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CRIMES HEDIONDOS
Lei nº 8.072/90
A) Sistema Legal;
B) Sistema Judicial e
C) Sistema Misto
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no CP, consumados ou tentados:
I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio (§6º), ainda que cometido por
um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII);
I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o),
quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da CF/88, integrantes do sistema prisional
e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge,
companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição;
a) circunstanciado pela restrição de liberdade da vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
b) circunstanciado pelo emprego de arma de fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de arma de fogo de uso
proibido ou restrito (art. 157, § 2º-B);
c) qualificado pelo resultado lesão corporal grave ou morte (art. 157, § 3º);
III - extorsão qualificada pela restrição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou morte (art. 158, § 3º);
IV - extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o);
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art.
273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998);
VIII - favorecimento da prostituição ou de outra forma de exploração sexual de criança ou adolescente ou de vulnerável
(art. 218-B, caput, e §§ 1º e 2º);
IX - furto qualificado pelo emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum (art. 155, § 4º-A).
I - o crime de genocídio, previsto nos arts. 1º, 2º e 3º da Lei nº 2.889, de 1º de outubro de 1956;
II - o crime de posse ou porte ilegal de arma de fogo de uso proibido, previsto no art. 16 da Lei nº 10.826, de 22 de
dezembro de 2003;
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PROCESSO PENAL
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III - o crime de comércio ilegal de armas de fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
IV - o crime de tráfico internacional de arma de fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18 da Lei nº 10.826, de
22 de dezembro de 2003;
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo são
insuscetíveis de:
II - fiança.
§ 1o A pena por crime previsto neste artigo será cumprida inicialmente em regime fechado.
§ 3o Em caso de sentença condenatória, o juiz decidirá fundamentadamente se o réu poderá apelar em liberdade.
LIBERDADE CONDICIONAL
Crimes Hediondos e equiparados: cumprido mais de dois terços da pena, nos casos de condenação por crime hediondo,
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, e terrorismo, se o apenado não for reincidente
específico em crimes dessa natureza.
ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA
Art. 8º Será de três a seis anos de reclusão a pena prevista no art. 288 do CP, quando se tratar de crimes hediondos,
prática da tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins ou terrorismo.
COLABORAÇÃO PREMIADA
Parágrafo único. O participante e o associado que denunciar à autoridade o bando ou quadrilha, possibilitando seu
desmantelamento, terá a pena reduzida de um a dois terços.
Art. 394-A. Os processos que apurem a prática de crime hediondo terão prioridade de tramitação em todas as
instâncias.
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LEI DE TORTURA
Lei nº 9.455/97
INTRODUÇÃO
Sujeitos ativo da Tortura: ao contrário da maioria dos outros países, no direito brasileiro o crime de tortura
é classificado como crime comum, em relação ao sujeito ativo, ou seja, pode ser praticado por qualquer pessoa, salvo
algumas condutas específicas.
A) Tortura Própria: constranger alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
ou mental:
B) Tortura Prova (probatória ou persecutória): com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima
ou de terceira pessoa;
Atenção! A doutrina diverge quanto à possibilidade dessa espécie de tortura ser pratica para provocar uma
contravenção penal. Primeira corrente defende que sim, que é possível aplicar o crime de tortura quando o objetivo
é provocar a prática de contravenção pena; já a segunda corrente defende que somente se aplica quando objetiva
provocar a prática de crime, em sendo contravenção, configurará o crime de constrangimento ilegal (art. 146, CP).
E) Tortura Castigo (punitiva, vindicatica ou intimidatória): submeter alguém, sob sua guarda, poder ou
autoridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar
castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
F) Tortura Cárcere: Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a
sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal;
G) Tortura Omissão (imprópria ou privilegiada): Aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o
dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.
Atenção! Conforme entendimento sedimento do STF, a tortura omissão não é considerada crime equiparado a
hediondo.
H) Tortura Qualificada: Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, a pena é de reclusão de quatro
a dez anos; se resulta morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos (crime preterdoloso).
Classificações:
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PROCESSO PENAL
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II – se o crime é cometido contra criança, gestante, portador de deficiência, adolescente ou maior de 60 anos;
EFEITOS DA CONDENAÇÃO:
A condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para seu exercício pelo
dobro do prazo da pena aplicada (art. 1º, § 5º).
Atenção! A perda do cargo como efeito da condenação pelo crime de tortura configura efeito automático da
condenação, não necessitando fundamentação específica na sentença, assim como ocorre no crime de organização
criminosa.
INSUSCETIBILIDADE:
O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça ou anistia, assim como ocorre com os crimes hediondos,
tráfico de entorpecentes e terrorismo (art. 1º, § 6º).
Atenção! Os crimes de racismo e ação de grupos armados, civil ou militar, contra a ordem constitucional ou o estado
democrático também são inafiançáveis, mas são suscetíveis à graça, anistia e indulto. Lembrando que esses dois
crimes são os únicos considerados como imprescritíveis.
Conforme art. 1º, § 7º, o condenado por crime de tortura, salvo a hipótese da Tortura Omissão, iniciará o
cumprimento da pena em regime fechado. Entretanto deve ser dado a mesma interpretação realizada pelo STF
aos crimes hediondos, ou seja, o condenado por tortura deverá iniciar o cumprimento da pena em qualquer regime e
não obrigatoriamente no fechado, tendo em vista o princípio constitucional da individualização da pena.
Art. 2º. O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime não tenha sido cometido em território nacional, sendo a
vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob jurisdição brasileira.
INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA
Lei nº 9.296/96
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização
pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
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XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de
investigação criminal ou instrução processual penal.
CONCEITO: Consiste em meio de obtenção de prova em que ocorre a captação da comunicação telefônica alheia por
um terceiro, sem o conhecimento de nenhum dos interlocutores.
REQUISITOS:
II – a prova não puder ser obtida por outro meio (ultima ratio); e
PRAZO: 15 dias, renováveis por igual período e sucessivas vezes (art. 5º);
PROCEDIMENTO
Serendipidade de 1º grau
Serendipidade de 2º grau;
Serendipidade Objetiva;
Serendipidade Subjetiva.
CAPTAÇÃO AMBIENTAL
CONCEITO: captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos, quando para fins de
investigação criminal ou instrução processual criminal.
REQUISITOS:
I- Autorização judicial;
II- a prova não puder ser feita por outros meios disponíveis e igualmente eficazes; e
III- houver elementos probatórios razoáveis de autoria e participação em infrações criminais cujas penas máximas
sejam superiores a 4 (quatro) anos ou em infrações penais conexas.
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Art. 10. Constitui crime realizar interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática,
promover escuta ambiental ou quebrar segredo da Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não
autorizados em lei.
Art. 10-A. Realizar captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos para investigação ou
instrução criminal sem autorização judicial, quando esta for exigida:
Pena: reclusão, de dois a quatro anos, e multa.
§ 1º Não há crime se a captação é realizada por um dos interlocutores.
§ 2º A pena será aplicada em dobro ao funcionário público que descumprir determinação de sigilo das
investigações que envolvam a captação ambiental ou revelar o conteúdo das gravações enquanto mantido o
sigilo judicial.
QUESTÕES JURISPRUDENCIAIS:
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
Lei nº 10.826/03
Crime de Perigo Abstrato: é classificado como crime de perigo abstrato, isto é, prescinde (não necessita) de
comprovação de efetivo dano causado ao bem jurídico tutelado, há uma presunção legal.
Conceito de domicílio: qualquer compartimento habitado com animus de residir. De acordo com o art. 150, § 4º do
CP, também configura domicílio aposento ocupado de habitação coletiva e compartimento não aberto ao
público, onde alguém exerce profissão ou atividade. Para imóvel rural, considera-se domicílio toda extensão do
imóvel e não apenas a sede da fazenda (art. 5º, § 5º do Estatuto do Desarmamento).
Arma de calibre de uso permitido: armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que sejam de porte, cujo calibre
nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e
duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; portáteis de alma lisa; ou portáteis de alma raiada, cujo calibre
nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e
duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules (art. 2º, I do Decreto nº 9.847/19).
Arma de calibre de uso restrito: armas de fogo automáticas e as semiautomáticas ou de repetição que sejam não
portáteis; de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova,
energia cinética superior a mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou portáteis de alma raiada, cujo
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calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a
mil e duzentas libras-pé ou mil seiscentos e vinte joules (art. 2º, II do Decreto nº 9.847/19).
Arma de fogo de uso proibido: as armas de fogo classificadas de uso proibido em acordos e tratados internacionais
dos quais a República Federativa do Brasil seja signatária; ou as armas de fogo dissimuladas, com aparência de objetos
inofensivos (art. 2º, III do Decreto nº 9.847/19).
Arma de ar comprimido, de pressão ou por ação de mola inferior a 6mm não são consideradas armas de fogo
e são regulamentadas pelo Decreto nº 3.665/2000 (regulamenta a fiscalização de produtos controlados) e Portaria nº
036-DMB/99, do Ministério da Defesa.
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo
com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local
de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa:
Atenção! Caso o titular ou responsável pelo estabelecimento possua arma de fogo, responderá pelo crime de
posse (art. 12); caso o funcionário do estabelecimento possua arma de fogo em seu local de trabalho, responderá
pelo art. 14 (porte irregular de arma de fogo)
Questões Jurisprudenciais:
Delegado de Polícia que possui arma sem registro em sua residência: comete crime de posse irregular
de arma de fogo o Delegado de Polícia que possui em sua residência arma de fogo sem o devido registro. O direito ao
porte não desobriga a necessidade de regularizar a arma junto ao órgão competente (Inf. 597, STJ).
Arma com registro vencido: não configura crime de posse irregular de arma de fogo a conduta do agente
manter sob sua guarda, no interior de sua residência, arma de fogo de uso permitido com registro vencido. A expiração
do prazo é mera irregularidade administrativa que autoriza a apreensão da arma de fogo e aplicação de multa (Inf.
572, STJ).
Posse ou porte de apenas munição: configura crime de posse ou porte a conduta de possuir ou portar
munição, mesmo que desacompanhada da arma de fogo, tendo em vista ser crime de perigo abstrato (Inf. 844, STF).
Princípio da insignificância para munição desacompanhada de arma de fogo: tanto o STJ, quanto o
STF têm admitido a aplicação do princípio da insignificância à conduta de possuir em sua residência pouca quantidade
de munição desacompanhada de armada de fogo (STF – 2017; STJ – 2018). No mesmo sentido é aplicado o princípio
da insignificância para a conduta de portar munição como forma de pingente (Inf. 826, STF).
Arma desmontada: apreensão de arma desmontada não descaracteriza o crime de posse ou porte irregular
de arma de fogo, desde que conste as peças que dão funcionalidade à arma de fogo (STJ – 2018).
OMISSÃO DE CAUTELA
Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou pessoa
portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e
transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo
ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24h
depois de ocorrido o fato.
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Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente,
emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido,
sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em
nome do agente. (Vide Adin 3.112-1)
Questões Jurisprudenciais
• Porte de arma de fogo desmuniciada: configura crime o porte de arma de fogo mesmo que desmuniciada,
tendo em vista ser crime de perigo abstrato, sendo irrelevante verificar se a arma estava ou não municiada (Inf. 599,
STF).
• Arma encontrada em boleia de caminhão: arma encontrada em boleia de caminhão através de revista
policial, configura porte ilegal de arma de fogo. O veículo profissionalmente utilizado não pode ser local de trabalho
para tipificar a conduta como posse irregular de arma de fogo (STJ - 2012).
• Transporte de arma de fogo por praticante de tiro: conforme art. 61 da portaria nº 150/19 do COLOG-EB
é permitido aos colecionadores, atiradores e caçadores portar uma arma de fogo curta municiada, alimentada e
carregada durante o descolamento para treinamento ou participação de competições, por meio de apresentação da
guia de tráfego com o percurso definido.
• Prisão em flagrante por crime de roubo ou homicídio e apreensão da arma: Aplica-se o princípio da
consunção, isto é, o crime de roubo ou homicídio absorve o crime de porte ilegal de arma de fogo quando apreendida
no mesmo contexto do roubo ou do homicídio. Entretanto, haverá concurso de crimes, respondendo também pelo
porte de arma de fogo, quando comprovado que o agente portava a arma antes ou depois do roubo ou homicídio, o
que configura contexto autônomo entre os crimes (Inf. 775, STF).
• Porte de arma de fogo para policial aposentado: policial aposentado não possui o porte automático de
arma de fogo como ocorre com os policiais da ativa. É necessário se submeter aos procedimentos regulares para ter
a autorização do porte (Inf. 554, STJ).
Obs.: O decreto nº 9.847/19 aumentou o prazo de validade do exame psicológico para 10 anos e retirou a exigência
da demonstração da necessidade do porte para o policial aposentado. Mas, o porte para policial aposentado continua
sendo não automático.
• Porte de arma por vigilante após horário de serviço: configura crime a conduta de o vigilante portar arma
de fogo após o expediente, mesmo que por determinação de ser empregador, não configurando coação mora
irresistível ou obediência hierárquica de ordem não manifestamente ilegal, causas excludentes da
culpabilidade (Inf. 581, STJ).
Arma de ar comprimido, de pressão ou por ação de mola inferior a 6mm: não configura crime o uso
de armas de ar comprimido de calibre inferior a 6mm, desde que adquirida em comércio especializado brasileiro. Sua
comercialização é controlada, devendo o comerciante recolher cópia da carteira de identidade e do comprovante de
residência do adquirente, mantendo-os à disposição da fiscalização pelo prazo de 5 anos. Sua importação está sujeita
à autorização prévia da Diretoria de Fiscalização de Produtos Controlados do Exército Brasileiro, e só pode ser feita
por colecionadores, atiradores e caçadores registrados no Exército. Além disso, devem se submeter às normas de
desembaraço alfandegário previstas no Regulamento para a Fiscalização de Produtos Controlados, sob pena de incorrer
no crime de contrabando, previsto no art. art. 334-A do CP (Inf. 551 do STJ).
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública
ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime:
Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável. (Vide Adin 3.112-1)
Trata-se de claro exemplo da aplicação do princípio da subsidiariedade, visto que, por expressa previsão
esse tipo penal é subsidiário a qualquer outro delito. Delito subsidiário também é chamado de soldado de reserva.
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Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição
de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de fogo ou artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma de fogo de uso proibido ou
restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração, marca ou qualquer outro sinal de
identificação raspado, suprimido ou adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório, munição ou explosivo a criança
ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer forma, munição ou explosivo.
Crime Hediondo por força do art. 1º, parágrafo único, II da Lei nº 8.072/90.
Questões Jurisprudenciais
• Porte de granada de gás lacrimogêneo ou de granada de pimenta : não configuram artefato explosivo,
dessa forma o porte de granada de gás lacrimogêneo ou de spray de pimenta não configura crime do art. 16 (Inf. 599,
STJ).
• Posse ou porte de 2 ou mais armas de fogo no mesmo contexto fático: sendo todas as armas de uso
restrito ou proibido haverá crime único, independentemente da quantidade de arma apreendida. Entretanto, caso uma
(s) seja (m) de calibre de uso permitido e outra (s) de uso restrito ou proibido, haverá concurso de crimes (STJ –
2018).
• Conselheiro de Tribunal de Contas que possui arma de calibre de uso restrito: Conselheiro de Tribunal
de Contas é equiparado a magistrado, dessa forma possui direito ao porte de arma de fogo previsto no art. 33, V da
LC nº 35/79 (LOMAN), desde que a arma seja devidamente registrada (Inf. 572, STJ).
§ 2º Se as condutas descritas no caput e no § 1º deste artigo envolverem arma de fogo de uso proibido, a pena é
de reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Art. 17. Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar,
adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de
atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar:
§ 1º Equipara-se à atividade comercial ou industrial, para efeito deste artigo, qualquer forma de prestação de serviços,
fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência.
§ 2º Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização ou em
desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando presentes elementos
probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
Art. 18. Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de arma de
fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente:
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Questões Jurisprudenciais
• Importação de colete à prova de bala: A importação de colete à prova de balas está sujeita a proibição
relativa, uma vez que sua prática exige prévia autorização do Comando do Exército, configurando crime de contrabando
as condutas perpetradas fora dos moldes previstos no regulamento próprio (STJ – 2016).
Art. 19. Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18 (comércio ilegal e tráfico internacional), a pena é aumentada da metade
se a arma de fogo, acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
Art. 20. Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da metade se forem praticados por
integrante dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6o, 7o e 8o desta Lei (forças armadas, segurança pública, guardas
prisionais, segurança privada e entidades desportivas) ou o agente for reincidente específico.
Art. 21. Os crimes previstos nos arts. 16, 17 e 18 são insuscetíveis de liberdade provisória. (Vide Adin 3.112-
1)
Fundamentos:
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para
coibir a violência no âmbito de suas relações.
• Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher – “CONVENÇÃO DE
BELÉM DO PARÁ”
Sujeito Ativo: qualquer pessoa
Súm. 600 do STJ: para configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º da lei 11.340/2006, lei
Maria da Penha, não se exige a coabitação entre autor e vítima.
GARANTIAS DA MULHER: O juiz assegurará à mulher em situação de violência doméstica e familiar, para preservar
sua integridade física e psicológica:
I - acesso prioritário à remoção quando servidora pública, integrante da administração direta ou indireta;
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II - manutenção do vínculo trabalhista, quando necessário o afastamento do local de trabalho, por até seis
meses.
Prioridade para matricular seus dependentes em instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio,
ou transferi-los para essa instituição, mediante a apresentação dos documentos comprobatórios do registro
da ocorrência policial ou do processo de violência doméstica e familiar em curso; (Incluído pela Lei nº
13.882, de 2019)
Serão sigilosos os dados da ofendida e de seus dependentes matriculados ou transferidos e o acesso às
informações será reservado ao juiz, ao Ministério Público e aos órgãos competentes do poder
público. (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019)
ATENDIMENTO POLICIAL
III - proibição de aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo de distância
entre estes e o agressor;
III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e
alimentos;
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• Autoridade Policial encaminhará no prazo de 48 horas o pedido da ofendida de concessão de medida protetiva
de urgência;
• O Juiz terá 48 horas para decidir sobre o pedido da ofendida. Nesse prazo poderá determinar a apreensão
imediata da arma de fogo sob a posse do agressor; (Incluído pela Lei nº 13.882, de 2019)
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em situação de
violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou
local de convivência com a ofendida:
III - pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado disponível no momento da
denúncia.
§ 1º O Juiz será comunicado no prazo de 24 horas e decidirá no mesmo prazo sobre a manutenção ou revogação da
medida.
§ 2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva de urgência, não será
concedida liberdade provisória ao preso.
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas nesta Lei: (Incluído pela
Lei nº 13.641, de 2018)
VEDAÇÕES
Aos crimes praticados com violência doméstica e familiar contra a mulher, independentemente da pena
prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995.
É possível aplicar a Lei nº 9.099/95 ao crime de descumprimento de medida protetiva (art. 24-A), já que possui pena
máxima de até 2 anos?
É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica
ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de
multa.
É possível substituir a pena privativa de liberdade por pena restritiva de direito? Interpretação extensiva do STJ:
Entendimento do STF quanto à ação penal aplicada ao crime de lesão corporal leve contra mulher no âmbito
doméstico, familiar ou afetivo.
Retratação da representação:
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PROCESSO PENAL
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LEI DE DROGAS
Lei nº 11.343/06
NORMA PENAL EM BRANCO: norma que depende de complemento normativo para produzir seus efeitos.
Heterogênea: quando o complemento normativo está em uma norma infralegal (portaria, resolução...). Ex:
Lei de Drogas.
Homogênea: quando o complemento normativo é uma outra lei de mesma hierarquia. Pode ser homogênea
homovitelina, quando o complemento é uma outra lei de natureza penal, ex: conceito de casa para fins do crime de
violação de domicílio (art. 150, CP); ou pode ser homogênea heterovitelina, quando o complemento normativo
está em uma lei de mesma hierarquia, mas de natureza extrapenal, ex: crime de Induzimento a erro essencial e
ocultação de impedimento para contrair casamento (art. 236, CP), sendo que o conceito de erro essencial está
previsto no Código Civil.
Ao avesso/ao revés/invertida: ocorre quando apenas o preceito secundário do crime necessita de
complemento normativo, ex: crime de genocídio, previsto na Lei nº 2.889/56, que remete às penas previstas no
código penal.
Norma Penal em Branco de Dupla Face: quando tanto o preceito primário, quando o preceito secundário
necessitam de complemento normativo, ex: crime de uso de documento falso (art. 304, CP).
Norma Penal em Branco ao quadrado: ocorre quando o complemento normativo também depende de um
complemento normativo, ex: destruir floresta de preservação permanente (art. 38 da Lei nº 9.605/98), em que
o conceito de floresta está no Código Florestal (Lei nº 12.651/12), que por sua vez remete a portarias de órgãos de
proteção local para definir quando a floresta será considerada de conservação permanente.
Norma Penal em Branco de Fundo Constitucional: quando a norma é complementada pela Constituição
Federal, ex. crime de abandono intelectual, art. 246 do CP - conceito de “instrução primária” encontra-se no art. 208,
inc. I, da Constituição Federal; crime de homicídio funcional (art. 121, 2º, VII).
Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas.
• Para determinar se a droga se destinava a consumo pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da
substância apreendida, ao local e às condições em que se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e
pessoais, bem como à conduta e aos antecedentes do agente.
• Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas
destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou
psíquica.
Penas:
• As penas previstas nos incisos II e III serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 meses ou por até 10 meses, se
reincidente no mesmo crime.
• A prestação de serviços à comunidade será cumprida em programas comunitários, entidades educacionais ou
assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem,
preferencialmente, da prevenção do consumo ou da recuperação de usuários e dependentes de drogas.
Para garantia do cumprimento das medidas educativas previstas nos I, II e III, a que injustificadamente se recuse o
agente, poderá o juiz submetê-lo, sucessivamente a:
I - admoestação verbal;
II - multa.
Art. 30. Prescrevem em 2 anos a imposição e a execução das penas, observado, no tocante à interrupção do prazo,
o disposto nos arts. 107 e seguintes do CP.
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Questões Jurisprudenciais
Procedimento Policial:
• Lavrar-se-á TCO – Lei nº 9.099/90, não sendo possível a lavratura do auto de prisão em flagrante.
Atenção! Decisão recente do STF permite a lavratura do TCO para o crime de porte de drogas para consumo pelo
próprio órgão do Pode Judiciário.
TRÁFICO DE DROGAS
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito,
transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de
plantas que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância,
ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
IV - vende ou entrega drogas ou matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas, sem
autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial disfarçado, quando
presentes elementos probatórios razoáveis de conduta criminal preexistente.
Importação de pequena quantidade de semente de maconha configura tráfico? De acordo com o STJ,
sim. Entretanto, o STF entende ser fato atípico.
Para ter direito à atenuante em caso de crime de tráfico de drogas é necessário que o réu admita que
traficava, não podendo dizer que era mero usuário (Súm. 630 do STJ).
De acordo com o STJ ( Inf. 582), a presença de canabinoides na substância é suficiente para ser classificado
como maconha, ainda que não possua o THC.
Não há nulidade da busca e apreensão realizada por policiais, sem prévio mandado judicial, em apartamento
que não revela sinais de habitação, nem mesmo de forma transitória ou eventual, se a aparente ausência de
residentes no local se alia à fundadas suspeitas de que o imóvel é utilizado para a prática de crime de tráfico
de drogas (Inf. 678, STJ).
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
• ADI nº 4.274 – Marcha da Maconha: Liberdade de expressão X crime do art. 33, § 2º? De acordo com
o STF marcha da maconha não configura o crime em estudo, apenas a livre manifestação do pensamento.
• Não é considerado tráfico de drogas.
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§ 3º Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a
consumirem:
Pena - detenção, de 6 meses a 1 ano, e pagamento de 700 a 1.500 dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no
art. 28.
TRÁFICO PRIVILEGIADO
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1 o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois
terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons
antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.
• É crime hediondo? De acordo com o entendimento sedimento do STF e, agora, com previsão expressa a Lei
de Execuções Penais, não é considerado crime equiparado a hediondo.
• IP e ações penais em curso podem ser utilizados para afastar o benefício do tráfico privilegiado? Sim. Não
se utiliza o mesmo entendimento para a dosimetria da pena (Inf. 596, STJ). Para STF, não é possível (Decisão em
maio de 2020).
• A grande quantidade da droga, a depender do caso, pode ser utilizada para afastar o tráfico privilegiado?
Sim. De acordo com a 1ª Turma do STF (Inf. 844), sim, a quantidade de drogas apreendida pode afastar o privilégio
do tráfico de drogas. Entretanto, a 2º turma também do STF (Inf. 866) entende que a quantidade da droga
isoladamente não constitui fator idôneo para afastar o privilégio.
• O simples fato do agente transportar a droga (mula) não induz sua participação em Organização Criminosa
para afastar o privilégio. É necessário comprovar através de fatos concretos que a ”mula” integra a ORCIM.
• É cabível a aplicação da Lei nº 6.368/76 retroativa, desde que aplicada na sua integralidade e seja mais benéfica
ao réu, sendo vedada a combinação de leis (Sum. 501, STJ).
TRÁFICO DE MAQUINÁRIO
Art. 34. Fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender, distribuir, entregar a qualquer título, possuir, guardar
ou fornecer, ainda que gratuitamente, maquinário, aparelho, instrumento ou qualquer objeto destinado à fabricação,
preparação, produção ou transformação de drogas, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:
Art. 35. Associarem-se duas ou mais pessoas para o fim de praticar, reiteradamente ou não, qualquer dos crimes
previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei:
Parágrafo único. Nas mesmas penas do caput deste artigo incorre quem se associa para a prática reiterada do crime
definido no art. 36 desta Lei.
Art. 36. Financiar ou custear a prática de qualquer dos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei:
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• É Crime Equiparado a Hediondo? Prevalece que sim, tendo por base o princípio da proporcionalidade.
Art. 37. Colaborar, como informante, com grupo, organização ou associação destinados à prática de qualquer dos
crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 desta Lei:
Caso o agente atue somente como colaborador para o trafica não poderá responder conjuntamente com o
crime de associação para o tráfico (art. 35).
Art. 38. Prescrever ou ministrar, culposamente, drogas, sem que delas necessite o paciente, ou fazê-lo em doses
excessivas ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Parágrafo único. O juiz comunicará a condenação ao Conselho Federal da categoria profissional a que pertença o
agente.
Art. 39. Conduzir embarcação ou aeronave após o consumo de drogas, expondo a dano potencial a incolumidade de
outrem:
Pena - detenção, de 6 meses a 3 anos, além da apreensão do veículo, cassação da habilitação respectiva ou proibição
de obtê-la, pelo mesmo prazo da pena privativa de liberdade aplicada, e pagamento de 200 a 400 dias-multa.
Parágrafo único. As penas de prisão e multa, aplicadas cumulativamente com as demais, serão de 4 a 6 anos e de
400 a 600 dias-multa, se o veículo referido no caput deste artigo for de transporte coletivo de passageiros.
• Conduzir balão após consumo de droga incorre nesse crime? Não. Balão não é considerado aeronave,
tão pouco embarcação.
Súm. nº 607 do STJ: “A majorante do tráfico transnacional de drogas se configura com a prova da destinação
internacional das drogas, ainda que não consumada a transposição de fronteiras”.
II - o agente praticar o crime prevalecendo-se de função pública ou no desempenho de missão de educação, poder
familiar, guarda ou vigilância;
III - a infração tiver sido cometida nas dependências ou imediações de estabelecimentos prisionais, de ensino
ou hospitalares, de sedes de entidades estudantis, sociais, culturais, recreativas, esportivas, ou
beneficentes, de locais de trabalho coletivo, de recintos onde se realizem espetáculos ou diversões de qualquer
natureza, de serviços de tratamento de dependentes de drogas ou de reinserção social, de unidades
militares ou policiais ou em transportes públicos;
Para incidir essa majorante o agente deve praticar o tráfico de drogas nas imediações de
estabelecimentos prisionais, não importando se o destinatário é ou não um presidiário (Inf. 858, STF); Também
não é necessário que a droga ingresse no presídio para incidir essa causa de aumento de pena (659, STJ).
Locais de espetáculos, diversão e entidades estudantis: para aplicação da majorante é necessário
que o agente pratique o tráfico de drogas em dias que estejam em pleno funcionamento os locais de espetáculos,
de diversão ou proximidades de escola. Caso seja um dia de domingo, por exemplo, em que a escola esteja fechada
não incidirá a mojorante em comento (Inf. 622 STJ).
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IV - o crime tiver sido praticado com violência, grave ameaça, emprego de arma de fogo, ou qualquer processo de
intimidação difusa ou coletiva;
Súm. 587 do STJ: Para a incidência da majorante prevista no artigo 40, inciso V, da lei 11.343/06
é desnecessária a efetiva transposição de fronteiras entre Estados da Federação, sendo suficiente a demonstração
inequívoca da intenção de realizar o tráfico interestadual.
Somente incidirá essa majorante se ficar demonstrado que o agente pretendia pulverizar a droga
em mais de um estado da federação. Não incidindo quando há apenas a passagem por mais de um estado (Inf.
856, STJ).
VI - sua prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente ou a quem tenha, por qualquer motivo, diminuída
ou suprimida a capacidade de entendimento e determinação;
É possível se utilizar a participação do menor para configurar o crime de associação para o tráfico
(art. 35) e ao mesmo tempo aplicar essa causa de aumento de pena (Inf. 576, STJ).
Corrupção de Menores (Art. 244-B do ECA) X Causa de aumento de Pena: a questão deve ser
resolvida pelo princípio da especialidade. Assim, se forem praticados os crimes dos artigos 33 a 37 da Lei de Drogas,
conjuntamente com menor, incidirá apenas a majorante do art. 40, VI, da Lei 11.343/2006. Nos demais delitos, o
agente responderá também pelo art. 244-B do ECA (Inf. 595 do STJ).
COLABORAÇÃO PREMIADA
Art. 41. O indiciado ou acusado que colaborar voluntariamente com a investigação policial e o processo criminal na
identificação dos demais coautores ou partícipes do crime e na recuperação total ou parcial do produto do
crime, no caso de condenação, terá pena reduzida de um terço a dois terços.
INSUSCETIBILIDADES
Art. 44. Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º, e 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e insuscetíveis de sursis,
graça, indulto, anistia e liberdade provisória, vedada a conversão de suas penas em restritivas de direitos.
INIMPUTABILIDADE
Art. 45. É isento de pena o agente que, em razão da dependência, ou sob o efeito, proveniente de caso fortuito
ou força maior, de droga, era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada,
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
SEMI-IMPUTABILIDADE
Art. 46. As penas podem ser reduzidas de um terço a dois terços se, por força das circunstâncias previstas no art. 45
desta Lei, o agente não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
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I- Laudo Provisório: art. 50, § 1º Para efeito da lavratura do auto de prisão em flagrante e estabelecimento
da materialidade do delito, é suficiente o laudo de constatação da natureza e quantidade da droga, firmado por
perito oficial ou, na falta deste, por pessoa idônea;
II- Laudo Definitivo: realizado por perito oficial, através de técnicas cientificamente comprovadas em que
indicará a substância presente no entorpecente periciado;
1- Apreensão com prisão em flagrante: Art. 50, § 3º Recebida cópia do auto de prisão em flagrante, o juiz, no
prazo de 10 dias, certificará a regularidade formal do laudo de constatação e determinará a destruição das drogas
apreendidas, guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo.
§ 4º A destruição das drogas será executada pelo delegado de polícia competente no prazo de 15 dias na presença
do Ministério Público e da autoridade sanitária.
2 – Apreensão sem prisão em flagrante: Art. 50-A. A destruição das drogas apreendidas sem a ocorrência de
prisão em flagrante será feita por incineração, no prazo máximo de 30 dias contados da data da apreensão,
guardando-se amostra necessária à realização do laudo definitivo.
3 – Destruição de Plantação: Art. 32. As plantações ilícitas serão imediatamente destruídas pelo delegado de
polícia na forma do art. 50-A, que recolherá quantidade suficiente para exame pericial, de tudo lavrando auto de
levantamento das condições encontradas, com a delimitação do local, asseguradas as medidas necessárias para a
preservação da prova.
Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 dias, quando
solto.
Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados pelo juiz, ouvido o Ministério Público,
mediante pedido justificado da autoridade de polícia judiciária.
I- Infiltração de Agentes:
DA INSTRUÇÃO CRIMINAL
Art. 54. O Ministério Público, ao receber o IP, terá o prazo de 10 dias para as seguintes providências: requerer o
arquivamento; requisitar as diligências que entender necessárias; ou oferecer denúncia, arrolar até 5 (cinco)
testemunhas e requerer as demais provas que entender pertinentes.
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Art. 55. Oferecida a denúncia, o juiz ordenará a notificação do acusado para oferecer defesa prévia, por escrito, no
prazo de 10 dias.
A defesa prévia tem como objetivo formar a opinião do juiz com relação ao recebimento ou não da
denúncia. O réu poderá arguir preliminares e invocar todas as razões de defesa, oferecer documentos e justificações,
especificar as provas que pretende produzir e, até o número de 5, arrolar testemunhas.
Se a resposta não for apresentada no prazo, o juiz nomeará defensor para oferecê-la em 10 dias, concedendo-
lhe vista dos autos no ato de nomeação.
Inobservância de notificação para apresentação da defesa prévia antes do recebimento da denúncia gera
nulidade relativa, isto é, só anulará o processo se comprovado prejuízo ao réu (STJ).
Art. 56, § 1º. Tratando-se de condutas tipificadas como infração do disposto nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37
desta Lei, o juiz, ao receber a denúncia, poderá decretar o afastamento cautelar do denunciado de suas
atividades, se for funcionário público, comunicando ao órgão respectivo.
Art. 57. Alegações finais (orais) de 20min para cada réu, prorrogável por mais 10 min;
Art. 59. Nos crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1º , e 34 a 37 desta Lei, o réu não poderá apelar sem recolher-
se à prisão, salvo se for primário e de bons antecedentes, assim reconhecido na sentença condenatória.
Atenção! De Acordo com o STF o art. 59 deve ser interpretado de acordo com os princípios do contraditório, da
ampla defesa e da presunção de inocência, sendo permitido oferece recurso de apelação mesmo sem estar
recolhido à prisão.
Art. 60. O juiz, a requerimento do Ministério Público ou do assistente de acusação, ou mediante representação da
autoridade de polícia judiciária, poderá decretar, no curso do inquérito ou da ação penal, a apreensão e outras
medidas assecuratórias nos casos em que haja suspeita de que os bens, direitos ou valores sejam produto do
crime ou constituam proveito dos crimes previstos nesta Lei, procedendo-se na forma dos arts. 125 e seguintes do
CPP.
Na hipótese do art. 366 do CPP, o juiz poderá determinar a prática de atos necessários à conservação dos bens,
direitos ou valores, isto é, quando o agente for citado por edital não comparecer, nem constituir advogado o juiz, além
de poder determinar a produção de provas consideradas urgentes e decretar a prisão preventiva, também poderá
determinar medidas cautelares patrimoniais com o objetivo de preservar os bens, direitos e valores frutos do
tráfico de drogas para suportarem os efeitos da condenação (art. 60, §3º).
É possível o confisco de todo e qualquer bem apreendido em decorrência do tráfico de drogas, não
necessitando comprovar habitualidade ou reiteração do uso do bem para essa finalidade (Inf. 865, STF).
Art. 63-F. Na hipótese de condenação por infrações às quais esta Lei comine pena máxima superior a 6 anos de
reclusão, poderá ser decretada a perda, como produto ou proveito do crime, dos bens correspondentes à diferença
entre o valor do patrimônio do condenado e aquele compatível com o seu rendimento lícito.
CRIMES DE RACISMO
Lei nº 7.716/89
FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO:
Raça;
Cor;
Etnia;
Religião;
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Procedência Nacional; e
Orientação sexual (STF).
RACISMO X INJÚRIA RACIAL
Enquanto o crime de racismo atinge uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade
de uma raça, a injúria racial consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor,
etnia, religião ou origem.
Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou
Indireta, bem como das concessionárias de serviços públicos;
obstar a promoção funcional;
Negar ou obstar emprego em empresa privada;
deixar de conceder os equipamentos necessários ao empregado em igualdade de condições com os demais
trabalhadores;
impedir a ascensão funcional do empregado ou obstar outra forma de benefício profissional;
proporcionar ao empregado tratamento diferenciado no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao
salário
exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia para emprego cujas atividades não justifiquem essas
exigências;
Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou
comprador;
Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público ou privado
de qualquer grau;
Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar,
atendimento em restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público, estabelecimentos
esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais abertos ao público, atendimento em salões de cabeleireiros,
barbearias, termas ou casas de massagem ou estabelecimento com as mesmas finalidades;
Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso
aos mesmos, uso de transportes públicos, como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô ou
qualquer outro meio de transporte concedido, acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo das Forças
Armadas;
Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência familiar e social;
Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional;
Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda
que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo.
MEDIDAS CAUTELARES
EFEITOS DA CONDENAÇÃO
LAGAVEM DE CAPITAIS
LEI 9.613/98
1- CONCEITO: é o ato praticado por determinado agente com o objetivo de conferir aparência lícitas a bens,
direitos ou valores provenientes de uma infração penal.
2- CONDUTAS:
(art. 1º “caput”) Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou
propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal.
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Atenção! A conduta praticada na modalidade ocultar tem natureza de crime permanente, assim o prazo prescricional
somente se iniciará quando as autoridades tomarem conhecimento da conduta do agente. (inf. 866 do STF).
(§ 1º) Para ocultar ou dissimular adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em
depósito, movimenta ou transfere, converte em ativos lícitos, importa ou exporta bens com valores não
correspondentes aos verdadeiros;
(§ 2º) utiliza, na atividade econômica ou financeira bens, direitos ou valores provenientes, direta ou
indiretamente, de infração penal; participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade
principal ou secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei.
Obs.: De acordo com o STF (Inf. 955), não configura lavagem de dinheiro a conduta do agente que esconde as notas
de dinheiro recebido como pagamento de propina no bolso do paletó, na cintura ou nas meias. Também não configura
lavagem o simples fato de receber propina em espécie por interposta pessoa (Inf. 904, STF). Entretanto, o
recebimento de propina através de depósito bancário fracionado pode configurar lavagem de dinheiro (Inf. 904,
STF).
Não há a aplicação do princípio da consunção entre a corrupção passiva e o crime de lavagem de capitais
quando a propina é recebida no exterior por meio de transação que envolve offshore no qual resta evidente a intenção
de ocultar os valores (Inf. 937 do STF).
É possível a configuração do crime de Lavagem de Capitais quando a infração antecedente é de sonegação
fiscal, prevista na Lei nº 8.137/90, desde que haja a constituição definitiva do crédito tributário.
Há forte divergência doutrinária acerca da natureza jurídica do crime de lavagem de dinheiro. Primeira corrente
entender possuir a mesma natureza jurídica da infração penal antecedente; a segunda de crime contra o sistema
financeiro; a terceira de crime contra a administração pública; e por fim, a corrente que defende que o crime de
lavagem possui a natureza jurídica de crime contra a ordem econômico-tributária.
Há uma prevalência para essa última corrente. Sendo assim, como o princípio da insignificância é aplicado aos
crimes tributários, também é possível sua aplicação aos crimes de lavagem de capitais.
4- PUNIÇÃO DA TENTATIVA: a tentativa é punida de acordo com art. 14 do Código Penal (art. 1º, § 3º).
5- CAUSA DE AUMENTO DE PENA: a pena será aumentada de um a dois terços, se a lavagem for cometida de
forma reiterada ou por intermédio de organização criminosa (art. 1º, § 4º).
6- COLABORAÇÃO PREMIADA
I- Objetivos: esclarecimentos que conduzam à apuração das infrações penais, à identificação dos autores,
coautores e partícipes, ou à localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime.
II- Benefícios: redução da pena de 1 a 2/3, cumprimento da pena em regime aberto ou semiaberto, substituição
da pena privativa de liberdade por restritiva de direito e deixar de aplicar a pena.
Atenção! A colaboração tem que ser espontânea, não basta ser voluntária. Isso quer dizer que a iniciativa da
colaboração deve partir do próprio colaborador, sem a interferência de terceiros.
7- CRIME ACESSÓRIO: é necessário haver uma infração penal antecedente. Só haverá crime de lavagem de
capitais se houver a prática de uma infração penal anterior que justifique as condutas da lavagem.
2ª) Geração: geração que o Brasil passou a fazer parte, quando da aprovação da Lei em estudo, que previa em seu
artigo primeiro um rol de crimes que poderia ser considerado infração antecedente para a prática da Lavagem de
dinheiro.
3ª) Geração: qualquer infração penal: geração atual, em que qualquer infração penal pode servir para a prática
da Lavagem, inclusive contravenção penal.
9- PUNIÇÃO DA INFRAÇÃO ANTECEDENTE: o agente que pratica lavagem de dinheiro, responderá pelo crime
mesmo que isento de pena ou extinta a punibilidade do autor da infração penal antecedente ou até mesmo
desconhecido ou se praticada em outro país (art. 2º, II e § 1º).
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Atenção!!! O autor da lavagem de capitais não será punido quando houver ocorrido a abolitio criminis da infração
antecedente ou o autor da infração penal antecedente for anistiado. Essas duas causas possuem a natureza jurídica
de extinção da punibilidade, configurando exceções às regras do art. 2º, II.
10- AUTOLAVAGEM: ocorre quando o próprio autor da infração penal antecedente pratica a lavagem de dinheiro.
Apesar da divergência doutrinária, o entendimento do STF é no sentido de ser possível a punição pela autolavagem.
11- COMPETÊNCIA (art. 2º, III): em regra, a competência para julgamento do crime de lavagem de capitais
será da Justiça Estadual. Será de competência da Justiça Federal:
a) quando praticados contra o sistema financeiro e a ordem econômico-financeira, ou em detrimento de bens,
serviços ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas ou empresas públicas;
b) quando a infração penal antecedente for de competência da Justiça Federal.
Obs.: Conforme art. 109, IV e VI da CF/88, os crimes praticados contra o sistema financeiro e contra a ordem
econômico-financeira, ou em detrimento de bens, serviços ou interesses da União, ou de suas entidades autárquicas
ou empresas públicas são de competência da Justiça Federal, ressalvadas as contravenções. Desta forma, é possível
seguir exclusivamente a regra da alínea “b” que engloba a alínea “a”, isto é, o crime de lavagem de dinheiro será
de competência da justiça federal sempre que a infração penal antecedente for de competência da Justiça
federal, ressalvadas as contravenções.
12- JUSTA CAUSA DUPLICADA: Consiste na necessidade de se provar não só a justa causa (fumus commissi
delicti) da lavagem de capitais, mas também a justa causa da infração antecedente, quando do oferecimento da
peça acusatória (denúncia). Para a Lavagem de Capitais, o Ministério Público deve provar não só os indícios do crime
de lavagem, mas também que há indícios suficientes da existência da infração penal antecedente (Art. 2º, §
1º).
Obs.: De acordo com o STF (inf. 657), não é necessário que o Ministério Público faça uma descrição exaustiva e
pormenorizada da infração penal antecedente, bastando apenas apontar a existência de indícios suficientes da
infração antecedente e que os bens, direitos ou valores ocultados ou dissimulados sejam provenientes dessa infração.
13- CITAÇÃO POR EDITAL: Conforme art. 366 do CPP, o indivíduo que for citado por edital não comparecer,
nem constituir advogado, ficarão suspensos o curso do processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz
determinar a produção de provas consideradas urgentes e decretar a prisão preventiva, se estiverem presentes os
requisitos para tal.
Entretanto, no processo por crime de lavagem de capitais não se aplica o disposto no art. 366 do CPP, devendo o
acusado que não comparecer nem constituir advogado ser citado por edital, prosseguindo o feito até o julgamento,
com a nomeação de defensor dativo (art. 2º, § 2º), isto é, não haverá suspensão do processo, nem do prazo
prescricional.
14- MEIOS DE OBTENÇÃO DE PROVA: a lei de lavagem de capitais prevê expressamente alguns meios de
obtenção de provas:
I- Ação controlada: o art. 4º-B prevê espécie de ação controlada em que a ordem de prisão ou de medida
assecuratória poderá ser suspensa pelo juiz quando a execução puder comprometer as investigações. O Pacote
Anticrimes incluiu, recentemente, nova modalidade de ação controlada no art. 1º, § 6º, sem, contudo, especificar a
quem se destina sua atuação. Prevalece o entendimento de que a essa nova possibilidade de ação controlada deve
utilizar por analogia o regramento da Lei nº 12.850/13 (Lei de Organização Criminosa). Desta forma, a Lei de
Lavagem, atualmente, possui duas modalidades de ação controlada: i) suspensão de prisão ou de execução de medida
assecuratória, mediante autorização judicial; e ii) ação controlada destinada a postergação de prisão em flagrante,
com apenas comunicação ao juiz.
II- Infiltração de Agentes: o Pacote Anticrimes também incluiu no art. 1º, § 6º a possibilidade de se utilizar
da infiltração de agentes como meio de obtenção de provas do crime de lavagem de capitais. Assim como ocorreu com
a ação controlada, também não há regulamentação desse meio de obtenção de prova na Lei de Lavagem, prevalecendo
o entendimento de se utilizar do regramento constante na Lei de Organização Criminosa.
III- Acesso a Dados Cadastrais do Investigado (art. 17-B): a autoridade policial e o Ministério Público terão
acesso, exclusivamente, aos dados cadastrais do investigado que informam qualificação pessoal, filiação e endereço,
independentemente de autorização judicial, mantidos pela Justiça Eleitoral, pelas empresas telefônicas, pelas
instituições financeiras, pelos provedores de internet e pelas administradoras de cartão de crédito.
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Para execução da medida assecuratória quando do pedido de Governo estrangeiro, impõe-se carta rogatória, a
ser cumprida pela Justiça Federal do local do bem, após concessão do exequatur pelo STJ.
16- MEDIDAS ASSECURATÓRIAS: art. 4º. O juiz, de ofício, a requerimento do Ministério Público ou mediante
representação do delegado de polícia, ouvido o Ministério Público em 24 horas, havendo indícios suficientes de
infração penal, poderá decretar medidas assecuratórias de bens, direitos ou valores do investigado ou acusado, ou
existentes em nome de interpostas pessoas, que sejam instrumento, produto ou proveito dos crimes previstos
nesta Lei ou das infrações penais antecedentes.
A) Sequestro: dos bens móveis ou imóveis que sejam proveitos da infração antecedente ou da lavagem de
capitais;
B) Arresto: bens móveis e imóveis com a finalidade de reparar o dano causado pelo delito;
C) Hipoteca legal: bens imóveis, com objetivo de assegurar a reparação do dano causado pelo delito;
D) Alienação antecipada: proceder-se-á à alienação antecipada para preservação do valor dos bens sempre
que estiverem sujeitos a qualquer grau de deterioração ou depreciação, ou quando houver dificuldade para sua
manutenção (§ 1º).
Obs.: Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de remuneração e demais
direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão fundamentada, o seu retorno (Art. 17-D).
Atenção!! Esse afastamento não é automático com o indiciamento, é necessária decisão judicial específica.
20- TORRES DE VIGIA: consiste nas pessoas jurídicas, públicas ou privadas, que possuem a incumbência legal
de informar às autoridades competentes qualquer movimentação financeira em que houver suspeita quanto a sua
ilicitude, a exemplo do COAF, Comissão mobiliárias de Valores (CVM) e Entidades Financeiras.
21- LAVAGEM EM CADEIA: ocorre quando a lavagem é utilizada para a prática de outro crime. Ex: infração
penal – lavagem – criação de PJ para cometer crimes ambientais.
Leis anteriores que regulamentaram a Organização Criminosa: Leis nº 9.034/95, Convenção de Palermo e 12.694/12
1- CONCEITO DE ORCRIM
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Art. 1º, § 1º: Considera-se organização criminosa a associação de 4 ou mais pessoas estruturalmente ordenada e
caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente,
vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam
superiores a 4 anos, ou que sejam de caráter transnacional.
Organização Criminosa é associação de 4 ou mais pessoas. Não confundir com demais crimes que envolvem
associação de pessoas: associação criminosa do art. 288, CP (3 ou mais pessoas); associação para o tráfico,
previsto no art. 35, Lei nº 11.343/06 (2 ou mais pessoas); associação para a prática de Genocídio, previsto
no art. 2º da Lei nº 2.889/56 (3 ou mais pessoas); e constituição de milícia privada, art. 288-A do CP (3 ou
mais pessoas).
É possível contar com menor de 18 anos para atingir 4 pessoas, mas não com o agente infiltrado;
Comprovação da hierarquia e divisão de tarefas. Enquadramento em tipos penais diferentes não é suficiente
para configurar divisão de tarefas. É necessário o animus associativo e de colaboração para o mesmo fim;
Prevalece ter como objetivo vantagem de qualquer natureza, inclusive sexual (ex. ORCRIM de pedofilia);
Infrações penais com pena máxima superior a 4 anos: engloba tanto crime como contravenção penal; ou de
caráter transnacional (quando as condutas são realizadas no estrangeiro com resultado no Brasil ou quando os
atos são praticados no Brasil para que o resultado ocorra no estrangeiro).
2- CRIME DE ORCRIM
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por interposta pessoa, organização criminosa:
Pena - reclusão, de 3 a 8 anos, e multa, sem prejuízo das penas correspondentes às demais infrações penais praticadas.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal que
envolva organização criminosa.
Aqui o agente não integra a ORCRIM, mas colabora de alguma forma para sua impunidade.
§ 8º As lideranças de organizações criminosas armadas ou que tenham armas à disposição deverão iniciar o
cumprimento da pena em estabelecimentos penais de segurança máxima.
§ 9º O condenado expressamente em sentença por integrar organização criminosa ou por crime praticado por meio
de organização criminosa não poderá progredir de regime de cumprimento de pena ou obter livramento
condicional ou outros benefícios prisionais se houver elementos probatórios que indiquem a manutenção do
vínculo associativo.
4- AGRAVANTE DA PENA
Art. 2º, § 3º. A pena é agravada para quem exerce o comando, individual ou coletivo, da organização criminosa,
ainda que não pratique pessoalmente atos de execução.
Art. 2º, § 5º. Se houver participação de funcionário público, ele poderá ser afastado do cargo durante as
investigações ou processo, sem prejuízo da remuneração. Se for policial, a corregedoria instaurará IP e comunicará
ao MP (§ 7º).
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Art. 2º, § 6º. A condenação com trânsito em julgado acarretará ao funcionário público a perda do cargo, função,
emprego ou mandato eletivo e a interdição para o exercício de função ou cargo público pelo prazo de 8 anos
subsequentes ao cumprimento da pena.
Atenção! Não confundir com o prazo de interdição de exercer cargo ou função previsto na lei de tortura e de
lavagem de capitais, que esse prazo será do dobro da pena aplicada.
A perda do cargo é automática, assim como ocorre com o condenado por crime de tortura. Isso significa que na
sentença condenatória não precisa constar de fundamentação nesse sentido. Também prescinde de requerimento
expresso na inicial acusatória. Entretanto, a perda do cargo só se efetiva com o trânsito em julgado da sentença
condenatória.
Art. 3º. Em qualquer fase da persecução penal, serão permitidos, sem prejuízo de outros já previstos em lei, os
seguintes meios de obtenção da prova:
I - colaboração premiada;
II - captação ambiental de sinais eletromagnéticos, ópticos ou acústicos;
III - ação controlada;
IV - acesso a registros de ligações telefônicas e telemáticas, a dados cadastrais constantes de bancos de dados públicos
ou privados e a informações eleitorais ou comerciais;
V - interceptação de comunicações telefônicas e telemáticas, nos termos da legislação específica;
VI - afastamento dos sigilos financeiro, bancário e fiscal, nos termos da legislação específica;
VII - infiltração, por policiais, em atividade de investigação, na forma do art. 11;
VIII - cooperação entre instituições e órgãos federais, distritais, estaduais e municipais na busca de provas e
informações de interesse da investigação ou da instrução criminal.
6- COLABORAÇÃO PREMIADA
A) Conceito: técnica especial de investigação por meio da qual o coautor/partícipe da infração penal, além de
confessar seu envolvimento no fato delituoso, fornece aos órgãos responsáveis pela persecução penal informações
objetivamente eficazes para a consecução de um dos objetivos previsto em lei, recebendo, em contrapartida,
determinado prêmio legal.
Art. 3º-A. O acordo de colaboração premiada é negócio jurídico processual e meio de obtenção de prova, que
pressupõe utilidade e interesse públicos.
Diverge tanto a doutrina, quanto a jurisprudência se a colaboração premiada é ou não um direito subjetivo do
investigado/réu.
B) Personagens:
Art. 4º, § 6º. O juiz não participará das negociações realizadas entre as partes para a formalização do acordo de
colaboração, que ocorrerá entre o delegado de polícia, o investigado e o defensor, com a manifestação do
Ministério Público, ou, conforme o caso, entre o Ministério Público e o investigado ou acusado e seu defensor.
Há 3 correntes quanto a possibilidade do Delegado de Polícia celebrar acordo de colaboração premiada: 1ªC) não
pode; 2ºC) pode, mas a opinião do MP vincula a decisão do Delegado; e 3ªC) pode e a opinião do MP é meramente
opinativa (esta é a que prevalece no STF).
Art. 3º-C. A proposta de colaboração premiada deve estar instruída com procuração do interessado com poderes
específicos para iniciar o procedimento de colaboração e suas tratativas, ou firmada pessoalmente pela parte que
pretende a colaboração e seu advogado ou defensor público.
§ 1º Nenhuma tratativa sobre colaboração premiada deve ser realizada sem a presença de advogado constituído ou
defensor público.
§ 3º No acordo de colaboração premiada, o colaborador deve narrar todos os fatos ilícitos para os quais concorreu
e que tenham relação direta com os fatos investigados.
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§ 4º Incumbe à defesa instruir a proposta de colaboração e os anexos com os fatos adequadamente descritos, com
todas as suas circunstâncias, indicando as provas e os elementos de corroboração.
Atenção! O advogado não terá acesso às diligências em andamento nem mesmo através de autorização judicial.
D) Desistência do acordo.
Art. 3º-B, § 6º: Na hipótese de não ser celebrado o acordo por iniciativa do celebrante, este não poderá se
valer de nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo colaborador de boa-fé, ou para qualquer
outra finalidade.
Antes da condenação:
I- Redução em até 2/3 da pena;
II- Perdão Judicial;
Art. 3º, § 2º. Considerando a relevância da colaboração prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o
delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, com a manifestação do Ministério Público, poderão requerer ou
representar ao juiz pela concessão de perdão judicial ao colaborador, ainda que esse benefício não tenha
sido previsto na proposta inicial, aplicando-se, no que couber, o art. 28 do CPP.
Art. 3º, § 4º. Ministério Público poderá deixar de oferecer denúncia se a proposta de acordo de colaboração referir-
se a infração de cuja existência não tenha prévio conhecimento e o colaborador: não seja o líder da
organização criminosa; e seja o primeiro a prestar efetiva colaboração.
Nas palavras do Professor Luiz Flávio Gomes, esse benefício se chama de ponte de prata qualificada ou ponte
de diamante.
Art. 3º, § 4º-A. Considera-se existente o conhecimento prévio da infração quando o Ministério Público ou a
autoridade policial competente tenha instaurado inquérito ou procedimento investigatório para apuração dos
fatos apresentados pelo colaborador.
§ 3º O prazo para oferecimento de denúncia ou o processo, relativos ao colaborador, poderá ser suspenso por
até 6 meses, prorrogáveis por igual período, até que sejam cumpridas as medidas de colaboração,
suspendendo-se o respectivo prazo prescricional.
Após a Condenação:
I- Substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos;
II- Redução da pena até a metade;
III- Progressão de regime sem cumprir o requisito objetivo.
Atenção!! Conforme nova redação do art. 4º, § 7º, o benefício da progressão de regime engloba apenas os requisitos
objetivos para (cumprimento de percentual da pena), mas os requisitos subjetivos (bom comportamento
carcerário) devem ser observados para a concessão da progressão de regime.
A doutrina diverge quanto à possiblidade da concessão de benefícios não previstos nesta Lei. Entretanto, o
STF entender ser possível a aplicação de outros benefícios, desde que sejam mais benéficos ao colaborador,
inclusive foi o entendimento aplicado na Operação Lava-jato, quando se permitiu a prisão domiciliar a certos
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investigados; permissão para que familiares fizessem uso de bens produtos do crime; liberação de imóveis
de interesse do colaborador, supostamente produto de crime.
G) Procedimento
Será escrito e sempre que possível a Colaboração será gravada, presença obrigatória do advogado do
colaborador.
Art. 4º, § 14. Nos depoimentos que prestar, o colaborador renunciará, na presença de seu defensor, ao direito ao
silêncio e estará sujeito ao compromisso legal de dizer a verdade.
Em seguida será encaminhada ao Juiz o termo, as declarações do colaborador e cópia da investigação para
Homologação, devendo o juiz ouvir sigilosamente o colaborador, acompanhado de seu advogado, e verificar o
preenchimento dos requisitos (RELEVOA):
I- Regularidade
II- Legalidade
III- Voluntariedade
IV- Adequação do resultado da colaboração e dos benefícios concedidos.
Atenção! Verificada falta de adequação do acordo entre os benefícios concedidos e a efetiva colaboração, o juiz não
homologará e devolverá para as partes fazerem a adequação. Jamais o próprio juiz fará a adequação, tendo em
vista o sistema acusatório e o princípio da imparcialidade do órgão julgador.
Obs.: São nulas de pleno direito as previsões de renúncia ao direito de impugnar a decisão homologatória (art. 4º, §
7º-B).
A lei 12.850/13 é silente quanto ao recurso cabível contra decisão de não homologação do acordo de colaboração
premiada. A doutrina defende o cabimento do Recurso em Sentido Estrito, tendo por base o art. 581, I ou XXV
(acordo de não persecução penal) do CPP.
Quando a proposta do acordo não atender aos requisitos legais, o juiz devolverá o acordo às partes para as
adequações necessárias (art. 4º, § 8º).
Art. 7º O pedido de homologação do acordo será sigilosamente distribuído, contendo apenas informações que
não possam identificar o colaborador e o seu objeto.
Somente depois de homologado o acordo de colaboração é que o celebrante poderá ouvir/interrogar o
colaborador (art. 4º, § 9º).
Atenção! Não confundir com a desistência do acordo realizada por iniciativa do celebrante. Nesse caso, não poderá
se valer de nenhuma das informações ou provas apresentadas pelo colaborador. Também não confundir com
rescisão, que ocorre quando o colaborador pratica omissão dolosa sobre os fatos objetos do acordo ou continua a
praticar conduta ilícita relacionada ao objeto da colabora, situações que não impedem de as provas serem utilizadas
em desfavor do colaborador. Já em caso de retratação, ocorre uma desistência do acordo por iniciativa do colaborador
ou do celebrante, situação em que as provas não poderão ser utilizadas exclusivamente em desfavor do
colaborador.
A retratação do acordo só pode ocorrer até a homologação realizada pelo juiz, enquanto o acordo ainda é uma
proposta.
J) Nenhuma das seguintes medidas será decretada ou proferida com fundamento apenas nas
declarações do colaborador:
I - medidas cautelares reais ou pessoais;
II - recebimento de denúncia ou queixa-crime;
III - sentença condenatória.
Atenção! Essas vedações são relacionadas quando há apenas declaração do colaborador e não da colaboração em
si, que envolve além das declarações, documentos, objetos e elementos que levam à produção de provas. Dessa
forma, não haverá essas restrições quando as declarações são acompanhadas de provas ou elementos que
comprovem as declarações (regra da corroboração), caso em que poderá fundamentar uma sentença
condenatória, recebimento de denúncia ou decretação de medida cautelar.
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De acordo com o STF, também não se pode utilizar da corroboração cruzada ou recíproca, isto é, quando a
confirmação de uma declaração tem por base a declaração de um outro colaborador.
Nada impede que as declarações, de forma isolada, fundamentem sentença absolutória, rejeição da inicial ou
revogação de medida cautela.
Também não qualquer restrição quanto à instauração de Inquérito Policial tendo por base apenas as
declarações do colaborador.
VALOR PROBATÓRIO DA COLABORAÇÃO: DECLARAÇÕES DO COLABORADOR DEVEM SER CORROBORADAS COM OUTRAS PROVAS
Segundo o § 16 do art. 4º da Lei, nenhuma sentença condenatória será proferida com fundamento apenas nas
declarações de agente colaborador.
Assim, as declarações do colaborador deverão ser corroboradas por outros elementos de prova.
Em verdade, mesmo que não houvesse tal previsão, é certo que, para a jurisprudência, a simples delação do corréu
não é suficiente para uma condenação.
"Daí a importância daquilo que a doutrina chama de regra da corroboração, ou seja, que o colaborador traga elementos
de informação e de prova capazes de confirmar suas declarações (v.g., indicação do produto do crime, de contas
bancárias, localização do produto direto ou indireto da infração penal, auxílio para identificação de números de telefone
a serem grampeados ou na realização de interceptação ambiental etc.)." (LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação
criminal especial comentada. Salvador: Juspodivm, 2015, p. 545).
Art. 18. Revelar a identidade, fotografar ou filmar o colaborador, sem sua prévia autorização por escrito:
Pena - reclusão, de 1 a 3 anos, e multa.
Art. 19. Imputar falsamente, sob pretexto de colaboração com a Justiça, a prática de infração penal a pessoa que
sabe ser inocente, ou revelar informações sobre a estrutura de organização criminosa que sabe inverídicas:
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa
Há duas posições quanto a essa possibilidade: a primeira entende que não seria possível tendo em vista que retira um
dos requisitos legais para a celebração do acordo, a voluntariedade; já a segunda defender ser possível o
investigado/réu preso celebrar acordo de colaboração premiada por não haver vedação legal, entretanto, alerta
para a impossibilidade de se decretar prisão preventiva ou temporária com o intuito de pressionar investigado/réu
a celebrar o acordo.
O ato homologatório de delação premiada é simples fator de eficácia do acordo, limitando-se à pronúncia sobre sua
regularidade, legalidade e voluntariedade.
A homologação não representa juízo de valor sobre as declarações eventualmente já prestadas pelo colaborador à
autoridade judicial ou ao Ministério Público.
Homologar o acordo não significa dizer que o juiz admitiu como verídicas ou idôneas as informações prestadas pelo
colaborador.
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O STF entendeu que o acordo não pode ser impugnado por terceiro, mesmo que seja uma pessoa citada na delação.
Assim, eventual coautor ou partícipe dos crimes praticados pelo colaborador não pode impugnar o acordo de
colaboração. Isso porque o acordo é personalíssimo e, por si só, não vincula o delatado nem afeta diretamente sua
situação jurídica. O que poderá atingir eventual corréu delatado são as imputações posteriores, constantes do
depoimento do colaborador.
Negar ao delatado a possibilidade de impugnar acordo de colaboração premiada assinado por outro acusado não
significa negar-lhe direito ao contraditório, pois a lei estabelece que nenhuma sentença condenatória será proferida
com fundamento apenas nas declarações de agente colaborador.
O que deve ser assegurado ao delatado é o direito de defesa e de contraditar as informações do acordo, inclusive com
a possibilidade de efetuar perguntas ao colaborador.
Conceito: (Art. 8º) consiste em retardar a intervenção policial ou administrativa relativa à ação praticada
por organização criminosa ou a ela vinculada, desde que mantida sob observação e acompanhamento para que
a medida legal se concretize no momento mais eficaz à formação de provas e obtenção de informações.
Comunicação ao Juiz: não se exige autorização judicial para realização da ação controlada no âmbito da Lei de
Organização Criminosa, apenas comunicação ao juiz que poderá estabelecer limites.
Atenção! A Lei de Drogas exige prévia autorização judicial. A Lei de Lavagem de Capitais possui duas espécies
de ação controlada: uma destinada a atuação judicial (exige autorização judicial); e outra destinada a atuação
investigativa. Nesta última, a Lei de Lavagem foi omissa quanto à necessidade de autorização judicial, assim, prevalece
o entendimento de utilizar por analogia o regramento da Lei de ORCRIM, isto é, exige apenas comunicação ao juiz.
Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a ação controlada e a infiltração de
agentes:
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
8- INFILTRAÇÃO DE AGENTES
Conceito: consiste em um meio de obtenção de prova em que um Agente de Polícia (Civil ou Federal) é introduzido
dissimuladamente em uma ORCRIM, passando a agir como um de seus integrantes, ocultando sua verdadeira
identidade, com objetivo de identificar fontes de prova e informações capazes de permitir a desarticulação da ORCRIM.
Obs.: Também há previsão da infiltração de agentes na Lei de Drogas (art. 53, I), no Estatuto da Criança e do
adolescente (art. 190-A a 190-E) e na Lei de Lavagem de Capitais (art. 1º, § 6º).
Atenção! Não confundir com agente disfarçado, previsto no Estatuto do Desarmamento e na Lei de Drogas.
Enquanto o agente infiltrado se infiltra dentro de uma Organização Criminosa, passando a atuar como se um criminoso
fosse, o agente disfarçado apenas oculta sua identidade policial, passando a agir como um cidadão comum e, assim,
colher informações acerca de fato criminoso preexistente. O agente disfarçado não se insere no seio do ambiente
criminoso e tampouco macula a voluntariedade na conduta delitiva do autor dos fatos.
Conforme entendimento do STF, policial militar e agente de inteligência da ABIN não podem atuar como
agente infiltrado.
A infiltração de Agentes poderá ser representada pelo Delegado de Polícia, ouvido o Ministério Público ou
Requerida pelo Ministério Público, com manifestação técnica do Delegado de Polícia.
Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente distribuído, de forma a não conter informações que possam
indicar a operação a ser efetivada ou identificar o agente que será infiltrado. Antes de concluída a operação, o
acesso aos autos será reservado ao juiz, ao Ministério Público e ao Delegado de Polícia responsável,
configurando crime do art. 20 o descumprimento do sigilo.
Com o advento do Pacote Anticrimes, a Lei de Organização Criminosa passou a permitir duas espécies de infiltração
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A) Requisitos:
I- Indícios de infração penal de ORCRIM ou crimes conexos, praticados por Organização Criminosa (fumus
commissi delicti);
II- Necessidade da medida (periculum in mora);
III- Não houver outro meio de se obter a prova (ultima ratio);
IV- Demonstração do alcance das tarefas dos agentes e, quando possível, os nomes ou apelidos das pessoas
investigadas e o local da infiltração;
V- Aceitação do Agente de Polícia;
VI- Autorização Judicial (prazo de 24h).
A) Requisitos:
I- Todos os requisitos da infiltração presencial;
II- Dados da conexão ou cadastrais que permitam a identificação dos investigados, quando possível.
Obs.: Dados da conexão consiste em identificação do dia, hora e duração do acesso, bem como identificação o IP
de origem da conexão. Dados Cadastrais consiste em nome, endereço do assinante ou usuário da rede.
C) Relatório Circunstanciado
Deverá ser encaminhado ao juiz ao final da infiltração relatório circunstanciado, juntamente com todos os atos
eletrônicos praticados durante a operação, que cientificará o Ministério Público (art. 10-A, §5º), assegurando-
se a preservação da identidade do agente policial infiltrado e a intimidade dos envolvidos (art. 10-D, p.
único).
No curso do inquérito policial, o delegado de polícia poderá determinar aos seus agentes, e o Ministério Público e
o juiz competente poderão requisitar, a qualquer tempo, relatório da atividade de infiltração (art. 10-A, § 6º).
Art. 12, § 2º Os autos contendo as informações da operação de infiltração acompanharão a denúncia do Ministério
Público, quando serão disponibilizados à defesa, assegurando-se a preservação da identidade do agente.
II - ter sua identidade alterada, bem como usufruir das medidas de proteção a testemunhas;
III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua voz e demais informações pessoais preservadas durante a
investigação e o processo criminal, salvo se houver decisão judicial em contrário;
IV - não ter sua identidade revelada, nem ser fotografado ou filmado pelos meios de comunicação, sem sua
prévia autorização por escrito.
Art. 20. Descumprir determinação de sigilo das investigações que envolvam a ação controlada e a infiltração de
agentes:
Pena - reclusão, de 1 a 4 anos, e multa.
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Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público terão acesso, independentemente de autorização judicial,
apenas aos dados cadastrais do investigado que informem exclusivamente a qualificação pessoal, a filiação e o
endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, empresas telefônicas, instituições financeiras, provedores de
internet e administradoras de cartão de crédito. Acesso à reservas e registros de viagens durante os últimos
5 anos (art. 16);
Acesso a registros de ligações telefônicas efetuadas e recebidas dos últimos 5 anos (art.17).
Art. 21. Recusar ou omitir dados cadastrais, registros, documentos e informações requisitadas pelo juiz, Ministério
Público ou delegado de polícia, no curso de investigação ou do processo:
Pena - reclusão, de 6 meses a 2 anos, e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem, de forma indevida, se apossa, propala, divulga ou faz uso dos
dados cadastrais de que trata esta Lei.
Os crimes de Organização Criminosa e conexos serão processados pelo rito comum ordinário do Código de
Processo Penal e a instrução processual não poderá exceder 120 dias quando o réu estiver preso, prorrogável
por igual período quando motivado pela complexidade da causa ou práticas procrastinatórias do réu (art. 22).
O juiz poderá decretar o sigilo das investigações para garantia da celeridade e da eficácia das investigações.
Nesse caso, o defensor somente terá acesso às investigações quando precedido de autorização judicial,
ressalvadas as diligências em andamento. Entretanto, quando ocorrer o depoimento do investigado o
defensor terá acesso aos autos no prazo mínimo de 3 dias que antecedem ao ato (art. 23).
ABUSO DE AUTORIDADE
Lei nº 13.869/19
Sujeito Ativo (art. 2º): É sujeito ativo do crime de abuso de autoridade qualquer agente público, servidor ou não,
da administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal,
dos Municípios e de Território.
Agente Público: Reputa-se agente público, para os efeitos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda que
transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função em órgão ou entidade de qualquer dos Poderes da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e de Território.
Finalidade da conduta de abuso de autoridade: com a finalidade específica de prejudicar outrem ou beneficiar a
si mesmo ou a terceiro, ou, ainda, por mero capricho ou satisfação pessoal. A divergência na interpretação de lei ou
na avaliação de fatos e provas não configura abuso de autoridade.
Atenção! Somente haverá crime de abuso de autoridade previsto nesta Lei se a conduta tiver como finalidade
específica prejudicar outrem ou beneficiar a si ou a terceiro, ou ter agido por capricho ou interesse motivado por
satisfação pessoal. Não há abuso de autoridade quando a conduta é praticada com finalidade diversa ou na modalidade
culposa.
Ação Penal (art. 3º): Os crimes previstos nesta Lei são de ação penal pública incondicionada. Será admitida
ação privada se a ação penal pública não for intentada no prazo legal, cabendo ao Ministério Público aditar a queixa,
repudiá-la e oferecer denúncia substitutiva, intervir em todos os termos do processo, fornecer elementos de prova,
interpor recurso e, a todo tempo, no caso de negligência do querelante, retomar a ação como parte principal. A ação
privada subsidiária será exercida até o prazo de 6 meses, contado da data em que se esgotar o prazo para oferecimento
da denúncia (5 ou 15 dias), sob pena de incorrer em decadência (causa extintiva da punibilidade).
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I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime, devendo o juiz, a requerimento do ofendido,
fixar na sentença o valor mínimo para reparação dos danos causados pela infração, considerando os prejuízos por ele
sofridos;
Obs.: tendo em vista o sistema acusatório, para que o juiz fixe valor mínimo para a reparação dos danos é necessário
pedido expresso do MP ou da parte interessada.
II - a inabilitação para o exercício de cargo, mandato ou função pública, pelo período de 1 a 5 anos;
Atenção!! A inabilitação está condicionada à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não é
automática, deve ser declarada motivadamente na sentença condenatória.
III - a perda do cargo, do mandato ou da função pública.
Atenção!! A perda é condicionada à ocorrência de reincidência em crime de abuso de autoridade e não é automática,
deve ser declarada motivadamente na sentença condenatória.
Penas restritivas de direito (art. 5º): as penas restritivas de direitos substitutivas das privativas de liberdade
previstas nesta Lei são: prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas; e suspensão do
exercício do cargo, da função ou do mandato, pelo prazo de 1 a 6 meses, com a perda dos vencimentos e das
vantagens.
Obs.: As penas restritivas de direitos podem ser aplicadas autônoma ou cumulativamente.
Natureza das sanções (art. 6º): as sanções desta Lei possuem natureza penal e são aplicadas independentemente
de outras sanções civis ou administrativas. Entretanto, as questões decididas na esfera criminal quanto a existência
do crime e definição da autoria não poderão ser mais discutidas nas esferas cível e administrativa (art. 7º). Faz
coisa julgada em âmbito cível, assim como no administrativo-disciplinar, a sentença penal que reconhecer ter sido o
ato praticado em estado de necessidade, em legítima defesa, em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
regular de direito (art. 8º).
Atenção!! Causas excludentes da culpabilidade e da punibilidade não vinculam o juízo cível e administrativo-
disciplinar.
Aplicação da Lei nº 9.099/95 (art. 39): é possível aplicar a Lei dos Juizados aos crimes previstos nesta Lei com
pena máxima até dois anos, bem como as medidas despenalizadoras (transação penal, suspensão condicional do
processo e composição civil dos danos).
Art. 9º Decretar medida de privação da liberdade em manifesta desconformidade com as hipóteses legais:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena a autoridade judiciária que, dentro de prazo razoável, deixar de:
I - relaxar a prisão manifestamente ilegal;
II - substituir a prisão preventiva por medida cautelar diversa ou de conceder liberdade provisória, quando
manifestamente cabível;
III - deferir liminar ou ordem de habeas corpus, quando manifestamente cabível.
Art. 10. Decretar a condução coercitiva de testemunha ou investigado manifestamente descabida ou sem prévia
intimação de comparecimento ao juízo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 12. Deixar injustificadamente de comunicar prisão em flagrante à autoridade judiciária no prazo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem:
I - deixa de comunicar, imediatamente, a execução de prisão temporária ou preventiva à autoridade judiciária
que a decretou;
II - deixa de comunicar, imediatamente, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontra à sua família
ou à pessoa por ela indicada;
III - deixa de entregar ao preso, no prazo de 24 horas, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo
da prisão e os nomes do condutor e das testemunhas;
IV - prolonga a execução de pena privativa de liberdade, de prisão temporária, de prisão preventiva, de medida
de segurança ou de internação, deixando, sem motivo justo e excepcionalíssimo, de executar o alvará de soltura
imediatamente após recebido ou de promover a soltura do preso quando esgotado o prazo judicial ou legal.
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Art. 13. Constranger o preso ou o detento, mediante violência, grave ameaça ou redução de sua capacidade de
resistência, a:
I - exibir-se ou ter seu corpo ou parte dele exibido à curiosidade pública;
II - submeter-se a situação vexatória ou a constrangimento não autorizado em lei;
III - (VETADO).
III - produzir prova contra si mesmo ou contra terceiro:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, sem prejuízo da pena cominada à violência.
Art. 15. Constranger a depor, sob ameaça de prisão, pessoa que, em razão de função, ministério, ofício ou
profissão, deva guardar segredo ou resguardar sigilo:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem prossegue com o interrogatório:
II - de pessoa que tenha optado por ser assistida por advogado ou defensor público, sem a presença de seu
patrono.
Art. 16. Deixar de identificar-se ou identificar-se falsamente ao preso por ocasião de sua captura ou quando
deva fazê-lo durante sua detenção ou prisão:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, como responsável por interrogatório em sede de procedimento
investigatório de infração penal, deixa de identificar-se ao preso ou atribui a si mesmo falsa identidade, cargo ou
função.
Art. 18. Submeter o preso a interrogatório policial durante o período de repouso noturno, salvo se capturado
em flagrante delito ou se ele, devidamente assistido, consentir em prestar declarações:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 19. Impedir ou retardar, injustificadamente, o envio de pleito de preso à autoridade judiciária competente
para a apreciação da legalidade de sua prisão ou das circunstâncias de sua custódia:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena o magistrado que, ciente do impedimento ou da demora, deixa de
tomar as providências tendentes a saná-lo ou, não sendo competente para decidir sobre a prisão, deixa de enviar o
pedido à autoridade judiciária que o seja.
Art. 20. Impedir, sem justa causa, a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado:
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem impede o preso, o réu solto ou o investigado de entrevistar-se
pessoal e reservadamente com seu advogado ou defensor, por prazo razoável, antes de audiência judicial, e de sentar-
se ao seu lado e com ele comunicar-se durante a audiência, salvo no curso de interrogatório ou no caso de audiência
realizada por videoconferência.
Art. 21. Manter presos de ambos os sexos na mesma cela ou espaço de confinamento:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem mantém, na mesma cela, criança ou adolescente na companhia
de maior de idade ou em ambiente inadequado, observado o disposto na Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto
da Criança e do Adolescente).
Art. 22. Invadir ou adentrar, clandestina ou astuciosamente, ou à revelia da vontade do ocupante, imóvel alheio
ou suas dependências, ou nele permanecer nas mesmas condições, sem determinação judicial ou fora das condições
estabelecidas em lei:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
§ 1º Incorre na mesma pena, na forma prevista no caput deste artigo, quem:
I - coage alguém, mediante violência ou grave ameaça, a franquear-lhe o acesso a imóvel ou suas dependências;
II - (VETADO);
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III - cumpre mandado de busca e apreensão domiciliar após as 21h (vinte e uma horas) ou antes das 5h (cinco
horas).
§ 2º Não haverá crime se o ingresso for para prestar socorro, ou quando houver fundados indícios que indiquem
a necessidade do ingresso em razão de situação de flagrante delito ou de desastre.
Art. 23. Inovar artificiosamente, no curso de diligência, de investigação ou de processo, o estado de lugar, de
coisa ou de pessoa, com o fim de eximir-se de responsabilidade ou de responsabilizar criminalmente alguém ou
agravar-lhe a responsabilidade:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem pratica a conduta com o intuito de:
I - eximir-se de responsabilidade civil ou administrativa por excesso praticado no curso de diligência;
II - omitir dados ou informações ou divulgar dados ou informações incompletos para desviar o curso da
investigação, da diligência ou do processo.
Art. 24. Constranger, sob violência ou grave ameaça, funcionário ou empregado de instituição hospitalar pública
ou privada a admitir para tratamento pessoa cujo óbito já tenha ocorrido, com o fim de alterar local ou momento de
crime, prejudicando sua apuração:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa, além da pena correspondente à violência.
Art. 25. Proceder à obtenção de prova, em procedimento de investigação ou fiscalização, por meio
manifestamente ilícito:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem faz uso de prova, em desfavor do investigado ou fiscalizado,
com prévio conhecimento de sua ilicitude.
Art. 27. Requisitar instauração ou instaurar procedimento investigatório de infração penal ou administrativa,
em desfavor de alguém, à falta de qualquer indício da prática de crime, de ilícito funcional ou de infração
administrativa:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Não há crime quando se tratar de sindicância ou investigação preliminar sumária, devidamente
justificada.
Art. 28. Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo
a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou a imagem do investigado ou acusado:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 29. Prestar informação falsa sobre procedimento judicial, policial, fiscal ou administrativo com o fim de
prejudicar interesse de investigado:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 30. Dar início ou proceder à persecução penal, civil ou administrativa sem justa causa fundamentada ou
contra quem sabe inocente:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 32. Negar ao interessado, seu defensor ou advogado acesso aos autos de investigação preliminar, ao termo
circunstanciado, ao inquérito ou a qualquer outro procedimento investigatório de infração penal, civil ou administrativa,
assim como impedir a obtenção de cópias, ressalvado o acesso a peças relativas a diligências em curso, ou que
indiquem a realização de diligências futuras, cujo sigilo seja imprescindível:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 33. Exigir informação ou cumprimento de obrigação, inclusive o dever de fazer ou de não fazer, sem
expresso amparo legal:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem se utiliza de cargo ou função pública ou invoca a condição de
agente público para se eximir de obrigação legal ou para obter vantagem ou privilégio indevido.
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Art. 36. Decretar, em processo judicial, a indisponibilidade de ativos financeiros em quantia que extrapole
exacerbadamente o valor estimado para a satisfação da dívida da parte e, ante a demonstração, pela parte, da
excessividade da medida, deixar de corrigi-la:
Pena - detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
Art. 37. Demorar demasiada e injustificadamente no exame de processo de que tenha requerido vista em órgão
colegiado, com o intuito de procrastinar seu andamento ou retardar o julgamento:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
Art. 38. Antecipar o responsável pelas investigações, por meio de comunicação, inclusive rede social, atribuição
de culpa, antes de concluídas as apurações e formalizada a acusação:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
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