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Lei do Terrorismo: Lei 13.260/2012 – Aula: 16/10/2023 – Prof.

Fábio
Anotações de Ania Cavalcante

Art. 1º, Lei 13.260/2016: “Esta Lei regulamenta o disposto no inciso XLIII do art. 5º da
Constituição Federal, disciplinando o terrorismo, tratando de disposições investigatórias
e processuais e reformulando o conceito de organização terrorista.”
Inciso XLIII do art. 5º da Constituição Federal: “a lei considerará crimes
inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico ilícito de
entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles
respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem.”

1. Terrorismo: crime equiparado a hediondo: art. 17:


Art. 17: “Aplicam-se as disposições da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990 , aos crimes
previstos nesta Lei.”
Observação: É prescritível, mas o delito será imprescritível quando for praticado por
grupo armado, civil ou militar, e visar abalar a ordem constitucional e o Estado
Democrático, conforme o art. 5 º, XLIV, CF/88:
Art. 5 º, XLIV, CF/88: “constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático”.

Observações:
1) Os países divergem sobre o conceito de terrorismo.

2) O Hamas não é considerado organização terrorista pelo Brasil, país que segue uma
classificação oficial do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas
(ONU), que não coloca o grupo islâmico na lista de organizações terroristas mundiais.
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Para a ONU, o Hamas não é organização terrorista, ao contrário da Al Qaeda e do Estado
Islâmico, por exemplo.
3) A União Européia, Israel, os Estados Unidos, Canadá, Austrália e Japão consideram o
Hamas uma organização terrorista.
4) O 08 de Janeiro de 2023 em Brasília não foi terrorismo.
5) MST não é uma organização terrorista.
6) Os atentados do PCC de 2006 não podem ser considerados atos terroristas.
7) As pessoas que praticaram atentados durante a ditadura brasileira, incluindo explosões,
não são considerados como terroristas.

2. Conceito e previsão legal do Terrorrismo (objeto jurídico) - Dispõe


sobre os autores, a motivação e a intenção: art. 2º, caput:
Art. 2º: “O terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos
neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia
e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou
generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade
pública.”

No art. 2º, o legislador estabelece juridicamente:


OS AUTORES: um indivíduo (terrorismo individual) ou mais indivíduos;
A INTENÇÃO: (provocar terror social ou generalizado), estão devidamente listados
no caput do artigo;
A MOTIVAÇÃO: por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça,
cor, etnia e religião.

A MOTIVAÇÃO:
1) Xenofobia: A expressão xenofobia é formada por dois termos gregos: xenos
(estrangeiros) + phóbos (medo), significando, portanto, aversão (ódio) ao estrangeiro.
2) Discriminação: Significa promover distinção, exclusão, restrição ou preferência. Para
ser crime, obrigatoriamente, deve ser acompanhada de preconceito.
3) Preconceito: É uma opinião formada antecipadamente, geralmente negativa e
precipitada, sem fundamento na experiência ou em conhecimentos prévios. Na Lei do
Terrorismo, para caracterização da discriminação e preconceito deve haver ligação com
a raça, com a cor, com a etnia ou com a religião. PS: O preconceito contra a orientação
sexual não entra aqui.
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4) Raça: Identificação do indivíduo segundo características físicas visíveis ou biológicas
semelhantes. A doutrina moderna critica o conceito de raça, pois não é possível
estabelecer diferenças entre seres humanos, uma vez que todos são iguais. É mais um
conceito social do que científico, mas o Direito ainda faz uso desse termo.
5) Cor: É a tonalidade da pele.
6) Etnia: do grego ethhis, “povo”, é um grupo de pessoas que têm em comum algumas
características socioculturais, ou seja, vínculos culturais semelhantes, a exemplo da
língua e tradições.
7) Religião: Crença, modo de manifestação da fé.

3. Atos de Terrorrismo: art. 2º, § 1º - métodos e alvos empregados


Art. 2º, § 1º “São atos de terrorismo:
I - usar ou ameaçar usar, transportar, guardar, portar ou trazer consigo explosivos, gases
tóxicos, venenos, conteúdos biológicos, químicos, nucleares ou outros meios capazes de
causar danos ou promover destruição em massa;
II – (VETADO);
III - (VETADO);
IV - sabotar o funcionamento ou apoderar-se, com violência, grave ameaça a pessoa ou
servindo-se de mecanismos cibernéticos, do controle total ou parcial, ainda que de modo
temporário, de meio de comunicação ou de transporte, de portos, aeroportos, estações
ferroviárias ou rodoviárias, hospitais, casas de saúde, escolas, estádios esportivos,
instalações públicas ou locais onde funcionem serviços públicos essenciais, instalações
de geração ou transmissão de energia, instalações militares, instalações de exploração,
refino e processamento de petróleo e gás e instituições bancárias e sua rede de
atendimento;
V - atentar contra a vida ou a integridade física de pessoa:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos, além das sanções correspondentes à ameaça ou à
violência.”

O Art. 2º, § 1º não traz crimes de terrorismo, mas sim atos que levam à prática
do delito (rol taxativo). Representam, portanto, condutas-meio para que o crime
seja executado.

4. Organização Terrorista: Art. 3º:


Art. 3º: “Promover, constituir, integrar ou prestar auxílio, pessoalmente ou por
interposta pessoa, a organização terrorista:
Pena - reclusão, de cinco a oito anos, e multa.”

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Art. 4º (VETADO).

5. Punição de atos preparatórios: art. 5º:


Art. 5º: “Realizar atos preparatórios de terrorismo com o propósito inequívoco de
consumar tal delito:
Pena - a correspondente ao delito consumado, diminuída de um quarto até a metade.”

Iter Criminis (caminho do crime):


COGITAÇÃO PREPARAÇÃO EXECUÇÃO CONSUMAÇÃO
Cogitação: Pensamentos para prática do crime.

Preparação ou Atos Preparatórios: Criação das condições necessárias para a


execução do delito. Em regra, não são puníveis, mas a Lei do Terrorismo é uma
exceção: segundo o art. 5º, são punidos.

Execução: Início dos atos.

Consumação: Todos os atos foram praticados para realização do crime

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Terrorismo é crime de perigo concreto, pois é necessária a demonstração que o ato
de terrorismo expôs, efetivamente, a situação de perigo.

Objetividade jurídica: os bens jurídicos tutelados pela norma vida, integridade física,
patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública
Sujeito ativo: trata-se de crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa.
Não se exige qualidade especial do agente.
Sujeito passivo: é o Estado, interessado na preservação de suas instituições, seu
arcabouço constitucional e a convivência pacífica e harmônica da população assentada
em seu espaço territorial, conforme disposto no art. 11 da Lei de Terrorismo: “Para
todos os efeitos legais, considera-se que os crimes previstos nesta Lei são praticados
contra o interesse da União, cabendo à Polícia Federal a investigação criminal, em
sede de inquérito policial, e à Justiça Federal o seu processamento e julgamento, nos
termos do inciso IV do art. 109 da Constituição Federal.”, artigo que também dispõe
sobre a Competência: da Justiça Federal.

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