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COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO:

TEORIAS E REFLEXÕES
Profª Drª Renata Lira Furtado
PPGCI/UFPA – 2021
Aula 6
Teoria
Teoria crítica Teoria crítica
matemática da
da sociedade da informação
comunicação

Competência
Regimes de
crítica em
informação
informação
Teoria
matemática
da
comunicação

Teoria crítica da Teoria crítica da


sociedade informação
Cenário pós Segunda Guerra mundial
Estados Unidos: produção industrial positiva, potência tecnológica, estímulo para pesquisa
científica.

Alan Turing Vannevar Bush Norbert Wiener Claude Shannon Warren Weaver
Alan Turing Vannevar Bush
Matemático, criptoanalista
Máquina de Turing, 1936 Engenheiro
origem ao computador Protótipo da internet: Memex, 1945
Considerado o Pai da computação moderna Precursor do conceito de hipertexto
https://www.youtube.com/watch?v=wFvLFGNL
vbU
https://www.youtube.com/watch?v=inS7fpJmcoQ

https://www.youtube.com/watch?v=_qbBpnA-71w
Norbert Wiener
Matemático
Desenvolvimento dos sistemas de direção de uma mira automática
Visualizou que a informação como uma quantidade era tão importante quanto a energia.
O fio de Cobre pode ser estudado pela energia que ele é capaz de transmitir, ou pela informação que
pode comunicar.
Pai da cibernética – 1948
Carta à irmã relatando seu encontro com Einstein:
https://www.scielo.br/j/ss/a/tYqqZVr88m64mg8BPT5Zrkb/?lang=pt

Claude Shannon
1916 - 2001
Warren Weaver Matemático e criptógrafo
1894 - 1978 Pai da teoria da informação
Matemático artigo científico:
Teoria Matemática da Comunicação (1948)
https://www.youtube.com/watch?v=owIDIe6qguU
Juntos escreveram o livro Teoria Matemática da Comunicação, 1949
Prenunciam o advento da Ciência da Informação
Teoria matemática da Comunicação – Teoria da Informação
3 níveis dos problemas da comunicação:
1. Técnico: Paradigma físico (positivista, racional). Aspectos fisicamente observáveis e mensuráveis. Precisão
da transmissão (o volume do som numa conversa ou a qualidade da impressão em um papel.

2. Semântico: Paradigma cognitivo – atribuição de significado (se relaciona a uma operação mental
específica, a de depreender, de determinada materialidade (sonora, visual, etc), um sentido, que pode se dar
de maneira conotativa ou denotativa, literal ou irônica, metafórica, etc.)

3. Pragmático: Paradigma social – grau de eficácia de recebimento do significado (Quem emite informações
deseja, de algum modo, provocar um comportamento, causar alguma reação - convencer alguém a comprar
um produto, eleger um candidato, pedir um favor, etc.

O problema fundamental da comunicação é reproduzir em um ponto exatamente ou aproximadamente uma


mensagem selecionada em outro ponto. Frequentemente as mensagens têm significado; isto é, elas se referem
ou são correlacionadas a algum sistema com certas entidades físicas ou conceituais. Esses aspectos semânticos
da comunicação são irrelevantes para o problema de engenharia (SHANNON; WEAVER, 1964, p. 31)
https://www.youtube.com/watch?v=1_Cb1akz7C4
https://www.youtube.com/watch?v=2LvVOnVXcL4
Modelo de Comunicação de Shannon
Surgimento da Ciência da Informação
Pinheiro e Loureiro (1995), indicam que os trabalhos de Shannon e Weaver, junto aos de
Wiener, prenunciam o advento da ciência da informação, num contexto que a autora,
relaciona não apenas ao avanço científico e tecnológico impulsionado pela Segunda
Guerra, mas também à “necessidade social, histórica, cultural e política do registro e
transmissão dos conhecimentos e informações, produto do processo de desenvolvimento
da Ciência e Tecnologia” (PINHEIRO, 2002, p. 8).

Durante o pós guerra são criados os periódicos, eventos e associações que inauguram o
projeto de construção de uma ciência da informação, que encontra na teoria de
Shannon o referencial necessário para a fundamentação de uma nova disciplina
“profundamente envolvida com as problemáticas da época: a necessidade militar, o
clima de competição entre os países, a informação como recurso a ser usado no conflito,
a necessidade de um uso instrumental e a busca por eficácia e eficiência” (ARAÚJO,
2018, p. 6).
Surgimento da Ciência da Informação
distintas correntes
Anos iniciais - Técnico: Paradigma físico

A partir da déc. de 1970 - Semântico: Paradigma cognitivo


Pragmático: Paradigma social

Novas perspectivas epistemológicas

Epistemologia social – Jesse Shera


Neodocumentalismo – Bernd Frohmann
Hermenêutica – Rafael Capurro
Teoria Crítica da Informação – Cristian Fuchs
(BEZERRA, 2019 p.23)
Teoria crítica
Teoria matemática da
comunicação
da sociedade

Teoria crítica da
informação
Fundamentos teórico-metodológicos da Teoria Crítica

• Racionalismo (séc.17): conhecimento alcançado pela razão – Descartes, Spinoza


e Leibniz
• Empirismo (séc.17 e 18): conhecimento à partir da experiência – Hume, Locke e
Berkeley
• Teoria do conhecimento (Séc.18): síntese entre racionalismo e empirismo – Kant,
Crítica: capacidade intelectual de julgamento e discernimento.
considerado o pai da filosofia crítica.
Na Teoria do Conhecimento de Kant, a crítica atua como “juiz” que arbitra sobre a
capacidade humana de conhecer.

Obras de Kant:
Crítica da Razão Pura Hegel Marx Obra: A Crítica da Crítica Crítica
Crítica da Razão Prática Engels (1844)
Crítica da faculdade de
julgar
https://www.youtube.com/watch?v=iiOKuiOYOuQ
Horkheime 1930 – programa de uma 1937: Artigo Teoria tradicional
r teoria crítica da sociedade e Teoria crítica – documento
Adorno inaugural
Marcuse Nazismo Genebra -
Escola Frankfurt Benjamin Alemanha 1933 • Historicidade dos sujeitos
(1923) Fromm 1933 Nova Iorque - • Totalidade dos fenômenos
Embasados em Marx e 1935 sociais
Habermas
Engels • Tensionalidade presente na
para a construção de uma Honeth
sociedade
Teoria
Teoria tradicional
Crítica da (dominante Teoria crítica propõe Compreender a sociedade –
Sociedade criticar suas contradições e
do pensamento ocidental) conhecer o mundo fracassos – construir
enxerga o conhecimento como ele é e imaginar alternativas: Diagnóstico de
científico como uma forma de como o mundo realidade
compreender a realidade para poderia ser.
prever acontecimentos e assim, Materialismo
orientar a ação. interdisciplinar
Economia política (Marx)
Psicologia (Freud)
Teoria da Cultura
Termos, conceitos e autores da Teoria Crítica essenciais para a CI
• Homem histórico - conformado pela história mas é ele também quem conforma a própria história (Marx,
2001, 2003, 2006; Horkheimer, 1980);
• Trabalho como força motriz da história e do homem;
• Filosofia da práxis, inaugurada por Marx na qual propõe uma filosofia que não apenas interprete o mundo,
mas do agir, do mudar o mundo, o ser e fazer no mundo (Marx, 2001, 2003; Horkheimer, 1980; Adorno e
Horkheimer, 1995; Gramsci 1970);
• Disputas, lutas de classe e relações de poder e a opressão que são travadas e se impõe entre as classes
sociais (Marx, 2001, 2003, 2013; Gramsci, 1999, 2001; Horkheimer, 1980; Bourdieu, 2010, Foucault, 1979;
Kant, 1964; Frohmann, 2004; Habermas, 1984);
• Hegemonia e contra-hegemonia (Gramsci 1970, 1999, 2001)
• Aparelhos ideológicos do estado (Gramsci 1970, 1999, 2001),
• Valor de troca, de uso, acumulação e mais valia, conceitos econômicos explicados por Marx (2011) e
desenvolvidos por inúmeros outros autores críticos;
• Apropriação do trabalho, da própria vida e alienação (Benjamin, 1955; Marx, 2001, 2003, 2013; Debord
2003, et al)
• Sociedade do espetáculo - que de acordo com Debord (2003) trata-se do desdobramento social quase total
da alienação,
• esfera pública (Habermas, 1984).
• Fatores culturais, sociais, históricos, econômicos e políticos interferem no indivíduo, na história, vida e na
Termos, conceitos e autores da Teoria Crítica essenciais para a CI

O pensamento crítico é sobretudo uma “tentativa de superar realmente a tensão, de


eliminar a oposição entre a consciência dos objetivos, espontaneidade e
racionalidade, inerentes ao indivíduo, de um lado, e as relações do processo de
trabalho, básicas para a sociedade, de outro” (HORKHEIMER, 1980, p.132).

Araújo (2009) aponta que os estudos críticos na Ciência da Informação não se


atém mais às condições de eficácia de seu transporte, de suas funções para o
equilíbrio social ou dos procedimentos funcionais para seu processamento no âmbito
dos sistemas. A informação é entendida, pela teoria crítica, como recurso
fundamental para a condição humana no mundo e, como tal, a primeira percepção
que se tem é de sua desigual distribuição entre os atores sociais. Como recurso, a
informação é apropriada por alguns, que garantem para si o acesso. Aos demais,
sobra a realidade da exclusão (ARAÚJO, 2009, p. 197).
BRISOLA et al, 2019
Carlos Alberto Araújo (2009, p.196) aponta que a Teoria Crítica (TC)
“se relaciona
essencialmente com a ideia de suspeição de que a realidade tenha
fundamento nela mesma” e, diferentemente do positivismo, “tem por
atitude epistemológica a desconfiança, a negação do evidente, a busca
do que pode estar escondido ou camuflado” nas relações,
principalmente nas de poder.
1.Pq as coisas são como são e não de outra forma?
2. Quais os obstáculos que impedem a melhoria?
3. Como agir para derrubar os obstáculos e mudar o
mundo?

O objetivo final da Teoria Crítica não é de ordem filosófica e


intelectual, e sim ética; repousa no alcance de uma vida melhor,
através de maior liberdade e autonomia dos indivíduos.
BEZERRA, 2019 p.29
Teoria crítica
da sociedade
Teoria
matemática da
comunicação

Teoria crítica da informação


Programa para uma Teoria Crítica da Mesmos passos teóricos- metodológicos da Teoria
Informação Crítica, adaptado aos Estudos informacionais +
Regime de Informação e Competência Crítica em
Informação

Tem a pretensão de atingir a Realização de diagnósticos interdisciplinares com foco


musculatura necessária para no ambiente informacional e perspectivas de produção,
hipertrofiar, com as armas da crítica, a circulação, mediação, organização, recuperação e
academia de saberes da Ciência da acessibilidade da informação - identificar
Informação, respeitando o legado de possibilidades, potencialidades e os obstáculos à
liberdade e à autonomia informacional.
pesquisadores.
Analisar não apenas o papel da informação e dos seus conceitos em todas
as dimensões da sociedade, mas ocupar-se de identificar como ela está
relacionada aos processos de opressão, exploração e dominação, o q
implica um julgamento normativo em solidariedade aos dominados e em
prol da abolição da dominação (FUCHS, 2009)

https://www.youtube.com/watch?v=cLbJXH6yeGQ
Teoria Crítica da Informação “é o esfregar dos olhos”,
enxergar o Regime de informação que nos rodeia: analisar as
inovações tecnológicas, leis e políticas de informação,
perspectivas de acessibilidade à tecnologia, usos e práticas
informacionais e as consequências nos indivíduos.
Produção de diagnóstico crítico que desvende os mecanismos
de controle e opressão e os obstáculos para emancipação social
e autonomia informacional.
BEZERRA, A. Teoria Crítica da Informação: proposta teórico-metodológica de integração
entre os conceitos de regime de informação e competência crítica em informação. p.15-72. In:
BEZERRA, A. C. et al. iKrítika: estudos críticos em informação. Rio de Janeiro:
Garamond, 2019.

BRISOLA, Anna; ROMEIRO, Nathália; VIOLA, Carla. Olhares sensíveis para os estudos
críticos nas pós-graduações em Ciência da Informação no Brasil. In: XI Encuentro de la
Asociación de Educación e Investigación en Ciencia de la Información de Iberoamérica y el
Caribe. 2019.

FILMES:
O jogo da imitação (Alan Turing)
Uma Mente Brilhante (Jonh Nash)
Parasita e O tigre branco (Teoria Crítica)

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