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No Direito, o texto jurídico é ferramenta de trabalho, por isso pode-se afirmar que a comunicação é sempre
estabelecida com uma finalidade.
Quando consideramos as várias teorias da comunicação, notamos diferenças no conceito de comunicação
abordado por cada uma delas. A razão de tal diversidade consiste na própria complexidade do fenômeno, que
abrange uma massa de variados domínios do conhecimento.
No século V antes de Cristo, Aristóteles, em seu estudo sobre a comunicação e a retórica, ressaltava que
devemos olhar para três elementos da comunicação: o emissor, o discurso e a audiência.
A maioria dos modelos atuais de comunicação são similares ao de Aristóteles, embora um pouco mais
complexos. Um dos modelos contemporâneos mais usados foi elaborado, em 1947 pelo matemático Claude
Shannon e pelo engenheiro eletricista Warren Weaver.
O modelo de Shannon e Weaver,2 que tinha por princípio atender às telecomunicações, constava dos
seguintes elementos: fonte, transmissor, canal, receptor e destinatário.
Os estudiosos da comunicação e os linguistas adaptaram-no e estabeleceram o modelo da figura abaixo:
Qualquer falha nesse sistema de comunicação impedirá a perfeita captação da mensagem. Ao obstáculo que
fecha o circuito de comunicação, costuma-se dar o nome de ruído. Este poderá ser provocado pelo emissor, pelo
receptor, pelo canal.
Elementos da comunicação
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5. Com o que se diz: veículo ou canal — o meio concreto pelo qual a mensagem é transmitida. Pode ser natural,
subdividido em visual (fumaça), auditivo (trovão) ou artificial (filme, gravação, Internet etc.).
6. Em que circunstância se diz: contexto — situação em que a mensagem foi construída.
PRÁTICA
1.Em uma aula de Português Jurídico, ministrada na Faculdade Pio Décimo, aos alunos do 1º período do curso de
Direito, os elementos de comunicação presentes neste ato são:
*emissor:____________________________________________________________________________________
*receptor:____________________________________________________________________________________
*mensagem:__________________________________________________________________________________
*código:_____________________________________________________________________________________
*canal:______________________________________________________________________________________
*contexto:____________________________________________________________________________________
Adalberto Mascarenhas, brasileiro, casado, pedreiro, nos autos da AÇÃO PENAL nº 1234, promovida pela Justiça
Pública, neste R. Juízo, vem pedir a você, com o devido acatamento na presença de sua pessoa, por intermédio de
seu defensor, cujo endereço para intimação está explícito no rodapé desta petição, para requerer se digne, o
benefício da LIBERDADE PROVISÓRIA, fulcrada no artigo 310, parágrafo único, do Código de Processo Penal,
pelas razões de fato e de direito a seguir articuladas:
*emissor:____________________________________________________________________________________
*receptor:____________________________________________________________________________________
*mensagem:__________________________________________________________________________________
*código:_____________________________________________________________________________________
*canal:______________________________________________________________________________________
*contexto:____________________________________________________________________________________
RUÍDO NA COMUNICAÇÃO
Quando algum dos elementos não está completamente integrado ao processo da comunicação ou ocorre
algum tipo de interferência, aparecem os ruídos na comunicação. Podem ser fatores externos à comunicação, físicos
ou não, que impeçam que a ideia original codificada chegue de forma satisfatória ao receptor. Um exemplo clássico
de ruído na comunicação ocorre com a chamada “linha cruzada” ao telefone, quando o processo de transmissão da
mensagem recebe interferência de outro processo, indesejado e descontextualizado. Nesse caso, houve interferência
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no canal da comunicação. Entretanto, há diversas situações, envolvendo outros elementos da comunicação, em que
pode ocorrer ruído.
Com o uso da linguagem articulada, há ações intrínsecas ao ato de comunicar que não se atrelam
exclusivamente ao conteúdo da mensagem e ocorrem independentemente das intenções do emissor para o seu ato
comunicativo. São as chamadas funções da linguagem.
Roman Jakobson, um dos mais expressivos linguistas do século XX, formulou um modelo para as funções
da linguagem a partir dos elementos da comunicação. Segundo esse modelo, para cada um dos elementos da
comunicação, há uma função da linguagem específica. Dessa forma, são seis as funções da linguagem: emotiva ou
expressiva, apelativa ou conativa, fática, metalinguística, poética e referencial.
É importante frisar que nenhuma função existe isoladamente, em estado puro. Elas aparecem combinadas
em situação de hierarquia, podendo haver várias funções igualmente predominantes num mesmo texto.
A identificação das funções da linguagem é um exercício para ampliar a competência de leitura, que depende não
só do reconhecimento das inter-relações das linguagens, mas também da capacidade de apontar a intenção de um
texto e de considerar os gêneros textuais.
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As duas charges de Laerte são críticas a dois problemas atuais da sociedade brasileira, que podem ser identificados
pela crise:
(A) na saúde e na segurança pública.
(B) na assistência social e na habitação.
(C) na educação básica e na comunicação.
(D) na previdência social e pelo desemprego.
(E) nos hospitais e pelas epidemias urbanas
“O Governo Federal deve promover a inclusão digital, pois a falta de acesso às tecnologias digitais acaba por
excluir socialmente o cidadão, em especial a juventude.”
Segundo Carlos Alberto Faraco e Cristóvão Tezza (1992), a língua “é um imenso conjunto de variedades”
(1992, p. 11). As diferenças perceptíveis no uso de uma língua caracterizam as diferenças linguísticas, que são
decorrentes de distintos fatores. Mauro Ferreira(2003) explica que já na Antiguidade Clássica, Horácio, grande
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poeta e intelectual latino, indicava a possibilidade de os usuários de uma determinada língua usarem-na de forma
diferente embora todos tenham conhecimento das estruturas gerais de funcionamento desse código:
Há
uma grande diferença
se fala um deus ou um herói;
se um velho amadurecido
ou um jovem impetuoso na flor da idade;
se uma matrona autoritária
ou uma ama dedicada;
se um mercador errante
ou um lavrador
de pequeno campo fértil [...Horácio – Arte poética)
O fragmento de um poema de Horácio explicita a ideia de que, dentro de um mesmo idioma, a estrutura da
língua pode sofrer variação devido a uma série de fatores, como a idade do falante, o grupo social a que pertence a
relação entre ele e o ouvinte, etc. Algumas dessas variações são facilmente perceptíveis, outras são mais sutis. Tais
variações são chamadas variações linguísticas.
As variações linguísticas são causadas por três fatores principais: o tempo histórico, o ambiente geográfico
e o grupo sociocultural.
VARIAÇÃO HISTÓRICA
Como a língua não é estática nem imutável, com o passar do tempo é natural ocorrer mudança na forma
de falar, na grafia de palavras e no significado dos vocábulos. Essas transformações surgidas ao longo do
tempo recebem o nome de variações históricas.
Sentença Judicial
O adjunto de promotor público, representando contra o cabra Manoel Duda, porque no dia 11 do mês de
Nossa Senhora Sant’Ana quando a mulher do Xico Bento ia para a fonte, já perto dela, o supracitado cabra que
estava de tocaia em uma moita de mato , sahiu della de supetão e fez proposta a dita mulher, por quem queria
para coisa que não se pode trazer a lume, e como ella se recuzasse, o dito cabra abrafolou-se dela, deitou-a no
chão, deixando as encomendas della de fora e ao Deus dará.
Elle não conseguiu matrimônio porque ella gritou e veio em assucare della Nocreto Correia e Norberto
Barbosa, que prenderam o cujo em flagrante. Dizem as leises que duas testemunhas que assistam a qualquer
naufrágio do sucesso faz prova.
CONSIDERO que o cabra Manoel Duda agrediu a mulher de Xico Bento para conxambrar com ella e
fazer chumbregâncias, coisas que só marido della competia conxambrar, porque casados pelo regime da Santa
Igreja Cathólica Romana; que o cabra Manoel Duda é um suplicante deboxado que nunca soube respeitar as
famílias de suas vizinhas, tanto que quiz também fazer conxambranas com a Quitéria e Clarinha, moças donzellas;
que Manoel Duda é um sujeito perigoso e que não tiver uma cousa que atenue a perigança dele, amanhan está
metendo medo até nos homens.
CONDENO o cabra Manoel Duda, pelo malifício que fez à mulher do Xico Bento, a ser CAPADO,
capadura que deverá ser feita a MACETE. A execução desta peça deverá ser feita na cadeia desta Villa. Nomeio
carrasco o carcereiro.
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Cumpra-se e apregue-se editais nos lugares públicos.
Manoel Fernandes dos Santos - Juiz de Direito
Vila de Porto da Folha (Sergipe) 15 de outubro de 1833
Veja como Carlos Drummond de Andrade comenta a variação histórica de uma língua:
VARIAÇÃO GEOGRÁFICA
Conforme explica Ferreira (2003), os termos pipa e pandorga são variações de nome de um brinquedo, o
qual também ser chamado de papagaio, tapioca, maranhão, arraia ou quadrado, dependendo da região do falante.
Nesses casos em que num determinado lugar o objeto recebe um nome e em outro lugar esse mesmo objeto é
conhecido por outra expressão tem-se um exemplo de variação geográfica.
Além de estar presente no vocabulário, a variação geográfica pode ser constatada também em certas
estruturas de frases e principalmente na pronúncia. “A pronúncia característica dos falantes de uma determinada
região é comumente chamada de sotaque: sotaque nordestino, sotaque mineiro, sotaque gaúcho etc.”
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VARIAÇÃO SOCIOCULTURAL
A variação sociocultural não é difícil de ser constatada. Essa variação acontece da seguinte forma:
Suponha, por exemplo, que alguém diga a seguinte frase:
•Tá na cara que eles não teve peito de encará os ladrão. [Frase 1]
Que tipo de pessoa comumente fala dessa maneira? Vamos caracterizá-la, por exemplo, pela profissão: um
advogado? um trabalhador braçal da construção civil? Um médico? Um garimpeiro? Um repórter de televisão?
E quem usaria a frase a seguir?
•Obviamente faltou-Ihes coragem para enfrentar os ladrões. [Frase 2]
Sem dúvida, associamos à frase 1, os falantes de grupos sociais economicamente mais pobres. Pessoas que, muitas
vezes, não frequentaram a escola, ou, quando muito, fizeram-no em condições não adequadas.
Já a frase 2 é mais comum aos falantes que tiveram possibilidades socioeconômicas melhores e puderam,
por isso, ter um contato mais duradouro com a escola, com a leitura, com pessoas de um nível cultural mais elevado
e, dessa forma, "aperfeiçoaram" seu modo de utilização da língua.
Para Ferreira (2003), “a comparação entre as duas frases permite concluir, portanto, que as condições sociais
influem no modo de falar dos indivíduos, gerando, assim, certas variações na maneira de usar uma mesma língua”.
“Essa variação recebe o nome de variação sociocultural”. É nesse tipo de variações que estão incluídos os
estrangeirismos e as gírias.
PRÁTICA
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(Enade- 2012)
(Enade)
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Unidade II – SEMÂNTICA E LINGUAGEM JURÍDICA
Em todo tipo de comunicação, o elemento utilizado para representar o objeto da mensagem é chamado de
signo. No código verbal, o signo recebe o nome de PALAVRA. Para que exista a palavra é necessário que
tenhamos o SIGNIFICANTE (parte material: letras ou sons) e o SIGNIFICADO (parte intelectual: a ideia que nos
vem à mente.) Há ainda o REFERENTE (parte física: o objeto em si mesmo):
SIGNIFICANTES
PALAVRA=______________________+ REFERENTE
SIGNIFICADO
Quando se escreve ou se diz: “ Colhi uma rosa no jardim” os significantes são as letras ou os sons, o
significado é a ideia que tem a pessoa que leu ou ouviu a frase e o referente é a parte física, isto é, a flor que foi
colhida.
Na Língua Portuguesa os significantes não são monossêmicos, isto é, não têm apenas um significado.
Dependendo do texto, eles podem assumir significados totalmente diferentes do sentido original.
Exemplos:
1. Carlos morreu porque operou o coração.
2. Marina conquistou o coração de todos.
3. Brasília está no coração do Brasil.
4. Ela cuida das crianças com o coração.
5. Faz tudo com o coração e não olha as consequências.
6. As razões do coração escapam a lógica.
7. Zefinha é uma mulher sem coração.
8. O nosso amigo tem o coração obstinado dos fortes.
Em um texto ou fala não se pode alterar letras ou sons, pois qualquer mudança poderá acarretar alteração
no significado da palavra e consequentemente do sentido. Um exemplo é a alteração do fonema.
Veja: CAMA – alterando o fonema inicial: lama, dama, fama, gama.
A denotação diz respeito a uma ponte estabelecida entre o vocábulo e seu significado literal, ou seja, tal
como está definido no primeiro sentido do dicionário.
A conotação expressa uma linguagem figurada, isto é, estabelece-se um feixe de significados, do qual se
elegerá um, normalmente afetivo e relacionado ao contexto.
No discurso forense a primazia é a clareza, objetividade e precisão. O profissional de direito deverá ter
muito cuidado na escolha de seu vocabulário, preferindo sempre a denotação, para que sua mensagem não assuma
sentido dúbio ou sentido provocativo.
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Principais características:
Denotação Conotação
PRÁTICA:
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Trata do significado das palavras dentro do texto. Abrange uma série de palavras que tem entre si uma
relação significativa ou nocional. As palavras englobadas referem-se a uma outra que lhes dá ideia comum, com
certas características que lhes são peculiares. Assim os vocábulos: juiz, promotor, jurados, defensor, tribunal,
processos, testemunhas (lexemas) estão relacionadas à palavra júri. (arquilexema).
PRÁTICA:
a)HOSPITAL: _________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
b) FACULDADE:______________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
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Construir um campo etimológico significa reunir vocábulos que tenham a mesma raiz ou o mesmo radical. São
palavras derivadas ou cognatas. Desse modo, a palavra TRIBUTO , que pode pertencer ao campo semântico de lei,
fiscalização ou júri, origina as palavras: tributação, tributal, tributando, tributar, tributário, tributarismo...
O campo tributal de hospital , obtém-se hospitalar, hospitaleira, hospitalização, hospitalizado, hospitalizar,
inóspito...
PRÁTICA:
CHUVA: _____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________
ÁRVORE:____________________________________________________________________________
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Quanto à significação, as palavras podem ser classificadas em: sinônimas, antônimas, homônimas,
parônimas, monossêmicas e polissêmicas.
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3.1 Sinônimos: São palavras que podem ser empregadas no lugar de outras sem prejuízo de sentidos. Os
significantes são diferentes, mas os significados são semelhantes. No entanto, não existem sinônimos perfeitos,
pois duas palavras não possuem significados exatamente iguais.
Ex. Os quadros de Leonardo d´Vinci serviram até de porta de galinheiro. (telas, pinturas, obras)
3.2 Antônimos:
Ocorre quando os significantes são diferentes e os significados são contrários. Essa contrariedade pode ser
criada por:
3.3 Homônimos:
HOMONÍMIA: propriedade de duas ou mais palavras, embora diversas pela significação, apresentarem a
mesma estrutura fonológica.
a) Homônimos homófonos (= som / grafia) cassa (tecido fino) / caça (ato de caçar) cozer (cozinhar) / coser
(costurar) taxa (imposto, tributo) / tacha (prego, mácula)
b) Homônimos homógrafos (= grafia / ? som) tropeço (substantivo) / tropeço (verbo) retorno (substantivo) /
retorno (verbo) c) Homônimos perfeitos (= som / = grafia) rio (substantivo) / rio (verbo) espera (substantivo) /
espera (verbo)
Ignaro (ignorante) / ignavo (preguiçoso) Infligir (aplicar) / infringir (transgredir) Ratificar (confirmar) / retificar
(corrigir) Assoar (expelir o muco nasal) / assuar (vaiar) Fluir (correr) / fruir (gozar) Augusto (elevado, respeitável) /
angusto (estreito) Elidir (eliminar) / ilidir (refutar) Cadafalso (forca) / catafalco (estrado funerário) Sortir
(abastecer) / surtir (ter como consequência) Premissa (cada uma das duas primeiras proposições de um silogismo) /
primícias (primeiros frutos ou lucros) Emitir (pôr em circulação, expedir) / imitir (pôr para dentro) Emergir (vir à
tona) / imergir (mergulhar) Evocar (recordar) / invocar (chamar) Eminente (ilustre) / iminente (prestes a acontecer)
Descrição (ato de descrever) / discrição (reserva) Deferir (atender, conceder) / diferir (discordar, adiar) Acoimar
(multar, incriminar, acusar) / escoimar (limpar, livrar de coima, de impurezas) Lactante (mulher que amamenta) /
lactente (o ser que é amamentado) Prescrever (preceituar, receitar) / proscrever (degredar, banir, pôr fora de uso)
Dessentir (deixar de sentir) / dissentir (discordar)
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O TEXTO E A PRODUÇÃO DE SENTIDOS.
1. O texto resulta de uma atividade verbal, numa situação dada e visa certos resultados. Essa atividade vincula-se a
três aspectos: motivação, finalidade e realização. (Começa com um motivo e um plano e termina com um
resultado)
2. O que é um texto? Conforme a perspectiva teórica que se adote, o mesmo objeto pode ser concebido de diversas
maneiras. O conceito de texto varia conforme autor e/ou orientação teórica adotada. Desde o nascimento da LT até
hoje ele já recebeu muitas concepções.
3. Devido a isso, o texto deixa de ser visto como uma algo pronto, acabado e passa a ser considerado elemento que
se constrói a medida que interagimos. Ele é um resultado parcial de nossa atividade comunicativa.
4. Textos são resultados da atividade verbal de indivíduos socialmente atuantes, na qual eles coordenam suas ações
com o objetivo de alcançar um fim social, onde a atividade verbal se realiza. Tudo que produz comunicação é texto.
1. A informação semântica contida no texto distribui-se entre o dado e o novo. O dado encontra-se na consciência
do locutor e ancoram-se às novas informações recebidas. Para que compreendamos um texto é necessária a ponte
entre esses dois elementos. (inferências). É através da inferência que se pode (re)construir os sentidos que o texto
oculta.
2. A propriedade definidora do texto é a coerência. Um texto se constitui como tal a partir do momento em que
produz sentido. O sentido não está no texto, mas se constrói a partir dele, no curso de uma interação. Ex.: A
metáfora do iceberg (Todo texto possui uma pequena superfície exposta e uma imensa área subjacente. Para se
chegar ao implícito e dele extrair um sentido, é preciso recorrer a vários sistemas de conhecimento e a ativação
de processos e estratégias cognitivas e interacionais.)
Definições:
O texto, para se concretizar como tal, precisa do sentido (sentido para o outro)
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E-mail de um palmeirense: E aí? Tudo verde?
Textualidade:
Conhecimento textual: conjunto de saberes que faz parte de nossos conhecimentos linguísticos.
Interlocutores;
Coerência
Coesão
Intencionalidade
Aceitabilidade
Situcionalidade
Informatividade
Intertextualidade
1. Leitura seletiva: seleciona as ideias-núcleo, pois é em torno delas que o autor desenvolve as ideias
secundárias.
Ex.: “Ao erguerem suas taças de vinho, os povos antigos faziam uma oferenda simbólica aos deuses. Para
saciar a sede das divindades, os romanos adotaram o hábito de derramar um pouco de bebida no chão – algo
como o costume de dar um gole de cachaça “pro santo” , comum no Brasil. Além disso, o brinde selava o fim
dos conflitos. O vencedor dava o primeiro gole para provar que não iria envenenar o adversário.”
2.Leitura crítica: exige bagagem intelectual, conhecimento de mundo como base no ponto de vista do autor, e não
do leitor , e a relação contida entre esse ponto de vista e as ideias-chave. Com isso é possível observar as ideias
primárias e as subordinadas a elas, ideias secundárias.
3. Leitura interpretativa: exige o domínio da leitura informativa, e a seguir, que o leitor domine:
a) Compreensão global do texto: o leitor deve entender a mensagem literal contida no texto, isto é, a ideia central,
o objetivo, a tese defendida, o ponto de vista e a postura ideológica do autor.
b)Análise do texto: é a capacidade de saber decompor um texto em suas diferentes partes, partindo da ideia-chave
de cada parágrafo e verificando a sua relação com o contexto.
c) Síntese do texto: é a recomposição do texto já decomposto, com a eliminação das ideias secundárias.
As palavras-chave e as ideias-chave:
As palavras-chave formam um centro de expansão que constitui o alicerce do texto. Tudo deve ajustar-se a
elas de forma precisa. A tarefa do leitor é detectá-las, a fim de realizar uma leitura capaz de dar conta da totalidade
do texto.
Por adquirir tal importância na arquitetura textual, as palavras-chave normalmente aparecem ao longo de
todo o texto das mais variadas formas: repetidas, modificadas, retomadas por sinônimos. Elas pavimentam o
caminho da leitura, levando-nos a compreender melhor o texto, Além disso, fornecem a pista para uma leitura
reconstrutiva porque nos levam à essência da informação.
Após encontrar as palavras-chave de um texto, devemos tentar reescrevê-lo, tomando-as como base. Elas
constituem seu esqueleto. Vejamos um exemplo:
Ninguém se enamora se está, mesmo parcialmente, satisfeito com o que tem e com o que é. O
enamoramento surge da sobrecarga depressiva, isto é, da impossibilidade de encontrar alguma coisa de valor na
vida cotidiana. O “sintoma” da predisposição para o enamoramento não e o desejo consciente de se apaixonar,
enamora forte intenção de enriquecer o existente, mas sentimento profundo de não ser e não ter nada de valor, e
a vergonha de não tê-l.o Esse é o primeiro sinal da preparação para o enamoramento: o sentimento da nulidade
e a vergonha da própria nulidade. Por essa razão, o enamoramento é mais frequente entre os jovens, pois estes
são profundamente inseguros, não têm certeza de seu valor e muitas vezes se envergonham de si mesmos. E o
mesmo é válido em outras idades da vida, quando se perde algo do nosso ser; no final da juventude ou quando
começa a velhice. Perde-se irreparavelmente algo de si, fica-se privado de valores, degradado, no confronto com
o que se foi. Não é a nostalgia de um amor que nos faz enamorar-nos, mas a certeza de que nada temos a perder
transformando-nos naquilo em que nos transformamos; é a perspectiva de ter o nada pela frente. Somente então
se estabelece dentro de nós a disposição para o diferente e para o risco, a propensão de nos lançarmos no tudo
ou nada que aqueles que de alguma forma estão satisfeitos com o próprio ser não poderão experimentar.
ALBERONI, Francesco. Enamoramento e amor. Trad. Ary Gonzalez Galvão. Rio de Janeiro, Rocco, 1991. pp. 46-7.
Além de estar presente no título do livro, a palavra enamoramento aparece quatro vezes e é retomada pelo
verbo enamorar-se três vezes. É a primeira palavra que nos chama a atenção. Mas não é a única. É preciso
descobrir as outras palavras que com ela formarão os pontos nodais do texto, onde está concentrada sua maior
carga de significação.
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
Para explicar o que é o enamoramento, Alberoni fala:
do sentimento da nulidade;
da juventude;
da velhice.
Uma vez encontradas as palavras-chave, devemos procurar a informação que elas trazem. O autor do texto
diz que:
a) O enamoramento nasce:
de uma “sobrecarga depressiva”;
de um “sentimento profundo de não ser e não ter nada de valor, e a vergonha de não tê-lo.”
“o sentimento da nulidade”.
Entre as palavras-chave há uma mais abrangente, da qual podemos partir para esquematizar o texto:
Com os dados recolhidos sobre cada uma dessas palavras é possível resumir o texto de Alberoni numa só
frase:
PRÁTICA:
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Posição de pobre
Proprietários e mendigos: duas categorias que se opõem a qualquer mudança, a qualquer desordem
renovadora. Colocados nos dois extremos da escala social, temem toda modificação para bem ou para mal: estão
igualmente estabelecidos, uns na opulência, os outros na miséria. Entre eles situam-se — suor anônimo,
fundamento da sociedade — os que se agitam, penam, perseveram e cultivam o absurdo de esperar. O Estado
nutre-se de sua anemia; a ideia de cidadão não teria nem conteúdo nem realidade sem eles, tampouco o luxo e a
esmola: os ricos e os mendigos são os parasitas do pobre.
Há mil remédios para a miséria, mas nenhum para a pobreza. Como socorrer os que insistem em não
morrer de fome? Nem Deus poderia corrigir sua sorte. Entre os favorecidos da fortuna e os esfarrapados,
circulam esses esfomeados honoráveis, explorados pelo fausto e pelos andrajos, saqueados por aqueles que. Tendo
horror ao trabalho, instalam-se, segundo sua sorte ou vocação, no saião ou na rua. E assim avança a
humanidade: com alguns ricos, com alguns mendigos e com todos os seus pobres...
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E - Sintetize o texto.
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
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*RESUMO
Muitas pessoas julgam que resumir é reproduzir frases ou partes de frases do texto original, construindo
uma espécie de “colagem”. Esta “colagem” de fragmentos do texto original não é um resumo. Resumir é
apresentar, com as próprias palavras, os pontos relevantes de um texto. A reprodução das frases do texto, em geral,
atesta que ele não foi compreendido.
Conceitualmente, resumo é uma apresentação sintética e seletiva das ideias do autor de um texto.
Sua finalidade é abreviar o tempo dos pesquisadores, sem desestimulá-los em relação à consulta do
trabalho original.
O objetivo de um resumo é apresentar com fidelidade ideias ou fatos essenciais contidos em um texto. Por
isso, deve destacar:
• o assunto do trabalho;
• o objetivo do texto;
• não iniciar com expressões do tipo “O autor diz...” ,“O texto mostra...
• resultar
Conforme observamos, em 10 a 15%oda
para o pesquisador, extensão
resumo doinstrumento
é um texto original.
de trabalho.
Para saber mais consulte:
• MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos e resenhas. São Paulo: Atlas, 1991.
• PLATÃO E FIORIN. Para entender o texto: leitura e redação.São Paulo: Ática, 1999.
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
PRÁTICA:
A sedução
O que se diz de imediato sobre a sedução é que é um jogo. Caçada silenciosa entre dois olhares; captura
numa rede perigosa de palavras. Jogo arriscado e fascinante — angústia e gozo — onde o vencedor não sabe o
que fazer de seu troféu e o perdedor só sabe que perdeu seu rumo: um jogo cuja única possibilidade de empate se
chama amor.
Jogo que pretendo abordar do ponto de vista do aparente perdedor - o seduzido — já que é ele quem nos
deixa registro sob–e sua experiência .É o seduzido que se expressa — na poesia, na literatura, nos consultórios de
psicanálise. É o seduzido que tenta compreender a transformação que se deu nele ao mesmo tempo que tenta
entender o poder do olhar do sedutor. O que significa Odete para Swann? De que encanto o seduzido é presa, ele
não sabe dizer. O sedutor é o que não se revela. Mas revela alguma coisa — o quê? — sobre o seduzido.
Juventud e
A juventude mudou? É , tem isto também. Ela se tornou mais pragmática e menos utópica. Tanto que as
campanhas estudantis de maior repercussão têm sido as dos secundaristas, contra os aumentos extorsivos das
anuidades nas escolas particulares. Há toda uma mudança de mentalidade que pode ser constatada já na infância.
Perguntem a uma criança de oito ou nove anos o que ela quer ser quando crescer; e, dificilmente — esta é, pelo
menos, a minha experiência — ouvirão as respostas clássicas das gerações mais antigas: médico, engenheiro,
advogado, militar ou professora. Várias delas já me disseram que querem ganhar bem, não importa em que
profissão.
Um gel desenvolvido por cientistas americanos para ajudar a cicatrização de ferimentos profundos e
queimaduras graves representara o primeiro resultado comercialmente visível de uma nova geração de
medicamentos. A pomada cicatrizante que chegará até as farmácias americanas até o início do próximo ano, será
uma espécie de cola biodegradável cuja função é juntar as células sadias em torno do ferimento reconstruindo os
tecidos em um tempo 30% mais rápido que qualquer outro remédio. Além disso, o gel elimina toda a cicatriz. O
novo medicamento é fruto do desenvolvimento de um dos ramos mais recentes da medicina, o que estuda a
adesividade das células do corpo humano, a partir de uma constatação óbvia: os cerca de 100 trilhões de células
que formam o organismo de uma pessoa podem ser comparados a tijolos de um edifício, que precisam estar
devidamente unidos por camadas de cimento. Se o cimento é de má qualidade ou insuficiente, o prédio pode ruir.
Da mesma forma, os cientistas trabalham agora coma certeza de que um “cimento “ da estrutura ao corpo
humano e o domínio dessa substância fará a medicina avançar a passos largos no combate a uma série de
doenças.
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Unidade IV – A coerência e a coesão textual.
Coesão: é a costura do texto, seu perfeito encadeamento com as palavras e frases ali expostas. É a microestrutura,
ou seja, ligação das frases, concatenação entre as partes, traços morfossintáticos que garantem o encadeamento
lógico.
A coesão se divide em três partes: coesão referencial, coesão sequencial e coesão recorrencial.
4.1. Coesão referencial: Manifesta-se nas estruturas: anafórica (=levar para trás), ou seja, a referência é feita a
uma expressão dita anteriormente, e a catáfora (= levar para a frente) , referência a uma expressão que ainda será
dita, bem como as endofóricas (= levar para dentro), ou seja, referência ao que está dentro do texto. A exofórica é
a última e significa levar para fora ou referência ao que não está no texto.
* Anáfora: É a forma mais usual de coesão. O elemento pressuposto está explicito no texto e prevê o item coesivo
que será usado.
Ex.: “A Filosofia teve origem na tentativa humana de escapar para um mundo em que nada mudasse. Platão,
fundador dessa área da cultura, supunha que a diferença entre o passado e o futuro seria mínima e que essa
ciência não teria evolução”.
*Catáfora: é quando o ítem coesivo aparece antes do termo pressuposto, como no seguinte período:
*Endofórica: Ocorre quando os elementos da referência estão dentro do próprio texto, de forma explícita , como
no exemplo:
Ex.: Sentiu a tristeza inconsolável daqueles que sabem os seus mortos na vala comum; pareceu-lhes que a
podridão anônima os acompanha a eles mesmos.
*Exofórica: ocorre quando os elementos de referência não estão no texto, ou melhor, encontram-se nas entrelinhas
do texto, naquilo que se infere das afirmativas do autor:
Ex.: “Você não se arrependerá de ter dado aquele conselho, pois tudo se resolveu conforme o que você disse”.
4.2 Coesão sequencial: é feita por conectores também chamados de operadores do discurso. São palavras ou
expressões criadoras de relações semânticas de causa, consequência, condição, concessão, qualidade etc.
“Ele falou bonito durante a conferência, no entanto recebeu poucos aplausos.” (o conector nãos e refere a nenhum
outro, apenas efetua a ligação entre as frases).
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2. alternância — ou... ou, quer... quer, seja... seja.
3. causa — porque, já que, visto que, graças a, em virtude de, por (+ infinitivo).
5. condição — se, caso, desde que, a não ser que, a menos que.
8. consequência tão... que, tanto... que, de modo que, de sorte que, de forma que, de maneira que.
11. oposição — mas, porém, entretanto; embora, mesmo que; apesar de (÷ infinitivo).
12. proporção — à medida que, à proporção que, quanto mais, quanto menos.
13. tempo — quando, logo que, assim que, toda vez que, enquanto.
PRÁTICA:
1.Complete o texto abaixo, com as palavras destacadas, de forma a torná-lo coeso e coerente:
além de - quando - embora - mas - se - que - que - como - mesmo que - se – como
2. Reescreva os trechos fazendo a devida coesão. Utilize artigos, pronomes ou advérbios. Não se esqueça de que a
elipse (omissão de um termo) também é um mecanismo de coesão.
1. A gravata do uniforme de Pedro está velha e surrada. A minha gravata está novinha em folha.
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2. Ontem fui conhecer o novo apartamento do Tiago. Tiago comprou o apartamento com o dinheiro recebido do
jornal.
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3. Perto da estação havia um pequeno restaurante. No restaurante costumavam reunir-se os trabalhadores da
ferrovia.
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2. No quintal, as crianças brincavam. O prédio vizinho estava em construção. Os carros passavam buzinando. As
brincadeiras, o barulho da construção e das buzinas tiravam-me a concentração no trabalho que eu estava
fazendo.
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5. Os convidados chegaram atrasados. Os convidados tinham errado o caminho e custaram a encontrar alguém que
orientasse o caminho aos convidados.
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6. Os candidatos foram convocados por edital. Os candidatos deverão apresentar-se, munidos de documentos, até o
dia 24.
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4.3 Coesão recorrencial: consiste na repetição de palavras ou de estruturas frasais semelhantes em um texto.
Normalmente é usada para dar ênfase.
No pequeno palco improvisado, a marionete parece que anda, parece que pula, que dança, que tropeça.
RECURSOS DE COESÃO:
REPETIÇÃO DE UMA PALAVRA: Podemos repetir uma palavra (com ou sem determinante) quando não for
possível substituí-la por outra.
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A propaganda, seja ela comercial ou ideológica, está sempre ligada aos objetivos e aos interesses da classe dominante. Essa
ligação, no entanto, é ocultada por uma inversão: a propaganda sempre mostra que quem sai ganhando com o consumo de tal
ou qual produto ou ideia não é o dono da empresa, nem os representantes do sistema, mas, sim, o consumidor. Assim, a
propaganda é mais um veículo da ideologia dominante.
UM TERMO SÍNTESE: Estudar, trabalhar e comer. Isso era a única coisa que ele sabia fazer.
PRONOMES: • Vitaminas fazem bem à saúde. Mas não devemos tomá-las ao acaso.
• O colégio é um dos melhores da cidade. Seus dirigentes se preocupam muito com a educação integral.
• Aquele político deve ter um discurso muito convincente. Ele já foi eleito seis vezes.
• Há uma grande diferença entre Paulo e Maurício. Este guarda rancor de todos, enquanto aquele tende a perdoar.
NUMERAIS: Não se pode dizer que toda a turma esteja mal preparada. Um terço pelo menos parece estar
dominando o assunto.
ELIPSE: O ministro foi o primeiro a chegar. (Ele) Abriu a sessão às oito em ponto e (ele) fez então seu discurso
emocionado.
METONÍMIA: Metonímia é o processo de substituição de uma palavra por outra, fundamentada numa relação de
contiguidade semântica.
* O governo tem-se preocupado-com os índices de inflação. O Planalto diz que não aceita qualquer remarcação de preço.
* Santos Dumont chamou a atenção de toda Paris. O Sena curvou-se diante de sua invenção.
PRÁTICA:
1.Identifique no texto a seguir todos os termos que retomam as palavras em letras maiúsculas:
A- PARIS em outubro de 1839 ainda possuía a mesma mística embriagadora que CHOPIN ao chegar lá em
setembro de 1831. A ausência de 11 meses só servira para aumentar seu apaixonado fascínio pela magnífica
metrópole espraiada ao longo das sinuosas margens do Sena. PARIS havia-se tornado a amante de CHOPIN muito
antes de ele conhecer MADAME SAND, durante vários anos subsequentes suas afeições ficariam divididas entre
as duas. Ambas o adoravam, do mesmo modo que eram, por sua vez, cultuadas por ele, e ambas eram essenciais à
sua existência. Com a saúde debilitada, o jovem músico não podia sobreviver ao estímulo de uma sem o amparo da
outra.
B- O ECLIPSE TOTAL DO SOL, visível ao norte da América do Sul, ontem à tarde, maravilhou e aterrorizou
aproximadamente 50 MILHÕES DE PESSOAS que vivem na região. Segundo uma agência noticiosa, a população
estava assustada com o fenômeno apesar das ponderações feitas pelo vigário local. O medo dos eclipses não é
novo. Nessas ocasiões, alguns povos costumam tocar tambores e fazer ruídos para assustar o dragão que acreditam
estar engolindo o Sol. Em 11 de maio de 1502, em sua quarta viagem, COLOMBO vale-se de um eclipse da Lua,
que sabia que iria correr, para assustar indígenas na Jamaica e conseguir abastecer seu navio. Fonte: O Estado de
São Paulo,22/04/2002
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AS TRANSIÇÕES:
Além dos conectivos presentes na elaboração de um texto, também existem elementos de transição, que
permitem articulação de ideias e papel importante para a continuidade e organização das ideias.
4.4 - OS PARALELISMOS: são recursos de coesão responsáveis pelo veículo de novas informações através de
determinadas estruturas sintáticas que possam vir a se repetir, fazendo o texto progredir de forma precisa.
Observe a frase:
Falava-se da chamada dos conservadores ao poder e da dissolução da câmara.
Conjunções:
a) e, nem
Ex.: Ele conseguiu transformar-se no comandante das Forças Armadas e no homem forte do governo.
Ex2.: Não adianta tomar atitudes radicais nem fazer de conta que o problema não existe.
Ex.: O projeto não só será aprovado, mas também posto em prática imediatamente.
c) mas
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Ex.: Não estou descontente com seu desempenho, mas com sua arrogância.
d) ou
e) tanto... quanto.
Ex.: Estamos questionando tanto seu modo de ver os problemas quanto sua forma de solucioná-los.
f) isto é, ou seja
Você devia estar preocupado com seu futuro, isto é, com a sua sobrevivência.
Orações justapostas ( aquelas que estão coordenadas sem conectivos)
O governo até agora não apresentou nenhum plano para erradicar a miséria, não criou nenhum programa de
empregos, não destinou os recursos necessários para a educação e a saúde.
PRÁTICA:
B- Uma experiência da China que teve sucesso no Ceará está em teste no Alto Solimões e pode evitar que o cólera
se alastre e atinja outros locais do país através dos rios. (O Globo, 2 set. 1991)
C- Pela propaganda, imagina-se não só que tudo foi produto exclusivo da gestão petista atual, mas também que as
unidades estão trabalhando com capacidade plena. (Folha de S. Paulo)
D- Muitas denúncias a atingiram sem terem sido dirigidas diretamente a ela, mas às Superintendências
subordinadas à sua administração. (O Globo, 2 set. 1991)
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E- (...) a primeira preocupação não é a de elucidar os atos irregulares — até agora não refutados pela LBA —, mas
sim a de acenar com a punição dos que revelam desmandos oficiais. (Folha de S. Paulo, 30/08/91)
F- Meu encontro com Júlio Cortázar não se deveu a um acaso de percurso, nem a uma curiosidade intelectual.
(Haroldo de Campos, Folha de S. Paulo, 30/08/91)
G- A linha dura do partido comunista apostou no imobilismo da sociedade soviética e numa reação frouxa do
Ocidente para reinstalar um regime autoritário. (Isto é 27ago. 1991)
a) Os ministros negaram estar o governo atacando a Assembleia e que ele tem feito tudo para prolongar a votação
do projeto.
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b) O presidente sentia-se acuado pelas constantes denúncias de corrupção em seu governo e o crescimento na
Constituinte da pressão em favor da fixação de seu mandato em quatro anos.
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c) Quando o ditador morreu, seu porta-voz conseguir transformar-se no comandante das Forças de Defesa e que era
o homem forte do país.
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d) Não, não se trata de defender mais intervenção do Estado na economia ou que o Estado volte a produzir aço…
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a) Pedida a prisão de petista e empresário. Lula e Dantas têm duas semanas para recorrer.
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4.5 Coerência: trata da lógica do texto, que o faz ter sentido, ser bom, aceitável.
Para um texto ser coerente não basta que mantenha unidade, mas que seus parágrafos estejam relacionados
e que não apresentem contradições, oferecendo ao leitor uma mensagem completa.
Cada parágrafo deve concentrar e desenvolver uma determinada ideia acerca do tema e a sequência
paragrafal, a qual determinará o desenvolvimento das ideias para que o leitor adquira a noção do que o texto
transmite.
Tipos de coerência:
* Coerência global: o texto deve estar de acordo com a visão de mundo – é o princípio da realidade.
* Coerência local: o texto deve estar de acordo com as ideias veiculadas anteriormente pelo próprio texto (não deve
fugir do tema) é o princípio da consciência.
*Coerência temática: o texto deve ter apenas um assunto, a fim de não prejudicar a veiculação da ideia principal. –
é o princípio da parcimônia.
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* Coerência formal: o texto deve ater-se a um mesmo nível de linguagem. A mistura do culto, coloquial, popular e
regional confunde e prejudica a comunicação.
O texto pode também ser coerente e não apresentar um único elemento coesivo.
Acordou. Levantou-se. Aprontou-se. Lavou-se. Barbeou-se. Enxugou-se. Perfumou-se. Lanchou. Escovou. Abraçou. Beijou.
Saiu. Entrou. Cumprimentou. Orientou. Controlou. Advertiu. Chegou. Desceu. Subiu. Entrou. Cumprimentou. Assentou-se.
Preparou-se. Examinou. Leu. Convocou. Leu. Comentou. Interrompeu. Leu. Despachou. Conferiu. Vendeu. Vendeu. Ganhou.
Ganhou. Ganhou. Lucrou. Lucrou. Lucrou. Lesou. Explorou. Escondeu. Burlou. Safou-se. Comprou. Vendeu. Assinou. Sacou.
Depositou. Depositou. Depositou. Associou-se. Vendeu-se. Entregou. Sacou. Depositou. Despachou. Repreendeu. Suspendeu.
Demitiu. Negou. Explorou. Desconfiou. Vigiou. Ordenou. Telefonou. Despachou. Esperou. Chegou. Vendeu. Lucrou. Lesou.
Demitiu. Convocou. Elogiou. Bolinou. Estimulou. Beijou. Convidou. Saiu. Chegou. Despiu-se. Abraçou. Deitou-se. Mexeu.
Gemeu. Fungou. Babou. Antecipou. Frustrou. Virou-se. Relaxou-se. Envergonhou-se. Presenteou. Saiu. Despiu-se. Dirigiu-se.
Chegou. Beijou. Negou. Lamentou. Justificou-se. Dormiu. Roncou. Sonhou. Sobressaltou-se. Acordou. Preocupou-se. Temeu.
Suou. Ansiou. Tentou. Despertou. Insistiu. Irritou-se. Temeu. Levantou. Apanhou. Rasgou. Engoliu. Bebeu. Rasgou. Engoliu.
Bebeu. Dormiu. Dormiu. Dormiu. Acordou. Levantou-se. Aprontou-se . Como se conjuga um empresário.
In: PINILIA, Aparecida; RIGONI.
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Unidade V - O texto jurídico - A boa escrita e modalidades de texto descritivo e narrativo.
A manifestação jurídica reclama escrita formal, devendo ser simples e objetiva, e nunca um exercício de
demonstração de conhecimento restrito a poucos. Explicamos: alguns aplicadores do direito veneram emitir
manifestações com tamanha dificuldade de compreensão que necessária se faz a proximidade permanente de um
dicionário.
Perguntamos: Para que isso? Respondemos: Para coisa alguma. É vaidade pura e inconfessável. A língua
acaba sendo uma barreira entre as pessoas, em vez de ser o elo.
Quer ver um exemplo?
“Diagnosticada a mazela, põe-se a querela a avocar o poliglotismo. A solvência, a nosso sentir, divorcia-
se de qualquer iniciativa legiferante. (...) A oitiva dos litigantes e das vestigiais por eles arroladas acarreta
intransponível óbice à efetiva saga da obtenção da verdade real. Ad argumentandum tantum, os pleitos
inaugurados pela Justiça pública, preceituando a estocástica que as imputações e defesas se escudem de forma
ininteligível, gestando obstáculo à hermenêutica. Portanto,o hercúleo despendimento de esforços para o
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desaforamento do ‘juridiquês’ deve contemplar igualmente a magistratura, o ínclito Parquet, os doutos patronos
das partes, it corpos discentes e docentes do magistério das ciências jurídicas.”
Você entendeu? Nem eu.
O texto acima é uma ironia à forma extremamente culta de um petitório ou manifestação, que, sem dúvida,
está divorciado do espírito que norteia a manifestação judicial desejável. É como se o texto transmitisse, como
principal objetivo, a demonstração de conhecimento erudito, esquecendo seu criador que as peças jurídicas têm
uma finalidade que resta irremediavelmente perdida no meio desse espinhoso caminho, pois a atenção do leitor se
volta para a tentativa de decifrar e compreender aquilo que se pretende — e não para o objeto do requerimento.
No mesmo sentido, o uso de expressões que a maioria desconhece como cártula chéquica (é o nosso velho
cheque) e ‘ergástulo público’ (é a cadeia), são belos exemplos.
Outros exemplos:
Alvazir de piso: o juiz de primeira instância
Aresto doméstico: alguma jurisprudência do tribunal local
Autarquia ancilar: Instituto Nacional de Previdência Social (INSS)
Caderno indiciário: inquérito policial
Consorte virago: esposa
Digesto obreiro: Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)
Exordial increpatória: denúncia (peça inicial do processo criminal)
Repositório adjetivo: Código de Processo, seja Civil ou Penal
A escrita não precisa ser um exercício constante de demonstração da exuberância intelectual de seu autor,
mesmo porque as pessoas que o fazem geralmente só conhecem poucas palavras difíceis ou incompreensíveis.
A eficácia da redação está na utilização cirúrgica das palavras; escrever pouco, mas conferir ao texto a
noção exata do que se pretende. Nada a mais, nada a menos. Isso sim é invejável.
Repisamos, mesmo com o risco de sermos repetitivos, que as manifestações jurídicas devem ser simples.
Mas atenção: dissemos ‘simples’ e não ‘simplórias’. É extremamente importante que os arrazoados contenham uma
boa fundamentação, em especial aqueles que almejam uma decisão judicial de certa importância.
Veja o bom conselho que um juiz de Santos (SP) dá em suas aulas, citando o poeta francês Paul Valéry:
“Entre duas palavras, escolha sempre a mais simples; entre duas palavras simples, a mais curta”.
“Quem você imagina que lerá sua petição? Um juiz arrumadinho, com uma paciência enorme, que espera a
tarde inteira você chegar para trazer alguma coisa para ele ler? ” A classe se choca quando ele aconselha: “Você
tem que imaginar uma pessoa cansada, irritada, com um monte de petições para ler e que a sua será, portanto, mais
uma delas”.
Na magistratura há 15 anos, Coelho comenta que existem muitos que buscam argumentações na Internet e
as copiam só para impressionar. Com isso, o que antes era escrito em duas ou três laudas, agora é feito em 20 ou
30. “Ele aperta um ou dois botões, copia, recorta, cola”, diz o juiz.
O advogado Paulo Guilherme de Mendonça Lopes diz que o excesso de páginas em uma petição é
desnecessário. Segundo ele, a petição que mais gerou repercussão em seu escritório foi uma de apenas cinco
páginas sobre leasing. A decisão do assunto criou até jurisprudência no Superior Tribunal de Justiça (STJI: “A
verdade é muito simples de ser demonstrada em poucas páginas”.
O advogado Gustavo Castro afirma que “o direito moderno exige objetividade e concisão”. Segundo ele,
somente em casos mais específicos é preciso uma exposição mais longa do assunto.
Benditos os breves, pois deles será a gratidão dos juízes e auditórios.
Por mais espantoso que pareça, ainda hoje existem operadores do direito que vinculam sua qualidade
profissional à quantidade de folhas da petição. Seria uma espécie de termômetro de sua capacidade intelectual.
Saem, então, a apresentar uma petição com dezenas de laudas para algo relativamente simples, que poderia
ser sintetizado em poucas folhas. E isso se transforma em sua rotina. Para requerimentos de somenos importância,
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longevas e enfadonhas peças, com citações infinitas de jurisprudências, no mais das vezes sem nenhuma utilidade.
Para coisas relevantes, então, verdadeiros tratados jurídicos.
Enfim, para o exercício da nobre função jurídica diária, o simples é sempre o melhor.
PRÁTICA:
É uma característica própria do profissional do Direito e que o distingue dos demais profissionais. Daí falar-
se até num idioma particular: o “juridiquês”.
Damásio de Jesus
Tornou-se uma característica própria do profissional do Direito e que o distingue dos demais profissionais.
Daí falar-se até num idioma particular: o “juridiquês”. Neologismo não incluído nos nossos dicionários, mas sobre
o qual ninguém tem dúvida: é aquele linguajar rebuscado, pomposo, rico em citações latinas, nem sempre fiel à
lógica visto juntar várias premissas que se abrem em várias proposições visando enriquecer a argumentação. É
muito fácil, se o adepto do juridiquês não tiver uma base muito sólida de cultura geral e de conhecimento jurídico,
que ele se perca no emaranhado de palavras que redundam sem nexo e, portanto, inócuo.
Mesmo quando o jurista é aquele considerado um dos melhores do País em todos os tempos, sua fala, em
certos casos, pode induzir o interlocutor a uma confusão total. Acertou! Refiro-me a Rui Barbosa, o Águia de Haia,
e à lenda que sobre ele se conta, misto de “causo” e piada. Dizem que, certa noite, Rui chega em casa e ouve
barulho no quintal. Surpreende, então, já em cima do muro, para fugir com os objetos materiais do crime, um
ladrão que tenta levar seus patos de estimação.
Rui, não se despojando da voz altiva, vocifera contra ele:
"– Ó bucéfalo anácroto! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos emplumados bípedes, mas sim pelo ato
vil e sorrateiro de profanares o recôndito de minha residência, levando meus ovíparos à socapa e à sorrelfa. Se
fazes isso por necessidade, transijo; mas, se é para zombares da minha elevada prosopopeia de cidadão digno e
altaneiro, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto de tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te
reduzirei à quinquagésima potência do que o vulgo denomina partícula insignificante do átomo!"
O ladrão, sem pestanejar, respondeu ao mestre baiano:
"– Doutor, eu não entendi: levo ou deixo os patos?”
Ninguém, em sã consciência, duvidaria da proverbial cultura de Rui. Sabe-se que, na Conferência de Haia,
quando perguntado em qual dos dois idiomas (inglês ou francês) falaria o representante do Brasil, ele teria dito: o
representante do Brasil poderá falar na língua de seu interlocutor. É verdade que era poliglota. É fato que colocou à
porta de sua casa em Londres, quando lá morou, uma tabuleta onde se lia: Ensina-se Inglês aos ingleses. Ninguém
duvida de que era orador notável e jurista inconteste. Rui, entretanto, tinha, até mesmo por sua cultura, a dimensão
plena do peso das palavras e do significado delas. É o que se deduz de outra história que sobre ele se conta e todo
mundo conhece, segundo a qual, procurado por um fazendeiro que lhe pedia um parecer jurídico sobre contenda na
qual estava envolvido, Rui, após tomar ciência do caso, emitiu parecer de meia página. Entregou-lhe a conta: 30
contos de réis. O cliente quase caiu de costas, reclamou. Rui, sem dizer palavra, pegou de novo o papel e rasgou
com cuidado o seu nome e entregou o texto ao fazendeiro, dizendo: pode levar, é de graça. As palavras, no caso,
por mais bem elaboradas que estivessem, nada valiam sem o peso de quem as validassem.
É isso aí, meus amigos. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Não se concebe um advogado que não domine
a língua de maneira a elaborar uma petição, uma peça de acusação ou de defesa que não seja clara, precisa, correta
e, se possível, rica na dose certa de elementos que substanciem o documento. Não se pode admitir um advogado
que não consiga elaborar um pensamento lógico, corretamente expresso em língua nacional. Creio que é aí que
reside o motivo mais forte para os desastres em que se transformam os Exames de Ordem.
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
Falar difícil, pomposamente, por manifestação escrita ou verbal, não se ensina nos bancos universitários.
Um falar mais simples, mais conciso e mais direto também não se ensina nas salas de aulas. Ensina-se, ou dever-se-
ia ensinar, a falar e escrever corretamente a língua portuguesa. Aprender de fato verbos, conjugação, concordância;
estimular, se necessário, exigir leitura dos textos jurídicos e de textos da literatura universal. Muito do que se
encontra na retórica dos advogados é bebido na cultura de todos os povos e isso não é possível passar num curso de
cinco anos.
Daí que urge voltarmos ao bom Português, às leituras que podem enriquecer o nosso discurso e
fundamentar nossa tese. Dessa forma, fatalmente sairá excelente peça. De outro modo, estaremos copiando seja um
discurso empombado seja uma peça pueril, mas sempre pobre de qualidade.
Damásio de Jesus é advogado, professor de Direito Penal, Presidente do Complexo Educacional Damásio de Jesus e Diretor-Geral da
Faculdade de Direito Damásio de Jesus. Recebeu o Prêmio Costa e Silva e o Colar D. Pedro I, é Doutor Honoris Causa em Direito pela
Universidade de Estudos de Salerno (Itália) e autor de livros na área criminal.
Aguarde instruções da professora para efetuar o exercício solicitado com este texto.
Redigir é comunicar ideias sobre determinado assunto, expressando o ponto de vista do emissor. Escreve bem
quem produz bons parágrafos e os encadeiam corretamente.
Não há extensão exata para um bom parágrafo: ele tanto pode ser composto em poucas linhas, como em
toda a página, no entanto, um bom parágrafo jamais é prolixo.
Existem espécies redacionais e no Direito elas se dividem em: descrição, narração e dissertação.
Veja os exemplos:
Narração jurídica:
W S., brasileira, empresaria (...), residente e domiciliada nesta cidade (...), por seu procurador adiante assinado, com escritório
nesta cidade, vem expor e requere a V Exa. o seguinte:
1 — O companheiro da requerente, P S., há cerca de 1 ano foi diagnosticado com um tumor na laringe e, por recomendação
médica, iniciou um processo de radioterapia aliado à quimioterapia.
2 — No início, esse processo surtiu efeito, mas, depois de 6 meses, foi constado o aumento do tumor, fazendo com que as sessões
referidas acima tivessem sua dosagem aumentada,
3 — Após intensivo tratamento, a equipe médica verificou que as faculdades mentais do paciente ficaram afetadas, o que o
impossibilitou de gerir seus negócios e de reger sua própria pessoa.
4—Em face do exposto, e nos termos dos art. 1.177 e seguintes do CPC, a requerente quer promover sua interdição, para que,
verificada sua incapacidade, seja-lhe nomeada sua curadora a própria suplicante, cxvi do disposto no art. 1.775 do Código Civil.
ELEMENTOS NARRATIVOS
Para orientar a redação de estruturas narrativas, convém ater-se a seus elementos precípuos:
1. Quem: as pessoas que participam do fato jurídico.
2. O quê: apresentação clara dos fatos que direcionam a história.
3. Quando: o momento em que aconteceram as circunstâncias relatadas (tempo).
4. Onde: localização dos eventos narrados (espaço).
5. Como: modo como se desenvolveram as circunstâncias, apresentadas em uma sequência cronológica ou lógica.
6. Por que: a razão que ocasionou os fatos narrados.
7. Por isso: a consequência lógica.
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
O parágrafo que compreende a descrição vem demonstrado através da qualificação das partes. Nela, uma
caracterização do integrante da petição é exposta:
Exemplo:
Observação: Toda petição deve ser endereçada a uma autoridade judiciária. O endereçamento é o
primeiro item a ser colocado, antes da qualificação:
Exemplo:
PRÁTICA:
a) Crie uma qualificação para uma pessoa que deseja requerer em juízo a retificação de seu registro
civil, mas antes, faça o endereçamento.
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A segunda espécie, dentro da petição inicial, é a narração. Ela se apresenta através dos FATOS. Observe que uma
história é narrada para que a autoridade judicial se situe em relação ao processo apresentado.
Observe antes, a estrutura da Petição Inicial e onde a Narrativa se encaixa:
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
Portanto, em um primeiro momento, o operador deve saber endereçar, qualificar e contar com habilidade, a
história a partir da qual se pretende verificar a violação de um direito subjetivo.
1 — O companheiro da requerente, P S., há cerca de 1 ano foi diagnosticado com um tumor na laringe e, por recomendação
médica, iniciou um processo de radioterapia aliado à quimioterapia.
2 — No início, esse processo surtiu efeito, mas, depois de 6 meses, foi constado o aumento do tumor, fazendo com que as sessões
referidas acima tivessem sua dosagem aumentada,
3 — Após intensivo tratamento, a equipe médica verificou que as faculdades mentais do paciente ficaram afetadas, o que o
impossibilitou de gerir seus negócios e de reger sua própria pessoa.
4—Em face do exposto, e nos termos dos art. 1.177 e seguintes do CPC, a requerente quer promover sua interdição, para que,
verificada sua incapacidade, seja-lhe nomeada sua curadora a própria suplicante, cxvi do disposto no art. 1.775 do Código Civil.
Valorada: a história é narrada com impressões do autor, cheia de subjetividade e carregada de adjetivos.
Em face de X, brasileiro, casado, contador (...), pelos fatos e fundamentos jurídicos que passa a aduzir:
I - O consignatário, pessoa idônea, trabalhadora e pai de família, foi admitido aos quadros da consignante em 10/4/2007 para
exercer a função de contador, trabalho que desenvolve há anos de modo excepcional, foi dispensando sem justa causa em 1 0/7/2007,
mediante aviso prévio trabalhado.
PRÁTICA:
1. O texto a seguir é uma narração em que se observa a subjetividade, pois o sujeito envolvido no conflito
narra os fatos na primeira pessoa do discurso, conforme seus pontos de vista.
Desconsidere todas as passagens em que a subjetividade do narrador é predominante e produza uma
narrativa de modo objetivo, isto é, uma narrativa em terceira pessoa que apenas relate os fatos, sem qualquer
posicionamento pessoal sobre eles. Sua narrativa deve apresentar o vocabulário e o grau de formalidade adequado
ao discurso jurídico.
a) Crie um endereçamento;
b) Qualifique as duas partes;
c) Refaça a narrativa de modo objetivo.
Eu e Patrícia vivemos sob o mesmo teto, como se marido e mulher fôssemos, por mais de dez anos. Para
que isso acontecesse, tive de passar por cima de muita coisa. Minha família não aceitava nossa união e meu pai
dizia, com certa razão, que eu não tinha muito futuro ao lado dela. Patrícia estudou pouco e nunca trabalhou de
carteira assinada, mas sabe cuidar como ninguém da casa: duvido que alguém faça uma moqueca melhor que a
dela. Durante a constância dessa união de fato, tivemos filhos e construímos patrimônio. Vivemos bem por alguns
anos, quase acreditando que a nossa união seria para sempre, mas, como já disse a música, “o pra sempre sempre
acaba... ”. O ciúme que ela sente por mim gerou a discórdia entre nós. Ninguém consegue viver ao lado de uma
mulher tão ciumenta. Como ela acha que eu consegui comprar o que temos hoje? O dinheiro não cai do céu. Tive
de trabalhar muito pra conseguir tudo que temos. E, quando chegava em casa, depois de um dia longo de trabalho,
ainda tinha que ouvir que havia demorado muito, que devia estar na vadiagem: isso não é justo. Por conta de toda
essa situação, nós dois viemos aqui ao juiz, diante do Estado, para requerer o reconhecimento e a dissolução
dessa sociedade conjugal, mediante uma sentença homologatória.
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
Unidade VI
Redação jurídica e oficial – Modalidade de textos.
6.1 Procuração
Em linguagem jurídica, significa o instrumento de mandato, isto é, escrito ou documento que se outorga o
mandato e se explicitam os poderes conferidos. É o documento por meio do qual um indivíduo, chamado
mandante, confere a outra pessoa, chamada mandatário, poderes para praticar atos em seu nome e por sua conta. A
procuração pode ser particular ou por escritura pública. Conforme os poderes, a procuração recebe os seguintes
nomes: Ad judicia, em causa própria, em termos gerais, especial, procuração extrajudicial, geral, particular e outras.
Gênero comumente utilizado por várias pessoas e nas mais diversas situações.
Deverá ser escrito de próprio punho ou digitado, como também lavrado por um tabelião.
Em qualquer modalidade há o requisito de que sejam reconhecidas em cartório, conferindo maior credibilidade ao
documento.
Modelo:
PROCURAÇÃO
ou
... realizando todos os atos necessários para esse fim, dando tudo por firme e valioso, a bem deste
mandato.
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
Assinatura com firma reconhecida*
PRÁTICA:
1) Crie duas procurações: uma concedendo poderes a um amigo para efetuar matrícula na faculdade em
seu nome (procuração simples) e outra para que o mesmo amigo efetue abertura de conta poupança em
seu nome na Caixa Econômica Federal.
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
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A redação técnica pode ser definida como qualquer produção textual que usa uma linguagem objetiva,
dando preferência à eficácia e a exatidão da comunicação e eliminando marcas da subjetividade do autor
(opiniões pessoais, crenças, deduções subjetivas etc). Conforme destaca Othon Garcia (2002), “Nesses casos, a
redação oficial, a correspondência comercial e bancária, os papéis e documentos notariais e forenses constituem
redação técnica” (p. 394).
A redação técnica pode englobar variados tipos de texto, que combinam descrição, narração e
argumentação, dependendo de quem escreve, para que escreve, o que escreve. Pertencem, portanto, à redação
técnica textos como manuais de instrução, pareceres, relatórios, atas, bulas, ofícios, etc. Neste capítulo, serão
destacados apenas os textos mais utilizados na redação técnica, priorizando o esclarecimento sobre aquilo que
realmente será utilizado nas atividades práticas do curso de Direito.
No contexto jurídico e social são necessárias algumas observações. Estas variam desde o cuidado aos
objetivos do autor e observação à estrutura de cada tipo de texto até às qualidades da redação técnico-
administrativa. Para que essa comunicação seja eficiente é necessário ficar atento a algumas particularidades da
redação técnica, as quais seguem os princípios básicos de qualquer tipo de composição textual.
A bibliografia atual sobre o assunto destaca algumas exigências para se escrever um bom texto:
• Concisão: evitar detalhes e palavras desnecessários como também o uso de adjetivação excessiva e de
muitos advérbios; observar o meio termo: não ser tão conciso a ponto de a informação não ser suficiente.
• Precisão vocabular: termos com sentido preciso, vocabulário amplo.
• Uso de palavras simples e conhecidas: evitar palavras prolixas.
• Uso de frases simples e diretas: evitar frases intercaladas e com sintaxe complexa; optar por orações
coordenadas em vez de subordinadas.
• Uso limitado de verbos no gerúndio e no particípio e de tempos compostos. Evitar iniciar frases com
“sendo...”.
• Uso da língua culta: observar as regras da gramática normativa e não utilizar gírias, chavões, expressões
estereotipadas.
• Ênfase na informação.
• Exatidão: evitar palavras vagas, compridas, difíceis que podem não ser entendidas pelo receptor. Nesse
sentido, evitar o uso de alguns, quase todos, muitos, poucos, há dias... que são palavras e expressões vagas.
• Coerência de ideias: enfatizar os pontos-chave convenientemente; fazer uma transição natural entre uma
frase e outra; construir frases com sentido completo.
• Clareza: o texto deve ser tão claro que até um estrangeiro que conheça um pouquinho a língua
portuguesa possa entender a mensagem.
• Cortesia: ser educado, agradável e cortês na redação para suscitar reações positivas no receptor.
• Atenção ao receptor: um dos elementos mais importantes numa correspondência é o receptor. Evitar,
portanto, excesso de pronomes pessoais, como eu, nós.
• Simplificação: restringir a redação ao essencial. Veja: a) Acusamos o recebimento → Recebemos b)
Anteriormente citado → Citado c) Segue anexo a esta → Anexamos d) Será prontamente atendido → Será atendido
e) Um cheque nominal no valor de → Um cheque de f) O corrente mês de julho → Neste mês
ATENÇÃO!
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
Na redação dos textos oficiais, deve-se chamar atenção para algumas expressões que devem ser banidas
da redação:
a) Agradecemo-lhe antecipadamente...
b) Venho por meio deste....
c) Ansiosamente aguardamos resposta...
d) Lamentamos informar...
e) Permita-me dizer...
f) O presente ofício...
g) No devido tempo...
h) Cordiais abraços...
i) Cordiais saudações...
j) Manifestando nossas considerações e apreço, despedimo-nos.
Na redação técnica, também é preciso observar a estética: distribuir de modo harmônico o texto na folha;
não encaminhar ofícios ou requerimentos, por exemplo, em folhas cuja impressão não é de qualidade ou em folhas
amassadas. Além disso, o redator deve dominar a estrutura de cada tipo de texto. Como o objetivo das relações
comerciais é criar, manter e encerrar negociações, a correspondência comercial, para atingir seus objetivos,
submete-se à exigência de certas normas e orientações quanto à elaboração e circulação de documentos próprios ao
mundo do trabalho.
Vamos conhecer a estrutura de uma ata, de um ofício, de um requerimento e de uma mensagem eletrônica,
que são os textos mais comuns nos contextos social e jurídico.
MEMORANDO:
O memorando é a modalidade de comunicação entre unidades administrativas de um mesmo órgão, que
podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou em níveis diferentes. Trata-se, portanto, de uma forma de
comunicação eminentemente interna.
Outras características:
►Pode ter caráter meramente administrativo, ou ser empregado para a exposição de projetos, ideias, diretrizes, etc.
a serem adotados por determinado setor do serviço público.
►Sua característica principal é a agilidade.
►A tramitação do memorando em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela simplicidade de
procedimentos burocráticos.
►Para evitar desnecessário aumento do número de comunicações, os despachos ao memorando devem ser dados
no próprio documento e, no caso de falta de espaço, em folha de continuação.
Modelo de memorando:
Memorando 118/DJ
Em 12 de abril de 1991.
1. Nos termos do Plano Geral de informatização, solicito a Vossa Senhoria verificar a possibilidade de que sejam instalados três
microcomputadores neste Departamento.
2.Sem descer a maiores detalhes técnicos, acrescento, apenas que o ideal seria que o equipamento fosse dotado de disco rígido e de monitor
padrão EGA. Quanto a programas, haveria necessidade de dois tipos: um processador de textos, e outro gerenciador de banco de dados.
3. O treinamento de pessoal para operação dos micros poderia ficar a cargo da Seção de Treinamento do Departamento de Modernização,
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
chefia já manifestou seu acordo a respeito.
4. Devo mencionar, por fim, que a informatização dos trabalhos deste Departamento ensejará racional distribuição de tarefas entre os
servidores e, sobretudo, uma melhoria na qualidade dos serviços prestados.
Atenciosamente,
João Alves
Diretor da Empresa
PRÁTICA:
1. O memorando a seguir é um texto redigido por um funcionário de uma biblioteca que queria informar a
professores de uma instituição escolar que havia livros novos a serem consultados.
a) a (in)adequação da linguagem
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c) os problemas de redação:
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2. Como você deve ter observado, o bibliotecário usou as seguintes expressões: “não vai dar tempo para mim
registrar todos até sexta-feira” e “vocês podem passar a retirar eles na próxima semana”.
b) Qual a maneira adequada de estudar a colocação desses pronomes sem cometer esses pecados da língua?
"Para mim fazer" ou "para eu fazer"?
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
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REQUERIMENTO:
Quando alguém deseja solicitar alguma coisa a uma entidade, órgão, setor, deve escrever um tipo de
texto específico: o requerimento, que deve ser claro e objetivo.
PRÁTICA:
1. Assinale a alternativa que apresenta uma informação errada sobre a linguagem da redação técnica:
a) Simples, evitando-se preocupação com enfeites literários.
b) Atual, isto é, inteligível à época presente.
c) Precisa, a saber, própria, específica, objetiva.
d) Correta, com exata observância das normas gramaticais.
e) Pessoal, com o máximo de subjetividade, pois a carta comercial é lugar adequado para manifestações subjetivas
e sentimentais.
2. Suponha que você é supervisor de uma empresa e deseja fazer um curso de qualificação, para o qual precisará
se afastar das atividades profissionais por duas semanas. Redija um requerimento ao Diretor da empresa onde
você trabalha, solicitando tal afastamento. Para isso, argumente para que seu pedido seja deferido.
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
MENSAGEM ELETRÔNICA
IMPORTANTE!
☻Como o e-mail é utilizado em diversas situações comunicacionais, formais e informais, a linguagem pode variar.
☻ Em geral, os parágrafos são curtos para dar maior clareza e fluência na leitura do texto.
☻ A mensagem eletrônica apresenta estrutura-padrão de uma carta. Assim, a estrutura de uma mensagem
eletrônica compreende:
→ Vocativo
→Texto
→ Despedida
→ Assinatura
ATA :
A ata é um registro em que se relata os acontecimentos de uma reunião, assembleia ou convenção. As atas
podem ser de vários tipos: ata de assembleia geral extraordinária, ata de assembleia geral ordinária, de condomínio,
de posse, de fundação de entidade, etc. Uma das particularidades da ata é que deve ser assinada pelo presidente ou
secretário sempre e pelos participantes da reunião em alguns casos.
Ata é o resumo escrito dos fatos e decisões de uma assembleia, sessão ou reunião para um determinado fim.
1. Geralmente, as atas são transcritas à mão pelo secretário, em livro próprio, que deve conter um termo de abertura
e um termo de encerramento, assinados pela autoridade máxima da entidade ou por quem receber daquela
autoridade delegação de poderes para tanto. A autoridade também deverá numerar e rubricar todas as folhas do
livro.
Exemplo:
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
2. A ata é um documento de valor jurídico. Portanto, deve lavrada de tal forma que nada lhe poderá ser
acrescentado ou modificado.
3. Deve-se sintetizar de maneira clara e precisa as ocorrências verificadas (os fatos e decisões).
4. O texto deve ser compacto, sem parágrafos e sem espaços para evitarem-se acréscimos. Pode ser digitado,
manuscrito ou datilografado, mas sem rasuras.
5. Se houver engano no momento de escrever e o secretário notar, deve escrever a expressão “digo”, retificando a
ideia mencionada.
PRÁTICA:
1. Faça uma ata sobre a aula de hoje. Siga o exemplo fornecido pelo professor .
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OFÍCIO:
O ofício é uma correspondência oficial emitida por órgãos públicos. É proveniente de uma autoridade e
consiste em uma comunicação de qualquer assunto de ordem administrativa ou estabelecimento de uma ordem.
Distingue-se da carta por apresentar caráter público e só poder ser emitido por órgão da administração pública,
como uma secretaria, um ministério, uma prefeitura e outros. O destinatário pode ser órgão público ou cidadão
qualquer.
Ofício é uma correspondência externa usada principalmente pelos órgãos de governo e autarquias.
Deve ser impresso ou datilografado em papel tamanho ofício. Seu conteúdo é de caráter oficial. São partes de um
ofício:
Timbre ou cabeçalho: dizeres impressos na folha, símbolo da empresa, entidade, do órgão que emite o ofício.
Exemplos: Senhor Presidente, Senhor Diretor. Exemplos: Senhora Ministra, Senhor Chefe de Gabinete,
Excelentíssimo Senhor Presidente da República
Texto: exposição do assunto, devendo apresentar uma introdução (exposição do assunto: se houver mais de um
assunto, cada ideia deve ser abordada em um parágrafo distinto), um desenvolvimento (detalhamento do assunto) e
uma conclusão (reafirmação do assunto).
Fecho ou cumprimento final: serve para encerrar o texto e saudar o destinatário. Formas de fecho:
Atenciosamente para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior; Respeitosamente para autoridades
superiores, inclusive o Presidente da República.
Endereço: forma de tratamento, nome civil do receptor e cargo ou função do receptor, seguidos da localidade e
destino.
É muito comum encontrar ofício com introduções e fechos superados. Portanto observe as formas adequadas de
iniciar e encerrar a redação de um ofício.
Exemplo de OFÍCIO:
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
NOTA TÉCNICA
A Nota Técnica é, por excelência, instrumento de manifestação do Consultor Legislativo, do seu entendimento
sobre questão específica ou
assunto de caráter geral. Serve, fundamentalmente, para registrar, perante o solicitante do trabalho, dúvidas,
sugestões e pontos de vista de natureza técnica. Destina-se, também, a ressalvar a responsabilidade da Consultora
ou do Consultor sobre o trabalho elaborado, quando houver divergência entre a sua posição e a do demandante do
trabalho.
Informar a existência de normas legais ou de proposições legislativas que disciplinam, total ou parcialmente, o
conteúdo da solicitação;
Apontar a necessidade de realização de estudo mais aprofundado em razão da complexidade do tema;
Sugerir soluções ou opções não vislumbradas na solicitação;
Registrar fatos que considere relevantes.
Em decorrência, uma Nota Técnica deve ser informativa, esclarecedora, objetiva e sintética. Contudo, nas
circunstâncias em que a Nota Técnica precisar ser mais analítica, deverá desenvolver argumentação convincente e
circunscrever-se a argumentos pertinentes ao contexto.
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
Unidade VII
O discurso jurídico
O discurso jurídico é dotado de polifonia. Ou seja, além da voz narradora, outros elementos estão
presentes como vozes. É o caso das partes, testemunhas, autoridade. Para introduzi-los no discurso, pode-se usar a
referência direta ou indireta, por meio de citações e paráfrases.
As paráfrases e citações constituem um recurso frequente nos textos jurídicos. Para introduzi-las, utilizam-se os
verbos dicendi: dizer, afirmar, declarar, etc.
Dessa forma, garantimos neutralidade ao discurso, deixando a carga interpretativa para a voz introduzida.
Entretanto, se utilizarmos verbos como “destacar”, “garantir”, “asseverar”, “ponderar”, introduzimos uma
informação extra perceptível via interpretação.
Assim se constrói a modalização/modulação do discurso. Vale destacar que o discurso direto atribui
veracidade ao que foi enunciado, enquanto o indireto possibilita ao narrador carregar o enunciado de marcas
expressivas (modalizações) que melhor atendam às suas intenções.
Observe:
Modalidade do discurso:
Valores da modalidade:
Sempre com base na polaridade, a modalidade pode trazer um grau alto, médio ou baixo de julgamento.
– Grau alto:
“certamente”, “sempre”...
– Grau médio:
“provável”, “usualmente”...
– Grau baixo:
“possível”, “às vezes”...
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
A função interpessoal também ocorre por meio do metadiscurso. O metadiscurso consiste em
“comentários” do locutor que permeiam seu discurso. O metadiscurso pode ser analisado por meio de seus índices
(tarefa da interpretação).
ÍNDICES DE METADISCURSO
-Marcadores ilocucionais
-Narradores
-Salientadores
-Enfatizadores
-Marcadores de validade ou Modalizadores
-Marcadores de atitude ou Avaliadores
-Comentadores
Marcadores ilocucionais:
Narradores:
–“O diretor informou que...”
Salientadores:
–“mais necessário”, “mais importante”...
Enfatizadores:
–“sem dúvida”, “é óbvio”, “é lógico”...
Marcadores de validade:
–“pode”, “deve”, “talvez”...
Marcadores de atitude:
–
“infelizmente”, “é incrível que”, “curiosamente”...
Comentadores:
–“talvez você queira...”, “meus amigos” e todas as formas de vocativo, “vocês poderão”
PRÁTICA:
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
2) Leia o texto a seguir para posterior atividade de expressão escrita:
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Unidade VIII
Argumentação jurídica
Argumentar é...
O ENQUADRAMENTO:
Suponha que seu leitor seja um ativista pelos direitos humanos e você deseje defender no seu texto
a implantação da pena de morte. A melhor forma de começar seu texto é explicitar desde o início sua
tese?
O “enquadramento” funciona como uma delimitação e relativização das crenças do seu leitor para
que se construa nele a disposição para ouvir/ler e, possivelmente, ser convencido.
O “enquadramento” funciona por meio de uma contra argumentação inicial, tentando destituir de
autoridade e valor o argumento mais forte contrário à sua tese.
Se o argumento contrário à sua tese for irrefutável, incorpore-o ao seu discurso, relativizando-o.
Ao se construir o texto argumentativo, deve-se ter cuidado com os índices do metadiscurso que
são apropriados à estratégia argumentativa. Por exemplo, o abuso dos marcadores de atitude pode levar a
discussão das ideias para o campo do “impressionismo”.
Para não invalidar sua argumentação, é fundamental ter cuidado na escolha dos argumentos.
Argumentos falaciosos inviabilizam toda a estratégia de persuasão. No processo da argumentação, as
posições ideológicas não podem constituir argumentos de autoridade, pois sua validade só é reconhecida
pelo locutor, mas não obrigatoriamente pelos receptores. Isso é semelhante à falácia de raciocínio
circular.
Por exemplo: muitas pessoas condenariam a legalização do aborto com o argumento “de que só
Deus tem o direito de tirar a vida de alguém” . Tal argumento se torna falacioso por não respeitar a
possível condição de cético de uma parte dos leitores.
Antes de tratarmos dos tipos de argumento propriamente ditos, vale lembrar casos em que a
argumentação se dá pela via da falácia:
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
Unidade IX
Aspectos gramaticais
O domínio no uso da língua, pela sua diversidade, exige atenção a diversos fatores (quem fala, o que fala,
para que se fala, como se fala, em que ambiente se fala, etc). Outra condição básica é saber distinguir a língua culta
da língua coloquial, reconhecendo em que situações elas são adequadas ou não. Em relação ao uso da língua culta,
para evitar inadequações, são necessários conhecimentos gramaticais. É a gramática normativa que orienta a
exploração da língua culta. Nessa perspectiva, na língua portuguesa, algumas palavras e expressões, por
apresentarem a mesma pronúncia, costumam deixar dúvidas quanto à forma de escrevê-las. É o caso, por exemplo,
dos porquês.
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
PRÁTICA:
1. Complete adequadamente as lacunas com por que, por quê, porque ou porquê:
a) O setor agrícola brasileiro se desenvolve ___________ investe em novas tecnologias.
b) Sua ausência revelou-me o ____________ de tanta saudade.
c) _______________ o homem interfere cada vez mais no meio ambiente?
d) As passagens para Salvador não foram compradas _____________?
e) Indaguei-lhe ___________ aquela viagem lhe faria bem.
f) A apresentação do show ______________ aguardávamos há tempos será neste fim de semana.
g) A última eleição para prefeito foi anulada ______________ houve fraude.
h) ___________ você não trabalha?
i) Ele não estuda _________________ não quer.
j) Não trabalhas _______________?
l) Não entendo o _____________ de semelhantes atitudes.
m) Gostaria de saber _________________ não vieste à aula.
n) Eis a razão _______________ não gosto de tirar conclusões apressadas.
o) Não temos _____________ desistir.
p) De onde viera, como viera, ___________ viera, poucos o saberiam dizer.
Os termos grifados podem ser substituídos sem prejuízo de sentido pelas palavras:
a) porque – por quê – por que
b) por que – por quê – por que
c) porque – porquê – por quê
d) por que – por quê – por quê
4. Considere o destaque: “Entrou na fila e começou a chatear o camarada da frente, perguntando por que a fila era
maior”. Em qual das alternativas caberia a expressão destacada, com exatamente a mesma função?
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
5. (Unimep) – “Perguntei ..... ele não veio. Ele disse que não veio ...... choveu.” A alternativa que preenche
corretamente as lacunas é:
a) porque - porque
b) por que – porque
c) por que – por que
a) Todas corretas.
b) Todas corretas, menos a IV
c) I, III e IV.
d) II e IV corretas.
e) Todas incorretas.
Dica rápida:
DIFICULDADES ORTOGRÁFICAS:
Na língua portuguesa existem certas palavras e expressões que costumam gerar dúvidas quanto à escrita,
ao uso, ao sentido. Dependendo do contexto em que são usadas devem ser grafas de uma ou de outra forma,
obedecendo às leis de sentido e de gramática. A seguir são apresentadas algumas dessas palavras:
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
Concordância Nominal
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em gênero e número com o nome a que se referem.
Ex.: homem magro – homens magros Mulher gorda – mulheres gordas
Casos especiais:
2)Substantivos no singular e do mesmo gênero: adjetivo concorda com o mais próximo ou irá para
o masculino plural.
Ela usava vestido e blusa amarela/amarelos.
3)Substantivos no plural e de gêneros diferentes: adjetivo concorda com o mais próximo ou irá
para o masculino plural:
Ex.: Visitei uma exposição de quadros e esculturas raras/raros.
4)Substantivos de gênero e número diferentes, o adjetivo concorda com o mais próximo ou vai para
o masculino plural.
Ex.:
Admiro o folclore e as tradições gaúchas.
Admiro o folclore e as tradições gaúchos.
Admiro as tradições e o folclore gaúcho.
5)Adjetivo anteposto a dois ou mais substantivos, concordará sempre com o mais próximo.
Ex.: Avistávamos estranhos homens e mulheres
Avistávamos estranhas mulheres e homens.
No caso de anteceder nomes de pessoas, o adjetivo, na função de adjunto adnominal, deverá ir para o
plural.
Refiro-me aos notáveis Drummond e Bandeira.
6)Adjetivo na função de predicativo do sujeito, deve concordar com a totalidade dos elementos do
sujeito:
A sala e os quartos estavam desarrumados.
OBS: Se o verbo de ligação iniciar a frase, haverá duas possibilidades de concordância:
Estava desarrumada a sala e os quartos. (concordância com o mais próximo)
Estavam desarrumados a sala e os quartos. (com a totalidade)
7)O adjetivo, na função de predicativo do objeto, concorda em gênero e número com o predicativo
do objeto.
Ex.: Encontrei a janela e os portões arrombados.
Mais de dois núcleos com gêneros diferentes, vai para o masculino plural.
Ex.: Encontrei arrombados as janelas e o portão.
Observação: Se o predicativo do objeto vier anteposto a dois ou mais núcleos do objeto, ele poderá
concordar também com o núcleo mais próximo.
Ex.: Encontrei arrombadas as janelas e o portão.
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
Encontrei arrombado o portão e as janelas.
II
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
A concordância nominal no texto jurídico
a) Extraído do texto final da Reforma do Judiciário, publicado no Migalhas 1.054: 'XII - a atividade jurisdicional
será ininterrupto, sendo vedado as férias coletivas nos juízos e tribunais de segundo grau, funcionando, nos dias em
que não houver expediente forense normal, juízes em plantão permanente'.
b)A advogada Karen Maeda envia a seguinte mensagem a um professor de Português e jurista: "Prezado Professor
José Maria, gostaria de seu auxílio para dirimir uma dúvida de concordância. Falamos: "CONSIDERADA as circunstâncias
acima expostas" ou "CONSIDERADAS as circunstâncias acima expostas"? Responda a dúvida da advogada.
c) “O direito à guarda de veículos nas garagens ou locais a isso destinados nas edificações ou conjuntos de edificações será
tratada como objeto de propriedade exclusiva, com ressalva das restrições que ao mesmo sejam impostas por instrumentos
contratuais adequados, e será vinculada à unidade habitacional a que corresponder...” (art. 2°, § 1°, da Lei 4.591, de 16/12/64,
que dispôs sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias). Onde está o erro de concordância?
d) “Nos contratos do sistema de consórcio de produtos duráveis, a compensação ou a restituição das parcelas quitadas, na
forma deste artigo, terá descontada, além da vantagem econômica auferida com a fruição, os prejuízos que o desistente ou
inadimplente causar ao grupo” (art. 53, § 2°, da Lei 8.078, de 11/9/90, que dispôs sobre a proteção ao consumidor).
e) “O Banco Nacional de Habitação poderá operar em: I – prestação de garantia em financiamento obtido, no país ou no
exterior, pelas entidades integrantes do Sistema Financeiro da Habitação, destinados a execução de projetos de habitação de
interesse social” (art. 24, I, da Lei 4.380, de 21/8/64, que regulamentou os contratos imobiliários).
f) “Ficarão sujeitos à prévia aprovação do Banco Nacional da Habitação: I – as alterações dos estatutos sociais das sociedades
de crédito imobiliário; II – a abertura de agências ou escritórios das referidas sociedades; III – a cessação de operações da
matriz ou das dependências da referidas sociedades” (art. 37 da Lei 4.380, de 21/8/64, que regulamentou os contratos
imobiliários).
g) “As modificações, os acréscimos e os melhoramentos de edifício em construção, bem como os acabamentos especiais e
partes complementares das respectivas unidades autônomas, inclusive decoração permanente, serão consideradas partes
integrantes da obra, para efeito de tributação...” (art. 29 da Lei 4.864, de 29/11/65, que criou medidas de estímulo à construção
civil).
h) “As diferenças apuradas nas revisões dos encargos mensais serão atualizadas com base nos índices contratualmente
definidos para reajuste do saldo devedor e compensados nos encargos mensais subsequentes” (art. 4º, § 2º, da Lei 8.692, de
28/7/93, que definiu os planos de reajustamento das prestações de financiamento de imóveis)
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PRÁTICA:
1.Indique qual das formas verbais entre parênteses preenche adequadamente as frases a seguir, de acordo com a
variedade padrão.
2. Assinale a opção em que o verbo haver é impessoal e, portanto, não deveria estar no plural:
a) Os infratores se haverão com a Justiça.
b) No último final de semana, houveram muitos assassinatos na periferia de São Paulo.
c) Alguns políticos hão de cumprir suas promessas.
4. Os enunciados a seguir apresentam infração às regras de concordância exigidas para a escrita. Identifique tais
infrações e reescreva os trechos em que eles ocorrem de acordo com a norma culta.
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a) um dos sinais de desespero é a incoerência. Fala-se coisas que antes eram ditas de outra forma. O governo está
com esse sintoma. (Folha de São Paulo, 28 maio 2001)
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b) Como se tratam de documentos protegidos pelo sigilo bancário, a comissão decidiu não divulgar a ata da
reunião. (Folha de São Paulo, 24 ago. 2001)
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5. Assinale a alternativa em que tanto A quanto B estão adequadas à modalidade escrita padrão.
1) a. O juiz havia assinado o mandado na véspera. b. O juiz tinha assinado o mandado na véspera.
2) a. Tem vários pontos de vista diferentes. b. Trata-se de vários pontos de vista diferentes.
3) a. Havia várias pessoas descontentes com a polícia. b. Existiam várias pessoas descontentes com a polícia.
4) a. O sorteio foi suspenso porque houveram muitas reclamações no Procon. b. O sorteio foi suspenso porque
ocorreu muitas reclamações no Procon.
5. Observe a concordância estabelecida na construção “verbo + se” em dois textos da seção “Classificados”.
Vende-se terras 12ha s/ benf. Rincão da Lagoa; 20ha s/ benf.. R$ 7.000,00 por ha. F. 9785 2165.
Vende-se terreno na Prainha, lugar alto e cercado. 3743-2143.
a) Um dos textos não obedece a regra de concordância. Qual? Por quê?
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7. Complete as lacunas com uma das formas verbais indicadas entre parênteses.
a) Quando cheguei à cidade, _____ (havia – haviam) apenas dois apartamentos disponíveis para aluguel.
b) ________ (deve haver – devem haver) muitos feridos no acidente da viaduto.
c) ________ (deve existir – devem existir) muitas razões para o divórcio.
d) _______ (vai fazer – vão fazer) cinco anos que não viajo.
9. (CESCEM – SP) – Já ... anos, ... neste local árvores e flores. Hoje, só ... ervas daninhas.
a) fazem/havia/existe
b) fazem/havia/existe
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c) fazem/haviam/existem
d) faz/havia/existem
e) faz/havia/existe
PONTUAÇÃO
Quando falamos, precisamos fazer certas pausas mais ou menos prolongadas entre as partes do nosso
discurso. Algumas dessas pausas servem para retornarmos o fôlego; outras, no entanto, devem ser feitas
obrigatoriamente, caso contrário, ou não seremos entendidos, ou nossa mensagem será interpretada de forma
diferente.
A língua escrita, não dispondo dos recursos de ritmo e melodia próprios da fala, serve-se de sinais de
pontuação para marcar o sentido dos enunciados. Um texto escrito sem pontuação não tem sentido preciso. Uma
frase adquire sentidos diferentes quando pontuada de diferentes formas.
Os sinais de pontuação servem para marcar a pausa, o ritmo e a entonação na leitura e também para
substituir outros componentes específicos da língua falada, como os gestos e a expressão facial. A pontuação
facilita a leitura e torna mais claro e preciso o texto.
Veja as frases a seguir e observe o emprego de sinais de pontuação e o conteúdo de cada mensagem.
É favor não sentar: pintado.
É favor não sentar pintado.
É favor não sentar, Pintado.
EMPREGO DA VÍRGULA
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PRÁTICA:
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PRÁTICA:
9. SEPARAR ORAÇÕES COORDENADAS QUE NÃO SÃO LIGADAS PELO CONECTOR “E”
Viajou no fim de semana, foi visitar os pais. Talvez seja engano meu, mas acho que ela está mais serena agora.
OBSERVAÇÃO: separar as orações coordenadas pelo conector “e” quando o sujeito das orações não for o mesmo:
A criatura desviou-se, e as linhas se moveram.
11. QUANDO APARECER UMA ORAÇÃO INICIADA COM GERÚNDIO, ESTA ORAÇÃO DEVERÁ SER
SEPARADA, OBRIGATORIAMENTE, POR VÍRGULA.
Jamais conseguirá o apoio de seus pais, agindo impensadamente.
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Esses fatos, conforme informou o jornal, são falsos.
PRÁTICA:
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2. PONTO FINAL
A aeromoça aproximou-se:
Pois estava escrito em cima do jornal: em São Paulo, a polícia proibira comícios na rua e passeatas embora se
falasse vagamente em motins na tarde no Largo da Sé.
• introduzir palavras ou orações que servem para enumerar ou esclarecer o que se afirmou anteriormente:
Lembrei-me do nome e do tipo: era João Francisco Gregório, caboclo robusto, desconfiado.
Qualquer dia destes, embarco pra .... pra ... pra China.
Com os descobrimentos marítimos dos séculos XV e XVI, os portugueses ampliam enormemente o império de sua
língua ...
5. PONTO DE INTERROGAÇÃO
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6. PONTO DE EXCLAMAÇÃO
É usado após uma interjeição ou frase exclamativa para expressar chamamento, emoções, ordem ou pedido:
7. ASPAS
• indicar o início e o final de uma citação: Machado de Assis disse: “Deve ser um vinho enérgico a política.”
• destacar uma palavra ou expressão (como palavra estrangeira, gíria, neologismo): Os “anjinhos” já estão
prontos? O ônibus escolar chegou.
7. PARÊNTESES
Empregam-se os parênteses:
Depois do jantar (mal servido) ele saiu daquele hotel e não voltou mais.
• nas indicações bibliográficas: “Mas quando olhar a mancha viva na minha camisa, talvez faça uma careta e me
deixe passar.” (Chico Buarque)
8. TRAVESSÃO
9. PONTO-E-VÍRGULA
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• Separar, em um período de certa extensão, as partes que tenham orações já separadas por vírgulas:
Já tive muitas capas e infinitos guarda-chuvas, mas acabei me cansando de tê-los e perdê-los; há anos vivo sem
nenhum desses abrigos, e também, como toda gente, sem chapéu.
A prova constará de: a) um estudo de texto; b) cinco questões gramaticais contextualizadas; c) uma redação sobre o
tema abordado no texto.
PRÁTICA:
a) A vida para uns é bela é alegre só traz felicidade para outros um fardo pesado a carregar.
b) duas coisas pretendo conseguir neste ano um bom emprego e uma vaga numa faculdade.
c) Em entrevista à Veja o candidato tucano à presidência da república disse Lula é um cara-de-pau. Essa afirmação
marcada por uma agressividade e uma linguagem inadequada a um candidato foi considerada muito ofensiva pelos
próprios colegas de Geraldo Alckmin.
d) Beto tinha esse apelido desde criança não gostava de viajar.
2. Identifique a opção em que está corretamente indicada a ordem dos sinais de pontuação que devem substituir os
asteriscos da frase a seguir:
Quando se trata de trabalho científico * duas coisas devem ser consideradas * uma é a contribuição teórica que o
trabalho oferece * a outra é o valor prático que possa ter.
a) O mais velho, dos viajantes, disse subitamente, estou muito cansado, vamos, descer aqui.
b) O mais velho dos viajantes disse subitamente, estou muito, cansado, vamos, descer aqui?
c) O mais velho dos viajantes; disse subitamente _ Estou muito cansado; vamos descer aqui.
d) O mais velho dos viajantes disse subitamente: _ Estou muito cansado; vamos descer aqui.
e) O mais velho dos viajantes, disse subitamente: Estou muito cansado vamos, descer aqui?
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5. (CESGRANRIO) Assinale o texto de pontuação correta:
a) Não sei se disse, que, isto se passava, em casa de uma comadre, minha avó.
b) Eu tinha, o juízo fraco, e em vão tentava emendar-me: provocava risos, muxoxos, palavrões.
c) A estes, porém, o mais que pode acontecer é que se riam deles os outros, sem que este riso os impeça de
conservar as suas roupas e o seu calçado.
d) Na civilização e na fraqueza ia para onde me impeliam muito dócil muito leve, como os pedaços da carta de
ABC, triturados soltos no ar.
e) Conduziram-me à rua da Conceição, mas só mais tarde notei, que me achava lá, numa sala pequena.
6. (TTN) Das redações abaixo, assinale a que não está pontuada corretamente:
a) Os candidatos, em fila, aguardavam ansiosos o resultado do concurso.
b) Em fila, os candidatos, aguardavam, ansiosos, o resultado do concurso.
c) Ansiosos, os candidatos aguardavam, em fila, o resultado do concurso.
d) Os candidatos ansiosos aguardavam o resultado do concurso, em fila.
e) Os candidatos, aguardavam ansiosos, em fila, o resultado do concurso.
(CARLOS CHAGAS-BA) Instruções para as questões de números 7 e 8: Os períodos abaixo apresentam diferenças
de pontuação, assinale a letra que corresponde ao período de pontuação correta:
7. a) Pouco depois, quando chegaram, outras pessoas a reunião ficou mais animada.
b) Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião ficou mais animada.
c) Pouco depois, quando chegaram outras pessoas, a reunião ficou mais animada.
d) Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião, ficou mais animada.
e) Pouco depois quando chegaram outras pessoas a reunião ficou, mais animada.
9. (SANTA CASA) Os períodos abaixo apresentam diferenças de pontuação. Assinale a letra que corresponde ao
período de pontuação correta:
a) José dos Santos paulista, 23 anos vive no Rio.
b) José dos Santos paulista 23 anos, vive no Rio.
c) José dos Santos, paulista 23 anos, vive no Rio.
d) José dos Santos, paulista 23 anos vive, no Rio.
e) José dos Santos, paulista, 23 anos, vive no Rio.
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Unidade X
Leitura e características de um bom leitor.
►Um bom leitor cria possibilidades mais amplas de integração e ação social;
►Um bom leitor é aquele que capta o explícito e o implícito, as “entrelinhas” subjacentes ao texto, as intenções
do autor;
►É aquele que constrói uma leitura crítica do mundo;
►É ainda aquele que aprecia a potencialidade da língua concretizada no texto e avalia o que se diz e como as
coisas são ditas;
►Um bom leitor incorpora à leitura os seus conhecimentos prévios e as suas experiências de vida para atingir o
significado do texto.
Enfim, o bom leitor é aquele que constrói significado/sentido no texto. E a atividade de leitura é um exercício
que prepara o indivíduo para a vida em sociedade, devendo, por isso, ser cultivada e aperfeiçoada. Isso porque:
O domínio da leitura conduz ao domínio da escrita, prática indispensável no contexto atual, já que o homem
escreve para dar ordens, avisar alguém, receitar, registrar vivências, pedir, etc. inicio9-10). Para esses autores, “a
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Leitura e produção de textos para o curso de Direito
escrita já nasceu com mil utilidades” (2003, p. 9-10) e a sua invenção foi um sucesso: “veio para ficar e se espalhar
pelo mundo, e foi uma arma poderosíssima nas mãos dos povos que a dominavam, de tal forma que, hoje, os povos
que não dispõem dela dependem da escrita dos outros para sobreviverem. E, mesmo dentro de países civilizados, o
cidadão que não sabe escrever também depende dos que sabem para ficar vivo.” (2003, p. 10).
Para Faraco e Tezza, a escrita é indispensável porque amplifica a linguagem oral em dois aspectos: a
escrita atravessa o tempo e atravessa o espaço. Por romper a linha temporal, faz história – na dupla acepção do
termo. Ao ultrapassar barreiras geográficas, no envio de uma carta ou de um e-mail, por exemplo, a escrita
possibilita a construção de uma memória de informações a serem compartilhadas por pessoas de/em diversos
lugares. Essas duas peculiaridades da escrita, as quais são sintetizadas na noção de “permanência”, asseguram que
“a escrita dominou o mundo” (FARACO; TEZZA, 2003, p. 12) Se a escrita domina o mundo, o homem precisa
dominá-la para se revelar apto a interagir socialmente. Diante dessa necessidade de aprimoramento da capacidade
de expressão escrita, algumas dicas são fundamentais:
Referências:
CUNHA, Celso; CINTRA, Lidney. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
2014.
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão. Oficina de Texto. Petrópolis: Vozes, 2010.
SOUZA, Jesus Barbosa; CAMPEDELLI. Sâmara Youssef. Português: Literatura, Produção de Texto e Gramática:
volume único. São Paulo: Saraiva, 2009.
GUEDES, Paulo Coimbra; MORENO, Cláudio. Curso Básico de Redação. São Paulo: Ática, 2004.
MARTINS, Dileta Silveira; ZILBERKNOP, Lubia Scliar. Português Instrumental: de acordo com as normas atuais
da ABNT. São Paulo: Atlas, 2004.
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MEDEIROS, João Bosco. Português Instrumental. São Paulo: Atlas, 2000.
HENRIQUES, Antonio;
DAMIO, Regina Toledo. Curso de Português Jurídico. São Paulo: Atlas, 2014.
KASPARY, Adalberto J. O Verbo na Linguagem Jurídica: Acepções e Regimes. São Paulo: Livraria do Advogado,
2014.
Material de Apoio:
TEIXEIRA, Leonardo. Português Jurídico. 3ª. Ed. Rio de Janeiro: FGV, 2010.
PORTO, Ana Paula Teixeira. Caderno de Língua Portuguesa Dom Alberto / Ana Paula Teixeira Porto. – Santa
Cruz do Sul: Faculdade Dom Alberto, 2010.
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