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Globalização e sistema mundo

Como se caracteriza o sistema mundo na nova ordem global?

Ordem global (mundial): contexto das hierarquias de poder existentes entre os


países do mundo num determinado momento.
Ao longo dos tempos a ordem global, vai-se alterando, em função das
modificações dos contextos político, social e económico vigentes. A ocorrência
de factos históricos importantes, como conflitos bélicos, é o principal fator
associado ao surgimento de uma nova ordem global.
A ordem que se estabeleceu após a 2ª guerra mundial, e que caracterizou a
designada guerra fria, caracterizou-se pela bipolaridade das relações
internacionais, isto é, pela existência de duas nações principais que
polarizavam as relações de poder no globo: Os estados Unidos da América
(EUA) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS)- mundo bipolar.

Guerra fria
• Após a vitória da 2ª guerra mundial EUA e URSS elevaram-se a
superpotências;
• Guerra de ordem ideológica e política, marcando o início de uma nova
ordem mundial;
• EUA (capitalismo) vs. URSS (socialismo);
• Ordem bipolar
• Organização das relações internacionais em torno de equilíbrio oeste-
leste, estados/países tem de aderir e tomar partido.
• Ordem marcada pela corrida ao armamento, pela corrida ao espaço,
pela espionagem, pela guerra de propaganda, pela rivalidade em
competições desportivas e pelas disputas geopolíticas no que se refere
ao grau de influência de cada uma superpotência no plano internacional.
• Denomina-se guerra fria, pois não houve um confronto direto de fogo
entre as superpotências.
• Fim da guerra fria com a queda do muro de Berlim (1989) e o
desmembramento da união soviética (1991) - extinção do campo
soviético.
A nova ordem mundial que se configurou após a queda do Muro de Berlim
(1989) e o desmembramento da União soviética (1991), que caracterizam o fim
da guerra fria, foi marcada pela hegemonia económica dos EUA como
superpotência mundial e pelos processos de reafirmação da Europa e de
consolidação do Japão como centros do poder, bem como a ascensão de
países emergentes, como a china, no cenário internacional.
Sistema mundial: sistema caracterizado por um modo de produção específico.
O sistema atual assenta numa economia-mundo capitalista, em que os países
são classificados de acordo com a função que desempenham no sistema
capitalista global: países centrais, países semiperiféricos e países periféricos.
O sistema mundo passou, pois, a ter uma nova organização geopolítica e
geoeconómica.
Com o término da Guerra fria, a nova ordem mundial deixou, pois, de ser
bipolar para passar a ser multipolar, caracterizada pela existência de um
mundo policêntrico.
Mundo policêntrico: Organização geopolítica e geoeconómica do mundo,
caracterizada pela existência de diversos centros de poder que exercem
influência nas esferas económica, política e militar.

Nesta nova ordem multipolar, o sistema mundo é dominado pela chamada


“tríade” do poder económico e tecnológico: EUA, Japão e UE, com destaque
para a Alemanha- e ainda países como a Austrália e a Nova Zelândia.

Arquipélago-mundo: Expressão que designa os países centrais do sistema


mundo, isto é, os grandes polos do poder e da riqueza mundiais. A sua
participação na atual economia-mundo permite considerá-los como “ilhas” que
se organizam em rede e que concentram fluxos de destinta natureza.

Classificação dos países


Países Centrais

Constituem o designado Arquipélago Mundo e caracterizam-se por:

• Concentrarem maior parte do capital a nível mundial;


• Ser a sede de inúmeras empresas transnacionais, de importantes bancos
e de bolsas de valores de referência mundial;
• Possuir indústrias de ponta, que produzem produtos de elevado valor
acrescentado.;
• Deter mão de obra extremamente qualificada;
• Apresentar grande influência no cenário Internacional;
• Controlar grande parte do comércio mundial.
Países semiperiféricos

Caracterizam-se por:
• Apresentar um desenvolvimento intermédio (Funcionam como uma
“periferia para o centro” e como um “centro para a periferia”);
• Possuir uma indústria com tecnologia menos avançada que os países
centrais, embora possam ter alguma indústria de ponta.

Países periféricos

São caracterizados por:


• Apresentar uma estrutura económica bastante vulnerável, assente na
exportação de matérias-primas, fontes de energia e produtos agrícolas
(Produtos primários), pouco valorizados no mercado mundial;
• Registar reduzidos níveis de industrialização;
• Possuir reduzidas taxas de alfabetização e elevado crescimento
demográfico;
• Deter mão de obra barata e pouco qualificada.

Esta ordem mundial, que se estabeleceu nos últimos 30 anos, após o término
da Guerra Fria, poderá reconfigurar se, perante o recente conflito na Ucrânia.
Segundo vários especialistas, a hegemonia dos EUA poderá estar a chegar ao
fim com a ascensão da Rússia e da China no cenário Internacional. Estas 2
potências assinaram, recentemente, uma parceria estratégica que reforma a
cooperação bilateral no domínio diplomático, económico, político, tecnológico
e militar e a possibilidade da constituição de um eixo sino-russo é vista como
uma ameaça à ordem mundial, vigente nas últimas décadas.

Qual o papel da globalização no sistema mundo atual?


Globalização:
• Conceito pouco consensual;
• Processo complexo e multidimensional;
• Abrange domínios diversificados (económico, cultural, político,
ambiental, demográfico);
• Envolve diversos atores;
• Resulta do desenvolvimento dos transportes e das TIC e da redução dos
seus custos;
• Pressupõe a desterritorialização.
Globalização: Processo complexo e multidimensional, na medida em que
envolve diversos atores e abrange diversas esferas (económica, social, política
ambiental e cultural) assente na progressiva interdependência entre países e
povos. Resulta da redução dos custos de transporte e de comunicação e da
progressiva eliminação de barreiras à circulação transfronteiriça de bens,
serviços, capitais, conhecimentos e pessoas.

Características comuns às diferentes as ações de globalização:


• É um processo que se desenvolve à escala mundial, sendo transversal
aos diversos Estados-nação;
• Assenta na crescente interligação e interdependência entre Estados,
organizações e indivíduos, tanto no plano económico como no plano,
não económico (cultural, ambiental, político).
• Pressupõe a desterritorialização, visto que as relações entre o ser
humano e as instituições tendem a desvincular-se das contingências do
espaço geográfico;
• Tem como cerne o desenvolvimento tecnológico ocorrido no âmbito dos
transportes e das telecomunicações.
Interdependência: Termo que designa as inter-relações existentes entre países,
organizações e indivíduos a nível económico, ambiental, cultural, que fazem
com que o que acontece numa parte da economia mundial afete outras.

As causas da globalização
Para a globalização contemporânea, têm contribuído, conjugadamente,
diversos fatores.

Fatores da globalização

• Expansão do comércio internacional: A liberalização do comércio


mundial, impulsionada pelo aparecimento da Organização Mundial do
Comércio (OMC), tem favorecido a redução de diversas barreiras
protecionistas, que os países colocavam à importação de bens e
serviços, com o objetivo de protegerem os seus sistemas produtivos
(protecionismo), e impulsionando o liberalismo económico.
• Avanços tecnológicos: Os desenvolvimentos no setor dos transportes e
das tecnologias da informação e comunicação (TIC) têm permitido a
diminuição das distâncias relativas e a criação de uma rede de
infraestruturas de comunicações, fundamentais para o aumento da
interdependência mundial.
• Desenvolvimento do capitalismo financeiro: A liberalização dos fluxos
de capitais, verificada nas últimas décadas, aliada à inovação
tecnológica, nas telecomunicações e nas aplicações informáticas, tem
favorecido a movimentação de avultadas somas de capital e a
globalização do sistema financeiro. Favorecimento das bolsas de valor.
• Transformações sociopolíticas: Após o desmembramento da União
Soviética, assistiu se a progressiva abertura política e económica dos
países do ex-bloco socialista a um modelo ocidental (transição de
economias planificadas de direção central para economias de mercado),
o que contribuiu para a sua maior participação no sistema mundo.
• Alterações nos processos produtivos: Mais recentemente, impulsionada
pelo desenvolvimento dos transportes e das TIC, têm-se assistido à
segmentação do processo produtivo (desmembramento da cadeia de
valor), em que as diferentes fases são distribuídas por diferentes países
ou territórios (internacionalização), que apresentam vantagens
comparativas ao nível, por exemplo, do custo e da qualificação da mão-
de-obra, das acessibilidades e do custo das matérias-primas.

As principais dimensões da globalização


A globalização é um processo multidimensional. Económica, financeira,
política, cultural, ambiental, demográfica.

Dimensão económica

Nas últimas décadas, tem-se assistido à progressiva liberalização das trocas


comerciais, à crescente presença das empresas transnacionais na economia
mundial, a operar em diferentes áreas do mundo, e a uma crescente
padronização dos modelos de desenvolvimento.
A globalização económica refere-se à crescente interdependência das
economias mundiais como resultado do crescimento do comércio
internacional de bens e serviços, do aumento do fluxo internacional de capitais
e do amplo e rápido desenvolvimento das tecnologias.
As consequências da liberalização do comércio internacional não são iguais
para todos os países, visto que os países mais desenvolvidos conseguem tirar
mais partido das potencialidades de um comércio mais globalizado e livre, na
medida em que lideram o processo e organizam-se a seu favor.

Empresas transnacionais/multinacionais (ETN): Grupos industriais, comerciais e


de prestação de serviços que organizam os seus investimentos, a sua produção
e a comercialização de bens e serviços em mais do que um país. A sua atuação
ultrapassa os limites territoriais dos seus países de origem, com instalação de
filiais noutros países.
A dimensão financeira

Tem-se assistido também à liberalização dos fluxos de capitais, com a


desregulamentação dos mercados financeiros internacionais, o
desenvolvimento de novos instrumentos financeiros, a proliferação de bancos
internacionais e de outras instituições financeiras. Este facto aliado ao
desenvolvimento das telecomunicações e das aplicações informáticas, tem
permitido uma crescente movimentação de fluxos financeiros de natureza
distinta- investimento direto no estrangeiro (IDE), créditos diversos, compra e
venda de títulos- favorecendo a afirmação de um sistema financeiro global.

A dimensão política

O fim da guerra fria deu origem a uma mudança nas relações internacionais
entre os Estados e à afirmação de uma nova ordem global, materializada, num
mundo multipolar.
Estas transformações sociopolíticas de fundo ocorridas nos antigos países
socialistas da ex-URSS, contribuíram para que as democracias representativas
ganhassem cada vez mais destaque e para que a afirmação dos princípios do
pluralismo, da divisão dos Poderes do Estado, da rotatividade do poder e do
respeito pelas minorias amplamente se difundissem.

A dimensão cultural

Nos últimos anos, tem-se assistido a uma intensificação dos fluxos culturais.
Não devemos afirmar que a globalização é um processo de supressão das
diferentes identidades e manifestações culturais. De facto, a globalização
pode, simultaneamente, tanto enfraquecer a diversidade cultural como
oferecer novas oportunidades para a sua expressão.
A dimensão ambiental

A dimensão ambiental, é, possivelmente, a faceta do processo de globalização


mais diretamente visível e percebida por parte da população. Os problemas
ambientais ultrapassam as fronteiras dos países, constituindo problemas
supranacionais.
Mesmo que determinados problemas ambientais tenham uma origem local, os
seus efeitos podem fazer-se sentir a uma escala mais vasta.
Por outro lado, a consciencialização ambiental, ao inscrever os princípios do
desenvolvimento sustentável na agenda internacional, tem-se intensificado e
internacionalizado.
Ainda assim, tende a ser menor nos países em desenvolvimento, visto que
estes têm menos meios para lidar com os problemas ambientais e competem
entre si para atrair investimentos estrangeiros, negligenciando, muitas vezes, o
plano ambiental e perspetivando esses problemas como um custo intrínseco á
sua política de desenvolvimento.

A dimensão demográfica

A intensificação dos fluxos migratórios a nível mundial é também uma faceta


do processo de globalização.
Os principais “corredores migratórios” estabelecem-se dos países em
desenvolvimento para as economias mais desenvolvidas, como os EUA, a
Alemanha e o RU.
Causas das migrações: conflito armado, instabilidade política e social,
catástrofe natural, seca ou fome, motivos laborais.
A organização Internacional para as Migrações (OIM) estima que, em 2020,
havia cerca de 281 milhões de migrantes internacionais em todo o mundo, o
que equivale a 3,6 % da população mundial.

Os grandes atores da globalização


Atualmente, a dinâmica do processo de globalização é determinada, em
grande parte, pelo carácter desigual dos atores que participam no processo.
Atores da globalização:
• Estado-nação;
• Empresas transnacionais (ETN);
• Organizações internacionais: Governamentais (OIG) e não
governamentais (OING)
• Indivíduos/sociedade civil.

Os Estados-nação
O papel do Estado-nação como ator predominante na economia mundial e na
política global tem enfraquecido ao longo dos tempos, como resultado da
progressiva integração económica global.
A globalização ultrapassa fronteiras nacionais, limitando a capacidade do
Estado de determinar autonomamente a sua política económica e de regular
um mercado que é cada vez mais global.

As empresas transnacionais (ETN)


A disseminação, à escala global, das empresas transnacionais (ETN) está a
reformular os mecanismos macroeconómicos do funcionamento das
economias mundiais.
As empresas transnacionais tornaram-se os principais motores da globalização
económica, ao organizarem a produção à escala global e ao distribuírem os
recursos de acordo com o princípio da maximização do lucro.
Ao longo dos anos as ETN têm sido responsáveis pelo progressivo aumento da
deslocalização da produção para países menos desenvolvidos e pela contínua
segmentação do processo produtivo em várias fases, com uma localização
espacialmente dispersa.
As ETN têm sido responsáveis por uma nova divisão internacional do trabalho,
em que os P.D e os P.E.D assumem diferentes papéis.
As ETN e a nova divisão internacional do
trabalho

Países desenvolvidos

• Produção intensiva em capital e com elevado valor acrescentado;


• Gestão e administração empresarial;
• Fases de investigação e conceção do produto;

Países em desenvolvimento

• Produção intensiva em trabalho e com baixo valor acrescentado;


• Fases de produção, montagem e preparação para a comercialização dos
produtos;

Este paradigma reflete a procura de menores custos com a mão de obra, de


maior acessibilidade às matérias-primas e de quadros legais mais favoráveis,
tanto no plano fiscal como no plano ambiental.

Fatores de deslocalização industrial:


• Existência de mão de obra abundante e barata nos países recetores, o
que permite o desenvolvimento de indústrias intensivas em trabalho.
• Criação de incentivos ao investimento direto estrangeiro (IDE) por parte
dos governos desses países.
• Maior flexibilidade das leis laborais e de fiscalidade nos países recetores;
• Reduzido controlo ambiental nos países;
• Acesso a novos mercados, sendo que alguns destes países são populosos
e, consequentemente, têm um grande número de consumidores;
• Desenvolvimento dos transportes e das comunicações, o que facilita a
circulação dos produtos.
As organizações internacionais governamentais (OIG)
As OIG têm desempenhado um papel muito significativo nos sistemas políticos
internacionais e na governança global, sendo, por isso, importantes atores da
globalização.
Estas organizações contam com o apoio financeiro e político dos seus Estados-
membros e podem ser globais ou regionais. A ONU é uma organização global,
pois todos os países podem ser Estados- membros. Outras OIG são regionais e
limitam a sua composição a países que se localizam em determinadas regiões
geográficas.

As organizações internacionais não governamentais (OING)


Ao contrário da OIG, as OING são formadas por dois ou mais indivíduos e não
por nações. São, portanto, independentes do governo, não têm, geralmente,
fins lucrativos e recebem uma parte substancial do seu financiamento de
fontes privadas.
As OING desempenham um papel importante na globalização. Muitas destas
organizações têm sido veículos de movimentos cívicos que lutam pela
democratização dos seus governos, pela alteração dos padrões de consumo e
pela resolução de problemas ambientais.

Os indivíduos/sociedade civil
A sociedade civil é, também, um ator da globalização, na medida em que
muitos grupos e associações cívicas têm desafiado agendas, metodologias,
explicações e regras estabelecidas em relação à globalização política,
económica, cultural e ambiental.
Críticas de vários círculos da sociedade civil desempenham um papel
importante ao evidenciar as lacunas das políticas globais de vários Estados, da
ONU, do fundo Monetário Internacional e de outras organizações
governamentais.

As oportunidades e os riscos da globalização


Impactes positivos

• Contribui para a expansão do comércio Internacional ao permitir o


transporte de produtos de e para qualquer parte do mundo.
• Promove um comércio mais livre entre os países sem barreiras
alfandegárias.
• Possibilita a redução dos custos dos fatores de produção e a maior
concorrência entre os agentes económicos, permitindo uma redução do
preço dos bens e dos serviços.
• Permite aceder a um mercado Internacional muito mais amplo.
• Possibilita colocar à disposição dos consumidores uma grande variedade
de bens.
• Contribui para o crescimento económico de países em desenvolvimento
ao deslocalizar para estes países determinadas unidades industriais ou
certos segmentos do processo produtivo.
• Possibilita a valorização de vantagens comparativas a nível ambiental, ao
nível da utilização sustentável de que a capital natural de ordem
económica e ecológica.
• Promove, a nível nacional, a melhoria da qualidade das políticas
públicas, ao aumentar os custos da implantação de estratégias não
sustentáveis, com repercussões negativas sobre o desenvolvimento a
longo prazo.
• Possibilita avanço ao nível do respeito pelos direitos humanos e a
criação de mecanismos internacionais de defesa da cidadania.
• Promove novas oportunidades a nível cultural, incluindo as que resultam
da coexistência de culturas e estreita as relações entre as diferentes
tradições culturais e modos de vida, aumentando assim a sua visibilidade
e a probabilidade de serem devidamente valorizadas.

Impactes negativos

• Favorece a perda de postos de trabalho nas economias mais avançadas,


resultado da deslocalização de partes do processo produtivo para países
mais pobres.
• Aumenta a volatilidade e o efeito contágio das crises dos mercados
financeiros, que afeta sobretudo os países menos desenvolvidos.
• Contribui para asfixiar as empresas locais, ao criar um mercado livre sem
restrições que beneficia sobretudo empresas transnacionais do mundo
ocidental.
• Visa a maximização dos lucros, muitas vezes sem ter em conta as
necessidades de desenvolvimento de cada país ou das populações locais.
• Promove a fixação de filiais de empresas transnacionais ou a
subcontratação de unidades industriais em países menos desenvolvidos,
que contratam mão de obra barata e exploram frequentemente os seus
trabalhadores.
• Dificulta o acesso dos produtores dos países em desenvolvimento aos
mercados de exportação, devido a políticas protecionistas dos países
desenvolvidos.
• Acentua a vulnerabilidade de muitos países pobres, sobretudo os
insulares, às mudanças ambientais globais.
• Aumenta a possibilidade de os conflitos se estenderem à escala global.
• Facilita a propagação rápida de epidemias à escala global (covid-19).
• Contribui para um mundo cultural progressivamente uniforme, em que
muitos povos e grupos sociais sentem que a sua identidade é ameaçada
pela tendência de homogeneização cultural que este processo origina.

A globalização não é espacialmente isotrópica, não atinge todo o espaço


geográfico com a mesma intensidade, e nem sempre é uma realidade para
todos os indivíduos, comunidades e países.

O global versus local


Ao longo dos tempos ocorreu uma multiplicidade de reações críticas à
globalização.
Como consequência destes movimentos de oposição e crítica à globalização,
tem ganhado destaque os processos de relocalização económica e da
glocalização.
A relocalização económica propõe uma forma de reconfiguração, diversificação
e fortalecimento das economias locais. O objetivo fundamental é possibilitar
que as comunidades e as Nações recuperem o controlo sobre as suas
economias, tendo capacidade de dar resposta a diversos problemas como o da
emergência climática, da crise energética, do consumismo e do uso desregrado
dos recursos.
Por sua vez, o termo glocalização é usado para mostrar como as culturas locais
absorvem alguns aspetos da cultura global, ao mesmo tempo que mantêm as
suas características diferenciadoras.

Alguns exemplos de glocalização


A netflix e a personalização de serviços: top 10 portugal
O IKEA e a adaptação ao mercado nipónico: diminuir o tamanho dos móveis
A adaptação do Citroen aos mercados indiano e sul-americano: mais pequeno

Quais as grandes etapas da construção da União Europeia?


A UE constitui, nesta era de globalização, a mais avançada forma de integração
económica do mundo. O que começou por ser uma mera união económica
entre países evoluiu, com o decorrer do tempo, para uma União Económica e
Monetária (UEM).
União europeia (UE): União Económica e política de características únicas,
composta por 27 países (Estados Membros) europeus empenhados num
projeto comum de prosperidade e paz.
União Económica e Monetária (UEM): Forma de integração económica que
constitui o complemento natural da realização do mercado interno da União
Europeia. Assenta na criação de uma moeda única, o euro, para potenciar as
vantagens do mercado interno e caracteriza-se pela adoção de uma política
monetária única, da responsabilidade do Banco Central Europeu.
As raízes da atual União Europeia remontam ao fim da 2ª guerra mundial e à
vontade de evitar um novo conflito entre os países.
Em 1950, o político francês Jean Monet defendeu a ideia de uma Europa
Unida, inspirando a famosa declaração de Schuman. Nesta declaração, Robert
Schuman, ministro dos negócios estrangeiros da França, propôs a criação da
Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), enfatizando a necessidade
de uma integração europeia.

Alguns dos tratados mais importantes


A UE assenta no Estado de Direito, ou seja, todas as suas iniciativas têm por
base Tratados que foram aprovados de forma voluntária e democrática por
todos os estados-membros.

Tratado de Paris:
Assinado em 1951, instituiu a Comunidade Europeia do carvão e do aço
(CECA).
Visou:
• Reforçar a solidariedade franco-alemã;
• Possibilitar a livre circulação das matérias-primas do carvão e do Aço;
• Criar condições para a abertura de uma via para a integração europeia;

Tratado de Roma:
Assinado em 1957, instituiu a Comunidade Económica Europeia (CEE) e a
comunidade Europeia da Energia Atómica.
Visou:
• Aprofundar a integração europeia, abrangendo a cooperação
económica.
• Estabelecer a livre circulação de pessoas, mercadorias, serviços e
capitais.

Tratado de Maastricht:
Assinado em 1992
Visou:
• Alcançar a união monetária e económica até 1999;
• Instituir a cidadania europeia;
• Adotar novas políticas, como a Política Externa e de Segurança Comum.

Tratado de Amesterdão:
Assinado em 1997
Visou:
• Atribuir novas competências à UE;
• Desenvolver a política Externa de Segurança, bem como políticas de
emprego e proteção Social.

Tratado de Nice:
Assinado em 2001
Visou:
• Reformar as instituições europeias por forma a preparar a União para o
seu alargamento a Leste;
• Reforçar os direitos fundamentais, a segurança e a defesa, bem como a
cooperação judiciária em questões criminais.

Tratado de Lisboa:
Assinado em 2007
Visou:
• Tornar a Europa mais democrática e mais apta a responder a problemas
mundiais, tais como as alterações climáticas;
Instituiu a possibilidade de o Estado-Membro sair de forma voluntária e
unilateral da UE.
Os critérios de Adesão
Os critérios de adesão à UE, conhecidos por Critérios de Copenhaga, foram
definidos no Tratado da União Europeia.
De acordo com este Tratado, qualquer país europeu que respeite os valores da
União Europeia e se comprometam a promovê-los pode pedir para se tornar
membro desta organização.
Critérios de Copenhaga- o país deve possuir:
• Instituições estáveis que garantam a democracia, o Estado de direito, os
direitos humanos e o respeito e a proteção das minorias (Critério
político).
• Uma economia de mercado viável. Capacidade de fazer face à pressão
concorrencial e às forças de mercado da União Europeia. (Critério
Económico)
• Capacidade para assumir as obrigações decorrentes da adesão, incluindo
a capacidade de aplicar eficazmente as regras, normas e políticas, isto é,
a legislação da UE (o acervo) e a adesão aos objetivos da União política,
económica e monetária. (Critério do acervo Comunitário).

Os países candidatos
Países candidatos (fase de transposição da legislação da UE para a legislação
nacional): Albânia, Bósnia-Herzegovina, Macedónia do Norte, Moldávia,
Montenegro, servia, Turquia e Ucrânia.
Países candidatos potenciais (demonstraram interesse em aderir, mas não
apresentaram oficialmente o pedido de adesão): Kosovo e a Geórgia.

A coesão económica e social


Apesar dos progressos a nível económico e social, persistem, ainda,
desigualdades económicas, demográficas, sociais e territoriais entre as regiões
mais ricas e as mais pobres, entre o “centro” e a “periferia”.
A política de coesão constitui a principal política de investimento da União
Europeia. Com esta política, a UE pretende reduzir as disparidades entre os
níveis de desenvolvimento das diversas regiões, promovendo a coesão
económica e social e um desenvolvimento harmonioso da União como um
todo.
Coesão económica e social: processo que visa alcançar um desenvolvimento
socioeconómico equilibrado em toda a UE e que se concretiza através da
política de coesão.

Quais as fragilidades e as oportunidades da UE no contexto internacional?

As grandes oportunidades

Reforço contra ameaças externas:


As diferentes alianças políticas e a integração de vários Estados-membros da
UE na NATO permitem manter um perfil de segurança consistente, na medida
em que todos os países trabalham juntos para este bem comum.

Liberdade de circulação de pessoas e visto Schengen:


Utilização do visto Schengen o que permite viajar sem passaporte formal para
qualquer território ou país que a UE reconheça.
Proteção dos direitos humanos:
Todos os Estados-membros da UE têm, de acordo com o critério político de
Copenhaga, de possuir instituições estáveis que garantam a democracia, o
Estado de Direito, os direitos humanos e o respeito e a proteção das minorias,
independentemente do género, nacionalidade, religião, etnia ou orientação
sexual.
Aumento das oportunidades económicas:
Atualmente, há mais oportunidades de emprego, melhores salários e uma
força de trabalho mais qualificada disponível na europa por causa da UE.
O mercado único composto por 27 Estados-membros permite à UE obter
melhores condições na negociação de acordos comerciais internacionais.
Enquanto mercado comum, a UE consegue, ser um parceiro equivalente nas
trocas comerciais com os EUA e a China.

Reforço da segurança dos consumidores:


As normas que os produtos nas lojas da UE devem cumprir são das mais
rigorosas do mundo em termos de segurança e qualidade.
A UE consegue garantir uma maior segurança do abastecimento alimentar e
assegurar elevados padrões de qualidade alimentar.

Rotatividade do exercício de poder:


A presidência do Conselho Europeu é exercida em regime rotativo pelos
Estados-membros da UE por períodos de 6 meses, pelo que nenhum país pode
dominar o espectro político da União por tempo indeterminados. Isto permite
que todos os países tenham voz na criação de novas regras e regulamentos.

Acesso a serviços de roaming gratuitos

As principais fragilidades

O baixo grau de integração política:


A maior fragilidade da UE está na dimensão política. A união tem muito pouco
poder nos processos de eleição dos governos nacionais dos vários Estados-
membros, onde os cidadãos participam diretamente.
Por outro lado, as decisões tomadas a nível europeu derivam de negociações
entre um grande número de governos nacionais, sem a intervenção direta dos
eleitores, processo que carece de transparência.
A inexistência de uma união bancária

A falta de uma verdadeira política externa:


A UE tem tido dificuldade em dar mais atenção aos países que se candidatam à
adesão, em virtude de tensões sociais e dos movimentos nacionalistas.
A aceitação de imigrantes não é uniforme revelando a falta de uma verdadeira
política externa europeia.

A elevada dependência energética:


Forte dependência energética em matéria de gás natural, de um país não
parceiro (Rússia).

Qual a importância dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na


nova ordem global?
No atual sistema mundo globalizado, com recursos limitados e caracterizado
por uma procura e degradação ambiental que não cessam de aumentar à
escala mundial, a nova ordem global deverá atender a um conjunto de
aspirações relacionadas com vários setores da política global.
Tendo em vista a atenuação das desigualdades de desenvolvimento a nível
mundial, a erradicação da pobreza e a promoção do desenvolvimento
económico, social e ambiental à escala global até 2030, os líderes mundiais de
todos os Estados-Membros da ONU decidiram adotar, em 2015, a Agenda 2030
para o Desenvolvimento Sustentável.
Os 17 objetivos de desenvolvimento Sustentável (ODS), que colocam o
enfoque nas pessoas, nos direitos humanos e na resposta às crescentes
desigualdades sociais, englobando questões centrais como a paz, a segurança e
as alterações climáticas.
Objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS): estipulam as prioridades e
aspirações globais do desenvolvimento sustentável global e requerem uma
ação á escala global de governos, empresas e sociedade civil, para erradicar a
pobreza e criar uma vida digna e oportunidades para todos, dentro dos limites
do planeta.
As consequências do covid-19, da guerra na Ucrânia e das catástrofes naturais,
o mundo enfrenta, atualmente, um conjunto de crises e conflitos globais,
comprometendo os ODS.

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