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As mais lindas e intelectuais da FCSH
ÍNDICE
SISTÉMICA E MODELOS DA INFORMAÇÃO
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1) A TEORIA MATEMÁTICA DA COMUNICAÇÃO de Claude Shannon
Comunicação – procedimentos pelos quais uma mente pode afetar outra e, de forma mais geral, a
forma como um mecanismo pode afetar outro mecanismo; segundo Shannon e Weaver, não é
obrigatoriamente humana, podendo ser:
• entre Homens;
• entre Homem e máquina;
• entre máquinas.
Quantidade de informação:
Comunicação Informação
Gregory Bateson: “A informação é uma diferença que gera uma diferença” – a informação revela-se
pela alteração de comportamentos; neste ponto de vista, a informação é de natureza relacional, de atribuição
de sentido, não só por parte dos humanos mas por outras entidades sentientes como, por exemplo, os
animais, as células e as plantas;
Informática Clássica: A informação é algo que é acrescentado aos dados que são recebidos e que
permite interpretar os mesmos; os dados são aquilo que passa pelo canal e que os computadores tratam; é
como se fosse o manual de instruções que permite ao computador interpretar os dados;
Norbert Wiener: “A informação é o termo que designa o conteúdo do que permutamos com o mundo
exterior ao ajustarmo-nos a ele e o que faz com que o nosso ajustamento seja nele percebido” – a chave da
nossa possibilidade de organização, de sobreviver na relação com o meio é a informação.
A Teoria Matemática da Comunicação foi desenvolvida nos anos 40, nos laboratórios Bell, por
Shannon. Coube a Weaver o alargamento para o campo das ciências sociais, desenvolvido durante a 2ª
Guerra Mundial. A TMC constitui o ponto de partida para o crescimento dos estudos em comunicação e
tem como objetivos e preocupações:
• resolver problemas na transmissão de mensagens à distância;
• tornar os canais de comunicação mais eficientes, de forma a transmitir-se o máximo de informação
ao comprimir um conjunto de bits, transmitindo uma menor quantidade sem que fosse prejudicada
a receção e reconstrução dos bits iniciais (canais prediletos: cabo telefónico e ondas de rádio);
• tornar esta transmissão mais barata, eficiente, eficaz e rigorosa.
SISTÉMICA E MODELOS DA INFORMAÇÃO
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Para Shannon, o “problema fundamental da comunicação é o de reproduzir, num determinado
ponto, exata ou aproximadamente, uma mensagem escolhida noutro ponto”.
Ponto A Ponto B
x________________________________________________________________________________x
Há um emissor que envia bits que vão passar por um canal (sinal). Os bits serão, depois, entregues ao
destinatário. Restrições: condições físicas e técnicas de um canal.
Shannon focou-se no problema da medição da capacidade de um canal de comunicação. Para além
disso, focou-se na probabilidade das coisas ocorrerem num determinado conjunto ou sequência.
Concluiu que era possível comprimir os bits sem prejudicar a capacidade do receptor receber a
mensagem sem perder a qualidade, isto é, recuperar a mensagem original.
Entre o emissor e o receptor há um canal em que há sempre ruído. Para combater este problema,
poder-se-ia amplificar o sinal. Porém, ao amplificar o sinal, também se amplifica o ruído, o que não é
solução. Deste modo, há que lidar com o ruído de outra forma.
Segundo Shannon, pode-se tratar as mensagens, independentemente da sua natureza. Se se conseguir
digitalizar a mensagem, pode-se tratá-la no âmbito da matemática. Partindo a mensagem em pequenos
pedaços (números), vai-se evitar o ruído, fazendo com que a mensagem chegue ao receptor de forma mais
segura, completamente restituída.
Apesar do seu cariz matemático e de engenharia, a TMC é aplicável à comunicação humana.
Pressupostos da TMC:
• O universo do número de símbolos a partir do qual se constrói uma mensagem é um número finito.
• Tanto o emissor como o receptor têm de conhecer o universo (conjunto de símbolos) –
conhecimento mútuo e prévio.
• A operação/relação entre símbolos e sinal, ou seja, código, tem que ser partilhado por ambos.
9 modelo de comunicação clássico mais utilizado já que constitui o ponto de partida para outros
modelos de comunicação;
9 teoriza o binómio material/imaterial na consciência/necessidade de transformar o conceito de
comunicação num processo técnico – pendor materialista que suspende os elementos imateriais
submetidos no processo comunicacional.
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Modelo da Comunicação de Shannon e Weaver, 1940 – Modelo linear
Ruído
Mensagem Mensagem
Sinal recebido
selecionada entre Sinal emitido
várias Descodificação
Codificação
Fonte de informação: A fonte seleciona a mensagem (de um conjunto de mensagens possíveis e finito) a
enviar. Esta também anuncia e constrói a mensagem.
- “Decision maker”.
- Mensagem: palavras escritas ou orais, imagens, música (…).
Codificação (conceito relacionado com o sinal): Processo pelo qual a mensagem se materializa. Como as
línguas são redundantes não é preciso codificar toda a mensagem para que esta seja possível de reconstituir.
Podem eliminar-se bits sem se perder o significado.
- Medium/media.
Código: Consiste em sinais e regras/convenções comuns às entidades envolvidas que determinam como e
em que contextos esses sinais são usados e como podem ser combinados para formar mensagens mais
complexas (o conjunto é finito, mas o número de códigos existentes é infinito).
Há uma dupla-codificação: transformar a mensagem em bits e os bits em mensagem – o trabalho
sobre o código é essencial.
A escolha do código está relacionada com as características físicas do canal. O emissor e o receptor
têm que conhecer o mesmo código.
Código = signos* + convenções
(*remetem para algo imaterial: sinais)
Algoritmo
Conjunto de instruções, que são conhecidas pelo emissor e pelo recetor, que permitem passar a
mensagem para bits e os bits de volta para mensagem. Funciona como o “manual” para entender o código.
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Sinal
Processo de codificação da mensagem para algo imaterial, representativo da mensagem. A
mensagem é codificada, pelo emissor, que vai transmitir o sinal.
Ruído
Adição indesejada ao sinal, não intencionado pela fonte, entre a transmissão e a recepção deste,
alterando, assim, a mensagem. E a intenção da fonte, limitando a quantidade de informação que se pretende
enviar.
O ruído é detectado porque o receptor tem alguma noção daquilo que vai receber, percebendo, nestes
casos, que não deveria ter recebido a mensagem assim.
O ruído dificulta a descodificação eficiente do sinal. Quando há mais informação devido ao ruído a
informação vai haver uma qualidade menor (página 19, Weaver).
Ruído semântico (nível B): Distorção do sentido no processo de comunicação sem intenção da fonte. Os
factores externos condicionam a transmissão da mensagem e, consequentemente, a sua recepção no destino.
Media (Medium): meios técnicos de converter uma mensagem num sinal capaz de ser transmitido através
de um canal.
Receptor: conhece o código partilhado pelo emissor, de forma conseguir descodificar a mensagem, ou seja,
a converter os sinais em mensagem, entregando-a posteriormente ao destinatário (o receptor e o emissor não
são, obrigatoriamente, pessoas).
Feedback: Este conceito não é usado no modelo mas referido em críticas pela sua inexistência. Surge na
Cibernética e na Teoria Geral dos Sistemas. É caracterizado por fazer o percurso inverso (destinatário à
fonte), como “resposta” à mensagem anterior, isto é, o fluxo de informação inverso que ajuda a comunicação
a ajustar a sua mensagem ao receptor.
Entropia: A fórmula de Shannon é igual a entropia (conceito associado à termodinâmica que mede a
desorganização interna/progressiva perda de desorganização (caos) de um sistema. O valor máximo da
entropia é o valor máximo da informação – máxima imprevisibilidade (John Fiske). A entropia é
semelhante à forma como estão organizadas as partículas que compõe a mensagem (por exemplo: letras).
Portanto, a entropia mede a imprevisibilidade de encontrar uma determinada partícula num determinado
conjunto. Quanto mais entrópica for uma mensagem, mais informação ela contém.
+entropia
+informação
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Quanto maior a incerteza, maior a equiprobabilidade, maior a quantidade de informação, logo, maior será a
entropia.
+ informação + entropia
A entropia, num dado sistema, aumenta ao longo do tempo e é irreversível (se não for injetada nova
informação no sistema).
A entropia na TMC não tem conotação do sistema mas sim a conotação técnica/matemática da
surpresa estatística. No nível A é a medida do número de escolhas do sinal que podem ser feitas, tendo em
conta a probabilidade destas.
O modelo da comunicação tem como fim ultrapassar certos problemas de modo a que seja
assegurada uma comunicação bem-sucedida.
O problema de Shannon, ao qual o modelo tenta dar resposta (apesar deste poder ser aplicado aos
três níveis, o modelo tem origem no problema do nível A).
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Shannon afirma que este nível é condição para a comunicação. O mau funcionamento do nível A
prejudica o funcionamento correto dos outros dois níveis e apenas quando o cumprimento do funcionamento
de todos os níveis é assegurado é que se pode garantir uma comunicação bem-sucedida.
A codificação dos símbolos mais eficiente vai permitir que o sinal se sobreponha ao ruído.
Se o sinal chegar de forma diferente ao receptor, a mensagem pode não chegar e, mesmo que
chegue, a mensagem poderá não ser compreendida.
- Sentido da mensagem (certeza de que a mensagem chega semanticamente igual – o sentido na mensagem
está contido nesta).
- Comparação da intenção do emissor com a interpretação pelo receptor. Obriga à partilha do mesmo
código entre as entidades.
- Corresponde aos problemas relacionados com a compreensão da mensagem por parte de quem a recebe.
- Os problemas existentes ao nível A (tal como as soluções) são equivalentes/análogos aos problemas do
nível B (o ruído técnico do nível A fomenta a origem do ruído semântico do nível B).
- O nível B tem um carácter imaterial pois liga-se ao conteúdo, ao contrário do nível A que tem um carácter
material/técnico.
- Uma codificação eficaz assegura a fidelidade da mensagem. Um processo de codificação mais eficaz
pressupõe uma maior eficácia semântica.
Quão eficazmente a mensagem recebida afecta a conduta do destinatário? (Em que medida são alterados os
comportamentos de acordo com a mensagem recebida e o sentido atribuído)
- Este nível implica a questão de como é que o emissor tem informação sobre o efeito da sua
mensagem no receptor (através do feedback, estudado não na TMC mas sim na cibernética).
Norbert Wiener faz surgir uma interpretação diferente, mais dinâmica, da relação entre entropia e
informação. O autor vai ligar o controlo à comunicação (autocontrolo dos sistemas).
Comunicação
Inerentes à vida do homem em sociedade
Controlo = regulação da actividade
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Tese: A sociedade só pode ser compreendida através de um estudo das mensagens e das facilidades de
comunicação que dispõe.
Objectivo:
Assim, a cibernética procura desenvolver uma linguagem e técnicas que nos capacitem de modo a
lidar com o problema do controlo e da comunicação em geral (foco no comportamento como resposta). Vai
estudar os mecanismos de controlo, nomeadamente os de autocontrolo, tanto nos seres vivos como nas
máquinas, tendo como pressuposto que esse comportamento tem em vista alcançar um objetivo ou não se
afastar desse objetivo.
Wiener considera o controlo como vital, sendo que este só existe quando há informação e
comunicação. O controlo do organismo (máquina, animal, homem) só acontece se houver mecanismos de
transmissão da informação e comunicação entre o organismo e o agente externo ou até entre componentes
orgânicas.
A Cibernética constitui um modelo que estuda e coloca diferentes entidades/organismos (de natureza
diferentes) à mesma “luz”, ou seja, analisa-os sob o mesmo leque conceptual – forma única de conhecer os
organismos e os seus comportamentos.
Wiener (domínio técnico e não técnico – reflexão social e filosófica) ≠ Shannon (domínio técnico)
Wiener difere de Shannon visto que o seu modelo é alongado a um nível circular (feedback), embora
o simplifique. Estuda, sob o raciocínio cibernético, movimentos mecânicos e, também, sociais. Aplica a
entidades não determinísticas um modelo de controlo e, também, orientador.
A cibernética nasce com a preocupação de criar máquinas “inteligentes”. Máquinas capazes de imitar
comportamentos humanos. Tentava-se que as máquinas tomassem decisões com base em decisões que já
tinham sido tomadas no passado. Os conceitos desta disciplina foram expandidos para as realidades sociais.
Entradas Saídas
Caixa
Inputs Outputs
Negra
-Acção -Reacção
-Estímulos -Respostas
- Causas - Efeitos
Input: Entradas exteriores sob a forma de informação, energia e matéria. Vão influenciar o comportamento
da entidade. São transformados consoante as directrizes do modelo.
Output: Resumo final da operação sob a forma de saídas, estímulos, respostas, exportadas para o ambiente
(meio), sendo criados novos comportamentos que são transferidos para outros sistemas presentes no meio.
Caixa negra: Sistema cujo interior não pode ser desvendado, isto é, não é possível conhecer o seu
funcionamento, sendo que a única coisa conhecida é o comportamento da caixa/sistema. Wiener decide
estudar o comportamento externo e não o interno, não lhe interessando a composição da caixa.
Epistemologicamente é um conceito muito importante que está relacionado com a forma como se faz o
conhecimento.
- Visão behavorista: examina-se o output do objecto (entidade) e as relações do output com o input (?)
(Rosenblueth et al., pp.18 Behaviour, Purpose, Teleology).
- A caixa negra processa os inputs e altera o ambiente por meio dos outputs (exerce um certo controlo).
Feedback
Tem em vista detalhar os mecanismos de retroação. Um sistema pode ser dividido em várias
componentes. O conceito de caixa negra pode ser utilizado para referir o sistema “mãe” mas não o sistema
regulador.
Regulador
Padrão ou objetivos
O feedback surge de forma a transmitir a informação, para que a entidade/organismo tenha conhecimento
dos efeitos que teve por meio dos seus inputs (parte do output, como feedback, fará, de novo, parte dos
inputs). Os comportamentos/saídas vão influenciar as entradas.
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Feedback: Mecanismo de controlo e de alerta que transmite a informação das saídas para as entradas para
que o sistema reconheça os resultados dos outputs (com base nos inputs prévios). Portanto, serve como
controlo para que o sistema não se afaste do seu objectivo. Sem o feedback não existiria possibilidade de
os sistemas se organizarem.
Feedback Positivo: Acção estimuladora que atua como reforço do comportamento em determinada direcção,
visto que o objectivo ainda não foi cumprido – auto-reforço, amplificação (exemplo: contracções durante o
parto).
Feedback Negativo: Acção inibidora que contraria uma determinada tendência, actuando sobre a entrada do
sistema, regulando-o para que este posso atingir o seu objectivo – auto-regulação, auto-organização
(exemplo: termorregulação/termóstatos).
Na Cibernética:
Informação = Organização (combate à entropia)
≠
Na TMC:
Informação = Desorganização (igual à entropia)
Homeostasia (conceito que faz mais sentido na TGS, embora também apareça na cibernética): equilíbrio
dinâmico obtido através da auto-regulação. É um estado e não uma operacionalização. O sistema retoma o
estado homeostático através de processos próprios. É um conceito fulcral aos sistemas abertos pois permite a
sua sobrevivência e eficiência (definição/citação de W.B. C. no texto de Mukerjee, 1966, pp.75). É um
processo desencadeado pelo feedback. Os processos homeostáticos ocorrem depois do alerta do feddback.
Entradas Saídas
Homeostasia
FEEDBACK
Desequilíbrio
NEGATIVO
(Alerta)
Segundo Wiener, um sistema tem tendência natural para o caos, para a desorganização (2ª lei da
termodinâmica) -> para a entropia. Tanto a cibernética como a Teoria de Sistemas tentam perceber e resolver
o problema da entropia.
2ª lei da termodinâmica: a quantidade de entropia de um qualquer sistema isolado tende a aumentar com o
tempo, até alcançar um valor máximo – um estado de equilíbrio termodinâmico (Kelvin, 1851).
A entropia permite medir o grau de organização interno de um sistema (perspectiva macro dos
sistema – na sua totalidade, que incorpora aquilo que acontece a nível micro, nos seus microestados).
Quando a entropia se encontra no seu nível máximo, ou seja, um sistema isolado se encontra na sua
máxima desorganização, ocorre uma situação de equilíbrio. Nestes sistemas não há perdas de energia, a
energia é a mesma mas existem vários tipos de energia. Uma dessas energias é responsável pela organização
do sistema, com o passar do tempo essa energia perde a sua capacidade de organização. Contudo como os
sistemas isolados existem apenas teoricamente, esta situação não ocorre. Quando o sistema não é isolado, há
entrada de energia, de informação, de matéria que permitem a reorganização do sistema.
Um sistema é composto por partes interrelacionadas, que estão em interacção e se relacionam umas com as
outras. Influenciam-se através dos fluxos de informação entre as partes. Todos os sistemas operam no meio
envolvente, separado pela fronteira. Esta não é necessariamente física/material, pode ser simbólica.
A entropia conduz à desorganização dos sistemas, caso não possuam mecanismos de auto-
regulação e de feedback (para operacionalizar a mudança e alertar, respectivamente).
Wiener considera então que o feedback como informação é entropia negativa, ou seja, uma medida
de desorganização. A neguentropia é a capacidade que os sistemas têm de contrariar/combater a entropia
para manter a organização e garantir a sua sobrevivência.
A entropia “positiva” é a que (re)organiza o sistema, com base na informação. Recurso do sistema
para se manter vivo, eficiente e alcançar o objectivo final.
- Em sistemas fechados não há interacção com o meio exterior, sendo que se verifica a tendência da entropia
aumentar.
- Em sistemas abertos verifica-se a tendência de desorganização, mas é possível que o sistema se organize,
por meio da informação (Informação = neguentropia: permite retomar o rumo/objectivo).
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A entropia é, normalmente, um processo irreversível, contudo, é possível reverter este efeito com a
entrada de nova energia no sistema. (ex.: num copo com gelo, com o passar do tempo passa a ser um copo
com água, a entropia aumenta, o gelo perdeu a estrutura, desorganizou-se. Sozinha, a água não consegue
voltar a transformar-se em gelo. É preciso injetar energia no sistema). A entropia é reversível por
intervenção externa.
Aqui a importância é dada aos fluxos de informação entre sistemas, a informação é tida como a
“cola” dos sistemas.
A. Emergência: propriedades diferentes que pertencem ao sistema e que não sucedem na relação
com o meio. É algo que surge nas partes.
B. Fronteira: o que separa o sistema do meio envolvente. Este conceito determina a tipologia de
aberto ou fechado. É subjetivo pois não denota, em alguns casos, onde começa ou onde termina
o sistema/meio. Influência a sua permeabilidade.
C. Modelo I/O: o sistema como produto/“processos” de informação exterior e que exibe um
determinado comportamento (entrada e saída, respectivamente – são observáveis).
D. Feedback: Inerente ao sistema, permite o cumprimento de certos objectivos e a sua
sobrevivência, através do alerta. É um input informacional. Os subsistemas também têm
mecanismos de feedback, tendo em conta que também têm objectivos (cadeia de objectivos: o
cumprimento de 1 objectivo de um elemento pressupõe o avanço do trabalho para alcançar o
objectivo geral.
• Sistemas fechados: feedback positivo à Maior entropia
• Sistemas abertos: feedback negativo à Homeostasia à Menor entropia
E. Elaboração interna: capacidade do sistema de se reorganizar, de se redefinir consoante os seus
objectivos (só é possível nos sistemas abertos à trocas de informação permitem novos
procedimentos).
F. Diferenciação: divisão funcional dos componentes – elaboração estrutural.
G. Hierarquia: relação hierárquica entre (sub) sistemas e componentes. Relativa à dimensão
(mesma dimensão = mesmas propriedades) e à complexidade do sistema (quanto maior e mais
aberto ao meio um sistema for, mais complexo será).
H. Objectivos múltiplos: Os sistemas definem mais que um objectivo a cumprir (por exemplo,
uma máquina, um homem, ou os animais, podem definir múltiplos objectivos para si).
I. Equifinalidade: propriedade do sistema que o permite alcançar um objectivo por diferentes
vias, através de condições iniciais diferentes. Apesar disto, é uma possibilidade (por exemplo,
um estado final pode partir de diversos factores).
J. Entropia negativa: o sistema utiliza informação como forma de contrariar a sua tendência
entrópica. Através dessa informação e de processos de auto-estrutura (elaborados internamente)
vai combater a tendência de degradação do sistema (e consequentemente a sua morte), de modo
a manter o estado homeostático e de cumprir o seu objectivo.
K. Estado estável: como não há troca de informação com o meio, o sistema vai estagnar e
aumentar a sua entropia, perecendo.
L. Equilíbrio dinâmico e homeostático: como o sistema é aberto, há I/O e uma proporção. Assim,
o equilíbrio é sempre o mesmo mas com variâncias no número de I ou O (embora o resultado
seja sempre o mesmo), dai ser dinâmico, variável.
M. Multifinalidade: a mesma causa pode ter resultados diferentes (por exemplo, a mesma
experiência pode produzir diferentes consequências.
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NOTA: os sistemas são finitos, enumeráveis e enunciáveis.
A. Interação: pode tomar formas complexas (pode ser uma troca, uma influência recíproca). A
interação leva à relação, embora o contrário não seja obrigatório acontecer. A interação pressupõe a
troca de informação, matéria, energia. Uma forma particular de interação é a retroação.
B. Complexidade: presente em todos os sistemas, é necessária conservá-la, sendo que nunca é
totalmente compreendida. A complexidade surge de:
• Composição do sistema;
• Incerteza;
• Relações ambíguas
C. Organização: conceito central à sistémica. Arranjo de componentes ou indivíduos que produzem
uma nova unidade que não tem qualidades nas fontes mas sim no todo/sistema.
Sistema estático: é um sistema que não muda, que não há nada no sistema que se altere. Ao longo do tempo
não sofre alterações numa ou numa das principais propriedades estruturais. Há alterações no meio, mas a sua
estrutura não muda (exemplo: uma mesa – pode ser conceptualizado como um sistema estático, tem uma
estrutura, tem partes e essas partes organizam-se, mas que não sofre alterações). A mesa não muda de estado,
porque as suas propriedades relevantes não muda, mesmo que haja alteração no meio envolvente.
Sistema dinâmico: (o principal foco da Teoria dos Sistémicas, da sistémica, são os sistemas que mudam
quando há alteração no meio envolvente). As propriedades estruturais mudam ao longo do tempo, há
alteração no estado.
O estudo de sistemas dinâmicos complexos à grande foco da sistémica.
Sistema homeostático: o sistema estático cujos elementos e ambiente são dinâmicos. Sistemas estáticos que
estão em interação dinâmica com o meio.
à Os processos homeostáticos são processos que têm em vista manter o equilíbrio do sistema, de
forma ao sistema não se afastar do seu objectivo. É uma propriedade dos sistemas que leva a que o
sistema mantenha, assim, um determinado nível de equilibro, um estado.
É possível conceptualizar um objecto de observação, seja como estático ou como dinâmico, depende quais
sejam os meus objectivos como observador.
O sistema com objectivo(s) é um sistema multiobjectivo. O sistema é dirigido ou autodirigido mas as suas
partes também têm objectivos – quando o sistema é um todo organizado, formal ou informalmente, há uma
subordinação das partes ao todo. Há uma subordinação das suas ações ao objectivo do todo. Interagem para
que o sistema persista em equilíbrio.
- Objectivos do sistema
- Objectivos dos subsistemas
A Equifinalidade é uma propriedade dos sistemas abertos que diz que um sistema pode alcançar, por uma
variedade de caminhos diferentes, o mesmo estado final (para num determinado momento ter um
determinado estado). Existe mais de um modo de um sistema atingir um determinado resultado.
Distinções:
- Concretos x abstratos
Um sistema abstrato é aquele cujos elementos que compõe o sistema (subsistemas) são conceitos que se
relacionam, que estão em interação (exemplo: a linguagem) – sistema cujos componentes são conceitos.
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Um sistema concreto é aquele em que pelo menos dois dos elementos que o compõe são concretos (objectos
conceptuais).
- Naturais x artificiais
Os sistemas naturais existem na natureza e os sistemas artificiais são criados pelo Homem.
- Abertos x fechados
Os sistemas abertos realizam trocas com o meio ambiente e os sistemas fechados não.
Se os fechados já são uma abstração, então os isolados ainda são mais, porque para além de não trocarem
informação, não trocam energia (não existem sistemas isolados).
Tipologias de autor:
Mário Rouge
Sistemas Vivos
Sistemas Químicos
Não há vivo sem químico nem físico – os sistemas físicos tem menos propriedades que os químicos,
que por sua vez têm menos propriedades que os sistemas vivos. Portanto, os sistemas vivos são superiores na
hierarquia e contêm uma acumulação de propriedades químicas e físicas.
LeMoigne
Nível “vida”
7 – Sistema com coordenação (o objeto ativo coordena-se) – tem dentro de si uma unidade de
coordenação, começa a ser complexo. Há subsistema de coordenação que toma marco-decisões e coordena
os outros subsistemas (contém um subsistema operante, um subsistema decisório, um subsistema
informacional e um subsistema coordenacional).
6 – Sistema com memória (o objeto ativo tem uma memória) – sistema com capacidade de
reter/armazenar informação. A memória acrescenta a complexidade ao comportamento de um sistema. Com
a memória entramos no domínio da comunicação. Há sistemas que evoluem e são capazes de aprender com o
passado. Memória é informação representação. Toma decisões autónomas comparando a informação
anterior. Por exemplo: vírus
5 – Sistema com centro decisional (o objeto ativo decide a sua atividade) – este sistema tem um
subsistema de decisões: é capaz de processar informação e tomar decisões autonomamente. O sistema é
capaz de tomar decisões face aos seus objetivos. Por exemplo: uma amiba
Nível “máquina”
4 – Objeto informado (o objeto informa-se) – objeto ativo, regulado e informado. A informação que estes
objetos recebem é utilizada de uma forma mais elaborada, intencionalmente. Procura informação para
regular o seu comportamento. Ex.: termóstato
3 – Objeto ativo e regulado – objeto ativo que tem dentro de si órgãos que asseguram a regulação e o
feedback. Ex: míssil, termóstato.
2 – Objeto ativo – objeto que recebe estímulos do exterior e reage a esse estímulo. É um objeto com
comportamento percetível. Ex: Terra, Lua
1 – Objeto passivo – ex.: pedra. Inclui os objetos que não têm necessidades próprias, apenas estão. Contudo,
a pedra não é considerada sistema à luz do fio condutor do nível de análise de Le Moinge. De acordo com o
nível de análise dos químicos, a pedra é, sem dúvida, um sistema
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4) CIÊNCIAS SOCIAIS E SISTÉMICA: aplicabilidade das teorias sistémicas à
complexidade social
Sistema - Teoria das organizações e da gestão das organizações
As organizações eram vistas à luz da metáfora da máquina. Com a teoria dos sistemas, as
organizações vão ser vistas como um sistema vivo, um organismo. Porém, a metáfora do organismo não
pode ser aplicada às organizações sociais. As organizações permitem perceber como é que os sistemas se
relacionam. As organizações, tal como os sistemas, tem inputs, outputs, e evoluem no tempo.
De acordo com Kast e Rosenzweig uma organização pode ser definida com um subsistema que está
inserido num sistema mais vasto que é a envolvência. Eles falam das organizações como de modelos de
transformação que acrescentam utilidade, valor, aos inputs que advêm da própria atividade do sistema.
Contudo, a própria organização é composta por vários subsistemas, entre os quais:
• Subsistema de objetivos e valores: subsistema que está relacionado com a cultura, os valores e os
objetivos da organização. Onde a organização estabelece aquilo que se compromete fazer, tendo em
conta as necessidades do meio. As regras e as características comuns da organização estão
englobadas nesta subparte.
• Subsistema administrativo/ de gestão: coordena, controla toda a organização, subordina todos os
subsistemas. Os mecanismos de feedback são indispensáveis para este sistema, para a monitorização.
Define missões, estratégias, controla toda a operação.
• Subsistema mecânico: inclui equipamentos, técnicas, saber e conhecimento.
• Subsistema psicossocial: é composto pelos indivíduos (recursos humanos) e os grupos que
interagem no funcionamento da organização. Consiste essencialmente na motivação e no
comportamento dos indivíduos, no status e nas relações, na dinâmica de grupo, sendo afetado pelos
sentimentos, aspirações, valores, expectativas das pessoas envolvidas na organização.
• Subsistema estrutural: envolve a diferenciação de postos e coordenação das tarefas de cada um; os
cargos que cada pessoa tem relacionam-se com a instrução e com a necessidade da empresa. Os
padrões de autoridade e de respeito, os processos comunicacionais, os fluxos de trabalho e a
formalização das relações estão relacionados com esta parte. Envolve também as normas e regras de
funcionamento da organização.
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4.2.) O sistema político – David Easton
Pergunta de partida: Como é que os sistemas políticos conseguem persistir num mundo onde reinam
simultaneamente a estabilidade e a transformação?
O
I
N
Pedidos U
P
O Sistema T
Decisões e Ações P
U
Apoios Político U
T T
S
S
Sendo um sistema social, tem uma extraordinária capacidade de responder, de alterar o seu comportamento,
em relação às condições. Esta capacidade serve para o mesmo se manter estável, em condições de equilíbrio.
“Ser capaz de aguentar as alterações, articular-se com o meio.”. Assim, o objetivo do sistema é manter a
coesão social de forma a manter-se no poder.
Equilíbrio ≠ Estabilidade
Se houver uma mudança na governação, a essência do sistema não muda, apenas muda o governo.
Para David Easton, os sistemas intrasocietais compreendem conjuntos de comportamentos, atitudes e ideias
tais como a economia, a cultura, a estrutura social e as personalidades.
Para perceber o sistema é preciso perceber as dinâmicas internacionais. O plano extrasocietal é um espécie
de suprassistema.
“Não só os inputs exercem influencia na sociedade como, ao fazer, ajudam a determinar as vagas sucessivas
de inputs que procuram entram no sistema. Há, assim, um anel de retroação cuja a identificação nos permite
identificar os processos pelos quais os sistemas fazem face às tensões.” (p.152)
Os media são uma forma de retração usada pelos sistemas políticos. As relações entre os sistemas políticos e
os media é sempre um foco de tensão.
Um sistema sem feedback vai ter dificuldade em persistir. É preciso ler, interpretar estes mecanismos sem a
articulação permanente com o feedback o sistema político tem muita dificuldade em persistir.
Luhmann, sociólogo, preocupa-se com as grandes teorias e com a sociedade geral, de forma a criar uma
teoria para a mesma. Pega na Teoria dos Sistemas para falar do sistema social, a sociedade. Os seus textos
são um desenvolvimento da TGS.
Tipologias de Sistemas:
Sistemas autopoiéticos: Conceito da teoria da comunicação (Maturama e Varela). Sistemas que são capazes
de se produzirem a si mesmos, ou seja, de se autoproduzirem. Vivem em interação com o meio mas, quando
evoluem, são capazes de se auto-organizar, auto-estruturar, independentemente do meio. O meio é uma
SISTÉMICA E MODELOS DA INFORMAÇÃO
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As mais lindas e intelectuais da FCSH
irritação, uma perturbação, mas é de dentro que o organismo se reproduz (com recursos de dentro, com
recursos próprios. Ex.: as células multiplicam-se sozinhas, com os seus próprios recursos.).
Este fenómeno acontece porque há uma espécie de fechamento ao meio, um fechamento operacional, ou
seja, em favor da operação do sistema. (ex: a membrana das células é semipermeável, só deixa entrar aquilo
que lhe interessa). Os sistemas deixam-se “irritar” pelos inputs, (selecionam) os que são relevantes. É com
base no significado, no sentido, que o sistema escolhe os inputs que deixa entrar. Luhmann usa este conceito
para explicar a forma como se organiza a sociedade.
Sistemas psíquicos – as pessoas, os grupos de pessoas, que têm consciência, valores, pensamentos. Não é o
corpo humano. Também são autopoiéticos, pois pensamento gera pensamento.
Sistemas Sociais – são compostos por comunicação. Esta é a unidade de análise da sociedade. As pessoas
não estão na sociedade, só a comunicação. As pessoas, os pensamentos, são meio do sistema social. Estes
são também autopoiéticos, pois comunicação gera comunicação. Esta autoproduz-se sozinha.
• Há quem use esta lógica para explicar sistemas atuais com a Internet, as redes socias, etc. O mundo é
cada vez mais complexo pois a complexidade dos sistemas também tem vindo a aumentar.
Nota: pg. 66 do texto de Luhmann – referência a David Easton – o modelo do sistema político pode ser
reanalisado à luz destas ideias.
Crítica ao modelo de LeMoigne: O observador está sempre implicado, não é possível existir um observador
fora do sistema. Não é o observador que desenha a fronteira do sistema, é o próprio sistema social que
determina a sua fronteira.