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História da

mídia no amapá

Mídia e Cidadania

8/28/2023
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• Entender a Amazônia em uma dimensão plural consiste
em entender a diversidade que essa região guarda em
suas particularidades das memorias e formações dos
Estados, municípios, comunidades, ruas, entre outras
que, isoladamente, configuram tantas AmazôniaS
dentro de uma só (Rodrigues, 2021).
• Pensar nesses processos históricos de formação
amazônica a partir dos veículos de comunicação pode
revelar a maneira como os meios de comunicação
mediaram as relações e/ou ideais de poder, de cultura e
de comunidade que cercaram a região na sua formação
social.
• Estamos falando de uma unidade federativa que nascia
E a Amazônia? sob uma ótica de identidade local e nacional, que
possuía, da sua implementação, o fulcro de satisfazer
interesses governistas da época que visavam povoar a
inabitável Amazônia brasileira.

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• Há cinco grupos de comunicação amazônicos
que se projetam regionalmente ou mesmo
nacionalmente: dois no Pará, dois no
Amazonas e um no Tocantins.
• Três deles têm em comum o fato de serem
afiliados à Rede Globo de Comunicação e
quatro possuem um jornal impresso com
forte peso político em seus estados.
• Todos os cinco grupos, porém, possuem em
comum dois elementos: uma estrutura de
propriedade cruzada ampla e uma
estrutura de telejornalismo própria. Todos
eles também se articulam com os sistemas
políticos estaduais (Castro, 2012).

Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-NC-ND


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Rede Brasil Amazônia de Comunicação, Organizações Jaime Câmara,


Organização Rômulo Maiorana e a Rede Amazônica de Rádio e Televisão.

• A Rede Brasil Amazônia de Comunicação – criada pelo ex-senador Jader


Barbalho em 1982 – possui 1 jornal, 5 rádios, 1 emissora de televisão e 1
retransmissora.
• As Organizações Jaime Câmara, por sua vez, surgiram em 1935 e possuem 1
jornal (Jornal do Tocantins), 4 rádios e 3 emissoras de TV – as rádios mais
ouvidas do Tocantins pertencem a esse grupo e se localizam nas principais
cidades do estado.
• Já a Organização Rômulo Maiorana, fundada pelo jornalista Rômulo
Maiorana em 1946, congrega 22 empresas, sendo 1 jornal impresso, 1 jornal
on-line, 1 provedor de Internet, 4 rádios, 9 TVs (2 emissoras e 7 associadas),
ORM cabo, 1 canal via satélite e uma Fundação.
• Rede Amazônica de Rádio e Televisão começou em 1969 e atinge os
estados do Acre, Amapá, Amazonas, Rondônia e Roraima. Possui 5
geradoras de programação, uma em cada capital destes estados (TV
Amazonas, TV Rondônia, TV Roraima, TV Amapá e TV Acre), 5 estações
em UHF, 8 minigeradoras (que produzem jornal local), 15 emissoras de
televisão afiliadas à Globo, 202 retransmissoras (94 no Amazonas, 32 no
Acre, 17 no Amapá, 39 em Rondônia e 20 em Roraima), 4 emissoras de
rádio (uma delas repete a programação da Rádio Amazonas) e 1 canal por
satélite.
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• No estado do Amapá a comunicação
e a publicidade estão em um cenário
diversificado, com oportunidades de
crescimento e grandes organizações
(até mesmo familiares) no controle
desses grupos comunicacionais.
• Essas empresas, sejam elas públicas
ou privadas, podem ser classificadas
por suas áreas de atuação como as
emissoras de televisão, as estações de
rádio e os jornais digitais, sem cotar
ainda com as agências de publicidade.
• No Amapá, o grupo Beija Flor possui uma geradora de
TV em Macapá, afiliada à RedeTV!, duas OMs e duas
FMs, todas as quatro no interior. O grupo possui
apenas uma retransmissora TV, mas forma um link
com outras estações de rádio e TV para a exibição do
seu noticiário, O Estado É Notícia, transmitido
simultaneamente em rede de TV e de rádio e que
alcança quase 100% no território estadual.
• O proprietário do grupo é o ex-senador Gilvan Borges,
do PMDB. Aliado de José Sarney, é considerado, no
Amapá, um “marajá das comunicações”. De fato, o
Ministério das Comunicações registra, em seu nome,
152 solicitações de concessão de canais de rádio e
televisão, dos quais 104 no Pará, 34 no Tocantins, oito
no Amapá, seis no Maranhão.
• Dentre as organizações religiosas nacionais
com atuação na Amazônia, tem-se a Rede
Record, vinculada à Igreja Universal do
Reino de Deus (IURD), que, além de sua
própria rede de geradoras, retransmissoras e
rádios, possui extensa rede de grupos
afiliados; o grupo RR Soares, vinculado à
Igreja Internacional da Graça de Deus; a Rede
Canção Nova, pertencente à Fundação João
Paulo II e a rede da Legião da Boa Vontade.
• A Rede Record possui uma geradora em Belém, com importante
estrutura de jornalismo, e outra em Macapá, as quais fazem link
com as 287 estações afiliadas ou próprias, espalhadas pelo país.
• O grupo RR Soares pertence ao pastor Romildo Ribeiro Soares,
o criador da Igreja Internacional da Graça de Deus, surgida em
1980, no Rio de Janeiro, e que hoje se espalha por mais de dois
mil pontos no país. A Igreja possui vários horários alugados a
outras redes de televisão, notadamente a Band e a CNT, que
veiculam o programa Show da Fé, seu carro-chefe, apresentado
pelo próprio pastor.
• R.R. Soares possui, na verdade, um império de comunicações,
que inclui as empresas Superior Technologies in Broadcasting
(STB), Rede Internacional de Televisão, Nossa Rádio, Nossa TV
(TV por assinatura pelo sistema DTH, pela Banda Ku), Graça
Artes Gráficas e Editora Ltda., a gravadora gospel Graça Music,
a editora Graça Editorial e a produtora audiovisual Graça Filmes.
• Ainda na esfera religiosa, há duas extensas
redes regionais. A primeira delas é a Rede
Nazaré, pertencente à Arquidiocese de
Belém, que possui uma geradora de TV e
uma FM, ambas sediadas em Belém, mas
que formou uma expressiva rede de
retransmissoras de seu sinal, uma rede que
soma 79 estações, sendo 42 no PA, 10 no
AM, nove no MT, seis no MA, quatro no
AP, quatro em RO, quatro no TO, uma no
AC e, ainda, uma no PA.
• A outra rede religiosa regional é o grupo Boas
Novas, ligado à Igreja Assembleia de Deus,
sediada em Belém, mas que montou sua televisão
em Manaus, onde possui uma geradora. A rede
possui somente quatro retransmissoras próprias,
localizadas, cada uma delas, no AC, RR, AP e TO,
mas expande seu sinal por meio da Central de
Emissões, Gravações e Repetidoras Ajuricaba
S.A., sucessora da Cegrasa S.A., pertencente à
família Hauache – a mesma que é detentora de
40% de participação na TV Em Tempo, do
Amazonas, uma rede com 88 retransmissoras no
estado.
• Alguns desses veículos possuem uma proeminência política, pois pertencem a políticos, a seus familiares ou a
empresas com atuação destacada em algum outro setor produtivo, condições que produzem certa magnitude de
poder, capaz de influenciar nas dinâmicas maiores da região. É o caso, por exemplo, da Rede Marco Zero de
Comunicação, do Amapá, afiliada à Rede Record e que é de propriedade de três deputados estaduais
ligados ao PSDB e ao DEM: Jorge Amanajás, Dalto Martins e Edinho Duarte. Embora seja uma empresa
com capacidade de emissão reduzida, tem significativa influência sobre a política estadual, sobretudo nos
momentos eleitorais
• Outros, conformam certo poder político e/ou
econômico em função de sua capacidade de afiliarem-
se a redes estaduais ou nacionais.
• Há ainda alguns grupos de comunicação sediados em
estados brasileiros não amazônicos que possuem uma
estrutura própria de retransmissão na região. É o caso,
por exemplo, das empresas da família Monteiro de
Barros, a Televisão Independente de São José do Rio
Preto, que possui 38 retransmissoras de TV na região,
sendo 12 delas no PA, 12 no AM, seis no TO, três em
RO, três no AC, uma em RR e uma no AP – quase
todas alugadas para a organização religiosa Rede
Viva.
• Também é preciso considerar a existência dos chamados
sistemas sonoros em inúmeras cidades amazônicas. São
as “rádio-postes”, também conhecidas como “bocas-de-
ferro”, sistemas de fonia por cabo – e, em alguns casos,
por rádio – que transmitem uma programação que
alterna música com publicidade comercial e, algumas
vezes, comentários, rezas e preleções morais. Esses
sistemas se assemelham mais a microempresas de
comunicação, embora gostem de se autodefinir, algumas
vezes, como “comunicação popular”

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Toni Macapá faz propaganda de Rádio Poste no Brasil Novo desde 2008 no bairro Brasil Novo
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Amapá e os meios
de comunicação

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• Há um silêncio teórico e epistemológico sobre a história dos meios de Comunicação no
Amapá. Poucos historiadores e comunicólogos fazem registros bravos, breves e isolados
sobre o que neste Estado brasileiro aconteceu desde o princípio de sua imprensa
(Augusto; Scheibe, 2013, p.1).
• O primeiro jornal a surgir no amapá foi o Pinsônia – criado em 1895 por Francisco de
Mendonça Junior. A durabilidade desse jornal foi breve, foram apenas três anos, parando
de circular em 1898.
• Em seguida veio o Correio de Macapá, criado em 1915, pelo coronel Jovino Dinoá e que
contava com a participação do padre Júlio Maria Lombardi – que escrevia sobre assuntos
religiosos. Esse periódico também durou apenas três anos, sua última publicação foi em
1918.
• A contar desde o início da imprensa, conforme os registros citados nos finais do Século
XIX– entre os meios que se fixaram e os de vida breve -, o Amapá já teve
aproximadamente 18 jornais impressos, 14 emissoras de rádio e 10 emissoras de TV.
• Com a autonomia do Território Federal do Amapá, criado através do Decreto-Lei nº
5.812, em 13 de setembro de 1943, desmembrado do Estado do Pará, iniciam-se os
primeiros anos da radiodifusão amapaense. O primeiro governador, Janary Gentil Nunes,
nomeado pelo presidente Getúlio Vargas, possuía então a responsabilidade de implantar
os serviços essenciais na nova unidade da federação brasileira.
• Para auxiliar na divulgação dos serviços
realizados pelo governo, Nunes criou o
Serviço de Imprensa e Propaganda, que
editava o jornal impresso O Amapá e
veiculava programas através de um serviço
de alto-falantes, instalado em 25 de
fevereiro de 1945, na Praça Veiga Cabral,
centro de Macapá.
• O local virou ponto de encontro principal
da sociedade, que necessitava acompanhar
as notícias sobre o Território
• O serviço foi o embrião da primeira estação de rádio do Amapá, a Rádio Difusora de Macapá (ZYE-2,
ondas médias, 1.460 kHz, 205.5 metros), inaugurada oficialmente no dia 11 de setembro de 1946, num prédio
localizado na Rua Cândido Mendes. Entre os primeiros programas veiculados pela Difusora estão “Carnet
Social”, com oferecimentos de músicas e divulgação de mensagens aos aniversariantes do dia; o “Grande
Jornal Falado E-2”, transmitido após o noticiário A Voz do Brasil; e o “Clube do Guri”, programa de calouros
infantil apresentado diretamente do auditório da RDM.
• Em 1953, a Rádio Difusora passou a transmitir também em ondas tropicais, na freqüência de 4.915 kHz, para
todo o mundo. Os primeiros integrantes da Difusora constituíam-se de funcionários já ligados ao quadro
de servidores do Governo do Território Federal do Amapá e foram marcados pelo pioneirismo no rádio
amapaense.
• A RDM permaneceu no ar até o dia 28 de agosto de 1978, quando o Governo Federal encampou diversas
emissoras de rádio da Amazônia, para a expansão da Radiobrás. A partir daí, entrou em cena a Rádio
Nacional de Macapá, utilizando os mesmos equipamentos da Difusora, porém na nova frequência de 630
kHz em ondas médias. A Nacional permaneceu até julho de 1989, quando o Governo do Estado do Amapá
readquiriu a emissora e retomou o nome de Rádio Difusora de Macapá
• Analisando o atual momento da imprensa amapaense, o jornal local ativo com maior tempo de duração,
segundo Rocha e Santos (2017), é o Diário do Amapá, uma vez que esse periódico conta com nove
editorias e sua circulação abrange os 16 municípios do estado.
• Em um levantamento breve, tem-se que no Amapá atualmente existem e estão em funcionamento, cerca de
14 emissoras de televisão, e ainda, dentre as estações de rádio, as mais “conhecidas” são: CBN
Amazônia Macapá que pertence ao Grupo Rede Amazônia, a Rádio Equatorial e a Mix FM Macapá,
ambas pertencentes ao Z Sistema Equatorial de Comunicação. E, por fim, dos portais e jornais online, os
mais divulgados entre a população são: G1 Amapá, pertence a Rede Amazônica, afiliada da TV Globo; o
Amapá Digital; o Portal Sales Nafes, Notícias de Santana, Extremo Norte AP, Café com Notícia, o Jari
Notícias, além dos blogs (Cutrim et al, 2023)
• De acordo com a Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL, existem ao total 13 emissoras ativas de
televisão retro transmissoras espalhadas dentro do Estado do Amapá, sendo elas: Rede Amazônica
Macapá, TV Amazônia, TV Assembleia, TV Cidade, TV Equatorial, TV Equinócio, TV Ferreira Gomes,
TV Verdade, TV Verdade, TV Tucuju, TV Unifap, TV Macapá e TV Notícia.
Referências
• SUZINA, Ana Cristina. Evolução das mídias populares no Brasil (1980-2015): avanços, desafios e perspectivas. Revista de Comunicação Dialógica – RCD, n.1, ano 1, jan-jun,
2019. Disponível em: https://doi.org/10.12957/rcd.2019.38999

• SANTIAGO, R. C.; SOUSA, P. M. Literatura Amapaense e Comunicação: a divulgação de obras literárias e escritores regionais nos portais de notícias e jornais online do estado do
Amapá. Rev. Mult. Amapá - REMAP, Macapá, v. 2, n.2, 2022

• SANTOS, Abinoan Santiago, ROCHA, Paula Melani. A imprensa regional e o jornalismo praticado na região Amazônica no Brasil: análise do jornal ‘Diário do Amapá’.
Index.comunicación, nº 7 (3), Número especial Comunicación, igualdad y desarrollo, p.145-162, 2017.

• RODRIGUES JUNIOR, M. G.; SEIXAS, N. S. Processos comunicacionais no Amapá: o Jornal do Amapá como um veículo de Historicidade. Anais do 31° Simpósio Nacional de
História [livro eletrônico] : história, verdade e tecnologia. RIO DE JANEIRO: ANPUH-Brasil, 2021. v. 1. p. 1-14.

• REBOUÇAS, Bruno Henrique Bezerra. ASPECTOS ESTRUTURAIS DO SISTEMA MIDIÁTICO BRASILEIRO. Revista de Comunicação Dialógica – RCD, n.1, ano 1, jan-
jun, 2019. Disponível em: https://doi.org/10.12957/rcd.2019.40853

• CREPALDI, L. Grupos Midiáticos do Norte Brasileiro: Processos de Regionalização, Nacionalização e Internacionalização. Anais. Eventos especiais III – Intercom Júnior. São
Paulo, 2005.

• CASTRO, Fábio Fonseca de. As Casas Bahia não entrarão no Amapá. Consumo, política e intersubjetividade. Revista Comunicação Midiática, v.8, n.2, pp.36-57, mai./ago. 2013.

• CASTRO, Fábio Fonseca de. Macrodinâmicas da comunicação midiática na Amazônia. Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, v. 8, n. 2, p. 435-445,
maio-ago. 2013.

• CASTRO, Fábio Fonseca. Sistemas de comunicação na Amazônia. Revista Fronteiras - estudos midiáticos. Vol. 14 Nº 3 - setembro/dezembro 2012.

• ANATEL. SRD - Sistema de controle de radiodifusão - [SIS versão 2.2.61]. Disponível em: https://sistemas.anatel.gov.br/srd/Consultas/ConsultaGeral/TelaListagem.asp. Acesso
em: 27 de abril.

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