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5.

1 A crítica de Shannon ao conceito tradicional de


informação
A obra de Shannon e Weaver, Mathematical Theory of Communication é largamente aceite
como uma das principais fontes de onde nasceram os Estudos de comunicação. Constituiu a
base dos diversos modelos que foram surgindo depois dele, e isso tanto no que se refere
aos elementos que consideram no processo da comunicação – emissor, recetor, mensagem,
canal, código, codificação, descodificação, etc.
Até ao lançamento da obra da autoria de Shannon e Weaver a informação era geralmente
entendida em termos do “conteúdo” ou do “sentido” de uma proposição ou de um discurso,
individualmente considerados, sendo esse “conteúdo” ou “sentido” identificado com o
“facto” ou “estado de coisas”.
Este postulado da objetividade e da universalidade de um “sentido” e de uma informação a
que, pelo menos idealmente, todos os sujeitos e grupos poderiam aceder, coloca pelo
menos dois problemas:
i) A impossibilidade de explicar a real variação do “sentido” da informação de sujeito para
sujeito e de grupo para grupo;
ii) A redução tendencial da informação à informação verbal, levando a fazer esquecer todos
os outros tipos de informação.
Para a tomada de consciência dos problemas decorrentes desta noção tradicional de
informação terá contribuído certamente o envolvimento de Shannon como criptógrafo na II
Guerra Mundial. Com efeito, aquele que não conhece o código de uma mensagem secreta,
esta aparecerá como destituída de “sentido” e, como tal, “não informativa”; mas, para o
criptógrafo, ela pode conter informação, e informação sumamente importante – ou não
teria sido enviada. O “sentido” da informação – o que determina que algo seja ou não
informação para um determinado sujeito ou grupo de sujeitos – está, assim, totalmente
dependente do conhecimento do código por parte do sujeito.

5.2 A informação como medida da “liberdade de escolha”


da mensagem e os três níveis da comunicação
Informação não é o mesmo que sentido; como exemplifica Weaver, “duas mensagens, uma
das quais se encontra densamente carregada de sentido e a outra das quais é puro absurdo,
podem ser exatamente equivalentes, de acordo com o presente ponto de vista, no que
respeita à informação” Como esclarece ainda Weaver, na Teoria Matemática da
Comunicação “a informação é uma medida da nossa liberdade de escolha quando
selecionamos uma mensagem”
A quantidade de informação é representada pelo logaritmo do número de escolhas
disponíveis; quando o número de escolhas é 2, como log2 2=1, temos a unidade de
informação ou bit; analogamente, se o número de escolhas disponíveis é 4, como log2 4=2,
temos dois bits; e assim sucessivamente.
Nível A ou técnico dos problemas da comunicação – e, excluindo, à partida, os problemas
do nível B ou semântico e do nível C ou da eficácia
A separação dos três níveis “é realmente artificial e indesejável”. Aliás, e ainda segundo
Weaver, a passagem do nível A aos outros níveis, e nomeadamente ao nível B, será apenas
uma questão de “adições menores” – no caso, a adição de um “recetor semântico” entre o
recetor tecnológico e o destino humano, do esquema da comunicação apresentado por
Shannon, com a finalidade de “equiparar a características semânticas estatísticas da
mensagem às capacidades semânticas estatísticas da totalidade dos recetores, ou daquele
subconjunto de recetores que constituem a audiência que queremos afetar”.

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