Você está na página 1de 73

CURSO DE PREPARAÇÃO PARA O

ACESSO AO ENSINO SUPERIOR


2023-2024

Por: Carlos Marques


Docente
Todo o homem recebe duas espécies de educação: a que
lhe é dada pelos outros, e, muito mais importante, a que ele
dá a si mesmo.

Edward Gibbon

Página 2 de 73
Índice

1. Comunicação - Linguagem e língua

a) Processos de Comunicação.

b) Situação linguística de Angola.

c) Norma, desvio e nível de língua.

d) Questões de Língua:

2. Pontuação

3. Emprego correcta de palavras…

a) Formas de tratamento.

4. Translineação.

5. Estudo de textos

a) Texto não literário;

b) Textos jornalísticos.

c) Textos Científicos.

6. Questões de funcionamento da língua:

7. Pronominalização.

Página 3 de 73
1. COMUNICAÇÃO - LINGUAGEM E LÍNGUA
a) Processo de Comunicação
O processo de comunicação, ocorre quando o emissor (ou codificador)
emite uma mensagem (ou sinal) ao receptor (ou decodificador), através
de, por exemplo, uma chamada telefônica. O receptor interpretará a
mensagem que pode ter chegado até ele com algum tipo de barreira
(ruído, bloqueio, filtragem) e, a partir daí, dará o feedback ou resposta,
completando o processo de comunicação.
Elementos da Comunicação:
- Codificar: transformar, num código conhecido, a intenção da
comunicação ou elaborar um sistema de signo ou um Significado
quem aparenta objetivos comuns;
- Descodificar: decifrar a mensagem, operação que depende do
repertório (conjunto estruturado de informação) de cada pessoa;
- Feedback: corresponde à informação que o emissor consegue obter
e pela qual sabe se a sua mensagem foi captada pelo receptor.
Linguagem verbal:
as dificuldades de comunicação ocorrem quando as palavras têm graus
distintos de abstração e variedade de sentido. O significado das palavras
não está nelas mesmas, mas nas pessoas (no repertório de cada um e
que lhe permite decifrar e interpretar as palavras);
Linguagem não - verbal:
as pessoas não se comunicam apenas por palavras. Os movimentos
faciais e corporais, os gestos, os olhares, a entoação são também
importantes: são os elementos não verbais da comunicação. Os
significados de determinados gestos e comportamentos variam muito de
uma cultura para outra e de época para época. A comunicação verbal é
plenamente voluntária; o comportamento não-verbal pode ser uma
reação involuntária ou um ato comunicativo propositado.
Alguns psicólogos (e.g. Armindo Freitas-Magalhães, 2007) afirmam que
os sinais não-verbais têm as funções específicas de regular e encadear as
interações sociais e de expressar emoções e atitudes interpessoais.
A. expressão facial: não é fácil avaliar as emoções de alguém apenas a
partir da sua expressão fisionômica. Por vezes os rostos transmitem
espontaneamente os sentimentos, mas muitas pessoas tentam inibir a
expressão emocional.
B. movimento dos olhos: desempenha um papel muito importante na
comunicação. Um olhar fixo pode ser entendido como prova de
interesse, mas noutro contexto pode significar ameaça, provocação.

Página 4 de 73
C. Desviar os olhos quando o emissor fala é uma atitude que tanto pode
transmitir a ideia de submissão como a de desinteresse.
D. movimentos da cabeça: tendem a reforçar e sincronizar a emissão de
mensagens.
E. postura e movimentos do corpo: os movimentos corporais podem
fornecer pistas mais seguras do que a expressão facial para se
detectar determinados estados emocionais. Por ex.: inferiores
hierárquicos adotam posturas atenciosas e mais rígidas do que os seus
superiores, que tendem a mostrar-se descontraídos.
F. comportamentos não-verbais da voz: a entoação (qualidade,
velocidade e ritmo da voz) revela-se importante no processo de
comunicação. Uma voz calma geralmente transmite mensagens mais
claras do que uma voz agitada.
G. a aparência: a aparência de uma pessoa reflete normalmente o tipo
de imagem que ela gostaria de passar. Através do vestuário,
penteado, maquilhagem, apetrechos pessoais, postura, gestos, modo
de falar, etc, as pessoas criam uma projeção de como são e de como
gostariam de ser tratadas. As relações interpessoais serão menos
tensas se a pessoa fornecer aos outros a sua projeção particular e se
os outros respeitarem essa projeção. Relação Interpessoal -
construção da identidade (ERIKSON, 1872): - implica definir quem a
pessoa é, quais sãos seus valores e qual direção deseja seguir pela
vida.
Importância da Comunicação
O ato de comunicar-se é essencial tanto para os seres humanos e os
animais, uma vez que através da comunicação partilhamos informações e
adquirimos conhecimentos. Note que somos seres sociais e culturais. Ou
seja, vivemos em sociedade e criamos culturas as quais são construídas
através do conjunto de conhecimentos que adquirimos por meio da
linguagem, explorada nos atos de comunicação. Quando pensamos nos
seres humanos e nos animais, fica claro que algo essencial nos distingue
deles: a linguagem verbal. A criação da linguagem verbal entre os seres
humanos foi essencial para o desenvolvimento das sociedades, bem
como para a criação de culturas. Os animais, por sua vez, agem por
extinto e não pelas mensagens verbais que são transmitidas durante a
vida. Isso porque eles não desenvolveram uma língua (código) e por isso,
não criaram uma cultura.
Linguagem Verbal e Não Verbal
Importante lembrar que existem duas modalidades básicas de linguagem,
ou seja, a linguagem verbal e a linguagem não verbal.

Página 5 de 73
A primeira é desenvolvida pela linguagem escrita ou oral, enquanto a
outra pode ocorrer por meio de gestos, desenhos, fotografias, dentre
outros.
Meios de Comunicação
Os meios de comunicação representam um conjunto de veículos
destinados à comunicação, e, portanto, se aproximam do chamado
“Canal de Comunicação”.
Eles são classificados em dois tipos: individual ou de massa (comunicação
social). Ambos são muito importantes para difusão de conhecimento
entre os seres humanos na atualidade, por exemplo: a televisão, o rádio,
a internet, o cinema, o telefone, dentre outros.

Tipos de Comunicação
De acordo com a mensagem transmitida a comunicação é classificada de
duas maneiras:
 Comunicação verbal: uso da palavra, por exemplo na linguagem
oral ou escrita.
 Comunicação não verbal: não utiliza a palavra, por exemplo, a
comunicação corporal, gestual, de sinais, dentre outras.

Componentes que constituem o processo comunicativo


Os elementos da comunicação são componentes que estão presentes
no processo comunicativo estabelecido entre emissor e receptor. Isto é, a
troca de mensagens entre o falante e o ouvinte é constituído por esses
componentes. Antes é importante saber o que é a comunicação. O termo
é derivado do latim “communicare”, que significa “partilhar, tornar
comum, participar de algo”. Como uma característica especialmente
humana, é por meio da comunicação que é possível estabelecer uma
interação entre as pessoas, desde que tenham um código pré-
determinado. O processo comunicacional é algo tão cotidiano que
praticamente não é possível ver os elementos da comunicação, mas eles
estão lá. Esses elementos da comunicação estão presentes em cada
momento do processo comunicativo, desde a saída da mensagem do
emissor até a chegada da mensagem no receptor. A comunicação pode
ser verbal ou não verbal, ou seja, ela pode se dá por meio da linguagem
oral ou escrita ou por meio de gestos, expressões corporais, sinais,
entre outros. Contudo, independentemente de ser comunicação verbal ou
não verbal, os elementos da comunicação estão presentes em qualquer
processo comunicativo. O mesmo vale para linguagem verbal e não
verbal, pois a comunicação pode ser estabelecida também pela
linguagem verbal e não verbal. Na linguagem não verbal, além dos
gestos e sinais, pode ocorrer por fotografias, imagens, desenhos, etc.
Página 6 de 73
O semáforo corresponde ao código, a linguagem e a comunicação não verbal. (Foto: Pixabay)

No processo comunicativo estão presente os elementos da comunicação


que são seis: emissor, código, mensagem, canal, receptor e referente.

Elementos da comunicação:
1. O emissor
Também chamado de falante ou locutor, o emissor é aquele que
transmite a mensagem. Ou seja, é o sujeito que se manifesta por meio
do código escolhido por ele e envia a mensagem ao receptor.
Assim, o emissor pode ser o primeiro elemento da comunicação que inicia
o processo comunicativo. Além disso, ele deve estar ciente de que o
código por ele escolhido deve ser o mesmo compartilhado com o emissor.
Pois, caso o receptor e emissor não compartilhem do mesmo código, a
mensagem não é decodificada ou entendida.
2. Quanto ao código
O código é o conjunto de sinais escolhidos pelo emissor que são
usados no processo comunicativo para a transmissão da mensagem. É o
código que é decodificado pelo receptor. O código usado na comunicação
pelo emissor deve ser um código pré-estabelecido entre ele e o receptor,
pois caso os dois não compartilhem do mesmo código, a comunicação
será falha e não será estabelecida. O código utilizado no processo
comunicativo pode vir de várias formas, verbal ou não verbal. Esse
código pode ser por sinais, gestos, sons, textos, desenhos, etc.
Os idiomas, libras e os sinais de trânsito são tipos de código.
Exemplo: em uma conversa entre um surdo-mudo que usa a língua dos
sinais (libras) e uma pessoa que usa a linguagem oral.

Página 7 de 73
Quando o surdo-mudo que se comunica por Libras tentar estabelecer
uma comunicação com essa outra pessoa, a comunicação só será
possível se ambos tiverem a código (libras) em comum.
Se ambos não compartilharem do mesmo código (línguas dos sinais) a
comunicação não será estabelecida, pois o receptor não tem o
conhecimento para decodificar a mensagem.
3. Quanto a mensagem
A mensagem é o objeto da comunicação. É o assunto que é tratado na
comunicação estabelecida entre o emissor e o receptor.
A mensagem pode ser abordada por meio de uma conversa do dia a dia,
em um vídeo aula, entre outros.
4. Quanto ao canal
O canal pode ser considerado como o meio em que a mensagem é
transmitida, podendo ser físico ou virtual. É pelo canal que a
mensagem circular até que chegue no seu destino.
Isto é, o canal é o responsável por assegurar que ocorra o contato entre
o emissor e o receptor. Pode ser de forma sonora ou por
palavras escritas, por exemplo.
5. Quanto ao receptor
O receptor também pode ser chamado de interlocutor, destinatário
(como nos correios) ou ouvinte. Ele é quem recebe a mensagem
transmitida pelo locutor. Presumindo que o falante e o ouvinte
compartilham do mesmo código, cabe ao receptor decodificar a
mensagem. Desta maneira, o processo de decodificação é exatamente o
entendimento que o interlocutor tem sobre a mensagem. Vale ressaltar
que a comunicação não acaba aqui, pois para que ela seja completa é
necessário que haja um retorno, uma resposta do receptor que então
passa a ser o emissor.
6. Quanto ao referente
O referente também é chamado de contexto. Isto é, é o assunto que é
tratado no conteúdo que compõe a mensagem. O referente, assim como
o código, deve ser compartilhado entre o emissor e o receptor. Isto
porque o contexto também pode ser constituído pelo espaço e tempo do
falante. Logo, o referente é tudo aquilo que engloba os elementos da
comunicação.
ATENÇÃO: vale ressaltar que não há uma ordem estabelecida dos
elementos da comunicação. A ordem colocada aqui é apenas para fins
didáticos, para melhor compreensão do assunto.

Página 8 de 73
Quanto ao ruído
O ruído é qualquer interferência que possa atrapalhar a comunicação
entre o emissor e o receptor. Mesmo não sendo um dos elementos da
comunicação, ele pode aparecer em alguns momentos comunicativos.
Contudo, o intuito do ruído é apenas atrapalhar o processo comunicativo.
Até mesmo o silêncio (a ausência de som) é considerado um ruído, pelo
simples fato de se tratar de uma interferência comunicacional.
Por exemplo: há duas pessoas conversando em um ponto de ônibus e
em um momento da conversa passa uma ambulância com a sirene
ligada. Naquele momento o som da conversa entre as duas pessoas é
abafada. Neste caso, houve um momento em que ambas não escutaram
o que uma disse a outra e para isso as falas tiveram que ser repetidas.
Assim, a sirene da ambulância foi um ruído que interferiu naquela
comunicação. Nesse exemplo citado a interferência foi externa, mas pode
acontecer do ruído acontecer em um dos elementos da comunicação. Por
exemplo, a falha da ligação em que o ruído ocorre no canal da
mensagem.
Funções da linguagem e os elementos da comunicação
Todos os elementos da comunicação possuem uma função da
linguagem que foi determinada pelo linguista Roman Jakobson.
Segundo Jakobson, cada elemento assume uma finalidade no ato
comunicativo. As funções da linguagem são: função emotiva ou expres-
siva (centrada no emissor), função conativa ou apelativa (centrada no
receptor), função poética (centrada na mensagem), função referencial ou
denotativa (centrada no assunto), função fática (centrada no canal)
e função metalinguística (centrada no código).

Página 9 de 73
CINCO ETAPAS DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

A comunicação é um processo que se pode aprender a dominar e ser


mais eficiente. Entender as etapas desse processo é essencial para se
tornar um melhor comunicador. Uma vez que tenha aprendido os passos
básicos, você poderá fazer esforços conscientes para comunicar-se com
mais eficácia. Embora as opiniões sobre quantas etapas existem nesse
processo sejam divergentes, um processo básico de cinco passos é mais
útil e fácil de compreender.

1. A ideia
O primeiro passo do processo é a criação da mensagem ou ideia que
você quer transmitir para seu público. A comunicação pode ocorrer em
uma série de níveis e em diferentes formatos. Portanto, é necessário
escolher como sua ideia será repassada e a quem ela se dirige. A ideia
ou mensagem deve ser apropriada para o tipo e o tamanho do público.

2. Transmitindo a mensagem
Assim que a ideia for criada e o público selecionado, é preciso seguir
para o próximo passo que é transmitir a mensagem. Essa pode ser
expressa de diversas formas: verbalmente, por escrito ou por meios
mais sutis como um treinamento prático. É fundamental escolher o meio
mais apropriado para comunicar a mensagem. Por exemplo, não mande
uma mensagem romântica para sua amada por mensagens de texto ou
e-mail. Escolher o meio certo pode afetar como a mensagem é recebida.

Página 10 de 73
3. Recepção da mensagem
Depois que a mensagem é transmitida para o destinatário e pelo meio
correto, o receptor a recebe. A recepção da mensagem é muito
importante para o processo da comunicação porque o receptor é quem
determina se ela foi transmitida parcial ou totalmente. Algumas pessoas
têm audição seletiva e podem escutar somente parte do que foi dito.
Outras podem ouvir ou ler e se lembrar de cada palavra. A extensão de
quanto a mensagem foi assimilada desempenha um papel importante
para o próximo passo da comunicação.

4. Interpretação
A interpretação da mensagem segue seu recebimento. A partir do
momento em que a mensagem é recebida, o receptor determina o que
ela significa para ele. Caso ele tenha escutado somente parte da
mensagem ou se tiver capacidade de entendimento limitada, pode ser
que interprete diferentemente do que foi pretendido. Mesmo que a
mensagem tenha sido escutada inteiramente, ela pode ser mal
interpretada.

5. Resposta e retorno
O receptor da mensagem original interpreta a informação e então
formula uma resposta apropriada para ela. A resposta dependerá do
quanto a mensagem foi assimilada e se foi ou não interpretada
corretamente. O tipo de resposta dependerá de como a informação foi
interpretada ou do que havia sido requerido pela pessoa. É aqui que o
retorno é importante. Se a mensagem não tiver sido escutada ou
interpretada de forma correta, é necessário que o remetente ofereça um
retorno adicional a quem recebeu a mensagem. Isso só pode ser feito
após a mensagem ter sido interpretada. O remetente da mensagem
deve determinar se o receptor interpretou direito e providenciar um
retorno a mais para garantir a interpretação correta.

Página 11 de 73
b) Situação Linguística do Pais
Lingua Bantu e Lingua não Bantu
As Línguas Bantu são um ramo da família linguística Nígero-Congolesa,
falados pelos povos Bantu na África Subsaariana. O número total destas
línguas varia de 440 a 680, dependendo da definição de Língua versus
Dialeto. O idioma Bantu com o número maior de falantes é o Suaíle.
Outras línguas bantus importantes são o Zulu, o Ruanda-Rundi e o Ndau-
Shona. 350 milhões de pessoas falam pelo menos, uma destas Línguas.
30% da população Africana e 5% da Mundial. Mas espera-se que o
número de falantes destes idiomas aumente muito, por causa do alto
crescimento populacional na África Subsaariana.
História
Os idiomas bantos foram classificados por Malcolm Guthrie em 1948 em
grupos de acordo com zonas geográficas. Guthrie também reconstruiu
o protobanto como a protolíngua deste grupo de idiomas. A atual
abrangência do grupo linguístico deve-se à expansão banta, que
provavelmente ocorreu há aproximadamente 2000 anos. A pala-
vra bantu é uma reconstrução do protobanto criada pelo linguista
alemão Wilhelm Bleek com o significado de povo ou gente. A palavra é
formada a partir do radical _ntu referindo-se a um ser humano e o
prefixo ba_ para indicar o plural, comum a muitas das línguas bantas.
Bleek e mais tarde Carl Meinhof fizeram estudos comparativos das
gramáticas destas línguas.

Localização aproximada das 16 zonas bantus (com a zona J incluída)

Página 12 de 73
Existe alguma controvérsia sobre a identidade de alguns idiomas bantos,
que alguns linguistas consideram dialetos de uma língua. Em Moçam-
bique, por exemplo, a língua principal do sul do país é a língua tsonga,
embora os seus dialetos, changana, ronga e xitswa sejam muitas vezes
considerados línguas separadas.

Estrutura
A característica gramatical mais proeminente dos idiomas bantos é o uso
extensivo de prefixos. Cada substantivo pertence a uma classe e cada
idioma pode ter aproximadamente dez classes, um pouco como gêneros
em idiomas europeus. A classe é indicada por um prefixo no substantivo,
como também em adjetivos e verbos que concordam com aquele. O
plural é indicado por uma mudança de prefixo. O verbo tem vários
prefixos. Por exemplo, em suaíli "Mtoto mdogo amekisoma" significa "A
criança pequena leu isto" (um livro). Mtoto, "criança", governa o prefixo
do adjetivo m - , e o sujeito do verbo com o prefixo a - . A seguir vem o
tempo do verbo (perfeito) -me - e um marcador de objeto -ki -
concordando com kitabu (implícito), livro. O plural desta frase é: Watoto
wadogo wamekisoma; se usarmos o plural para livros (vitabu ), a frase
torna-se: Watoto wadogo wamevisoma. O idioma banto com o número
maior de falantes é o suaíle; analisando a história deste idioma,
alguns linguistas acreditam que os idiomas bantos formam um contínuo
desde línguas tonais até idiomas sem nenhum tom. Outros idiomas
bantos importantes incluem o lingala, o luganda, o quicongo, o quimbun-
do,o umbundo, o chócue, e o nianja na África Central e Oriental, e
o xona, o ndebele do norte, o tsuana, o sesotho, o zulu, o xhosa,
o ovambo, o sepedi, e o suázi na África Meridional.

Denominações
Alguns idiomas bantos são vulgarmente conhecidos pelos não africanos
pelo nome sem o prefixo que funciona como um artigo definido
(Swahili para Kiswahili, Zulu para isiZulu, etc.), mas a forma nua não
acontece tipicamente no idioma: no Botswana as pessoas são batswana,
uma pessoa é um motswana, e o idioma é sempre setswana.

As principais características dos povos bantos


Os bantos não constituem toda a população africana nativa ao sul do
Saara. ... Ao contrário dos khoisan, caçadores nômades, os bantos já
desde o início praticavam a agricultura, caça e a pesca. Além disso,
conheciam a metalurgia, o que deu grande vantagem na conquista
dos povos vizinhos.
O núcleo original dos povos bantos

Página 13 de 73
História. Os bantus são provavelmente originários dos Camarões e do
sudeste da Nigéria. Por volta de 2 000 a.C., começaram a expandir seu
território na floresta equatorial da África central. Os bantus contribuíram
também com seu culto aos ancestrais e as práticas medicinais e
ritualísticas que favoreceram o nascimento da Umbanda. Não só no dia a
dia carioca, mas em todo o Brasil, línguas bantus como: kikongo,
Kimbundo, kioko e umbundo influíram linguagem atual.
A cultura do Reino do Congo teve influência decisiva em
ritmos brasileiros como o SAMBA, a BOSSA NOVA , a CONGADA, o
PAGODE e entre outras... Também são de origem banta o berimbau, a
cuíca e a capoeira. A maioria absoluta dos escravizados Bantu teve uma
influência crescente cultural (língua, cultura), que deu à luz a um
importante patrimônio cultural no Brasil, tais como: Samba, Capoeira,
Maracatu, e o Candomblé Angola-Congo, os quilombos, que vamos falar
nas linhas seguintes. Na colônia, os escravos aprendiam o português,
eram batizados com nomes portugueses e obrigados a se converter ao
catolicismo. Os africanos contribuíram para a cultura brasileira em uma
enormidade de aspectos: dança, música, religião, culinária e idioma.
Os iorubás são um povo do sudoeste da Nigéria, no Benim (antiga
República do Daomé) e no Togo. Historicamente, habitavam o Reino de
Queto (atual Benim) e o Império de Oió, na África Ocidental.

Bantos e iorubás?
Em geral, as estatuetas iorubás eram feitas de madeira, terracota,
pedra, cerâmica, cobre, latão ou bronze, uma evidência de que eles já
conheciam técnicas de metalurgia. Além disso, a arte iorubá tinha a
religião dos orixás e o culto aos antepassados como temas centrais. O
termo “banto” significa povo ou homens.

Página 14 de 73
c) Norma, desvio e nível de língua.
FUNÇÕES DA LINGUAGEM
As funções da linguagem são formas de utilização da linguagem
segundo a intenção do falante. Elas são classificadas em seis tipos:
função referencial, função emotiva, função poética, função fática, função
conativa e função metalinguística. Cada uma desempenha um papel
relacionado com os elementos presentes na comunicação: emissor,
receptor, mensagem, código, canal e contexto. Assim, elas determinam o
objetivo dos atos comunicativos.
Embora haja uma função que predomine, vários tipos de linguagem
podem estar presentes num mesmo texto.
1. FUNÇÃO REFERENCIAL
Função Referencial ou Denotativa
Também chamada de função informativa, a função referencial tem
como objetivo principal informar, referenciar algo.
Voltada para o contexto da comunicação, esse tipo de texto é escrito
na terceira pessoa (singular ou plural) enfatizando seu caráter
impessoal.
Como exemplos de linguagem referencial podemos citar os materiais
didáticos, textos jornalísticos e científicos. Todos eles, por meio de
uma linguagem denotativa, informam a respeito de algo, sem envolver
aspectos subjetivos ou emotivos à linguagem.
Exemplo de uma notícia
Na passada terça-feira, dia 22 de setembro de 2015, o real teve a
maior desvalorização da sua história. Nesse dia foi preciso
desembolsar R$ 4,0538 para comprar um dólar. Recorde-se que o
Real foi lançado há mais de 20 anos, mais precisamente em julho de
1994.
2. FUNÇÃO EMOTIVA
Função Emotiva ou Expressiva
Também chamada de função expressiva, na função emotiva o emissor
tem como objetivo principal transmitir suas emoções,
sentimentos e subjetividades por meio da própria opinião.
Esse tipo de texto, escrito em primeira pessoa, está voltado para o
emissor, uma vez que possui um caráter pessoal.
Como exemplos podemos destacar: os textos poéticos, as cartas, os
diários. Todos eles são marcados pelo uso de sinais de pontuação, por
exemplo, reticências, ponto de exclamação, etc.

Página 15 de 73
Exemplo de e-mail da mãe para os filhos
Meus amores, tenho tantas saudades de vocês … Mas não se
preocupem, em breve a mamãe chega e vamos aproveitar o tempo
perdido bem juntinhos. Sim, consegui adiantar a viagem em uma
semana!!! Isso quer dizer que tenho muito trabalho hoje e amanhã....
Quando chegar, quero encontrar essa casa em ordem, combinado?!?
3. FUNÇÃO POÉTICA
Função Poética
A função poética é característica das obras literárias que possui como
marca a utilização do sentido conotativo das palavras.
Nessa função, o emissor preocupa-se de que maneira a
mensagem será transmitida por meio da escolha das palavras, das
expressões, das figuras de linguagem. Por isso, aqui o principal
elemento comunicativo é a mensagem.
Note que esse tipo de função não pertence somente aos textos
literários. Também encontramos a função poética na publicidade ou
nas expressões cotidianas em que há o uso frequente de metáforas
(provérbios, anedotas, trocadilhos, músicas).
Exemplo de uma história sobre a avó
Apesar de não ter frequentado a escola, dizia que a avó era um poço
de sabedoria. Falava de tudo e sobre tudo e tinha sempre um ponto
de vista a apresentar.
4. FUNÇÃO FÁTICA
Função Fática
A função fática tem como objetivo estabelecer ou interromper a
comunicação de modo que o mais importante é a relação entre o
emissor e o receptor da mensagem. Aqui, o foco reside no canal de
comunicação.
Esse tipo de função é muito utilizada nos diálogos, por exemplo, nas
expressões de cumprimento, saudações, discursos ao telefone, etc.
Exemplo de uma conversa telefônica
— Consultório do Dr. João, bom dia!
— Bom dia! Precisava marcar uma consulta para o próximo mês, se
possível.
— Hum, o Dr. tem vagas apenas para a segunda semana. Entre os
dias 7 e 11, qual a sua preferência?
— Dia 8 está ótimo.
5. FUNÇÃO CONATIVA
Função Conativa ou Apelativa
Também chamada de apelativa, a função conativa é caracterizada por
uma linguagem persuasiva que tem o intuito de convencer o
leitor. Por isso, o grande foco é no receptor da mensagem.
Página 16 de 73
Essa função é muito utilizada nas propagandas, publicidades e
discursos políticos, a fim de influenciar o receptor por meio da
mensagem transmitida.
Esse tipo de texto costuma se apresentar na segunda ou na terceira
pessoa com a presença de verbos no imperativo e o uso do vocativo.
Exemplos
 Vote em mim!
 Entre. Não vai se arrepender!
 É só até amanhã. Não perca!
6. FUNÇÃO METALINGUÍSTICA
Função Metalinguística
A função metalinguística é caracterizada pelo uso da metalinguagem,
ou seja, a linguagem que refere-se à ela mesma. Dessa forma, o
emissor explica um código utilizando o próprio código.
Um texto que descreva sobre a linguagem textual ou um
documentário cinematográfico que fala sobre a linguagem do cinema
são alguns exemplos.
Nessa categoria, os textos metalinguísticos que merecem destaque
são as gramáticas e os dicionários.
Exemplo
Escrever é uma forma de expressão gráfica. Isto define o que é
escrita, bem como exemplifica a função metalinguística.
Funções da Linguagem e Comunicação
Abaixo, você encontra um diagrama com as funções da linguagem e
sua relação com os elementos da comunicação:

Página 17 de 73
d) Questões de Língua
NÍVEIS DE LÍNGUA
A língua apresenta-se como património comum, principal meio e
instrumento de identidade do ser humano, e unidade nacional. A
expressão "registos linguísticos" designa os diversos estilos que um
falante pode (ou deve) usar de acordo com a situação comunicativa em
que participa. Para além disto, as intenções e os objetivos de cada
indivíduo na situação de comunicação e o seu nível social e/ou cultural
condicionam o nível de língua utilizado. Os níveis de língua são
variedades de realizações da língua e dependem, assim, quer do nível
cultural, do meio social ou da situação em que se encontra o emissor e
do recetor a quem se dirige, quer dos estados de evolução da língua
através dos tempos. A utilização da língua pelos diferentes falantes
depende de vários factores: geográficos, etários, culturais, sócio
económicos, profissionais, situacionais.

2.1. LINGUAGEM NORMA OU PADRÃO


2.2. LÍNGUAGEM CUIDADA (CULTA)
2.3. LÍNGUA LITERÁRIA E POÉTICA
2.4. LINGUAGEM TÉCNICA E CIENTÍFICA
2.5. LÍNGUAGEM FAMILIAR
2.6. LÍNGUAGEM POPULAR OU COMUM
2.6.1. GÍRIA
2.6.2. CALÃO
2.6.3. REGIONALISMO
2.6.4. VULGAR
2.6.5. EXTRANGERISMO
2.7. LÍNGUA MISTA (CRIOULO)

2.1. LINGUAGEM NORMA OU PADRÃO


A língua padrão é constituída por um sistema de signos e regras
próprias de uma comunidade linguística, que permitem a todos os
sujeitos falantes comunicarem entre si e compreenderem-se
mutuamente, sejam eles de cultura rudimentar ou de elevada cultura.
Aproximam-se da língua padrão os textos dos manuais escolares, a
linguagem do professor e dos alunos nas aulas e todos os textos
expositivos em que se vise a clareza e a compreensão fácil.

Página 18 de 73
Corresponde à norma (acessível à maioria das pessoas). O emissor
utiliza uma linguagem simples mas correcta, constituída por
palavras, expressões e construções mais usuais. Vocabulário usual,
ao alcance de todos.
Uso:
Código oral rádio; televisão; conversação
Código escrito comunicações escritas comuns; imprensa

Exemplos:
"Todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de
oportunidades de acesso e êxito escolar.
(Constituição da República, art. 74)
Grande prosador e poeta, personalidade marcante do neo-realismo,
que resistiu à tendência panfletária» pela sobriedade e encanto da
sua narrativa e poesia - assim pode sintetizar-se a opinião de figuras
prestigiadas das nossas letras sobre Manuel da Fonseca, ontem
falecido.
(Ana Marques Gastão, in Diário de Notícias, 12/03/93)

2.2. LÍNGUAGEM CUIDADA (CULTA)


A língua que encontramos nos discursos parlamentares, nas
conferências. Usa um vocabulário mais seleccionado e menos usual.
O emissor utiliza vocabulário escolhido: menos vulgar, mais rico;
preocupa-se com a construção das frases (construção frásica
elaborada).
Uso:
Código oral escrita de carácter literário, discursos;
comunicações, conferências, etc.
Código escrito Cartas técnicas e comerciais e documentos
oficiais; crónicas jornalísticas

Exemplos:

Namoro
Mandei-lhe uma carta em papel perfumado
e com letra bonita eu disse ela tinha
um sorrir luminoso tão quente e gaiato
como o sol de Novembro brincando
de artista nas acácias floridas
espalhando diamantes na fímbria do mar
e dando calor ao sumo das mangas
Sua pele macia - era sumaúma...
Página 19 de 73
Sua pele macia, da cor do jambo, cheirando a rosas
sua pele macia guardava as doçuras do corpo rijo
tão rijo e tão doce - como o maboque...
Seus seios, laranjas - laranjas do Loje
seus dentes... - marfim...
Mandei-lhe essa carta
e ela disse que não.
Mandei-lhe um cartão
que o amigo Maninho tipografou:
"Por ti sofre o meu coração"
Num canto - SIM, noutro canto - NÃO
E ela o canto do NÃO dobrou
Mandei-lhe um recado pela Zefa do Sete
pedindo, rogando de joelhos no chão
pela Senhora do Cabo, pela Santa Ifigenia,
me desse a ventura do seu namoro...
E ela disse que não.
Levei á Avo Chica, quimbanda de fama
a areia da marca que o seu pé deixou
para que fizesse um feitiço forte e seguro
que nela nascesse um amor como o meu...
E o feitiço falhou.
Esperei-a de tarde, á porta da fabrica,
ofertei-lhe um colar e um anel e um broche,
paguei-lhe doces na calçada da Missão,
ficamos num banco do largo da Estátua,
afaguei-lhe as mãos...
falei-lhe de amor... e ela disse que não.
Andei barbudo, sujo e descalço,
como um mona-ngamba.
Procuraram por mim
"-Não viu...(ai, não viu...?) não viu Benjamim?"
E perdido me deram no morro da Samba.
Para me distrair
levaram-me ao baile do Sô Januario
mas ela lá estava num canto a rir
contando o meu caso
as moças mais lindas do Bairro Operário.
Tocaram uma rumba - dancei com ela
e num passo maluco voamos na sala
qual uma estrela riscando o céu!
E a malta gritou: "Aí Benjamim !"

Página 20 de 73
Olhei-a nos olhos - sorriu para mim
pedi-lhe um beijo - e ela disse que sim.

2.3. LÍNGUA LITERÁRIA E POÉTICA


Apresenta as características da língua cuidada, mas assume desvios da
norma mais arrojados: figuras de estilo e palavras estudadas para
criar ambientes emotivos e poéticos.

O emissor utiliza um vocabulário muito rico e sugestivo; procura


elaborar imagens e efeitos rítmicos e sonoros; constrói frases muito
elaboradas.
Uso:
Código oral sermões; discursos
Código obras literárias
escrito

Exemplo
Adeus à hora da largada
Minha Mãe
(todas as mãe negras
cujos filhos partiram)
tu me ensinaste a esperar
como esperaste nas horas difíceis
Mas a vida
matou em mim essa mística esperança
Eu já não espero
sou aquele por quem se espera
Sou
eu minha Mãe
a esperança somos nós
os teus filhos
partidos para uma fé que alimenta a vida
Hoje
somos as crianças nuas das sanzalas do mato
os garotos sem escola a jogar a bola de trapos
nos areias ao meio-dia
somos nós mesmos
os contractados a queimar vidas nos cafézais
os homens negros ignorantes
que devem respeitar o homem branco
e temer o rico
somos os teus filhos
Página 21 de 73
dos bairros de pretos
além aonde não chega a luz eléctrica
os homens bêbedos a cair
abandonados ao ritmo dum batuque de morte
teus filhos
com fome
com sede
com vergonha de te chamarmos Mãe
com medo de atravessar as ruas
com medo dos homens
nós mesmos
Amanhã
entoaremos hinos à liberdade
quando comemorarmos
a dacta da abolição desta escravatura
Nós vamos em busca de luz
os teus filhos Mãe
(todas as mães negras
cujos filhos partiram)
vão em busca de vida.
(in "Sagrada Esperança", Agostinho Neto,
Obra Poética Completa, página 25)

2.4. LINGUAGEM TÉCNICA E LINGUAGEM CIENTÍFICA


A Linguagem Técnica é constituída por palavras relativas a
determinada profissão e se usam nesse contexto: um mecânico de
automóveis conhece o nome de todas as peças de um motor, o que
não sucede a qualquer falante. A Linguagem Cientifica, afasta-se da
língua comum porque se refere a questões da Medicina, da Físico-
Química, da Biologia, etc..
"Na busca de inteligência artificial, os chips de silício, que movem os
computadores de hoje, vão dar aos biochips - chips feitos de material
biológico para imitar as reacções químicas e eléctricas do cérebro. "
(Sérgio Vieira, in Semanário, 1990-02-03)

2.5. LÍNGUA FAMILIAR


A língua familiar é simples, não se afastando muito da língua padrão.
Os falantes dão a impressão de se conhecerem bem.

Página 22 de 73
O emissor utiliza um vocabulário usual (muito simples e pouco
variado); constrói frases muito simplificadas.
Uso:
Código oral conversação informal
Código Cartas particulares; na linguagem literária, se procura
escrito reproduzir a língua falada

Exemplos:
1
Olá, Pedro!
Penso muito em vocês: na São, no Manecas e na tua mamã. Envia
novas daí.
Quando começar a trabalheira das aulas eu te contarei outras coisas.
Tua amiga,

2
_ Deus te abençoe.
_ Pai, olhe que o Sultão...
Bem sei! (...) 0 Sultão é um maroto e tu és outro.
(Trindade Coelho, «Sultão», in Os Meus Amores)

2.6. LÍNGUAGEM POPULAR OU COMUM


A língua popular é muito simples, sem palavras eruditas e desvia-se da
norma, quer na fala, quer na escrita. As características da língua
popular variam com as regiões do país (Regionalismos) e com os
diferentes tipos sociais (Gírias e Calão)
O emissor utiliza um vocabulário pitoresco; constrói frases por vezes
incorrectas.
Uso:
Código oral conversação
Código textos literários que pretendem reproduzir esta língua
escrito

2.6.1. Gírias
São linguagem própria de certos grupos sociais, de certas
profissões que usam um vocabulário próprio, geralmente com a
finalidade de não serem compreendidos por indivíduos estranhos
ao seu grupo. A gíria é um estilo associado à linguagem
coloquial/popular como meio de expressão cotidiana. Ela está
relacionada ao cotidiano de certos grupos sociais e podem ser

Página 23 de 73
incorporadas ao léxico de uma língua conforme sua intensidade
e frequência de uso pelos falantes, mas, de maneira geral, as
palavras ou expressões provenientes das gírias são utilizadas
durante um tempo por um certo grupo de usuários e depois são
substituídas por outras por outros usuários de outras gerações. É o
caso, por exemplo, de uma gíria bastante utilizada pelos falantes
nas décadas de 80 e 90: “chuchu, beleza”, mas que, atualmente,
está quase obsoleta, ou ainda nos anos 90 e 2000, “Mboa,
Madié, Wuii, nduta, Cobelé, Poliangue, bandeira, pin e puk,
os Madalenos”

Exemplos:
_ Ó pá, os profes deram-te feriado?
_ Não... Tive de fazer cábulas para o teste. Tenho de acabar com
a nega...
(Diálogo de estudantes)

- Aí vai um saco, ó tu! É pràs «rabeiras». Que não fique nem um


grão, ouviram? E aviar, toca a aviar! Cautela que não fique por aí
alguma coisa esquecida: essas pás, esses «baleios», tudo isso!
Margarida! ó Margarida, qué da tua rasa?
(Trindade Coelho, «Sultão», in Os Meus Amores)

2.6.2. Calão
O calão é um tipo de gíria própria de grupos sociais mais marginais,
onde a acção educativa dificilmente penetra: trata-se de uma
linguagem grosseira e muitas vezes obscena. No entanto, certas
palavras entram a pouco e pouco na linguagem familiar, sobretudo
entre os jovens. São frequentes palavras ou expressões como gajo,
chatear, pifo, teso, etc..

Exemplos:
- Os gajos estão tramados... Aquele cabrão vai-os lixar..
- 0 culpado foi aquele chulo que não trouxe a chave a tempo...

2.6.3. Regionalismos
São registos de língua próprios da população de diferentes povoações
ou regiões. Distinguem-se pela pronúncia, pelos diferentes
significados e diferente construção de palavras e frases.

Página 24 de 73
Exemplos:
"Mãis o prove do Valantim, era bum. Ah!... bum antão! Aquilo nã
tinha ruindade pra ninguém... Era só aquele seu levante, aquela
pancada alta... E, se fazia o mal, era só lá pra ele. Pois Vossioria nã
que ver que negou sempre, a pés juntos, que me tinha visto ali, no
meio da sarrafusca?! "
(Vitorino Nemésio, Quatro Prisões Debaixo de Armas)

2.6.4. Vulgar
Dentro do nível popular a língua pode ainda alcançar o nível chamado
vulgar (palavrão e linguagem obscena). A linguagem vulgar é
exactamente oposta à linguagem culta/padrão. As estruturas
gramaticais não seguem regras ou normas de funcionamento. O
mais interessante é que, mesmo de maneira bem rudimentar, os
falantes conseguem compreender a mensagem e seus efeitos de
sentido nas trocas de mensagens. Podemos considerar a
linguagem vulgar como sendo um vício de linguagem. Veja
alguns exemplos bastante recorrentes em nossa língua:
 “Nóis vai”

 “Pra mim ir”


 “Vamu ir”
 Vamu mbora
2.7. LÍNGUA MISTA (CRIOULO)
A linguagem mista é uma linguagem que surge entre um grupo
bilíngüe, normalmente muito abruptamente, combinando aspectos de
duas ou mais línguas, mas não claramente decorrente principalmente
de um único idioma. Ela difere de um creole ou língua pidgin em
que, enquanto crioulos / pidgins surgir a partir de populações tentando
imitar uma linguagem em que eles não têm fluência, uma linguagem
mista surge em uma população que é fluente em ambas as línguas de
origem. Uma linguagem mista, por definição, portanto, pertence a mais
de uma família de línguas. Porque todas as línguas apresentam algum
grau de mistura devido à presença de estrangeirismos, é uma
questão de controvérsia se o conceito de uma linguagem mista pode
significativamente ser distinguidos dos fenômenos de contato de certas
línguas do tipo de contato e empréstimos visto em todas as línguas.
Estudiosos debatem a que mistura língua medida pode ser distinguido
de outros mecanismos, tais como a troca de código , substratos , ou
contracção lexical .

Página 25 de 73
Exemplos:
Makèzú
- "Kuakiè!!!... Makèzú, Makèzú..."
O pregão da avó Ximinha
É mesmo como os seus panos,
Já não tem a cor berrante
Que tinha nos outros anos.
Avó Xima está velhinha,
Mas de manhã, manhãzinha,
Pede licença ao reumâtico
E num passo nada prático
Rasga estradinhas na areia...
Lá vai para um cajueiro
Que se levanta altaneiro
No cruzeiro dos caminhos
Das gentes que vão p'a Baixa.
Nem criados, nem pedreiros
Nem alegres lavadeiras
Dessa nova geração
Das "venidas de alcatrão"
Ouvem o fraco pregão
Da velhinha quitandeira.
- "Kuakiè... Makèzú... Makèzú..."
- "Antão, véia, hoje nada?"
- "Nada, mano Filisberto...
Hoje os tempo tá mudado..."
- "Mas tá passá gente perto...
Como é aqui tás fazendo isso?"
- "Não sabe?! Todo esse povo
Pegó um costume novo
Qui diz qué civrização:
Come só pão com chouriço
Ou toma café com pão...
E diz ainda pru cima
(Hum... mbundo kène muxima...)
Qui o nosso bom makèzú
É pra veios como tu".
- "Eles não sabe o que diz...
Pru qué qui vivi filiz
E tem cem ano eu e tu?"
- "É pruquê nossas raiz
Tem força do makèzú!.

Página 26 de 73
Língua crioula é uma língua natural que se distingue das restantes
devido a três características: o seu processo de formação, a sua relação
com uma língua de prestígio e algumas particularidades gramaticais. Uma
língua crioula deriva sempre de um pidgin, que não é uma língua natural,
mas apenas um sistema de comunicação rudimentar, alinhavado por
pessoas que falam línguas diferentes e que precisam se comunicar. É
muito errada a ideia de que as línguas crioulas sejam dialetos, sem
gramática, corruptelas ou uma mistura de outras línguas (normalmente
europeias).

Página 27 de 73
2. PONTUAÇÃO/ ACENTUAÇÃO
PONTUAÇÃO
Ponto, dois-pontos e travessão são exemplos de sinais de pontuação que
utilizamos. A pontuação
recupera recursos específicos
da língua falada, como
entonação e pausas. Os sinais
de pontuação são sinais
gráficos empregados na
língua escrita para tentar
recuperar recursos específicos
da língua falada, tais como:
entonação, jogo de silêncio,
pausas, etc.
Divisão e emprego dos sinais de pontuação:
1 - Ponto ( . )
a) indicar o final de uma frase declarativa.
Exemplos:
Lembro-me muito bem dele.
b) separar períodos entre si.
Exemplos:
Fica comigo. Não vá embora.
c) nas abreviaturas
Exemplos:
Av.; V. Ex.ª

2 - Dois-pontos ( : )
a) iniciar a fala dos personagens:
Exemplos:
Então o padre respondeu:
- Parta agora.

Página 28 de 73
b) antes de apostos ou orações apositivas, enumerações ou sequência
de palavras que explicam, resumem ideias anteriores.
Exemplos:
Meus amigos são poucos: Fátima, Rodrigo e Gilberto.
c) antes de citação
Exemplos:
Como já dizia Vinícius de Morais: “Que o amor não seja eterno posto
que é chama, mas que seja infinito enquanto dure.”

3 - Reticências ( ... )
a) indicar dúvidas ou hesitação do falante.
Exemplos:
Sabe... eu queria te dizer que... esquece.
b) interrupção de uma frase deixada gramaticalmente incompleta.
Exemplos:
- Alô! João está?
- Agora não se encontra. Quem sabe se ligar mais tarde...
c) ao fim de uma frase gramaticalmente completa com a intenção de
sugerir prolongamento de ideia.
Exemplos:
“Sua tez, alva e pura como um foco de algodão, tingia-se nas faces
duns longes cor-de-rosa...” (Cecília - José de Alencar)
d) indicar supressão de palavra (s) numa frase transcrita.

Página 29 de 73
Exemplos:
“Quando penso em você (...) menos a felicidade.” (Canteiros -
Raimundo Fagner)

4 - Parênteses ( ( ) )
a) isolar palavras, frases intercaladas de caráter explicativo e dactas.
Exemplos:
Na 2ª Guerra Mundial (1939-1945), ocorreu inúmeras perdas humanas.
"Uma manhã lá no Cajapió (Joca lembrava-se como se fora na véspera),
acordara depois duma grande tormenta no fim do verão.” ( O milagre
das chuvas no Nordeste- Graça Aranha)
Dicas:
Os parênteses também podem substituir a vírgula ou o travessão.

5 - Ponto de Exclamação ( ! )
a) Após vocativo
Exemplos:
“Parte, Heliel!” (As violetas de Nossa Srª. - Humberto de Campos)
b) Após imperativo
Exemplos:
Cale-se!
c) Após interjeição
Exemplos:
Ufa! Ai!
d) Após palavras ou frases que denotem caráter emocional
Exemplos:
Que pena!

6 - Ponto de Interrogação ( ? )
a) Em perguntas diretas
Exemplos:
Como você se chama?
b) Às vezes, juntamente com o ponto de exclamação
Exemplos:
- Quem ganhou na loteria?
- Você.
- Eu?!

7 - Vírgula ( , )
É usada para marcar uma pausa do enunciado com a finalidade de nos
indicar que os termos por ela separados, apesar de participarem da
mesma frase ou oração, não formam uma unidade sintática.

Página 30 de 73
Exemplos:
Lúcia, esposa de João, foi a ganhadora única da Sena.
Dicas:
Podemos concluir que quando há uma relação sintática entre termos da
oração, não se pode separá-los por meio de vírgula.
Não se separam por vírgula:
a) predicado de sujeito;
b) objeto de verbo;
c) adjunto adnominal de nome;
d) complemento nominal de nome;
e) predicativo do objeto do objeto;
f) oração principal da subordinada substantiva (desde que esta não seja
apositiva nem apareça na ordem inversa)
A vírgula no interior da oração é utilizada nas seguintes
situações:
a) separar o vocativo.
Exemplos:
Maria, traga-me uma xícara de café.
A educação, meus amigos, é fundamental para o progresso do país.
b) separar alguns apostos.
Exemplos:
Valdete, minha antiga empregada, esteve aqui ontem.
c) separar o adjunto adverbial antecipado ou intercalado.
Exemplos:
Chegando de viagem, procurarei por você.
As pessoas, muitas vezes, são falsas.
d) separar elementos de uma enumeração.
Exemplos:
Precisa-se de pedreiros, serventes, mestre-de-obras.
e) isolar expressões de caráter explicativo ou corretivo.
Exemplos:
Amanhã, ou melhor, depois de amanhã podemos nos encontrar para
acertar a viagem.
f) separar conjunções intercaladas.
Exemplos:
Não havia, porém, motivo para tanta raiva.
g) separar o complemento pleonástico antecipado.
Exemplos:
A mim, nada me importa.
h) isolar o nome de lugar na indicação de dactas.
Exemplos:
Belo Horizonte, 26 de janeiro de 2001.

Página 31 de 73
i) separar termos coordenados assindéticos.
Exemplos:
"Lua, lua, lua, lua,
por um momento meu canto contigo compactua..." (Caetano Veloso)
j) marcar a omissão de um termo (normalmente o verbo).
Exemplos:
Ela prefere ler jornais e eu, revistas. (omissão do verbo preferir)
Dicas:
Termos coordenados ligados pelas conjunções: e, ou, nem
dispensam o uso da vírgula.
Exemplos:
Conversaram sobre futebol, religião e política.
Não se falavam nem se olhavam.
Ainda não me decidi se viajarei para Bahia ou Ceará.
Entretanto, se essas conjunções aparecerem repetidas, com a finalidade
de dar ênfase, o uso da vírgula passa a ser obrigatório.
Exemplos:
Não fui nem ao velório, nem ao enterro, nem à missa de sétimo dia.
A vírgula entre orações
É utilizada nas seguintes situações:
a) separar as orações subordinadas adjetivas explicativas.
Exemplos:
Meu pai, de quem guardo amargas lembranças, mora no Rio de Janeiro.
b) separar as orações coordenadas sindéticas e assindéticas (exceto as
iniciadas pela conjunção “e”).
Exemplos:
Acordei, tomei meu banho, comi algo e saí para o trabalho.
Estudou muito, mas não foi aprovado no exame.
Atenção:
Há três casos em que se usa a vírgula antes da conjunção e:
1) quando as orações coordenadas possuírem sujeitos diferentes.

Exemplos:
Os ricos estão cada vez mais ricos, e os pobres, cada vez mais pobres.
2) quando a conjunção “e” vier repetida com a finalidade de dar ênfase
(polissíndeto).
Exemplos:
E chora, e ri, e grita, e pula de alegria.
3) quando a conjunção “e” assumir valores distintos que não
retractarem sentido de adição (adversidade, consequência, por
exemplo)

Página 32 de 73
Exemplos:
Coitada! Estudou muito, e ainda assim não foi aprovada.
c) separar orações subordinadas adverbiais (desenvolvidas ou
reduzidas), principalmente se estiverem antepostas à oração principal.
Exemplos:
"No momento em que o tigre se lançava, curvou-se ainda mais; e
fugindo com o corpo apresentou o gancho." (O selvagem - José de
Alencar)
d) separar as orações intercaladas.
Exemplos:
"- Senhor, disse o velho, tenho grandes contentamentos em estar
plantando-a...”
Dicas:Essas orações poderão ter suas vírgulas substituídas por
duplo travessão.
Exemplos:
"Senhor - disse o velho - tenho grandes contentamentos em estar
plantando-a...”
e) separar as orações substantivas antepostas à principal.
Exemplos:
Quanto custa viver, realmente não sei.

8 - Ponto e vírgula ( ; )
a) separar os itens de uma lei, de um decreto, de uma petição, de uma
sequência, etc.
Exemplos:
Art. 127 – São penalidades disciplinares:
I- advertência;
II- suspensão;
III- demissão;
IV- cassação de aposentadoria ou disponibilidade;
V- destituição de cargo em comissão;
VI- destituição de função comissionada. (cap. V das penalidades
referentes ao Direito Administrativo)
b) separar orações coordenadas muito extensas ou orações
coordenadas nas quais já tenham utilizado a vírgula.
Exemplos:
“O rosto de tez amarelenta e feições inexpressivas, numa quietude
apática, era pronunciadamente vultuoso, o que mais se acentuava no
fim da vida, quando a bronquite crônica de que sofria desde moço se foi
transformando em opressora asma cardíaca; os lábios grossos, o inferior
um tanto tenso (...) " (O visconde de Inhomerim - Visconde de Taunay)

Página 33 de 73
9 - Travessão ( — )
a) dar início à fala de um personagem
Exemplos:
O filho perguntou:
— Pai, quando começarão as aulas?
b) indicar mudança do interlocutor nos diálogos
Exemplos:
- Doutor, o que tenho é grave?
- Não se preocupe, é uma simples infecção. É só tomar um antibiótico e
estará bom
c) unir grupos de palavras que indicam itinerários
Exemplos:
A rodovia Belém-Brasília está em péssimo estado.
Dicas:
Também pode ser usado em substituição à virgula em
expressões ou frases explicativas
Exemplos:
Xuxa — a rainha dos baixinhos — será mãe.

10 - ASPAS ( “ ” )
a) isolar palavras ou expressões que fogem à norma culta, como gírias,
estrangeirismos, palavrões, neologismos, arcaísmos e expressões
populares.
Exemplos:
Maria ganhou um apaixonado “ósculo” do seu admirador.
A festa na casa de Lúcio estava “chocante”.
Conversando com meu superior, dei a ele um “feedback” do serviço a
mim requerido.
b) indicar uma citação textual
Exemplos:
“Ia viajar! Viajei. Trinta e quatro vezes, às pressas, bufando, com todo o
sangue na face, desfiz e refiz a mala”. (O prazer de viajar - Eça de
Queirós)
Dicas: Se dentro de um trecho já destacado por aspas, se fizer
necessário a utilização de novas aspas, estas serão simples. (' ')

Página 34 de 73
Recursos alternativos para pontuação:
Parágrafo ( § )
Chave ( { } )
Colchete ( [ ] )
Barra ( / )

Página 35 de 73
3. EMPREGO CORRECTA DE PALAVRAS…
Para você não errar mais, confira alguns dos maiores erros de português
mais comuns que tiram a credibilidade do seu texto.
1. Precisa-se ou Precisam-se
Precisa-se de pessoas que lembrem: quando o “se” indica índice de
indeterminação de sujeito, o verbo é sempre conjugado na 3ª pessoa do
singular, nunca do plural.
Por isso, "precisam-se" está errado!
2. Anexo, Anexa ou Em anexo
A dúvida anexa é um dos erros anexos mais comuns.
"Anexo" é um adjetivo, tal como bonita. Assim, foto bonita, foto anexa,
certo? Foto em bonita, foto em anexa? Não, não pode ser.
Então, "em anexo" está errado!
3. Você ou Voçê
Você tem que deixar de cometer este erro! O ç somente é usado antes
das letras “a”, “o” e “u”, somente essas, nunca antes do “é” e do “i”.
Não esqueça, "voçê" não existe!
Além da dúvida quanto à ortografia, esse pronome de tratamento
também confunde na hora da crase.
4. A você ou À você
A você que não quer errar mais, dedico este ponto. A crase só existe
quando o artigo “a” se une à preposição “a”, o que não acontece neste
caso. A senhora, a vossa alteza, por exemplo, podem ser antecedidas por
artigo “a”, mas “a você” não dá, não é? Então, esqueça a crase! "À
você" também não existe!
5. A ou Há
Daqui a pouco você não terá mais dúvidas, pois isto é muito fácil.
Quando estiver falando do futuro deve usar “a”, mas se estiver falando
do passado, você usa o “há”.
Há pouco eu disse que você não teria mais dúvidas, não disse?
6. Em vez de ou Ao invés de
“Em vez de” significa uma coisa no lugar de outra. “Ao invés de” tem o
sentido de contrário.
Em vez de explicar, vamos ao exemplo, ao invés de deixar que as
pessoas fiquem mais confusas.
7. Ao encontro de ou De encontro a
“Ao encontro de” tem o sentido de mesma direção. “De encontro a”
significa direção contrária.
Espero que essa explicação vá ao encontro das suas expectativas. Se
for de encontro, ficarei muito aborrecido!
8. Medeia ou Media

Página 36 de 73
Se você quer dizer que algo está no meio ou que é intermediário, ou
seja, que ele "medeia", é assim que deve falar.
Isso porque a conjugação do verbo mediar é: eu medeio, tu medeias, ele
medeia, nós mediamos, vós mediais, eles medeiam.
"Ele media" está errado!
9. Através de ou Por meio de
“Através de” carrega a ideia de atravessar. “Por meio de” indica o
instrumento utilizado para determinado fim.
Através da janela posso ver o que o professor escreveu no quadro. É
por meio dele que eu consigo aprender alguma coisa.
10. A princípio ou Em princípio
“A princípio” é usado para expressar tempo inicial. “Em princípio” é
sinônimo de “em tese”.
A princípio estavam confusos, mas em princípio todos parecem ter
aprendido.
11. Senão ou Se não
“Senão” tem o mesmo sentido de “caso contrário”. “Se não” é uma
expressão que impõe condição.
Se não aprender agora, ficarei desapontado. Senão podemos tentar de
outra forma.
Como se não soubesse quais são as suas dúvidas… Mais um exemplo,
senão não passamos para o ponto n.º 12.
12. Onde ou Aonde
“Onde” indica a localização de algo. “Aonde” tem o mesmo sentido de
“para onde”.
Onde estamos mesmo? No ponto n.º 12. E aonde vamos a seguir? Para
o ponto n.º 13.
a) Uso do Onde e Aonde
Onde e Aonde são palavras que indicam lugar, mas que são usados
em situações diferentes. Assim, há dúvidas quanto ao seu
emprego, as quais você não terá mais depois de ler este artigo.
b) Diferença entre Onde e Aonde
Para começar, vamos lembrar de uma coisa:
 Onde = ideia de permanência
 Aonde = ideia de movimento
Como Usar
A palavra "onde" indica o lugar onde está ou em que se passa um
acontecimento. Está ligada a verbos que expressam permanência.
Exemplos:
 Onde ela está?
 Não sei onde começar a caminhada.
 Onde está o dinheiro?

Página 37 de 73
Já a palavra "aonde" indica movimento ou aproximação e está ligada
a verbos que expressam essa ideia.
Exemplo:
 Aonde você quer ir?
 Aonde vai com tamanha pressa?
 Vamos aonde ele quiser ir.
Dica!
Substitua as palavras "aonde" ou "onde" por "para onde". Se fizer
sentido, você deve utilizar a palavra aonde.
Exemplos:
a) Para onde vamos? Faz sentido. É como dizer:
Aonde vamos?
b) Mas,
c) Para onde vamos parar? Não é possível. Assim, o correto é dizer:
Onde vamos parar?
13. Onde ou Em que
“Onde” e “em que” são usados quando fazemos referência a um lugar.
Quando não há referência a lugar somente “em que” deve ser utilizado.
Onde acaba esta conversa? Vamos arejar um pouco e terminar a aula ao
ar livre. Lá (naquele lugar, ao ar livre) terminaremos a nossa conversa
sobre erros de português.
Sem tempo para conversar mais, aquele livro que indiquei em que há
vários problemas gerais com a língua, ajudará você em dúvidas futuras.
14. Ratificar ou Retificar
“Ratificar” é o mesmo que confirmar. “Retificar” é o mesmo que corrigir.
Ratifico que compreendo as suas dúvidas, mas a partir de agora você já
consegue retificar algumas.
Entre mim e você ou Entre eu e você
Agora é entre mim e você: vamos acabar com essa dúvida de uma vez!
As preposições vem sempre seguidas de pronomes pessoais do caso
oblíquo (mim, ti) e nunca de pronomes pessoais do caso reto (eu, tu).
Isso quer dizer que "entre eu e você" está errado!
15. A fim ou Afim
“A fim” significa finalidade, enquanto “afim” indica semelhança. A fim de
você entender, leia isto com atenção. É este o nosso objetivo afim:
esclarecer dúvidas e eliminar erros de português.
16. Tem ou Têm
A forma “tem” é a conjugação do verbo ter na 3.ª pessoa do singular.
“Têm” é a conjugação do verbo ter na 3.ª pessoa do plural.
Ele tem menos dúvidas agora. Eles têm mais chances de escrever
melhor.

Página 38 de 73
17. Assistir ao ou Assistir o
“Assistir ao” tem o sentido de ver. “Assistir o” significa dar assistência.
Assisto ao debate na sala de aula. De seguida, assisto os alunos com
as dúvidas que discutiram.
18. A nível de ou Em nível de
“A nível de” tem o sentido de nivelar. “Em nível de” é o mesmo que “em
termos de”.
Em nível de erros de português, prometo ajudar você a chegar a um
nível que nunca tinha chegado antes.
19. Chego ou Chegado
Se a dúvida é qual o particípio do verbo chegar, a resposta é "chegado":
Como sempre, eu tinha chegado atrasado.
É normal que você tenha essa dúvida, afinal há muitos verbos que têm
mais do que uma forma de particípio, a regular e a irregular. Por
exemplo: aceitado e aceito, matado e morto, prendido e preso.
"Chego" é a conjugação do verbo chegar na 1.ª pessoa do singular do
presente do indicativo: Eu sempre chego atrasado.
20. Meio ou Meia
“Meio” significa um pouco. “Meia” é o mesmo que metade e como é um
número fracionário, varia conforme o termo a que se refere.
Parece meio difícil, mas em menos de meia hora você não terá mais
dúvidas sobre isso.
E não esqueça, o certo é meio-dia e meia! Porque meio concorda com
“dia”, enquanto meia concorda com “hora”.
21. Mal ou Mau
“Mal” é o contrário de bem. “Mau” é o contrário de bom.
Mal eu terminei de explicar e você já entendeu. Agora, vai ser muito
mau se você voltar a cometer o mesmo erro.
22. À medida que ou Na medida em que
“À medida que” equivale à “à proporção que”. “Na medida em que” tem o
sentido de “porque”.
À medida que o você aprende, fica mais descansado, na medida em
que terá mais chances de passar em qualquer concurso.
23. Mas ou Mais
"Mas" significa “porém”. "Mais" é o contrário de menos.
Vocês está ficando cada vez mais esperto, mas não pense que já sabe
tudo. Ainda temos alguns pontos pela frente.
24. Perca ou perda
"Perca" é uma forma de conjugar o verbo perder. "Perda" é um
substantivo, que é o contrário de “ganho”.
Não perca tempo! Vamos a mais exemplos:

Página 39 de 73
 Que eu perca tudo, menos a minha paciência. Afinal, essa seria uma
grande perda.
 Perca o seu tempo como quiser. Estudar não é perda de tempo.
25. Deu ou Deram tantas horas
"Deu" ou "deram" podem ser utilizados corretamente na indicação de
horas. Tudo vai depender do sujeito da oração.
Deu uma hora. (certo, porque o verbo concorda com o sujeito, que é
“uma hora”). Deram duas horas. (certo. Neste caso o sujeito é “duas
horas”). O relógio deu três horas. (certo, porque o verbo concorda com
o sujeito, que é “o relógio”). Deram quatro horas no meu relógio.
(certo, “no meu relógio” indica lugar e não é o sujeito. Nesta oração o
sujeito é “quatro horas”, com o qual o verbo está concordando).
26. Trás ou Traz
"Trás" indica posição, enquanto "traz" é uma conjugação do verbo trazer.
Não vá para trás. Os próximos pontos trazem mais dúvidas.
27. Obrigado ou Obrigada
Se quem agradece é do sexo masculino, deve usar sempre “Obrigado”.
Se quem agradece é do sexo feminino, deve usar sempre “Obrigada”.
“Obrigado”, dirá o aluno. “Obrigada”, dirá a aluna.
28. Descriminar ou Discriminar
“Descriminar” é sinônimo de descriminalizar, ou seja, absolver.
“Discriminar” significa excluir ou classificar conforme as caracte-rísticas.
A partir de hoje, não vou mais descriminar os alunos do crime cometido
contra a língua até agora. Eles precisam entender que há muitas pessoas
que discriminam as pessoas pelo fato de falarem errado.
29. Acerca de ou A cerca de
“Acerca de” significa “a respeito de”. “A cerca de” tem o sentido de
“próximo”.
Nunca tínhamos falado acerca disto. Estamos a cerca de chegar dez
pontos para terminar.
30. A meu ver ou Ao meu ver
É isso mesmo, tanto “a meu ver” como “ao meu ver” são expressões que
podem usadas. No entanto, “a meu ver” é mais aceita, por ser a mais
clássica.
Ao meu ver isto ficou esclarecido. Mas, a meu ver, os gramáticos
preferiam condenar uma das expressões.
Então, "ao meu ver" não está errado, mas de preferência vamos
usar "a meu ver".
Por hora ou Por ora
“Por hora” faz referência às horas. “Por ora” tem o mesmo sentido de
que “por enquanto”.

Página 40 de 73
Vamos nos dedicar a quatro erros de português por hora. Por ora,
penso que conseguiremos nos organizar assim.
31. Vem, Vêm ou Veem
"Vem" e "vêm" são formas de conjugação do verbo vir. "Veem" é uma
forma de conjugação do verbo ver.
Ele vem às aulas com frequência. (3.ª pessoa do singular do verbo vir
no presente do indicativo).
Eles também vêm. (3.ª pessoa do plural do verbo vir no presente do
indicativo).
Eles veem o horário antes das aulas começarem. (3.ª pessoa do plural
do verbo ver no presente do indicativo)
32. Eminente ou Iminente
“Eminente” significa excelente. “Iminente” é algo que está prestes a
acontecer.
Vocês são eminentes alunos. É iminente o ingresso de cada um de
vocês na universidade.
33. Seção, Sessão ou Cessão
“Seção” é uma parte, “sessão” é a duração de algo, “cessão” é o mesmo
que cedência, de ceder.
Nesta seção, vamos aprender algumas palavras homófonas. Esta sessão
terá a duração de 45 minutos. A cessão do material utilizado nas aulas
será feita por e-mail.
34. Por que, Por quê, Porque ou Porquê
“Por que” e “Por quê” são usados quando se questiona algo. O que os
diferencia é que com acento vem sempre no fim das orações.
“Porque” é usado quando se responde ou explica o motivo de algo.
“Porquê” significa “motivo”.
Por que estamos falando sobre isso? Por quê?
Porque esta é uma dúvida frequente.
O porquê de estarmos falando sobre isso é que esta é a dúvida de
muitos.
35. Embaixo ou Em baixo
“Embaixo” é um advérbio de lugar, tem o mesmo sentido que “debaixo” e
é o antônimo de “em cima”.
“Em baixo” é um adjetivo, ou seja, é usado para indicar algo em altura
inferior.
Embaixo há mais pontos que vão acabar de vez com as suas dúvidas. Se
não estiver fácil de entender, chame-me em baixo tom e eu vou até sua
mesa.
36. Ainda assim ou Ainda sim
Isto é fácil, ainda assim vou explicar.

Página 41 de 73
“Ainda assim” é uma conjunção adversativa, ou seja, ela indica oposição
ou compensação. Por isso que eu disse que era fácil, apesar disso iria
explicar.
Isso quer dizer que "ainda sim" está errado!
37. Chegar a ou Chegar em
De acordo com a norma culta, quando você chega, chega a algum lugar.
É muito comum ouvirmos “chegar em”. Isso até pode indicar que a língua
se transforma com o tempo, mas na dúvida, use sempre “chegar a”.
38. Viagem ou Viajem
Viagem (com G) é substantivo. Viajem (com J) é a conjugação do verbo
viajar na 3.ª pessoa do plural do presente do subjuntivo (Que eles
viajem) ou o seu imperativo (Viajem eles).
Aprender é uma viagem, mas não se distraia muito para que os alunos
não viajem nos seus pensamentos.
39. Obrigado ou Obrigada: qual utilizar?
A concordância nominal do adjetivo “obrigado”, como expressão de
agradecimento, gera muitas dúvidas. Em geral, as pessoas não sabem
quando utilizar “obrigado” ou “obrigada”.
O adjetivo “obrigado” é muito usado, mas nem sempre de forma
correta. Quando há um homem e uma mulher, como fazer a
concordância nominal?
A concordância nominal é o acordo ou a harmonia que deve
acontecer entre artigo, numeral, pronome e adjetivo com o substantivo.
Isso acontece em relação ao gênero (feminino e masculino) e ao
número (singular e plural). Esta é a regra básica, entretanto, existem
algumas palavras ou expressões que podem gerar dúvidas quando
utilizadas. Uma delas é o adjetivo obrigado.
A regra de concordância nominal diz que quando obrigado ex-
pressa um agradecimento deve concordar com quem fala, ou seja, com
o emissor.

Página 42 de 73
Veja o exemplo:

A professora entrou na sala e elogiou o trabalho de dois alunos, Maria


Luiza e Guilherme. Os alunos, claro, ficaram muito felizes. Então, foram
até a mesa da professora.
Maria Luiza falou: Obrigada, professora.
Guilherme falou: Obrigado, professora.
Muitas pessoas pensam que se estamos agradecendo a uma mulher,
devemos falar obrigada. Caso o agradecimento seja endereçado a um
homem, então obrigado. No entanto, não é assim. Quem define a
concordância desse adjetivo é o sexo de quem está agradecendo.
Então, meninas agradecem com obrigada, enquanto
os meninos agradecem com obrigado.
Não pare agora... Tem mais depois da publicidade ;)
Só há uma condição em que obrigado não deve ser flexionado, quando
for substantivo. Nesse caso, permanecerá no masculino singular,
independente de quem esteja falando. Aqui é importante lembrar que
uma maneira fácil para detectar o substantivo é perceber quem o
acompanha, artigo, pronome, numeral e adjetivo são classes
gramaticais que, em geral, acompanham o substantivo. Veja o exemplo:
Após ser socorrida, a mulher emocionada falou: “O meu obrigado a
Deus e a todos os bombeiros que ajudaram no resgate.”.

Página 43 de 73
4. REGRAS DE TRANSLINEAÇÃO
Na translineação (quebra de palavra em final de linha), alguns
cuidados são necessários:

Em situações mais formais, evitar que a divisão resulte em


palavras ridículas
ou obscenas: acu-MULA, após-TOLO, CÚ-bico.
Não se deve deixar uma vogal isolada do resto da palavra em
princípio ou fim de linha: a-proveitamento, a-manhã, Mari-a, Ri-o.
A norma faculta a repetição do hífen quando a translineação
ocorre com o hífen que divide palavras compostas ou
prefixadas: terça-/feira ou terça-/-feira.

Em caso de palavra estrangeira, segue-se a norma do respectivo


idioma.

DIVISÃO SILÁBICA

Diferentemente de outras línguas (inglês, por exemplo), em


que o critério de divisão é morfológico, no português é a
fonética que determina a correta divisão das sílabas, a
começar pelo conceito de sílaba: toda emissão de voz completa é
uma sílaba.
Portanto, são tantas as sílabas de uma palavra quantas forem
suas emissões de voz completas: ad-mi-nis-tra-ção, a-gen-da.

Mas atenção! No critério de divisão fonético separam-se as sílabas de


acordo com a sua pronúncia natural, espontânea, não vale forçar a
pronúncia.

Assim, por exemplo, se o primeiro S da palavra desesperado é


pronunciado na segunda sílaba, é lá que ele deve ficar: de-ses-
pe-ra-do.
É também o caso do B da palavra suboficial: su-bo-fi-cial.

Página 44 de 73
Outros exemplos: tran-so-ceâ-ni-co, su-bes-ta-ção, in-tran-si-gen-
te, des-trui-ção, sub-tra-ir.
Nos casos de letras repetidas (SS, RR, CC) e nos conjuntos CÇ,
SC, SÇ e XC, deixe-se uma consoante com cada sílaba: ses-são,
ter-ra, oc-ci-pi-tal, cres-cer, cres-ça, ex-ce-ção.
Na prática, pode-se afirmar, sem medo de errar, que há tantas sílabas
na palavra quantas forem suas vogais. Basta excluir as semivogais,
que são as de pronúncia mais fraca dos ditongos e tritongos. Para
ficar ainda mais fácil de entender, pode-se afirmar que as semivogais
têm sempre pronúncia deformada (de U para O, como em á-gua, em
que o U é pronunciado como se fosse O), ou incompleta (como o I da
palavra sé-rio, que serve mais como ligação entre o R e o O, não
tendo pronúncia completa, como o I de viu, rio, etc.).
Portanto, não se separam as vogais dos ditongos e
tritongos: ar-má-rio, á-gua, Sér-gio, se-cre-tá-ria, cai, Pa-ra-guai,
quais. Já as vogais dos hiatos se separam.
Por definição, ocorre hiato quando duas vogais se
desencontram, ou seja, estão juntas mas em sílabas
diferentes: ca-í, se-cre-ta-ri-a, ba-ú, sa-ú-de, bo-a.

TRANSLINEAÇÃO – PALAVRA
Quando uma palavra não cabe toda na mesma linha, temos de a
dividir, ficando uma parte na mesma linha e outra na seguinte. Assim,
esta mudança de linha chama-se translineação.
O processo de translineação dá-se quando na escrita é necessário
dividir uma palavra por ter que se passar para a linha de baixo.

Translineação é o processo de partir as palavras no fim de uma


linha, continuando a escrever o resto da palavra na linha seguinte

A divisão silábica auxilia nos processos necessários


à translineação, mesmo que este tipo de segmentação ortográfica
seja totalmente convencionado por acordos ortográficos e por obras
de referência.

Algumas regras de translineação:

As palavras apenas podem ser translineadas no final de


sílaba: pal / avra – pa/ lavra
Não se deve colocar apenas uma vogal na linha seguinte: gui/a
– guia

Página 45 de 73
Não se deve translinear um prefixo ou um sufixo: ex /
tracurricular – extra/ curricular ; unicamen / te – unica/ mente
Não é correto translinear um estrangeirismo: mee / ting

TRANSLINEAÇÃO – REGRA GERAL


As palavras são separadas de acordo com a sua divisão silábica.

Não se separam Exemplos Separam-se Exemplos

as vogais que
mui-to fe-é-ri-co
as vogais que formam formam hiato e
ca-dei-ra ra-i-nha
ditongos os ditongos
he-rói-co sai-am, ru-iu
consecutivos

as consoantes
fú-ria
seguidas que ab-di-car
os grupos ia, ie, io, sé-rie
pertencem a a-tu-a-ção
oa, ua, ue, uo vá-rios
sílabas ins-tru-tor
té-nue
diferentes

os grupos de
os pares de
consoantes a-bri-go
consoantes ter-ra
consecutivas formados pro-cla-mar
iguais (cç, rr, ss) mas-sa
por b, c, d, f, g, p, t em-pre-go
e as letras dos des-ça
,v seguidos pa-la-vró-rio
dígrafos sc, sç, ex-ce-len-te
de l ou r (exceto o a-dro
xc.
prefixo sub)

os grupos pn, mn, pneu-mo-nia Obs.: em


ps quando iniciam psí-qui-co palavras com
sílaba mne-mó-ni-ca hífen, quando
este coincide
ba-cha-rel vice-/-almirante
no final da
os dígrafos ch, lh, nh ma-lha-do deita-/-te
linha, é
ma-nhã
repetido na
al-guém linha
os grupos gu e qu seguinte.
e-qua-dor

Translineação – Separação silábica


Página 46 de 73
Sílaba
Conjunto de sons que pode ser emitido numa só expiração. Pode ser
aberta ou fechada se terminada por vogal ou consoante,
respectivamente.
Na estrutura da sílaba existe, necessariamente, uma vogal, à qual se
juntam, ou não, semivogais e/ou consoantes. Assim, não há sílaba
sem vogal e esse é o único fonema que, sozinho, forma sílaba.
A maneira mais fácil para separar as sílabas é pronunciar a palavra
lentamente, de forma melódica.
Toda consoante precedida de vogal forma sílaba com a vogal
seguinte. Merece a lembrança de que m e n podem ser índices de
nasalização da vogal anterior, acompanhando-a na sílaba.

(ja-ne-la, su-bu-ma-no, é-ti-co, tran-sa-ma-zô-ni-ca; mas


bom-ba, sen-ti-do)

Consoante inicial não seguida de vogal fica na sílaba seguinte:

(pneu-má-ti-co, mne-mô-ni-co)

Se a consoante não seguida de vogal estiver dentro do


vocábulo, ela fica na sílaba precedente:

(ap-to, rit-mo).

Os ditongos e tritongos não se separam, porém no hiato cada vogal


está numa sílaba diferente.
Os dígrafos do h e do u também são inseparáveis, os demais
devem ser separados:

(cha-ve, ne-nhum, a-qui-lo, se-gue)

Em geral, os grupos consonantais onde a segunda letra é l ou


r não se separam:

(bra-ço, a-tle-ta)

Em sufixos terminados por consoante + palavra iniciada por


vogal, há união dessa consoante final com a vogal, não se
considerando a integridade do elemento mórfico:

Página 47 de 73
(bi-sa-vô > bis-ne-to, tran-sa-cio-nal > trans-pa-ren-te)

As letras duplas e os encontros consonantais pronunciados


disjuntamente devem ser separados.

(oc-cip-tal, ca-a-tin-ga, ad-vo-ga-do, dig-no, sub-li-nhar, ab-


ro-gar, ab-rup-to)

Na translineação, devem-se evitar separações que resultem no fim de


uma linha ou no início da outra vogais isoladas ou termos grosseiros.

(i//déi//a, cus//toso, puta//tivo, fede//ral)

Dependendo da quantidade de sílabas, as palavras podem ser


classificadas em:

Nonossílaba (mono = um)


Bissílaba (di = dois)
Trissílaba (tri = três)
Polissílaba (poli = vários / + de quatro)

Página 48 de 73
5. ESTUDO DO TEXTO
Tipos De Textos
Os tipos de textos, são classificados de acordo com sua estrutura,
objetivo e finalidade.
De maneira geral, a tipologia textual é dividida em: texto narrativo,
descritivo, dissertativo, expositivo e injuntivo.
5.1 Texto Narrativo
A marca fundamental do Texto Narrativo é a existência de um enredo, do
qual se desenvolvem as ações das personagens, marcadas pelo tempo e
pelo espaço. Assim, a narração possui um narrador (quem apresenta a
trama), as personagens (principais e secundárias), o tempo (cronológico
ou psicológico) e o espaço (local que se desenvolve a história). Sua
estrutura básica é: apresentação, desenvolvimento, clímax e desfecho.
5.1.1. Estrutura da Narrativa
 Apresentação: também chamada de introdução, nessa parte
inicial o autor do texto apresenta os personagens, o local e o
tempo em que se desenvolverá a trama.
 Desenvolvimento: aqui grande parte da história é
desenvolvida com foco nas ações dos personagens.
 Clímax: parte do desenvolvimento da história, o clímax
designa o momento mais emocionante da narrativa.
 Desfecho: também chamada de conclusão, ele é
determinado pela parte final da narrativa, onde a partir dos
acontecimentos, os conflitos vão sendo desenvolvidos.
5.1.2. Elementos da Narrativa
 Narrador - é aquele que narra a história. Dividem-se em:
narrador observador, narrador personagem e narrador
onisciente.
 Enredo - trata-se da estrutura da narrativa, ou seja, a trama
em que se desenrolam as ações. São classificados em: enredo
linear e enredo não linear.
 Personagens - são aqueles que compõem a narrativa sendo
classificados em: personagens principais (protagonista e
antagonista) e personagens secundários (adjuvante ou
coadjuvante).
 Tempo - está relacionado com a marcação do tempo dentro
da narrativa, por exemplo, uma data ou um momento
específico. O tempo pode ser cronológico ou psicológico.
 Espaço - local (s) onde a narrativa se desenvolve. Podem
ocorrer num ambiente físico, ambiente psicológico ou
ambiente social.
Página 49 de 73
5.1.3. Tipos de Narrador
 Os tipos de narrador, também chamado de foco narrativo,
representam a "voz textual" da narração, sendo classifcados
em:
 Narrador Personagem - a história é narrada em 1ª
pessoa onde o narrador é um personagem e participa das
ações.
 Narrador Observador - narrado em 3ª pessoa, esse tipo de
narrador conhece os fatos porém, não participa da ação.
 Narrador Onisciente - esse narrador conhece todos os
personagens e a trama. Nesse caso, a história é narrada
em 3ª pessoa. No entanto, quando apresenta fluxo de
pensamentos dos personagens, ela é narrada em 1ª pessoa.
5.1.4. Tipos de Discurso Narrativo
 Discurso Direto - no discurso direto, a própria personagem
fala.
 Discurso Indireto - no discurso indireto o narrador interfere
na fala da personagem. Em outras palavras, é narrado em 3ª
pessoa uma vez que não aparece a fala da personagem.
 Discurso Indireto Livre - no discurso indireto livre há
intervenções do narrador e das falas dos personagens. Nesse
caso, funde-se o discurso direto com o indireto
Exemplos de Discurso
Discurso Direto

Página 50 de 73
Discurso Indireto

Discurso Indireto Livre

5.2 Texto Descritivo


O Texto Descritivo expõe apreciações e observações, de modo que indica
aspectos, características, detalhes singulares e pormenores, seja de um
objeto, lugar, pessoa ou fato. Dessa maneira, alguns recursos linguísticos
relevantes na estruturação dos textos descritivos são: a utilização de
adjetivos, verbos de ligações, metáforas e comparações.
5.2.1. Características do texto descritivo
 Retrato verbal
 Ausência de ação e relação de anterioridade ou posterioridade
entre as frases
 Predomínio de substantivos, adjetivos e locuções adjetivas
 Utilização da enumeração e comparação
 Presença de verbos de ligação

Página 51 de 73
 Verbos flexionados no presente ou no pretérito (passado)
 Emprego de orações coordenadas justapostas
5.2.2. Estrutura Descritiva
A descrição apresenta três passos para a construção:
1. Introdução: apresentação do que se pretende descrever.
2. Desenvolvimento: caracterização subjetiva ou objetiva da
descrição.
3. Conclusão: finalização da apresentação e caracterização de
algo.
5.2.3. Tipos de Descrição
Conforme a intenção do texto, as descrições são classificadas
em:
Descrição Subjetiva: apresenta as descrições de algo, todavia,
evidencia as impressões pessoais do emissor (locutor) do texto.
Exemplos são nos textos literários repletos de impressões dos
autores.
Descrição Objetiva: nesse caso, o texto procura descrever de
forma exata e realista as características concretas e físicas de
algo, sem atribuir juízo de valor, ou impressões subjetivas do
emissor. Exemplos de descrições objetivas são os retratos
falados, manuais de instruções, verbetes de dicionários e
enciclopédias.
Exemplos
Descrição Subjetiva
“Ficara sentada à mesa a ler o Diário de Notícias, no seu roupão de
manhã de fazenda preta, bordado a sutache, com largos botões de
madrepérola; o cabelo louro um pouco desmanchado, com um tom seco
do calor do travesseiro, enrolava-se, torcido no alto da cabeça pequenina,
de perfil bonito; a sua pele tinha a brancura tenra e láctea das louras;
com o cotovelo encostado à mesa acariciava a orelha, e, no movimento
lento e suave dos seus dedos, dois anéis de rubis miudinhos davam
cintilações escarlates.” (O Primo Basílio, Eça de Queiroz)
Descrição Objetiva
"A vítima, Solange dos Santos (22 anos), moradora da cidade de Marília,
era magra, alta (1,75), cabelos pretos e curtos; nariz fino e rosto
ligeiramente alongado."

Página 52 de 73
5.3 Texto Dissertativo
O Texto Dissertativo busca defender uma ideia e, logo, é baseado na
argumentação e no desenvolvimento de um tema. Para tanto, sua
estrutura é dividida em três partes fundamentais:
 tese (introdução): define o modelo básico para apresentar uma ideia,
tema, assunto.
 antítese (desenvolvimento): explora argumentos contra e a favor.
 nova tese (conclusão): sugere uma nova tese, ou seja, uma nova
ideia para concluir sua fundamentação.
Os textos dissertativos-argumentativos, além de ser um texto opinativo,
buscam persuadir o leitor.
5.3.1. Estrutura do Texto Dissertativo
A estrutura de um texto dissertativo está baseada em três
momentos:
1. Introdução: Também chamada de "Tese", nesse momento,
o mais importante é expor a ideia central sobre o tema de
maneira clara. Importante lembrar que a introdução é a parte
mais importante do texto e, por isso, deve conter a
informações que logo serão desenvolvidas.
2. Desenvolvimento: Também chamada de "Anti-Tese" ou
"Antítese", nessa parte do texto é que se desenvolve a
argumentação por meio de opiniões, dados, levantamentos,
estatísticas, fatos e exemplos sobre o tema, a fim de que sua
tese (ideia central) seja defendida com propriedade.
3. Conclusão: O próprio nome já supõe que é necessário
concluir o texto. Em outras palavras, não deixamos um texto
sem concluí-lo e, por isso, esse momento é chamado de
"Nova Tese" por ser um momento de fechamento das ideias,
e principalmente da inserção de uma nova ideia, ou seja, uma
"nova tese".
5.3.2. Tipos de Dissertação
Existem dois tipos de dissertação:
a Dissertação Argumentativa e a Dissertação Expositiva.
1. Texto Dissertativo-Argumentativo
Nessa modalidade, a intenção é persuadir o leitor, convencê-
lo de sua tese (ideia central) a partir de coerente
argumentação, exemplos, fatos.
2. Texto Dissertativo Expositivo
É a exposição de ideias, teorias, conceitos sem
necessariamente tentar convencer o leitor.

Página 53 de 73
Exemplos de Texto Dissertativo
Segue abaixo exemplos de trechos de textos dissertativos nas duas
modalidades, ou seja, argumentativo e expositivo:
a) Texto Dissertativo Argumentativo
Em pleno século XXI é salutar refletir sobre a importância de
preservação do meio ambiente bem como atuar em prol de
uma sociedade mais consciente e limpa.
Já ficou mais que claro que a maioria dos problemas os quais
enfrentamos atualmente nas grandes cidades, foram gerados
pela ação humana.
De tal modo, podemos pensar nas grandes construções,
alicerçadas na urbanização desenfreada, ou no simples ato
de jogar lixo nas ruas.
A poluição gerada e impregnada nas grandes cidades foi em
grande parte fruto da urbanização desenfreada ou da
atuação de indústrias; porém, deveres não cumpridos pelos
homens também proporcionaram toda essa "sujidade". Nesse
sentido, vale lembrar que pequenos atos podem produzir
grandes mudanças se realizados por todos os cidadãos.
Portanto, um conselho deveras importante: ao invés de jogar
o lixo (seja um papelzinho de bala, ou uma anotação de um
telefone) nas ruas, guarde-o no bolso e atire somente
quando encontrar uma lixeira. Seja um cidadão consciente!
Não Jogue lixo nas ruas!
b) Texto Dissertativo Expositivo
Os Relatórios das Organizações das Nações Unidas (ONU)
sobre a gestão e desenvolvimento dos recursos hídricos
alertam para a preservação e proteção dos recursos naturais
do planeta, sobretudo da água.
Sendo assim, as estatísticas apontam para uma enorme crise
mundial da falta de água a partir de 2025, de forma que
atingirá cerca de 3 bilhões de pessoas, e que pode provocar
diversos problemas sociais e de saúde pública.
Um dos maiores problemas apresentados pela ONU é a
“escassez de água” que já atinge cerca de 20 países no
mundo, ou seja, 40% da população do planeta.
Os estudos completam que a água doce do planeta está em
risco visto as mudanças climáticas registradas nas últimas
décadas.

Página 54 de 73
5.4 Texto Expositivo
O Texto Expositivo pretende apresentar um tema, a partir de recursos
como a conceituação, a definição, a descrição, a comparação, a
informação e enumeração. Dessa forma, uma palestra, seminário ou
entrevista são consideradas textos expositivos, cujo objetivo central do
emissor é explanar, discutir, explicar sobre um assunto. São classificados
em: texto informativo-expositivo (transmissão de informações) ou texto
expositivo-argumentativo (defesa de opinião sobre um tema). Outros
exemplos de textos expositivos são os verbetes de dicionários e as
enciclopédias.

5.4.1. Características dos textos expositivos


No texto expositivo, o objetivo central do locutor (emissor) é
explanar sobre determinado assunto, a partir de alguns recursos
linguísticos, tais como:
 conceituação: exposição dos conceitos relacionados a um
determinado tema.
 definição: explicação e definição sobre os temas
relacionados com o assunto abordado.
 descrição: análise mais pormenorizada de aspectos
referentes ao tema.
 comparação: relação entre dois ou mais conceitos distintos
e que podem se complementar.
 informação: reunião de conhecimentos e dados
relacionados com o tema.
 enumeração: ordenação dos itens essenciais relacionados
com o tema abordado e especificação de cada um deles.
5.4.2. Tipos de textos expositivos
De acordo com seu objetivo central, os textos expositivos são
classificados em dois tipos:
1. Texto expositivo-argumentativo
Nesse caso, além de apresentar o tema, o emissor foca nos
argumentos necessários para a explanação de suas ideias.
Dessa forma, recorre aos diversos autores e teorias para
comparar, conceituar e defender sua opinião.
2. Texto expositivo-informativo
Nesta ocasião, o objetivo central do emissor é simplesmente
transmitir as informações sobre determinado tema, sem

Página 55 de 73
grandes apreciações e, por isso, com o máximo de
neutralidade.
Podemos pensar numa apresentação sobre os índices de
violência no país, de modo que o conjunto de informações,
gráficos e dados sobre o tema, apresentam informações
sobre o problema, sem defesa de opinião.
Exemplos de textos expositivos
Observe a seguir alguns exemplos de textos expositivos:
Verbete de dicionário
Significado de Nostalgia (s.f). Tristeza causada pela saudade de sua terra
ou de sua pátria; melancolia. Saudade do passado, de um lugar etc.
Disfunções comportamentais causadas pela separação ou isolamento
(físico) do país natal, pela ausência da família e pela vontade exacerbada
de regressar à pátria. Saudade de alguma coisa, de uma circunstância já
passada ou de uma condição que (uma pessoa) deixou de possuir.
Condição melancólica causada pelo anseio de ter os sonhos realizados.
Condição daquele que é triste sem motivos explícitos. (Etm. do francês:
nostalgie)
Fonte: Dicionário Online de Português (Dicio)
Enciclopédia
Cervo-do-pantanal (nome científico: Blastocerus dichotomus), também
chamado suaçuetê, suaçupu, suaçuapara, guaçupuçu ou simplesmente
cervo, é um mamífero ruminante da família dos cervídeos e único
representante do gênero Blastocerus. Ocorria em grande parte das
várzeas e margens de rios do centro da América do Sul, desde o sul do
rio Amazonas até o norte da Argentina, mas atualmente, a espécie só é
comum no Pantanal, na bacia do rio Guaporé, na ilha do Bananal e em
Esteros del Iberá.
Fonte: Wikipédia
Entrevista
Clarice Lispector, de onde veio esse Lispector?
É um nome latino, não é? Eu perguntei a meu pai desde quando havia
Lispector na Ucrânia. Ele disse que há gerações e gerações anteriores. Eu
suponho que o nome foi rolando, rolando, rolando, perdendo algumas
sílabas e foi formando outra coisa que parece “Lis” e “peito”, em latim. É
um nome que quando escrevi meu primeiro livro, Sérgio Milliet (eu era
completamente desconhecida, é claro) diz assim: “Essa escritora de nome
desagradável, certamente um pseudônimo…”. Não era, era meu nome
mesmo.
Página 56 de 73
Você chegou a conhecer o Sérgio Milliet pessoalmente?
Nunca. Porque eu publiquei o meu livro e fui embora do Brasil, porque eu
me casei com um diplomata brasileiro, de modo que não conheci as
pessoas que escreveram sobre mim.
Clarice, seu pai fazia o que profissionalmente?
Representações de firmas, coisas assim. Quando ele, na verdade, dava
era para coisas do espírito.
Há alguém na família Lispector que chegou a escrever alguma
coisa?
Eu soube ultimamente, para minha enorme surpresa, que minha mãe
escrevia. Não publicava, mas escrevia. Eu tenho uma irmã, Elisa
Lispector, que escreve romances. E tenho outra irmã, chamada Tânia
Kaufman, que escreve livros técnicos.
Você chegou a ler as coisas que sua mãe escreveu?
Não, eu soube há poucos meses. Soube através de uma tia: “Sabe que
sua mãe fazia um diário e escrevia poesias?” Eu fiquei boba…
Nas raras entrevistas que você tem concedido surge, quase que
necessariamente, a pergunta de como você começou a escrever
e quando?
Antes de sete anos eu já fabulava, já inventava histórias, por exemplo,
inventei uma história que não acabava nunca. Quando comecei a ler
comecei a escrever também. Pequenas histórias.
(Trecho da última entrevista com a escritora Clarice Lispector, concedida
em 1977, ao repórter Júlio Lerner, da TV Cultura).
O Texto Injuntivo ou instrucional está pautado na explicação e no
método para a realização de algo. Temos como exemplos: uma receita
de bolo, bula de remédio, manual de instruções e propagandas. Dessa
forma, um dos recursos linguísticos marcantes desse tipo de texto, é a
utilização dos verbos no imperativo, de modo a indicar uma "ordem".
Como exemplo temos: receita de bolo “misture todos os ingredientes”;
bula de remédio “tome duas cápsulas por dia”; manual de instruções
“aperte a tecla amarela”; propagandas “vista essa camisa”.
5.5 Texto Injuntivo e Prescritivo
Há quem estabeleça uma relação entre os textos injuntivos e prescritivos
e, por outro lado, há os que defendem que são textos sinônimos e
pertencem à mesma categoria, compartilhando funções e finalidades.
No entanto, os linguistas que preferem dividi-los em dois tipos de textos
informam que o texto injuntivo, instrui sem uma atitude coercitiva,
recurso marcante nos textos ditos prescritivos.
Para esse grupo de estudiosos, um texto injuntivo pode ser um manual
de instruções ou uma receita, enquanto os textos prescritivos asseguram

Página 57 de 73
um tipo de atitude coercitiva, por exemplo, os editais dos concursos,
contratos e leis.
Recursos Linguísticos
A linguagem dos textos injuntivos é simples e objetiva. Um dos recursos
linguísticos marcantes e recorrentes desse tipo de texto é a utilização dos
verbos no imperativo, os quais indicam uma "ordem", por exemplo:
 na receita de bolo: “misture todos os ingredientes”;
 na bula de remédio: “tome duas cápsulas por dia”;
 no manual de instruções: “aperte a tecla amarela”;
 nas propagandas: “vista essa camisa”.
Exemplos
Segue alguns exemplos de textos injuntivos:
Manual de Instruções
Instalação: Prefira sempre os serviços da Rede de Assistência Técnica
Brastemp para realizar desde a instalação até a manutenção de seus
produtos com tranquilidade e segurança.
1° passo: Veja se a tomada onde o produto será instalado tem o novo
padrão plugue, segundo o INMETRO.
2° passo: Verifique se a tensão da rede elétrica no local de instalação é a
mesma indicada na etiqueta do plugue da sua lavadora.
3° passo: Nunca altere ou use o cabo de força de maneira diferente da
recomendada. Se o cabo de força estiver danificado, chame a Rede de
Serviços Brastemp para substituí-lo.
4° passo: Verifique se o local de instalação possui as condições
adequadas indicadas no Manual do Consumidor:-A pressão da água para
abastecimento deve corresponder a um nível de 2 a 80 m acima do nível
da torneira;
- Recomenda-se que haja uma torneira exclusiva para a correta
instalação da mangueira de entrada;
- É obrigatória a utilização de uma torneira com rosca ¾ de polegada
para a instalação da mangueira de entrada de água, a não utilização dela
pode gerar vazamentos.
- A mangueira de saída deve ser instalada no tanque (utilizando a curva
plástica) ou em um cano exclusivo para o escoamento, com diâmetro
mínimo de 5 cm. O final da mangueira deve estar a uma altura de 0,85 a
1,20 m para o correto funcionamento da Lavadora.
Caso o local de instalação não tenha as condições adequadas,
providencie as modificações, consultando um profissional de sua
confiança.
(Manual de Instruções da Lavadora Brastemp Ative Automática 9 kg)

Página 58 de 73
Bula de Remédio
Apresentação de Norfloxacino (Laboratório: Medley, Referência: Floxacin)
Comprimidos revestidos de 400 mg. Embalagens com 6 e 14 comprimidos
revestidos. USO ADULTO - USO ORAL
COMPOSIÇÃO
Cada comprimido revestido contém:
Norfloxacino ............................................................................ 400 mg
excipientes q.s.p. ........................................................... 1 Comprimido
(celulose microcristalina, croscarmelose sódica, dióxido de silício,
estearilfumarato de sódio, lactose monoidratada, laurilsulfato de sódio,
talco, álcool polivinílico, dióxido de titânio, macrogol, corante laca
amarelo crepúsculo).
Norfloxacino - Indicações
O Norfloxacino é indicado para tratamento das seguintes infecções:
- infecções do trato urinário;
- inflamação do estômago e intestino (gastrenterite) causada por alguns
tipos de bactérias;
- gonorreia;
- febre tifoide;
O Norfloxacino pode também ser usado para a prevenção das infecções
nos seguintes casos:
- contagem baixa de leucócitos: nestes casos, seu corpo fica mais
sensível a infecções causadas por bactérias que fazem parte da flora
intestinal;
- quando você visitar locais em que possa ficar exposto a bactérias que
possam causar inflamação do estômago e intestinos (gastrenterite).
Contra-indicações de Norfloxacino
Você não deve tomar Norfloxacino se: apresentar hipersensibilidade a
qualquer componente do produto ou a antibióticos quinolônicos.
Receita
Massa de Panqueca Simples
Ingredientes:

Página 59 de 73
1 ovo
1 xícara de farinha de trigo
1 xícara de leite
1 pitada de sal
1 colher de sopa de óleo
Modo de Preparo: Bata todos os ingredientes no liquidificador. A seguir,
aqueça uma frigideira untada com um fio de óleo em fo5
go baixo.
Coloque um pouco da massa na frigideira não muito quente e esparrame
de modo a cobrir todo o fundo e ficar só uma camada fina de massa.
Deixe igualar os dois lados, até que fiquem levemente douradas. Retire
com a espátula, e sirva com o recheio de sua preferência.
Sugestão de recheio: carne moída, queijo e geleia.
5.6 Texto informativo
O texto informativo é um texto em que o escritor expõe brevemente
um tema, fato ou circunstância ao leitor. Trata-se de uma produção
textual objetiva, normalmente em prosa, com linguagem clara e direta.
Tem como objetivo principal transmitir informação sobre algo, estando
isento de duplas interpretações. Ao contrário dos textos poéticos ou
literários, que utilizam a linguagem conotativa, o texto informativo utiliza
linguagem denotativa. Além de apresentar dados e referências, não há
interferência de subjetividade, ou seja, o texto é isento de sentimentos,
sensações, apreciações do autor ou opiniões.
Características do texto informativo
O autor dos textos informativos é um transmissor que se preocupa em
relatar informações da maneira mais objetiva e verossímil. No caso das
notícias, por exemplo, o escritor está encarregado de transmitir a
informação para os receptores leitores da maneira objetiva e alheia a ele.
Escrito em prosa, o texto informativo apresenta dados que o tornam mais
credível.
Estrutura do texto informativo
Tal como outros Gêneros Textuais, o texto informativo é constituído por:
 Introdução (tese): momento de exposição das informações
necessárias para informar o tema que será explorado pelo emissor
(autor).
 Desenvolvimento (antítese): parte fundamental que contém as
informações completas sobre o tema, desde dados mais relevantes, ou
melhor, todos os dados que se pode reunir para apresentação do
tema.

Página 60 de 73
 Conclusão (nova tese): encerramento do texto com exposição da
ideia central.
Exemplos de textos informativos
Veículos de informação tais como jornais, revistas e entrevistas são os
exemplos mais notórios de textos informativos. Além deles, os livros
didáticos, as enciclopédias e os verbetes de dicionários são outros
exemplos. Os artigos científicos e técnicos também podem ser
considerados textos informativos, embora esse gênero textual é mais
identificado com os textos expositivos-argumentativos.
Confira exemplos de textos informativos:
1. Notícia de Jornal
Combate à Dengue
A picada do mosquito Aedes Aegypti tem demonstrado grande
preocupação. Isso porque o aumento de mortes no país por motivo de
dengue tem crescido de forma considerável nos últimos meses. A melhor
maneira de combater a doença é explorar a única arma: a prevenção.
Projetos de conscientização alertam a população para os perigos da
proliferação do mosquito. O foco está nos métodos necessários para
acabar com os acúmulos de água nas casas. Isso porque são os
ambientes mais propícios para a reprodução do transmissor da doença.
2. Verbete de Dicionário
Significado de Alienação
s.f. Ação ou efeito de alienar: alienação de uma propriedade.
Jurídico. Ato de transferir para alguém uma propriedade ou um direito:
alienação de um apartamento. Resultado de algum tipo de abandono ou
efeito da ausência de um direito comum: alienação da segurança.
Filosofia. Hegelianismo. Quando a consciência se torna desconhecida a si
própria ou a sua própria essência. Informal. Desinteresse por questões
políticas ou sociais. Psicologia. Estado da pessoa que, tendo sido educada
em condições sociais determinadas, se submete cegamente aos valores e
instituições dadas, perdendo assim a consciência de seus verdadeiros
problemas.
Psicopatologia. Perda da razão, loucura: alienação mental.
Psiquiatria. No desenvolvimento de um sintoma clínico algumas pessoas
ou situações comuns tornam-se estranhas ou perdem sua natureza
familiar. Alienação a título gratuito, doação.
pl. alienações.
(Etm. do latim: alienatione.m)
Texto Informativo e Texto Expositivo
Em muitos casos, não existe diferença entre um texto informativo e
um texto expositivo. Isso porque a informação também é um dos seus
principais recursos linguísticos de um texto expositivo. À informação se

Página 61 de 73
juntam, ainda, conceituação, definição, descrição, comparação e
enumeração. Apesar da semelhança entre ambos, segundo o objetivo
pretendido, os textos expositivos podem ser classificados em Texto
Expositivo-argumentativo e Texto Expositivo-informativo.
Importante notar que o gênero de textos informativos pode conter outros
tipos de textos: descritivos, narrativos ou expositivos.
Texto dialogal
A dúvida é saber se existe a subdivisão do tipo textual narrativo chamada
de "texto dialogal". E se há, quais são elementos? Só difere da narrativa
tradicional pela falta de um narrador?
1. Em primeiro lugar, uma nota breve sobre a teorização relativa às
tipologias textuais. As reflexões recentes sobre tipos ou tipologias de
texto têm por base fundamentalmente as propostas de Jean-Michel
Adam (1992)1, segundo as quais, a partir da heterogeneidade
composicional dos discursos reais, são definidos padrões de
textualização. Trata-se de passar da complexidade das formas
discursivas reais para o apuramento de formas mais elementares ou
tipos relativamente estáveis de sequ[ü]ências, disponíveis para
entrarem num número infinito de combinações. Aquilo que Adam
descreve são protótipos textuais (narrativo, descritivo, argumentativo,
expositivo, injuntivo, dialogal), ou seja, agregados de regularidades do
processo de textualização.
2. Se dermos como equivalentes os termos protótipos textuais — tipos
de texto, então temos de reconhecer que raramente um discurso real
— efe(c)tivamente produzido num contexto situacional efe(c)tivo —
corresponde integralmente a uma tipologia. Talvez alguns textos
técnicos (a circular, o aviso, a convocatória, etc.) sejam
composicionalmente homogéneos. A regra é a heterogeneidade: o
sermão tem sequ[ü]ências argumentativas e sequ[ü]ências narrativas;
o discurso publicitário tem descrição e argumentação; o romance tem
narração e descrição, etc.
3. O texto dialogal caracteriza-se por integrar turnos (ou tomadas de
vez) de índole fática — são os turnos de abertura e de fechamento;
ex.:
Abertura
«— Olá!»
«— Então, tudo bem?»
«— Boa tarde.»
«— Por favor.»
Fechamento
«— Adeus, porta-te bem.»
«— Até à próxima.»
Página 62 de 73
«— Obrigado. Passe bem.»
Entre a abertura e o fechamento há o corpo da intera(c)ção, composto
pelos movimentos de pergunta-resposta. O texto dialogal tem a
especificidade de ser um texto cogerido, na medida em que é
produzido por, pelo menos, dois locutores: aquilo que um locutor diz
tem de vir a propósito do que o outro disse; os interlocutores, à vez,
concordam, discordam, generalizam, exemplificam, justificam,
concluem, particularizam, etc.
Alguns exemplos de discursos em que o protótipo dialogal é
dominante: a entrevista, o debate, a reunião de trabalho, etc.
4. À luz do que ficou dito sobre a heterogeneidade composicional dos
discursos, fica claro que uma narrativa se pode compor de sequências
prototípicas narrativas e de sequências prototípicas dialogais. Por
exemplo, Baía dos Tigres, de Pedro Rosa Mendes2, integra um
capítulo dedicado à reprodução de uma entrevista.
5. A relação protótipo narrativo — protótipo dialogal distingue-se, porém,
da integração, na sequ[ü]ência narrativa, do discurso relatado:
discurso dire(c)to e indire(c)to. O discurso relatado diz respeito aos
diferentes modos de representar as falas atribuídas a outros locutores
que não o locutor principal (se o texto englobante for narrativo, esse
locutor principal é o narrador). O discurso dire(c)to não é considerado
um tipo textual, mas um fenómeno enunciativo.'
5.7 Texto poético
A Poesia é um texto poético, geralmente em verso, que faz parte do
gênero literário denominado "lírico".
Ela combina palavras, significados e qualidades estéticas. Nela, prevalece
a estética da língua sobre o conteúdo, de forma que utiliza de diferentes
dispositivos fonéticos, sintáticos e semânticos.
A poesia é dividida em versos que, agrupados, são chamados estrofes. As
origens literárias da poesia apontam que ela nasceu para ser cantada,
por isso a preocupação com a estética, a métrica e a rima.
A poesia é um texto onde o autor expressa diretamente sentimentos e
visões pessoais. A voz que se manifesta na poesia, ou seja, o sujeito
poético e fictício criado pelo escritor é chamado de eu lírico.
Ela está entre as mais antigas formas de arte literária, havendo registro
de poesias em hieróglifos no Egito 25 séculos antes de Cristo. Na poesia
moderna, uma das mais importantes ferramentas é a metáfora, uma
figura de linguagem.
Entre os vários tipos de formas poéticas, temos:
 Dístico (poema de dois versos)
 Décima (poema de dez versos)

Página 63 de 73
 Soneto (poema de 14 versos)
 Ode (poema de exaltação)
Principais Tipos de Poesia
A poesia pode ser dividida em três gêneros principais:
 Poesia Lírica: pode ser traduzida como a maneira de expressar
sentimentos por meio da palavra falada ou escrita.
 Poesia Épica: é marcada pela objetividade, onde são narrados os
fatos considerados importantes para o poeta.
 Poesia Dramática: tem como característica a subjetividade e
objetividade, com a opinião do poeta.
Há também gêneros menos usados, como, por exemplo, a poesia
pastoral.
Poesia Lírica
Entre os gêneros da poesia, o mais aplicado está o lírico. A subjetividade
é a característica principal deste gênero poético.
Nele, o poeta oferece por meio do pensamento a sua visão social, de
mundo, sua realidade e expressa os sentimentos com atenção à estética,
técnica e métrica.
A maioria dos textos líricos está escrito em verso. Além da subjetividade,
as características do gênero lírico são: estética apurada, linguagem
elaborada atenção à forma. Ou seja, disciplina estrutural.
Os componentes da poesia lírica são: a métrica, o verso e a rima. A
métrica é traduzida com a disciplina na estrutura de combinações
distintas para a formação de versos, rima, ritmo e estrofes.
Já o verso é composto pelo conjunto de palavras submetidas ao ritmo e
que dá origem a outros versos. Pode apresentar pausas, acertos de rima.
O verso é classificado segundo o número de sílabas que contêm.
O verso comporta a rima em um conjunto silábico, sendo chamado verso
maior quando por nove sílabas e maior, se a quantidade superar este
número. Se não houver obediência a este recurso, o verso é denominado
livre.
Exemplo de Poesia
Segue abaixo um exemplo de poesia lírica, o "Soneto de Contrição" de
Vinícius de Moraes, poeta e músico brasileiro. Observe que a palavra
"contrição" significa arrependimento, remorso e sentimento de culpa.
Lembre-se que o soneto é uma forma fixa formada por dois quartetos
(duas estrofes de quatro versos cada) e dois tercetos (duas estrofes de
três versos cada):
Soneto de Contrição
Eu te amo, Maria, eu te amo tanto
Que o meu peito me dói como em doença

Página 64 de 73
E quanto mais me seja a dor intensa
Mais cresce na minha alma teu encanto.
Como a criança que vagueia o canto
Ante o mistério da amplidão suspensa
Meu coração é um vago de acalanto
Berçando versos de saudade imensa.
Não é maior o coração que a alma
Nem melhor a presença que a saudade
Só te amar é divino, e sentir calma…
E é uma calma tão feita de humildade
Que tão mais te soubesse pertencida
Menos seria eterno em tua vida.

Página 65 de 73
6. QUESTÕES DE FUNCIONAMENTO DA
LÍNGUA:
6.1. LINGUAGEM VERBAL:
as dificuldades de comunicação ocorrem quando as palavras têm
graus distintos de abstração e variedade de sentido. O significado das
palavras não está nelas mesmas, mas nas pessoas (no repertório de
cada um e que lhe permite decifrar e interpretar as palavras);

6.2. LINGUAGEM NÃO - VERBAL:


as pessoas não se comunicam apenas por palavras. Os movimentos
faciais e corporais, os gestos, os olhares, a entoação são também
importantes: são os elementos não verbais da comunicação. Os
significados de determinados gestos e comportamentos variam muito
de uma cultura para outra e de época para época. A comunicação
verbal é plenamente voluntária; o comportamento não-verbal pode ser
uma reação involuntária ou um ato comunicativo propositado.
Alguns psicólogos (e.g. Armindo Freitas-Magalhães, 2007) afirmam
que os sinais não-verbais têm as funções específicas de regular e
encadear as interações sociais e de expressar emoções e atitudes
interpessoais.
H. expressão facial: não é fácil avaliar as emoções de alguém apenas
a partir da sua expressão fisionômica. Por vezes os rostos
transmitem espontaneamente os sentimentos, mas muitas pessoas
tentam inibir a expressão emocional.
I. movimento dos olhos: desempenha um papel muito importante na
comunicação. Um olhar fixo pode ser entendido como prova de
interesse, mas noutro contexto pode significar ameaça,
provocação.
J. Desviar os olhos quando o emissor fala é uma atitude que tanto
pode transmitir a ideia de submissão como a de desinteresse.
K. movimentos da cabeça: tendem a reforçar e sincronizar a emissão
de mensagens.
L. postura e movimentos do corpo: os movimentos corporais podem
fornecer pistas mais seguras do que a expressão facial para se
detectar determinados estados emocionais. Por ex.: inferiores
hierárquicos adotam posturas atenciosas e mais rígidas do que os
seus superiores, que tendem a mostrar-se descontraídos.
M. comportamentos não-verbais da voz: a entoação (qualidade,
velocidade e ritmo da voz) revela-se importante no processo de

Página 66 de 73
comunicação. Uma voz calma geralmente transmite mensagens
mais claras do que uma voz agitada.
N. a aparência: a aparência de uma pessoa reflete normalmente o tipo
de imagem que ela gostaria de passar. Através do vestuário,
penteado, maquilagem, apetrechos pessoais, postura, gestos,
modo de falar, etc, as pessoas criam uma projeção de como são e
de como gostariam de ser tratadas. As relações interpessoais serão
menos tensas se a pessoa fornecer aos outros a sua projeção
particular e se os outros respeitarem essa projeção. Relação
Interpessoal - construção da identidade (ERIKSON, 1872): - implica
definir quem a pessoa é, quais sãos seus valores e qual direção
deseja seguir pela vida.

6.3. TIPOS E FORMAS DE FRASE


Frase é um conjunto de palavras organizadas e com sentido. Começa
por letra maiúscula e termina com um sinal de pontuação.
Conforme a intenção de quem fala podemos encontrar quatro tipos de
frase:

a) Tipo declarativo - A intenção de quem fala é informar,


apresentar um facto, uma ideia. A frase termina com ponto final ( . ).
b) Tipo interrogativo - A intenção é perguntar. A frase termina com
um ponto de interrogação ( ? ).
c) Tipo imperativo - A intenção é dar uma ordem, um conselho,
fazer cum pedido. A frase termina com ponto final ( . ) ou ponto de
exclamação ( ! ).
d) Tipo exclamativo - A intenção é exprimir sentimentos, surpresa,
indignação, espanto. A frase termina com um ponto de exclamação ( !
).

Página 67 de 73
Forma da frase
A frase pode ser negativa ou afirmativa. As palavras que dão ideia de
negação são não, nunca, ninguém, nada...
Marcas na
Tipos Intenções Formas Exemplos
escrita
Hoje vou à feira.
Informar sobre Afirmativa O tempo estava
Ponto final
um bom.
Declarativo acontecimento, Dois pontos
descrever uma Não gosto de
Reticências vinho.
situação Negativa
Nunca fui à caça.
Tens um lápis?

Formular uma Afirmativa Vais de carro ou


pergunta, Ponto de de bicicleta?
Interrogativo apresentar uma interrogação Não és
dúvida português?
Negativa
Não almoçaste?
És tão arrumada!
Exprimir Afirmativa Que lindo
sentimentos: menino!
satisfação, Ponto de
Exclamativo alegria, exclamação Não arrumaste
surpresa, nada!
indignação Negativa
Nunca fazes o
que te digo!
Deves comer
menos.

Afirmativa Senta-te!
Aconselhar, Deixem-me
fazer pedidos Ponto final passar!
Imperativo ou chamadas de Ponto de
atenção, exclamação Não te sentes aí.
ordenar Nem penses
Negativa nisso!
Nunca vás por
ali!

Página 68 de 73
7. PRONOMINALIZAÇÃO.

Pronominalização: mais do que um palavrão, um conjunto de


regras gramaticais para a correta articulação e colocação de verbos
com pronomes. «Amarei-te para todo o sempre!» – se a vossa
namorada é (literalmente) um avião e vocês a amararam no meio de
um oceano «para todo o sempre», fizeram bem... ao dizê-lo (i.e.,
gramaticalmente, a articulação do verbo «amarar» no pretérito
perfeito do indicativo – «amarei» – com o pronome átono «te» está
correta). Ao invés, se a vossa namorada não é um avião, fizeram mal,
literalmente ao dizê-lo, metaforicamente ao fazê-lo.
«Amar-te-ei para todo o sempre!» – se o disseram à vossa
namorada porque acham que a vão amar «para todo o sempre»,
fizeram muito bem ao dizê-lo (i.e., gramaticalmente, a articulação do
verbo «amar» no futuro do indicativo – «amarei» – com o pronome
átono «te» está correta). Ao invés, se acham que não a vão amar
«para todo o sempre» e só o disseram porque (metaforicamente) a
vossa namorada é um "avião" e queriam ir para a cama com ela,
fizeram mal, muito mal até, não literalmente e/ou gramaticalmente,
porque a frase está correta, mas moralmente, porque os vossos
princípios estão errados.
Feita esta breve introdução, seguem-se as principais regras
da pronominalização no que diz respeito à correta articulação
de verbos com pronomes:

Página 69 de 73
1. Quando a forma verbal termina em vogal, o pronome não
sofre alterações.
Eu amo a Maria. → Eu amo-a. [amo-na | amo ela]

2. Quando a forma verbal termina em «r», «s» ou «z», estas


consoantes caem e o pronome pessoal passa a ser «-lo», «-
la», «-los», «-las».
a) Prometo amar e respeitar a Maria para todo o sempre. →
Prometo amá-la e respeitá-la para todo o sempre. [amar-na e
respeitar-na]
b) Nós sabemos que o mais difícil não é casar. → Nós sabemo-lo.
[sabemos-no]
c) Eu fiz o pedido. → Eu fi-lo. [fiz-no]
3. Se a forma verbal terminar em «m» ou em ditongo nasal
(«õe» ou «ão»), o pronome tomará as formas «-no», «-
na», «-nos», «-nas».
a) Eles sabem que o mais difícil não é casar. → Eles sabem-no.
[sabem-lo]
b) Ela põe o marido na linha. → Ela põe-no na linha. [põe-o]
4. Quando a forma verbal está no modo condicional, o
pronome coloca-se entre o radical do verbo e as
terminações verbais «-ia», «-ias», «-ia», «-íamos», «-
íeis», «-iam»). No entanto, como o radical termina em «r»,
este cai e o pronome ganha um «l», transformando-se em
«-lo», «-la», «-los», «-las».
a) Eu levaria o vestido da mãe se ele me assentasse na perfeição. →
Eu levá-lo-ia se ele me assentasse na perfeição. [levaria-no |
levaria-o]
b) Nós convidaríamos todos os nossos amigos se eles não fossem
muitos. → Nós convidá-los-íamos (a todos) se (eles) não fossem
muitos. [convidariamo-los]
Quando a forma verbal está no futuro, o pronome coloca-se
entre o radical do verbo e as terminações verbais «-á», «-
ás», «-á», «-emos», «-eis», «-ão». No entanto, como o
radical termina em «r», este cai e o pronome ganha um «l»,
transformando-se em «-lo», «-la», «-los», «-las».
a) Nós faremos a lua-de-mel num cruzeiro. → Nós fá-la-emos num
cruzeiro. [faremo-la]
b) Eles terão filhos muito bem-educados. → Eles tê-los-ão muitos
bem-educados. [terão-os]

Página 70 de 73
5. Quando a frase está na negativa, o pronome vem antes do
verbo, sem sofrer alterações, tal como nalguns casos em
que a frase está na forma interrogativa.
a) Achas que ele ama a Maria? → Achas que ele a ama? [ama-a]
b) Ele não demonstra que a ama. → Ele não o demonstra.
[demonstra-o]
Casos especiais: Sempre que, na frase, se encontrem em
contacto duas formas de pronome pessoal – complemento
direto e indireto –, elas contraem-se formando uma só
palavra, seja qual for o tempo verbal.
Ele ofereceu um anel de noivado à Maria. → Ele ofereceu-lhe um
anel de noivado. → Ele ofereceu-lho. (lhe + o = lho)
Nós oferecemos-te o vestido. → Nós oferecemos-to. (te + o = to)
No que diz respeito à correta colocação de verbos com
pronomes, os pronomes átonos «me», «te», «se», «o», «a»,
«os», «as», «lhe», «lhes», «nos», «vos» podem vir antes,
depois ou no meio do verbo:
 Próclise: o pronome vem antes do verbo.
Ele não o demonstra.
 Ênclise: o pronome vem depois do verbo.
Eu amo-a.
 Mesóclise: o pronome vem no meio do verbo.
Nós fá-la-emos num cruzeiro.
A colocação de verbos com pronomes átonos deve respeitar as
seguintes regras:
1 – Regra geral, a conjugação pronominal deve ser feita
através da ênclise ou da mesóclise, sendo que nunca devemos
começar uma frase com um pronome átono.
Amarás a Maria para todo o sempre? → Amá-la-ás para todo o
sempre? [a amarás]
Não obstante, há palavras e/ou expressões que exigem que o
pronome seja colocado antes do verbo:
i) palavras com sentido negativo: não, nunca, jamais,
ninguém, nada, nenhum, nem,…
Ele demonstra-o. → Ele não o demonstra.
Ele ofereceu-lho. → Ele não lho ofereceu.

Página 71 de 73
ii) advérbios (sem vírgula): aqui, ali, só, também, bem, mal,
hoje, amanhã, ontem, já, nunca, jamais, apenas, tão, talvez,
etc.
Ontem lhe entregaram flores. [entregaram-lhe]
Com a vírgula, utiliza-se a ênclise:
Ontem, entregaram-lhe flores. [lhe entregaram]
iii) pronomes indefinidos: todo, tudo, alguém, ninguém,
algum,...
Nós falámos e tudo se esclareceu. [esclareceu-se]
Alguma coisa se passou para ele não ter vindo jantar. [passou-se]
iv) pronomes ou advérbios interrogativos (o uso destas
palavras no início da oração interrogativa atrai o pronome
para antes do verbo): «O que… ?», «Quem… ?», «Por
que…?», «Quando… ?», «Onde… ?», «Como… ?»,
«Quanto…?».
Quem te disse que eles querem casar? [disse-te]

v) pronomes relativos: que, o qual, quem, cujo, onde, quanto, quando,


como . Quando mo disseram, já eu o sabia. [disseram-mo]

vi) conjunções subordinativas: que, uma vez que, já que,


embora, ainda que, desde que, posto que, caso, contanto que,
conforme, quando, depois que, sempre que, para que, a fim
de que, à proporção que, à medida que, etc.
Caso ele se arme em esperto, eu sei muito bem o que fazer. [arme-
se]
2 – Não colocar pronomes átonos após o particípio
O correto é analisar cada situação para observar o lugar adequado,
mas nunca após o particípio.
Eu tinha-o convidado para jantar, mas ele não disse que não podia.
[convidado-o]
Nota: Na língua portuguesa, a palavra «se» pode ser conjunção ou
pronome átono e há situações em que ambos podem muito
corretamente aparecer na mesma construção, cada um exercendo seu
papel.
Quando eu o vi na rua, ele não sabia se se escondia ou se fugia.
[escondia-se]

Página 72 de 73
3 – Não colocar pronomes átonos após verbos conjugados no
futuro do indicativo
A depender do caso, caberá a mesóclise ou a próclise, mas nunca a
ênclise quando os verbos estão no futuro do indicativo.
Eles farão a lua-de-mel num cruzeiro. → Eles fá-la-ão num
cruzeiro. [farão-na | farão-a]
Eles terão filhos muito bonitos. → Eles tê-los-ão muito bonitos. [terão
nos | terão-lhes]
Dito isto, é bom que o(s) futuro(s) pretendente(s) da minha filhota
saiba(m) se expressar da melhor forma possível, caso contrário,
vamos ter sérios problemas de comunicação. Aliás, se depender de
mim, só se casa com ela se souber falar português. Se for mulher,
leva vantagem!

Página 73 de 73

Você também pode gostar