2º No caso em que o limite de cadastro por município ou Distrito Federal seja
ultrapassado, serão priorizadas no cálculo para definição do incentivo financeiro,
as pessoas cadastradas que atendem aos critérios de vulnerabilidade
socioeconômica e perfil demográfico.
§ 3º No caso de municípios ou Distrito Federal com população total definida pelo IBGE
inferior a quantidade potencial de pessoas cadastradas por equipe conforme definido no
Anexo XCIX, e que possua 1 (uma) eSF credenciada e cadastrada no SCNES, o
município ou Distrito Federal fará jus:
I - ao recebimento do valor correspondente ao quantitativo de pessoas cadastradas,
aplicado os critérios previstos nesta Seção; e
II - ao recebimento do valor relativo à diferença entre o quantitativo potencial de
pessoas cadastradas estabelecido no Anexo XCIX e o quantitativo de pessoas
cadastradas de que trata o inciso I, atribuído à diferença somente o peso do critério
classificação geográfica.
§ 4º O incentivo financeiro de que trata o inciso II do § 3º será transferido apenas ao
município ou Distrito Federal que cadastrar a totalidade da população definida pelo
IBGE.
Art. 12. O valor do incentivo financeiro da capitação ponderada será transferido
mensalmente e recalculado simultaneamente para todos os municípios ou Distrito
Federal a cada 4 (quatro) competências financeiras, observado o disposto no parágrafo
único do art. 10.
Art. 12-A. O peso por pessoa cadastrada de que trata o parágrafo único do art. 10
corresponde a:
I - 1,3 (um inteiro e três décimos) para as pessoas que atendam aos critérios de
vulnerabilidade socioeconômica ou perfil demográfico;
II - 1 (um inteiro) para as pessoas que não se enquadrem o inciso I do caput; e
III - 1 (um inteiro), 1,45 (um inteiro e quarenta e cinco décimos) ou 2 (dois inteiros), de
acordo com a classificação geográfica do município ou Distrito Federal, observada a
tipologia rural-urbana definida pelo IBGE nos termos do §4º deste artigo.
§1º O critério de vulnerabilidade socioeconômica contempla pessoas cadastradas
beneficiárias:
I - do Programa Bolsa Família (PBF);
II - do Benefício de Prestação Continuada (BPC); ou
III - de benefício previdenciário no valor de até dois salários mínimos.
§2º O critério de perfil demográfico por faixa etária contempla pessoas
cadastradas com idade até 5 (cinco) anos e com 65 (sessenta e cinco) anos ou mais.
§3º Nos casos em que a pessoa cadastrada se enquadrar tanto na vulnerabilidade
socioeconômica quanto no perfil demográfico, o peso de 1,3 (um inteiro e três décimos)
será aplicado uma única vez.
§4º O critério de classificação geográfica será estabelecido por município ou
Distrito Federal, observada a tipologia rural-urbana definida pelo IBGE:
I - município urbano: peso 1 (um);
II - município intermediário adjacente: peso 1,45 (um inteiro e quarenta e cinco
décimos);
III - município rural adjacente: peso 1,45 (um inteiro e quarenta e cinco décimos);
IV - município intermediário remoto: peso 2 (dois); e
V - município rural remoto: peso 2 (dois).
§ 5º A pontuação do município ou Distrito Federal para definição do cálculo de repasse
será obtida pela multiplicação dos pesos estabelecido nos incisos I e II do caput pelos
pesos previstos no §4º e pelo quantitativo da população cadastrada, observado o limite
estabelecido no art. 11.
§6º O valor total a ser repassado por município ou Distrito Federal será a multiplicação
da pontuação estabelecida no §5º pelo valor per capita definido em ato do Ministério da
Saúde.
Art. 12-B. A transferência do incentivo financeiro de custeio referente à capitação
ponderada está condicionada:
I - ao credenciamento das eSF e eAP pelo Ministério da Saúde;
II - ao cadastro das eSF e eAP no SCNES pela gestão municipal ou Distrito Federal; e
III - à ausência de irregularidades que motivem a suspensão da transferência conforme
disposto na PNAB (Anexo 1 do Anexo XXII da Portaria de Consolidação 2).
Parágrafo único. No caso de cadastro de eSF ou eAP no SCNES referente a um novo
credenciamento, o incentivo financeiro da capitação ponderada será transferido ao
município ou Distrito Federal mensalmente até o 2º (segundo) recálculo subsequente de
que trata o art. 12, observado o limite estabelecido no art. 11, considerando:
I - a quantidade potencial de pessoas cadastradas por equipe conforme o Anexo XCIX; e
II - o critério de classificação geográfica.
Seção III
Do Pagamento por Desempenho
Art. 12-C. O cálculo do incentivo financeiro do pagamento por desempenho será
efetuado considerando os resultados de indicadores alcançados pelas equipes
credenciadas e cadastradas no SCNES.
§1º O valor do pagamento por desempenho será calculado a partir do
cumprimento de meta para cada indicador por equipe e condicionado ao tipo de
equipe.
§ 2º O incentivo financeiro do pagamento por desempenho repassado ao município ou
Distrito Federal corresponde ao somatório dos resultados obtidos por equipe, nos termos
do § 1º.
Art. 12-D. Para o pagamento por desempenho deverão ser observadas as seguintes
categorias de indicadores:
I - processo e resultados intermediários das equipes;
II - resultados em saúde; e
III - globais de APS.
Parágrafo único. Os indicadores de que trata o caput deverão considerar ainda a
relevância clínica e epidemiológica, disponibilidade, simplicidade, baixo custo de
obtenção, adaptabilidade, estabilidade, rastreabilidade e representatividade.
Art. 12-E. O valor do incentivo financeiro do pagamento por desempenho será
transferido mensalmente e recalculado simultaneamente para todos os municípios
ou Distrito Federal a cada 4 (quatro) competências financeiras.
Parágrafo único. No caso de cadastro de eSF ou eAP no SCNES referente a um novo
credenciamento, o incentivo financeiro do pagamento por desempenho será transferido
ao município ou Distrito Federal mensalmente até o 2º (segundo) recálculo subsequente
de que trata o caput, considerando o resultado potencial de 100% (cem por cento) do
alcance dos indicadores por eSF e eAP.
Art. 12-F. Ato do Ministro de Estado da Saúde definirá os indicadores e as metas para o
pagamento por desempenho, após pactuação na CIT.
§ 1º Cabe ao Ministério da Saúde a realização do cálculo dos indicadores para a
transferência do incentivo de pagamento por desempenho.
§ 2º A especificação técnica dos indicadores será definida em ficha de qualificação a ser
disponibilizada no endereço eletrônico do Ministério da Saúde.
Seção IV
Incentivo para Ações Estratégicas
Art. 12-G. O cálculo para a definição dos recursos financeiros para incentivo para ações
estratégicas deverá considerar:
I - as especificidades e prioridades em saúde;
II - os aspectos estruturais das equipes; e
III - a produção em ações estratégicas em saúde.
Art. 12-H. O incentivo para ações estratégicas contemplará o custeio das seguintes
ações, programas e estratégias:
I - Programa Saúde na Hora;
II- Equipe de Saúde Bucal (eSB);
III - Unidade Odontológica Móvel (UOM);
IV - Centro de Especialidades Odontológicas (CEO);
V - Laboratório Regional de Prótese Dentária (LRPD);
VI - Equipe de Consultório na Rua (eCR);
VII - Unidade Básica de Saúde Fluvial (UBSF);
VIII - Equipe de Saúde da Família Ribeirinha (eSFR);
IX - Microscopista;
X - Equipe de Atenção Básica Prisional (eABP);
XI - Custeio para o ente federativo responsável pela gestão das ações de Atenção
Integral à Saúde dos Adolescentes em Situação de Privação de Liberdade;
XII - Programa Saúde na Escola (PSE);
XIII - Programa Academia da Saúde;
XIV- Programas de apoio à informatização da APS;
XV - Incentivo aos municípios com residência médica e multiprofissional;
XVI - Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (ACS); e
XVII - outros que venham a ser instituídos por meio de ato normativo específico.
______________________________________________________________________
3) PORTARIA Nº 3.222, DE 10 DE DEZEMBRO DE 2019 (Partes mais
importantes)
Link: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-3.222-de-10-de-dezembro-de-
2019-232670481
Dispõe sobre os indicadores do pagamento por desempenho, no âmbito do Programa
Previne Brasil.
Art. 1º Esta Portaria dispõe sobre os indicadores do pagamento por desempenho
previsto na Portaria nº 2.979/GM/MS, de 12 de novembro de 2019, define as ações
estratégicas e os indicadores do ano de 2020, e estabelece as ações estratégicas para
definição dos indicadores dos anos de 2021 e 2022.
Art. 4º Os resultados dos indicadores alcançados por equipes credenciadas e cadastradas
no Sistema de Cadastro Nacional de Estabelecimento de Saúde (SCNES) serão
aglutinados em um indicador sintético final, que irá definir o incentivo financeiro do
pagamento por desempenho por município e pelo Distrito Federal.
Art. 5º A apuração dos indicadores será realizada quadrimestralmente (janeiro-abril,
maio-agosto, setembro-dezembro) e os resultados serão disponibilizados no
quadrimestre subsequente no endereço eletrônico do Ministério da Saúde.
Parágrafo único. O pagamento mensal por desempenho de cada quadrimestre estará
vinculado ao resultado obtido pelo município e pelo Distrito Federal no quadrimestre
anterior.
Art. 6º O conjunto de indicadores do Pagamento por Desempenho a ser observado
na atuação das Equipes de Saúde da Família (ESF) e Equipes de Atenção Primária
(EAP), para o ano de 2020, abrange as ações estratégicas de Saúde da Mulher, Pré-
Natal, Saúde da Criança e Doenças Crônicas (Hipertensão Arterial e Diabetes
Melittus).
§ 1º São indicadores para o ano de 2020:
I - proporção de gestantes com pelo menos 6 (seis) consultas pré-natal realizadas,
sendo a 1ª até a 20ª semana de gestação;
II - proporção de gestantes com realização de exames para sífilis e HIV;
III - proporção de gestantes com atendimento odontológico realizado;
IV - cobertura de exame citopatológico;
V - cobertura vacinal de poliomielite inativada e de pentavalente;
VI - percentual de pessoas hipertensas com pressão arterial aferida em cada
semestre; e
VII - percentual de diabéticos com solicitação de hemoglobina glicada.
§ 2º Os pesos para os indicadores de que trata este artigo serão definidos em ato
normativo específico do Ministério da Saúde, após pactuação tripartite.
§ 3º A especificação técnica dos indicadores será definida em ficha de qualificação.
Art. 7º Os indicadores do pagamento por desempenho para os anos DE 2021 e 2022
serão definidos após monitoramento, avaliação e pactuação tripartite durante o
ano de 2020, e contemplarão as seguintes ações estratégicas:
I - ações multiprofissionais no âmbito da atenção primária à saúde;
II - ações no cuidado puerperal;
III -ações de puericultura (crianças até 12 meses);
IV - ações relacionadas ao HIV;
V - ações relacionadas ao cuidado de pessoas com tuberculose;
VI - ações odontológicas;
VII - ações relacionadas às hepatites;
VIII - ações em saúde mental;
IX - ações relacionadas ao câncer de mama; e
X - Indicadores Globais de avaliação da qualidade assistencial e experiência do
paciente com reconhecimento e validação internacional e nacional, como o
Primary Care Assessment Tool (PCATool - Instrumento de Avaliação da Atenção
Primária), o Patient-Doctor Relationship Questionnaire (PDRQ-9 - Questionário
de Avaliação da Relação Médico-Paciente) e o Net Promoter Score (NPS - Escala
de Satisfação do Usuário).
Art. 8º O Ministério da Saúde propiciará o acompanhamento mensal dos resultados de
cada equipe, relacionados aos indicadores contidos nesta Portaria, disponibilizados no
endereço eletrônico do Ministério da Saúde.
Art. 9º Será considerado o alcance do peso total do referido indicador para efeitos de
pagamento:
I - nos casos de eventual desabastecimento de insumos, de responsabilidade do
Ministério da Saúde ou do Estado, que interfiram no alcance das metas a serem
atingidas pelos municípios e pelo Distrito Federal nos indicadores elencados nesta
Portaria, mediante envio e análise da justificativa; e
II - ausência de treinamento específico para realização das ações que interfiram no
alcance das metas a serem atingidas pelos municípios e pelo Distrito Federal nos
indicadores elencados nesta Portaria, e cuja causa tenha sido dada pelo Ministério da
Saúde ou Estado, mediante envio e análise da justificativa.
Art. 10. A ampliação do número de indicadores está condicionada à
disponibilidade orçamentária e financeira do Ministério da Saúde.
Art. 11. Esta Portaria entra em vigor em 1º de janeiro de 2020, com efeitos financeiros a
partir da competência financeira de setembro de 2020.
JOÃO GABBARDO DOS REIS
Em 2021 foi publicado, pelo Ministério da Saúde, o “MANUAL INSTRUTIVO DO
FINANCIAMENTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE”, disponível em
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/manual_financiamento_aps.pdf
Acesse-o e leia mais sobre os indicadores de saúde para 2021/2022 que os municípios
deverão cumprir.

E no dia 20 janeiro de 2022 foi publicada a Portaria GM/MS nº 102, que alterou a
Portaria n º 3222 de 10/12/2029 supracitada. Em seguida foi publicada. a Nota Técnica
nº 2/2022 sobre os Indicadores de Pagamento por Desempenho do Programa Previne
Brasil. Essa Nota Técnica está disponível em: https://www.cosemssp.org.br/wp-
content/uploads/2022/01/NT-Alterac%CC%A7a%CC%83o-indicadores-de-
desempenho-1.pdf

Os 7 indicadores para 2022 são:


No 2º Período, no Submódulo de Políticas de Saúde, vocês terão uma aula sobre o
Financiamento da Atenção Primária à Saúde.
______________________________________________________________________
4) LEI Nº 13.958, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2019 (Partes mais importantes)

Link: http://www.conass.org.br/conass-informa-n-212-publicada-a-lei-n-13-958-de-18-
de-dezembro-de-2019-que-institui-o-programa-medicos-pelo-brasil-no-ambito-da-
atencao-primaria-a-saude-no-sistema-unico-de-saude-sus/

Institui o Programa Médicos pelo Brasil, no âmbito da atenção primária à saúde no


Sistema Único de Saúde (SUS), e autoriza o Poder Executivo federal a instituir serviço
social autônomo denominado Agência para o Desenvolvimento da Atenção Primária à
Saúde (Adaps).
OPRESIDENTEDAREPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
Art. 1º Esta Lei institui o Programa Médicos pelo Brasil, com a finalidade de
incrementar a prestação de serviços médicos em locais de difícil provimento ou de alta
vulnerabilidade e de fomentar a formação de médicos especialistas em medicina de
família e comunidade, no âmbito da atenção primária à saúde no Sistema Único de
Saúde (SUS), e autoriza o Poder Executivo federal a instituir serviço social autônomo
denominado Agência para o Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde (Adaps).
Art. 2º Para os fins desta Lei, consideram-se:
I – atenção primária à saúde: o primeiro nível de atenção do SUS, com ênfase na saúde
da família, a fim de garantir:
a) o acesso de primeiro contato; e
b) a integralidade, a continuidade e a coordenação do cuidado;
II – locais de difícil provimento:
a) Municípios de pequeno tamanho populacional, baixa densidade demográfica e
distância relevante de centros urbanos, nos termos de ato do Ministro de Estado da
Saúde, conforme classificação estabelecida pela Fundação Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE); e
b) Distritos Sanitários Especiais Indígenas, comunidades remanescentes de quilombos
ou comunidades ribeirinhas, incluídas as localidades atendidas por unidades fluviais de
saúde, nos termos de ato do Ministro de Estado da Saúde;
III – locais de alta vulnerabilidade: localidades com alta proporção de pessoas
cadastradas nas equipes de saúde da família e que recebem benefício financeiro do
Programa Bolsa Família, benefício de prestação continuada ou benefício previdenciário
no valor máximo de 2 (dois) salários-mínimos, nos termos de ato do Ministro de Estado
da Saúde.
CAPÍTULO II
DO PROGRAMA MÉDICOS PELO BRASIL
Art. 3º O Programa Médicos pelo Brasil tem a finalidade de incrementar a prestação de
serviços médicos em locais de difícil provimento ou de alta vulnerabilidade e de
fomentar a formação de médicos especialistas em medicina de família e comunidade, no
âmbito da atenção primária à saúde no SUS.
Parágrafo único. São objetivos do Programa Médicos pelo Brasil:
I – promover o acesso universal, igualitário e gratuito da população às ações e aos
serviços do SUS, especialmente nos locais de difícil provimento ou de alta
vulnerabilidade;
II – fortalecer a atenção primária à saúde, com ênfase na saúde da família e na
humanização da atenção;
III – valorizar os médicos da atenção primária à saúde, principalmente no âmbito da
saúde da família;
IV – aumentar a provisão de médicos em locais de difícil provimento ou de alta
vulnerabilidade;
V – desenvolver e intensificar a formação de médicos especialistas em medicina de
família e comunidade; e
VI – estimular a presença de médicos no SUS.
Art. 4º O Programa Médicos pelo Brasil será executado pela Adaps, nos termos do
Capítulo III desta Lei, sob a orientação técnica e a supervisão do Ministério da Saúde.
Parágrafo único. Compete ao Ministério da Saúde, entre outras competências, definir e
divulgar:
I – a relação dos Municípios aptos a serem incluídos no Programa Médicos pelo Brasil,
de acordo com a definição de locais de difícil provimento ou de alta vulnerabilidade,
observado o disposto no art. 2º desta Lei;
II – os procedimentos e os requisitos para a adesão dos Municípios ao Programa
Médicos pelo Brasil;
III – a relação final dos Municípios incluídos no Programa Médicos pelo Brasil e o
quantitativo de médicos da Adaps que atuarão em cada Município; e
IV – as formas de participação dos usuários do Programa Médicos pelo Brasil na
avaliação dos serviços prestados e do cumprimento de metas.
Art. 5º A adesão do Município ao Programa Médicos pelo Brasil ocorrerá por meio de
termo de adesão, do qual constarão suas obrigações no âmbito do Programa.
CAPÍTULO III
DA AGÊNCIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À
SAÚDE
Seção I
Disposições Gerais
Art. 6º Fica o Poder Executivo federal autorizado a instituir a Agência para o
Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde (Adaps), serviço social autônomo, na
forma de pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, de interesse coletivo e
de utilidade pública, com a finalidade de promover, em âmbito nacional, a execução de
políticas de desenvolvimento da atenção primária à saúde, com ênfase:
I – na saúde da família;
II – nos locais de difícil provimento ou de alta vulnerabilidade;
III – na valorização da presença dos médicos na atenção primária à saúde no SUS;
IV – na promoção da formação profissional, especialmente na área de saúde da família;
e
V – na incorporação de tecnologias assistenciais e de gestão relacionadas com a atenção
primária à saúde.
Art. 7º Observadas as competências do Ministério da Saúde, compete à Adaps:
I – prestar serviços de atenção primária à saúde no âmbito do SUS, em caráter
complementar à atuação dos entes federativos, especialmente nos locais de difícil
provimento ou de alta vulnerabilidade;
II – desenvolver atividades de ensino, pesquisa e extensão que terão componente
assistencial por meio da integração entre ensino e serviço;
III – executar o Programa Médicos pelo Brasil, em articulação com o Ministério da
Saúde e em consonância com o Plano Nacional de Saúde;
IV – promover programas e ações de caráter continuado para a qualificação
profissional na atenção primária à saúde;
V – articular-se com órgãos e entidades públicas e privadas para o cumprimento
de seus objetivos;
VI – monitorar e avaliar os resultados das atividades desempenhadas no âmbito de
suas competências;
VII – promover o desenvolvimento e a incorporação de tecnologias assistenciais e
de gestão relacionadas com a atenção primária à saúde; e
VIII – firmar contratos, convênios, acordos, ajustes e outros instrumentos
congêneres com órgãos e entidades públicas e privadas, inclusive com instituições
de ensino, para o cumprimento de seus objetivos.
Art. 8º Constituem receitas da Adaps:
I – os recursos que lhe forem transferidos em decorrência de dotações consignadas no
orçamento geral da União, nos créditos adicionais, em transferências ou em repasses;
II – as rendas e os emolumentos provenientes de serviços prestados a pessoas jurídicas
de direito público ou privado;
III – os recursos provenientes de acordos e convênios realizados com entidades
nacionais e internacionais, públicas ou privadas;
IV – os rendimentos de aplicações financeiras realizadas pela Adaps;
V – as doações, os legados, as subvenções e outros recursos que lhe forem destinados
por pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado; e
VI – as rendas e as receitas provenientes de outras fontes.
(...)
Art. 38. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 18 de dezembro de 2019; 198º da Independência e 131º da República.
JAIR MESSIAS BOLSONARO
Paulo Guedes
Luiz Henrique Mandetta
Onyx Lorenzoni
______________________________________________________________________
5) MINISTÉRIO DA SAÚDE LANÇA CARTEIRA DE SERVIÇOS DA
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE (CaSAPS)
Link: https://aps.saude.gov.br/noticia/6694
Data de publicação: 18/12/2019
Material servirá como orientador e norteador das ações de saúde e poderá ser
incorporado nos municípios a partir deste mês
Nesta quarta-feira (18), a Secretaria de Atenção Primária à Saúde, do Ministério da
Saúde (Saps/MS), lança a Carteira de Serviços da Atenção Primária à Saúde (CaSAPS).
Trata-se de uma lista para orientar sobre as ações e serviços clínicos e de vigilância em
saúde que podem ser ofertados na APS. Construída para auxiliar profissionais na
tomada de decisões, a CaSAPS também informa os cidadãos sobre os serviços que
podem buscar na atenção primária.
O instrumento agirá, portanto, como norteador das ações de saúde, com reconhecimento
da clínica multiprofissional, e como orientador dos serviços. Ele também responde à
orientação presente nas políticas oficiais voltadas à atenção primária de definir um
amplo escopo de serviços a serem oferecidos às pessoas como forma de garantia da
integralidade, da coordenação do cuidado e da ampliação do acesso.
O gestor municipal poderá, a partir desta data, incorporar a carteira nacional como a
carteira de serviços no seu município ou adaptar a oferta nacional para a realidade do
município e divulgar para sua população. O documento é destinado a todas as pessoas e
não pretende ser excludente, portanto, a não menção de um sinal, sintoma, diagnóstico,
ação ou cuidado não significa que este não deva ser realizado na APS.
Cidades como Rio de Janeiro, Curitiba, Natal, Florianópolis, Belo Horizonte, além de
países como a Espanha, já utilizam ferramenta orientadora parecida e foram referência
para a construção da CaSAPS do Ministério da Saúde.
Contribuíram na revisão e elaboração da CaSAPS a Sociedade Brasileira de Medicina
de Família e Comunidade (SBMFC), a Associação Brasileira de Enfermagem de
Família e Comunidade (Abefaco) e a Associação Brasileira de Odontologia (ABO).
O documento também contou com a participação da equipe técnica do Conselho
Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) e do Conselho Nacional de
Secretários de Saúde (Conass), além de diversos profissionais de saúde em consulta
pública realizada em agosto.
Como os profissionais podem usá-la?
Eles podem utilizá-la no dia a dia como instrumento de consulta e apoio na tomada de
decisão, uma vez que ela disponibiliza para cada item listado uma seção "Saiba mais"
onde são elencadas as referências técnicas de documentos do Ministério da Saúde
relacionadas ao tema.
Define o leque de serviços disponíveis e ofertados pelas unidades de APS, separados da
seguinte forma: “Vigilância em Saúde”, “Promoção à Saúde”, “Atenção e Cuidados
Centrados na Saúde do Adulto e do Idoso”, “Atenção e Cuidados Centrados na Saúde
da Criança e do Adolescente”, “Procedimentos na APS” e “Atenção e Cuidados
Relacionados à Saúde Bucal”. Faculta ao gestor municipal acrescentar ou retirar itens da
Carteira de Serviços.
Acesse os materiais:
Carteira de Serviços da Atenção Primária à Saúde (Casaps) - Versão Profissionais de
Saúde e Gestores - Completa
Carteira de Serviços da Atenção Primária à Saúde (Casaps) - Versão Profissionais de
Saúde e Gestores - Resumida
Carteira de Serviços da Atenção Primária à Saúde (Casaps) - Versão população
No site https://aps.saude.gov.br/noticia/6694 você conhecer os procedimentos.que
fazem parte dessa Carteira.
______________________________________________________________________
ATENÇÃO:
Referência: Marcia Valeria Guimarães Cardoso; FONSECA, Angelica Ferreira;
BAPTISTA, Tatiana Wargas de Faria. Previne Brasil, Agência de Desenvolvimento da
Atenção Primária e Carteira de Serviços: radicalização da política de privatização da
atenção básica?. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 36, n. 9, e00040220, 2020 .
Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
311X2020000903002&lng=en&nrm=iso>. access on 16 Jan. 2021. Epub Sep 04,
2020. https://doi.org/10.1590/0102-311x00040220.

______________________________________________________________________

SITES DE INTERESSE DESSA AULA:

CONASS - www.conass.org.br

CONASEMS - www.conasems.org.br

COSEMS - http://www.cosemssp.org.br/

MINISTÉRIO DA SAÚDE – https://www.gov.br/saude/pt-br

https://localizasus.saude.gov.br/

ANVISA – www.anvisa.gov.br

ANS – www.ans.gov.br

REVISTA RADIS – www.ensp.fiocruz.br/radis (faça sua assinatura online


gratuitamente dessa revista).

IEPS – www.ieps.org.br

www.agendamaissus.org.br

PRINCIPAIS REFERÊNCIAS CONSULTADAS:

BRASIL. CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (Lei nº 8078/90) Disponível


em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8078.htm Acesso em 25 jan. 2010.

COSTA, E. M. A.; CARBONE, M. H. Saúde da família: uma abordagem


multidisciplinar. 2 ed. Rio de Janeiro: Rubio, 2009.
BRASIL. Lei 8080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos
serviços correspondentes e dá outras providências. Disponível em
http://www.planalto.gov.br/ccivil/LEIS/l8080.htm Acesso em 10 jan. 2010.

MARZIALE, M. H. P.; MENDES, I. A. C. Promovendo saúde através da formação de


recursos humanos: experiência da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, USP
Centro Colaborador da OMS. Rev. latino-am. Enfermagem, v. 5, n. 3, p. 97-105,
1997. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rlae/v5n3/v5n3a14.pdf Acesso em 12
jan. 2010.

MENDES, E. V. As redes de atenção à saúde. Brasília: Organização Pan-Americana


da Saúde, 2011. Disponível em http://www.conass.org.br/pdf/Redes_de_Atencao.pdf

MOROSINI, Marcia Valeria Guimarães Cardoso; FONSECA, Angelica Ferreira;


BAPTISTA, Tatiana Wargas de Faria. Previne Brasil, Agência de Desenvolvimento da
Atenção Primária e Carteira de Serviços: radicalização da política de privatização da
atenção básica?. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 36, n. 9, e00040220, 2020 .
Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
311X2020000903002&lng=en&nrm=iso>. access on 16 jan. 2021. Epub Sep 04,
2020. https://doi.org/10.1590/0102-311x00040220.

PAIM, J.S. O que é SUS. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2009.

VASCONCELOS, C. M.; PASCHE, D. F. O sistema único de saúde. IN: CAMPOS, G.


W.S. Tratado de saúde coletiva. São Paulo: Hucitec, Rio de Janeiro: Fiocruz, 2006.

Você também pode gostar